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Data: 01/11/2018

Pausa para recarregar as baterias.

Este espaço irá parar para recarregar as baterias até o dia 10 de novembro. Eu sei que o momento não é o mais oportuno, mas neste nosso mercado não existe momento ideal para paradas “técnicas”. Esses momentos costumam ser proveitosos para momentos de reflexão. Não pretendo fazer atualizações de cenário, dado o acesso restrito a internet e equipamentos eletrônicos.

A terça-feira trouxe um pouco da confirmação do cenário recente. O PIB da Área do Euro ficou abaixo das expectativas, com sinais preocupantes, em especial da estagnação da economia da Itália.

Na Alemanha, a inflação ficou acima das expectativas em setembro.

Estes números confirmam um quadro de menor crescimento e maior inflação que tenho reportado neste fórum de agora em diante, especialmente no mundo desenvolvido.

Nos EUA, o Consumer Confidence ficou acima das expectativas e atingindo um novo pico deste ciclo econômico.  A abertura mostrou novo avanço do mercado de trabalho na direção de fechamento do hiato do produto e do pleno emprego. Não há, pelo menos por ora, nenhum sinal de fragilidade estrutural da economia dos EUA que possa sugerir uma eventual mudança de postura por parte do Fed.

No Brasil, será difícil acompanhar todos os rumores e ruídos em torno do novo governo. Acho que será importante entender o que a equipe econômica está fazendo, não o que se está falando na mídia, muito parecido com o que foi (e está sendo) o governo de Trump nos EUA. Estou longe de querer fazer uma comparação entre ambos, isso é um assunto para outro momento, mas nos EUA, como aqui, teremos muito ruídos de comunicação, mas a política econômica não necessariamente será, de fato, afetada por estes ruídos.

Os ativos de risco tiveram um dia de recuperação. O mercado parece um pouco mais balanceado no tocante a preços e posição técnica, mas não vejo avanços relevantes no tocante ao cenário econômico. Espero um cenário ainda turvo e uma dinâmica de preços ainda complicada para o mundo. No Brasil, sigo mais otimista, especialmente no mercado de renda variável.




Data: 01/11/2018

Brasil: Previdência e Reservas Internacional.

Os ativos de risco estão ameaçando uma reação positiva essa manhã, mas a volatilidade permanece elevada e os sinais de fragilidade ainda estão presentes. Não há novidades relevantes no cenário.

No Brasil, em entrevista a vários canais de TV na noite de ontem, Bolsonaro afirma que tentará aprovar alguma coisa da pauta que já está em andamento no Congresso, inclusive a Reforma da Previdência. Contudo, o presidente eleito afirma que a idade mínima de 65 ano não tem chances de passar e não dá detalhes sobre o seu plano para a Reforma.

Até acho que a estratégia de votar a Previdência agora seja inteligente do ponto de vista político. Se aprovar alguma coisa, o novo governo mostra força. Se não aprovar, a culpa será do antigo governo, provavelmente os mercados irão reagir negativamente, e isso colocará o próximo congresso em alerta e pressionado para votar as reformas de maneira mais urgente. Sou cético, contudo, que qualquer coisa relevante seja votada por este governo e este congresso até o final do ano. Se Guedes e sua equipe evitarem novas “pauta bombas” já será um grande alívio.

Segundo o Valor, Guedes seria a favor de reduzir as reservar internacionais do país em prol na redução da dívida e do pagamento da despesa com juros. Acredito que as reservas internacionais sejam um dos principais “seguros” que o país desenvolveu para crises externas e de balanço de pagamentos. Sua redução, em um momento de menor liquidez global e mudanças dos fluxos internacionais não deveria ser bem recebida pelos ativos locais, em especial o câmbio.

Teremos que nos acostumar com este tipo de rumor e notícia, sendo verdade, ou não. Com o governo em formação e a cabeça de Bolsonaro e Guedes ainda não totalmente destrinchada, este tipo de proposta poderá vir a tona sem que os investidores estejam preparados. Por ora, temos apenas rumores, nada de concreto.




Data: 01/11/2018

Uma palavra sobre o México.

Dado a volatilidade do mercado no México e seu potencial de respingo nos demais países da América Latina, vale aqui um breve comentário:

Andrés Manuel Lopez Obrador, mais conhecido como AMLO, foi eleito presidente do México há alguns meses atrás, após várias derrotas em eleições anteriores. AMLO sempre foi considerado um político mais a esquerda, do partido PRD ( Partido de la Revolución Democrática ). Ao longo dos anos, AMLO migrou seu discurso mais ao centro, em especial nesta campanha, conforme sua candidatura foi ganhando corpo e apoio.

Quando sua vitória parecia certa, “o mercado” comprou seu passo mais ao centro e acreditou em uma plataforma de governo nesta direção. Neste ínterim, vimos uma grande alocação positiva em ativos do país, na expectativa de um governo pro-mercado e na apreciação dos ativos locais (já vimos este filme na Argentina...).

Contudo, um de seus primeiros gestos foi convocar uma consulta a sociedade em torno das obras de um novo aeroporto na Cidade do México, um projeto de cerca de US$15bi, com contratos assinados com a iniciativa privada. O aeroporto é visto como importante “hub” para o crescimento do país.

Neste final de semana, cerca de 70% dos votantes pediram o cancelamento do projeto e o início de um novo aeroporto em outra região do país. Há alguns minutos atrás, AMLO anunciou o cancelamento do projeto. Os ativos do país operam sobre forte pressão.

Acredito que este tipo de posicionamento traz uma enorme incerteza ao país em um início de governo. Além disso, traz a tona, em um período de várias eleições no mundo emergente, os riscos inerentes destas economias, em especial o risco político.

Acredito sim que o caso do Brasil seja diferente, mas claramente os investidores estrangeiros ainda não estão “pagando para ver”. As comparações serão um pouco óbvias. Não vemos fluxos destes investidores para os ativos locais (por ora), em um momento em que os investidores brasileiros já parecem posicionados para uma recuperação da economia do Brasil e de seus ativos




Data: 01/11/2018

Um novo ciclo se inicia.

Antes do texto de hoje, acho importante deixar claro que não faço apologia a vitória (ou derrota) deste, ou daquele candidato a presidente. Minha intenção (e obrigação) é apenas de analisar, do ponto de vista econômico a agenda do candidato vitorioso e seus impactos nos mercados financeiros locais.

Como era amplamente esperado, Jair Bolsonaro se consagrou presidente do Brasil no segundo turno das eleições ocorridos neste domingo. Na minha opinião o discurso oficial do candidato para o “pool” da mídia buscou baixar o tom da caminha, sinalizar à constituição e à democracia. O novo eleito deu grande destaque aos desafios econômicos.

Ainda durante a noite, Paulo Guedes, que será o novo “Czar” da economia, emitiu declarações na linha do que vinha sendo sinalizado na campanha: Foco na redução do déficit fiscal, reforma da previdência, desburocratização, ampliação dos acordos comerciais, profissionalização das empresas estatais e assim por diante. De uma maneira geral, “música” aos ouvidos dos investidores.

Os ETF da bolsa do Brasil no Japão (eu sei, é desconhecido e a tem pouca liquidez) subiram mais de 10% durante a noite.

Acredito que teremos amplo espaço para está “lua de mel” do mercado continuar. Entendo que existe um risco de execução deste projeto econômico, mas os investidores ficarão felizes em ignorar estes riscos no curto-prazo.

Continuo optando por “surfar esta onda positiva” comprado em bolsa no Brasil (vide detalhes aqui: https://mercadosglobais.blogspot.com/2018/10/perspectiva-externa-e-posicionamento.html).

No cenário externo, a noite foi novamente de instabilidade. A bolsa da China recuou 2% e os ativos de risco mostram sinais adicionais de fragilidade esta manha (veja aqui: https://mercadosglobais.blogspot.com/2018/10/nuvens-mantem-cenario-nebuloso.html).




Data: 01/11/2018

Nuvens mantém cenário nebuloso.

O final de semana trouxe poucas novidades para o cenário externo (que já comentei aqui: https://mercadosglobais.blogspot.com/2018/10/perspectiva-externa-e-posicionamento.html).

No momento em que vos escrevo, ainda não temos a abertura da apuração da votação para presidente do Brasil, tema que já foi amplamente abordado neste fórum nos últimos dias e certamente será foco nos próximos dias.

Na Alemanha, as eleições em uma das regiões mais ricas e importantes do país trouxe uma nova derrota para Merkel e sua coalização. O avanço dos “Greens” trará alguma incerteza ao país e a Europa como um todo, que já passa por um momento de instabilidade, com questões como o Brexit e o orçamento na Itália. Contudo, a plataforma dos “Greens” é de maior expansão fiscal e maior integração com a Europa, que talvez não seja o que o mercado demande neste momento, mas possa ser um caminho favorável a economia real e ao crescimento.

Pegando este gancho, acho importante frisar como estamos vendo, ao longo deste ano uma onda mais favorável ao “Main Street” em detrimento a “Wall Street”, em especial nos EUA. Basicamente, estamos passando por um momento bastante positivo para a economia real (crescimento), mas não necessariamente positivo para os ativos de risco (os mercados financeiros, vulgo “Wall Sreet”). Esta parece ser uma nova realidade, que vinha se desenhando há algum tempo e, agora, parece ter tomado a dianteira do cenário econômico global.

No cenário internacional, a mídia passou o final de semana repercutindo a recente pressão negativa nos ativos de risco, como este texto do WSJ: https://www.wsj.com/articles/strong-earnings-havent-cured-the-stock-markets-blues-1540738801?mod=hp_lead_pos4 e este artigo de Gavin Davies no FT, https://www.ft.com/content/428322d0-d780-11e8-a854-33d6f82e62f8.

Não há nada de novo nos argumentos e no panorama além do que já tenho discutido neste espaço (como aqui: https://mercadosglobais.blogspot.com/2018/10/algumas-coisas-mudaram.html).

Iremos abrir a semana na mesma toada, com os mesmos riscos e o mesmo pano de fundo que encerramos a semana passada. O cenário ainda demanda extrema cautela, mesmo que momentos pontuais de recuperação venham a ocorrer.




Data: 01/11/2018

Perspectiva externa e posicionamento local.

As bolsas dos EUA apresentaram ontem mais um dia de forte pressão (comentei sobre o tema aqui: https://mercadosglobais.blogspot.com/2018/10/deterioracao-dos-ativos-de-risco-se.html), a despeito de um excelente desempenho dos ativos do Brasil.

Em relação ao cenário internacional, vejo os índices de bolsa como “oversold”, ou seja, excessivamente pressionados no curto-prazo, mas vejo questões estruturais macroeconômicas e questões técnicas que não justificam uma mudança clara de tendência. Assim, poderemos ver movimentos rápidos e acentuados de recuperação de curto-prazo, mas uma mudança estrutural, de longo-prazo, desta tendência negativa irá demandar o endereçamento das principais questões que estão pressionando o cenário (comentei sobre essas questões aqui: https://mercadosglobais.blogspot.com/2018/10/algumas-coisas-mudaram.html).

Nos EUA o PIB do segundo trimestre ficou levemente acima das expectativas, com crescimento de 3,5% no trimestre em termos dessazonalizados. O destaque ficou por conta de uma alta de 4% no Consumo Privado e uma contribuição elevada do acumulo de Estoques. As Contas Externas foram um grande detrator de crescimento no trimestre. De maneira geral, o PIB confirma a mensagem de que a economia dos EUA crescia, e ainda cresce, a taxas robusta, acima do potencial da economia.

Este ambiente, na ausência de uma deterioração ainda maior do cenário internacional ex-EUA ou de uma queda ainda mais expressiva das bolsas (adicionais 10% a 15%) deveria manter o Fed em seu “plano de voo” de normalização monetária. Como este tem sido uma das principais restrições aos ativos de risco ao longo deste ano, ainda não vejo mudanças substanciais nesta frente.

No Brasil, os ativos locais apresentaram forte apreciação, as vésperas do segundo turno da eleição e na expectativa de uma agenda positiva e reformista de um eventual governo de Jair Bolsonaro.

Reforço que vejo amplo espaço para otimismo. Acredito que a equipe econômica tem um plano de governo liberal e reformista, com ótimas intensões. Vejo riscos, talvez mais elevados do que o mercado neste momento, de execução deste projeto.

Dito isso, acredito que o mercado irá manter está “lua de mel” com o novo governo, caso confirmada a vitória de Jair Bolsonaro. Vejo os fundos e tesourarias locais já bastante alocados nesta direção, mas os estrangeiros ainda fora do mercado. No final da semana passada, comecei a ver os “sell-sides” de bancos internacionais elevando a recomendação em ativos do Brasil, o que pode ajudar neste processo de alocação dos estrangeiros a partir de agora.

Em relação as classes de ativos, reforço que vejo o mercado de renda variável como a melhor classe de ativo em termos de valuations e posição técnica. Os valuations não estão excessivamente baratos, mas estão longe de estar acima da média histórica. Caso o cenário base econômico melhore, os “upsides” podem aumentar bastante. As empresas estão desalavancadas e prontas para crescer.

Não tenho grande opinião sobre o dólar no mundo e muito menos sobre o Real a 3,65.

Vejo o mercado de juros com prêmio excessivamente baixo na parte curta da curva, visto que ainda trabalho com um ciclo, no mínimo moderado, de alta de juros no ano que vem. Entendo que exista espaço para movimentos adicionais de “flattening” da curva de juros, mas frente aos riscos fiscais do país e externos, não sou fã da curva longa de juros nos atuais níveis.

Entendo que a inflação de curto-prazo será baixa e frente a sazonalidade do período, excessivamente baixa, neste final de ano. A inflação corrente está tranquila e os núcleos mostram um cenário de baixos riscos. Contudo, a inflação implícita na parte intermediária da curva em torno de 4,25% me parece com pouco prêmio.

Assim, entendo que o BCB tenha ganhado tempo em um eventual ciclo de alta da Taxa Selic. Olhando de hoje, realmente não há motivos para acreditar em alta de juros nas próximas duas reuniões do Copom. O mercado se ajustou rapidamente para isso. Todavia, ainda vejo riscos que podem levar a um processo de alta no ano que vem, e não necessariamente riscos negativos. Uma retomada da economia pode colocar alguma pressão, mesmo que baixa, na inflação, e demandar um ciclo, mesmo que moderado, de alta de juros.

De maneira geral, continuo gostando de posições compradas em Bolsa Brasil via estruturas de opção (as vols implícitas subiram) com compra de Inflação Implícita. Estamos olhando a curva curta de juros para eventuais posições tomadas em taxa. No cenário externo, continuo gostando de posições tomadas em Taxas de Juros nos EUA. Migramos nossa recomendação de hedge de venda de Bolsa EUA para Calls de JPY e Ouro, além de Puts de HY (títulos High Yields). Reduzimos parte dos hedges ontem.




Data: 26/10/2018

Deterioração dos ativos de risco se intensifica.

Os ativos de risco voltaram a operar sob pressão, liderados pela queda dos índices futuro de bolsas dos EUA. Os resultados corporativos da Amazon e da Google, na tarde de ontem (comentados aqui: https://mercadosglobais.blogspot.com/2018/10/eua-resultados-corporativos-em-foco.html) estão sendo os grandes responsáveis por esta nova rodada viés negativo dos ativos de risco.

Vale lembrar que o setor de tecnologia foi o grande responsável pela alta das bolsas dos EUA ao longo dos últimos anos. Assim, é natural supor que o arrefecimento das expectativas em torno deste setor ajuda a colocar algum teto no movimento altista, além de trazer períodos de ajuste de preços e posições, até que um novo patamar de equilíbrio seja encontrado. Me parece que estamos no meio deste ajuste. Olhando de hoje, parece difícil fazer qualquer previsão mais concreta de até onde irá este movimento.

Neste pano de fundo, tenho tentado focar em alguns vetores econômicos e técnicos com o intuito de tenta ter uma maior noção em relação a extensão desta rodada negativa dos ativos de risco (vide aqui: https://mercadosglobais.blogspot.com/2018/10/algumas-coisas-mudaram.html). Enquanto estes vetores não forem endereçados, acho difícil que está tendência seja revertida de maneira estrutural. Movimentos pontuais e localizados de alta serão vistos e estarão presentes, mas, por ora, a tendência parece negativa.

No Brasil, a pesquisa Datafolha mostrou um estreitamento na diferença de votos entre Jair Bolsonaro e Fernando Haddad, com Bolsonaro mantendo ainda uma confortável vantagem em comparação a Haddad. O mercado pode se assustar um pouco com o número, especialmente em um dia de dinâmica negativa ruim no exterior, mas vejo pouca mudança no quadro eleitoral.

Em entrevista a rádio, Bolsonaro afirmou que pretende apresentar sua reforma da previdência o ano que vem. Afirmou que irá cortar benefícios, mas que sua reforma manterá uma previdência diferenciada para algumas classes. Ele não apontou detalhes de seu plano.

Na mesma entrevista, o candidato afirmou que pretende promover privatizações, as que setores estratégicos como Caixa Econômica Federal, BB, setor elétrico, setor energético, Petrobrás,..., não sairão das mãos do Estado.

Segundo Claudia Safatle, do Valor Econômico, está praticamente certo que Ilan continue na presidência do BCB, com mandato fixo e independência.

Continuo acreditando que o eventual governo Bolsonaro poderá trazer avanços importantes para a economia e as reformas. Contudo, acredito que alguns pontos de seu plano ainda são muito vagos e, em alguns casos, “a conta ainda não fecha”. Acredito que o mercado deu um benefício da dúvida grande a seu governo, retirando muito prêmio da curva de juros e do dólar. Reforço que vejo amplo espaço para otimismo. Vejo excelentes intensões na agenda econômica, mas os preços atuais não condizem com os risco do cenário local e externo.




Data: 26/10/2018

EUA: Resultados corporativos em foco.

Complementando o comentário da manhã de hoje (https://mercadosglobais.blogspot.com/2018/10/sem-boia-do-ecb.html), dois dos grandes vetores de pressão nos ativos de risco não foram endereçados a ponto de reverter a dinâmica ruim dos mercados financeiros globais:

Primeiro, o ECB manteve sua sinalização para continuidade do ciclo de normalização monetária. O discurso de membros de Fed apontam na mesma direção, mesmo após a queda recente dos índices de bolsa.

Segundo, no final da tarde, os resultados de Amazon e Google não foram bem recebidos pelo mercado no “after-market”, com quedas expressivas de ambas as ações. A despeito de um “bottom line” positivo, com EPS melhores e margens maiores, os “top lines” foram abaixo das expectativas e os “guidances” foram mais baixos.

Em empresas do setor de tecnologia, precificadas a múltiplos muito elevados, a continuidade de um crescimento alto é fundamental para a manutenção, ou para a justificativa, de “valuations” elevados. Caso o mercado conclua que o pico de crescimento tenha ficado para trás, os múltiplos terão que ser revistos e, consequentemente, os preços serão outros.

Esta é uma avaliação geral, preliminar, de um “não especialista” em ações ou no setor de tecnologia, mas me parece que é essa narrativa que esteja guiando o mercado no curto-prazo.

Neste ambiente, após uma tentativa de forte alta ao longo do dia, as bolsas dos EUA fecharam com altas muito mais moderadas e com uma dinâmica ruim no final da tarde. Ainda vejo o cenário externo com extrema cautela.

Nos mercados locais, as cotas dos fundos multimercado confirmaram a minha tese. O mercado está unidirecional, com todos alocados na ponta positiva em Brasil. Concordo com a tese de investimentos, mas tenho ponderações em relação aos tamanhos e aos riscos externos. Existem maneira de se defender em relação a isso, seja nos instrumentos utilizados ou na busca por hedges.




Data: 26/10/2018

"Rebound"!

Os futuros dos índices de bolsa nos EUA estão apresentando recuperação neste momento, após forte queda das bolsas da Ásia ao longo da noite. Não há motivos específicos para a alta esta manhã. O movimento me parece natural após a forte pressão sofrida nos últimos dias, o que deixou o mercado “oversold” no curto-prazo. Contudo, ainda acredito que seja cedo para “cantar vitória” e acreditar que este movimento negativo tenha se encerrado. É natural esperar “rebounds” como o desta manhã, e os ativos de risco podem até mostrar recuperação adicional e mais acentuada ao longo do dia (comentei sobre isso aqui: https://mercadosglobais.blogspot.com/2018/10/algumas-coisas-mudaram.html), mas acredito que algumas questões fundamentais precisarão ser endereçadas para reverter essa tendência mais negativa.

Na Alemanha, o IFO – um dos principas indicadores de confiança de toda a Europa - apresentou queda superior as expectativas, saindo de 103,7 para 102,8 pontos. O números confirma um cenário de desaceleração do crescimento da Alemanha e da Europa como um todo, cenário que já havia sido apontando pelos Flash PMIs por outros indicadores de atividade econômica nas últimas semanas.

No Brasil, os jornais estão repletos de rumores em torno do potencial novo governo de Bolsonaro. Fala-se em independência do Banco Central e provável manutenção de Ilan no BCB. Resta saber se Ilan tem vontade de permanecer no cargo. Especula-se que a Reforma da Previdência possa voltar a pauta após as eleições e a ausência de informação sobre ela seria uma questão política até o final da campanha. No geral, a sinalização continua sendo na ponta positiva. O Estadão fala em um possível militar no comando da Petrobrás. Minha visão sobre os mercados locais pode ser vista aqui: https://mercadosglobais.blogspot.com/2018/10/inflacao-no-brasil-curva-de-juros-e.html.




Data: 24/10/2018

Algumas coisas mudaram...

Os ativos de risco tiveram uma quarta-feira de forte “risk-off”, liderados por uma queda de cerca de 3% do S&P500 nos EUA. O movimento recente, tanto em termos de magnitude da queda, quanto em relação ao atual nível do S&P500 (pegando este índice como parâmetro), nos remete ao movimento verificado em fevereiro deste ano.

Não quero profetizar aqui o “apocalipse”, também não vou me atrever a afirmar que o “bull market” dos ativos de risco tenha ficado, definitivamente, para trás. Contudo, acredito que o movimento recente apresenta alguns pontos bastante diferentes daquele de fevereiro. Assim, no mínimo, precisaremos que estes pontos sejam endereçados antes deste movimento negativo chegar ao seu final. Nos atuais níveis de preço e volatilidade do mercado de renda variável nos EUA, “rebounds”, ou seja, altas rápidas e acentuadas, porém pontuais e localizadas, podem ocorrer, mesmo na ausência de uma mudança estrutural nos pontos que citaremos abaixo:

- O processo de normalização monetária no mundo desenvolvido está em estágio mais avançado e não há sinais de que este processo será pausado ou revertido no curto-prazo.

- Há sinais mais evidentes e espalhados de desaceleração do crescimento global ex-EUA.

- Parece que o cenário base de agora em diante é de um menor crescimento global, com uma inflação mais elevada. Ainda não há sinais de uma desaceleração mais brusca, nem de uma inflação galopante no mundo, mas o cenário base enseja menos crescimento e mais inflação.

- A China passa por um momento de maior instabilidade econômica e financeira. As recentes medidas adotadas pelo governo ainda não foram capazes de reverter este quadro.

- O melhor momento para os resultados corporativos parece ter ficado para trás. Os “guidances” já são mais cautelosos e os resultados mais mistos do que apenas positivos. Não estou entrando aqui no mérito dos “valuations”, hoje mais atrativos do que há algumas semanas atrás, certamente.

- A Itália continua no olho do furacão dos problemas na Europa, sem uma solução óbvia de curto-prazo.

- Os EUA insistem em uma “guerra comercial” contra a China, cujos efeitos são sentidos de maneira mais clara nos dados econômicos nos últimos 2 meses.

É provável que eu tenha esquecido de algum ponto, mas estes me parecem os principais.

Estarei observando a evolução dessas questões como pontos de partida para uma eventual estabilização ou reversão das tendências negativas recentes. Na ausência da equalização desses pontos, poderemos sim entrar em um cenário estrutural mais negativo.

No Brasil, os ativos de risco simplesmente seguiram o humor global a risco. Eu entendo o otimismo do mercado com o possível governo de agenda econômica liberal que poderá ser implementado por Jair Bolsonaro. Acredito que existe espaço para otimismo e para ganhos nos ativos locai. Contudo, acredito que o Brasil não seja uma ilha no mar global e será afetado pelos desdobramentos externos. Além disso, vejo um mercado local com posição técnica frágil e preços, em especial no mercado de juros e câmbio, pouco atrativos no curto-prazo (https://mercadosglobais.blogspot.com/2018/10/as-arvores-e-floresta-forte-sell-off-na.html?q=floresta).

Dito tudo isso, zeramos nossos hedges vendidos em bolsa dos EUA ao longo do dia. Acho que existe uma boa assimetria nas calls de JPY e calls de Ouro, dado o nível elevado das vols implícitas de bolsa dos EUA neste momento. Gosto de me posicionar no Brasil via calls-spreads de Ibovespa (vols baixas, boa assimetria), mas confesso que o mal desempenho desde o primeiro turno, em muito puxado pelo externo, me incomoda. Continuo vendo boa assimetria nas inflações implícitas e começando a olhar com calma a curva curta de juros, onde vejo um prêmio de risco excessivamente baixo.




Data: 24/10/2018

Sinais mais contundentes de desaceleração lobal. 

Os ativos de risco voltaram a operar sob pressão, liderados pela queda dos futuros dos índices de bolsa dos EUA. As bolsas da China apresentaram leve alta (abaixo de 0,5%), mas os demais índices da Ásia voltaram a operar em baixa. Me parece que a China está seguindo uma dinâmica própria local e os demais ativos de risco começam a reagir de maneira mais contundente a outros vetores que não somente o cenário chinês.

Nesta linha, além dos demais vetores que tenho apontado neste fórum (normalização monetária global, sinais de desaceleração do crescimento global ex-EUA, ruídos na Itália, “guerra comercial”, problemas na Arábia Saudita, e etc) hoje observamos uma surpreendente queda do PMI na Área do Euro.

O PMI Composite caiu de 54.1 para 52.7 pontos, muito abaixo das expectativas de 54.5 pontos. O PMI Services saiu de 54.7 para 53.3 e o PMI Manufacturing caiu de 53.2 para 52.1. O destaque da queda ficou para a Alemanha, que saiu de 55.0 para 52.7. Estes números reforçam um cenário de arrefecimento do crescimento da região, que já vinha se desenhando desde o início do ano. Contudo, a magnitude da queda e o patamar do indicador, a despeito de ainda apontarem para um cenário de expansão da economia, levantam de maneira mais contundente o debate em torno da real situação da economia mundial, ligando um sinal “amarelo” neste quesito.

Além deste pano de fundo de crescimento mais desafiador, o mercado terá que digerir uma temporada de resultados corporativos na Europa e nos EUA que, pela primeira vez em muito tempo, se mostra mais mista do que positiva, com várias empresas apresentando “guidance” mais conservadores e/ou surpreendendo as expectativas de maneira mais negativa.

Certamente estes vetores me mantém com um cenário global ainda desafiador e com viés negativo no curto-prazo.

No Brasil, a pesquisa Ibope mostrou Bolsonaro liderando as pesquisas na proporção de 57% contra 43% dos votos válidos. A Folha de SP traz matéria que fala um pouco da dicotomia da proposta econômica que foi mostrada, pelo menos por ora, pela equipe econômica de Bolsonaro para um eventual governo: https://www1.folha.uol.com.br/mercado/2018/10/reforma-tributaria-de-bolsonaro-provocaria-rombo-de-r-27-bilhoes.shtml.




Data: 23/10/2018

Inflação no Brasil, curva de juros e externo ainda desafiador

No Brasil, o IPCA-15 apresentou alta de 0,58% MoM e 4,53% YoY, levemente abaixo das expectativas. A inflação adjacente continua apontando para um quadro corrente de inflação baixa e benigna. Olhando à frente, as coletas diárias continuam pressionadas para cima e ainda vemos mais riscos altistas do que baixistas para a inflação nos próximos 6 a 12 meses. No curto-prazo (1 a 2 meses) existem riscos para baixo, como o preço de energia elétrica (eventual bandeira verde) e de combustíveis (queda internacional do preço do petróleo e queda do dólar).

De qualquer maneira, vemos as inflações implícitas na parte intermediária da curva em torno de 4,30%. A curva de juros precifica uma Taxa Selic de cerca de 7,5% para o ano que vem, ou seja, em torno de 100bps de alta de juros em 2019. Já não há praticamente alta de juros precificada para as próximas duas reuniões do Copom.

Entendo o otimismo do mercado com o potencial governo de Jair Bolsonaro, respeito o movimento, mas vejo pouco prêmio de risco nas curvas de juros e de inflação implícita. Ainda acredito que o próximo movimento na Taxa Selic será de alta e não de queda de juros. Vejo o mercado tecnicamente pior e os valuations pouco atrativos nos atuais níveis. Prefiro expressar este otimismo via o mercado de renda variável, onde a posição técnica me parece mais saudável, os valuations mais atrativos e as volatilidades implícitas baixas permitem se posicionar de forma “barata” com perda limitada, especialmente em um ambiente externo que ainda vejo como extremamente desafiador.

No cenário internacional, o dia foi de elevada volatilidade nos índices de bolsa, que mesmo fechando em queda, conseguiram apresentar recuperação expressiva dos piores momentos do dia. A dinâmica do mercado ainda me preocupa, mas a semana será importante do ponto de vista de resultados corporativos e de guidance das empresas.

Por ora, os resultados têm sido seguidos de reações bastante mistas das ações, mas pela primeira vez em algum tempo vemos algumas ações com reações bastante negativas aos resultados, o que não costumava ser regra ao longo destes últimos 10 anos de “bull market” (hoje podemos dar como exemplo a 3M e a Caterpillar).

Entendo que poderemos ter movimentos de recuperação rápidos e acentuados como o do dia de hoje. Mas ainda não vejo os vetores relevantes para o mercado sendo endereçados no curto-prazo para justificar o retorno de uma tendência mais positiva e prolongada. Isso pode mudar ao longo dos próximos dias, mas mantenho viés cauteloso nesta frente.




Data: 23/10/2018

Risk-off: Mantenham os seus cintos afivelados.

Os índices de bolsa na China voltaram a apresentar forte queda (superior a 2%), levando consigo das demais bolsas da Ásia e do resto do mundo. Os mercados, neste momento, operam com um viés clássico de risk-off, ou seja, com queda acentuada das bolsas, fechamento de taxa de juros, queda do dólar contra moedas do G10 (em especial JPY) e alta dos metais preciosos.

Não há novidades relevantes  além do que já tenho comentado neste fórum (aqui: https://mercadosglobais.blogspot.com/2018/10/reflexoes-do-final-de-semana-pontos.html e aqui https://mercadosglobais.blogspot.com/2018/10/china-jogando-uma-boia-aos-ativos-de.html), mas a ausência do endereçamento dessas questões é um ponto de atrito para a continuidade de um cenário global ainda desafiador.

A China anunciou novas medidas de suporte a sua economia, desta vez voltada para o financiamento do setor corporativo. Segundo a Goldman Sachs:

The State Council stated that, under the challenges brought on by the changing external environment, the government will implement measures to strengthen business sentiment and competitiveness of firms. First, there will be fewer limitations on access to capital markets. Before the end of March 2019, all foreign investment restrictions outside of the negative list will be abolished. Foreign and domestic capital will be treated equally. Second, administrative procedures, such as administrative licensing, will be trimmed down, and redundant licensing will be cancelled. Third, approval for corporate investment will be simplified; for instance, all applications for corporate investment will be online by next year. Fourth, there will be a further reduction to the tax burden on firms, and there will be more stringent supervision over the collection of service charges. Fifth, there will also be improvement to and a streamlining in administrative services.

In addition, the PBOC announced there will be more support for private enterprises via a market-oriented approach. On top of the RMB150 bn re-lending and re-discount credits in June this year, the PBOC will issue an additional RMB150 bn in re-lending and re-discount credits to encourage the financing of micro-enterprises and SMEs, especially those with liquidity constraints. This relending measures will be a modest additional boost to TSF growth which saw a modest slowdown in growth yoy in September.

No Brasil, segundo o Estadão, Rodrigo Maia irá tocar uma agenda favorável a Jair Bolsonaro caso confirmada sua eleição, como o projeto que revoga o Estatuto do Desarmamento. A ideia seria se aproximar do potencial candidato eleito.




Data: 19/10/2018

China em Foco.

Os ativos de risco estão apresentando leve recuperação, impulsionados por uma forte alta das bolsas na China. A recuperação dos demais mercados, contudo, neste momento, ainda me parece extremamente incipiente e frágil.

A recuperação dos índices de bolsa na China ocorreu após o anuncio de medidas administrativas/regulatórias de suporte aos mercados locais. De acordo com a Bloomberg:

(Bloomberg) -- Recent abnormal fluctuation in China’s financial market does not reflect the country’s economic fundamentals and stable financial system, Guo Shuqing, chairman of the China Banking and Insurance Regulatory Commission says in statement.

China to steer financial markets back to healthy, normal track: Guo.

China allows insurance companies to launch products designed to ease liquidity risks caused by share pledging of listed companies.

Such investment won’t be counted toward equity investment limit under current regulation.

China urges banks to prudently deal with pledged shares when collateral value hits forced-sale level.

Os números de atividade econômica de setembro, por sua vez, mostraram um cenário misto para o crescimento do país. O PIB ficou levemente abaixo das expectativas, com crescimento de 6,5% YoY. A produção industrial ficou abaixo das expectativas, a despeito de uma surpresa positiva nas vendas no varejo e no “fixed asset investment” que é a melhor “proxy” para os investimentos no país.

De maneira geral, os números não afastam definitivamente os riscos que rondam o país, mas retiram algum receio de uma desaceleração mais acentuada da economia.

No Brasil, a pesquisa Datafolha confirmou a ampla vantagem de Bolsonaro na corrida presidencial. O potencial “escândalo”, que ainda é rumor, de utilização irregular de financiamento privado para campanha via Whatsapp está gerando bastante mídia, mas deve ter efeito prático nula sobre a corrida presidencial.

Enquanto isso, os balões de ensaio em torno de seu potencial plano econômico continuam a circular na mídia. Hoje foi a vez de detalhes sobre eventuais cortes de tarifas de importação: https://www1.folha.uol.com.br/mercado/2018/10/equipe-de-bolsonaro-preve-corte-gradual-nas-tarifas-de-importacao.shtml.




Data: 19/10/2018

 China em Foco.

Os ativos de risco estão apresentando leve recuperação, impulsionados por uma forte alta das bolsas na China. A recuperação dos demais mercados, contudo, neste momento, ainda me parece extremamente incipiente e frágil.Os ativos de risco estão apresentando leve recuperação, impulsionados por uma forte alta das bolsas na China. A recuperação dos demais mercados, contudo, neste momento, ainda me parece extremamente incipiente e frágil.

A recuperação dos índices de bolsa na China ocorreu após o anuncio de medidas administrativas/regulatórias de suporte aos mercados locais. De acordo com a Bloomberg:

(Bloomberg) -- Recent abnormal fluctuation in China’s financial market does not reflect the country’s economic fundamentals and stable financial system, Guo Shuqing, chairman of the China Banking and Insurance Regulatory Commission says in statement.

China to steer financial markets back to healthy, normal track: Guo
China allows insurance companies to launch products designed to ease liquidity risks caused by share pledging of listed companies

Such investment won’t be counted toward equity investment limit under current regulation

China urges banks to prudently deal with pledged shares when collateral value hits forced-sale level.

Os números de atividade econômica de setembro, por sua vez, mostraram um cenário misto para o crescimento do país. O PIB ficou levemente abaixo das expectativas, com crescimento de 6,5% YoY. A produção industrial ficou abaixo das expectativas, a despeito de uma surpresa positiva nas vendas no varejo e no “fixed asset investment” que é a melhor “proxy” para os investimentos no país.

De maneira geral, os números não afastam definitivamente os riscos que rondam o país, mas retiram algum receio de uma desaceleração mais acentuada da economia.

No Brasil, a pesquisa Datafolha confirmou a ampla vantagem de Bolsonaro na corrida presidencial. O potencial “escândalo”, que ainda é rumor, de utilização irregular de financiamento privado para campanha via Whatsapp está gerando bastante mídia, mas deve ter efeito prático nula sobre a corrida presidencial.

Enquanto isso, os balões de ensaio em torno de seu potencial plano econômico continuam a circular na mídia. Hoje foi a vez de detalhes sobre eventuais cortes de tarifas de importação: https://www1.folha.uol.com.br/mercado/2018/10/equipe-de-bolsonaro-preve-corte-gradual-nas-tarifas-de-importacao.shtml.




Data: 18/10/2018

Cenário continua nebuloso.

No cenário externo, os vetores negativos continuam se sobrepondo aos vetores positivos, o que tem ajudado a manter a pressão negativa nos ativos de risco. Pela manhã comentei aqui: https://mercadosglobais.blogspot.com/2018/10/risk-off-pressao-na-china-sinais-de.html.

Podemos adicionar alguns temas:

- Continuidade da incerteza na Itália, que está levando a abertura do spread da dívida do país em relação aos bunds da Alemanha. Não há sinais de que o governo italiano irá recuar no seu projeto de orçamento que desrespeita as regras da União Europeia.

- Não sinais de estabilização da situação na China. Além da forte queda da bolsa, vemos mais uma rodada de depreciação da moeda.

- Terminada a temporada de resultados do setor bancário nos EUA, as ações do setor continuam sob pressão.

- O setor de tecnologia também atravessa uma fase turbulenta. Até mesmo o Netflix já devolveu praticamente toda a alta apresentada após o seu bom resultado trimestral.

- A situação do sumiço do jornalista saudita na embaixada do país na Turquia ganha contornos a cada dia mais complicados.

Em suma, o pano de fundo global continua desafiador. Exceto por momentos pontuais de estabilização, na ausência de uma mudança definitiva destes vetores e dos citados pela manhã, continuo com uma visão cautelosa para negativa do cenário econômico global e para os ativos de risco em geral. Vale notar, contudo, que teremos volatilidade para ambos os lados.

No Brasil, após bom desempenho durante grande parte dos últimos 10 dias, vimos uma forte deterioração de preços após o rumor, divulgado na Bloomberg, de que Ilan deixará a presidência do Banco Central.

Tendo a acreditar que a notícia era meio esperada, mas imagino que muitos ainda tinham (ou têm) a esperança de sua permanência, ou da permanência de parte da equipe econômica.

Acredito que o primeiro desafio no que importa para os mercados financeiros locais deste (eventual) novo  governo será a formação de um time econômico capacitado para implementar as reformas necessárias no país.




Data: 18/10/2018

Risk-off, pressão na China, sinais de desaceleração global com acumulo de pressões inflacionárias.

Os ativos de risco estão apresentando novamente uma dinâmica recursiva e viciosa de aumento das taxas de juros nos EUA (e no mundo desenvolvido em geral), principalmente após as Minutas do FOMC (vide aqui: https://mercadosglobais.blogspot.com/2018/10/sem-alivio-por-parte-do-fed.html) que está colocando pressão nos ativos de risco, em especial nas bolsas globais. O dólar, após forte alta ontem, apresenta leve queda.

Na China, a noite foi novamente de forte queda das bolsas locais, em torno de 3% dependendo do índice observado. Não vejo, pelo menos ainda, nenhum sinal de estabilização na economia e nos mercados locais chineses, o que colocar um grande risco ao humor global a risco no curto-prazo.

Na Austrália, a taxa de desemprego caiu de 5,3% para 5,0%, mostrando mais um país em que o mercado de trabalho migra para o pleno emprego e as pressões inflacionárias devem se acumular, reforçando o quadro de que estamos, definitivamente, em uma nova fase do ciclo econômico global.

No Japão, as exportações de setembro apresentaram forte queda, especialmente para a China e os EUA. Este pode ser um importante e preocupante sinal de desaceleração global, mensagem que já vemos de outros indicadores fora os EUA. Precisamos estar atentos para eventuais desacelerações mais acentuadas do crescimento econômico global, pois pode ter importante impacto sobre os ativos de risco.

No Brasil, não há novidades relevantes, além dos balões de ensaio do plano de governo de uma eventual administração de Bolsonaro. A ideia do dia é usar a “Golden Share” para as privatizações: https://www1.folha.uol.com.br/mercado/2018/10/liberais-de-bolsonaro-querem-golden-shares-para-destravar-privatizacao-com-militares.shtml.

Já o Valor, traz matéria mostrando os desafios da Reforma da Previdência: https://www.valor.com.br/brasil/5933701/previdencia-dos-militares-e-desafio-para-novo-governo.




Data: 18/10/2018

Sem alívio por parte do Fed.

No cenário externo, o destaque ficou por conta das Minutas do FOMC. O documento confirmou as sinalizações recentes do Comitê. De maneira geral e resumida, a economia dos EUA continua mostrando desempenho positivo, o mercado de trabalho está no pleno emprego, com o hiato do produto fechado e com acumulo de pressões inflacionárias. Neste ambiente, é necessário continuar em um processo gradual de normalização monetária.

Se o mercado esperava (ou espera) algum alívio nesta frente, ou seja, uma pausa no processo de normalização monetária dos EUA, não me parece que seja o caso, pelo menos neste momento. Muito pelo contrário, vemos um cenário bastante parecido começando a surgir em outros países e regiões do mundo.

Assim, mantenho meu cenário base de que estamos no meio de um processo estrutural de normalização monetária global, que deve reduzir a liquidez no mundo, criando momentos de maior incerteza, volatilidade e turbulência para os ativos de risco em geral.

No Brasil, os ativos locais continuam apresentando desempenho fenomenal, tanto em termos relativos como em termos absolutos. A “lua de mel” do mercado com o potencial governo Bolsonaro continua a todo o vapor.

Olhando de hoje, a curva de juros média para 2019 está em 7,7% contra a Selic a 6,5%, ou seja, precificando uma alta um pouco superior a 100bps de juros neste período. A curva longa apresentou forte compressão, com os FRAs saindo de níveis superiores a 13% para abaixo de 11% e, em alguns casos, abaixo de 10%.

Acredito que o próximo ciclo de juros será de alta, mas entendo que a manutenção de uma taxa de câmbio mais baixa pode dar tempo ao BCB antes de iniciar o processo. Vejo a curva com pouco prêmio e risco/retorno ruim, mas entendo e respeito (mesmo não me concordando) o “momentum” positivo do mercado. O mesmo raciocínio vale para a taxa de câmbio. Acredito que o técnico do mercado possa explicar parte deste movimento.

Continuo vendo o mercado de renda variável como aquele apresentando mais potencial de retorno nos atuais níveis, vis-a-vis as demais classes de ativos.




Data: 17/10/2018

Brasil: Algumas incertezas ainda persistem.

Os ativos de risco estão abrindo o dia com leve viés negativo, após o forte movimento positivo de ontem. Interessante observar que mesmo após uma alta entre 2,5% e 4% dos índices de bolsa dos EUA na terça-feira os mercados na Ásia apresentaram recuperação apenas branda, com os bolsas subindo menos do que 1%.

O destaque do dia ficará por conta das Minutas do FOMC nos EUA.

Não vi nenhuma notícia relevante ou nova para Brasil nas últimas horas, exceto pelo Senado rejeitar o projeto de privatização da Eletrobrás.

Os planos econômicos de Bolsonaro ainda são uma grande incógnita, a despeito do otimismo do mercado, e sua implementação uma incerteza ainda maior. Segundo o Valor Econômico: https://www.valor.com.br/politica/5930543/bolsonaro-diz-nao-dar-cavalo-de-pau-na-gestao-economica




Data: 16/10/2018

Risk-On!

O destaque do dia ficou por conta da forte alta dos índices de bolsa dos EUA, que acabaram dando um tom mais positivo para os demais mercados globais e ativos de risco. Destaque para os resultados corporativos positivos de Goldman Sachs, Morgan Stanley e, agora a tarde, Netflix, com essas ações apresentando reação bastante positiva aos resultados.

Eu não vejo grande mudanças estruturais no cenário macroeconômico, com os principais vetores de detração do humor ainda presentes: Normalização monetária global, orçamento na Itália, fragilidade da economia e dos mercados da China, incerteza envolvendo o Brexit, sinais de arrefecimento do crescimento global ex-EUA (vide o ZEW na Alemanha) e etc.

Contudo, após os índices de bolsa dos EUA apresentarem forte queda na última semana, é natural supor que algum valor tenha sido criado nesta frente (como comentei aqui: https://mercadosglobais.blogspot.com/2018/10/sobre-bolsa-norte-americana.html) e que o mercado ficasse mais reativo ao cenário microeconômico.

Acredito que a temporada de resultados será fundamental para o suporte adicional (ou não) das bolsas dos EUA, mas o cenário econômico precisará ser endereçado para o bom desempenho dos demais ativos de risco.

No Brasil, a reboque do cenário internacional, e com a “lua de mel” do mercado com o provável governo Bolsonaro, o dia foi de forte alta da bolsa com flattening adicional da curva de juros.

Nos EUA, o JOLTs Job Opening atingiu o seu pico histórico, reforçando um quadro de “overheating” do mercado de trabalho. Não há sinais de necessidade do Fed interromper o seu ciclo de normalização monetária. Muito pelo contrário, os números apontam na direção de continuidade do ciclo, com as taxas de juros eventualmente atingindo níveis acima da taxa neutra.




Data: 16/10/2018

Inflação global ganha tração. 

Os índices de bolsa dos EUA e Europa estão ameaçando uma recuperação essa manhã, mas o movimento ainda me parece tímido. Os sinais vindos de outros cantos do mercado, como a queda das commodities metálicas não preciosas e a alta das metálicas preciosas ainda mostram sinais de fragilidade do humor global a risco.

Por ora, os resultados corporativos nos EUA ainda não estão impressionando os investidores, com a maioria das ações que divulgaram resultados, mesmo que o universo ainda seja pequeno, apresentando desempenho ruim após as divulgações.

A divulgação das vendas no varejo nos EUA ontem ficou abaixo das expectativas do mercado, mas alteraram pouco as perspectivas para o crescimento do país.

O destaque desta manhã está por conta dos indicadores de inflação:

- Na Nova Zelândia, a inflação ficou muito acima das expectativas do terceiro trimestre. Mesmo que os indicadores subjacentes ainda mostrem estarem controlados, os sinais de pressões inflacionárias são nítidos.

- Na China o CPI passou a 2,5% YoY, em linha com as expectativas, mas uma alta dos 2,3% YoY o mês anterior. A inflação ainda não se apresenta como uma restrição a politica monetária, fiscal e creditícia mais frouxas, porém está uma clara tendência de alta. 

- Na Inglaterra os salários subiram 3,1% 3M/Y, muito acima das expectativas e mesmo com os números de emprego mais baixos. Eu gosto de olhar o país pois acredito que ele esteja em uma fase do ciclo econômico semelhante aos EUA. As pressões inflacionárias no país são evidentes.

De maneira geral, estes números reforçam a visão de que estamos em uma nova fase do ciclo econômico global, em que o crescimento fez seu pico, mesmo que não se desacelera de maneira mais contundente, mas a inflação fez seu piso e mostra sinais cada vez mais claros de aceleração. Este pano de fundo deverá manter os principais bancos centrais em seu projeto de normalização monetária, se mostrando uma restrição para o bom desempenho estrutural dos ativos de risco, como já vem sendo regra ao longo deste ano.

No Brasil, confesso que estou surpreso com a velocidade e magnitude da queda do dólar, do fechamento das taxas de juros, o flattening da curva e da queda nas inflações implícitas. Eu acreditava que este movimento pudesse ocorrer e que a “lua de mel” de um eventual governo Bolsonaro pudesse ter alguma durabilidade, mas não esperava que seria de maneira tão rápida e acentuada.

Eu não vejo grandes prêmios na curva de juros, pois acredito que o próximo ciclo será de elevação da Taxa Selic. Acredito que as inflações implícitas em torno de 4,5% estejam excessivamente baixas. De qualquer maneira, entendo e respeito o movimento, e não sei dizer ao certo até que ponto ele continuar. Vejo um quadro técnico pior, com grande parte dos fundos locais já posicionados nessa direção.




Data: 15/10/2018

 Cenário internacional continua desafiador. Ambiguidade na agenda local de reformas.

Os ativos de risco estão abrindo a semana sobre forte pressão, após mais uma noite de dinâmica desfavorável na Ásia, com quedas relevantes nos índices de bolsa do país.

Na sexta-feira comentei sobre os índices de bolsa dos EUA, aqui: https://mercadosglobais.blogspot.com/2018/10/sobre-bolsa-norte-americana.html.

No sábado falei um pouco sobre  fluxo de notícias, ainda negativo, aqui: https://mercadosglobais.blogspot.com/2018/10/algumas-reflexoes.html.

Podemos adicionar ainda, ao último link, o adiamento do prazo para o acordo em relação ao Brexit, na Inglaterra, o que está trazendo instabilidade e incerteza a finalização do processo.

Na Alemanha, as eleições na Bavária trouxeram uma grande derrota ao partido de Angela Merkel, colocando sua liderança em xeque, na maior economia da Europa.

No Brasil, as sinalizações recentes em relação ao projeto econômico de um possível, e cada vez mais provável, governo de Bolsonaro, nos últimos dias, se mostram ambíguas. Recentemente, ouvimos sinalizações menos assertivas em relação ao projeto amplo de privatizações, uma certa ambiguidade no que diz respeito a reforma da previdência e assim por diante.

Eu continuo sendo da opinião de que será mais fácil este governo aprovar questões menos impopulares, como medidas de desburocratizações e simplificação tributária, que tem impacto imediato e positivo sobre o setor corporativo e o crescimento. As medidas mais impopulares e estruturais, urgentes para o futuro da economia, contudo, demandarão um esforço adicional e um apoio quase que irrestrito do Congresso, algo que não tenho certeza que teremos a priori, ou que, neste momento, não tenho certeza da real disposição deste eventual novo Governo em executa-las.

Contudo, em um ambiente global mais desafiador, de menor liquidez, reforço que acredito que o país não tenha tempo para colocar em prática um projeto de ajuste econômico mais lento e gradual. Nossa vizinha Argentina buscou esse caminho e o tempo mostrou que a estratégia estava errada. Na minha opinião, o nível a que chegamos de dívida/PIB e de déficit fiscal demanda uma resposta rápida, acentuada e convicta dos novos administradores, ou a “lua de mel” do mercado poderá ter seu tempo encurtado. 




Data: 15/10/2018

Algumas reflexões.

Queria aproveitar este momento do final de semana para fazer uma reflexão em relação aos eventos recentes da economia global. Na manhã de ontem já comentei mais a fundo sobre a dinâmica das bolsas nos EUA. Vamos a alguns temas (me desculpo pelo formato mas estou com acesso limitado ao computador):

EUA - Core CPI: O Core CPI nos EUA ficou abaixo das expectativas, mas muito em função de uma acentuada queda em um item específico, leia-se "carros usados". O PPI e o Import Prices ajudaram a delinear um Core PCE que deve se manter em torno de 2% YoY, em linha com a meta do Fed. 

Assim, não será deste indicador que podemos esperar algum alívio por parte da política monetária dos EUA. Na minha opinião o processo de normalização monetária dos EUA e do mundo desenvolvido continua a ser o grande tema de investimento dos últimos meses, e dos meses vindouros. Este vetor tem sido o principal obstaculo para o bom desempenho dos ativos de risco ao longo do ano em um típico processo de final de ciclo econômico.

China - Importações: Os dados de exportação de setembro na China ficaram acima das expectativas, mas muito em função da antecipação de exportações antes da entrada em vigor de tarifas mais elevadas para os EUA.

As importações, por sua vez, mostraram fraqueza, confirmando um cenário de fragilidade da economia do país. Por ora, não vejo, pelo menos ainda, sinais de estabilização mais duradoura nesta frente. Muito pelo contrário, mesmo após diversas medidas anunciadas nas últimas semanas, os mercado locais mostram extrema fraqueza e a economia ainda não deu nenhum sinal mais consistente de estabilização.

FMI: Os primeiros feedbacks das reuniões do FMI em Bali apontam para a ausência de coesão e para um ambiente que ainda demanda cautela para as economias emergentes. Pela primeira vez em algum tempo não vemos um discurso ou sinalização mais clara e coesa em torno de como agir diante dos desafios que se apresentam para o cenário econômico global. Está é uma avaliação preliminar de notícias da mídia internacional.

Arábia Saudita: O sumiço de um jornalista saudita na embaixada do país na Turquia deixou de ser uma noticia local e tomou o noticiário internacional. Especula-se que o jornalista tenha sido morto na embaixada. Caso isso seja confirmado, irá se abrir uma nova frente de instabilidade no Oriente Médio, no maior aliado dos EUA na região. Ainda não tenho uma avaliação preliminar sobre o impacto disto nos mercados financeiros globais, mas certamente não ajuda o humor de curto-prazo.

Facebook: A empresa anunciou que cerca de 29 milhões de usuários tiveram suas contas "hakeadas” e seus dados expostos. Certamente é mais umas crise em uma das grandes empresas do setor de tecnologia. Não sou especialista no tema, mas tenho insistido na tese de que o setor dever passar por um processo mais estrutural de mais regulamentação, assim como ocorreu com o setor bancário após a crise de 2008.

Itália: O país parece ter optado pelo caminho de desobedecer a União Europeia em relação ao seu orçamento acima do permitido pelo bloco. O caminho, a partir de agora, deve ser turbulento e incerto, se assemelhando mais a um país emergente do que um país desenvolvido. 
 




Data: 15/10/2018

Sobre a bolsa norte americana.

Os ativos de risco estão apresentando recuperação esta manhã, liderados por uma alta de cerca de 1% (neste momento) nos futuros dos índices de bolsa dos EUA. Não há nada de fundamentalmente novo no cenário, o que me leva a crer que estamos diante de um movimento técnico, cuja explicação foge um pouco do campo fundamental. Comentei sobre os vetores que estavam pressionando os mercados nos últimos dias aqui: https://mercadosglobais.blogspot.com/2018/10/risk-off_10.html.

Não tenho convicção, pelo menos ainda, se estamos diante de uma correção mais acentuada e duradoura, ou apenas diante de uma correção normal, natural dos ciclos, como aquela observada em fevereiro deste ano. Normalmente, mesmo que esta seja apenas uma correção pontual, estes movimentos costumam durar algumas poucas semanas, mas não poucos dias, com a manutenção de uma volatilidade elevada neste período e sem grandes tendências claras.

No nível abaixo de 2.800 pontos, apenas para pegar o S&P como exemplo, já existe algum valor no tocante a “valuation”, mas será extremamente importante analisar os resultados corporativos do último trimestre e os “guidance” que serão dados pelas empresas. Caso haja uma decepção grande nesta frente, não podemos descartar movimentos mais bruscos e acentuados de queda nas bolsas. Uma temporada de resultados tranquila, por outro lado, deveria dar sustentação aos preços.

Nos últimos dias, ainda neste espaço das bolsas dos EUA, vimos alguma rotação para “valor” em detrimento a “crescimento” e “tech”, que foram os grandes lideres do movimento de alta ao longo deste ano e de todo este “bull Market” deste a crise de 2008. Ainda é cedo para acreditar no renascimento do setor de “valor”, mas acho que mais cedo ou mais tarde, este tipo de rotação terá que ocorrer de maneira mais estrutural.

No campo econômico, o Core CPI de setembro divulgado ontem ficou abaixo das expectativas do mercado, com alta de 0,1% MoM. O número afasta a necessidade de uma aceleração do processo de normalização monetária nos EUA, mas também não altera a necessidade de um processo de normalização gradual, ou seja, não deve tirar o Fed de seu “plano de voo”.

No Brasil, as vendas no varejo surpreenderam positivamente as expectativas. Algumas questões pontuai ajudaram as vendas em agosto. O cenário para o crescimento do país ainda é incerto, mas poderá ganhar algum suporte caso ganhe corpo a ideia de que no campo econômico um provável governo de Bolsonaro consiga implementar medidas de reforma e desburocratização.

Em termos de posição/recomendação, gosto de compra de calls de Ibovespa contra compra de puts de HY. Posição tomada em juros no mundo desenvolvido contra calls de JPY. E uma posição direcional comprada em inflação implícita no Brasil. Estou esperando o momento certo para tomar juros mais curtos no Brasil. Este é um portfólio mais balanceado, em linha com a minha visão global mais conservadora. Aqueles que não tem acesso há alguns destes ativos podem alocar através de “proxys” nos mercado local.




Data: 11/10/2018

Forte "sell-off" continua. 

Os ativos de risco estão abrindo o dia sobre forte pressão, após uma noite de elevada volatilidade dos futuros das bolsas nos EUA. Na esteira do movimento de ontem, as bolsas na Ásia apresentaram forte queda, na ordem de 3% a 5%. Neste momento, o S&P futuro apresenta queda de 1%. As commodities metálicas não preciosas operam em forte queda, a despeito de um movimento de dólar mais fraco no mundo. As taxas de juros no mundo desenvolvido apresentam fechamento de taxa, em um movimento clássico de “risk-off” (https://mercadosglobais.blogspot.com/2018/10/risk-off_10.html).

No final da tarde de ontem, Trump foi a uma rede social criticar a postura do Fed em seu processo de normalização monetária, colocando a culpa no “sell-off” na postura do Banco Central. Eu diria que dado o perfil do Presidente, este movimento era esperado.

Na agenda do dia o destaque ficará por conta da divulgação do Core CPI. Um número acima de 0,2% MoM colocará a estratégia do Fed de gradualismo na condução do aperto monetário em cheque e poderá dar mais ímpeto ao movimento negativo dos mercados. Um número abaixo deste valor pode vir a ajudar a estabilizar o humor no curto-prazo.

No Brasil, a primeira pesquisa oficial para o segundo turno das eleições mostrou uma grande diferença em favor de Bolsonaro (https://www1.folha.uol.com.br/poder/2018/10/datafolha-mostra-bolsonaro-com-58-e-haddad-42-na-largada-do-2o-turno.shtml), como acredito ser amplamente esperado após o primeiro turno. Acredito que o foco do mercado neste momento seja, primeiro, os desenvolvimentos externos (a floresta) e, segundo, a capacidade de governo e a agenda positiva de um eventual governo Bolsonaro (as arvores). (https://mercadosglobais.blogspot.com/2018/10/as-arvores-e-floresta-forte-sell-off-na.html).

Noticias como a seguinte deverão se tornar mais corriqueiras: https://www.valor.com.br/brasil/5916561/uma-reforma-fatiada-para-previdencia.

Hoje foi a vez da Suêcia divulgar uma inflação mais elevada e reforçar a necessidade de um processo de normalização monetária. Como tenho insistido neste fórum, acredito que estamos em uma nova fase do ciclo econômico, em que o crescimento talvez tenha feito sei pico e a inflação tenha feito seu piso. Assim, poderemos conviver com um crescimento global mais brando, mesmo que longe de uma recessão (ainda), uma inflação ascendente e a necessidade de continuidade do aperto nas condições financeiras e monetárias por parte dos principais bancos centrais ao redor do mundo.

Como viemos de 10 anos de exuberância, é natural que a medida que este ambiente fique mis claro, o mercado precise se ajustar via fluxos e preços a essa nova realidade. Isso não costuma acontecer de um dia para outro, ou de um mês mais para outro, em linha reta, mas em um processo longo e tortuoso.




Data: 11/10/2018

Risk-Off!

O dia foi marcado por forte pressão nos ativos de risco, liderados por uma queda entre 3,5% e 5% dos índices de bolsa nos EUA. Podemos atribuir a queda ao acumulo de “ventos contrários” (headwinds) ao cenário, entre eles:

- Novos sinais de pressões inflacionários no mundo, mas em especial nos EUA com a divulgação do PPI de setembro;

- A situação ainda de fragilidade da economia e dos mercados na China;

- Sinais de desaceleração do crescimento global ex-EUA;

- Ausência de solução para as questões fiscais na Itália;

- Uma sequência de baixa demanda por títulos da dívida dos EUA (Treasuries) nos leilões semanais (hoje tivemos leilões de 3 e 10 anos) em  um momento de aumento de oferta e redução do balanço do Fed;

- E, finalmente, hoje, alguns “profit warnings” do setor corporativo nos EUA. O JP Morgan comentou o seguinte sobre este tema: US stocks are coming for sale and the slump feels largely a function of earnings anxieties.  The warnings from PPG, TSE, and VAT Group, along w/the post-earnings weakness in FAST and LVMH (the latter in Europe), is souring the mood on the eve of the CQ3 season.   The sample size is still too small to draw any firm conclusions on CQ3 overall but this had been the one issue (earnings) that investors weren’t nervous about and if the SPX now needs to grapple w/the ongoing macro overhangs (Italy, China, and TSY yields) along w/earnings problems that will create a toxic combination over the coming weeks. 

Minha visão em relação ao cenário externo segue mais cautelosa e negativa, mas entendo que os preços atuais já estejam um pouco mais alinhados a este pano de fundo. De qualquer maneira, em um momento de estágio final do ciclo econômico, todo cuidado é necessário. Além disso, movimentos como o de hoje (e dos últimos dias) dificilmente são endereçados, ou estabilizados, no curto-espaço de tempo. Neste ínterim, deveremos conviver com mais volatilidade e incerteza, muito parecido com o que vimos em fevereiro deste ano.

No Brasil simplesmente seguiu o humor global a risco. Comentei sobre este risco em um texto no começo desta semana, aqui: https://mercadosglobais.blogspot.com/2018/10/as-arvores-e-floresta-forte-sell-off-na.html.

Em relação a minha visão por classes de ativos no Brasil, mantenho meu comentário de hoje cedo, que pode ser revisto aqui: https://mercadosglobais.blogspot.com/2018/10/brasil-equipe-de-bolsonaro-da-pistas-de.html.

Em relação ao cenário externo, continuo gostando do tema de alta global de juros. Reduzimos os hedges via venda de bolsa norte americana por nível e devido a alta da volatilidade implícita, mas mantivemos proteções via opções de compra de JPY (moeda do Japão) cuja vol implícita parece mais distorcida e o nível da moeda mais “errado” para este ambiente e puts de “bonds high yields (HY)”.




Data: 10/10/2018

Brasil: Equipe de Bolsonaro dá pistas de como será o seu governo.

Os ativos de risco estão abrindo o dia na mesma toada que já virou regra nas últimas semanas, porém com movimentos menos bruscos neste momento. Abertura de taxa de juros no mundo desenvolvido, queda das bolsas e dólar forte. Por mais um dia, as bolsas da China ameaçaram uma recuperação, mas acabaram fechamento próximas a estabilidade, a despeito de leve apreciação da moeda.

A agenda do dia terá o PPI como destaque nos EUA, com o Core CPI agendado para amanhã.

Nos últimos dias vimos o Paquistão pedir ajuda ao FMI, seguindo os passos da Argentina, vimos novos sinais de desaceleração da economia global ex-EUA, não vimos avanço na situação da Itália, e vimos novos sinais de uma inflação mais elevada ao redor do mundo. Em linhas gerais, reforçando o cenário ainda desafiador que tenho descrito neste fórum.

No Brasil, a entourage do candidato a presidente Jair Bolsonaro, e o próprio candidato, deram pistas, nas últimas 24 horas, do que pretende ser seu governo. Após ser repreendido por Bolsonaro no Jornal Nacional, seu candidato a vice disse que não é acéfalo e continuará dando seus palpites e opiniões. Seu potencial articulador político, referendado pelo candidato, afirmou que “essa reforma da previdência” apresentada pelo Governo Temer não será votada e que pretendem apresentar outra reforma, mas sem entrar em detalhes de qual reforma será.

Minha visão continua sendo de que a despeito destes tipos de ruídos, existe uma intenção de agenda econômica propositiva, liberal e reformista, que deverá ser abraçada pelo mercado em uma espécie de “lua de mel” em um primeiro momento. A médio e longo-prazo, acredito que a realidade local e externa irá se impor e a implementação desta agenda se mostrará mais difícil e turbulenta do que o imaginado anteriormente.

Neste momento, estou pendendo a acreditar que a agenda que independe do Congresso, ou de uma maioria de 2/3, tem mais chances de avançar, assim como o projeto de simplificação e desburocratização da economia que vem sendo sinalizado por Paulo Guedes. A agenda de reformas mais estruturais e que são um imperativo para o longo-prazo, contudo, deverá apresentar mais resistência por parte de sua nova base no Congresso.

Contudo, como o país urge por reformas dado a elevada dívida/PIB, é natural que, em algum momento, está situação cobre o seu preço.

Continuo vendo o mercado de renda variável como o melhor ativo para se alocar em Brasil neste momento. Os valuations parecem atrativos, as empresas desalavancadas e o mercado com baixa exposição. Nos atuais níveis de preço, já não vejo prêmio na curva de juros e no câmbio. Continuo achando a inflação implícita extremamente baixa.




Data: 09/10/2018

Risk-off!

Não há nada de fundamentalmente novo no cenário global, mas os ativos de risco estão abrindo a terça-feira com viés negativo, mantendo a mesma dinâmica e trajetória que está virando regra, ou seja, a abertura das taxas de juros nos EUA está colocando pressão negativa nas bolsas globais e nos demais ativos de risco.

Na China, os mercados locais ameaçaram uma recuperação após o forte sell-off de ontem, mas acabaram fechando muito próximos a estabilidade, o que me parece um sinal negativo, pois mostra fragilidade e ausência de sinal de estabilização mais duradoura.

Na Itália, o debate em torno das contas públicas do país continua, sem sinal de consenso ou de acordo junto a União Europeia. Os títulos públicos locais de longo-prazo continuam operando em queda, com forte abertura de taxas, nos níveis de taxa mais elevados deste ciclo econômico.

No Brasil, os dois candidatos a presidente concederam curta entrevista ao Jornal Nacional da TV Globo. Não vi nada no evento que altere o quadro eleitoral que, neste momento, favorece uma vitória de Bolsonaro, mesmo que por margem apertada.

Acredito que no curto-prazo os mercados locais devem continuar a viver uma “lua de mel” com um eventual governo de Bolsonaro, pois sua equipe tentará trazer uma agenda econômica positiva e propositiva. Ao longo do tempo, contudo, algum tipo de ruído e volatilidade pode ocorrer, seja por pesquisa eleitoral, seja pelo cenário externo. A longo-prazo, os desafios para a implementação da agenda de reformas no país deverão ser gigantescos.

Nesta linha, a Folha de SP traz artigo que comenta um eventual governo de Bolsonaro: https://www1.folha.uol.com.br/mercado/2018/10/bolsonaro-ja-busca-executivos-do-setor-privado-para-governo-e-estatais.shtml.

O Valor comenta a respeito da composição do Congresso e a necessidade de negociação para aprovação de qualquer reforma: https://www.valor.com.br/politica/5912607/psl-ou-pt-tera-de-negociar-com-centrao-para-governar.




Data: 08/10/2018

As arvores e a floresta. Forte sell-off na China.

Hoje é dia de feriado nos EUA. O mercado de renda fixa não irá funcionar, mas o mercado de renda variável funcionará normalmente. Quando analisamos o cenário para os mercados globais, precisamos ter em mente o panorama global, da floresta, sem perder de vista o panorama local, das arvores. No geral, o que ocorre na floresta costuma ditar o ritmo de longo-prazo do que ocorre nas árvores, mesmo que os eventos locais, nas árvores, tragam movimento pontuais e de curto-prazo em partes da floresta.

As Arvores – Brasil: Jair Bolsonaro se saiu do primeiro turno como franco favorito. Além de uma expressiva votação próxima a 47% dos votos válidos, o PSL conseguiu emplacar 50 deputados, a segunda maior bancada da Câmara. Vimos um fenômeno gritante da sociedade votando à direita em vários estados do país.

Bolsonaro inicia sua caminhada no segundo turno como favorito. O PT terá pela frente um desafio de reverter este quadro, mas saindo de uma base importante no Congresso, onde, no mínimo, poderá desempenhar seu papel de oposição, o que sempre fez com muito acirramento.

Acredito que os ativos de risco irão reagir de maneira positiva a este evento (comentei mais a fundo sobre cada classe de ativos aqui: https://mercadosglobais.blogspot.com/2018/10/vamos-falar-mais-de-investimentos-e.html.

Na minha visão, uma vez confirmada a eventual vitória de Bolsonaro em segundo turno, ou seu amplo favoritismo, existe espaço para uma “lua de mel” entre seu governo e o mercado, já que sua equipe econômica irá buscar uma agenda positiva em um primeiro momento, mesmo que sua implementação seja difícil.

A melhora dos ativos locais, contudo, será cerceada pelos eventos globais, ou a floresta.

A Floresta – Externo e China: Mesmo com um agressivo corte de compulsório (vide aqui: https://mercadosglobais.blogspot.com/2018/10/china-corta-compulsorio-agressivamente.html), os ativos da China retornaram do feriado sobre forte pressão. As bolsas locais caíram cerca de 3%, com depreciação da moeda (CNY). Os demais ativos da Ásia e dependentes da demanda da China, como as commodities metálicas, operam sobre forte pressão neste momento.

Eu imaginava que está dinâmica poderia ocorrer em um segundo momento, como tenho escrito neste fórum há meses, mas pensava que o corte de compulsório pudesse dar algum suporte de curtíssimo-prazo. Isso não ocorrendo me leva a crer que a situação do país seja mais complicada e delicada do que o imaginado anteriormente, especialmente diante de um novo quadro estrutural do mundo, com aperto das condições financeiras e “guerra comercial”.




Data: 08/10/2018

China corta compulsório agressivamente. Últimas considerações eleitorais.

Desejo uma boa votação a todos e que nosso país seja capaz de buscar, novamente, a rota do desenvolvimento. Nossa sociedade precisa entender a gravidade de nossa situação. Nossos políticos precisam diagnosticar os problemas de maneira correta e ter os governantes capazes de entender este diagnostico, encontrar soluções e ter capacidade de articulação política para implementa-las.

Independente dos vitoriosos hoje, em todas as esferas políticas, para trilhar esse rumo de progresso precisaremos de um país mais unido e menos polarizado. Precisamos de mais racionalidade e menos agendas pessoais ou setoriais. Torço como cidadão que, independente de quem esteja em Brasília e nos governos estaduais no dia 1 de janeiro de 2019, sejamos capazes de trilhar um novo e prospero caminho para o Brasil. Escrevi sobre os resultados mais prováveis aqui: https://mercadosglobais.blogspot.com/2018/10/vamos-falar-mais-de-investimentos-e.html. 

Na China, o PBoC anunciou um corte de 1pp do Reserve Requirement (compulsório). Uma queda no RR já era esperada, mas a magnitude foi maior do que o esperado. Temos que ler a medida de duas formas. Primeiro, é mais uma medida agressiva e positiva na direção de estabilizar o crescimento econômico em meio a “guerra comercial” e a sinais evidentes de desaceleração da economia. A medida deve ser bem vinda e deveria ser bem recebida pelo mercado. Segundo, o timing e a magnitude da medida mostram algum “desespero” do governo com a real situação econômica do país e pode ligar um sinal de alerta que a desaceleração esteja sendo maior do que o imaginado.

Assim, vejo a medida como dando suporte de curto-prazo ao humor em relação a China e os ativos mais dependentes da demanda chinesa (EM, commodities e etc). Contudo, no médio e longo-prazo continuo vendo a situação do país como delicada e, provavelmente, em um ponto de inflexão.

Com uma alavancagem grande na economia, para estabilizar o crescimento do país os governantes precisam de cada vez mais medidas, em magnitudes maiores, para proporcionar um “delta” menor de crescimento, ou seja, a elasticidade da economia as medidas está se tornando menor. Em algum momento, as medidas serão inócuas e uma desaceleração mais acentuada poderá ser inevitável. Escrevi sobre isso aqui: https://mercadosglobais.blogspot.com/2018/09/pausa.html.




Data: 08/10/2018

Vamos falar mais de investimentos e menos de política?

Estou de volta, assim como os “Mercados Globais”, após 5 dias de imersão em uma agenda internacional bastante intensa e produtiva. Minha visão central quando sai nesta agenda pode ser recordada aqui: https://mercadosglobais.blogspot.com/2018/09/pausa.html. 

Os eventos recentes no cenário internacional apenas reforçaram minhas visões. Fui levado a interromper minha imersão para fazer pequenas atualizações de cenários que podem ser vistas aqui: https://www.linkedin.com/in/dan-kawa-78361130/detail/recent-activity/shares/.

Neste momento, me limitarei a comentar sobre investimentos no que tange “macro alocações”, mas deixando em aberto a oportunidade daqueles que tenham interesse em comentar em outros fóruns sobre os avanços no tocante a investimentos e produtos externos (“micro alocação”).

Felizmente, ou infelizmente, apenas o tempo irá dizer, (e não estou aqui para fazer juízo de valor sobre questões políticas) poderei, em breve (amanhã ou dentro de 3 semanas), deixar de falar um pouco de política para focar no que interessa e no que sou pago para fazer, que são investimentos. Então, vamos ao que interessa:

No cenário internacional, a sexta-feira foi mais um dia de confirmação daquele pano de fundo que acabou virando base para o desempenho dos ativos de risco nos últimos dias. Os números de emprego nos EUA mostraram uma criação robusta de vagas de trabalho em setembro, a menor taxa de desemprego desde a década de 60 e a continuidade do processo de elevação da remuneração dos trabalhadores.

Estes números reforçam a necessidade da continuidade do processo de normalização monetária nos EUA e seguindo uma tendência que parece ser cada vez mais global. Se formos olhar economias menores, vemos um processo semelhante de aperto do mercado de trabalho e pressões inflacionárias. Desde economias europeias desenvolvidas até países emergentes asiáticos que não necessariamente passam por crises cambiais como Argentina e Turquia .

Assim, o cenário internacional me dá cada vez mais convicção que estamos no meio de um novo ciclo econômico, onde impera uma inflação global mais elevada, mesmo que ainda não uma processo de hiperinflação ou algo do gênero, e a necessidade de dar prosseguimento a um processo que se mostra cada vez mais global de alta de juros e aperto das condições monetárias.

Vindo de mais de 10 anos de situação oposta, eu não consigo acreditar que o mercado já esteja totalmente preparado para este tipo de situação mais estrutural e menos cíclica. Além disso, exceto pela situação dos EUA, em que a Reforma Tributária da sustentação a economia e as bolsas locais (“buybacks”) já há sinas cada vez mais claros de desaceleração do crescimento em vários países e regiões. Este não costuma ser uma mistura positiva para ativos de risco em geral.

Acho interessante observar o bom desempenho dos ativos emergentes, no geral, ao longo da última semana. Minha primeira leitura é que como essa classe de ativo acabou sofrendo mais e primeiro que outras classes de ativos, neste momento, eles conseguem apresentar desempenho mais positivo. Caso prevaleça o cenário acima e caso observemos uma pressão negativa em outros ativos de risco, a correlação maior deve retornar e, inevitavelmente, veremos novas rodadas de pressão nos ativos emergentes.

No Brasil, as pesquisas eleitorais recentes mostram o aumento da probabilidade de vitória de Bolsonaro no primeiro turno das eleições e aumento das chances de vitória em eventual segundo turno. Reforço o que já escrevi no meio da semana passada:

Acredito que caso se consolide este cenário, poderemos ver, no curto-prazo, a manutenção deste ambiente positivo, basicamente pela necessidade de compressão dos prêmios de risco de um eventual governo Haddad, a baixa exposição dos locais e estrangeiros a Brasil e, em algumas classes de ativos, posições ainda negativas. No geral, vemos os fundos locais comprados em bolsa e aplicados em juros mas com hedges via compra de dólar. As posições, contudo, são pequenas para os padrões históricos;

No médio e longo-prazo, contudo, acredito que a realidade de implementação e execução do governo será bastante desafiadora em meio a um cenário externo que ainda me parece complicado, o que dificultará a manutenção de uma trajetória ou tendência mais positiva e estrutural. Entendo, contudo, que no curto-prazo, de maneira cíclica e pontual, os fluxos para EM e Brasil podem ser relevantes.

Em termos de classes de ativos, acredito que poderemos ver um “bull flattening” adicional da curva de juros com queda das inflações implícitas. A médio-prazo, ainda gosto estruturalmente da compra de inflação implícita e na necessidade do início de um ciclo de alta de juros no país. Por diversas questões locais e globais a inflação baixa ficou para trás e teremos inflações mais elevadas, mesmo que não extremadas, nos próximos meses, quiçá, anos.

No mercado de câmbio, a posição técnica pode levar o Real para patamares mais apreciados, mas acredito que dificilmente teremos uma tendência mais estrutural. Acredito que exista um "piso” para o dólar contra a nossa moeda, mas não me arrisco a dizer qual seria (3,8? 3,7? 3,6%).

No mercado de renda variável é onde vejo as maiores oportunidades. Os valuations se mostraram atrativos, as empresas estão desalavancadas, e o mercado com baixíssima exposição a risco.




Data: 08/10/2018

 Tsunami externo.

A quinta-feira trouxe poucas novidades relevantes além daquilo que já tenho chamado a atenção nos últimos dias. Vimos mais uma rodada de abertura de taxa de juros nos EUA e nos demais países desenvolvidos, o que acabou gerando nova pressão nos ativos de risco.

A diferença, hoje, ficou por conta do primeiro sinal de fraqueza das bolsas norte americanas. Acredito que seja inevitável, do ponto de vista de valuation e posição técnica, alguma pressão sobre as bolsas norte-americanas e globais caso o movimento no mercado de juros continue. O cenário me parece muito similar aquele que vimos em fevereiro (de maneira simplória: economia aquecida > inflação > juros abrem > EM sofrem > dólar forte > bolsas caem).

A despeito deste pano de fundo, os ativos do Brasil continuaram a mostrar desempenhado relativo mais positivo. Continuo vendo o mercado de certa fora "leve", olhando uma questão muito pontual e específica, e deixando de lado um "tsunami” que vem do exterior. Mais cedo ou mais tarde, essa situação tende a se ajustar. 

Sou pragmático e entendo que uma vitória de Bolsonaro nas eleições deverá trazer uma "lua de mel” inicial aos ativos locais, mas ainda tenho certa convicção que os desafios locais e globais serão gigantescos e se mostrarão muito maiores do que o que se imagina neste momento.

Hoje foi a vez do Banxico, no México, divulgar um comunicado de politica monetária mais duro, apenas confirmando a minha tese de que estamos em um novo ciclo global de politica monetária e inflação no mundo emergente e desenvolvido.

Estamos no inicio de um novo ciclo global de alta de juros e o Brasil não deverá ficar para trás por muito tempo.

Amanhã teremos o IPCA de setembro e as coletas diárias mostram uma inflação rodando a patamares bem elevados.

Nos EUA, o Jobless Claims mostrou, uma vez mais, um mercado de trabalho robusto, no pleno emprego e com o hiato do produto fechado. Todas as atenções estarão voltadas para o Payroll e o Average Hourly Earnings amanhã nos EUA.

Vale lembrar que no inicio deste mês o Fed começou a reduzir seu balanço em US$60bi por mês, o BoJ faz um uma espécie de aperto as escuras e o ECB caminha na mesma direção.


 




Data: 04/10/2018

Tsunami externo.

Antes dos comentários de hoje gostaria de reforçar algumas visões pessoais:

Não sei quem ganhará as eleições no Brasil. Acredito que a disputa será decidida nos 48 minutos do segundo tempo. Acho imprudente qualquer alocação, investimento ou posição mais assertiva baseado em um cenário eleitoral. Na minha visão, tentar adivinhar o resultado dessas eleições é igual a jogar roleta em um casino.

As minhas alocações, posições e recomendações são baseadas em cenários econômicos que julgo mais prováveis, vis-à-vis o nível de preços e valuations, além da posição técnica e de potenciais fluxos pontuais em reação a notícias de curto-prazo, que podem ser apenas ruídos. Por isso, costumo fazer uma distinção entre posições estruturais e posições táticas.

Acredito que muitas pessoas não conseguem distinguir o que é uma vontade pessoal, uma torcida, do que de fato é a realidade. Todos nós, inclusive eu, por diversas vezes, somos pegos nesta armadilha.

Dito isso, hoje vimos a confirmação de um cenário externo mais desafiador, na linha do que eu tenho insistido há meses. O ADP Employment nos EUA mostrou robusta criação de vagas de trabalho no país. O ISM Non-Manufacturing atingiu novo pico deste ciclo econômico. 

Os números apenas reforçam minha visão de uma economia no pleno emprego, com hiato do produto fechado e acumulo de pressões inflacionárias. Não acredito que este cenário irá se alterar no curto-prazo, o que deve manter o ambiente global desafiador. Acredito que estamos diante de um cenário menos construtivo que promete ser estrutural e não cíclico.

Neste pano de fundo, vimos forte abertura de taxa dos juros nos EUA, o que acabou trazendo pressão negativa para os ativos emergentes e os ativos de risco em geral. As taxas norte americanas estão atingindo patamares novos para este ciclo, e as economias mais alavancadas começam a sentir os efeitos mais nefastos do enxugamento global de liquidez (Turquia, Argentina, Itália, Austrália e etc). As eleições no Brasil me parecem apenas uma distração de curto-prazo, um ruído, diante deste ambiente internacional. O vencedor do pleito será capaz apenas de determinar a velocidade, ou a elasticidade dos ativos locais em relação ao cenário externo, mas não alterar sua direção e sua dinâmica.

No final da tarde, nova pesquisa Ibope mostrou um cenário de extrema competitividade nas simulações de segundo turno, dentro das minhas expectativas.

Sigo com baixa alocação a risco no Brasil. 






 




Data: 03/10/2018

BULLsonaro!?

Eu ainda estou com acesso limitado ao e-mail, mas prometi que faria uma atualização do cenário caso algo relevante ocorresse nos dias em que estaria ausente. Para rever minha visão, acesse aqui: http://mercadosglobais.blogspot.com/?m=1.

Nos últimos dias, as pesquisas Ibope e DataFolha mostraram avanço de Bolsonaro nas simulações de primeiro e segundo turno. Ambas as pesquisas mostram perda de momento de Haddad e aumento expressivo de sua rejeição. No segundo turno, a despeito da manutenção de um impacte técnico, vemos um delta, ou um momento mais favorável de Bolsonaro. Já há debates de uma possível vitória de Bolsonaro no primeiro turno.

Em reação a este ambiente, observamos forte reação positiva dos ativos locais.

Acredito que caso se consolide este cenário, poderemos ver, no curto-prazo, a manutenção deste ambiente positivo, basicamente pela necessidade de compressão dos prêmios de risco de um eventual governo Hadddad, a baixa exposição dos locais e estrangeiros a Brasil e, em algumas classes de ativos, posições ainda negativas.

No médio e longo-prazo, contudo, arredio que a realidade de implementação e execução do governo será bastante desafiadora em meio a um cenário externo que ainda me parece complicado, o que dificultará a manutenção de uma trajetória ou tendencia mais positiva e estrutural. Entendo, contudo, que no curto-prazo, de maneira cíclica e pontual, os fluxos para EM e Brasil podem ser relevantes.

Em termos de classes de ativos, acredito que poderes ver um “bull flattening” adicional da curva de juros com queda das inflações implícitas. A médio-prazo, ainda gosto estruturalmente da compra de inflação implícita e na necessidade do início de um ciclo de alta de juros no país. Por diversas questões locais e globais a inflação baixa ficou para trás e teremos inflações mais elevadas, mesmo que não extremadas, nos próximos meses, quiça, anos.

No mercado de câmbio, a posição técnica pode levar o Real para patamares mais apreciados, mas acredito que dificilmente teremos uma tendencia mais estrutural. Acredito que exista um "piso” para o dólar contra a nossa moeda, mas não me arrisco a dizer qual seria (3,8? 3,7?).

No mercado de renda variável é onde vejo as maiores oportunidades. Os valuations se mostraram atrativos, as empresas estão desalavancadas, e o mercado com baixíssima exposição a risco.

Vale reforçar que este cenário só é válido na eventualidade de vitória de Haddad. Ainda vejo uma eleição competitiva que só será definida nos "48 minutos do segundo tempo", como é minha visão desde sempre.

No tocante ao cenário externo, sigo com visão cautelosa. Na China, vimos o PMI arrefecer, abaixo das expectativas de leve elevação. As diversas medidas implementadas no país foram capazes apenas de reduzir a velocidade de desaceleração da economia. O país mostra o quão complicado está sendo para estabilizar sua economia em meio a um cenário de alavancagem elevada. Ainda vejo enormes desafios para a China nos próximos meses.

Nos EUA, não vejo necessidade e nem sinais de encerramento do ciclo de normalização monetária, que tem sido uma restrição grande ao desempenho dos ativos de risco ao longo deste ano.

Na Itália, um país desenvolvido com características de país emergente, a discussão em torno do orçamento continua acirrada e trazendo incerteza ao cenário.

Hoje pela manhã, a inflação na Turquia surpreendeu as expectativas para cima, mostrando que ainda será necessárias medidas adicionais para estabilizar a economia.

Na Argentina, o novo acordo com o FMI e a alta de juros para 65%, até este momento, ajudou a estabilizar os ativos do país. 


 




Data: 28/09/2018

Pausa.

O “Mercados Globais” irá fazer uma pausa até o dia 8 de outubro. Neste ínterim, estarei focado em outros projetos, com acesso limitado ao e-mail. Estarei, contudo, acompanhando a evolução dos mercados financeiros globais e do cenário econômico. Caso acredite que haja a necessidade de um breve comentário de atualização ou mudança de cenário ou visão, farei meu dever fiduciário de comunica-los.

Por ora, mantenho a minha visão estrutural inalterada e vejo os movimentos recentes apenas como movimentos cíclicos, pontuais e localizados, em busca de algum retorno adicional de curto-prazo em meio a um cenário global e local ainda extremamente desafiador.

Relembrando, vejo as principais economias desenvolvidas em um movimento estrutural, que promete ser prolongado, de normalização monetária e retirada de liquidez e estímulos. Os números de inflação na Alemanha de hoje apenas me fazem lembrar que “the winter is coming (on the north!)”, ou melhor, a inflação está chegando em um país perto de você!

Assim, continuo vendo um cenário, liderado pelos EUA, de pleno emprego, hiato do produto fechado e acumulo de pressões inflacionárias que levarão os bancos centrais a manter uma postura mais dura em relação as taxas de juros e estímulos monetários. Neste ambiente, exceto por movimentos pontuais como o que observamos em setembro, acredito que ainda haja amplo espaço para decepção em relação ao desempenho de longo-prazo de várias classes de ativos de risco.

O mundo passou os últimos 10 anos alocando recursos em ativos de risco em busca de retornos adicionais. Os preços e valuations estão em níveis historicamente elevados, com os prêmios de risco comprimidos. Entendo que o mercado não se move em linha reta, então teremos movimentos mais positivos como o que vimos nas últimas semanas.

Na China, entendo que as medidas recentes foram suficientes para estabilizar os mercados financeiros locais e a economia no curto-prazo, mas se provarão insuficientes para uma estabilização de longo-prazo. O processo de reformas do país passa, invariavelmente, por uma desalavacagem (por bem ou por mal) da economia e um crescimento menor. Deveremos conviver com novas incertezas provenientes do Oriente mais cedo ou mais tarde.

Não estou profetizando o apocalipse, pois ainda não vejo argumentos ou vetores para movimentos negativos mais acentuados, mas mantenho uma postura cautelosa diante deste cenário.

Os desafios que estão sendo vividos pela Argentina, para citar um país emergente, e pela Itália, para citar um país desenvolvido não comprometido com reformas econômicas, são um alerta para o Brasil.

No Brasil, continuo vendo um cenário eleitoral extremamente competitivo, com Bolsonaro e Haddad em uma disputa de narrativas que só deverá ser decidida no dia das eleições. Continuo achando imprudente tentar adivinhar o vencedor deste pleito. Acredito, contudo, que diante do cenário exposto acima, qualquer que seja o vencedor, pegará um cenário que demandará extrema capacidade de governo, conseguindo entender o diagnostico dos problemas, ter convicção na necessidade das medidas e capacidade de articulação para coloca-las em prática.




Data: 27/09/2018

Ruídos na Itália e inflação na Alemanha.

Os ativos de risco estão abrindo a quinta-feira com leve viés negativo, com destaque para um movimento de dólar forte no mundo e leve pressão nas bolsas da Europa e dos EUA. Na tarde de ontem comentei um pouco sobre a reação a decisão do Fed (aqui: https://mercadosglobais.blogspot.com/2018/09/fed-eleicoes.html).

A única “novidade” que vejo hoje pela manhã é a ausência de avanços no tocante ao acordo político para o orçamento na Itália, que pode estar trazendo incerteza para a Europa e seus ativos. As bolsas da região operam em queda e os bonds na Itália apresentam abertura de taxas de juros.

Na Alemanha, a divulgação do CPIs (inflação) regionais apontam para um risco altista na inflação fechada do país, a ser divulgada ainda esta manhã.

Na agenda do dia, destaque para o Jobless Claims e o Durable Goods Orders nos EUA.




Data: 26/09/2018

Fed & Eleições.

Como eu suspeitava, ou temia, hoje pela manhã, (vide aqui: https://mercadosglobais.blogspot.com/2018/09/a-espera-do-fed.html) a decisão do FOMC, seu comunicado e suas previsões de crescimento, inflação e taxa de juros foram rigorosamente em linha com as expectativas, mas o mercado acabou tendo uma leitura de que o Fed foi mais “dovish”, pelo simples fato de ter retirado a menção as condições monetárias acomodatícias, o que era esperado por muitos analistas, como comentei hoje cedo.

Não vejo motivos para alterar as expectativas em torno do processo de normalização monetária nos EUA e nem mesmo o pano de fundo ainda desafiador para a economia mundial e os mercados financeiros globais. Ainda vejo a economia dos EUA em estágio avançado do ciclo econômico, com hiato do produto fechado, no pleno emprego e com acumulo gritante de pressões inflacionárias.

Na minha visão, alguns fluxos de final de mês e trimestre, alguns rebalanceamentos de carteiras, aliados a percepção de preços e valuations mais atrativos em algumas classes de ativos, além de uma posição técnica mais “leve”, estão ajudando o mercado no movimento mais positivo (em especial no tocante aos ativos emergentes).

No Brasil, as pesquisas de intenção de voto para as eleições continuam mostrando a consolidação de Bolsonaro na liderança e de Haddad em segundo lugar. A disputa de segundo turno mostra um cenário de extrema competitividade e incerteza.

Não acredito que a melhora dos ativos locais esteja diretamente, ou integralmente, ligada ao cenário político, mas ao que tenho visto em termos de fluxo para as economias emergentes (vide aqui: https://mercadosglobais.blogspot.com/2018/09/brasil-dicotomia-entre-incerteza-do.html).




Data: 26/09/2018

A espera do Fed.

Os ativos de risco estão abrindo a quarta-feira em tom de relativa estabilidade, com movimentos mistos porém pouco acentuados.

O destaque do dia ficará por conta da decisão do FOMC nos EUA. Já é amplamente esperado que os juros serão elevados em 25bps. Existe, contudo, uma dúvida de como será o comunicado do Comitê as previsões do Fed.

Alguns já esperam uma mudança no comunicado, para indicar juros menos expansionistas, ou mais restritivos, além de alguma sinalização mais forte em torno dos riscos da “guerra comercial” e dos mercados emergentes.

Acredito que a economia interna dos EUA está extremamente forte e condizente com a continuidade do ciclo de normalização monetária, sem que haja a necessidade de sinalização de alguma interrupção ou pausa no ciclo de alta de juros. Além disso, as condições financeiras estão bastante frouxas, o que reforça este cenário. A guerra comercial e os desafios nas economias emergentes devem ser citados apenas como risco a um cenário base robusto.

Não podemos descartar que os “dots”, ou seja, as expectativas de taxas de juros dos membros do Comitê se elevem, especialmente em prazos mais longos, diante do recente debate da alta cíclica do “r*”, ou dos juros neutros de curto-prazo, como tem sido chamado.

De maneira geral, tenho receio que o mercado possa ler o comunicado como “dovish”, o que costuma ser um padrão histórico, a despeito de achar que a possibilidade maior é que o Fed mantenha uma postura e uma comunicação “hawkish”.




Data: 26/09/2018

Brasil: Dicotomia entre incerteza do cenário e dinâmica do mercado.

Os ativos no Brasil tiveram um dia de elevada volatilidade. Após abrirem sob forte pressão negativa, digerindo a pesquisa Ibope de ontem a noite (https://mercadosglobais.blogspot.com/2018/09/pesquisa-ibope-e-normalizacao-monetaria.html), vimos uma forte recuperação ao longo da tarde. Alguns argumentos ou teorias para a melhora:

O mercado está tecnicamente mais “leve” e os preços (dos ativos emergentes em geral) estão mais atrativos;

Os investidores estão mais tranquilos com o cenário eleitoral, seja pelo otimismo com eventual governo de Bolsonaro, seja com um possível passo de Haddad mais ao centro;

Fluxos, especialmente de rebalanceamentos de final de trimestre;

O mercado está mais ajustado globalmente para o cenário externo de normalização monetária das economias desenvolvidas e os ativos emergentes acabam chamando a atenção pelo “valuation” comparativo mais atrativo do que seus pares nos países desenvolvidos.

Continuo vendo o período eleitoral com elevada volatilidade e incerteza, em meio a um cenário externo que ainda me parece desafiador.

As Notas do Copom divulgados pelo BCB reforçam a mensagem do Comunicado da decisão da semana passada (https://mercadosglobais.blogspot.com/2018/09/em-relief-rally-eleicoes-e-copom.html), ou seja, o BCB deixou em aberto a possibilidade do início de um processo de alta da Taxa Selic. Recomendo a leitura do link acima para uma visão um pouco mais completa sobre o tema.

No cenário externo, vimos o Consumer Confidence nos EUA atingir o maior patamar deste ciclo econômico, confirmando o cenário de robustez da economia. Amanhã teremos a decisão do FOMC nos EUA. O mercado já espera uma alta de 25bps com um comunicado que pode conter alterações relevantes.

Na Argentina, o Presidente do Banco Central renunciou após menos de 4 meses no cargo, mostrando que existem fissuras no governo argentino em torno das negociações para o pacote de ajuda junto ao FMI e o modelo de ajuste econômico que precisa ser executado.

A Argentina é um caso clássico de país emergentes que optou por fazer reformas que foram vistas como excessivamente lentas pelo mercado e, quando a maré internacional virou, acabou passando (e ainda passa) por enormes dificuldades. Sabendo que existem diferenças gritantes entre o caso argentino e o caso brasileiro, não podemos perder o foco de quanto importante e urgente são as reformas no Brasil.




Data: 25/09/2018

Pesquisa Ibope e normalização monetária global.

O destaque desta manhã está por conta de mais uma rodada de abertura de taxa de juros no mundo desenvolvido, liderado pelos EUA. Além do cenário que já tenho descrito neste fórum: pleno empego, hiato do produto fechado e acumulo de pressões inflacionárias, agora, observamos um número cada vez maior de banqueiros centrais alertarem para este quadro e para a necessidade de continuidade do processo de normalização monetária, levando os juros para taxas superiores ao que o mercado precifica e a taxas terminais mais elevadas do que se imaginava anteriormente.

O Morgan Stanley resumiu bem este cenário em seu relatóio diário de moedas hoje:

Hawkish central banks… Hawkish rhetoric from central bankers continues to put upward pressure on yields. The ECB is the latest of a string of central banks which have taken more hawkish steps in recent months. Fed Governor Brainard’s speech raised eyebrows when, in contrast to her previously dovish remarks, she suggested the FOMC may need to raise rates above the long-run neutral rate of around 3%. The minutes from the Riksbank’s most recent meeting suggested a high bar for not hiking rates, bolstering continued SEK outperformance. Yesterday’s comments from ECB President Draghi suggesting a bullish view on core inflation pushed Bund yields to their highest level since May. EURUSD continued its uptrend, breaking 1.18 for the first time since the summer.

...including the ECB… It is worth noting that President Draghi's comments were not materially different from his tone at the latest ECB meeting. However, what is important for us is that it affirms that the bar for the ECB to turn more dovish is relatively high. A common refrain from EUR-bearish investors has been that Eurozone growth has slowed since last year, and this is true. However, from the ECB’s perspective, what matters is that growth is sufficiently strong to continue to erode slack and support inflationary pressures.

Os demais ativos de risco apresentam relativa tranquilidade a este ambiente. Acredito que este ambiente mais tranquilo esteja sendo ajudado por um pano de fundo em que várias classes de ativos já haviam apresentado piora significativa nos últimos meses. Contudo, vejo esta tranquilidade como pontual e cíclica, e não permanente e estrutural. Caso o cenário de normalização monetária nas economias desenvolvidas continue, como é minha expectativa, espero novos “spikes” de volatilidade e “risk-off”, que irão comprovar que o momento atual é apenas um “relief rally” e, estruturalmente, estamos diante de uma tendência mais negativa. Minha visão estrutural será alterada na eventualidade de uma mudança brusca neste pano de fundo de normalização monetária global.

No Brasil, a pesquisa Ibope mostrou estabilização de Bolsonaro na simulação de primeiro turno, em torno de 28%. Haddad segue em forte trajetória ascendente, atingindo 22%. Nas simulações de segundo turno, Bolsonaro mostra certa resistência e apresentou leve queda. Haddad segue em ascensão e já superaria Bolsonaro, fora da margem de erro, em um eventual segundo turno entre os dois.

Não acho que os mercados locais deveriam reagir positivamente a este ambiente. Acredito que os ativos do Brasil estão com pouco prêmio de risco a um eventual novo governo de esquerda em meio a um ambiente internacional desafiador. Como já escrevi neste fórum, não irei profetizar o apocalipse econômico em novo governo do PT. Espero, de certa forma, algum pragmatismo econômico. Todavia, acredito que as reformas necessárias para o Brasil são enormes e urgentes e apenas um governo com o diagnóstico correto da situação, disposição e capacidade de implementar as reformas será capaz de colocar o Brasil de volta na trajetória de crescimento e saúde financeira.

O que temos em mãos hoje do projeto econômico de Haddad, a luz da opinião de especialistas e do mercado, não seria suficiente para trazer essa prosperidade de volta de maneira estrutural.

O Ibope mostrou que a rejeição a Bolsonaro começa a afetar seu desempenho no primeiro turno mas, principalmente, nas simulações de segundo turno. Enquanto isso, a transferência de votos de Lula continua dando enorme suporte a Haddad. Os especialistas em pesquisa gostam de chamar a atenção para as tendências. Neste momento, Bolsonaro parece ter batido em seu teto (isso pode mudar) e Haddad está em acentuada tendência de alta. Os números falam por si e dispensam comentários adicionais da corrida eleitoral olhando a fotografia de hoje.




Data: 24/09/2018

Brasil: Pesquisa BTG Pactual mostra avanço de Haddad.

A despeito de um fluxo de notícias mais negativo, os ativos de risco estão abrindo a semana em tom misto. Comentei sobre os eventos recentes aqui, https://mercadosglobais.blogspot.com/2018/09/guerra-comercial-us-tech-eleicoes-brasil.html e aqui, https://mercadosglobais.blogspot.com/2018/09/brasil-relief-rally-em-meio-um-cenario.html.

No Brasil, a pesquisa eleitoral divulgada pelo BTG Pactual nesta manhã mostra a consolidação de Bolsonaro em primeiro, com cerca de 33% nas intenções de voto. Haddad continua em trajetória positiva e na pesquisa estimulada chega aos 23%. Na simulação de segundo turno entre os dois Bolsonaro caiu de 46% para 44% e Haddad subiu de 38% para 40%, mostrando o mesmo quadro de empate técnico entre ambos,

Já comentei intensamente sobre este cenário em textos recentes (https://mercadosglobais.blogspot.com/2018/09/brasil-precisamos-entender-raiz-do.html).

De acordo com a mídia, Bolsonaro prepara um “manifesto a nação” para tentar demostrar menos radicalismo em seu posicionamento: O candidato à Presidência da República pelo PSL, Jair Bolsonaro, está dando os retoques finais no que vem sendo chamado de “Manifesto à Nação”, no qual pretende fazer um compromisso em defesa da democracia, responder às críticas de racismo e misoginia, e reiterar ao mercado de que trabalhará pelo ajuste fiscal. O formato ainda está sendo definido – se será um texto ou um vídeo – e a ideia é divulgar a mensagem nas redes sociais.

A agenda do dia será relativamente esvaziada. Espero que os mercados externos continuem repercutindo a piora nas relações comerciais entre os EUA e a China no âmbito externo e os desenvolvimentos eleitorais no cenário doméstico.




Data: 24/09/2018

Guerra Comercial, US Tech & Eleições Brasil.

De acordo com o WSJ e em notícia já disseminada na mídia internacional (https://www.wsj.com/articles/china-cancels-trade-talks-with-u-s-amid-escalation-of-tariff-threats-1537581226), a China cancelou o envio de sua delegação que estava agendada para discutir a relação comercial com os EUA. Assim, as tarifas em cerca de US$200b adicionais de importações chinesas aos EUA deve entrar em vigor nesta segunda-feira. Trump já sinalizou que pretende iniciar o estudo de tarifas adicionais em US$267bi de novos produtos chineses, o que levaria a taxação da integralidade dos produtos da China que chegam aos EUA.

Como já escrevi neste fórum diversas vezes, acredito que não existe, neste momento, nenhum estímulo para os EUA alterarem sua postura. Por sua vez, a China não pode, por questões políticas e estratégias, se curvar a todas as demandas americanas. Assim, acredito que a situação tenha que piorar, seja por uma forte deterioração do cenário econômico (mais provável na China do que nos EUA neste momento) ou com uma forte reação negativa dos mercados financeiros globais.

Até este momento, os investidores estão vendo esta situação como controlada e com impactos limitados sobre o crescimento e a inflação, o que tem impedido uma deterioração mais acentuada e agressiva dos ativos de risco. Confesso que não sei ao certo até onde este balanço de estabilidade conseguirá se sustentar.

Segundo artigo da Bloomberg (https://www.bloomberg.com/news/articles/2018-09-22/draft-order-for-trump-would-crack-down-on-google-facebook?srnd=premium), uma “ordem executiva” do governo dos EUA irá investigar as práticas de algumas plataformas tecnológicas, como Google, Facebook e outas empresas do setor.

Há algum tempo atrás, quando estourou o “escândalo” dos dados do Facebook, escrevi aqui que estávamos no início de um processo estrutural de maior controle destes meios (https://mercadosglobais.blogspot.com/2018/04/tech-trouble-china-tariffs-and-nafta.html?q=facebook). Reforço, agora, está visão. Após vários anos de avanços dessas empresas e frente as desigualdades atuais da economia mundial, acho que o caminho de maior regulamentação neste setor já está sendo semeado. Não estou fazendo aqui juízo de valor ou dando minha opinião se isso é certo ou errado, mas confirmando uma constatação.

Em relação ao Brasil, recebi alguns feedbacks interessante do meu último comentário (https://mercadosglobais.blogspot.com/2018/09/brasil-relief-rally-em-meio-um-cenario.html), com muito apontando o discurso de Fernando Haddad, mais ao centro, como um motivo adicional de animação dos mercados locais.

Entendo que, no curto-prazo, ajudado por todos os demais vetores comentados no texto anterior, este discurso aparentemente mais ao centro pode também ter ajudado os ativos locais. Inclusive, escrevi que esperava algum pragmatismo de quem quer que seja eleito para presidente em outro comentário (https://mercadosglobais.blogspot.com/2018/09/brasil-precisamos-entender-raiz-do.html).

Contudo, reforço a minha tese que o Brasil precisa hoje de reformas urgentes e agressivas onde será necessário o diagnóstico correto da situação, a intensão de colocar as reformas em pratica e a capacidade de execução e de diálogo com o Congresso. Assim, olhando deste ponto de vista, eu não vejo o plano econômico apresentado pelo PT, sempre a luz da visão do mercado, como sendo suficiente para colocar o país de volta no trilho do desenvolvimento. Assim, tendo a acreditar que, a despeito de animações pontuais, que a meu ver continua sendo puxada por vetores diversos, um eventual avanço da esquerda nestas eleições não deverá ser bem vista pelos mercados financeiros locais ao longo do tempo.




Data: 24/09/2018

Brasil: "Relief Rally" em meio a um cenário ainda incerto.

Os ativos no Brasil apresentaram ontem mais um dia de recuperação, com excelente desempenho. Na minha opinião, este movimento está sendo impulsionado por alguns vetores concomitantes, entre eles:

 - Uma posição técnica que parece favorável a alocação no Brasil;

- Preços e valuations que parecem ter atingindo níveis atrativos para alguns investidores;

- Uma estabilização do cenário externo e descompressão de prêmios de risco para os ativos emergentes e commodities;

- Um otimismo com a possível vitória de Jair Bolsonaro nas eleições e sua aparente agenda econômica liberal (escrevi sobre isso aqui: https://mercadosglobais.blogspot.com/2018/09/brasil-precisamos-entender-raiz-do.html).

Minha visão continua a mesma. Acredito que estes movimentos sejam cíclicos e não estruturais. Não vejo mudanças estruturais no cenário externo (veja aqui: https://mercadosglobais.blogspot.com/2018/09/em-relief-rally-eleicoes-e-copom.html) ou no ambiente desafiador interno (veja no link do último tópico acima).

Entendo e respeito o movimento e a visão do mercado de curto-prazo. Entendo que estes movimentos podem durar alguns dias ou semanas, porém não alguns meses.

Continuo vendo uma eleição que será bastante disputada entre Jair Bolsonaro e Fernando Haddad. Acredito que a decisão do vitorioso se dará apenas “nos 48 minutos do segundo tempo”.

Acredito ser de certa forma leviano tentar acertar o resultado dessas eleições neste momento. O mercado já incorreu em erros semelhantes no passado, como nas eleições de 2014 no Brasil, como muitos tiveram a certeza de vitória de Marina Silva; nas eleições presidenciais dos EUA, em que Trump era dado como carta fora do baralho; e na votação do Brexit, onde ninguém acreditava em vitória de seus favoráveis; sem contar as inúmeras eleições regionais e locais ao redor do mundo (em especial na Europa) em que partidos mais radicais e extremos abocanharam posições relevantes nos últimos anos, sem uma expectativa prévias das pesquisas ou dos “cientistas políticos”.

Finalmente, um breve comentário sobre a China. Há rumores de que o país pode colocar em prática uma série de medidas de suporte ao crescimento, como corte de impostos, inclusive de importações, com intuito de contrabalancear as medidas anunciadas pelos EUA.

O mercado apresentou otimismo que estas medidas serão suficientes para dar impulso ao crescimento do país, dando suporte as commodities, aos mercados emergentes e aos ativos chineses em geral.

Acredito que as medidas sejam positivas e ajudarão o país a navegar o atual momento global de maneira mais suave. Contudo, devido ao atual estágio de alavancagem da economia do país, neste momento, é necessário um esforço cada vez maior dos policy makers para gerar um “delta” de crescimento muito menor do que no passado. Assim, entendo que as medidas podem dar suporte a economia e otimismo aos mercados no curto-prazo, mas dificilmente mudaram o destino fina de um menor crescimento estrutural do país e, à frente, a necessidade de um ajuste econômico e uma desalavacagem da economia. A China e os emergentes ganharam tempo, mas não mudaram seu destino.




Data: 21/09/2018

"Risk-on" ainda domina.

Os ativos de risco estão abrindo na mesma toada que vem sendo regra nos últimos dias, ou seja, com movimentos de “risk-on” quase que generalizados. Para não soar repetitivo, meus comentários sobre o tema estão aqui: https://mercadosglobais.blogspot.com/2018/09/brasil-precisamos-entender-raiz-do.html e aqui https://mercadosglobais.blogspot.com/2018/09/em-relief-rally-eleicoes-e-copom.html.

O destaque da agenda ficará por conta da pesquisa eleitoral encomendada pela XP Investimentos.

Na Europa, o Flash Manufacturing PMI – um dos indicadores de confiança e crescimento mais importantes da região – apresentou leve e inesperada queda em setembro, mostrando uma economia ainda relativamente saudável dado o nível do indicador, mas com sinais claros de arrefecimento ou acomodação.




Data: 21/09/2018

Brasil: Precisamos entender a raiz do problema.

Os ativos de risco estão passando por um momento de recuperação, após o Core CPI nos EUA mostrar um cenário de inflação controlada e a ausência de necessidade de uma aceleração do processo de normalização monetária nos EUA. Soma-se a isso, a visão de que a posição técnica de algumas classes de ativos (emergentes, commodities e etc), os preços e os valuations estavam atrativos para alocações nessas classes.

Continuo vendo essa dinâmica muito mais como cíclica do que estrutural, podendo durar alguns dias ou algumas semanas, mas dificilmente alguns meses, na ausência de mudanças substanciais do pano de fundo global.

O Brasil está sendo levado “a reboque” deste movimento global, a despeito dos enormes desafios que irá encontrar pela frente. Não é a primeira vez, e não será a última vez, que o cenário externo irá preponderar sobre o cenário local. Na média, isso ocorre com mais frequência do que muitos imaginam.

Com as eleições chegando não posso me furtar de comentar sobre o tema, mas fazendo as ponderações de sempre: minha opinião sobre política vale o mesmo que uma nota de 3 reais e, nunca, em momento algum, estarei fazendo juízo de valor sobre este ou aquele candidato ou partido, apenas analisando a potencial reação dos mercados a cada um dos eventuais candidatos eleitos e seus planos de governo.

O Brasil passa por um momento de grave crise fiscal. O país necessita de uma reforma econômica urgente e agressiva. O cenário externo pode, eventualmente, “empurrar este problema com a barriga”, como vem ocorrendo nos últimos anos. Contudo, o problema existe, é latente e, em algum momento, por bem ou por mal, deverá ser endereçado.

Muitos já sabem que espero um segundo turno entre Jair Bolsonaro e Fernando Haddad. Olhando de hoje, com o plano de governo de ambos e os discursos recentes, eu acredito que nenhum dos dois candidatos fará nenhuma loucura econômica uma vez levados ao cargo de presidente. Acredito que, com algumas variações grandes (obviamente) irá predominar algum tipo de pragmatismo.

Por outro lado, a despeito da aparente boa intensão de alguns, um congresso fragmentado e a ojeriza da sociedade às reformas (provadas por pesquisas recentes e comprovadas pela greve dos caminhoneiros) dificilmente as reformas econômica necessárias serão concretizadas no tempo necessário para evitar o pior. Em linhas gerais, me parece que as reformas econômicas agressivas que são necessárias para o bom andamento da economia, só serão implementadas na eventualidade de uma crise de fato.

É claro que a reação de curto-prazo dos ativos do Brasil será muito diferente caso Bolsonaro seja eleito ou Haddad saia vitorioso. Entendemos isso e estaremos preparados para tomar posições táticas em cada um destes cenários. Todavia, serão reações de curto-prazo, e mesmo assim muito dependentes do ambiente externo. Não podemos perder o norte de longo-prazo para o país, que me parece extremamente desafiador do ponto de vista local e externo.

Seguimos com baixa exposição a risco no Brasil, mas elevamos a alocação comprada da inflação implícita e aumentamos a duration da nossa pequena posição tomada em juros. Seguimos com pequena posição vendida em volatilidade de câmbio e bolsa. No cenário externo, continuamos com elevada exposição tomada em juros nos EUA, e nossos hedges avia compra de volatilidade de índices de bolsa estão sendo, organicamente, dizimados por esta alta adicional das bolsas americanas.




Data: 20/09/2018

Brasil: Pesquisa Datafolha confirma o Ibope e um cenário que demanda cautela.

Os ativos de risco estão abrindo a quinta-feira relativamente estáveis. Ontem a noite comentei um pouco mais sobre o alívio nos ativos emergentes, a pesquisa Ibope e a decisão do Copom e minha visão pode ser revista aqui: https://mercadosglobais.blogspot.com/2018/09/em-relief-rally-eleicoes-e-copom.html.

Hoje pela madrugada o Datafolha divulgou pesquisa (https://www1.folha.uol.com.br/poder/2018/09/bolsonaro-vai-a-28-e-haddad-a-16-ciro-lidera-no-2o-turno-mostra-datafolha.shtml) que basicamente confirma o cenário mostrado pelo Ibope ontem. A pesquisa Datafolha foi mais completa, com cerca de 8 mil entrevistas.

Bolsonaro segue consolidado na liderança das intenções de voto com cerca de 30%. Fernando Haddad segue em ampla ascensão, aparecendo em segundo com 16%. No cenário de segundo turno entre os dois há empate técnico, mas com a derivada de Haddad se mostra mais positiva, já que mostra ascensão rápida e pode aparecer na liderança do segundo turno em breve.

Reforço o que comentei ontem sobre este cenário:

A luz da visão do mercado em relação a ambos os candidatos, a pesquisa pode ser lida como negativa para a visão dos mercados locais. Haddad já mostra sinais de que migra seu discurso econômico mais ao centro, enquanto Bolsonaro insiste no discurso de polarização e radicalização. Acredito que o vencedor das eleições precisará buscar este eleitor mais ao centro.

Como venho escrevendo neste espaço, já trabalhava com um cenário de Bolsonaro e Haddad no segundo turno. Isso está se confirmando. O segundo turno será uma nova eleição. Neste momento, olhando o discurso de ambos os candidatos, acredito que Haddad está sabendo “jogar melhor este jogo” do que Bolsonaro. De qualquer maneira, sigo acreditando que o vencedor das eleições só será decido “nos 48 minutos do segundo tempo” e até lá teremos que conviver com bastante incerteza.




Data: 20/09/2018

"EM Relief Rally", Eleições e Copom.

Os ativos de risco estão passando por um momento de consolidação, com os ativos emergentes e as commodities, classes de ativos que mais sofreram nos últimos meses, experimentando o que eu tenho chamado de “relief rally”. A posição técnica, o nível de preços e valuations e a aparente ausência de riscos no cenário de curto-prazo são argumentos para este tipo de movimento. Já havia escrito, após a divulgação do Core CPI nos EUA, que algo deste gênero pudesse ocorrer (https://mercadosglobais.blogspot.com/2018/09/inflacao-mais-baixa-nos-eua-nao-muda-o.html?q=core+cpi).

Por ora, contudo, não vejo o principal vetor de pressão estrutural desses mercados sendo dissipados, leia-se, a continuidade do processo de normalização monetária nas economias desenvolvidas, em especial e liderada pelos EUA. Assim, vejo estes movimentos como cíclicos, pontuais e não estruturais. Eles podem durar dias, talvez semanas, mas dificilmente alguns meses, na ausência de uma mudança significativa, de fato, neste pano de fundo de normalização monetária das economias desenvolvidas.

Já vimos isso acontecer em julho, para ser revertido de forma rápida e acentuada em agosto. Setembro se assemelha com julho. Os dados recentes continuam apontando na direção da necessidade de manutenção do processo e normalização monetária, com sinais até da necessidade de aceleração, ou de juros terminais mais elevados do que aqueles precificados no mercado, em algumas dessas economias.

O Brasil se insere neste contexto, com o agravante de passar por uma eleição polarizada. Os ativos locais ameaçaram uma recuperação a reboque do cenário externo, mas acabaram devolvendo grande parte do movimento ao longo da tarde.

A pesquisa Ibope mostrou consolidação de Bolsonaro na liderança das pesquisas, com forte avanço de Haddad. Importante ressaltar o empate técnico dos dois no segundo turno, com crescimento marginal concentrado em Haddad.

A luz da visão do mercado em relação a ambos (https://mercadosglobais.blogspot.com/2018/09/brasil-uma-analise-do-mercado-local.html) os candidatos, a pesquisa pode ser lida como negativa para a visão dos mercados locais. Haddad já mostra sinais de que migra seu discurso econômico mais ao centro, enquanto Bolsonaro insiste no discurso de polarização e radicalização. Acredito que o vencedor das eleições precisará buscar este eleitor mais ao centro.

Como venho escrevendo neste espaço, já trabalhava com um cenário de Bolsonaro e Haddad no segundo turno. Isso está se confirmando. O segundo turno será uma nova eleição. Neste momento, olhando o discurso de ambos os candidatos, acredito que Haddad está sabendo “jogar melhor este jogo” do que Bolsonaro. De qualquer maneira, sigo acreditando que o vencedor das eleições só será decido “nos 48 minuto do segundo tempo” e até lá teremos que conviver com bastante incerteza.

O Banco Central do Brasil (BCB) anunciou a manutenção da Taxa Selic em 6,50%, como era amplamente esperado (exceto por cerca de 10bps de prêmio de risco na curva de juros para esta reunião e 10% de probabilidade de alta nas opções digitais). O comunicado após a decisão, contudo, caminhou para uma sinalização mais clara da possibilidade concreta e crescente do início de um ciclo gradual de alta de juros já na próxima reunião. O comunicado, assim, pode e deve ser lido como mais hawkish.

A curva curta de juros terá que digerir duas forças antagônicas a partir de amanhã. De um lado, uma precificação que já aponta para cerca de 80 a 90bps de alta nas próximas duas reuniões do Copom e um comunicado que sinaliza para um processo, ainda incerto, que seria “gradual”, de altas de juros, ou seja, estas altas precificadas poderiam ser excessivas.

De outro lado, contudo, é a sinalização mais concreta de desconforto do BCB com o cenário atual. O mercado de juros, assim, poderia ficar mais reativo a pioras no cenário de inflação corrente e na taxa de câmbio. Além disso, historicamente, não apenas no Brasil, como em outros países emergentes, os ciclos de alta (e de queda) de juros costumam ser mais prolongados e acentuados do que o imaginado no início do processo, como agora.




Data: 18/09/2018

Guerra Comercial entra em estágio mais avançado.

No início da noite de ontem os EUA anunciaram o que já vinha sendo ventilado ao longo de todo o dia, leia-se, a imposição de tarifas de importação em cerca de US$200bi de produtos da China. As tarifas irão dobram depois de 1 ano, caso não haja avanço nas negociações entre os dois países. Os EUA declararam que entrarão na terceira fase de seu processo, ou seja, a imposição de tarifas em mais cerca de US$267bi de produtos da China, caso a China anuncie retaliação. Nesta manhã, a China anunciou que irá retaliar instantaneamente as medidas americanas.

Os ativos de risco reagiram de maneira bastante negativa a notícia, operaram sobre forte pressão ao longo de toda a noite, mas por volta de 3h00 iniciaram um processo de recuperação e, neste momento, operam com viés mais positivo e leve “risk-on”.

Eu vejo o cenário externo com cautela, não apenas pelo avanço da “guerra comercial”, mas como pelo quadro geral da economia dos EUA que venho descrevendo neste fórum há alguns meses. A “guerra comercial” adiciona uma pitada negativa a este pano de fundo.Os movimentos mais positivos do mercado, na minha opinião, estão sendo puxados por posição técnica, nível de preços e valuations. A deterioração de algumas classes de ativos, como os ativos emergentes e as commodities metálicas não preciosas, acabou criando algum valor na classe, além de ter permitido uma posição técnica mais saudável, o que acaba trazendo demandas pontuais, ou “bargain hunters”, ao longo do tempo. Por ora, não vejo sinais de mudanças relevantes de cenário para alterar minha visão estrutural, mesmo que de maneira cíclica (curto-prazo) pudermos passar por um período de melhor desempenho.

Não há novidades relevantes em Brasil (https://mercadosglobais.blogspot.com/2018/09/brasil-uma-analise-do-mercado-local.html).

Tenho tentado manter uma posição mais neutra em Brasil. A alocação ainda é extremamente baixa, com leve compra de inflação implícita e postura tática na ponta tomada de juros mais curtos. Para compor o portfólio, adicionamos pequenas alocações, via estruturas de opção com perda limitada, que alia venda de volatilidade (vol), compra de Bolsa e compra de BRL. Os “deltas” são relativamente baixos, mas com alguma exposição a vols mais baixas passada as eleições.




Data: 18/09/2018

Brasil: Uma análise do mercado local.

Os ativos locais (Brasil) estão encerrando o dia com forte apreciação, a despeito de um ambiente global mais desafiador, com queda das bolsas nos EUA e desempenho misto dos demais emergentes.

O movimento de hoje está em linha com o que supus que pudesse ocorrer (https://mercadosglobais.blogspot.com/2018/09/brasil-pesquisa-btg-pactual-mostra.html), mas talvez em velocidade maior do que o esperado. Talvez esteja ajudando o movimento a posição técnica do mercado e a notícia vinculada na mídia local ao longo do dia que o Centrão pudesse apoiar Bolsonaro “em breve”.

Para deixar minha visão de hoje cedo mais clara, dado que recebi alguns questionamentos a respeito, acho importante frisar que não estou fazendo juízo de valor de nenhum candidato ou nenhum plano de governo, apenas tentando fazer uma leitura fria e racional da reação do mercado em relação ao avanço de cada um dos candidatos nas pesquisas eleitorais. Dito isso:

Diante dos atuais preços do mercado (ou dos preços do início do dia) e o risco de algum candidato de esquerda tomar o poder, o avanço de Bolsonaro nas pesquisas poderia ajudar (ou está ajudando) a tirar algum “prêmio de risco” dos ativos locais. A luz da visão do mercado, o plano econômico apresentado por Bolsonaro e encabeçado por Paulo Guedes, é um plano visto como liberal, reformista e bastante positivo. A capacidade de implementação deste plano de governo ainda é incerta, mas o mercado costuma “operar” em etapas.

Com este pano de fundo, o aumento da probabilidade de vitória de Bolsonaro em um segundo turno, olhando de hoje (isso pode mudar de acordo com os preços e o cenário externo), na visão do mercado, é vista com positiva. Vale ressaltar que não estou dando nenhuma opinião sobre este ou aquele candidato ou plano de governo, mas analisando as possíveis reações do mercado aos diversos cenários possíveis e o caminho até eles.

No cenário externo, a mídia está dando como certa o anuncio de tarifas de importação dos EUA em cerca de US$200bi de produtos da China. Minha opinião sobre o tema já foi amplamente divulgada neste fórum nos últimos meses (https://mercadosglobais.blogspot.com/2018/09/guerra-comercial-e-eleicoes-no-brasil.html).




Data: 17/09/2018

Brasil: Pesquisa BTG Pactual mostra avanço de Bolsonaro no segundo turno.

Os ativos de risco estão abrindo próximos a estabilidade. Já comentei sobre o cenário externo nos últimos dias. Para não soar repetitivo, vide aqui: https://mercadosglobais.blogspot.com/2018/09/guerra-comercial-e-eleicoes-no-brasil.html e aqui https://mercadosglobais.blogspot.com/2018/09/inflacao-mais-baixa-nos-eua-nao-muda-o.html.

No Brasil, a pesquisa de intenções de voto para presidente do BTG Pactual mostrou a continuidade do cenário que temos descrito há algumas semanas neste fórum, ou seja, consolidação de Bolsonaro no primeiro lugar, rápido e acentuado avanço de Haddad e relativa força de Ciro Gomes. Alckmin mostra extrema fraqueza, assim como Marina.

A grande novidade, se podemos assim dizer, são os cenários de segundo turno, em que Bolsonaro começa a se destacar e mostrar vantagem em relação aos seus oponentes. A despeito de eu achar que o segundo turno será outra eleição, com dinâmica própria e outros vetores importantes a se monitorar, existe a possibilidade dos mercados locais se animarem com a perspectiva e crescimento de Bolsonaro nessas simulações.




Data: 17/09/2018

Guerra Comercial e Eleições no Brasil

No cenário externo, o destaque do final de semana ficou por conta da deterioração nas relações comerciais entre EUA e China, segundo uma série de artigos do WSJ (https://www.wsj.com/articles/china-weighs-skipping-trade-talks-after-u-s-tariff-threat-1537115334?mod=hp_lead_pos2). Minha opinião sobre o tema já foi amplamente discutia neste fórum e segue inalterada. Acredito que não haja, neste momento, incentivo para nenhum dos lados recuarem de seu posicionamento. Assim, acredito que, neste tema, a situação deverá piorar antes de uma solução concreta mais racional.

De acordo com a mídia, os EUA devem proceder com a implementação de impostos de importação em US$200bi de produtos chineses na ordem de 10%. A montante das tarifas é menor do que os 25% ventilados anteriormente, porém não menos importante. Vejo um impacto quase que imediato na inflação dos EUA, porém um impacto mais lento e incerto sobre o crescimento.

Os números econômicos divulgados na sexta-feira confirmaram uma economia bastante robusta, sem sinais de desaceleração, com o mercado de trabalho no pleno emprego, com hiato do produto fechado e o acumulo cada vez mais claro e evidente de pressões inflacionárias. Algumas pesquisas mais qualitativas e anedóticas já mostram este pano de fundo como dificultando contratações, pressionando margens e etc. Neste ambiente, o Fed deverá continuar o processo e normalização monetária, e citar os problemas nos países emergentes apenas como riscos ao cenário, mas sem impactos relevantes de curto-prazo sobre a política monetária.

No Brasil, a pesquisa da XP Investimentos e do Datafolha para presidente mostraram um cenário bastante parecido. Bolsonaro se consolida na liderança com cerca de 25% das intenções de voto. Haddad ganha espaço de maneira rápida e acentuada, e já aparece em segundo, com empate técnico com Ciro e, um pouco atrás, Alckmin (estagnado nas pesquisas) e Marina, em queda livre. As simulações de segundo turno mostram algum avanço de Bolsonaro, mas em situação ainda de bastante incerteza.

Acredito que o mercado estará focado, nos próximos dias, no patamar que Haddad irá se consolidar, visto que sua alta marginal tem sido surpreendente. Concomitantemente a isso, será importante observar as simulações de segundo turno, para ver a força da esquerda e a rejeição de Bolsonaro.

Como citei neste espaço há algumas semanas atrás, meu cenário base, olhando de hoje, porém com nível de convicção baixo, é um segundo turno entre Bolsonaro e Haddad. Depois disso, vejo uma nova eleição, em que várias variáveis ainda precisam ser entendidas antes de ter alguma opinião de fato.

Continuo administrando o portfólio de maneira mais ativa que a média, com baixa exposição Brasil, a despeito de um viés mais negativo. Continuo tomado em juros nos EUA, com hedges através de compra de volatilidade de índices de bolsa e calls de JPY.




Data: 14/09/2018

Brasil: Risco à inflação.

Os ativos de risco estão abrindo a semana em tom majoritariamente positivo, na ausência de notícias relevantes mais concretas. Comentei sobre o efeito do Core CPI divulgado ontem nos EUA no final da tarde de quinta-feira (https://mercadosglobais.blogspot.com/2018/09/inflacao-mais-baixa-nos-eua-nao-muda-o.html).

Na agenda do dia, destaque para o “tracking” eleitoral da XP Investimentos no Brasil e para a pesquisa Datafolha, provavelmente apenas no final do dia. A agenda nos EUA trará alguns indicadores relevantes de crescimento, com as vendas no varejo e a produção industrial.

Na China, os dados de atividade econômica de agosto foram mistos, com os investimentos ainda em queda – o que foi o grande motor do crescimento por vários anos e mostra enorme dificuldades em mostrar reação nesta fase do ciclo econômico – mas com uma surpresa positiva nas vendas no varejo. A produção industrial ficou basicamente em linha com o esperado. Em linhas gerais, os números são pouco animadores. Mostram alguma acomodação\estabilização da economia, mas sem sinais de uma recuperação mais acentuada ou sustentável.

Segundo a mídia, a ONS poderá manter a bandeira vermelha até o final do ano. Como a maioria do mercado trabalha com um cenário de bandeira amarela, poderia levar a uma revisão das expectativas do IPCA para algo mais próximo de 4,5% este ano. Na minha visão, o melhor para a inflação já ficou para trás. Ainda não estamos diante de um cenário de inflação galopante, mas o BCB já está com muito menos margem de manobra para a inflação de curto-prazo e do ano que vem. Os riscos, no geral, são altistas para a inflação. Caso o câmbio se estabilize ou se acomode em um patamar mais elevado, digamos acima de 4,10, os modelos já apontam para uma inflação acima da meta e para a necessidade de uma alta de juros.

A curva precifica cerca de 100bps de alta de juros até o final do ano, com 3 reuniões do Copom, Os FRA´s mais longos já apresentam juros bastante elevados, na ordem de 12% e, em alguns vértices, acima de 13%. Não vejo esses prêmios como excessivos para o cenário de incerteza local e externa que estamos convivendo.




Data: 14/09/2018

Inflação mais baixa nos EUA não muda o quadro geral.

O número tira pressão de curto-prazo para uma eventual aceleração do processo de normalização monetária nos EUA, mas dificilmente irá alterar o “plano de voo” do Fed de altas de 25bps a cada 3 meses (4 altas de juros por ano) e sua redução automática de balanço. Vale lembrar que o mercado ainda trabalha com uma taxa de juros terminais de cerca de 2,70%-2,75%, o que me parece excessivamente baixa e leniente diante dos sinais de aperto do mercado de trabalho.

O Jobless Claims da última semana se manteve em torno de 200 mil, menor patamar em décadas e confirmando um quadro de aperto do mercado de trabalho, em linha com o que já havia sido demonstrado por outros indicadores divulgados ao longo da semana.

O Core CPI pode vir a tirar alguma pressão pontual e cíclica dos ativos emergentes, que sofreram bastante ao longo de agosto, mas acho difícil que seja capaz de mudar a dinâmica estrutural deste mercado, visto que ainda há amplo espaço para a reprecificação da curva de juros nos EUA. A melhora cíclica seria mais uma reação ao nível de preços e algum fluxo pontual.

Nesta linha, a Turquia anunciou uma alta de mais de 600bps nas suas taxas de juros, para 24%, acima das expectativas do mercado. A medida é bastante positivo, mas apenas o primeiro passo na direção de um política econômica mais ortodoxa para conter a deterioração da economia e dos mercados locais.

É importante ter em mente que a Argentina levou suas taxas de juros para 60% e a moeda do país continua em processo de depreciação, com forte pressão hoje. Isso mostra que as economias mais fragilizadas, que não aproveitaram os 10 anos de condições monetárias frouxas no mundo para promover ajustes estruturais terão agora um trabalho muito mais árduo na tentativa de estabilizar suas economias.

O BoE na Inglaterra e o ECB na Área do Euro mantiveram suas políticas monetárias estáveis, sem surpresas, como era amplamente esperado.

No Brasil, os mercados locais apresentaram forte deterioração, seguindo rumores divulgados na mídia de que “trackings” eleitorais estariam mostrando avanço expressivo de Haddad nas intensões de voto após o anuncio de apoio oficial de Lula.

Olhando de hoje, continuo vendo um segundo turno entre Bolsonaro e Haddad como o mais provável, como tenho comentado nos últimos dias, porém com nível de convicção baixa.

Continuo com baixa exposição a risco no Brasil, com leve viés negativo de curto-prazo, mas com posições apenas táticas. Vejo o alívio externo apenas como pontual, se acontecer, e um quadro político local bastante complicado do ponto de visto dos candidatos competitivos a luz da visão do mercado em torno de suas políticas econômicas.




Data: 13/09/2018

A espera do Core CPI nos EUA. Bolsonaro passa por cirurgia de emergência.

Assim, o número de inflação de hoje pode ajudar a definir o ritmo de precificação dos ativos de risco no geral. Um número mais forte, acima de 0,20% MoM levará a uma nova e, provavelmente acentuada, alta de juros nos EUA, com efeitos negativas sobre os demais ativos de risco. Um número mais brando, abaixo de 0,20% MoM pode vir a trazer alguma acomodação ou “relief rally” para as classes de ativos mais pressionadas nos últimos meses.

No Brasil, o candidato Jair Bolsonaro passou por cirurgia de emergência na noite de ontem. Ele passa bem, mas a emergência deverá prorrogar sua internação.

Na Austrália, os números de emprego de agosto foram robustos, superando as expectativas do mercado. Apesar do país vivenciar um cenário um pouco mais idiossincrático, é mais uma economia desenvolvida que mostra aperto do mercado de trabalho, em linha com um movimento global que tenho chamado a atenção aqui neste fórum.




Data: 13/09/2018

EUA: Pressões de inflação cada vez mais evidentes/Brasil: Incerteza eleitoral continua.

A quarta-feira foi de forte alívio para os mercados emergentes e de commodities, ativos que vinham sendo os mais pressionados nas últimas semanas. O movimento de acomodação nessas classes de ativo já vinha sendo ensaiado há alguns dias, mas hoje ganhou força com a notícia de que os EUA convidaram a China para novas conversas em torno das questões comerciais entre ambos os países.

Não acredito que houve mudança substancial de cenário, muito pelo contrário, como veremos abaixo, o que me leva a crer que o movimento de hoje é apenas uma acomodação, um alívio, ou o que chamo de “relief rally” após uma rodada de cerca de 1 mês de pressão ininterrupta.

No tocante a “guerra comercial”, ainda acredito que a situação terá de piorar antes de melhorar, não vendo, neste momento, motivos para os EUA recuarem de suas demandas.

Nos EUA o discurso de Lael Brainard do Fed e o Beige Book foram bastante relevantes para reforçar o cenário que vem sendo o principal vetor de direcionamento dos mercados financeiros globais.

Em linhas gerais, Brainard falou que os juros de equilíbrio de curto-prazo são relevantes para política monetária. Estes juros estão subindo de forma cíclica e devem continuar subindo nos próximos anos. Além disso, o Fed deverá subir as taxas de juros acima do neutro neste processo de normalização monetária. Na minha visão, um discurso contundente e bastante hawkish, visto que o mercado espera uma taxa de juros terminais hoje abaixo de 3%. Continuo acreditando que veremos juros mais altos por mais tempo do que o que está precificado hoje, mas entendo que este será um processo longo e tortuoso, como já vem sendo nos últimos anos.

O Beige Book confirma o que tenho descrito neste fórum diariamente, ou seja, uma economia com crescimento robusto, no pleno emprego, com hiato do produto fechado e pressão inflacionárias que se acumulam. Os riscos inerentes a “guerra comercial” existem mas, por ora, são apenas riscos com baixo efeito de fato nos dados, o que pode mudar com o tempo.

No Brasil, os ativos locais ameaçaram uma melhora mais expressiva após a pesquisa Ibope mostrar um cenário menos favorável aos partidos de esquerda no segundo turno das eleições, mas acabaram devolvendo grande parte da melhora no final da tarde.

Continuo vendo o cenário extremamente incerto e indefinido, o que deverá manter os ativos locais com alta volatilidade. Continuo trabalhando com um cenário de segundo turno entre Bolsonaro e Haddad, mas sabendo que o nível de convicção deste cenário, e a probabilidade de acerto, serem extremamente baixas.

Alckmin, cuja parte do mercado ainda via esperanças de algum impulso com a campanha de rádio e TV, está tendo que lidar com os avanços do MPE e MPF sobre candidatos de seu partido no Paraná e no Mato Grosso, colocando-o em situação ainda mais delicada frente aos questionamentos que já são feitos a ele (sobre corrupção) em debates e entrevistas. Não estou fazendo juízo de valor, apenas apontando uma situação, no mínimo embaraçosa, que o candidato do PSDB terá que administrar na reta final de sua campanha. Além disso, segundo a mídia, perdeu o apoio do PP gaúcho, de sua candidata a vice-presidente. Assim, a luz da visão do mercado, um dos candidatos mais bem posicionados para efetuar as reformas necessárias na economia, mostra fragilidade e imensa dificuldades em ver sua candidatura decolar. 




Data: 12/09/2018

EUA mostra sinais adicionais de aperto do mercado de trabalho. Pesquisa Ibope no Brasil não muda o pano de fundo.

Os ativos de risco estão abrindo a quarta-feira com leve viés positivo, a despeito de mais uma noite de dinâmica ruim dos ativos na China e no resto da Ásia. Voltamos a vivenciar um ambiente de pressões negativas localizadas, em especial na Ásia, mas que ainda não está sendo capaz de gerar qualquer tipo de contaminação mais acentuada ou duradoura para o resto do mundo. Inclusive, os próprios ativos emergentes ex-Ásia vêm apresentando sinais de estabilização nos últimos dias, mesmo diante de uma rodada de alta de juros nos países desenvolvidos.

No tocante a Ásia, continuamos a ver números que apontam para um arrefecimento do crescimento da região e uma situação ainda bastante fragilizada (para os padrões do país) no que diz respeito a China.

Nos EUA, contudo, ontem observamos novas evidências de solidez da economia. O JOLTs Job Openings  o NFBI Business Confidence mostraram um mercado de trabalha extremamente robusto, no pleno emprego e com o hiato do produto fechado. As pressões inflacionárias são cada vez mais evidentes e gritantes. Não apenas os “headlines” dos números mostraram este ambiente, mas principalmente a abertura e o qualitativo dessas pesquisas.

No Brasil, a pesquisa Ibope divulgada na noite de ontem, em linha gerais, mostrou um cenário muito parecido com aquele apresentado pela pesquisa Datafolha no dia anterior. Assim, o que eu escrevi ontem continua válido (https://mercadosglobais.blogspot.com/2018/09/sinais-de-pressoes-inflacionarias-ao.html):

No Brasil, a pesquisa Datafolha divulgada ontem trouxe algumas informações importantes. Bolsonaro se consolidou na liderança, mas em um primeiro momento ganhou pouco com o bárbaro episódio que o acometeu na semana passada. Ciro mostra avanço expressivo, no que me parece seus “15 minutos de fama” com sua proposta de retirar o nome dos devedores da lista do SPC. Alckmin ganha pouco terreno após 10 dias de horário eleitoral, esperava-se mais do candidato do PSDB. Haddad começa a mostra competitividade, mesmo sem o anuncio oficial do apoio de Lula. Marina, como esperado, começa a “derreter”.

Acredito que a pesquisa esteja, grosso modo, em linha com o esperado e mostra uma “fotografia” de indefinição no tocante ao segundo lugar nas pesquisas. Pensando friamente o cenário prospectivo, me parece que Haddad continua mostrando a melhor capacidade de angariar apoio na reta final para ter um lugar no segundo turno junto com Bolsonaro, que parece consolidado na liderança. O anuncio oficial do apoio de Lula, somado a campanha do PT devem trazer forte apoio ao candidato nos próximos dias. Não analisarei os cenários de segundo turno neste momento, pois acredito que será uma “nova eleição”.

Acredito que os mercados locais não receberão bem o cenário acima. A incerteza continuará elevada e a possibilidade de Bolsonaro e Haddad no segundo turno me parece um cenário considerado arriscado a luz do pensamento do mercado.

O PT anunciou oficialmente a candidatura e Fernando Haddad para presidente no lugar de Lula, como era amplamente esperado. A partir de agora, começará um forte esforço de transferência de votos. Acredito que existe uma probabilidade alta de nos próximos 5 a 10 dias Haddad já apresentar-se consolidado com cerca de 12% a 15% das intenções de voto nas pesquisas eleitorais.

Na agenda do dia, o destaque ficará por conta do PPI nos EUA, como prévia do Core CPI amanhã e para um leilão de Treasuries de 10 anos.




Data: 11/09/2018

Sinais de pressões inflacionárias ao redor do mundo se acumulam.

O destaque desta manhã está por conta de mais uma rodada de abertura de taxas de juros nos EUA, o que está colocando alguma pressão nas bolsas globais. Os sinais de acumulo de pressão inflacionárias, não apenas nos EUA, mas ao redor do mundo desenvolvido, vão se tornando cada vez mais claros e inequívocos. Hoje foi a vez dos dados de emprego na Inglaterra apresentarem elevação acima das expectativas dos salários, confirmando um mercado de trabalho robustos, no pleno emprego e com o hiato do produto fechado.

A aceleração da inflação me parece apenas uma questão de tempo, de “quando” irá ocorrer, e não de “se” irá ocorrer. Neste pano de fundo, é natural esperar que os bancos centrais dessas economias continuem seu processo de normalização monetária e os mercados comecem a precificar de maneira mais real e concreta taxas de juros mais elevadas no curto e no médio prazo.

Continuo posicionado para este tema de investimento através de posições tomadas em juros na parte intermediária da curva dos EUA, com posição comprada em vol e em puts de JPY como hedge da posição. Não acredito que o cenário descrito acima, diante do atual nível de preço e valuation, deveria ser visto como positivo para o pano de fundo de risco global, por isso a composição do portfólio com estes hedges descritos acima.

No Brasil, a pesquisa Datafolha divulgada ontem trouxe algumas informações importantes. Bolsonaro se consolidou na liderança, mas em um primeiro momento ganhou pouco com o bárbaro episódio que o acometeu na semana passada. Ciro mostra avanço expressivo, no que me parece seus “15 minutos de fama” com sua proposta de retirar o nome dos devedores da lista do SPC. Alckmin ganha pouco terreno após 10 dias de horário eleitoral, esperava-se mais do candidato do PSDB. Haddad começa a mostra competitividade, mesmo sem o anuncio oficial do apoio de Lula. Marina, como esperado, começa a “derreter”.

Acredito que a pesquisa esteja, grosso modo, em linha com o esperado e mostra uma “fotografia” de indefinição no tocante ao segundo lugar nas pesquisas. Pensando friamente o cenário prospectivo, me parece que Haddad continua mostrando a melhor capacidade de angariar apoio na reta final para ter um lugar no segundo turno junto com Bolsonaro, que parece consolidado na liderança. O anuncio oficial do apoio de Lula, somado a campanha do PT devem trazer forte apoio ao candidato nos próximos dias. Não analisarei os cenários de segundo turno neste momento, pois acredito que será uma “nova eleição”.

Acredito que os mercados locais não receberão bem o cenário acima. A incerteza continuará elevada e a possibilidade de Bolsonaro e Haddad no segundo turno me parece um cenário considerado arriscado a luz do pensamento do mercado.




Data: 10/09/2018

 Tentativa de estabilização. Cenário, contudo, seguirá desafiador.

A noite foi marcada por mais uma rodada de pressão negativa nos ativos da Ásia, com queda dos índices de bolsa da China, depreciação do CNY e das demais moedas emergentes da região. A despeito deste dinâmica, estamos amanhecendo com um bom desempenho das bolsas na Europa e nos EUA. As moedas emergentes continuam mostrando sinais, incipientes e fragilizados, de acomodação.

No final de semana, a mídia internacional focou a atenção no potencial negativo da imposição de tarifas de importação por parte dos EUA em produtos de importação da China, após Trump voltar a sinalizar, e “tweettar” ao longo de todo o final de semana, sinalizações em torno deste tema.

Acredito que o impacto mais imediato será através de inflação mais elevada, especialmente se o governo Trump focar, agora, em bens de consumo, o que parece ser o cenário mais provável. Ainda acredito que a situação nesta frente deverá piorar antes de melhorar. Na verdade, não vejo nenhum dos lados recuando sem uma pressão por parte do “Dr. Mercado” (piora rápida e acentuada dos ativos de risco) ou com uma piora expressiva do cenário econômico, neste caso, mais provável, neste momento, no caso da China.

Na China, vimos dados de exportação e importação de agosto mais baixos que o mês anterior e um pouco abaixo das expectativas. O que chamou mais a atenção foi a piora no déficit comercial americano, que atingiu sua pior marca da história. Pelo o que já escrito acima, não me parece um momento oportuno para um número nesta direção. Hoje pela manhã foi divulgado o CPI, que apresentou aceleração acima das expectativas, passando a 2,3% YoY. A inflação de alimentação e problemas específicos no tocante a inflação de “porcos” explica a distorção em relação as expectativas. Uma inflação mais elevada reduz a margem de manobra do PBoC na tentativa de administrar os problemas da economia.

No Brasil, o tracking de intenções de voto para as eleições do BTG Pactual\FSB mostrou avanço de Bolsonaro, que se consolida na liderança, avanço de Haddad, que começa a ficar mais conhecido com a campanha eleitoral e o apoio de Lula, avanço de Alckmin, que ganha com elevada exposição na mídia, e avanço de Ciro Gomes, em detrimento a queda de Marina e dos indecisos. Acredito que estes movimentos estão dentro das expectativas do mercado. Continuo vendo o cenário eleitoral coo extremamente competitivo e indefinido.

Na Inglaterra, o PIB de julho apresentou alta de 0,3% MoM, acima das expectativas de 0,1% MoM.

Continuo trabalhando com baixa exposição a risco em Brasil, vendo um cenário de incerteza e volatilidade devido ao cenário externo e eleitoral. Acredito que a reação do mercado na quinta-feira após o bárbaro atentado a Bolsonaro tenha sido exagerada, puxado por posição técnica e iliquidez. Sigo tomado em juros na parte intermediária da curva dos EUA, com posição comprada em puts de JPY e comprada em vol de índices de bolsas dos EUA para compor o portfólio.




Data: 06/09/2018

Brasil: Pesquisa Ibope.

Os ativos de risco estão apresentando sinais de estabilização essa manhã. Começo a sentir um movimento de tentativa de estabilização dos mercados que mais sofreram nas últimas semanas, como os ativos EM e commodities, mas com um movimento de maior fragilidade, ainda bastante incipiente, dos ativos de maior destaque positivo neste período, como as bolsas dos países desenvolvidos, por exemplo o S&P e a NASDAQ.

Não vi notícias relevantes no cenário externo. A agenda do dia terá o ADP Employment como destaque nos EUA.

No Brasil, o Ibope divulgou pesquisa ontem já pegando o inicio do programa eleitoral. Acredito que, a luz da visão do mercado, existirão intepretações positivas e outras negativas em relação a pesquisa, olhando exclusivamente a “fotografia” dos números, sem pensar no cenário prospectivo.

Do lado negativo, a esquerda segue forte com Ciro e Marina bem posicionados, além de Haddad começando a subir nos intensões de voto. No segundo turno, Bolsonaro perde para praticamente todos os candidatos simulados, o que aumenta o risco de um novo presidente da esquerda caso essa consiga um lugar no segundo turno. Do lado positivo, a esquerda pode estar se canibalizando e acabar perdendo força para ir ao segundo turno. Além disso, Alckmin aparece “embolado”, próximo da margem de erro, se comparado a Ciro e Marina, o que pode lhe garantir um espaço no segundo turno.

De maneira geral, a pesquisa confirma a minha tese de que o cenário é de extrema incerteza, o que deve prevalecer até o dia das eleições, com cerca de 5 candidatos bastante competitivos e uma série de combinações que podem ser bastante negativas para o resultado final.




Data: 05/09/2018

Sinais de contaminação.

Mais uma noite se passa e iniciamos mais um dia com o mesmo pano de fundo e a mesma dinâmica de mercado que já virou regra, ou seja, dólar forte e pressão nos ativos emergentes. Comentei bastante sobre isso nos últimos dias, aqui: https://mercadosglobais.blogspot.com/ e aqui https://www.linkedin.com/in/dan-kawa-78361130/detail/recent-activity/shares/. Não entrarei em detalhes para não soar repetitivo.

Desde ontem, contudo, vemos sinais de contaminação este cenário emergentes mais negativo para outras classes de ativos, como as bolsas no mundo desenvolvido, que vinham se mostrando “blindadas” a este ambiente.

Após Argentina, Turquia e África do Sul, agora a Indonésia também entra no radar do mercado, com sua moeda atingindo o menor patamar da história após mais uma rodada de depreciação. Neste caso, o problema enfrentado pelo país é muito parecido com os casos dos demais emergentes. Continuo acreditando que tudo isso é apenas sintoma do mesmo problema, ou seja, a redução global de liquidez.

“Relif rallies” não podem ser descartados e devem ocorrer, mas mudanças de tendência apena diante de uma mudança brusca de cenário. Por isso, os dados de emprego esta sexta-feira e de inflação na semana que vem, nos EUA, serão tão importantes.

Não há novidades no Brasil. O Ibope cancelou a divulgação de sua pesquisa eleitoral pois havia utilizado Lula como candidato em um dos cenários, o que após a decisão do TSE tornou a pesquisa se sentido.

Nesta noite vimos a divulgação de um forte PIB na Austrália, mas uma forte queda do PMI na Índia e o Caixin Services PMI na China, reforçando a dicotomia de cenário entre países desenvolvidos, em especial os EUA, e os países emergentes, que parecem estar vivendo uma de suas maiores crises recentes se levarmos em conta a magnitude de depreciação de suas moedas.

Na Argentina, a despeito de todas as medidas já anunciadas, não há sinais de estabilização do cenário, com mais uma rodada de forte deterioração das expectativas. Segundo a Goldman Sachs:

According to the August central bank monthly survey, the median expectation for 2018 inflation (as measured by the National CPI; the yardstick for the inflation targeting framework) rose by a large +850bp to 40.3%. Furthermore, the median expectation for 2019 rose by +470bp, to 25.3%, while 2020 rose by 390bp, to 18.9%. Overall, inflation expectations for end-2018 and end-2019 deteriorated by a large +2,290bp and +1,370bp, respectively over the last 8 months. In fact, inflation expectations for end-2018 have now deteriorated for 16 consecutive months.

Furthermore, core inflation expectations have also deteriorated. The end-2018 median expectation for core inflation rose +1,000bp to 40.5%, end-2019 rose +550bp to 24.5%, and end-2020 rose +400bp to 18.0%.

According to the same survey, the market now expects the policy rate to end 2018 at 60.00% (up from 35.00% in the previous survey), and at 32.00% at end 2019 (up from 25.50% in the June survey). The same survey also shows that analysts are now considerably more bearish on the currency (median expectation for end-2018 ARS/USD weakened to 41.9 from 30.5, and for end-2019 weakened to 50.0 from 36.0).

Finally, with regards to the growth outlook, the median expectation for real GDP growth in 2018 declined to a significant contraction of -1.9% (from -0.3% in July and +2.5% in April) and 0.5% for 2019 (from 1.5% in July and 3.2% in April).




Data: 05/09/2018

Os números econômicos reforçam o cenário desafiador. África do Sul é o próximo "dominó" a cair...

Os dados econômicos recentes apenas reforçam o cenário que tenho descrito neste fórum nos últimos meses e a terça-feira não foi diferente.

Nos EUA, vimos o ISM Manufacturing – um dos indicadores mais importantes de confiança da economia – apresentar alta acima das expectativas em agosto e atingir o maio patamar em cerca de 15 anos. O número de hoje apenas confirma que o Fed deve manter seu processo de normalização monetária inalterado, a despeito da turbulência no mundo emergente. Isso tem sido um dos principais vetores de pressão negativa em alguns mercados, com os mercados emergentes e algumas commodities, por exemplo.

Em contrapartida, as notícias provenientes do mundo emergente seguem nebulosas. Hoje foi a vez da África do Sul divulgar uma forte queda do PIB no segundo trimestre do ano, contra expectativas de recuperação da economia. A moeda do país depreciou mais de 3% e entrou, definitivamente, no hall de países emergentes fragilizados (junto a Turquia e Argentina) que necessitarão de medidas agressivas de ajuste econômico.

No Brasil, o dia me faz voltar em um tema que já comentei há alguns dias atrás, leia-se, a posição técnica do mercado. A terça-feira foi marcada por forte queda da bolsa e relevante abertura de taxa de juro, mas um dólar mais comportado. Como já escrevi aqui, a média do mercado me parece comprada em dólar como hedge das carteiras, mas comprada em bolsa por valuation e bons resultados, e aplicada em juros, por ver prêmios excessivos na curva. O dia de hoje deve ter prejudicada a média das carteiras e confirma um quadro técnico desafiador.

Não podemos descartar movimento de acomodação, que tenho cunhado como “relief rallies” no curto-prazo, frente a deterioração recente nos países emergentes. Contudo, na ausência de mudanças fundamentais, as melhoras devem ser passageiras, mesmo que de duração, as vezes, um pouco prolongada, como foi o caso no mês de julho. A tendência dos mercados me parece ser negativa e com risco crescente de contágio para outras classes de ativos.

O retorno das férias de verão no hemisfério norte estará sendo seguido de uma agenda econômica importante, com os dados de emprego nos EUA essa sexta-feira e dados de inflação já na semana que vem nos EUA. O potencial de “guerra comercial” continua elevado e os países emergentes ainda mostram alguma negação em relação a sua situação corrente, a despeito de medidas, em alguns casos (como na Argentina) na direção correta.

No Brasil, teremos mais volatilidade vinda do cenário de incerteza das eleições com uma pesquisa Ibope nacional a ser divulgada em instantes.




Data: 04/09/2018

EM seguem pressionados. Há risco de contágio.

Não há mudanças substanciais de cenário e os ativos de risco continuam mantendo a mesma dinâmica que vem sendo regra já há algumas semanas, ou seja, fortalecimento do dólar e pressão nos ativos emergentes, a despeito do bom desempenho dos mercados nos EUA, com a bolsa em alta e o petróleo nos picos recentes.

Continuo vendo o pano de fundo de continuidade do processo de normalização monetária dos principais bancos centrais ao redor do mundo e, em especial, nos EUA, como principal propulsor deste cenário. A ausência de reformas estruturais e da relativa “negação” de alguns países emergentes para lidar com a “crise” recente acaba por ajudar este processo de deterioração.

Acredito que mantido este cenário, mais cedo ou mais tarde, veremos algum tipo de contágio do mundo emergente para os demais ativos de risco.

Continuamos com baixa alocação a risco no Brasil, levemente comprados em inflação implícita, com hedge via calls-spreads de Ibovespa. Temos pequena alocação vendida em opção digital de manutenção de juros para o próximo Copom ,por ver o risco retorno como favorável diante do cenário atual. No portfólio externo, seguimos tomados em juros na parte intermediaria da curva de EUA com hedges via compra de vol nos índices de bolsa do país. Adicionamos pequena posição comprada em JPY via calos longas, onde vemos um bom ativo para compor o portfólio tanto por motivos locais no Japão como pelo padrão de desempenho da moeda em momentos de maior incerteza.

Ontem, a Argentina anunciou novas medidas de ajuste fiscal, mas foi incapaz de evitar uma depreciação adicional de quase 5% a moeda (ARS). Tenho conversado com alguns economistas mais gabaritados do que eu no tema “Argentina” e parece haver um consenso que o país entrou em rota de colisão e apenas medidas drásticas (redenominação da moeda, default e etc) serão capazes de conter a situação acorrente.

Na Turquia, após os números de inflação divulgada ontem, o banco central sinalizou para um possível aperto das condições monetárias. A postura recete do "policy maker”, contudo, faz com que o mercado continue duvidado que as medidas que venha a ser concretizadas sejam agressivas o suficiente para lidar com os problemas do país. O governo turco ainda parece em "negação” e na minha visão, está longe de tomar as medidas necessárias para estabilizar o país.

O Brasil está no meio deste turbilhão de acontecimentos, cm fundamentos fragilizados e as vésperas de uma eleição que continua se mostrando incerteza. Não é a toa que as recuperações dos mercados locais têm sido curtas e pouco acentuadas, com foi o caso de sexta-feira. Ontem, os ativos voltaram a operar sob pressão, seguindo este humor externo e as pesquisas eleitorais que mostram u cenário de incerteza. 
 




Data: 03/09/2018

Emergentes em foco.

Em um dia de feriado nos EUA, a liquidez será prejudica e a dinâmica dos mercados não será uma boa sinalização para nenhuma conclusão concreta. 

Neste momento, estamos iniciando a semana da mesma maneira que vem sendo regra nas últimas semanas, com pressão nos ativos emergentes, a despeito do bom desempenho dos índices de bolsa os EUA e sem sinais claros de contágio para outras classes de ativos.

Nesta manhã, destaque para a inflação na Turquia, que atingiu o patamar de 18%, acima das expectativas do mercado (vide comentários adicionais abaixo).

No Brasil, a pesquisa eleitoral semanal do BTG Pactual mostrou um quadro parecido com aquele divulgado pela XP Investimentos na sexta-feira. Na ausência de Lula, Bolsonaro continua firme e consolidado na liderança. Marina começa a perder espaço, enquanto Alckmin se mantem estagnado mostrando baixa competitividade. O destaque ficar para um avanço não desprezível de Ciro Gomes. Haddad ainda se mostra pouco competitivo, mas isso deve mudar com a inegibilidade de Lula.

Brasil - A propagando eleitoral gratuita começou e as próximas pesquisas eleitorais serão importantes para medirmos a temperatura das eleições.

Existem rumores de que os caminhoneiros podem anunciar uma nova greve após o feriado de 7 de setembro, depois de anunciado um reajuste de 13% no preço do diesel. Confesso que acredito que a mobilização não será grande, mas entendo que este é apenas um de vários “esqueletos” que o próximo governo precisará endereçar. O próximo presidente pegará um país que necessita, de forma urgente, de reformas e do entendimento da sociedade da necessidade de tais avanços. Não vejo hoje o país preparado para isso, mas torço pelo amadurecimento de nossa sociedade.

O PIB do 2Q divulgado na sexta-feira confirmou um quadro de baixo crescimento e sem pilares de sustentação da economia. Aqui, uma vez mais mais, é necessário a retomada da confiança e as reformas que colocarão o país de volta ao trilho do crescimento.

EUA - Trump voltou a dar declarações duras em relação ao Canadá e as negociações em torno do NAFTA. Por questões politicas locais, a negociação com o Canadá está sendo mais complicada do que o que vimos no México.

No campo econômico, não vejo mudanças de cenário de uma economia aquecida, no pleno emprego e com o hiato do produto fechado, o que manterá o Fed no seu processo de normalização monetária. Isso tem sido o principal vetor de volatilidade aos mercados financeiros globais. Mudarei minha visão estrutural sobre o quadro econômico mundial caso veja uma mudança substancial nesta frente, o que ainda não me parece ser uma realidade.

Argentina - O país tomou as medidas ortodoxas que no passado ajudaram outros países a sairem da crise. Contudo, ainda existem inúmeras duvidas se as medidas anunciadas serão suficientes ou acertadas para o cenário atual. Existe uma alguma  “luz no final do túnel”, mas não sabemos se está luz é um trem em alta velocidade com os freios quebrados, ou alguma ponta de esperança que o pior já tenha passado. Ainda acho que teremos volatilidade e incerteza pela frente.

Turquia - Repito minha visão de que ainda não fora tomada as medidas necessárias para a estabilização definitiva do país. Enquanto isso não ocorrer, acredito que o país permanecerá frágil e uma fonte de desestabilização para os mercados financeiros globais.




Data: 03/09/2018

Cenário estrutural segue inalterado.

Brasil - A propaganda eleitoral gratuita começou e as próximas pesquisas eleitorais serão importantes para medirmos a temperatura das eleições.

Existem rumores de que os caminhoneiros podem anunciar uma nova greve após o feriado de 7 de setembro, depois de anunciado um reajuste de 13% no preço do diesel. Confesso que acredito que a mobilização não será grande, mas entendo que este é apenas um de vários “esqueletos” que o próximo governo precisará endereçar. O próximo presidente pegará um país que necessita, de forma urgente, de reformas e do entendimento da sociedade da necessidade de tais avanços. Não vejo hoje o país preparado para isso, mas torço pelo amadurecimento de nossa sociedade.

O PIB do 2Q divulgado na sexta-feira confirmou um quadro de baixo crescimento e sem pilares de sustentação da economia. Aqui, uma vez mais mais, é necessário a retomada da confiança e as reformas que colocarão o país de volta ao trilho do crescimento.

EUA - Trump voltou a dar declarações duras em relação ao Canadá e as negociações em torno do NAFTA. Por questões politicas locais, a negociação com o Canadá está sendo mais complicada do que o que vimos no México.

No campo econômico, não vejo mudanças de cenário de uma economia aquecida, no pleno emprego e com o hiato do produto fechado, o que manterá o Fed no seu processo de normalização monetária. Isso tem sido o principal vetor de volatilidade aos mercados financeiros globais. Mudarei minha visão estrutural sobre o quadro econômico mundial caso veja uma mudança substancial nesta frente, o que ainda não me parece ser uma realidade.

Argentina - O país tomou as medidas ortodoxas que no passado ajudaram outros países a sairem da crise. Contudo, ainda existem inúmeras duvidas se as medidas anunciadas serão suficientes ou acertadas para o cenário atual. Existe uma alguma  “luz no final do túnel”, mas não sabemos se está luz é um trem em alta velocidade com os freios quebrados, ou alguma ponta de esperança que o pior já tenha passado. Ainda acho que teremos volatilidade e incerteza pela frente.

Turquia - Repito minha visão de que ainda não fora tomada as medidas necessárias para a estabilização definitiva do país. Enquanto isso não ocorrer, acredito que o país permanecerá frágil e uma fonte de desestabilização para os mercados financeiros globais. 




Data: 03/09/2018

Lula Inelegível.

Os ativos brasileiros apresentaram ontem um dia de performance bastante positiva, especialmente o mercado de câmbio. No minha visão, o movimento se deve a expectativa da votação da inegibilidade de Lula, que comentaremos em instantes, e da posição técnica do mercado.

A diferença de performance entre as classes de ativos me mostra bastante isso. O mercado me parece majoritariamente comprado em dólar, o que explica a forte apreciação do Real ontem. Contudo, ainda vemos bastante gente comprada em bolsa e com alguma posição aplicada em juros,  o que explica o desempenho relativo pior desses dois ativos.

No final da noite, o TSE confirmou que Lula está inelegível e impôs algumas restrições a sua participação no programa eleitoral. A medida deve ser bem vista pelo mercado, pois ajuda a reduzir o percentual de transferência de voto para Lula.

Eu não tenho convicção nesta visão, pois o PT poderá trabalhar com calma a imagem de Haddad como candidato e sua base de apoio continua bastante elevada, como mostram as pesquisas recentes.

De qualquer maneira, como comentei aqui nos últimos dias, por preço/nível e posição técnica, reduzimos substancialmente nossa alocação comprada em inflação implícita e seguimos com pequena posição neste momento, cujo o hedge são calls-spreads de Ibovespa.

Não há mudanças substanciais de cenário externo, exceto pela extensão das negociações para um novo NAFTA entre EUA e Canadá.  




Data: 31/08/2018

Keep your seatbelt fastened!

Os ativos de risco tiveram ontem um dia de pressão negativa generalizada. Tenho insistido no ponto (vide aqui: https://mercadosglobais.blogspot.com/) que o processo de normalização monetária nas economias desenvolvidas e, principalmente, nos EUA, aliada ausência de reformas estruturantes nos países emergentes e o excesso de fluxo para esses países e ativos ao longo dos últimos anos têm sido os principais responsáveis por esta dinâmica mais negativa de alguns ativos de risco.

Mantenho essa opinião e ainda não vejo motivos para inversão de tendência, exceto de maneira pontual e que tenho cunhado como “relief rallies”.

Nesta linha, os dados econômicos divulgados nos EUA ontem apenas reforçam a necessidade de manutenção do ciclo de normalização monetária nos EUA. O Core CPE subiu 0,2% MoM e 2,0% YoY, dentro das expectativas do mercado e em linha com a meta do Fed. O Jobless Claims permaneceu em seu patamar mais baixo de várias décadas, mostrando um mercado de trabalho robusto, com hiato do produto fechado e uma economia que pode ser vista no pleno emprego.

Ao longo da tarde a mídia internacional trouxe comentários de Trump, que sinalizou para a ideia firme de implementar tarifas em mais cerca de US$200bi de produtos chineses, além de sinalizar que acha insatisfatório a oferta da Europa de retirar tarifas de automóveis. Segundo Trump, o acordo entre EUA e Europa deve ser mais amplo, pois os europeus culturalmente não compram veículos norte-americanos. Os comentários trouxeram novamente tona o risco da “guerra comercial” ao cenário.

Hoje pela manhã, estamos observando alguma estabilização dos ativos emergentes, mas em um pano de fundo de manutenção da fragilidade, com os problemas começando a “espirrar” para alguns ativos que até então pareciam “blindados” dos problemas, como as bolsas dos EUA.

No Brasil, seguimos sem novidades no campo econômico. Hoje teremos mais uma “pesquisa” (tracking eleitoral) divulgada pela XP investimentos.

Por preço e nível, optamos por reduzimos pouco mais nossa posição de compra de inflação implícita ontem. Neste momento estamos com baixíssima alocação a risco a ativos no Brasil. Seguimos tomados em juros nos EUA, com hedges via estruturas de opção para eventuais quedas das bolsas do país.

Ainda no Brasil, após forte depreciação cambial, com o BRL atingindo patamar superior a 4,2 ao longo do dia, o BCB optou por intervir com leilão de venda de US$1.5bi. A decisão acabou levando a moeda a um patamar mais moderado em torno de 4,15.

No atual cenário, o mercado já embuti uma alta de cerca de 100bps nas próximas reuniões (3) do Copom. Na minha opinião, o cenário externo hoje é definitivamente diferente do cenário externo de alguns poucos meses, ou alguns dias, atrás. Assim, quanto antes o BCB iniciar um ciclo de alta de juros, menor e mais moderado deverá ser este ciclo. Entendo que existe uma eleição no meio do caminho, mas acredito que seria o certo a ser feito diante da mudança brusca do cenário internacional e do patamar da taxa de câmbio. Acredito que as expectativas de inflação medidas pelo Focus estão atrasadas e reprimidas pelos economistas à espera das eleições e não são mais um bom indicador neste momento.

A Argentina elevou os juros de 45% para 60% mas foi incapaz de segurar a cotação de sua moeda. O país passa por uma de suas grandes crises e ainda me parece longe de uma solução definitiva.

Na China, o PMI subiu de 51,0 para 51,3 pontos em agosto, mostrando alguma estabilização da economia do país. Acredito que a situação chinesa ainda demanda enorme cautela e que os problemas do país, desta vez, demandarão medidas mais agressivas para serem endereçados de maneira definitiva ou mais prolongada.

Na Europa, a inflação apresentou leve desaceleração, como já havia sinalizado os dados abertos por países. A inflação na região continua contida, o que deverá permitir ao ECB agir com extrema cautela no processo de normalização monetária.




Data: 30/08/2018

EM Rout. Time for some contagion...

Os ativos de risco estão abrindo a manhã em tom negativo, liderados por mais uma rodada de depreciação das moedas emergentes. A novidade do dia, pelo menos por enquanto, é que estamos observando os primeiros sinais de contágio da deterioração dos ativos emergentes para outros mercados financeiros globais.

A moeda da China (CNY) voltou a depreciar, com a bolsa do país em queda, ou seja, não há sinais de uma estabilização definitiva no país. A moeda da Turquia (TRY) segue em forte depreciação (vale ler o que tenho escrito diariamente sobre isso: https://mercadosglobais.blogspot.com/), agora seguida de perto pela África do Sul (ZAR). Será importante observamos a dinâmica na Argentina e de sua moeda (ARS) após a depreciação de quase 8% ontem.

O movimento de contágio ainda é tímido mas, na minha visão, pode ganhar corpo caso não haja a efetivação de medidas concretas para frear a deterioração em alguns países e\ou uma mudança radical de cenário como, por exemplo, dados mais fracos de inflação nos EUA ou sinais mais evidentes de desaceleração da economia, o que poderiam levar o Fed a uma reavaliação de seu processo de normalização monetária. Por ora, não há indícios de nenhum desses vetores, o que aponta para o risco de um maior contágio global.

A agenda do dia será extremamente relevante, com destaque para o Core PCE de julho, cujas expectativas apontam para uma alta de 0,2% MoM e 2,0% YoY, no centro da meta do Fed.

No Brasil, destaque para a pesquisa da Poder360 (https://www.poder360.com.br/datapoder360/datapoder360-potencial-de-voto-de-haddad-apoiado-por-lula-e-de-ate-34/). Não vi nenhuma mudança de cenário. Assim, fica mantido o cenário de incerteza eleitoral, com Lula liderando as pesquisas e Bolsonaro consolidado em segundo lugar. Existe uma perspectiva em torno de 30% a 40% de transferia de votos de Lula para Haddad.

Como tenho comentado aqui da participação dos candidatos no Jornal Nacional da Globo, vale uma breve análise de Alckmin. A primeira metade do programa Alckmin foi duramente questionado sobre suas alianças políticas e as acusações de corrupção que pesam sobre pessoas de seu partido, seus aliados e de sua orbita. O candidato apresentou dificuldades em navegar neste terreno. A segunda metade da entrevista Alckmin mostrou maior traquejo, demonstrando os feitos atingidos em seus governos em São Paulo, em diversas áreas da administração pública. Acredito que a entrevista tenha sido neutra, dificilmente ajudou o candidato a angariar votos, mostrou seu ponto fraco mas não me parece que comprometeu seus votos existentes. De qualquer maneira, mostra como será difícil sua candidatura decola.




Data: 30/08/2018

Mais do mesmo: EUA forte, EM fracos. "Relief Rally" no Brasil.

A despeito de alguns movimentos relevantes ao longo desta quarta-feira observamos, basicamente, um pouco de “mais do mesmo” nos mercados financeiros globais, sem qualquer tipo de mudança substancial de cenário. Apenas para citarmos algumas questões de maneira resumida:

Brasil – Observamos o que gosto de chamar de “relief rally”. O destaque ficará para as pesquisas eleitorais a serem divulgados nos próximos dias e para o início do debate eleitoral.

Seguimos com baixa alocação a risco no país, comprados em inflação implícita e com um hedge via calls-spreads de Ibovespa. Mantemos postura tática, flexível, sem viés, até que o cenário eleitoral se torne mais claro e/ou o cenário externo ofereça alguma mudança substancial de panorama.

Argentina – O país viveu mais um dia de forte depreciação da moeda (ARS), que chegou próxima a 8% e aos patamar de 34,0 em relação ao dólar. Mesmo com um pacote de ajuda financeira preventiva de US$50bi junto ao FMI e com políticas fiscais e monetária ortodoxas, o país continua vivendo um calvário para estabilizar sua economia.

Continuo vendo este tipo de dinâmica, assim como em outros países (vide abaixo) apenas como o mesmo sintoma no mesmo problema, que é a normalização monetária por parte dos EUA (https://mercadosglobais.blogspot.com/2018/08/dolar-forte-e-pressao-nas-commodities.html).

Turquia – A moeda do país apresentou depreciação de cerca de 3%. Tenho insistido no ponto de que sem adotar as medidas econômica adequadas, o país continuará a ter problemas estruturais e qualquer estabilização será pontual. Por ora, não vemos o governo caminhar na direção de políticas mais ortodoxas, ou seja, o cenário base enseja a continuidade do cenário de deterioração, até que as medidas corretas e estruturais sejam adotadas.

EUA – A revisão do PIB do 2Q divulgada hoje apenas confirmou o bom momento da economia, com crescimento de 4,2% no trimestre e anualizado. Amanhã a agenda será importante, com a divulgação do Core PCE – índice de inflação predileto do Fed – que deverá mostra a inflação em torno da meta. Este pano de fundo deverá manter o banco central dos EUA no seu “plano de voo” de normalização monetária, o que vem sendo a principal restrição ao bom desempenho dos mercados financeiros globais (exceto no tocante as bolsas norte americanas). Uma mudança neste panorama seria uma grande novidade ao cenário, com potencial de gerar uma revisão e uma mudança na dinâmica dos mercados.

China – O país está um pouco fora do foco de curto-prazo, mas dentro de todo o ambiente citado acima, continua em situação que demanda cautela. As medidas recém implementadas devem ajudar a estabilizar a economia, mas ainda me parece cedo para termos uma resposta definitiva em relação ao real estado do país.




Data: 29/08/2018

Cenário ainda negativo para Emergentes. Pressão continua.

O destaque da manhã está por conta de mais uma rodada de dólar forte no mundo, liderado por um movimento de pressão negativa nas moedas emergentes, como na Turquia (TRY) e África do Sul (ZAR). Tenho comentado diariamente sobre este tema. Para não soar repetitivo, e dado que escrevi sobre isso ontem, recomendo a leitura no link a seguir: https://mercadosglobais.blogspot.com/2018/08/emergentes-continuam-no-olho-do-furacao.html.

No Brasil, ontem foi a vez de Jair Bolsonaro participar de entrevista no Jornal Nacional, da Globo, um dos programas de maior audiência da TV aberta. Tentando fazer uma análise fria e imparcial de sua participação, o que confesso ser bastante difícil diante da postura e do polêmico candidato, analises de pessoas mais entendidas do assunto e evidências anedóticas diversas, mostram que Bolsonaro falou para o seu público, sua presença foi bem aceita e, assim, teria consolidado sua base de apoio. Sendo assim, sua participação deve ter reforçado a solidez de sua campanha e de seu primeiro lugar nas pesquisas de intenções de voto no primeiro turno, quando Lula não está presente. Comentarei minha expectativa sobre o potencial governo de cada candidato em momento mais oportuno.




Data: 29/08/2018

Emergentes continuam no olho do furacão. 

A terça-feira foi novamente marcada por forte pressão sobre os ativos emergentes, em especial suas moedas. Como venho reforçando diariamente, enquanto as questões estruturais não forem endereçadas de maneira definitiva, as melhoras de humor deverão ser curtas e pouco acentuadas (“relief rallies”), a despeito de níveis de preço e valuations, além de uma posição técnica mais construtivos. Comentei sobre isso hoje pela manhã aqui, https://mercadosglobais.blogspot.com/2018/08/ativos-de-risco-mais-estaveis-problemas.html e nas últimas semanas aqui, https://mercadosglobais.blogspot.com/2018/08/dolar-forte-e-pressao-nas-commodities.html.

Na minha visão, a maior restrição aos mercados financeiros globais atualmente está no processo de normalização monetária dos EUA. Nos últimos dias, e hoje, inclusive, observamos números que confirmam o bom momento da economia dos EUA (O Consumer Confidence atingiu o maior patamar em cerca de 20 anos, sem nenhum sinal de impacto negativo da Guerra Comercial e com o sub-índice de emprego bastante robusto).

Não vejo motivos para o Fed, neste momento, alterar seu “plano de voo”. Como comentei aqui nos últimos dias, não vi nenhum sinal de que Powell e os demais diretores pretendem alterar a sua postura de altas graduais de juros e redução “automático” de seu balanço, a despeito de uma leitura (por parte do mercado), em um primeiro momento, de que o discurso de Powell e as Minutas do FOMC teriam sido mais “dovish” (https://mercadosglobais.blogspot.com/2018/08/update.html).

Neste pano de fundo, continuamos a observar os países mais fragilizados com imensa dificuldade em estabilizar suas economias, como é o caso da Argentina (mesmo com um importante ajuste ortodoxo e ajuda financeira do FMI), da Turquia, da África do Sul e da China.

O Brasil está inserido neste contexto e continua sofrendo os efeitos secundários deste processo. Não há mudanças no quadro eleitoral.




Data: 28/08/2018

Ativos de risco mais estáveis. Problemas estruturais permanecem.

Na ausência de notícias relevantes, os ativos de risco estão operando próximos a estabilidade. Destaque apenas para mais uma rodada de depreciação da moeda da Turquia (TRY). Não acredito que os problemas estruturais do país tenham sido endereçados. Assim, espero novas rodadas de pressão negativa nos ativos turcos, ate que os problemas sejam administrados de maneira correta e ortodoxa.

A despeito de alguma estabilização dos ativos de risco nos últimos dias, ainda vejo alguns obstáculos que precisam ser superados e que ainda não vejo como tendo saídos definitivamente do cenário de curto-prazo. A Turquia é apenas um desses vetores.

O mais importante deles, contudo, fica por conta da continuidade do processo de normalização monetária nos EUA. Não vejo sinais na economia americana de necessidade de interrupção do processo de alta de juros e redução do balanço. Caso isso ocorra (com crescimento mais fraco, inflação mais baixa e desaceleração mais abrupta do mercado de trabalho), será um alívio mais duradouro para os ativos de risco que vêm sofrendo nos últimos meses, como os ativos emergentes e as commodities.

Ainda temos a desaceleração da economia da China que, desta vez, parece mais estrutural, mais acentuada e um pouco mais grave do que na história recente, despeito do esforço do governo para conter este processo e torna-lo mais gradual, evitando cenários de ruptura.

Neste contexto, o Brasil segue em um processo eleitoral indefinido. Não há novidades, na margem, nesta frente. O Jornal Nacional, um dos programas de maior audiência da TV aberta, iniciou ontem a entrevista com candidatos a presidente com Ciro Gomes. A despeito do tom belicoso dos entrevistadores, Ciro se saiu bem em sua aparição, mas nada que mude o cenário eleitoral de forma relevante.

Nos atuais níveis de preço, continuo com baixa exposição a risco no Brasil. Os preços me parecem mais justos em relação aos riscos. Sigo com pequena posição comprada em inflação implícita e um pouco de call-spread de Ibovespa para o vencimento de outubro. No cenário internacional, continuo tomado em juros nos EUA com hedges em estruturas de opção de índices de bolsa. Não tenho visão clara em relação ao câmbio\dólar no mundo.




Data: 27/08/2018

Risk-On!

O dia foi de otimismo generalizado. O destaque ficou por conta do anuncio preliminar de um acordo comercial entre os EUA e o México. O anúncio ajudou a continuidade do processo de apreciação do MXN, mesmo levando em conta que, em parte, era esperado e os investidores já pareciam posicionados para esta conclusão.

A estabilização de alguns problemas idiossincráticos, como a situação da China, os problemas na Turquia (a despeito da depreciação de cerca de 2% da moeda), o avanço do acordo com o México, ajudaram a dar um tom mais positivo aos ativos de risco de maneira geral.

No Brasil, o dia foi bom desempenho da Bolsa e alguma apreciação do Real (BRL), mesmo que bastante tímida para o tamanho da depreciação sofrida nos últimos dias. O mercado de juros apresentou desempenho que pode ser considerado mais pífio diante da recuperação dos demais mercados e de seus pares globais.

Continuo trabalhando com um cenário desafiador para os ativos do Brasil até as eleições, a não ser que o cenário eleitoral se torne mais claro a medida que a campanha ganhe corpo. Por ora, continuo a ver cerca de 4 a 5 candidatos muito competitivos e que manterão o cenário político e, consequentemente, o cenário eleitoral, bastante nebulso. Mantenho minha visão descrita neste fórum nos últimos dias em relação a posicionamento: https://mercadosglobais.blogspot.com/.

No campo econômico, as contas externas mostraram forte fluxo de entrada na conta capital, para renda fixa e renda variável, em julho. É inegável que este fluxo ficará em risco caso o processo eleitoral caminhe para uma direção vista pelo mercado como mais negativa. Parte disso pode explicar a depreciação cambial e a pressão negativa nos ativos locais ao longo do mês de agosto. Por outro lado, percebemos que existe fluxo reprimido para Brasil caso tenhamos uma conclusão vista pelos investidores como mais positiva do ponto de vista econômico.

Os índices de bolsa dos EUA estão fazendo novos picos recentes. Neste momento, os problemas globais parecem estar canalizando recursos para a economia dos EUA que, por ora, apresenta um cenário de crescimento sólido, inflação que sobe apenas gradualmente, um banco central sem pressa em normalizar sua política monetária e face a um mundo que apresenta problemas diversos. 




Data: 27/08/2018

Pesquisa Eleitoral BTG Pactual.

O BTG Pactual divulgou pesquisa de intenções de voto para presidente está manhã. A pesquisa apontam cenário muito semelhante a pesquisa da XP Investimentos e cenário semelhante as pesquisas Ibope e Datafolha. Não altera o cenário de indefinição eleitoral, a espeito de algumas notícias marginalmente mais positivas à luz do mercado (não temos base de comparação para esta pesquisa):

- Lula e Bolsonaro aparecem competitivos e consolidados. Já sabido.

- Sem Lula, Bolsonaro aparece com cerca de 24% das intensões de voto, seguido de Marina 15% e Alckmin com 9% (alguns pode ver o desempenho de Alckmin como positivo pois deve angariar algum terreno após iniciado o programa eleitoral). Haddad aparece com 5%.

- A pesquisa mostra potencial de transferência de votos de Lula. Haddad teria 18% dos que votam em Lula votando com certeza nele e mais 13% que poderiam votar, contra 64% que não votariam de jeito nenhum. Isso dá um teto de 31% para Haddad.

De maneira geral, a pesquisa mostra desempenho marginalmente melhor de Alckmin e marginalmente pior de Haddad. Com programa eleitoral, existe espaço para o crescimento de ambos, que devem se embolar com Bolsonaro para definição do segundo turno. Marina continua competitiva. Em suma, a pesquisa mostra que deveremos ter uma "briga" de 4 candidatos para chegar ao segundo turno, o que já era, de maneira geral, sabido, mas com algumas ponderações feitas acima.




Data: 27/08/2018

Sem novidades relevantes. Turquia volta ao foco.

Em uma segunda-feira de feriado em Londres, os ativos de risco estão apresentando dinâmica mais localizada do que generalizada. Destaque para um leve movimento de dólar forte no mundo, liderado por uma depreciação superior a 2,5% (neste momento) da Lira (TRY) na Turquia, após o país retornar do feriado. No México, MXN aprecia cerca de 0,6%, com rumores de que um acordo para o NAFTA deva ser divulgado nos próximos dias. Na China, o dia foi de forte alta das bolsas do país, a despeito da relativa estabilidade da moeda. Os índices de bolsa nos EUA e na Europa operam em alta, na ausência de notícias relevantes.

Ontem comentei um pouco mais sobre o cenário econômico global: https://mercadosglobais.blogspot.com/2018/08/update.html.




Data: 27/08/2018

Update.

O inicio de uma nova semana é sempre um momento oportuno para revermos em que fase estamos na situação de cada um dos principais vetores que têm dado a direção dos mercados financeiros globais:

Brasil – A pesquisa eleitoral semanal divulgada pela XP Investimentos na sexta-feira mostrou pouca variação nas intenções de voto, com o cenário de indefinição mantido e a candidatura de Alckmin, vista pelo mercado como a mais provável de implementar as reformas necessárias à economia, ainda patinando e com pouca competitividade no primeiro turno.

Entendo que o início da campanha eleitoral poderá trazer mudanças nesse quadro, mas não tenho certeza que o modelo de campanha este ano (mais curto, com menos recursos e com inserções ao longo do dia) terá o mesmo impacto do que em eleições passadas. Continuo vislumbrando uma campanha bastante competitiva, com cerca de 5 candidatos podendo apresentar entre 10% e 20% das intenções de voto, deixando a decisão do segundo turno para as vésperas, ou o dia, do primeiro turno.

Diante deste quadro, e após a reprecificação dos ativos do país, reduzimos nossa exposição negativa ao Brasil. Seguimos com uma posição estrutural, porém menor, comprada em inflação implícita. Alocamos uma pequena posição em call-spread de Ibovespa para um eventual “relief rally” do mercado nas próximas semanas.

EUA – Na minha visão o discurso de Powell – presidente do Fed – na sexta-feira, foi neutro. A despeito da interpretação de que suas declarações foram “dovish”, não consigo chegar a esta conclusão lendo as Minutas do FOMC e os sinais emitidos por Powell. O Fed está totalmente “dependente dos dados”. Mantido o cenário corrente, o Comitê seguirá com o processo de alta de 25bps a cada trimestre e a redução “automática”, pré-anunciada, de seu balanço.

No campo político, Trump passa por seu momento mais delicado deste mandato presidencial, com importantes figuras de sua campanha sendo investigadas. Me impressiona como estes eventos têm feito algum preço no mercado de câmbio, mas pouco impacto no mercado de juros e bolsa. Acredito que isso possa ser explicado pela posição técnica, que talvez tenha ficado excessivamente comprada em dólar no mundo.

Seguimos tomados em taxa de juros na parte intermediária da curva e com estruturas de opção, como proteção (hedge) em índices de bolsa do país.

NAFTA – Segundo a mídia internacional, um acordo pode ser anunciado em breve.

China – As reuniões entre EUA e China esta semana foram inconclusivas e não avançaram. Os EUA sinalizam que irão continuar com sua pressão para que os chineses alterem sua postura no tocante a política internacional. Tudo indica que este tema seguirá no radar. Talvez, a situação deverá piorar antes de melhorar.

Na sexta-feira, o país anunciou medidas que dão mais liberdade ao PBoC para guiar a taxa de câmbio, levando a uma forte apreciação da moeda (CNY). A medida gerou um “short squeeze” no mercado. Deverá ajudar n administração da velocidade de depreciação da moeda, mas dificilmente será capaz de alterar sua direção, caso o cerne dos problemas chineses não seja endereçado.

A situação do país ainda demanda cautela. As medidas recentes ajudam a administrar a velocidade de deterioração da economia, mas ainda há dúvidas de que serão capazes de alterar, de maneira mais estrutural, a direção da economia.

Turquia – Após uma semana de feriado e de dinâmica internacional mais amena, o país poderá retornar às atenções do mercado. A despeito das medidas recentes, os problemas estruturais do país ainda não foram de fato endereçados.




Data: 24/08/2018

Brasil: Postura do BCB e precificação do mercado.

Na ausência de notícias relevantes e na expectativa do discurso do presidente do Fed, Jay Powell, os ativos de risco estão operando próximos a estabilidade, com leve viés positivo.

Acredito que Powell irá reforçar a mensagem das Minutas do FOMC e de discursos recentes de membros do Fed, inclusive de alguns deles ontem, que sinalizaram para a continuidade do processo de normalização monetária. Pelos documentos e aparições oficiais, não há nenhuma indicação que os riscos que existem no cenário hoje (emergentes, flattening da curva de juros e afins) está incomodando o comitê a ponto de alterar seu “plano de voo” no tocante a política monetária.

Nos últimos dias, observamos algum arrefecimento dos dados econômicos dos EUA, mas mantendo-se em patamares elevados e condizentes com um crescimento robusto. Vemos algum arrefecimento maior em setores específicos, como o imobiliário, mas também observamos um mercado de trabalho robusto, como mostrou ontem o Jobless Claims, próximo ao piso histórico do indicador.

Aproveitamos os últimos dias para elevar nossas alocações tomadas em juros nos EUA, concomitantemente com aumento do hedge via estruturas de opção vendidas em índices de bolsas do país. Comentei mais sobre essa posição na manhã de ontem (https://mercadosglobais.blogspot.com/2018/08/dolar-forte-e-pressao-nas-commodities.html).

A quinta-feira no Brasil foi de forte deterioração dos ativos locais. O motivo continua a ser o mesmo: um cenário externo mais desafiador em meio a um quadro político de incerteza. Aproveitamos para reduzir um pouco mais nossa exposição com viés negativa no Brasil, acreditando que o nível de preços hoje está mais adequado ao cenário que se apresenta e aos riscos prospectivos.

No quadro econômico, vimos um IPCA praticamente em linha com as expectativas. Se, por um lado, a inflação corrente continua baixa e controlada, por outro lado, a margem de manobra do BCB ficou mais apertada, já que com a manutenção de uma taxa de câmbio mais elevada, os modelos de expectativas de inflação já apontam para um IPCA acima da meta para o fina do ano que vem.

A curva de juros já precifica uma alta de juros não desprezível para as próximas reuniões do Copom, o que me parece justo para o cenário corrente. Por ora, o BCB e o Tesouro têm sinalizado que não irão intervir nos mercados de câmbio e de títulos públicos. Segundo fontes, o mercado está líquido, racional, seguindo uma tendência global e com as empresas com seus devidos hedges, o que afasta a necessidade de intervenções diretas nestes mercados. O peso o ajuste, assim, poderia recair sobre a política monetária, caso o BCB conclua que a mudança de patamar do câmbio será mais estrutural e global, e não apenas uma questão local e pontual.




Data: 23/08/2018

Dólar forte e pressão nas commodities. Sintomas de uma mesma "doença".

O destaque desta manhã está por conta de mais uma rodada de alta do dólar, pressão nas commodities e depreciação dos ativos emergentes. Na minha visão, estes movimentos são apenas sintomas da mesma “doença”, ou seja, do processo de normalização monetária nas economias desenvolvidas, com o Fed, nos EUA, sendo o banco central em estágio mais avançado neste processo.

Como as Minutas do FOMC ontem apenas reforçaram a manutenção deste ambiente (https://mercadosglobais.blogspot.com/2018/08/brasil-volatilidade-alta-deve-continuar.html), não me parece haver motivos para alterar de forma estrutural este pano de fundo. Uma eventual melhora da posição técnica e nos preços e valuation pode gerar “relief rallies” pontuais, mas sem a alteração definitiva do pano de fundo descrito acima, estes vetores serão capazes de estabilizar os mercados apenas de maneira pontuais e pouco acentuadas, como vimos no caso do dólar nos últimos dias.

Continuo posicionado para este ambiente com portfólios mais conservadores, comprado em inflação implícita nos Brasil, tomado em juros nos EUA e com hedges via estruturas de opção em índices de bolsa nos EUA. Aqui, vale um comentário:

O processo de deterioração dos ativos de risco que estamos observando está concentrado nas economias emergentes. Contudo, acredito que, conforme este cenário for maturando, mais cedo ou mais tarde, deveria afetar a dinâmica dos mercados nos EUA. Entendo que seja apenas a segunda derivada do processo, especialmente com o pano de fundo para as bolsas dos EUA ainda bastante construtivo (valuations “atrativos”, crescimento de “earnings”, economia com crescimento sólido, emprego robusto, inflação subindo apenas gradualmente e etc). Com as vols implícitas baixas e a diversidade de obstáculos globais que se colocam no cenário corrente (China, Turquia, Itália, Argentina, Brasil, Commodities e etc) vejo um risco\retorno razoável para ter este tipo de hedge nas carteiras, já que posições semelhantes nos mercados emergentes deixaram de parecer assimétrias (ou baratas) com a alta recente das volatilidade implícitas.

Na Europa, as prévias dos PMIs mostraram estabilização do crescimento, com os números em linha com as expectativas. Os números de hoje reforçam um quadro de crescimento estável da economia da região, reduzindo um risco de curto-prazo de uma nova rodada de desaceleração da economia.

Na Austrália, o país está passando por um momento de incerteza política, o que está pressionando o AUD essa manhã.

A moeda da China voltou a apresentar depreciação, em linha com o movimento global. O cenário para o país ainda demanda extrema cautela.

Não há novidades relevantes no Brasil.




Data: 23/08/2018

Brasil: Volatilidade alta deve continuar.

O dia não trouxe mudanças para o cenário de Brasil. A dinâmica foi marcada por elevada volatilidade, com o dólar terminando o dia em leve alta, mas com uma forte recuperação da bolsa e do mercado local de juros.

Seguimos com uma posição comprada em inflação implícita, menor do que antes, e apenas operando taticamente no mercado de câmbio e juros. Sem atuação relevante no mercado de renda variável. Comentei mais respeito na tarde de ontem. Não mudei minha avaliação desde então (https://mercadosglobais.blogspot.com/2018/08/brazil-from-denial-to-reality.html).

Os ativos locais seguirão bastante sensíveis ao cenário eleitoral e, em certa medida, com alguma descorrelação de curto-prazo em relação aos mercados externos.

Nos EUA, as Minutas do FOMC, na minha visão, não trouxeram novidades relevantes ao cenário. Ao que tudo indica, o Fed seguirá o seu processo de normalização monetária. Recebi algumas indagações de que o Fed estaria mais “dovish” devido ao apontamento dos riscos provenientes dos mercados emergentes e da “guerra comercial”.

Lendo o documento no detalhe e atentamente, percebo que grande parte dos comentários apontam para uma economia sólida, um mercado de trabalho robusto e uma inflação próxima a meta. O Fed afirma que os riscos estão balanceados. Apenas poucas linhas das Minutas citam os riscos provenientes dos mercados emergentes e da “guerra comercial”, porém como riscos e não cenário base, assim como os membros do comitê citam riscos altistas para atividade e inflação, como o impulso fiscal e o mercado de trabalho apertado.

Os ativos mais dependentes da China permaneceram pressionados negativamente ao longo do dia, com o CNH depreciando 0,3% e o Cobre caindo 0,9%, por exemplo. O cenário para o país ainda demanda cautela.




Data: 22/08/2018

Pesquisa Datafolha, Política EUA e sinais negativos da China.

Os ativos de risco estão apresentando alguns movimentos localizados que merecem destaque:

- Na China, voltamos a observar uma queda das bolsas e uma pressão no mercado de commodities metálicas não preciosos, com destaque para o Cobre. Este price-action mostra que a situação econômica e financeira do país ainda não foi definitivamente estabilizada e o cenário para o país ainda é um risco de curto-prazo;

- Nos EUA, os índices futuros de bolsa apresentam leve queda. No final da tarde de ontem, um dos principais advogados de Trump aceitou um acordo de colaboração com a justiça americana. Segundo suas declarações, ele atuou em favor de Trump com o intuito de efetuar pagamentos para mulheres que supostamente teriam tido um “caso” extraconjugal com o então candidato a presidente. O intuito dos pagamentos era para que essas histórias não viessem a público e, assim, afetar o resultado final das eleições.

Eu não sou especialista no tema e tenho praticamente nenhuma vantagem comparativa para emitir uma opinião firme sobre os desdobramentos deste caso. Contudo, podemos entender que este tipo de situação poderia ser passível de algum pedido de impeachment, ou impedimento, do Presidente dos EUA. Se isso irá ocorrer é uma outra questão. A popularidade de Trump está em alta e ele ainda detém maioria no Congresso. Contudo, sua maioria e sua popularidade são frágeis. Com o “mid-term election” em novembro, este pano de fundo poderá se alterar, para o bem ou para o mal. De maneira geral, a situação adiciona um ruído que não existia anteriormente.

- No Brasil, pesquisa Datafolha divulgada nesta madruga confirmou o cenário de indefinição das eleições que predomina já há alguns meses, e levou os mercados locais a acentuada deterioração nos últimos dias. Não vejo motivos de animação com a pesquisa de hoje, pois passa a mesma mensagem das pesquisas recentes:

https://www1.folha.uol.com.br/poder/2018/08/lula-chega-a-39-aponta-datafolha-sem-ele-bolsonaro-lidera.shtml

Observamos pequenas variações para cima de alguns candidatos, todos na margem de erro, exceto pela alta de 9pp de Lula na pesquisa com seu nome. Todos ganhando terreno em relação aos brancos\nulos.




Data: 22/08/2018

Brazil: From “Denial” to “Reality”.

O dia foi de acentuada deterioração dos ativos no Brasil, mesmo com o bom desempenho dos mercados internacionais.

No âmbito externo, sigo gostando da posição tomada em taxas de juros na parte intermediária da curva dos EUA, com hedges em estruturas de opção baixistas de akguns índices de bolsa. Não acredito que o Fed irá “piscar primeiro”, ou seja, que o cenário atual enseja a necessidade de uma interrupção do processo de normalização monetária. A economia dos EUA é bastante fechada e suas condições internas ainda vislumbram a necessidade de continuidade do processo de normalização monetária, o que deixará o ambiente internacional ainda desafiador por algum tempo.

No Brasil, as últimas pesquisas eleitorais colocaram os investidores com os “pés mais no chão”. A expectativa (ou torcida, como vinha apontando neste fórum) de um cenário mais claro e um candidato mais reformista ganhando corpo não está acontecendo. Isso ocorre em um ambiente internacional mais desafiador e com muitos investidores ainda posicionados para uma melhora dos ativos locais. Assim, com um externo pior, um quadro técnico ainda comprometido e um cenário local desafiador, vimos uma forte deterioração dos ativos locais nos últimos dias.

Neste momento, minha visão ainda é cautelosa e negativa. Contudo, vejo menos assimetria de preços nessa direção, pelo menos no curto-prazp. Assim, optamos por reduzir nossa exposição nesta direção ao longo do dia de hoje, mas mantendo uma posição “core” cautelosa no Brasil, basicamente com uma posição comprada em inflação implícita, menor do que antes. Zeramos na exposição tomada em juros na parte curta/intermediária da curva de maneira tática. Manteremos postura mais tática do que o habitual devido ao cenário de incerteza local e a expectativa de manutenção de um ambiente de volatilidade elevada.

No cenário externo, destaque para as Minutas do FOMC amanhã. No Brasil, continuaremos a mercê do cenário político e do cenário externo.

Na China, vimos novas medidas de afrouxamento monetário. Será importante acompanhar se a implementação das medidas recentes serão suficientes para estabilizar a dinâmica de preços no país.

A Itália continua debatendo sua situação fiscal, o que pode ser foco de tensão nos próximos dias.

Em uma semana de feriado, a Turquia saiu um pouco do foco, mas sua situação segue delicada e seus problemas estruturais não foram debelados.

A queda do dólar nos últimos dias é fruto de uma posição técnica comprometida e acabou sendo iniciada por comentários de Trump contrários a alta de juros por parte do Fed, como comentei mais cedo (https://mercadosglobais.blogspot.com/2018/08/brasil-pesquisas-eleitorais-confirmam.html).




Data: 21/08/2018

Brasil: Pesquisas eleitorais confirmam cenário de indefinição.

Os ativos de risco estão abrindo o dia em tom mais positivo, liderados por um movimento de dólar mais fraco no mundo. Este movimento teve início ontem, após Trump reforçar suas críticas ao processo de alta de juros que vem sendo promovido pelo Fed. A posição técnica do mercado de câmbio, excessivamente comprada em dólar, deve ajudar este tipo de movimento no curto-prazo. Estou sem posições estruturais ou táticas no mercado de câmbio neste momento, mais pela posição técnica e pelo nível de preços do que pelo cenário econômico em si.

Os ativos na China apresentaram dinâmica de maior estabilidade. Os policy makers seguem tomando medidas visando estabilizar a economia e a situação financeira do país. Ainda acho cedo para definirmos que foram, definitivamente bem-sucedidos nesta empreitada, mas a estabilização recente dos mercados é um sinal positivo, mesmo que pontual, nesta frente.

A Turquia está em feriado nacional. A moeda do país segue em trajetória de depreciação. O cerne do problema turco ainda não foi endereçado. Assim, fica difícil acreditar em uma estabilização permanente da situação do país.

O destaque internacional da semana ficará por conta das Minutas do FOMC na quarta-feira e para o discurso de Jay Powell, presidente do Fed, na sexta-feira.

No Brasil, as pesquisas eleitorais reforçaram o quadro de indefinição política que irá marcar as eleições para presidente. A única mudança relevante passiva de comentário ficou por conta do avanço de Lula nas pesquisas estimuladas com seu nome. Como, segundo a Lei da Ficha Limpa, tudo indica que Lula não será candidato, nos demais cenários, a corrida eleitoral se mostra indefinida, com cerca de 4 a 5 candidatos, em maior ou menor grau, bastante competitivos. Este cenário já prevalece há alguns meses, sem mudanças relevantes, a despeito da esperança (ou da torcida) do mercado por uma definição mais clara. Não vejo as pesquisas divulgadas ontem como alterando de maneira significativa a preocupação dos investidores com o cenário pós-eleitoral.




Data: 20/08/2018

Tom majoritariamente positivo.

Na ausência de notícias relevantes no final de semana, os ativos de risco estão abrindo em tom de maior estabilidade essa manhã. As bolsas e commodities apresentam alta, neste momento, lideradas pela continuidade do bom desempenho dos índices norte americanos. As moedas, contudo, apresentam leve viés altista para o dólar. A dinâmica dos ativos na China foi de estabilidade, porém sem sinais consistentes de recuperação definitiva.

No Brasil, a semana será marcada pela divulgação de algumas importantes pesquisas eleitorais, especialmente após a pesquisa divulgada na sexta-feira pela XP Investimentos, que mostrou avanço relevante de Haddad, caso Lula não possa ser o candidato do PT.

Como não há mudanças substanciais de cenário, meus comentários recentes seguem válidos: https://mercadosglobais.blogspot.com/2018/08/foco-continua-china-turquia-e-eleicoes.html e aqui https://mercadosglobais.blogspot.com/2018/08/still-rocky-path.html.

No final de semana, o governo da Venezuela promovei uma forte desvalorização, de quase 100% em sua moeda, em uma tentativa de alinha-la ao câmbio paralelo, além de ter promovido aumento do salário mínimo e redução do subsídio aos combustíveis. A Venezuela ganhou algumas manchetes na mídia internacional. A despeito do problema socioeconômico gravíssimo que o país convive há anos e parece piorar a cada dia, o país pouco impacta os mercados financeiros globais.

Na Itália, é importante acompanhar os desdobramentos no país. Com uma dívida\PIB elevada, um governo novo e a reboque da política monetária e fiscal da Área do Euro, o país sofre dos mesmos sintomas de economias emergentes alavancadas e pode voltar ao foco do mercado caso seus problemas fiscais estruturais não sejam endereçados de maneira bem administrada por este novo governo.




Data: 20/08/2018

Foco continua a China, Turquia e eleições no Brasil.

Depois de uma noite bastante negativa, os ativos de risco acabaram terminando a sexta-feira em tom mais positivo, após o WSJ reportar que a China e os EUA estariam trabalhando em um “roadmap” para um acordo comercial de reaproximação.

Confesso que achei o artigo bastante vago e sem grandes sinalizações de avanços concretos, mas entendo a animação pontual do mercado com algo nesta direção (https://www.wsj.com/articles/u-s-china-plot-road-map-to-resolve-trade-dispute-by-november-1534528756?mod=hp_lead_pos2).

Não vimos avanços concretos capazes de estabilizar a situação na Turquia e a fragilidade, que parece cada vez mais estrutural, na China. Contudo, dado a pressão negativa nos ativos de risco (EM, commodities, alta do dólar e etc) nas últimas semanas, é natural esperar movimentos, as vezes rápidos e acentuados, porém pontuais e pouco potentes, de recuperação. Os preços, valuations e aposição técnica do mercado favorecem movimentos pontuais como estes.

Minha visão estrutural mais conservadora, ou negativa para alguns, só será alterada caso o pano de fundo se altere de maneira definitiva, ou seja, com uma pausa no processo de normalização monetária nos EUA, e\ou com medidas ainda mais potentes de estabilização na China, e\ou com avanços concretos de medidas ortodoxas na Turquia. Por ora, não há sinais de que nada disso esteja no horizonte de curto-prazo.

Em relação aos EUA, os números recentes, a despeito alguns sinais de acomodação\arrefecimento do crescimento, mostraram uma economia robusta e saudável, com o mercado de trabalho no pleno emprego e com o hiato do produto fechado. Isso acaba deixando o Fed “de mãos atadas”, seguindo o seu “plano de voo” de normalização monetária. A semana que se aproxima terá uma agenda importante, com as Minutas do FOMC e a reunião de Jackson Hole, com presença garantida de Jay Powell, Presidente do Fed.

No Brasil, a pesquisa semanal de intensões de voto para presidente divulgadas pela XP Investimentos na manhã de ontem, mostrou forte avanço de Haddad, potencial candidato do PT, em todos os cenários. A pesquisa apenas reforça a minha visão de que a disputa eleitoral será extremamente competitiva, com alguns (entre 3 e 4) candidatos bastante competitivos para chegar ao segundo turno. Isto torna o cenário extremamente incerto e desafiador, dado que, a luz da visão do mercado, apenas Alckmin seria capaz de implementar as reformas econômicas necessárias, logo no começo do governo, a fim de evitar cenários mais catastróficos para o país, em um ambiente internacional mais desafiador.

O debate promovido pela Rede TV na noite de ontem em nada altera este cenário. Na minha avaliação preliminar e extremamente amadora neste quesito, os candidatos mais competitivos tentam apenas “não perder”, pouco se arriscando, mas também em nada agregando a suas campanhas. Os candidatos menos competitivos acabam se mostrando “mais soltos” e tentando dialogar de maneira mais direta com seu nicho de eleitorado, passando uma impressão (na minha visão errada, mas que funciona para o grande público) até de um preparo maior.

Diante de todo o exposto acima, sigo com portfólios mais conservadores e postura mais tática, buscando navegar este período mais turbulento.

Continuo gostando estruturalmente da compra de inflação implícita no Brasil. Acredito que o mercado de juros locais esteja com prêmios excessivamente baixos, especialmente em um ambiente em que o dólar testa seus picos recentes, a inflação parece ter feito seu piso e o cenário externo se mostra desafiador. Ainda vejo muitos investidores locais na expectativa, ou talvez o termo melhor seja na esperança e na torcida, de um avanço de Alckmin nas pesquisas, o que a fotografia atual não mostra. Continuo utilizando o dólar e a bolsa para posições táticas, flexíveis e sem viés. Neste momento, sem posições.

No cenário externo, sigo com posições tomadas na parte intermediária da curva de juros nos EUA, porém menor do que no passado recente. Além do ambiente mais desafiador, vemos a posição técnica ruim, como mostrou ontem os dados de posição especulativa semanal da bolsa. Voltamos a alocar algum risco, com visão de hedge, via estruturas de opção baixistas para as bolsas do país.

Neste momento, estamos sem posições relevantes no mercado de câmbio A posição técnica parece excessivamente comprada em dólar, porém o pano de fundo ainda parece ser de um dólar mais elevado.




Data: 17/08/2018

Still a rocky path...

A despeito da aparente tranquilidade das bolsas na Europa e nos EUA essa manhã, e um mercado de commodities mais estável, estamos observando mais uma rodada de pressão nos ativos emergentes, em especial nas moedas, novamente liderados pela Turquia. Na China, a noite foi de CNY estável, mas de no queda (entre 1% e 2%) dos índices de bolsa. De maneira geral, ainda não vi os problemas em ambos os países serem endereçados de maneira estrutural.

Na Turquia, em conference call com investidores na manhã de ontem, o Ministro das Finanças fez um discurso relativamente ortodoxo, afirmando que não irão implementar controle de capitais e adotarão as medidas necessárias para estabilizar a economia. Contudo, colocou grande parte do peso do que está acontecendo no país no ambiente internacional, não deu indicações de que pretende elevar as taxas de juros ou pedir ajuda financeira ao FMI, o que ainda dá alguma sensação de que estão em “negação” em relação a real situação da economia. Indicou que pretendem manter uma política fiscal apertada, o que pode ser visto como positivo. Todavia, o país apresenta menos de 30% de dívida\PIB. O problema do país não é fiscal, mas sim seu balanço de pagamentos e sua inflação de curto-prazo. O fiscal ajuda a inflação estruturalmente, mas o monetário é necessário para ajudar a inflação e a moeda no curto-prazo. Enfim, ainda parece que a situação poderá piorar antes de que medidas concretas na direção correta sejam tomadas.

No Brasil a notícia (rumor) de que Alckmin poderia ser denunciado pelo MP ainda antes do primeiro turno levou a uma forte deterioração dos ativos locais no início da tarde. A dinâmica do mercado me leva a crer que os investidores ainda colocam um peso razoável no crescimento de Alckmin uma vez iniciada a corrida eleitoral. Assim, uma decepção nesta frente, poderia levar a uma forte deterioração dos preços dos ativos locais. Continuo vendo a corrida eleitoral como extremamente competitiva, com cerca de 4 candidatos podendo chegar ao segundo turno. Combinações extremamente negativas poderiam ocorrer, a luz da opinião do mercado em relação aos candidatos, ou combinações menos prejudiciais aos preços. A volatilidade deverá permanecer.

Em relação a China, de acordo com o estrategista do Morgan Stanley que copio abaixo, o país adotou estratégia diferente, drenando liquidez offshore para conter a depreciação da moeda. Se, por um lado, isso ajuda a estabilizar o CNY, por outro lado acaba colocando mais um importante banco central do mundo na direção do aperto de liquidez, o que tem sido o principal problema para os ativos de risco ao longo deste ano:

China tightens offshore liquidity… According to Reuters, the Shanghai branch of the PBOC has banned banks in the Shanghai Free Trade Zone from depositing or lending yuan offshore through interbank accounts. China draining offshore liquidity, pushing 1y CNH forward points above 600bp has helped stabilise RMB markets by reducing speculative flows. The difference between onshore CNY and offshore CNH 3m fixings jumped 80bp overnight to 106bp, but remains low when compared to levels reached during the height of RMB depreciation pressure in late 2015 (over 700bp). Remember, the PBOC’s policy on the RMB, concretely its USDCNY fixing relative to model expectations alongside interbank liquidity conditions, is part of our four-factor USD scorecard, which suggests the DXY will correct lower by 2% on a 3m change basis. However, China pushing the CNY-CNH forward spreads wider (see first Exhibit) does not only stabilise the RMB on FX markets, it also suggests that China has changed its strategy. Draining offshore liquidity comes at a price, namely increasing RMB hedging costs for potential offshore investors into RMB-denominated assets via the Connect programmes

....not boding well for offshore investors… Earlier this year, it appeared China was targeting capital inflows to ease domestic financial conditions which came under strain due to its balance sheet de-risking strategies. Inflows via the Hong Kong- Shanghai Stock and Bond Connect programmes picked up over the course of the past year and were still positive in July despite the intense RMB sell-off in that month. However, with offshore liquidity tightness pushing RMB interest rates higher, potential offshore investors into China’s equity and bond markets may be discouraged as they find it difficult to predict future hedging costs.

...indicating a changing strategy. Instead of attracting inflows, China’s adjusted strategy may focus on preventing outflows. This finding is also supported by our work on China’s balance of payments, finding that the large share of the ‘errors & omissions’ and ‘other investments’ components relative to the reduced size of the total balance may be an indication that the capital account has been less effectively sealed to prevent outflows than previously thought. In respect of its capital account, China seems to have moved from encouraging inflows towards discouraging outflows. As such, China has become more defensive, which may explain its weak equity performance and the commodity bear market. Yesterday, the State Council said China will substantially support private capital investments to stabilise investment and boost the vitality of China's economy. The continued weak performance of the CSI 300 and CRB Rind indices suggests that the market has doubts on the success of its policy approach.

Debt vs cash flow. Debt is a problem when it does not find adequate cash flows to back it up. Creating debt to fund productivity-enhancing and hence cash flow-generating investments is not only unproblematic; it is desirable. However, the last decade has seen QE-inspired debt creation not inspiring investment and hence keeping productivity gains near historic lows. Corporates have repaid equity, handing capital back to investors thus pushing asset prices and consumer-led demand up. Keeping debt sustainable when rates rise is the challenge, and can only work with the help of productivity which boosts cash flows. Starting in February, markets concluded that EM would be in a difficult position as its cash position was regarded as too weak. EM assets started weakening in a domino-like manner, starting with Argentina. Since debt is a global issue, we wonder if the problem of the debt/cash flow mismatch goes beyond EM. If the answer is yes, what FX conclusion is there to be drawn?

US volatility is too low. The second Exhibit shows how the S&P 500 has diverged from the MSCI EM index. Indeed, the spread has reached a multi-year extreme. Obviously, the consensus concludes that the US could generate the cash flow required to service debt in the long term. Hence, the market seems to assume US productivity will pick up beyond a cyclical rebound, coming along with an output gap-closed economy. Even investors who are optimistic on the long-term US growth and productivity prospects may have to agree that the relative US stock market outperformance looks stretched. The same could be said for FX. The DXY looks stretched and is likely to correct lower from here.




Data: 16/08/2018

Relief Rally!

Os ativos de risco estão apresentando recuperação, após a mídia internacional reportar que os EUA e a China irão retomar negociações, ainda em níveis hierárquicos baixos, para uma melhor relação comercial entre ambos os países.

Vejo este anuncio como um passo importante na direção de endereçar um problema de curto-prazo e ajudar um mercado que talvez tenha ficado excessivamente negativo em termo técnicos e de preços.

Contudo, não vejo este como sendo o principal vetor de deterioração do mercado ao longo dos últimos meses. Continuo acreditando que a redução global de liquidez está sendo, e será, o principal vetor, ou tema de investimento, nos próximos meses. Como não vejo o Fed alterando seu processo de normalização monetária, vejo as recuperações dos ativos de risco, como as de hoje, como “relief rallies”, ou seja, pontuais, localizadas, curtas e pouco potentes. Neste ambiente, a volatilidade deverá permanecer mais elevada do que no passado recente.

Não há novidades no Brasil. O PT, como era amplamente esperado, registrou a candidatura de Lula. Os jornais estão dando destaque a isso essa manhã. É totalmente esperado que sua candidatura seja impugnada, mais cedo ou mais tarde, pelo TSE. Uma batalha judicial ainda deverá ser travada, trazendo mídia e atenção ao ex-presidente, mas expectativas que consiga estar na corrida presidencial são bastante baixas.

Hoje teremos um conference call com o Ministro das Finanças da Turquia, as 10h00 horário do Brasil, organizada por 3 bancos internacionais. Além disso, teremos jobless claims nos EUA.

Na noite de ontem comentei mais a fundo sobre alguns temas e sobre estratégias de investimento: https://mercadosglobais.blogspot.com/2018/08/sem-novidades-relevantes.html.




Data: 16/08/2018

Sem novidades relevantes.

Vou tentar não soar como uma vitrola quebrada e fazer uma análise rápida dos principais eventos e seus desdobramentos no dia de hoje:

China – Não houve novidades nessa frente, exceto pela dinâmica terrível do CNY, Bolsas Locais e das commodities em geral (metálicas e petróleo). Comentei mais a fundo sobre o tema nos últimos dias (https://mercadosglobais.blogspot.com/2018/08/turquia-e-china-sintomas-de-uma-mesma.html).

Uma estabilização do humor em relação ao país só será possível com dados mais claros de estabilização da economia. Crescem as dúvidas em relação a capacidade do policy maker em estabilizar a economia em meio a um cenário externo mais desafiador e um ambiente interno de maior alavancagem.

Turquia – As recentes medidas anunciadas pelo país tornaram mais caras, ou talvez até inviáveis, as apostas contra a moeda (TRY). Isso explica a forte apreciação nos últimos dias. Contudo, não houve nenhum avanço na direção de endereçar de fato os problemas estruturais da economia. O anuncio de US$15bi de investimentos do Catar é um passo positivo, mas muito tímido diante das necessidades de financiamento do país.

Com a inviabilidade de promover posições vendidas na moeda, a estruturação de hedges torna-se mais caras ou quase impossíveis. Assim, existe um cenária da busca por hedges em outras moedas emergentes ou outros ativos/instrumentos.

Em suma, acredito que a moeda (TRY) deixou de ser um bom termômetro da situação local. Ainda não vi avanços concretos na direção de ajustes que estabilizem o país de maneira mais definitiva.

Brasil – As pesquisas divulgadas hoje, assim como as demais pesquisas recentes, mostraram um quadro de indefinição política. Nada mudou nessa frente. Não tenho nenhuma convicção de quem ganhará as eleições.

Confesso que fiquei bastante impressionado com o bom desempenho recente do mercado de juros local. Hoje, em especial, o pagamento de cupom das NTN-Bs pode estar ajudando, mas continuo vendo o mercado com pouco prêmio no geral. Continuo vendo bastante assimetria na compra das inflações implícitas.

EUA – Os dados divulgados hoje (retail sales, industrial production, e etc) mostraram uma economia saudável e robusto. Como ainda não vimos um aperto substancial das condições financeiras, a despeito da crise nos países emergentes, o Fed me parece de mão atadas, ou seja, deverá manter o seu “plano de voo” de normalização monetária.

Posições – Reduzimos um pouco nossas alocações negativas após o movimento recente. Seguimos comprados em inflação implícita no Brasil e operando taticamente no dólar e nos juros. Continuamos tomados em juros nos EUA, na parte intermediária da curva, porém com estruturas de opção compradas em volatilidade e vendidas em bolsas dos EUA.

Continuaremos com postura mais tática do que o habitual devido ao ambiente que se coloca a nossa frente.




Data: 15/08/2018

Sem avanços positivos. Viés continua negativo e preocupante.

Os ativos de risco tiveram uma noite de dinâmica negativa, liderados por mais uma deterioração no sentimento em relação a China. Os índices de bolsa do país caíram, na média, mais de 2%, com nova depreciação cambial. As commodities metálicas não preciosas operam sobre forte pressão como o  Cobre, por exemplo, recuando 2% neste momento. OS demais ativos mais dependentes da demanda do país continuam com price-action preocupante. Comentei um pouco mais sobre o cenário da China na noite de ontem (https://mercadosglobais.blogspot.com/2018/08/turquia-e-china-sintomas-de-uma-mesma.html).

Na Turquia, após a moeda depreciar quase 5%, o governo limitou a capacidade dos bancos de apostar contra a Lira (TRY), o que acabou levando a uma forte reação positiva da moeda, que aprecia em torno de 3% neste momento. Além disso, o governo anunciou aumento de tarifas de bens americanos.

Continuo acreditando que as medidas adotadas até agora são apenas paliativas, capazes de reduzir a velocidade de deterioração da depreciação cambial, mas incapazes de alterar definitivamente o quadro econômico e financeiro do país. A situação me lembra bastante o roteiro seguido pela Grécia na crise de 2011-2012. O país, antes de anunciar medidas de ajuste fiscal, monetário e creditício, além de negociar um pacote de ajuda junto ao FMI, tentou de todas as maneiras restringir as “vendas a descoberto” (short sell) na bolsa, nos bonds (CDS) e afins. Após uma situação calamitosa, foi obrigada a tomar a nem sempre fácil decisão de um ajuste econômico, que necessariamente implica em grande pressão negativa em termos de crescimento, com consequências políticas óbvias.

Continuo vendo a situação corrente como extremamente frágil e preocupante, mantendo um viés negativo no curto-prazo. Vejo o Brasil inserido neste contexto, sem grandes novidades locais relevantes. As pesquisas eleitorais serão importantes e terão efeitos no preço, mas o ambiente externo parece que irá dominar no curto-prazo.

Na agenda do dia, teremos uma rodada importante de dados nos EUA, com vendas no varejo, Unit Labor Cost e produção industrial. Vejo a economia americana relativamente robusta e ainda imune ao ambiente global, o que deverá manter o Fed em sua trajetória de normalização monetária, o que não deixa de ser o principal vetor causador de todos esses obstáculos de curto-prazo a economia e aos mercados financeiros globais.




Data: 15/08/2018

Turquia e China: Sintomas de uma mesma "doença".

A terça-feira foi de forte recuperação, na média, dos ativos de risco, capitaneados por uma recuperação dos ativos na Turquia. A despeito da melhora nos mercados emergentes, os ativos mais dependentes da demanda da China apresentaram pressão negativa, após mais uma rodada de dados fracos de crescimento. Os ativos no Brasil basicamente seguiram o humor global a risco, ou seja, apresentaram forte recuperação. Acredito que o cenário externo explica integralmente este movimento.

Os mercados financeiros globais parecem migrar de um problema (Turquia) para outro (China), sem que o problema anterior seja definitivamente endereçado. Porém, ainda não há sinais claros de contágio, com alguns ativos de risco em níveis historicamente elevados (bolsas americanas, por exemplo).

Continuo acreditando que os obstáculos recentes enfrentados por alguns países são meramente sintomas da redução de liquidez global que vem sendo efetuada pelo Fed, e que deverá ser seguida por outros importantes bancos centrais ao redor do mundo. Não vejo, em especial o Fed, alterando essa dinâmica. Assim, acredito que será desafiador para os ativos de risco apresentarem apreciações adicionais de preços ao longo dos próximos meses, exceto por momentos pontuais de aparente calmaria, com uma probabilidade alta de um cenário de maior volatilidade e de maior pressão nos preços e valuations dos ativos de risco.

Eu vejo o movimento de hoje apenas como uma acomodação, que costuma ser natural, em momentos de maior incerteza, em que o cenário (negativo) ainda não está muito claro ou definido.

Não vejo as medidas anunciadas pela Turquia até o momento como suficientes para estabilizar a situação do país de maneira definitiva. Ainda espero incerteza vindas nesta frente, apesar de entender que os canais de contágio não são muito claros e/ou tão grandes assim.

Pela primeira vez em algum tempo a situação econômica e financeira da China aparenta ser um pouco mais grave do que as situações anteriores. Além de um ambiente externo mais hostil, de menor liquidez global e “guerra comercial”, o país precisa lidar com um menor espaço para afrouxamento monetário, fiscal e creditício, em uma economia claramente alavancada. Este pano de fundo, por ora, está impedindo que as medidas recém implementadas sejam capazes de conter os movimentos de depreciação dos ativos locais, como ocorria de maneira recorrente em situações passadas. Este cenário, assim, merece atenção especial e pode ser o principal tema dos mercados nos próximos dias/semanas.

Este ambiente tem levado a uma queda acentuada de algumas commodities metálicas, como é o caso do Cobre. Contudo, o movimento, até o momento, se mostra bastante localizado e sem sinais mais claros de contágio. As volatilidades implícitas no mercado de opções (FX e Equities) seguem historicamente baixas e outros mercados ao redor do mundo não mostram qualquer sinal de problemas.

Continuo com uma visão mais cautelosa com o cenário externo, pelos motivos que vêm sendo amplamente citados neste fórum nos últimos meses (normalização monetária, China, “guerra comercial”, preços/valuations, posição técnica e afins). No Brasil, não tenho nenhuma convicção em relação ao resultado das eleições. Acredito que a corrida eleitoral será apertada e permeada de incerteza e volatilidade para os mercados financeiros locais. Os portfólios, assim, segue mais táticos do que alocativo, mais líquido e simples, com a administração mais ativa do que a média do tamanho e dos instrumentos das alocações.




Data: 14/08/2018

Rebound in Turkey, but China fear growing

Os ativos de risco estão apresentando uma recuperação essa manhã, liderados por uma apreciação de mais de 4% na Lira Turca (TRY). Não há mudanças substancias de cenário na Turquia.

Assim, mantenho um viés negativo e posições que expressam essa visão.

O governo não propôs ou implementou nenhuma medida capaz de reverter, de maneira definitiva, a dinâmica negativa dos ativos financeiros do país. Muito pelo contrário, o governo continua com discurso agressivo e combativo contrário ao imperialismo dos EUA do Ocidente em geral. Enquanto medidas agressivas e ortodoxas não forem implementadas (aperto fiscal e monetário, ajuda do FMI e afins) acredito que as acomodações serão pontuais e esporádicas, de certa forma naturais e esperadas, em um quadro de incerteza e elevada volatilidade.

Na China, os sinais de fragilidade se acumulam, com os dados de atividade econômica de julho abaixo do esperado, mostrando um crescimento baixo. Não a toa, as commodities metálicas não preciosas e os demais ativos mais dependentes do crescimento chinês (como o AUD) continuam a operar sob pressão negativa essa manhã, mesmo com o espasmo de recuperação na Turquia.

Nos últimos meses a China adoto uma série de medidas de afrouxamento monetário, fiscal e creditício, com o intuito de administrar de maneira mais suave a desaceleração do país. Por ora, ao contrário dos outros anos, este plano ainda não se mostrou bem-sucedido e a economia continua mostrando sinais claros de desaceleração. Com a alavancagem já bastante elevada, o nível de estimulo necessário para criar um delta de crescimento maior é cada vez mais acentuado, tornando o poder do policy maker cada vez menor. Além disso, o ambiente internacional de enxugamento de liquidez torna o pano de fundo mais desafiador para a China.

Segundo o Morgan Stanley: On a monthly basis, fixed asset investment (FAI) growth dipped from 5.7% YoY in June to 3.1% in July (the slowest pace since Dec-2002), as a sharp slowdown in infrastructure investment (-5.4% YoY in July vs. -0.9% in June) outweighed a growth uptick in property investment, likely reflecting the lagged effect of aggressive tightening on local government financing vehicles and fiscal consolidation in H1. Retail sales growth also cooled to 8.8% YoY (vs. 9.0% in June) on a slowdown in car and home appliance sales, and industrial production (IP) growth stayed unchanged at 6.0% YoY, as weaker car production offset stronger production growth in other mid- to downstream sectors. Growth of our MS-CHEX index picked up slightly to 4.6% in July (vs. 4.3% in June), largely driven by stronger foreign trade activity. Admittedly, the recent strength of exports and imports is unlikely to be sustained in Q4 after the implementation of tariff hikes.

De acordo com a Bloomberg: A rally in bonds from China’s local government finance vehicles, sparked by the recent easing measures, may be at risk of losing momentum after a surprise bond default by a state-owned firm on Monday. Xinjiang Production Construction 6th Shi State-owned Assets Management, a cotton trader owned by the local government, missed interest and principal on a 500 million yuan ($72.6 million) note on Monday. The company has features similar to an
LGFV, which raises funds for local authorities and carries out infrastructure investments, according to analysts. The default has dampened investors’ belief that the Chinese government would bail out such funding platforms, according to SWS Research Co. China last month introduced a package of fiscal policies aimed at supporting the economy, while a State Council meeting also urged financial institutions to ensure reasonable borrowing demand from LGFVs. Those steps buoyed risk appetite for corporate bonds, so the timing of the missed payments from Xinjiang Production is a surprise, according to a report from TF Securities Co.

Na Alemanha, o ZEW apresentou estabilização com o PIB do 2Q apontando para um crescimento de 0,6%. Os números são certamente mais positivos, mas apenas uma fotografia do passado diante das incertezas recentes emanando da Turquia e do cenário internacional.

Não há novidades relevantes no Brasil, com o foco nas pesquisas eleitorais e no contexto internacional.




Data: 14/08/2018

Cenário segue desafiador. 

Não houve mudanças significativas no cenário externo ao longo do dia, já comentando (aqui: https://mercadosglobais.blogspot.com/2018/08/keep-your-seatbealt-fastened.html) desde a semana passada.

Continuo vendo a situação da Turquia de maneira extremamente frágil. Só vejo medidas agressivas e ortodoxas como capazes de reverter de maneira definitiva a situação do país. Qualquer outra medida, como as anunciadas hoje, será vistas apenas como paliativas, capazes apenas de promover acomodações pontuais no mercado.

Isto tudo ocorre em um pano de fundo em que o Fed, nos EUA, deverá manter seu “plano de voo” de normalização monetária, dado que a situação nos países emergentes, por ora, deverá afetar pouco o cenário interno, com mercado de trabalho robusto, pleno emprego, hiato do produto fechado e acumulo de pressões inflacionárias. Ou seja, desta vez, a “fed put” está muito mais “fora do dinheiro” do que no passado recente.

No Brasil, a tarde foi de recuperação dos ativos locais. Vejo duas explicações possíveis. Primeiro, a expectativa de alguma intervenção do Tesouro ou do BCB nos mercados de câmbio e dívida pública, após declarações para acalmar o mercado. Segundo, algum possível rumor de pesquisa eleitoral.

Continuo vendo um cenário interno de enorme incerteza eleitoral, cujo o quadro pouco se alterou nos últimos meses.

Dito isso, mantenho uma postura tática e defensiva. No Brasil, a única posição estrutural segue sendo a compra de inflação implícita, cuja assimetria me parece muito atraente (não veja a inflação muito abaixo de 4% em cenários positivos e muito acima de 4,5%-5% em cenários alternativos). Sigo com viés tático no dólar e sem muita atuação no mercado de renda variável.

No cenário externo, reduzimos taticamente algumas apostas negativas, após o VIX testar os 15%. Depois de uma forte alta do dólar, zeramos a posição short AUD taticamente, mas mantivemos posição tomada nos juros dos EUA, com hedges via estruturas de opção de índices de bolsas dos EUA (S&P, Nasdaq e compra de VIX).

Continuo esperando um ambiente de elevada volatilidade, que deve favorecer postura mais tática em detrimento a posições alocativas. No curto-prazo, sigo com viés mais negativo, até ter uma visibilidade melhor de uma eventual estabilização da situação na Turquia e nos demais países emergentes.




Data: 13/08/2018

Keep your seatbealt fastened...

Os ativos de risco estão abrindo sobre pressão, com a situação na Turquia longe de uma solução definitiva. No final de semana, os governantes turcos mantiveram uma postura e um tom de desafio em relação aos EUA e aos mercados financeiros globais, mostrando que existe, neste momento, pouca disposição em adotar medidas agressivas e ortodoxas capazes de estabilizar a economia e reverter a dinâmica recente.

Não há novidades relevantes no Brasil. O foco do mercado deverá ficar por conta da situação na Turquia e seus desdobramentos.

Hoje pela manhã, a autoridade monetária divulgou algumas medidas de suporte ao setor bancário. Na minha opinião, são medidas positivas, mas pequenas e pouco poderosas para reverter o quadro econômico e financeiro do país.

Na minha visão, apenas um pacote de medidas ortodoxas, como ajuste fiscal, aperto monetário, ajuda financeiras do FMI, entre outros, serão capazes de estabilizar e, eventualmente, reverter essa dinâmica negativa. Quanto mais tempo demorar para essas medidas serem tomadas, mais poderosas e extremas deverão ser as medidas anunciadas.

O caso recente da Argentina é um bom exemplo disso. Mesmo com taxas de juros acima de 40% e um elevado pacote do FMI, o país ainda está administrando uma depreciação cambial e uma depreciação de seus ativos, em meio um cenário de aperto das condições financeiras globais.

Diante da postura dos governantes turcos, ainda não me parece haver disposição para atuar nessa direção descrita acima. Assim a situação pode ter que ficar pior antes de melhorar.

Segundo a mídia, as medidas anunciadas pelo BC turco são:

Entre as ações, o BC turco citou a elevação dos limites de depósito de garantia das operações com liras dos bancos de 7,2 bilhões de euros para 20 bilhões de euros.

A autoridade também reduziu os índices de exigência de reserva de lira em 250 pontos base para todas as faixas de vencimento e disse que os leilões tradicionais de recompra ou de venda de depósito podem ser mantidos com vencimentos máximos de 91 dias, se necessário.

Além disso, o BC turco afirmou que, em dias com maior necessidade financiamento, mais de um leilão de recompra pode ser realizado, com vencimentos entre 6 e 10 dias. Também será possível que os bancos façam empréstimos em moeda estrangeira no vencimento de um mês, além do tradicional prazo de uma semana.




Data: 13/08/2018

 All bets are off...

Sem a menor dúvida o destaque do dia ficou por conta da forte depreciação da Lira (TRY) na Turquia, que neste momento cai cerca de 16,5% contra o dólar, e acabou gerando um movimento clássico e global de “risk-off”. Hoje pela manhã já escrevi um pouco sobre este tema (https://mercadosglobais.blogspot.com/2018/08/contagio.html).

O que podemos esperar daqui para a frente?

Peguemos o caso mais recente dos eventos na Argentina. O país passou por situação econômica e financeira de fragilidade parecida com a da Turquia. A diferença, neste caso, é que o Governo Argentino adotou postura liberal, pragmática e ortodoxa, como já vinha sendo o caso. No final das contas, acabaram pedindo ajuda financeira ao FMI.

Na Turquia, o governo apresenta propostas mais heterodoxas e afirma não ter a intenção de se curvar a pedidos de ajuda financeira. Além disso, o país ainda precisa lidar com uma “guerra comercial” e sanções por parte dos EUA, o que deixa sua situação muito mais delicada e de solução mais prolongada.

Assim, acredito que a situação não irá se estabilizar por si só. A Argentina, mesmo após todas as medidas adotadas e a ajuda do FMI, ainda está convivendo com depreciação cambial e de seus ativos financeiros. A Turquia terá que se esforçar para conseguir estabilizar sua situação no futuro não muito distante. Talvez a situação ainda precise piorar antes de melhorar.

A exposição dos bancos europeus à Turquia parece ser da ordem de US$110bi. Precisamos entender a fundo os efeitos secundários desses movimentos recentes e do potencial de contágio ainda maior a outros países e mercados.

Tudo isso acontece em um contexto de redução da liquidez global. O Core CPI de julho, divulgado nos EUA hoje, mostrou uma alta de 0,243% MoM e 2,4% YoY, reforçando o cenário de alta gradual da inflação. Diferente do passado recente, não parece haver espaço, pelo menos ainda, para o Fed alterar a sua postura, ou seja, sair do seu processo de normalização monetária, para tentar estabilizar uma situação global exógena a sua economia.

Neste contexto, podemos esperar a continuidade de um cenário de incerta e volatilidade, com eventuais “flash crash” ocorrendo de maneira mais corriqueira do que no passado recente. Apenas esse ano, já vimos situação semelhantes na Argentina, Turquia, Itália, China, Cobre, Facebook, Netflix...apenas para citar alguns exemplo.

O Brasil está inserido neste contexto global e não está imune a todo este ambiente. Para piorar, estamos entrando em um ponto crítico das eleições sem que haja um cenário claro delineado para a política interna. Uma pesquisa semanal divulgada hoje pela XP Investimentos mostrou que Bolsonaro continua consolidado na ausência de Lula, que Haddad, com eventual apoio de Lula, é extremamente competitivo, e que Alckmin, mesmo após as alianças recentes e a mídia que teve, aparece sem conseguir conquistar intensões de votos relevantes ou decisivos.

Continuo com uma visão externa cautelosa e com posições que expressão esta visão, a despeito da relativa (ou aparente) estabilidade que alguns mercados podem ter aparentado ao longo de julho e deste começo de agosto.




Data: 10/08/2018

Contágio.

Os ativos de risco estão abrindo a sexta-feira sobre forte pressão, com um movimento clássico de risk-off. Bolsas e commodities em queda, dólar forte no mundo e depreciação dos ativos emergentes.

O trigger para o movimento de hoje parece estar sendo a rápida e acentuada depreciação (adicional) da Lira (TRY) na Turquia. A moeda hoje cai, neste momento, cerca de 7% contra o dólar.

Contudo, sinais de problemas idiossincráticos em vários países e classes de ativos já vinham sendo percebidos (e comentados neste fórum) há algumas semanas. Apenas para citar alguns: forte depreciação da moeda da China e queda de sua bolsa, problemas na Itália, a própria Turquia, acentuada depreciação do Cobre e etc.

Estes vetores estavam sendo vistos como pontuais e localizados, mas passaram a gerar um contágio maior esta manhã.

O pano de fundo para este ambiente, na minha opinião, é a redução da liquidez global através do processo de normalização monetária das economias desenvolvidas, um processo que deverá perdurar ainda por algum tempo, caso meu cenário base esteja correto.

Assim, continuo vendo um ambiente externo mais desafiador no horizonte relevante de tempo, com os ativos de risco mantendo um perfil de "stop-and-go", ou seja, momentos de aparente tranquilidade sendo seguidos por janelas de incerteza, volatilidade e pressão negativa nos ativos de risco em geral.

Em relação a Turquia, alguma medida mais concreta deverá ser tomada, assim como foi feito na Argentina, que recorreu ao FMI, para estabilizar sua situação econômica e financeira.

A diferença, neste caso, é que ao contrário da Argentina, que tem um governo mais liberal e pragmático, o governo turco é um pouco mais heterodoxo. Além disso, a economia turca é um pouco mais relevante para o mundo emergente e sua presença é mais perceptível nas carteiras de investimentos globais. a exposição dos bancos europeus ao país também aparenta ser mais relevante em termos nominais (fala-se em algo em torno de US$100bi).

A agenda do dia nos reserva a divulgação do Core CPI nos EUA.

No Brasil, o destaque ficou por conta do primeiro debate eleitoral. Não tive a oportunidade de ver o debate em sua integra devido a conflito de agenda, mas o pouco que consegui ver apenas reforça o cenário base de incerteza dessas eleições.   




Data: 09/08/2018

Pesquisa eleitoral mostra cenário de incerteza.

A noite foi de estabilização dos mercados na China, com o CNY operando sem grandes movimentações, porém com forte alta das bolsas. Na Turquia, contudo, o TRY voltou a mostrar acentuada (2,5%) depreciação esta manhã, atingindo, novamente, seu ponto mais baixo (ou depreciado) da história. Os mercados financeiros globais continuam olhando este tipo de dinâmica como pontual e localizada, sem sinais claros de contágio para o resto do mundo.

Na agenda do dia, o destaque ficará por conta do PPI nos EUA, que será uma prévia menos importante do que o Core CPI esperado para amanhã. Este sim, com capacidade de determinar a dinâmica dos ativos de risco nos próximos dias ou semanas, quiçá meses.

No Brasil, os ativos locais apresentaram ontem mais um dia de desempenho relativo pior do que os seus pares. Desta vez, uma pesquisa eleitoral para presidente, em São Paulo, realizada pela CNT\MDA pode ser vista como responsável pelo movimento.

De acordo com a pesquisa, Lula continua liderando a corrida eleitoral quando seu nome é colocado na base. Sem Lula, Bolsonaro lidera com cerca de 4pp percentuais a frente de Alckmin. Alckmin é seguido de Haddad e Ciro, cerca de 4pp atrás. Importante ressaltar que Haddad aparece com cerca de 8pp e Manuela D`Avila com cerca de 1,7pp. Se somados os dois, cuja coligação foi anunciada há alguns poucos dias, ambos somam cerca de 10pp, ficando em terceiro colocado, apenas levemente atrás de Alckmin. Isso sem contar que não houve uma campanha de Lula em favor desta “nova” chapa, com potencial relevante de boa transferência adicional de intenções de voto.

Por ser o maior colégio eleitoral do país e o berço do PSDB há anos, uma vitória de Alckmin em São Paulo é indispensável para leva-lo ao segundo turno. Por ora, seu desempenho nas pesquisas no Estado ainda não mostra um quadro favorável para o seu desempenho.

A pesquisa confirma um cenário eleitoral de incerteza e inalterado, sem mudanças relevantes, que já prevalece há meses, mesmo com tudo que já foi promovido na mídia, em favor e contra vários dos candidatos.

Entendo que a campanha eleitoral ainda não começou. Que as coligações são recentes e que o programa eleitoral e a campanha em si podem fazer uma diferença grande de agora em diante. Contudo, por ora, a fotografia da situação ainda não é animadora para um mercado local que sonha com um candidato mais ao centro, liberal e reformista. Isso explica os recentes movimentos dos ativos locais.




Data: 08/08/2018

Problemas idiossincráticos.

Os ativos de risco estão abrindo próximos a estabilidade. Na China, a noite foi de nova depreciação da moeda e queda das bolsas. Na Turquia, o TRY deprecia cerca de 1,5% neste momento. Ou seja, os problemas idiossincráticos continuam presentes, sem sinais de que foram definitivamente debelados, mas também, por ora, sem gerar contágio ao resto do mundo.

O fluxo de no´tícias para o Brasil foi esvaziado. Ontem comentei um pouco sobre o cenário local: https://mercadosglobais.blogspot.com/2018/08/brasil-dinamica-mostra-um-mercado-sem.html.

Na agenda do dia, destaque para o IPCA no Brasil. Nos EUA, destaque para um leilão de títulos do Tesouro dos EUA. 




Data: 08/08/2018

Brasil: A dinâmica mostra um mercado sem prêmios.

A terça-feira foi de poucas novidades relevantes no cenário externo. Dois vetores precisam ser acompanhando nessa etapa final da semana. Primeiro, o quão sustentável será a estabilização dos mercados na China. Segundo, os indicadores de inflação nos EUA, com o Core CPI sendo o destaque na sexta-feira.

O destaque do dia, assim, ficou por conta da dinâmica dos mercados no Brasil. Eu diria que o dia de hoje marcou definitivamente o período eleitoral, onde a sensibilidade dos ativos locais ficará maior e mais elasticidade a qualquer notícia (ou rumor) nesta frente. É verdade que o anúncio do apoio do Centrão a Alckmin ajudou os ativos locais, porém em meio a um contexto externo favorável que tornou difícil diferenciar o quanto da recuperação dos ativos brasileiros foi fruto de questões locais e o quanto da situação externa.

Hoje, os mercados locais abriram otimistas, seguindo o humor global e na ausência de notícias locais relevantes. No início da tarde, contudo, começaram a apresentar rápida e acentuada deterioração.

Especula-se que um rumor, de uma possível delação premiada, de um possível aliado de Alckmin viria a tona e colocaria o nome do candidato a presidente do PSDB nos holofotes de maneira negativa.

Não se sabe ao certo se este foi o real motivo da deterioração dos ativos locais. O que me chamou mais a atenção foi a magnitude e velocidade de deterioração em cima de um simples rumor, de uma suposição de algo bastante abstrato. A dinâmica do mercado mostrou, ou talvez tenha comprovado, como o mercado está sensível e, talvez, sem muito prêmio para eventuais "cenários de cauda".

O mercado de juros, com a parte intermediária e longa da curva abrindo mais de 20bps dos lows de taxa do dia, me pareceu o tecnicamente mais complicado e com pouquíssimo prêmio. A dinâmica diz muito deste mercado. A bolsa apresentou até comportamento positivo no relativo com as demais classes de ativos.

De maneira geral, continuo sem convicção em relação ao resultado final das eleições.

As Notas do Copom reforçaram o "plano de voo" do BCB de manter os juros estáveis no horizonte relevante de tempo, mas com flexibilidade de atuação em mudanças bruscas de cenário.  




Data: 07/08/2018

Risk-On. Sinais de estabilização na China.

Os ativos de risco estão abrindo a manhã em tom positivo. A noite foi de apreciação da moeda da China e forte alta das bolsas locais (entre 2% e 3%). Este é o primeiro dia de sinal um pouco mais concreto de estabilização da situação do país, mas ainda me parece cedo para afirmar que a situação esteja controlada por completo.

No Japão, os dados de salários apresentaram forte elevação em junho e a mídia está reportando que chegou-se a discutir uma alta de juros no país na última reunião do BoJ. Vejo estes indicadores e este tipo de rumor (ou ruído) na direção de reforçar o cenário de normalização monetária nas economias desenvolvidas e consequente redução do excesso de liquidez global ao longo do tempo.

Na Austrália, o RBA manteve sua política monetária estável, como era amplamente esperado, sem mudanças significativas em seu comunicado.

Neste momento, após depreciação de quase 6% ontem, estamos observando uma apreciação em torno de 1,5% da Lira Turca (TRY). A ausência de liquidez no mercado parece estar ajudando a exacerbar os movimentos na moeda, mas o pano de fundo mantém o cenário negativo de maneira convicta.

Não há novidades relevantes no Brasil que mereçam destaque especial.




Data: 06/08/2018

Problemas pontuais e localizados. Há risco de contágio da China.

Obs: Como o relatório mensal foi enviado no meio da semana passada, excepcionalmente hoje não teremos o envio do relatório semanal.

A semana trouxe poucas novidades relevantes para o cenário econômico, com uma agenda esvaziada, exceto pela queda do Factory Orders na Alemanha, já comentada pela manhã (https://mercadosglobais.blogspot.com/2018/08/china-ainda-mostra-fragilidade.html).

Do ponto de vista da dinâmica dos mercados, contudo, tivemos alguns sinais relevantes, que comentaremos a seguir. Por ora, estou observando problemas pontuais e localizados (Turquia, China, Commodities Metálicas, Itália e etc), que estão sendo tratados pelo mercado como questões idiossincráticas.

Contudo, no que diz respeito a China, caso não haja uma reversão clara e definitiva dos movimentos recentes (queda das bolsas, depreciação do câmbio, desaceleração da economia, fechamento de taxas de juros e afins) acredito que haja espaço para algum tipo de contágio aos demais mercados financeiros globais.

Pela primeira vez em algum tempo a situação econômica e financeira da China aparenta ser um pouco mais grave do que as situações anteriores. Além de um ambiente externo mais hostil, de menor liquidez global e “guerra comercial”, o país precisa lidar com um menor espaço para afrouxamento monetário, fiscal e creditício, em uma economia claramente alavancada. Este pano de fundo, por ora, está impedindo que as medidas recém implementadas sejam capazes de conter os movimentos de depreciação dos ativos locais, como ocorria de maneira recorrente em situações passadas. Este cenário, assim, merece atenção especial e pode ser o principal tema dos mercados nos próximos dias/semanas.

Este ambiente tem levado a uma queda acentuada de algumas commodities metálicas, como é o caso do Cobre. Contudo, o movimento, por hora, se mostra bastante localizado e sem sinais mais claros de contário. As volatilidades implícitas no mercado de opções (FX e Equities) seguem historicamente baixas e outros mercados ao redor do mundo não mostram qualquer sinal de problemas.

Na Turquia, a moeda do país apresentou depreciação adicional de 4,5%, já de níveis historicamente depreciados. Além de uma situação econômica fragilizada, o país precisa lidar agora com a possibilidade de sanções por parte dos EUA.

Na Itália, os papeis soberanos do país continuam com dinâmica ruim e forçando o Tesouro a atuar visando reduzir a volatilidade dos mercados locais.

No campo positivo, os mercados norte americanos continuam mostrando estar saudáveis, com as bolsas próximas aos picos recentes. A temporada de resultados corporativos e a demanda por empresas do setor de tecnologia estão ajudando a dar suporte aos ativos locais.

No Brasil, o dia foi de leve realização de lucros nos mercados de câmbio e renda variável, sem notícias relevantes. O quadro eleitoral deverá tornar os ativos locais mais sensíveis e elásticos a qualquer notícia política, com o cenário externo como pano de fundo.

Continuo com uma visão mais cautelosa com o cenário externo, pelos motivos que vêm sendo amplamente citados neste fórum nos últimos meses (normalização monetária, China, “guerra comercial”, preços/valuations, posição técnica e afins). No Brasil, não tenho nenhuma convicção em relação ao resultado das eleições. Acredito que a corrida eleitoral será apertada e permeada de incerteza e volatilidade para os mercados financeiros locais.




Data: 06/08/2018

China ainda mostra fragilidade.

Os ativos de risco estão abrindo a semana com leve viés negativo. Destaque para a depreciação da moeda da China (0,2%-0,25% neste momento) e para a queda das bolsas locais (entre 1% e 2%). A medida de aumento de compulsório sobre operações de câmbio anunciadas na sexta-feira, até o momento, foi capaz apenas de suavizar o movimento, sem sinais concretos de mudança de tendência dos problemas no país.

Na Alemanha, o Factory Orders apresentou queda de 4% MoM, sinalizando para uma desaceleração do crescimento. A despeito de ser um dado bastante volátil e de difícil interpretação no mês-a-mês, a queda desta magnitude não deixa de transparecer alguma fraqueza, mesmo que de curto-prazo, do crescimento. Efeitos pontuais como a "guerra comercial" e a desaceleração da China e da Ásia podem estar começando a mostrar sinais mais claros de contágio econômico ao resto do mundo.

No Brasil, as convenções partidárias para as eleições presidenciais deste ano foram finalizadas no final de semana sem surpresas relevantes. Exceto pelo apoio do "Centrão" a Alckmin e pela neutralidade do PSB o âmbito federal, a campanha, até o momento, está em linha com o esperado e sem mudanças significativas há alguns meses.

Uma pesquisa Ibope em São Paulo divulgada na sexta-feira mostrou Alckmin a frente de Bolsonaro e dos demais candidatos em seu colégio eleitoral. Este cenário deveria ser esperado dado sua capilaridade e popularidade no maior centro populacional e eleitoral do país, mas não era isso que vina sendo mostrado em outras pesquisas. Assim, esta liderança deve ser vista como positiva pelos investidores, que veem no candidato do PSDB a maior esperança liberal, ao centro e reformista, em um pano de fundo de aumento de expectativas em sua candidatura.

Minha visão central continua inalterada. Para não soar repetitivo, pode ser vista aqui: https://mercadosglobais.blogspot.com/.




Data: 03/08/2018

Risk-On!

A sexta-feira foi de alívio para os ativos de risco, com os ativos no Brasil se destacando no movimento.

Primeiro, a China anunciou medidas visando encarecer as “apostas” contra a sua moeda, o que ajudou a estabilizar o CNY ao longo do dia. O aumento do compulsório para operar a moeda do país já foi utilizado no passado, sem muito sucesso em mudar a direção do movimento, porém capaz de suavizar a depreciação.

Segundo, os dados de emprego nos EUA mostraram, ou confirmaram, um mercado de trabalho bastante aquecido e no pleno emprego.

A reação dos mercados de dólar mais fraco no mundo e fechamento de taxas de juros me parece um movimento mais técnico do que fundamental. Os números recentes mostram uma economia saudável, talvez que já tenha feito seu pico de crescimento, mas sem sinais claros de desaceleração acentuada, em meio a um mercado de trabalho robusto e acumulo de pressões inflacionárias, mesmo que de maneira apenas gradual.

Não vejo mudanças substanciais neste ambiente, mas entendo que a ausência de pressões inflacionárias mais acentuadas, em meio a um crescimento sólido, ajuda a passar a impressão de um cenário tranquilo e de “Goldilocks”.

No Brasil, além desses vetores externos, as recentes articulações de Alckmin, candidato do PSDB a presidente, e considerado pelo mercado como o candidato mais preparado para tocar as reformas econômicas necessárias ao páis, levaram a um otimismo em relação a sua campanha.

Assim, o dia foi de forte queda do dólar, alta na bolsa (ajudada por um resultado corporativo positivo de Petrobrás) e flattening da curva de juros.

Entendo que, como já comentado neste fórum, o apoio do “Centrão” a Alckmim e, agora, a escolha de uma candidata a vice-presidente da região Sul, ligada ao agronegócio e engajada nas redes sociais, coloca o candidato do PSDB em posição vantajosa na corrida eleitoral, mas ainda não muda dramaticamente o cenário de enorme incerteza que cerca a disputa para presidente do país.

De maneira geral, não vejo alterações relevantes no cenário, a despeito de uma dinâmica de preços mais positiva nos últimos dias (em especial hoje). No Brasil, ainda pretendo manter baixa alocação a risco no geral devido as incertezas eleitorais, buscando posições que me parecem assimétricas (inflação implícita) e com postura tática no câmbio e na bolsa.

No cenário externo, continuo acreditando na alta de juros das taxas norte americanas. Gosto de manter hedges via compra de vol em índices de bolsa e pequena posição vendida em AUD via opções (compra de vol com perda limitada) como proxy para os problemas enfrentados pela China.




Data: 03/08/2018

China segue em foco.

Na quinta-feira a Apple foi a primeira empresa a atingir o valor de US$1 trilhão, o que acabou dando suporte as bolsas dos EUA.

Esta noite, contudo, observamos mais uma rodada de depreciação da moeda da China e queda das bolsas locais. OS sinais de fragilidade na China continuam evidentes, a despeito da ausência de qualquer contágio mais relevante, neste momento, ao resto do mundo. Vemos algum impacto negativo nos mercados asiáticos e emergentes, mas ainda de maneira apenas incipiente.

No Brasil, Geraldo Alckmin anunciou Ana Amélia como candidata a vice-presidente, enquanto Marina Silva anunciou Eduardo Jorge. Ana Amélia traz um nome feminino e é do colégio eleitoral do Sul, bastante importante nas eleições. Eduardo Jorge, contudo, é um nome de pouca expressão e de um partido com poder de aglutinação para Marina. Alckmin dá mais um firme passo em sua campanha eleitoral, que pode ajuda-lo a angariar votos à frente, mas ainda não muda de maneira determinante o quadro de incerteza eleitoral.

A agenda do dia terá os dados de emprego nos EUA como destaque. Caso se confirme um cenário de emprego robusto e acumulo de pressões inflacionárias, o cenário deverá se manter desafiador para os ativos de risco (https://mercadosglobais.blogspot.com/2018/08/sem-otimismo.html). 




Data: 02/08/2018

Risk-Off! China assusta e demanda cautela.

Os ativos de risco estão abrindo a quinta-feira sob pressão, liderados por uma dinâmica bastante negativa nas bolsas da Ásia. Estas, por sua  vez, foram puxadas por mais um queda expressiva da bolsa da China.

Entendo que o anúncio, na tarde de ontem, por parte do Governo dos EUA, de que poderia elevar as tarifas de 10% para 25% da proposta de taxar adicionais US$200bi de importações da China possam ter ajudado o movimento, mas creio que este não é o único motivo para esta dinâmica de "risk-off" esta manhã (https://mercadosglobais.blogspot.com/2018/08/sem-otimismo.html).

Os sinais de fragilidade e cautela emitidos pela China, tanto em termos econômicos, como em caráter financeiro vêm se acumulando há algumas semanas e continuam sem uma estabilização ou solução de curto-prazo. A China ainda se representa um dos principais, senão o principal, risco ao cenário econômico global e os sinais continuam preocupantes.

No Brasil, o Copom manteve a política monetária estável, com a Taxa Selic em 6,5%, como era amplamente esperado. Não houve mudanças significativas no comunicado e na mensagem central do BCB. O Banco pretende manter as taxas de juros estáveis no horizonte relevante de tempo, mas está ciente dos riscos, locais e externos, e não se furtará de alterar sua postura, ou seu "plano de voo", caso o cenário seja alterado por algum choque mais permanente ao cenário. 




Data: 01/08/2018

 Cenário sem alterações. Riscos continuam evidentes.

Os dados econômicos divulgados ontem nos EUA continuam mostrando uma economia com crescimento robusto (Chicago PMI, Consumer Confidence) e acumulo de pressões inflacionárias (Core PCE, Employment Cost Index), mas sem que haja uma aceleração mais rápida e acentuada da inflação, pelo menos neste momento.

Os números em nada alteram o pano de fundo para a continuidade do processo de normalização monetária de curto-prazo, que ainda vejo como uma restrição para a apreciação adicional dos ativos de risco ao longo deste ano.

No início da noite de ontem, a Bloomberg reportou que os EUA estariam pensando em elevar de 10% para 25% as tarifas sinalizadas para cerca de US$200bi em importações da China. De acordo com o WSJ, as negociações entre os dois países estariam mostrando poucos avanços.

O momento de crescimento robusto, exuberância do mercado financeiro e algumas "vitórias" nas negociações com Europa e NAFTA, devem dar ímpeto aos EUA em manter uma postura mais dura junto as negociações comerciais com a China. Não vejo o porque, do ponto de vista dos EUA (não que eu ache certo ou errado), mudar esta postura mais dura neste momento. Talvez a situação precise piorar antes de melhorar neste quesito.

Na China, a noite foi de forte queda das bolsas e nova depreciação do CNY. Os sinais de fragilidade continuam evidentes. Nesta manhã, a mídia está reportando que os policy makers estão acelerando os esforços para dar sustentação a economia, agora com o foco no aumento dos empréstimos.

Na Europa, os números recentes (PIB, CPI) mostraram um crescimento ainda saudável, porém mais baixo, e uma inflação mais elevada. Alguns efeitos pontuais podem estar pressionando a inflação para cima, mas este mix de menor crescimento e maior inflação deixa a região em uma situação menos confortável no curto-prazo.

Não há novidades relevantes no Brasil. As pesquisas eleitorais divulgadas nos últimos 2 dias mostram um quadro inalterado, sem mudanças substanciais de panorama. Como comentado na manhã de ontem (https://mercadosglobais.blogspot.com/2018/07/sem-mudancas-significativas-no-japao.html) alguns resultados corporativos pressionara negativamente o Ibovespa ontem, o que acabou afetando o humor no mercado de câmbio e levando a um steepening da curva de juros.

Na agenda do dia, destaque para o ADP Employment, ISM Manufacturing e decisão do FOMC, todos nos EUA.




Data: 31/07/2018

Semana Agitada!

A semana começou com poucas novidades relevantes em relação aos últimos dias.

No Brasil, a pesquisa Focus do BCB não mostrou mudanças significativas nas expectativas do mercado. As coletas de inflação continuam mostrando um quadro de inflação baixa e contida, a despeito de alguns riscos altistas à frente. O resultado fiscal do setor público ficou praticamente dentro das expectativas em junho, reforçando um cenário de fragilidade das contas públicas, o que há muito tempo já é consenso, além de se configurar como o grande problema estrutural do país.

Os ativos locais continuam seguindo o humor global a risco, com uma sensibilidade que deverá se tornar mais elevada a qualquer mudança no cenário eleitoral, à medida que as eleições se aproximam.

Continuo favorecendo uma postura tática e flexível no mercado local de câmbio. Vejo pouco prêmio na curva de juros. Contudo, com a inflação baixa e o crescimento pífio, o BCB poderá ter condições de manter os juros estáveis (ou mais baixos) por mais tempo. Vejo uma assimetria ainda bastante positiva na compra de inflação implícita na parte intermediária da curva.

No cenário externo, o destaque continua por conta da pressão negativa no setor de tecnologia da bolsa dos EUA, em detrimento a outros setores e bolsas de outras regiões do mundo. A temporada de resultados corporativos, o nível de preço e valuation, a posição técnica e o cenário macro global (normalização monetária) parecem ser os pilares que estão ditando este movimento de curto-prazo.

Ainda tenho uma visão estrutural de juros mais altos nos EUA. Vejo as bolsas globais respeitando os ranges recentes, a despeito dos argumentos (válidos e verdadeiros) de valuations atrativos em alguns mercados, posição técnica saudável e etc. Gosto de manter hedges via compra de puts de alguns índices de bolsa. Estamos com viés tático no mercado de câmbio global, com pequena posição comprada em puts de AUD. Estas posições estão sendo administradas de maneira extremamente ágil, flexível e tática.

A semana nos reserva uma agenda extremamente importante nos próximos dias:

Decisão do BoJ, no Japão, esta noite. Nos últimos dias surgiram rumores de que o BoJ poderia anunciar mudanças na sua política monetária. Acredito que, se alguma mudança for anunciada, será marginal. Contudo, qualquer mudança, em um contexto global de normalização monetária, poderá ter impactos relevantes de longo-prazo nos mercados financeiros globais. Tenho comentado bastante sobre isso ao longo deste ano.

Divulgação do Core PCE nos EUA na manhã de terça-feira. Após a divulgação do PIB do segundo trimestre na sexta-feira, este dado perdeu um pouco de relevância. Os números de sexta-feira apontam para um Core PCE entre 0,005% MoM e 0,100% MoM. Este número indicaria um cenário de inflação que sobe apenas gradualmente. Este pano de fundo deverá manter o Fed em um processo gradual de normalização monetária, sem necessidade de frear ou acelerar este processo.

Divulgação do Employment Cost Index (terça-feira) e Average Hourly Earnings (sexta-feira). Estes números serão fundamentais para medirmos o acumulo de pressões inflacionárias na economia dos EUA.




Data: 31/07/2018

Sinais que demandam atenção.

Na sexta-feira o PIB dos EUA ficou rigorosamente em linha com as expectativas coletadas pela Bloomberg, porém abaixo do que chegou-se a especular ao longo da semana. A ata em torno de 4% trimestral anualizada foi uma das mais altas para um trimestre desde a crise de 2008. A abertura do indicador mostrou um quadro qualitativo de crescimento saudável e sustentável. o destaque ficou por conta do consumo com a inflação surpreendendo para baixo. De maneira geral, o indicador não altera o cenário de curto-prazo para a economia dos EUA e deve manter o Fed em seu "plano e voo" de normalização monetária, porém sem necessidades de acelerar ou frear este processo no curto-prazo. Ainda podemos esperar um total de 4 altas e 25bps nas taxas de juros ao longo de todo o ano de 2018 e a manutenção do processo de redução do balanço do Fed.

No Brasil, na sexta-feira, o destaque ficou por conta da divulgação de uma pesquisa semanal de intensões eleitorais para presidente da encomendada pela XP Investimentos. A pesquisa mostrou uma alta em torno de 1 a 2pp nas intensões de votos para Geraldo Alckmin, dentro da margem de erro, mas o levando para o patamar em torno de 10%. Este movimento está em linha com o que o mercado imaginou após o anuncio da aliança do Centrão e ajudou um movimento de performance relativa mais positiva dos ativos do Brasil em relação aos seus pares (https://mercadosglobais.blogspot.com/2018/07/brasil-mudanca-relevante-na-corrida.html). Reforço que, na minha visão, o recente movimento de apreciação dos ativos no Brasil está muito mais ligado ao alívio internacional do que a qualquer mudança no cenário local. Assim, dependendo de como a corrida eleitoral caminhar a partir de agosto poderá ter impacto relevante sobre os preços locais.

Ainda na sexta-feira, o destaque ficou por conta de uma forte queda em alguns índices de bolsas nos EUA. Vejo este movimento como uma reação a divulgação de resultados corporativos abaixo das expectativas (Facebook, Netflix e etc) em meio a um ambiente de estágio final de ciclo econômico nos EUA. A despeito de um crescimento sólido, vemos um hiato do produto fechado, sinais de pleno emprego e acumulo de pressões inflacionárias. Ainda acredito que estamos na fase em que os ativos de risco estão respeitando alguns "ranges". O movimento de sexta-feira nas bolsas dos EUA reforça esta visão, pois muitos desses índices falharam em romper alguns picos históricos. À medida que o ciclo econômico chega ao fim, poderemos ter alguns rompimento para o lado negativo. Contudo ainda não me parece que estamos neste estágio. Ainda podemos esperar incerteza, volatilidade mas que os "ranges" deste ano sejam respeitados.

O final de semana trouxe poucas novidades para este ambiente. Esta manhã, vemos os mercados operando próximos a estabilidade, sem movimentos relevantes neste momento. na China, a moeda voltou a operar sobre pressão (depreciação) e as bolsas em leve queda, mostrando que ainda predomina um cenário de fragilidade no país.




Data: 27/07/2018

Fragilidade na China, Política no Brasil e PIB nos EUA.

A noite foi de mais uma rodada, mesmo que mais branda, de depreciação do CNY, a moeda da China, e queda das bolsas do país. A despeito destes sinais preocupantes de fragilidade da economia e da estabilidade financeira no país, os demais ativos de risco operam próximos a estabilidade neste momento.

No inicio da noite de ontem, a Amazon anunciou resultado positivo, ao contrário do que havia ocorrido com o Facebook no dia anterior. A despeito de uma receita abaixo do esperado e de um guidance de receita menor, as margens mais elevadas e o crescimento em alguns setores considerados mais rentáveis e promissos do que a parcela de "vendas de produtos" acabarm delineando um resultado mais positivo.

No Brasil, os ativos locais devem continuar seguindo o humor global a risco. Continuamos sem novidades relevantes no cenário econômico. A mídia segue dando cobertura a campanha política para as eleições presidenciais e suas articulações. A temporada de resultados corporativos no país, até o momento, na média, apresenta-se como positiva. O mercado, contudo, parece ter antecipado parte deste movimento nas últimas 2 a 3 semanas.

As atenções do dia estarão voltadas para a divulgação do PIB do segundo trimestre nos EUA. As expectativas coletadas pela Bloomberg estão em 4,2% (crescimento trimestral anualizado) mas existe um viés de um número mais elevado, na ordem de 4,5%-5,0%.




Data: 26/07/2018

Movimentos interessantes...

Os ativos de risco estão dando alguns sinais interessantes ao longo desta quinta-feira. Observamos um movimento de dólar forte no mundo, que teve início com a queda do CNY na China durante a noite e acabou sendo acentuada após a reunião do ECB na Europa. Draghi e Cia trouxeram poucas novidades ao cenário, o que ajudou a reforçar a mensagem de juros mais baixos por mais tempo, levando a uma nova onda de pressão no EUR.

Continua me chamando bastante a atenção o que vem ocorrendo na China (https://mercadosglobais.blogspot.com/2018/07/china-em-foco.html). O governo segue divulgando medidas de afrouxamento monetário, financeiro e fiscal. A postura dos policy makers aparenta certo pânico com o cenário de curto-prazo. O CNY, a moeda da China, voltou a apresentar depreciação relevante para os padrões da moeda. Caso este movimento continue, poderá ter reverberações e contágio relevante para os demais mercados financeiros globais.

O dia foi de abertura de taxas de juros nos EUA, após números robustos de Durable Goods e Jobless Claims e ainda refletindo os efeitos positivos do “acordo”, ou “trégua”, anunciada entre EUA e Europa no tocante a “guerra comercial”. Amanhã teremos a importante divulgação do PIB do segundo trimestre, cujas expectativas já se mostram bastante elevadas.

No mercado de renda variável, nos EUA, estamos vendo um movimento relevante de diferenciação entre setores, o que ainda mantém os índices muito próximos aos picos históricos. A divulgação do resultado trimestral da Amazon será extremamente importante, depois do que vimos após a divulgação do Facebook (https://mercadosglobais.blogspot.com/2018/07/trump-to-world-winning.html).

Os ativos no Brasil continuaram a seguir o humor global a risco, com fortalecimento do dólar, juros mais elevados e steepening da curva, e queda da bolsa. Não há novidades relevantes no cenário de Brasil.

O dia de hoje em nada altera minha visão para os mercados e os portfólios.




Data: 26/07/2018

Trump to the world: Winning!

Os ativos de risco apresentaram ontem um dia de "risk-on" clássico, com desempenho positivo de praticamente todas das classes de ativos (https://mercadosglobais.blogspot.com/2018/07/no-news-still-good-news-for-markets.html). O movimento acabou sendo acentuado no final da tarde, após os EUA e a Europa anunciarem uma trégua na "Guerra Comercial" e um pré-acordo para melhorar as relações comerciais entre ambos,  buscando o diálogo com o intuito de um comércio bilateral com menos barreiras.

Tentando não tomar partido de nenhum lado, mas temos que admitir que o avanço da agenda de Trump nos EUA o coloca em situação bastante positiva para os "mid term elections", a despeito de todos os ruídos e críticas envolvendo sua administração. Trump tem conseguido entregar parte relevante da agenda que prometeu em sua campanha.

No inicio da noite, o Facebook anunciou seu resultado trimestral, mostrando um crescimento abaixo do esperado no "Daily Average Users (DAU), margem mais baixa e aumento dos custos, basicamente com forte alta da força de trabalho. Além disso, na conferência após o resultado, os executivos da empresa sinalizaram para um ambiente mais hostil para a rentabilidade da empresa nos próximos trimestres, com crescimento mais brando e margens mais apertadas. A ação caiu cerca de 20% no after-market. Por ser umas das 5 maiores empresas em market-cap nos principais índices de bolsa dos EUA (S&P500 e Nasdaq) a direção da ação hoje pode ter impacto relevante no mercado.

Os ativos na China voltaram a apresentar desempenho negativo esta noite, com depreciação da moeda e queda nas bolsas. Aliado ao resultado do Facebook, estes movimentos estão favorecendo uma abertura mais negativa dos ativos de risco esta manhã. Em relação a China, o governo continua anunciando medidas amplas de afrouxamento monetário e fiscal. Continuo bastante impressionado com a magnitude e a amplitude das medidas. Não me recorde de momento no passado recente em que os policy makers adotaram tantas medidas ao mesmo tempo, de escopos tão amplos, com o intuito de suavizar a desaceleração da economia e os problemas no âmbito financeiro. Vejo isso de duas maneiras. Primeiro, as medidas deveriam ser bem sucedidas em dar algum suporte a economia, como sempre foram no passado, com o sucesso do governo em manter a economia e o crescimento relativamente estáveis. Contudo, a série de medidas pode estar mostrando algum desespero por parte do governo e sinalizando que a situação pode ser um pouco mais grave do que o imaginado. Continuo vendo a China como um dos grandes riscos ao cenário econômico e a estabilidade financeira global e os sinais de fragilidade continuam.

No Brasil, os ativos locais seguiram basicamente o humor global a risco. Acredito que cerca de 90% do movimento dos ativos locais nos últimos dias seja explicado pela melhora no ambiente global. É bem verdade que o quadro político pode ter ajudado o movimento, mas olhando em termos relativos a seus pares vemos que parte relevante da recuperação dos ativos locais pode ser explicado pelo cenário externo. Continuo vendo poucas mudanças no cenário local.

Na agenda do dia, destaque para a decisão de política monetária do ECB na Europa, para o Jobless Claims e o Durable Goods nos EUA.




Data: 25/07/2018

No news (still) good news for markets...

Os ativos de risco estão operando próximos a estabilidade neste momento. O destaque fica por conta de um dólar mais fraco no mundo, com bom desempenho das moedas emergentes. Os ativos de risco apresentaram desempenho mais positivo na China (comentei mais a respeito do país na manhã de ontem: https://mercadosglobais.blogspot.com/2018/07/china-em-foco.html).

Na Alemanha, o IFO - um dos indicadores de confiança mais importantes de toda a Europa - ficou praticamente estável e acima de sua média histórica, a despeito de abaixo dos picos recentes. os indicadores de confiança da região continuam mostrando um crescimento saudável e relativamente robusto, mesmo que abaixo do que se vu na virada de 2017 e início de 2018. Os números em nada alteram o cenário para a região ou as expectativas para a política monetária.

Na Austrália, o CPI ficou abaixo das expectativas do mercado. O número confirma um cenário de total ausência de pressões inflacionárias no país. A Austrália deverá ser um dos últimos países desenvolvidos a dar início a qualquer tipo de normalização monetária. Além da inflação baixa, a recuperação do crescimento se mostra lenta e o país ainda precisa administrar um mercado imobiliário com sinais de bolha em algumas regiões do país.

Não há nenhuma novidade relevante no Brasil. Os ativos locais continuam seguindo o humor global a risco, com os movimentos exacerbados pela posição técnica, muito em linha com o que comentei neste fórum no final da semana passada (https://mercadosglobais.blogspot.com/2018/07/politica-brasil-e-guerra-cambial.html).

Minha visão em relação ao cenário e aos mercados não sofreu nenhuma alteraçao nos últimos dias. Continuo vendo a economia dos EUA em um estágio avançado do ciclo econômico, com crescimento forte, hiato do produto fechado e aperto do mercado de trabalho. O mundo cresce a um ritmo saudável. O processo de normalização monetária nas economias desenvolvidas deverá prosseguir. No longo-prazo, este ambiente deverá se colocar como uma restrição a apreciações adicionais dos ativos de risco.

No curto-prazo, contudo, a impressão de ausência de riscos (somente a impressão, fazendo uma leitura do mercado, não que seja minha opinião, pois vejo diversos riscos no cenário) , com um crescimento global forte, está levando a uma interpretação de um ambiente mais positivo, o que está ajudando a dar ímpeto a apreciação dos mercados financeiros globais. Estes movimentos são ainda impulsionados por uma posição técnica que havia ficado excessivamente negativa (https://mercadosglobais.blogspot.com/2018/07/goldilocks-for-now-not-forever-redux.html) e por uma sazonalidade de baixa volatilidade do verão no hemisfério norte. Não sei ao certo até onde este curto-prazo mais positivo irá perdurar, mas nçao acredito que seja uma nova e prolongada tendência.

Enquanto o cenário de longo-prazo citado acima não ficar mais evidente, os ativos de risco devem permanecer respeitando alguns "ranges" relativamente largos. Quando o cenário ficar mais claro, espero uma tendência mais prolongada de final de ciclo, com movimentos de depreciação dos ativos de risco.




Data: 24/07/2018

 China em foco!

Nos últimos dias, o governo da China anunciou uma série de medidas de suporte a economia, visando estabilizar o crescimento e a situação financeira do país. Por ora, observamos uma recuperação das bolsas locais e das commodities em geral, a despeito da continuidade do processo de depreciação do câmbio. O "modus operandi" do governo chinês está totalmente em linha com o histórico passado, em que os policy makers atuam de forma reativa, na tentativa de administrar de maneira gradual e suave qualquer desaceleração da economia ou ou risco a estabilidade financeira. Historicamente, eles sempre foram bem sucedidos nessas empreitadas. Desta vez, o risco pode ser considerado mais elevado, devido ao contexto global e ao tamanho que o mercado de crédito e a alavancagem atingiu no país nos últimos anos, mas as características ainda bastante planejadas da economia permitem um controle relativamente grande do governo sobre a situação. Me espanta, contudo, a magnitude, a esfera e a agressividade das medidas recentes, que podem estar mostrando que a situação era ainda mais delicada do que se imaginava anteriormente.

Na Europa, a prévia do PMI mostrou relativa estabilidade dos PMIs Manufacturings, com desaceleração dos PMIs Services, levando a uma pequena desaceleração dos PMIs Composites. Os números mostram um crescimento saudável, porém mais brando do que o imaginado anteriormente. Este indicador em nada altera o cenário para a região.

Não há novidade relevantes no Brasil. O cenário externo e as eleições devem continuar a dominar a dinâmica dos ativos locais, já que continuamos a ver um cenário de recuperação apenas lenta do crescimento, uma inflação baixa e contida, contas externas saudáveis mas problemas fiscais latentes, ambiente que já perdurá há vários meses sem alterações relevantes.




Data: 24/07/2018

Taxas de juros novamente em foco.

O dia foi de poucas novidades no âmbito macroeconômico, mas de dinâmica relevante . O destaque ficou por conta da abertura das taxas de juros nos EUA, com importante "steepening" da curva. O movimento está bastante em linha com a visão que vem sendo amplamente debatida neste fórum e o qual escrevi na noite deste domingo, aqui: https://mercadosglobais.blogspot.com/2018/07/normalizacao-monetaria-global.html.

No Brasil, os ativos de risco tiveram um dia de maior tranquilidade após as recentes novidades no campo político (https://mercadosglobais.blogspot.com/2018/07/politica-brasil-e-guerra-cambial.html).

A semana nos reserva uma agenda importante, com destaque para as prévias dos PMIs globais a partir de amanhã, como irá desenrolar os problemas enfrentados pela China e as negocições comerciais juntos ao governo dos EUA, o PIB do segundo trimestre nos EUA e importantes resultados corporativos do setor de tecnologia nos EUA.

No final da tarde de hoje, a Google divulgou um resultado positivo e suas ações subiam cerca de 5% no after-market 




Data: 23/07/2018

Normalização Monetária Global,

O final de semana trouxe poucas novidades no front doméstico e/ou externo.

No Brasil, os partidos políticos estão promovendo suas convenções, e anunciando oficialmente seus candidatos para a corrida presidencial. No final de semana foi a vez de Bolsonaro ficar nos holofotes da mídia neste quesito. Continuo acreditando que a grande novidade do cenário foi o anúncio do apoio do “Centrão” à Alckmin, candidato do PSDB. Já comentei extensivamente sobre isso nos últimos dias (https://mercadosglobais.blogspot.com/).

No cenário externo, o G20 trouxe poucas novidades. O Grupo chamou a atenção para os riscos no cenário prospectivo, especialmente de uma recuperação do crescimento global menos sincronizada, e pelos ruídos envolvendo a postura do governo dos EUA no tocante ao comércio exterior, nada muito diferente do que temos observado quase que diariamente. O G20 não costuma ser um fórum de mudanças importantes de políticas, ou de decisões relevantes.

No final da semana passada, surgiram rumores de que o BoJ, no Japão, poderia alterar sua política monetária, com o intuito de permitir uma alta natural e gradual das taxas longas de juros no país, sem que isso acarrete em aperto das condições financeiras.

Na minha visão, este tipo de rumores ou medida apenas reforça a visão de que estamos apenas no meio de um processo estrutural, talvez multianual, de normalização monetária nas economias desenvolvidas e nas principais economias do mundo. Neste ambiente, devemos esperar mais volatilidade, mais incerteza e ajustes nos preços de uma série de classes de ativos, passados cerca de 10 anos, desde a crise de 2008 nos EUA, em que vigou um ambiente de liquidez excessivamente abundante.

O pano de fundo de baixa volatilidade e precificações excessivas dos ativos de risco está ficando para trás. Este processo de ajuste deverá ser prolongado, caracterizado por um ambiente de “stop-and-go”, ou seja, momentos de normalidade e aparente tranquilidade, como as últimas 3 semanas, pontuados por momentos de maior incerteza, volatilidade e pressão nos preços e valuations dos ativos, como vimos em fevereiro nas bolsas dos EUA, em maio e junho nos mercados emergentes e, mais recentemente, nos preços das commodities.

O Governo Chinês anunciou mais medidas de ajuste visando aliviar a situação financeira local. O país continua passando por um momento de instabilidade e fragilidade. No passado, sempre que o Governo adotou medidas mais proativas na tentativa de suavizar a situação acabou sendo bem sucedido em manter a desaceleração do país apenas gradual, e conter a pressão negativa nos ativos financeiros. Não tenho convicção se estamos diante de um cenário mais negativo desta vez, ou se, em breve, observaremos uma estabilização da situação. A risco, contudo, é que na ausência de uma estabilização, dado o tamanho de tudo que gira em torno da China, os problemas podem ser muito grandes e com reverberações e contágios globais.

A semana será de agenda um pouco mais agitada, com importantes resultados corporativos do setor de tecnologia nos EUA, as prévias dos PMIs globais e o PIB do segundo trimestre dos EUA.

Além disso, precisamos observar como irá ser o andamento das negociações comerciais entre os EUA e seus parceiros, especialmente a China e a Europa.




Data: 23/07/2018

Política Brasil e Guerra Cambial.

O meu ponto é que no curto-prazo dado a posição técnica do mercado, e a mudança marginal, ou o delta positivo, da posição do candidato do PSDB, visto como mais ao centro, liberal e reformista, poderia levar a um movimento positivo dos ativos no Brasil.

Existe uma diferença grande entre movimentos de curto-prazo, táticos, e o cenário de longo-prazo, estrutural. Foi isso que tentei mostrar na manhã de ontem. Ainda vejo uma enorme assimetria na inflação implícita na parte intermediária da curva. No curto-prazo, contudo, tenho buscado um portfólio mais neutro após o evento descrito acima, seja com posições em renda variável ou em câmbio, todas via estruturas de opção com perda limitada cujas vol implícitas ainda não eram excessivamente elevadas. Continuo vendo um cenário de incerteza e volatilidade, especialmente quando colocamos tudo isso no contexto de um cenário externo que ainda vejo como desafiador e menos construtivo, em que as posições táticas serão muito importantes, talvez até mais do que as posições estruturais.

No contexto internacional, além da Guerra Comercial, os EUA parecem estar no caminho de uma Guerra Cambial, após declarações forte de Trump e Munchin. Suas declarações levaram a uma forte queda do dólar no mundo nesta sexta-feira. Ao que me parece, Trump está tentando se aproveitar de uma fragilidade econômica e financeira da China para pressiona-los a mesa de negociações e forjar um acordo comercial melhor para a economia dos EUA.

Eu confesso que não tenho grande convicção do dólar no mundo, nem no curto e nem no longo-prazo. A queda do dólar ontem pode ter sido exacerbada por uma posição técnica muita comprada na moeda dos EUA. Contudo, uma coisa eu aprendi nos últimos 16 anos, a despeito de movimentos pontuais, seja por questões técnicas, seja por tentativas de mudanças de tendência via intervenção verbal, nunca costumam ser bem-sucedidas no longo-prazo. No longo-prazo, as moedas sempre convergem para os seus fundamentos, sejam eles quais forem.

A potencial Guerra Cambial adiciona apenas mais um vetor de indefinição de curto-prazo a um cenário externa já desafiador.

Quanto a China, a situação continua dando sinais de fragilidade. Nos últimos dias, vimos uma atuação mais ativa do Governo na tentativa de estabilizar a situação. Precisamos acompanhar de perto os próximos capítulos nesta frente.




Data: 20/07/2018

Brasil: Mudança relevante na corrida presidencial.

A grande novidade do cenário ficou por conta do anuncio do chamado “Centrão”, no Brasil, de que irá apoiar Geraldo Alckmin, do PSDB, na corrida presidencial. Este acordo irá garantir um tempo de TV extremamente relevante para Alckmin, especialmente em uma campanha curta e com recursos mais limitados. Além disso, o apoio deste “bloco” também garante alguma capilaridade maior a Alckmin em alguns municípios e regiões aonde estes partidos apresentam presença relevante.

Acredito que este anuncio seja extremamente relevante para a corrida presidencial, pois irá colocar Alckmin em uma posição muito melhor que anteriormente, e melhor do que seus principais concorrentes diretos. Entendo que isso não será visto nas pesquisas eleitorais no curto-prazo, mas certamente após começada a campanha. Acredito que exista espaço para os ativos locais apresentarem desempenho relativo e absoluto positivo no curto-prazo, pois vejo a posição técnica do mercado como neutra para levemente na ponta negativa (fundos e tesourarias com viés negativos Brasil).

De qualquer maneira, a incerteza eleitoral permanecerá. Este movimento positivo pode ser rápido e acentuado, porém não definitivo. Ainda teremos bastante volatilidade até o dia das eleições.

Vale aqui um comentário adicional. Depois de tudo o que foi falado sobre a busca pelo “novo” nas eleições, pelo “outsider”, estamos caminhando para um pouco de “mais do mesmo”, com coligações meio que esperadas, e candidatos que estão na política há décadas. Neste ambiente, ainda fico na dúvida se a teoria que nestas eleições as mídias sociais terão impacto tão relevante, ou mais relevante, do que a campanha clássica via TV, rádio e “corpo a corpo” de fato será válida, ou se a TV (rádio e afins) ainda terá um impacto ainda mais decisivo. Se este último for verdade, Alckmin abriu uma vantagem espetacular sobre seus concorrentes.

No cenário internacional, a China continua mostrando fragilidade. A noite foi de volatilidade. Após uma abertura bastante negativa, após um fixing da moeda em níveis depreciados, os mercados locais apresentaram recuperação, com estabilização da moeda e forte alta das bolsas. Existem rumores de que houve intervenção brusca do PBoC no mercado.

Minha visão exposta aqui ontem sobre a China continua válida: https://mercadosglobais.blogspot.com/2018/07/algumas-palavras-sobre-china.html.




Data: 19/07/2018

Algumas palavras sobre a China.

Hoje mais cedo não comentei sobre um outro desdobramento bastante importante do cenário externo, que é a situação bastante delicada da China. Hoje observamos mais uma relevante depreciação da moeda e nova onda de pressão nas bolsas do país.

Há evidência de que o Governo e o PBoC já atuam junto aos bancos em busca de prover liquidez ao mercado, para evitar uma deterioração adicional do mercado de crédito do país.

Historicamente, o Governo chinês sempre foi capaz de conduzir processos de desaceleração da economia e desalavancagem do sistema financeiro de maneira gradual e suave, mesmo que com períodos pontuais de volatilidade. A diferença, neste momento, é o nível de alavancagem que a economia atingiu e a margem de manobra mais apertada existente no cenário local. Além disso, o cenário externo de melhor liquidez global também atua como uma restrição ao poder de administração da situação interna.

Não tenho a convicção se “this time is different” e podemos estar diante de um problema maior na China, ou se o problema é apenas pontual e deve ser passageiro. Contudo, com certeza absoluta, é um vetor que precisa ser acompanhado, pois terá impacto relevante sobre os mercados financeiros globais. No mínimo, torna um cenário global já desafiador ainda mais fragilizado.




Data: 19/07/2018

Mudança de tom: Temporário ou Permanente?

Pela primeira vez em bastante tempo os ativos de risco estão operando em linha com o que eu acredito que seja o cenário base de longo-prazo do pano de fundo global.

Em linhas gerais, um cenário de ciclo econômico em estágio avançado nos EUA, onde mais crescimento implica em hiato do produto fechado, pleno emprego e pressões inflacionárias. Este ambiente, no geral, não costuma ser construtivo para os ativos de risco no geral, especialmente em um momento em que muitas classes de ativos apresentam valuations pouco triviais e após passados quase 10 anos de fluxos exorbitantes e constantes para muitas dessas classes.

Assim, neste momento, estamos observando uma leve alta nas taxas de juros dos EUA, levando a uma queda das bolsas e das commodities, uma alta do dólar e uma pressão nos ativos emergentes.

Reforço que não sei ao certo quando este cenário ficará de fato mais evidente ao mercado, por isso ainda trabalho com um pano de fundo em que os ativos de risco respeitem alguns “ranges”, como tem sido regra ao longo deste ano, porém com mais volatilidade ao longo do caminho.

No Brasil, os jornais dão ampla cobertura a indicação de que o PR poderá caminhar junto com o “Centrão” na decisão do apoio ao candidato a presidente. O cenário segue dividido entre Alckmin e Ciro. Espero uma reação binária do mercado a esta decisão (muita positiva com Alckmin, muita negativa com Ciro), já que o apoio implica em tempo de TV e capilaridade em pequenas cidades e municípios do país. O “Centrão”, segundo a mídia, pretende indicar Josué Gomes para o vide da chapa.

Na Austrália, os dados de emprego divulgados para junho superaram as expectativas e mostraram um quadro de solidez do mercado de trabalho, mas o ambiente externo mais negativo essa manhã está se sobrepondo a notícia local, com o AUD operando sobre pressão neste momento. 




Data: 18/07/2018

Diferenciação entre classes de ativos.

Os ativos de risco estão apresentando desempenho misto nesta terça-feira, com as commodities majoritariamente em queda e o dólar em alta no mundo, a despeito do bom desempenho das bolsas globais e dos ativos emergentes em geral.

Acredito que alguns vetores explicam esta dinâmica, a maior parte deles de curto-prazo. Já toquei neste tema nas últimas semanas aqui https://mercadosglobais.blogspot.com/2018/07/goldilocks-for-now-not-forever-redux.html e aqui https://mercadosglobais.blogspot.com/2018/07/goldilocks-for-now-not-forever.html.

De maneira geral, a posição técnica do mercado, os valuations mais atrativos (em algumas classes de ativos como as bolsas e os ativos EM) e a percepção de um cenário de “Goldilocks” no curto-prazo, em um período de férias de verão no hemisfério norte, sazonalmente mais positivo para os mercados e de mais baixa volatilidade, estão dando ímpeto a esta dinâmica.

A boa temporada de resultados corporativos nos EUA apenas reforça este pano de fundo descrito acima, pelo menos até o momento.

Continuo com pouca convicção de até onde estes movimentos podem ir, mas mantendo minha visão de longo-prazo de estarmos mais próximo do estágio final do ciclo econômico nos EUA. Os ranges devem ser mantidos, com um curto-prazo mais positivo, porém um longo-prazo mais desafiador. Seguimos gostando de posições tomadas em juros nos EUA, aliadas a alguns hedges no mercado de renda variável internacional.

Os ativos no Brasil estão apenas seguindo este humor global mais positivo, com o ímpeto adicional de uma posição técnica que havia apresentando uma forte reversão de excesso de otimismo do começo do ano para um excesso de pessimismo nas últimas semanas.

Nos atuais níveis, não vejo grandes prêmios de risco na curva de juros dado a incerteza do cenário eleitoral local e do pano de fundo externo. O dólar (BRL) deve seguir o humor global a risco, com o agravante da incerteza local. A bolsa apresentou ajuste relevante este mês, e deve continuar seguindo os fluxos pontuais do cenário externo. Nos atuais níveis, gosto da assimetria da inflação implícita da parte intermediária da curva de juros e de posições táticas compradas em dólar através de estruturas de opção. Estou com visão neutra para a bolsa local, no momento.

A agenda do dia trouxe poucas novidades a este cenário. O discurso do Presidente do Fed no Congresso apresentou um tom balanceado, em que a manutenção do processo de normalização monetária deverá continuar no atual ritmo, exceto por mudanças substanciais de panorama.

A produção industrial nos EUA apresentou um rebote da queda do mês anterior, alterando pouco as expectativas para o crescimento do país.

A Inglaterra apresenta alguma incerteza e volatilidade em torno das negociações para o Brexit, o que hoje levou a uma queda mais expressiva do GBP.

Estarei visitando parceiros nos próximos dias, o que pode tornar os updates com periodicidade menor, mas não deixarei de passar as principais impressões sempre que necessário.




Data: 17/07/2018

Sinais de cautela continuam

Os ativos de risco estão abrindo próximos a estabilidade. Ontem o destaque ficou por conta de uma forte queda no preço do Petróleo e para a divulgação do resultado trimestral da Netflix, uma empresa americana que é uma das "queridinhas" dos mercados nos últimos anos, tendo subido cerca de 100% em 2018. Após o resultado de ontem, a ação caiu cerca de 13% no after-market, carregando consigo todos os índices norte americanos.

No campo econômico, nos EUA, as vendas no varejo de junho ficaram dentro das expectativas do mercado, mas com revisões altistas para o mês anterior. Continuamos a ver um cenário de crescimento robusto da economia dos EUA.

Na agenda do dia de hoje, o destaque ficará por conta da aparição do Presidente do Fed no Congresso dos EUA. Espera-se que Jay Powell mantenha o mesmo tom que já foi revelado na Ata do FOMC e no relatório ao Congresso divulgado na semana passada.

No Brasil, não houve mudança no panorama local ou notícia que mereça atenção especial.

Eu mantenho um viés mais cauteloso e acreditando que, por ora, os ativos de risco irão respeitar aluns ranges. Quando ficar mais claro e evidente que estamos em um estágio mais avançado do ciclo econômico, acredito que a maior probabilidade seja de rompimento desses ranges para o lado negativo, de depreciação dos ativos de risco em geral ("risk-off"). Ainda não sei a certo qual será o "trigger" para este movimento e quando ele irá ocorrer, por isso acredito na importância dos próximos dados e das sinalizações do mercado.




Data: 16/07/2018

China: Sinais adicionais de desaceleração gradual da economia.

Os ativos de risco estão operando próximos a estabilidade essa manhã, apenas com um leve destaque negativo para a queda no preço das commodities metálicas não preciosas e do petróleo.

O destaque da manhã ficou por conta dos dados de atividade econômica na China. A produção industrial surpreendeu negativamente, a despeito do PIB e do número de investimentos terem ficado dentro das expectativas do mercado. Os números de hoje confirmam um cenário de desaceleração da economia chinesas, o que corrobora a preocupação e a recente atuação do governo e do PBoC na tentativa de administrar este movimento da maneira mais gradual e suave possível.

No Brasil, não houve notícias formais em torno do encontro do “Centrão” para decidir a candidatura a presidente. Segundo a Folha de São Paulo Ciro Gomes irá dar enfoque em seu programa de Governo com o intuito de atrair o DEM e seus aliados.

De acordo com a mesma Folha, a equipe economia não irá cumprir as pautas bomba do Congresso:

A secretária-executiva do Ministério da Fazenda, Ana Paula Vescovi, afirma que a equipe econômica não vai cumprir parte das pautas-bomba aprovadas pelo Congresso Nacional. À Folha, Vescovi diz que espera um parecer da Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional para subsidiar a manutenção de alíquotas de IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) para os fabricantes de refrigerantes instalados na Zona Franca de Manaus.

Dados de atividade econômica na China:

Q2 real GDP: +6.7% yoy (GS forecast: +6.8% yoy, Bloomberg consensus: +6.7% yoy); +6.6% quarter-over-quarter annualized in Q2 vs Q1, seasonally adjusted by GS. Q1: +6.8% yoy, +7.2% qoq annualized.

Industrial production (IP): +6.0% yoy in June (GS forecast: +6.6% yoy, Bloomberg consensus: +6.5% yoy); +7.7% month-over-month annualized in June vs. May, seasonally adjusted by GS. May: +6.8% yoy, +4.6% mom annualized.

Retail sales: +9.0% yoy in June (GS: +9.0% yoy, consensus: +8.8% yoy); May: +8.5% yoy.

Fixed asset investment (FAI): +6.0% ytd yoy in June (GS: +6.3% yoy, consensus: +6.0% yoy); single month June growth: +5.8%; May single month yoy: +3.9%.

Property-related data:

Floor space sold: +4.5% yoy in June, vs. 8.0% yoy in May (value of sales +17.1% yoy, vs. +20.6% yoy in May).

Floor area under construction: +2.5% yoy in June, vs 2.0% yoy in May.

New starts: +15% yoy in June, vs. +20.5% yoy in May.

Real estate investment: +8.3% yoy in June, vs. +9.9% yoy in May.




Data: 16/07/2018

Goldilocks for now, not forever - Redux.

Os ativos de risco estão seguindo em uma dinâmica positiva, em linha com o que imaginei que poderia acontecer passada a divulgação dos principais dados econômicos nos EUA (https://mercadosglobais.blogspot.com/2018/07/goldilocks-for-now-not-forever.html):

Os números recentes reforçam o cenário de solidez da economia, com mercado de trabalho robusto, porém sem pressões inflacionárias adicionais. As pressões inflacionárias continuam se acumulando, mas não há sinais de necessidade de uma postura mais agressiva por parte do Fed. Este ambiente favorece a estratégia do Fed de normalização gradual da política monetária, sem ter que acelerar o movimento. Esta impressão, mesmo que seja pontual, está ajudando – e pode ajudar nos próximos dias – alguma descompressão daqueles ativos que mais sofreram ao longo das últimas semanas. Estes movimentos devem ser vistos como pontuais, mesmo que com duração de algumas semanas.

Aliado aos vetores citados acima, uma combinação de posição técnica favorável, preços e valuations – em algumas classes de ativos – um pouco mais atrativos e a sazonalidade do verão e das férias no hemisfério norte estão ajudando a dar ímpeto a análise de um cenário de “Goldilocks” e provocando um “risk-on” nos ativos de risco.

Continuo acreditando que esta interpretação e estes movimentos são de curto-prazo. Não sei até onde estes movimentos podem perdurar. Não vejo mudanças substanciais do pano de fundo de longo-prazo.

No Brasil, acredito que grande parte da recuperação recente dos ativos locais, em especial na Bolsa, tenha sido provocada por este pano de fundo externo.

No campo político, existe alguma animação com o começo das alianças para as eleições e o acordo do PSDB com o PSD, em parte esperado. A eventual divulgação do apoio do “Centrão” poderá ter um efeito importante sobre a campanha eleitoral e a percepção do mercado em torno da possibilidade de algum dos candidatos. Ainda existe alguma ponta de esperança, por parte de alguns players, de algum ganho de ímpeto por parte do candidato do PSDB após feitas alianças e começado a campanha eleitoral. Historicamente, o tempo de TV e as alianças sempre foram importantes nesta frente, levando a aumentos não desprezíveis nas pesquisas eleitorais.

Acredito que o cenário ainda é bastante indefinido e só teremos uma possibilidade e melhor avaliação mais perto de começada, ou após iniciada, a campanha eleitoral. Enquanto isso, o cenário externo será preponderante sobre o preço dos ativos locais.




Data: 13/07/2018

Sinais de fragilidade permanecem.

A despeito do bom desempenho das bolsas globais, já vemos sinais negativos novamente esta manhã, com o dólar forte no mundo, as commodities em queda, fechamento de taxa de juros no mundo desenvolvido e um desempenho ruim dos ativos na China.

Ontem, nos EUA, o Core CPI apresentou alta de 0,2% MoM e 2,3% YoY, dentro das expectativas do mercado. O Jobless Claims caiu para próximo  de 215 mil na semana, número muito próximo ao patamar mais baio deste ciclo econômico.

Os números recentes reforçam o cenário de uma economia que cresce a taxas robustas, com o mercado de trabalho sólido e apertado, e um hiato do produto fechado. A inflação mostra trajetória ascendente, porém sem uma aceleração adicional ou acentuada que precise levar o Fed a adotar uma postura mais agressiva (rápida a acentuada) de normalização monetária. Este pano de fundo confirma que estamos, por ora, diante da manutenção de um processo de normalização monetária que pode ser conduzido de maneira gradual, como tem sido feito. Este ambiente não altera o cenário mais cauteloso para os ativos de risco, a despeito de dar algum tempo adicional de ajuste devido a ausência de dados mais elevados de inflação.

No Brasil, ontem, vimos um bom desempenho da Bolsa, mas com uma deterioração absoluta e relativa dos mercados de Câmbio e Renda Fixa. A piora no cenário local, com a “pauta bomba” avançando no Congresso pode ser visto como grande a grande responsável por esta dinâmica. De fato houve uma deterioração não desprezível do cenário desde a greve dos caminhoneiros, que fica evidente a cada dia que passa e cujo mercado começa a se dar conta de maneira mais evidente agora. Comentei sobre isso em outros momentos (https://mercadosglobais.blogspot.com/2018/06/relatorio-semanal-de-asset-allocation.html?q=greve).

Segundo o Estado, o PSD selou apoio a Alckmin nas eleições para presidente, isso daria um tempo próximo a 20% na TV para o candidato do PSDB. De acordo com a mídia, em Pernambuco, o PSB teria acertado apoio ao PT. O PSB segue divido na cena nacional.

Na China, os dados de exportação e importação ficaram acima das expectativas, assim como os números de crédito. No tocante aos agregados monetários, os números mais elevados indicam que o Governo já adota uma postura mais frouxa para contrabalancear, ou administrar de maneira mais suave, a desaceleração recente da economia.




Data: 12/07/2018

Recuperação.

Os ativos de risco estão apresentando recuperação essa manhã. A “guerra comercial” continua a ser o foco do momento, com qualquer notícia em seu entorno movendo o preço dos ativos de risco. Continuo vendo este tema como um risco de curto-prazo, mas o cenário econômico, especialmente, mas não exclusivamente, nos EUA como principal propulsor dos mercados nos próximos meses.

Nesta frente, a divulgação do Core CPI nos EUA pode ser determinante para a dinâmica dos ativos de risco de maneira um pouco mais longa. Vale lembrar que todos os indicadores recentes apontam na direção de uma economia robusta, um mercado de trabalho aquecido e apertado, e sinais de acumulo de pressões inflacionárias, mesmo que ainda não acentuados.

Este mesmo pano de fundo, em menor proporção e em um estágio ainda anterior (em alguns anos) ao estágio norte americano, pode ser visto em outras economias desenvolvidas.

No Brasil, não há mudanças de cenário. As negociações em torno das eleições continuam, sem que hajam mudanças concretas no quadro geral. A mídia vêm, nos últimos dias, reportando a “pauta bomba” do Congresso, que pode colocar as contas públicas em situação ainda mais delicada. Com um governo enfraquecido, a atual equipe econômica trabalha apenas para evitar a aprovação de medidas excessivamente danosas ao país, já que a agenda de reformas acabou ficando de lado.




Data: 11/07/2018

Sinais preocupantes...

A quarta-feira manteve a tônica de “risk-of” do começo do dia (https://mercadosglobais.blogspot.com/2018/07/risk-off.html).

Vale chamar a atenção para a divulgação do PPI nos EUA, superando as expectativas do mercado, e confirmando um pano de fundo de acumulo de pressões inflacionárias no país. Amanhã teremos o Core CPI, cujas expectativas encontram-se em 0,2% MoM e 2,3% YoY.

Em relação aos mercados, observamos forte reação negativa das commodities e das moedas emergentes, com a depreciação superior a 1% do CNH (moeda da China operada em Hong Kong) chamando bastante a atenção, assim como a queda de 5% no Petróleo, a queda de 3,5% na TRY (Lira Turca) e os 1,7% do BRL.

Estes movimentos estão em linha com um momento de final de ciclo econômico e redução da liquidez global, assim como o flattening da curva de juros nos EUA.

Me impressiona, na verdade, ainda vermos as bolsas dos EUA próximas aos picos históricos, diante de um cenário extremamente desafiador. Eu entendo os argumentos de crescimento de “earnings”, P/E “baixos” e bom momento da economia, mas não me recordo de movimentos na magnitude que estamos vendo em EM, Commodities, curva de juros e afins que não tenham afetado o mercado de equities de maneira mais agressiva (caso esses movimentos continuem, é claro).

O Brasil simplesmente seguiu o humor global a risco.




Data: 11/07/2018

Risk-Off!

Os ativos de risco estão apresentando forte movimento de “risk-off” essa manhã, após os EUA divulgarem uma lista de mais cerca de US$200bi em produtos chineses que podem ser passivos de novas taxações de importação. Continuo vendo um cenário extremamente desafiador à frente tanto no tocante ao panorama externo como interno, como podemos ver abaixo nas notícias do dia.

Confesso que não gosto de basear meus portfólios e meu cenário em cima de eventos de pouco poder de previsão, onde tenho pouca vantagem comparativa, como a política comercial dos EUA. Assim, eu mantenho o que já falei aqui outras vezes (https://mercadosglobais.blogspot.com/2018/07/update.html)

A mídia internacional está dando grande enfoque a “guerra comercial” iniciada pelos EUA contra a China e seus potenciais desdobramentos de agora em diante. Os mercados continuam mostrando baixa reação ou precificação a estes movimentos, vendo estes desenvolvimentos apenas como um meio de negociação, para que os EUA cheguem a termos, ou acordos, mais vantajosos ao país. Eu tendo a acreditar que o objetivo final seja esse, mas que talvez o caminho até lá não seja tão benigno como poderíamos imaginar anteriormente. Com a economia dos EUA robusta, um mundo que se mostra saudável e o preços dos ativos de risco, especialmente nos EUA, em níveis elevados, o pano de fundo para o Governo Trump insistir em sua postura de maior confronto nunca pareceu tão favorável. Além disso, as últimas pesquisas qualitativas em torno de seu governo mostram uma melhor na percepção da sociedade em relação a sua administração, o que é extremamente importante as vésperas das “Mid Term Elections” que irão se realizar em novembro. Assim, não podemos descartar a continuidade de uma postura de maior confronto, com uma possibilidade dos mercados financeiros, em algum momento, serem os responsáveis por disciplinar Trump e seu governo, com uma forte reação negativa a sua política.

No tocante ao pano de fundo econômico, que julgo mais importante a longo-prazo, continuo observando sinais de aperto do mercado de trabalho, o que ficou ainda mais evidente com a divulgação do JOLTs Job Openings de maio ontem, nos EUA. O Morgan Stanley trouxe uma avaliação qualitativa interessante do indicador:

Data releases in the US this morning confirmed the message of stronger economic growth in Q2 from recent PMI, auto sales and employment data. NFIB small business confidence beat the consensus estimate in June despite declining slightly relative to its May level. Underlying detail highlighted strength in employment components and the potential for an acceleration in wages due to a lack of skilled labor. Both the "% of firms with positions not able to fill right now" and "% of businesses with few or no qualified applicants for job openings" indices rose to their strongest reported levels in the history of the NFIB survey. Consistent with this message today’s JOLTS data for May, when including revisions, revealed that the number of job openings comfortably exceeded the number of unemployed for a third straight month. Despite concerns about the impact trade tensions may be having on the economy, there is little evidence in the data (yet) that activity levels have been impacted. The bigger concern in the near term may be how well the economy can perform given the lack of desired and available labor.

No Brasil, com o governo enfraquecido, o Congresso aprovou algumas medidas de impacto fiscal negativo, enquanto a pauta econômica de reformas ficou de lado. Segundo o Estado:

O Senado aprovou ontem proposta que revoga decreto do presidente Michel Temer e mantém benefícios tributários para a indústria de refrigerantes na Zona Franca de Manaus. Os incentivos foram cortados para bancar parte da fatura de R$ 13,5 bilhões do “bolsa caminhoneiro”, pacote de subsídios dado pelo governo para reduzir o valor do diesel e pôr fim à greve no setor de transporte de cargas. O texto ainda precisa passar pela Câmara, mas a equipe econômica entende que o ato é ilegal e vai trabalhar para derrubá-lo.

O texto ainda precisa passar pela Câmara, mas a equipe econômica entende que o ato é ilegal e vai trabalhar para derrubá-lo.

O benefício vai tirar R$ 740 milhões das contas públicas em 2018. Esse é um dos itens da pauta apelidada por fontes da área econômica de “farra fiscal”. Como o Estado mostrou em 23 de junho, às vésperas das eleições, o Congresso abriu a porteira para projetos que dão benefícios a alguns setores ou que resultam em perdas de receita, sem nenhum tipo de compensação.

Ontem, os senadores também aprovaram projeto que vai “resgatar” empresas que foram excluídas do Simples Nacional no início do ano. Essas 312,2 mil companhias perderam direito ao regime tributário mais benevolente porque deixaram de cumprir suas obrigações, inclusive de pagamento de tributos, mas podem ganhar nova chance graças à iniciativa do Congresso Nacional. O texto segue para sanção presidencial. O Comitê Gestor do Simples Nacional, presidido pelo secretário da Receita, Jorge Rachid, já emitiu parecer contrário à medida.

Segundo apurou a reportagem, há o temor no governo de que a medida seja considerada renúncia fiscal, já que as empresas excluídas deveriam passar a contribuir pelo regime de lucro real ou lucro presumido, pagando mais tributos. Pelo projeto, elas voltariam ao Simples no meio do exercício, com obrigações tributárias menores.




Data: 10/07/2018

"No news is good news..."

Os ativos de risco estão abrindo próximos a estabilidade essa manhã, na ausência de notícias relevantes. Os ativos na China apresentaram dinâmica mais positivo nos últimos dias, o que também foi um vetor estabilizador para os mercados.

A agenda da semana ganhará relevância a partir de quarta-feira, com a divulgação do PPI e CPI nos EUA, além do início da temporada de resultados corporativos.

Questões localizadas continuam demandando atenção (Turquia, Brexit, Eleições Brasil e etc), mas ainda foram incapazes de gerar qualquer tipo de contágio maior ao resto do mundo ou dos ativos de risco.

Na China, o CPI e o PPI ficaram praticamente dentro das expectativas em junho, mostrando um quadro de baixas pressões inflacionárias. A ausência de inflação reforça um pano de fundo em que existe espaço para a atuação do PBoC no tocante a estímulos monetários com o intuito de dar suporte a economia.

No Brasil, os jornais continuam fazendo a cobertura das eleições, sem que haja qualquer novidade relevante ou concreta nesta frente. Os ruídos envolvendo a prisão do ex-presidente Lula também mereceram manchetes, mas sem que haja de fato qualquer impacto ao cenário.

Para não soar repetitivo, minha visão pode ser encontrada aqui: https://mercadosglobais.blogspot.com/




Data: 10/07/2018

Viés positivo, com problemas localizados.

A segunda-feira se encerra com um excelente desempenho das bolsas globais, mas com alguns problemas idiossicráticos em alguns países.

Na Turquia, o primeiro Ministro anunciou mudanças na legislação e colocou seu genro como Ministro das Finanças. Neste momento, após operar pela manhã em apreciação, a Lira Turca (TRY) deprecia cerca de 3%.

Na Inglaterra, a Primeira Ministra enfrenta grandes pressões de seu gabinete em torno das negociação do Brexit.

No México, os ativos locais vêm operando com dinâmica própria e hoje apresentaram depreciação após números de inflação um pouco mais elevados.

O destaque positivo ficou por conta dos mercados nos EUA, com alta das bolsas e abertura de taxas de juros. O movimento pode estar sendo ajudado pelas expectativas positivas em torno da temporada de resultados, além dos vetores já comentados aqui nos últimos dias (https://mercadosglobais.blogspot.com/).

O dólar ameaçou um movimento de queda, dando sequencia aquele verificado após os dados de emprego na sexta-feira, mas acabou sendo freado pelos fatores acima citados.

Estamos passando, assim, por um período de diferenciação, pelo menos até que um novo tema global de investimentos, ou uma nova grande tendência, se torne mais clara no cenário.

 



Data: 09/07/2018

Risk-On!

 

Os ativos de risco estão iniciando a semana em tom positivo, com “risk-on” generalizado, dando seguimento a interpretação do cenário de “Goldilocks” após a divulgação dos dados de emprego nos EUA na sexta-feira. Comentei sobre essa possibilidade e este pano de fundo no final da semana passada, aqui: https://mercadosglobais.blogspot.com/2018/07/goldilocks-for-now-not-forever.html. Afirmei que a sazonalidade das férias de verão nos EUA, preços e valuations atrativos em algumas classes de ativos e a posição técnica do mercado poderiam favorecer este tipo de movimento no curto-prazo, mesmo que não alterasse o cenário ainda desafiador de longo-prazo. Sigo com visão cautelosa e tentando manter um portfólio relativamente neutro. 

 

Vale ressaltar que nos últimos dias observamos também dados de atividade econômica mais positivos, especialmente na Europa e na Alemanha, o que nos remete ao cenário do começo do ano, em que o crescimento global era sincronizado, favorecendo um ambiente bastante positivo para os ativos de risco. 

 

No Brasil, o imbróglio envolvendo o ex Presidente Lula ontem não passa de um ruído de curto-prazo. A situação em nada altera o cenário político local. Ainda vejo um quadro de indefinição eleitoral, que só deverá ser definido mais próximo as eleições. O mais importante neste tema ficará por conta da capacidade de Lula em transferir votos para o seu eventual candidato a presidente, dado que tudo indica que a situação jurídica dele aponta para a incapacidade de se eleger, baseado na lei de Ficha Limpa. Obviamente, em um cenário menos provável de que Lula seja candidato, as pesquisas mostram que ele continua a ser bastante competitivo.




Data: 09/07/2018

Update.

 

A mídia internacional está dando grande enfoque a “guerra comercial” iniciada pelos EUA contra a China e seus potenciais desdobramentos de agora em diante. Os mercados continuam mostrando baixa reação ou precificação a estes movimentos, vendo estes desenvolvimentos apenas como um meio de negociação, para que os EUA cheguem a termos, ou acordos, mais vantajosos ao país. 

 

Eu tendo a acreditar que o objetivo final seja esse, mas que talvez o caminho até lá não seja tão benigno como poderíamos imaginar anteriormente. Com a economia dos EUA robusta, um mundo que se mostra saudável e o preços dos ativos de risco, especialmente nos EUA, em níveis elevados, o pano de fundo para o Governo Trump insistir em sua postura de maior confronto nunca pareceu tão favorável. Além disso, as últimas pesquisas qualitativas em torno de seu governo mostram uma melhor na percepção da sociedade em relação a sua administração, o que é extremamente importante as vésperas das “Mid Term Elections” que irão se realizar em novembro. Assim, não podemos descartar a continuidade de uma postura de maior confronto, com uma possibilidade dos mercados financeiros, em algum momento, serem os responsáveis por disciplinar Trump e seu governo, com uma forte reação negativa a suas políticas.

 

Ainda neste final de semana um encontro entre as delegações dos EUA e da Coreia do Norte trouxe ruído ao acordo de desnuclearização da Coreia. De acordo com a mídia internacional, a Coreia do Norte chamou as demandas dos EUA e a postura da delegação americana de inaceitáveis, o que coloca em risco o acordo que havia sido anunciado. Acredito que o mercado dê pouca importância a este tema, a despeito da imensa importância geopolítica. Apenas uma deterioração acentuada deste relacionamento, que aproxime de uma guerra de fato, seria capaz de afetar o humor dos ativos financeiros.

 

No Brasil, a mídia continua a fazer a cobertura das eleições, sem que haja qualquer avanço de fato. A XP Investimentos divulgou pesquisa em que mostra que grande parte do eleitorado decide seus votos após iniciada a campanha eleitoral, com a TV ainda sendo importante fonte de informação. Isso confirma a importância das alianças e do tempo de TV dos candidatos, além de reforçar que a disputa continua em aberto, sem definição, como já era verdade desde sempre. 

 

Sigo vendo os mercados financeiros globais ainda respeitado os “ranges” que vem sendo regra ao longo deste ano, com volatilidade (positiva e negativa) mas sem grandes tendências. Para não soar repetitivo, minha visão pode ser revista aqui: https://mercadosglobais.blogspot.com/.




Data: 09/07/2018

Goldilocks for now, not forever.

 

Passada a ressaca da Copa, vamos ao que interessa. Os dados de emprego de junho, nos EUA, mostraram uma criação robusta de vagas de trabalho, uma alta positiva da Taxa de Desemprego – pois foi puxada pela elevação na taxa de participação – porém com poucas pressões de salários. Os mercados reagiram com um movimento clássico de “risk-on”. 

 

De fato, a combinação destes números nos remete aos períodos do passado recente de “Goldilocks” da economia dos EUA e dos mercados financeiros globais. Caso os dados de inflação nos EUA na semana que vem não mostrarem uma alta mais acentuada dos índices de preço, essa dinâmica mais positiva poderá perdurar por mais algum tempo, especialmente em um período de sazonalidade positivo devido as férias de verão no hemisfério norte. 

 

Contudo, não acredito que estes movimentos sejam permanentes, estruturais ou que denotam uma nova tendência. Ainda vejo os mercados globais, grosso modo, com volatilidade (positiva ou negativa), porém respeitando alguns “ranges”. Por isso tenho favorecido um portfólio ainda balanceado. 

 

Ainda vejo a economia dos EUA em estágio avançado do ciclo econômico, e uma economia das Europa e do resto do mundo desenvolvido que ainda demandará normalização monetária e redução da liquidez global, o que não costuma ser positivo para os ativos de risco a longo-prazo. Nos últimos dias, vimos uma recuperação da atividade econômica em alguns dados da Europa, que foram lidos, acertadamente, como positivos pelos ativos de risco. Chamou-me a atenção a forte elevação dos salários no Japão. Ainda é cedo para acreditar em mudança de tendência no país, mas caso se confirme está dinâmica, seria uma novidade extremamente relevante para o cenário. 

 

Em suma, os números recentes reforçam o cenário de solidez da economia, com mercado de trabalho robusto, porém sem pressões inflacionárias adicionais. As pressões inflacionárias continuam se acumulando, mas não há sinais de necessidade de uma postura mais agressiva por parte do Fed. Este ambiente favorece a estratégia do Fed de normalização gradual da política monetária, sem ter que acelerar o movimento. Esta impressão, mesmo que seja pontual, está ajudando – e pode ajudar nos próximos dias – alguma descompressão daqueles ativos que mais sofreram ao longo das últimas semanas. Estes movimentos devem ser vistos como pontuais, mesmo que com duração de algumas semanas. 

 

No Brasil, o IPCA ficou dentro das expectativas, mostrando efeitos altistas pontuais e um qualitativo ainda bastante positivo.

 

Os ativos do Brasil apresentaram dinâmica positiva, seguindo o resto do mundo. A baixa liquidez devido ao jogo da Copa e a posição técnica do mercado (comprada em dólar e já mais negativa) ajudaram a acentuar o movimento da moeda e da curva longa de juros.

 



Data: 09/07/2018

[COMPLEMENTO] Mercados Globais - Emprego nos EUA em foco!

 

Hoje entrou em vigor as tarifas chinesas e americanas em cerca de US$34bi de produtos entre os dois países. Este é o começo de uma guerra comercial em que o mercado espera que seja apenas um instrumento de negociação. A entrada em vigor das tarifas, contudo, acentua a probabilidade de um erro de política comercial, com um impacto maior do que o esperado na economia global e uma eventual reação mais negativa dos ativos de risco. Por ora, vejo o efeito dessas tarifas como mais inflacionários do que com grandes efeitos sobre o crescimento. 

 

Na Alemanha, a produção industrial de maio apresentou forte elevação, seguindo o que já havia sido mostrado pelo Factory Orders. O número reduz a probabilidade de uma desaceleração mais acentuada na Europa no curto-prazo, mantendo o cenário de crescimento saudável ainda inalterado.




Data: 09/07/2018

Emprego nos EUA em foco!

 

Os ativos de risco estão operando próximos a estabilidade, na espera dos dados de emprego de junho nos EUA. Os ativos na China apresentaram dinâmica um pouco melhor esta noite, mas ainda com sinais de fragilidade. Para não soar repetitivo, minha visão segue inalterada e pode ser revista aqui: https://mercadosglobais.blogspot.com/. 

 

Para os dados de emprego hoje nos EUA, o foco deverá permanecer nos indicadores de rendimentos (Average Hourly Earnings). Imagino que, em breve, a criação de vagas mensais de trabalho deverá arrefecer para abaixo dos 200 mil postos mensais, para algo mais perto (ou talvez abaixo) de 100 mil postos, sem que isso signifique um impacto extremamente negativo no crescimento, mas simplesmente pelo estado da economia e do mercado de trabalho próximo ao pleno emprego. Contudo, devermos observar a continuidade do processo de elevação dos rendimentos e da inflação. A dúvida que me resta, neste momento, é a velocidade que este processo se dará. 

 

Não há novidades relevantes no Brasil. Em entrevista a Miriam Leitão, Ilan - presidente do BCB - apenas reforçou a mensagem do comunicado do Copom e das Notas do Copom. 

 

Continuo com viés cauteloso e um portfólio mais defensivo, tanto no Brasil quanto no exterior. 




Data: 09/07/2018

EUA: Crescimento sólido, mercado de trabalho apertado, Fed atento.

 

O dia trouxe algumas informações passivas de comentários: 

 

Brasil – A XP Investimentos divulgou pesquisa com alguns de seus clientes em relação as expectativas para as eleições. A maior parte dos entrevistados (mais de 50%) esperam um segundo turno nas eleições entre Bolsonaro e Marina ou Bolsonaro e Alckmin. Apenas uma parcela menor espera um segundo turno com dois candidatos mais extremos. 

 

Na minha visão, o cenário eleitoral continua extremamente incerto. Não podemos descartar cenário mais extremos do ponto de vista do mercado, dado as inúmeros indefinições que temos pela frente. Assim, ainda existe amplo espaço para deterioração dos ativos locais caso cenários mais extremos se desenvolvam. 

 

O dia foi de deterioração nominal e relativa dos ativos locais. O BCB continuou ausente do mercado de câmbio. Com o dólar a 3,93, o mercado parece mais ajustado após as excessivas intervenções do BCB, mas claramente ainda existe ampla demanda por hedge. O mercado de juros, contudo, ainda parece estar sendo muito afetado pela atuação do Tesouro e não podemos descartar um ajuste (altista nas taxas) uma vez o Tesouro se afastando das intervenções. 

 

EUA – O ADP Employment mostrou uma criação robusta de vagas de trabalho. O ISM Non-Manufacturing mostrou uma economia robusta. As evidências qualitativas do ISM do Markit PMI mostram um mercado de trabalho extremamente apertado e pressões inflacionarias se acumulando. 

 

As Minutas do FOMC apresentaram um quadro em linha com este descrito acima, mas algum receio pontual com relação a “Guerra Comercial” e os desafios enfrentados pelos mercados emergentes. 

 

Acredito que a economia norte americana seja relativamente fechada e a “put” do Fed seja mais “fora do dinheiro” em um ambiente de aperto da economia e acúmulos inflacionários. Os dados de emprego amanhã e o Core CPI na semana que vem serão determinantes para este quadro e, consequentemente, para a dinâmica dos ativos de risco. 

 

Por ora, não vejo nenhum motivo para alterar o cenário base que vem se desenvolvendo desde o começo do ano.




Data: 05/07/2018

EUA: Crescimento sólido, mercado de trabalho apertado, Fed atento.

O dia trouxe algumas informações passivas de comentários:

Brasil – A XP Investimentos divulgou pesquisa com alguns de seus clientes em relação as expectativas para as eleições. A maior parte dos entrevistados (mais de 50%) esperam um segundo turno nas eleições entre Bolsonaro e Marina ou Bolsonaro e Alckmin. Apenas uma parcela menor espera um segundo turno com dois candidatos mais extremos. 

Na minha visão, o cenário eleitoral continua extremamente incerto. Não podemos descartar cenário mais extremos do ponto de vista do mercado, dado as inúmeros indefinições que temos pela frente. Assim, ainda existe amplo espaço para deterioração dos ativos locais caso cenários mais extremos se desenvolvam.

O dia foi de deterioração nominal e relativa dos ativos locais. O BCB continuou ausente do mercado de câmbio. Com o dólar a 3,93, o mercado parece mais ajustado após as excessivas intervenções do BCB, mas claramente ainda existe ampla demanda por hedge. O mercado de juros, contudo, ainda parece estar sendo muito afetado pela atuação do Tesouro e não podemos descartar um ajuste (altista nas taxas) uma vez o Tesouro se afastando das intervenções.

EUA – O ADP Employment mostrou uma criação robusta de vagas de trabalho. O ISM Non-Manufacturing mostrou uma economia robusta. As evidências qualitativas do ISM do Markit PMI mostram um mercado de trabalho extremamente apertado e pressões inflacionarias se acumulando.

As Minutas do FOMC apresentaram um quadro em linha com este descrito acima, mas algum receio pontual com relação a “Guerra Comercial” e os desafios enfrentados pelos mercados emergentes.

Acredito que a economia norte americana seja relativamente fechada e a “put” do Fed seja mais “fora do dinheiro” em um ambiente de aperto da economia e acúmulos inflacionários. Os dados de emprego amanhã e o Core CPI na semana que vem serão determinantes para este quadro e, consequentemente, para a dinâmica dos ativos de risco.

Por ora, não vejo nenhum motivo para alterar o cenário base que vem se desenvolvendo desde o começo do ano.




Data: 05/07/2018

Tom positivo. Agenda importante.

 

As bolsas nos EUA e na Europa operam em alta neste momento, a despeito da continuidade de um péssimo desempenho das bolsas na China e leve depreciação da moeda local. A dinâmica na China ainda pressupõe fragilidade do cenário e ainda demanda cautela. Vemos um arrefecimento no preço das commodities metálicas que pode sinalizar algum contágio deste ambiente para o resto do cenário global. 

 

A agenda do dia será fundamental, aliada ao Payroll amanhã e o Core CPI nos EUA na semana que vem, para a direção dos ativos de risco no curto-prazo. Foco no ADP Employment e nas Minutas do FOMC. 

 

Na Alemanha, o Factory Orders divulgado hoje cedo apresentou alta acentuada e acima das expectativas, afastando o risco de uma desaceleração adicional da economia da Europa no curto-prazo, mas colocando o processo de normalização monetária no país de novo no centro do debate. 

 

Não há novidades relevantes no cenário para Brasil. Comentei um pouco sobre os mercados locais ontem (https://mercadosglobais.blogspot.com/2018/07/brasil-posicao-tecnica.html). 

 

Na minha visão, o cenário global, exceto por flutuações naturais em torno desta tendência, irá continuar mostrando uma economia nos EUA robusta e saudável, com aperto do mercado de trabalho e fechamento do hiato do produto, com acumulo de pressões inflacionárias. Já não vejo dados fortes (positivos) como favorecendo uma dinâmica positiva (“risk-on”) para os ativos de risco, pois mais crescimento implica em mais inflação e, consequentemente, juros mais elevados. 

 

Entendo que a taxa de criação de vagas de trabalho (ADP Employment \ Payroll) invariavelmente irá arrefecer abaixo da média de 200 mil por mês dos últimos meses (talvez mais perto, ou abaixo, de 100 mil), sem implicar em desaceleração da economia. Muito mais importante que estes indicadores, de agora em diante, serão os indicadores de remuneração (Average Hourly Earnings \ Employment Cost Index \ e etc) além dos indicadores de inflação propriamente ditos (Core CPI, Core PCE e afins).




Data: 05/07/2018

Brasil: Posição Técnica.

A quarta-feira de feriado nos EUA trouxe pouco liquidez aos mercados locais. O destaque do dia ficou por conta da Produção Industrial (PIM) de maio, que apresentou queda de 10,9% MoM, acima das expectativas de queda de 13,2% MoM. O número foi fortemente influenciado pela greve dos caminhoneiros e parte relevante da surpresa positiva ficou por conta da alta na indústria extrativa. Os indicadores antecedentes, de confiança e as sondagens de junho e julho apontam para uma recuperação extremamente lenta e gradual do crescimento. Acredito que ainda podemos ter revisões baixistas para o PIB deste ano.

No tocante aos ativos locais, o dólar (BRL) caminha para encerrar o dia no maior patamar deste ciclo econômico, acima de 3,90 e mostrando que as intervenções do BCB foram suficientes apenas para suavizar o movimento e atrasar o ajuste da moeda.

Interessante observar o movimento de flattening da curva de juros. Confesso que não sei ao certo o motivo do movimento.A bolsa mostrou desempenho positivo nos últimos dias, provavelmente baseada na percepção de preços e valuations atrativos.

Os movimentos recentes estão em linha com o que estamos ouvindo dos fundos multimercados nas primeiras atualizações do final do mês de junho. De maneira geral, sabendo que é sempre complicado generalizar, vemos o mercado mais comprador de dólar, mas ainda confiante em juros mais baixos por mais tempo no país, e com um viés mais otimistas com o mercado de renda variável. Estes feedbacks estão totalmente em linha com o desempenho recente dos ativos locais. Assim, começa a me preocupar um pouco a posição técnica do mercado. Alguns poucos fundos ainda mantém posição comprada em inflação implícita na parte intermediária da curva, como um hedge relativamente assimétrico para as eleições.

As posições hoje são mais balanceadas do que no passado recente e o mercado não parece unidirecional. De forma geral, contudo, eu tendo a acreditar que o mercado ainda é mais comprado (mais otimista) com os ativos locais, a despeito da concentração de posições compradas em dólar contra o Real.

A agenda de amanhã e sexta-feira, com ADP Employment, ISM Non-Manufacturing, FOMC Minutes, Payroll e com o Core CPI na semana que vem poderão ser determinantes para a dinâmica dos ativos locais e globais nas próximas semanas. Estes dados podem definir a melhor alocação de portfólio para o curto-prazo. Stay tuned!




Data: 05/07/2018

Tom positivo. Agenda importante.

As bolsas nos EUA e na Europa operam em alta neste momento, a despeito da continuidade de um péssimo desempenho das bolsas na China e leve depreciação da moeda local. A dinâmica na China ainda pressupõe fragilidade do cenário e ainda demanda cautela. Vemos um arrefecimento no preço das commodities metálicas que pode sinalizar algum contágio deste ambiente para o resto do cenário global.

A agenda do dia será fundamental, aliada ao Payroll amanhã e o Core CPI nos EUA na semana que vem, para a direção dos ativos de risco no curto-prazo. Foco no ADP Employment e nas Minutas do FOMC.

Na Alemanha, o Factory Orders divulgado hoje cedo apresentou alta acentuada e acima das expectativas, afastando o risco de uma desaceleração adicional da economia da Europa no curto-prazo, mas colocando o processo de normalização monetária no país de novo no centro do debate.

Não há novidades relevantes no cenário para Brasil. Comentei um pouco sobre os mercados locais ontem (https://mercadosglobais.blogspot.com/2018/07/brasil-posicao-tecnica.html).

Na minha visão, o cenário global, exceto por flutuações naturais em torno desta tendência, irá continuar mostrando uma economia nos EUA robusta e saudável, com aperto do mercado de trabalho e fechamento do hiato do produto, com acumulo de pressões inflacionárias. Já não vejo dados fortes (positivos) como favorecendo uma dinâmica positiva (“risk-on”) para os ativos de risco, pois mais crescimento implica em mais inflação e, consequentemente, juros mais elevados.

Entendo que a taxa de criação de vagas de trabalho (ADP Employment \ Payroll) invariavelmente irá arrefecer abaixo da média de 200 mil por mês dos últimos meses (talvez mais perto, ou abaixo, de 100 mil), sem implicar em desaceleração da economia. Muito mais importante que estes indicadores, de agora em diante, serão os indicadores de remuneração (Average Hourly Earnings \ Employment Cost Index \ e etc) além dos indicadores de inflação propriamente ditos (Core CPI, Core PCE e afins).




Data: 04/07/2018

Feriado nos EUA. Destaque para PIM no Brasil.

Hoje será feriado nos EUA, o que deixará os mercados com baixa liquidez. Na China, a despeito do segundo dia consecutivo de apreciação da moeda (CNY) as bolsas do país apresentaram mais um dia de queda, mostrando que ainda prevalece uma incerteza e fragilidade no cenário local.

Na agenda local, destaque para a PIM, onde se espera uma queda entre 12% e 16% da produção em maio, ápice da greve dos caminhoneiros. Nossa área econômica tem nos reportado que a recuperação em junho e os indicadores e sondagens de junho e julho apontam para uma recuperação da atividade muito mais modesta e gradual do que o que poderia se imaginar, ao contrário da inflação, que já dá sinais inequívocos de arrefecimento, e cujos núcleos seguem extremamente baixos.

No Brasil, pesquisa eleitoral do Poder360 mostrou uma queda nas intenções de voto de Bolsonaro, alguma alta de Ciro e Marina, com leve queda de Alckmin. Todos os movimentos foram pequenos e dentro da margem de erro da pesquisa. Os números de hoje reforçam o quadro de incerteza do cenário eleitoral e, por ora, em nada alteram a dinâmica política do país. Acredito que em fins de julho e começo de agosto, com as coligações já formadas, poderemos ter um panorama mais claro para as eleições. Existe uma probabilidade não desprezível de chegarmos no final do primeiro turno com um quadro em que 4 ou 5 candidatos sejam viáveis, ou tenham capacidade e intenções de voto suficientes, para chegar ao segundo turno, assim como foi as eleições para prefeito do Rio de Janeiro nas ultimas eleições locais (https://www.poder360.com.br/datapoder360/datapoder360-a-3-meses-da-eleicao-bolsonaro-e-lider-e-nao-voto-tem-42/).

Na Inglaterra, o PMI Manufacturing ficou acima das expectativas, mostrando um quadro de crescimento saudável e robusto. O número eleva a chance de mais uma alta de juros no país no curto-prazo. Eu vejo a Inglaterra em um ciclo econômico muito parecido com aquele dos EUA, com o emprego apertado, o hiato do produto fechado e acumulo de pressões inflacionárias. A diferença do país, contudo, reside nas incertezas provenientes do Brexit.




Data: 03/07/2018

Relief Rally!

Os ativos de risco estão apresentando um “relief rally” neste momento. Por ora, os movimentos ainda são tímidos, porém positivos. As bolsas da China apresentaram leve alta (0,4%-0,5%)  e a moeda do país apresentou pequena apreciação (0,2%-0,3%).

O movimento positivo desta manhã esta sendo sustentado pela notícia de um acordo na Alemanha em torno do coalização para a manutenção do Governo de Merkel. Isso vinha sendo um vetor negativo que estava ajudando a dar um tom mais negativo nos ativos europeus.

Na China, o PBoC divulgou um comunicado em que explica os fatores que estão levando a depreciação do CNY e que não é uma política de Estado a depreciação da moeda. Segundo o Morgan Stanley:

The PBoC governor said in a statement at 2:10pm today that the central bank is paying attention to recent RMB fluctuations, which are “mainly due to factors such as a stronger dollar and external uncertainties, and there has been some pro-cyclical behavior", and pledged to keep the RMB stable at an equilibrium level. Both CNY and CNH appreciated against the US dollar after the statement.

This echoes our view that recent RMB depreciation is NOT intended to be used as a countermeasure against trade measures, as the lesson from August 2015 suggests that an active material depreciation could hurt market confidence and financial market stability. While the CNY may overshoot with shifting market expectations of policy stance amid higher trade tensions, the PBoC is unlikely to encourage material currency depreciation. We expect more PBoC intervention if depreciation risk intensifies

O comunicado ajuda a acalmar os ânimos de curto-prazo, mas em nada altera os vetores responsáveis pela pressão na moeda do país. Este é um vetor que ainda demanda cautela e atenção.

Nos EUA, ontem, vimos a divulgação de um forte ISM Manufacturing, o que confirma o cenário de uma economia sólida e robusta. As pressões inflacionárias continuam a se acumular.

Eu tenho, hoje, dúvidas se dados econômicos mostrando crescimento forte nos EUA serão bem recebidos pelos ativos de risco. Ainda acredito que o principal tema para os mercados nos próximos meses será a normalização monetária e o enxugamento de liquidez dos principais bancos centrais do mundo. Uma economia norte americana forte implica em continuidade, ou aceleração, do processo de normalização monetária, o que tem se colocado como uma grande restrição a um processo mais prolongado, permanente e duradouro dos ativo de risco, mantendo os mercados mais voláteis e incertos.

No Brasil, a pesquisa Focus do BCB continua mostrando expectativas de inflação ancoradas. As coletas de inflação já parecem ter feito seu pico e começam a mostrar arrefecimento mais acentuado na ponto, o que indica que o choque inflacionário da greve dos caminhoneiros foi realmente pontual. Contudo, os indicadores de atividade econômica apontam para uma recuperação mais lenta do que o esperado.

Todo este ambiente deve ajudar a estratégia do BCB em manter, neste momento, a Taxa Selic estável. Este cenário não é contemplado na curva de juros, que ainda embute um prêmio relevante de altas de juros no curto, médio e longo prazo.

O BCB tem ficado ausente do mercado de câmbio, enquanto o BRL parece “apenas” seguir o humor global em torno do dólar no mundo, sem um descolamento maior ou irracionalidade (falta de liquidez). Isso tem dado sustentação a um movimento de alta da moeda norte americana em relação ao Real.




Data: 02/07/2018

Risk-off. Cenário negativo da China começa a gerar contágio.

Os ativos de risco estão abrindo em tom mais negativo, com movimentos clássicos de “risk-off”. A dinâmica desta manhã está em linha com o panorama que traçamos na tarde de ontem, aqui: https://mercadosglobais.blogspot.com/2018/07/cenario-continua-desafiador.html. Não há muito mais informações para adicionarmos nesta manhã além do que já foi comentado ontem.

Destaque para mais uma rodada de depreciação da moeda da China, o CNY, e para um dia de forte queda nas bolsas da Ásia, lideradas pela China, mas seguidas pelos demais países da região, em um claro movimento de contágio.




Data: 02/07/2018

Cenário continua desafiador.

 

O final de semana trouxe novas evidências de que o cenário econômico e político global continuam mostrando sinais de complexidade, que demandam uma postura mais cautelosa. Reforço minha mensagem principal de sexta-feira (https://mercadosglobais.blogspot.com/2018/06/eua-mais-inflacao-menos-crescimento.html) de que o pano de fundo de aperto do mercado de trabalho nos EUA, com o hiato do produto fechado e a economia no pleno emprego começa a mostrar, nos dados econômicos, um cenário de acumulo de pressões inflacionárias, em um momento em que poderemos observar algum arrefecimento do crescimento, mesmo que ainda em níveis elevados, robustos e saudáveis. Os ativos de risco, no geral, continuam apresentando pouco poder de absorção de um ambiente mais desafiador a frente, na minha opinião.

Não vi nenhuma novidade realmente concreta no cenário para Brasil. Os jornais continuam dando enfoque as negociações eleitorais. Ao que tudo indica a coalização entre PSB e PDT de Ciro Gomes parece estar avançando e pode ser anunciada a qualquer momento, segundo a mídia local.

Na China, o Manufacturing PMI caiu de 51,9 para 51,5 pontos, praticamente dentro das expectativas, porem confirmando uma desaceleração da economia. Chama a ateção o arrefecimento do Export Orders, que caíram de 51,2 para 49,8 em junho. A situação da economia chinesa e dos mercados locais ainda demanda atenção especial e cautela.

Nesta mesma linha, vimos mais um arrefecimento das exportações na Coréia do Sul, que pela característica de uma economia aberta, costuma ser olhada como proxy para o crescimento da Ásia e do mundo.

Nos EUA, Trump manteve uma retórica dura, ou melhor, manteve uma postura de ameaça a seus parceiros comerciais. Desta vez, voltou suas declarações ao setor automobilístico e a Europa em especial. Uma possível “Guerra Comercial” é um “risco de cauda” que, hoje, temos pouco poder de previsão, mas os indicadores de confiança podem começar a sentir estes impactos caso não tenhamos uma retórica mais branda nas próximas semanas.

Ainda segundo a mídia nos EUA, a Coreia do Norte, estaria mantendo estruturas de enriquecimento de urânio para fins militares, em uma clara afronta ao “acordo” anunciado juntos aos EUA. Este é um risco que, até o momento, apresentou pouco impacto nos mercados financeiros globais de maneira mais permanente, e assim deve permanecer, pelo menos enquanto não houver uma mudança substancial de cenário nesta frente.

Na Alemanha, a situação política do Governo Merkel continua fragilizada.




Data: 29/06/2018

EUA: Mais inflação, menos crescimento.

O grande destaque desta sexta-feira, na minha opinião, ficou para os dados econômicos nos EUA. Como comentei hoje cedo, não irei comentar a fundo a dinâmica dos ativos de risco hoje, pois os fluxos de final de trimestre/semestre podem distorcer qualquer sinalização dos mercados.

Os números econômicos nos EUA mostraram um crescimento ainda sólido e saudável, mas com sinais de que o seu pico possa já ter sido feito. No tocante a inflação, acumula-se sinais de pressões altistas de preço. Existe uma chance não desprezível de observarmos números de crescimento mais fracos e inflação mais fortes nas próximas semanas, o que não costuma ser uma combinação positiva para ativos de risco.

Reforço o que escrevi mais cedo, com a contribuição do Morgan Stanley:

Os números na margem mostram alguma desaceleração do crescimento: The Q2 spending profile now shows a deceleration throughout the quarter: 0.6% in March, 0.5% in April and 0.2% in May.

A inflação continua dando sinais de firmeza e já se encontra na meta do Fed. Vale lembrar, contudo, que o Fed está confortável com o Core PCE “em torno de” 2%, ou seja, se não acentuar a alta de 2%-2,2%, na minha visão, não haverá mudança de política monetária: Headline PCE inflation, meanwhile, rose 0.21% (in line with MS/consensus), boosting the year-over-year rate of total PCE inflation to 2.25%—at or above the Fed's 2.0% goal for the third consecutive month.

O Chicago PMI se manteve perto das máximas deste ciclo econômico, com novos sinais de pressões inflacionárias. O Michigan Confidence apresentou leve arrefecimento, mas ainda em patamar elevado. As expectativas de inflação continuam a se mover para cima.

Continuo vendo a evolução de um cenário que deverá se colocar como uma restrição para apreciações adicionais, ou tendências mais prolongadas e positivas. Por ora, ainda não vejo nenhum “trigger” para uma tendência mais negativa, mas a evolução de um cenário que pode caminhar nesta direção. Enquanto isso, espero a manutenção de um ambiente de maior volatilidade e tendências (ou movimentos) mais curtos. Os portfólios devem estar adaptados a este ambiente.

No Brasil, a pesquisa mensal de emprego mostrou uma deterioração na parte qualitativa do mercado de trabalho, o que apenas reforça a situação de uma recuperação ainda mais lenta do que o esperado no crescimento do país. Os dados fiscais apresentaram recuperação, o que deve garantir o atingimento da meta fiscal deste ano com certa tranquilidade. Este vetor, contudo, é uma foto do passado e os riscos prospectivos nessa frente, na ausência de reformar adicionais, continuam extremamente elevados.

Neste momento, estamos presenciando mais uma rodada de depreciação do Peso na Argentina (ARS), o que apenas confirma a minha visão de um cenário global ainda conturbado e longe de uma estabilização mais duradoura.

O final de semana trará as eleições no México como destaque. Já é amplamente esperado que AMLO, o candidato de esquerda, ganhe as eleições, com potencial de conseguir uma maioria no congresso nunca antes atingida. Nos últimos anos AMLO migrou para um discurso mais ao centro, o que está fazendo os investidores acreditarem em um cenário parecido com o Lula no Brasil em 2002, em que a despeito de ser de esquerda, o país acabou passando por um período de bonança. Só vale lembrar, contudo, que o cenário internacional é totalmente diferente atualmente. Assim, qualquer erro ou guinada mais à esquerda/populista será punido de forma mais rigorosa pelo mercado. Dado a importância do México para o mundo emergente, e as comparações que serão feitas com Brasil, precisamos estar atentos ao que ocorrerá no país a partir de segunda-feira.




Data: 29/06/2018

 "Risk-on": Final de trimestre pode afetar os fluxos hoje.

Os ativos de risco estão abrindo a sexta-feira em tom mais positivo, com movimentos clássicos de “risk-on”. Destaque para a alta nas bolsas globais. Os mercados na China apresentaram recuperação, com leve apreciação da moeda (CNY) mas forte alta dos índices de bolsa.

Como hoje é final de trimestre e de semestre, alguns fluxos pontuais poderão distorcer, pontualmente, a dinâmica de preços, sem que isso seja de fato um sinal de melhora no cenário. Assim, deveremos esperar a semana que vem para termos uma noção mais clara do panorama internacional em termos de dinâmica de mercado.

Continuo com viés mais cauteloso, mas administrando ativamente o tamanho e os instrumentos do portfólio, tentando manter este viés, porém com um portfólio balanceado e com alguns temas de investimentos específicos. Dado as incertezas e a volatilidade dos mercados, as posições hoje estão com baixa utilização de risco.

Na Europa, a União Europeia conseguiu chegar a um acordo de última hora no tocante a questão migratória da região, o que tira um peso da região e pode trazer alguma estabilidade política local, especialmente para o Governo de Merkel na Alemanha.

Na Inglaterra, o PIB do primeiro trimestre do ano apresentou alta superior as expectativas, após revisão do PIB de crescimento de 0,1% QoQ para 0,2% QoQ.

Na Alemanha, o desemprego caiu novamente pelo décimo segundo mês consecutivo, em cerca de 15 mil postos de trabalho, com o desemprego permanecendo nos pisos históricos de 5,2%. O número mostra um mercado de trabalho extremamente apertado e próximo ao pleno emprego.

Nos EUA, os números continuam apontando para um crescimento extremamente sólido da economia no 2Q, que pode chegar a 4,5%-5% QoQ anualizado. Os indicadores de confiança e as evidências anedóticas, contudo, começam a mostrar os impactos negativos da “Guerra Comercial” nas expectativas, o que pode vir a afetar o crescimento neste começo de 3Q. O próprio Fed já começa a chamar a atenção para este possível impacto. O dia hoje será de agenda agitada no campo econômico.

No Brasil, o Relatório de Inflação trouxe uma mensagem muito parecida ao que já havia sido sinalizado nas Notas do Copom. As previsões de inflação do BCB continuam bastante baixas e ancoradas, mesmo após a alta do dólar. As medidas de núcleo encontram-se ainda mais baixas, especialmente aquelas mais afetadas pela atividade econômica. Na atual conjuntura, não há necessidade de um ciclo de alta de juros por parte do BCB. Isso será reavaliado em cada reunião. Olhando de hoje, apenas uma alta extremamente acentuada do dólar, que venha a afetar as expectativas de inflação, será capaz de alterar a postura do BCB. A atividade continua muito fraco e a recuperação mais lenta do que o esperado pelo BCB até pouco tempo atrás, e mesmo descontado os efeitos da greve dos caminhões.




Data: 28/06/2018

Sinais de estabilização dos ativos. Cenário segue com vetores negativos.

Após uma quarta-feira de “risk-off” generalizado, os ativos de risco estão mostrando alguma estabilização neste momento, a despeito de mais um dia de péssima performance dos ativos na China, com depreciação cambial e queda dos índices de bolsa. Todos os vetores que apontei ontem (aqui: https://mercadosglobais.blogspot.com/2018/06/risk-off_27.html) continuam presentes e ainda não foram endereçados. Assim, continuo vendo um cenário mais negativo no curto-prazo.

Para colocar mais uma pitada de complexidade ao cenário, além desses vetores citados nos últimos dias (redução da liquidez global, problemas na China, “Guerra Comercial”) temos convivido com uma forte alta no preço do petróleo, o que costuma se caracterizar por mais inflação e menos crescimento, em um momento já de economia, especialmente nos EUA, no pleno emprego e com o hiato do produto fechado.

No tocante a China, a Bloomberg está reportando que o Governo pretende proibir a venda de “bonds” (títulos de dívida) de curto-prazo por parte das empresas. Pela primeira vez em cerca de um ano e meio o país vive um momento de apreensão e dificuldade. Ainda me parece cedo para ter uma opinião mais firme em relação a real situação da economia, mas me parece claro que o cenário é bastante complicado e demanda cautela no curto-prazo.

No Brasil, o BCB não atuou no câmbio mesmo com uma depreciação cambial relevante, porém não muito diferente dos seus pares. Espero a continuidade das intervenções, mas em montante inferior ao que vinha sendo feito ao longo do ultimo mês. A maneira de intervir deverá ser mais errática, com intuito apenas de prover liquidez e evitar a irracionalidade do mercado. O BRL ainda parece precisar de algum ajuste (de depreciação) dado as pesadas intervenções recentes.

Caso a depreciação continue de forte acentuada, afetando as expectativas de inflação de 2019 e à frente, o BCB já sinalizou que poderá elevar a Taxa Selic como meio de conter a desancoragem das expectativas.

Os dados econômicos recentes trazem poucas novidades para o cenário de Brasil. A inflação de curto-prazo continua elevada, mas parece estar fazendo seu pico. Poderemos ter números mais baixos de inflação do meio de julho ate final de agosto. A atividade econômica mostra-se bastante deprimida. Será importante ver em que medida a atividade irá se recuperar após a greve dos caminhoneiros, e diante de um quadro externo desafiador e um ambiente político indefinido. Os primeiros indicadores de sondagem mostram uma recuperação aquém do previsto após a greve, o que merece atenção.




Data: 27/06/2018

Risk-Off!

Os ativos de risco estão abrindo o dia novamente em tom negativo, com movimentos clássicos de “risk-off”. Destaque para mais uma forte queda das bolsas na China e depreciação do Yuan (CNY), a moeda do país (mais detalhes abaixo). Continuo com visão mais cautelosa e negativa no curto-prazo. As posições refletem este viés. Contudo, sigo com postura mais tática, ainda vendo os mercados em ranges.  Para mais detalhes das posições, vejam aqui: https://mercadosglobais.blogspot.com/.

Alguns vetores justificam este pano de fundo mais nebuloso nos últimos dias. Vamos a eles:

1 – A normalização monetária nos países desenvolvidos, em especial nos EUA, continua a reduzir a liquidez dos mercados e a se colocar como uma grande restrição a apreciações adicionais aos ativos de risco. Vejo este vetor como estrutural, ou seja, de longo-prazo. Acredito que este processo irá continuar a criar uma espécie de barreira a apreciações mais acentuadas e prolongadas dos ativos de risco.

2 – A China passa por um momento mais delicado de desaceleração, o que não ocorria desde 2016. O país costuma, quase que anualmente (exceto em 2017) passar por períodos curtos de desaceleração que, normalmente, são administrados de maneira bem sucedida pelo Governo e pelo PBoC. A atuação desses agentes, nos últimos anos, sempre foi suficiente para estabilizar a economia e os mercados, mas não sem antes criar volatilidade e momentos negativos nos ativos de risco.

A cerca de 5 a 6 semanas, começamos a ver sinais de fragilidade na economia chinesa. Desta vez, contudo, com o agravante de um problema um pouco mais agudo no mercado de crédito, que sempre foi apontando como um enorme risco de longo-prazo à economia.

Neste caso, só nos resta acompanhar os próximos passos da economia e dos mercados na China, mas pela primeira vez em cerca de um ano e meio o país começa a se mostrar um vetor desestabilizador para os mercados financeiros globais, após um longo período de estabilidade e pouca atenção dada pelos investidores.

3 – O Governo dos EUA continua caminhando na direção de maior confronto nas negociações comerciais. Este tema é mais espinhoso e incerto, dado a imprevisibilidade desta administração liderada por Trump.

4 – A Europa passa por um momento de incerteza econômica, com sinais de desaceleração da economia, e problemas políticos diversos, como a situação do novo governo na Itália e a fragilidade de Merkel na Alemanha. A Europa está se mostrando que pode começar a ser vista como o novo Japão em termos de economia e política, ou seja, uma região com baixo crescimento estrutural, mudanças políticas constantes e poucas pressões inflacionárias. A comparação não é perfeita e nem totalmente “honesta”, mas é uma percepção que poderá se formar com o tepo.

No Brasil, o CMN reduziu a meta de inflação de 2021 para 3,75%. A mudança é um enorme avanço institucional para o país, pois irá tornar mais “caro” políticas heterodoxas em eventuais novos governos eleitos. Não vou entrar no mérito da discussão se a decisão foi, ou não, acertada.

Acredito que a decisão irá ajudar a ancorar as expectativas de inflação mais longas. Não vejo a decisão alterando a política monetária de curto-prazo. O mercado estava bastante comprado e inflação implícita na parte intermediária da curva e esta decisão poderá causar alguma pressão (baixistas de taxa) nestas posições e na parte intermediária da curva, no curto-prazo. Com o cenário externo ainda nebuloso e o político local indefinido, contudo, a decisão pouco deve alterar a dinâmica de médio-prazo (3 a 6 meses).

Ainda ontem o STF anunciou algumas decisões que podem favorecer o ex Presidente Lula, soltando alguns condenados em segunda instância que estavam presos. Os casos não são idênticos, mas as decisões serão vistas pelo mercado como um sopro de esperança para Lula ser solto em agosto.




Data: 26/06/2018

Sinais de estabilização. Fragilidade ainda presente no cenário externo.

Os ativos de risco apresentaram ontem um dia de “risk-off” clássico. Hoje pela manhã, estamos observando uma dinâmica mais estável, sem novidades relevantes no cenário. Os sinais de fragilidade, contudo, ainda permanecem.

Continuo com visão cautelosa e esperando que os mercados continuem apresentando movimentos de “stop-and-go”, ou “risk-on, risk-off” ao longo do ano, até que um cenário mais negativo se desenvolva. Este roteiro seria seguido seja pelo erro na política comercial americana, seja pela alta mais aguda da inflação nos países desenvolvidos (e nos EUA em especial), ou pela chegada do risco de desaceleração do crescimento global. Nenhum desses vetores (ainda) parecem estar presentes, o que me leva a crer que, por ora, o cenário base seja de mais volatilidade, porém ainda dentro dos “ranges” (das bandas) que estão sendo respeitadas ao longo deste ano.

No Brasil, a única novidade na mídia fica por conta da possível aliança do PR a Jair Bolsonaro nas eleições. O DEM parece ter encomendado pesquisa com Datena como vice de Maia, o que poderia levar Maia a uma posição mais vantajosa nas pesquisas eleitorais (fala-se em 8% das intenções de voto). Finalmente, o PT testando Jacques Vagner como candidato mostra uma capacidade de obter 5% das intenções de voto apenas na Bahia.

De qualquer maneira, nada de concreto, o que mantém o cenário ainda desafiador e indefinido no campo político.

Os ativos do Brasil apresentaram ontem um dia de recuperação. Acredito que grande parte do movimento tenha sido sustentada pela posição técnia, já mais negativa, e pela percepção de valuations e preços mais atrativos nos ativos do país. Entendo que teremos volatilidade e melhoras na dinâmica não podem ser descartadas. Contudo, para uma melhora sustentada e estrutural precisaremos de um cenário externo mais favorável e de uma definição do cenário político. Por ora, nenhum desses vetores me parecem presentes.




Data: 25/06/2018

Risk-Off!

Os ativos de risco estão abrindo a manhã em tom mais negativo. Alguns eventos justificam o movimento. Primeiro, a mídia internacional está reportando que os EUA pretendem utilizar meios legais para impedir alguns investimentos chineses no país. Caso isso seja confirmado, seria mais um agressivo passo na relação comercial entre os EUA e a China, elevando em mais um degrau o risco de um erro de política comercial. O mercado, até pouco tempo atrás, estava complacente com a escalada na retórica comercial dos EUA. Agora, nos últimos dias, começou a se preocupar mais com este vetor. Comentei um pouco mais sobre este risco no meu comentário de ontem (https://mercadosglobais.blogspot.com/).

Segundo, uma reunião de emergência convocada pela União Europeia para discutir os problemas de imigração da região trouxe demandas agressivas por mudanças na legislação por parte do novo governo da Itália, país mais afetado pelos fluxos populacionais. As demandas italianas são um duro golpe ao governo de Merkel na Alemanha. Agora, elevam-se as chances do Governo Merkel perder mais forçar e seja trocado no curto-prazo, trazendo um vetor de incerteza adicional a região e ao cenário político global.

Finalmente, na Alemanha, o IFO ficou dentro das expectativas, porém com mais uma queda. Sendo um dos principais indicadores de confiança da região, a queda adicional do IFO mostra um quadro de indefinição para o crescimento da Alemanha e de toda Europa. O crescimento ainda se mostra saudável, mas claramente mais fragilizado do que se imaginava até alguns meses atrás.

Não há novidades relevantes no Brasil. A mídia continua cobrindo as intervenções do BCB o câmbio e do Tesouro no mercado de dívida pública. O quadro eleitoral mostra pouca variação.




Data: 25/06/2018

Após uma semana, pouca coisa mudou.

Após uma semana de descanso, acompanhando as notícias de forma superficial, aqui vão alguns comentários preliminares de como vejo o cenário. Estarei mais preparado para entrar em detalhes de algum tema específico ao longo dos próximos dias.

De maneira geral, o cenário, local e externo, assim como o nível de preço dos ativos, está quase que rigorosamente igual há uma semana, ou seja, não vejo grandes mudanças fundamentais de cenário econômico ao longo dos últimos dias, que justifiquem qualquer mudança de postura ou posicionamento.

Vamos a alguns temas mais específicos:

Brasil – Continuamos a sentir os impactos negativos, porém pontuais, da greve dos caminhoneiros nos indicadores de atividade econômica. Na inflação, este efeito é altista, porém temporário.

O grande destaque da semana ficou por conta da reunião do Copom, em que o comitê manteve a Taxa Selic estável em 6,5%, indicando exatamente para estes efeitos pontuais nos números dos próximos meses. O comunicado procurou manter flexibilidade na atuação de política monetária, mas mostrou pouca propensão a utiliza-la (ou seja, promover altas de juros), pelos menos com o câmbio “controlado” em torno de 3,7-3,9 no curto-prazo.

Não houve mudança de cenário econômico e político. A corrida eleitoral continua aberta e não vi nenhum fato concreto que altere o cenário de incerteza e indefinição nesta frente.

O BCB continua atuando de forma relativamente agressiva no câmbio, com swaps cambiais e leilões de linha, porém de maneira mais errática. Por ora, esta postura tem sido bem sucedida em manter o BRL em torno de 3,7-3,8, especialmente com os últimos dias de dólar mais estável para fraco no mundo.

Da mesma forma, o Tesouro Nacional continua promovendo leilões de compra e recompra de títulos, o que ancorou o mercado, mesmo que muito próximo aos highs de taxa deste ciclo.

A grande mudança ficou por conta da posição técnica do mercado. Nosso acompanhamento de posições dos fundos mostra um mercado muito mais balanceado, com muitos gestores já menores em alocações em Brasil e muitos outros já com posições mais pessimistas. Este posicionamento também pode estar dando algum alívio de curto-prazo ao mercado. Vale lembrar que a posição técnica é importante para movimentos de curto-prazo, mas estudos comprovam que, na média, o consenso costuma estar correto.

Eu continuo pouco animado para carregar posições estruturais em Brasil, nestes níveis, com esta posição técnica e as incertezas do cenário, para qualquer um dos lados (positivo o negativo). Minha intenção é seguir com postura mais tática, posições relativas e a busca por assimetrias em mercados específicos.

EUA – O país continua mostrando crescimento robusto e acima do resto do mundo. Será importante monitorar os próximos dados de inflação. O Fed está, por ora, em piloto autoático em seu processo de normalização monetária. Vejo um risco maior de o Fed ter que ser mais agressivo no processo de normalização do que ter que desacelerar este ritmo.

O Governo Trump continua com postura agressiva no tocante as negocições com seus parceiros comerciais, mas o mercado, por ora, está ignorando este fato, acreditando que essa postura não passa de uma estratégia em busca de melhores termos. Eu vejo um risco crescente de um erro de política comercial, à medida que as medidas vão sendo implementadas. Não descarto a possibilidade próprio mercado fazer o papel de trazer mais racionalidade a esta discussão, caso observemos uma forte reação negativa em algum momento do tempo.

Me chamou a atenção, porém um tema para o longíssimo prazo, a aprovação pela Suprema Corte, autorizando os Estados a cobrarem impostos sobre as empresas de varejo na internet. Este é um tema que acho que ganhará corpo com o tempo, de maior regulamentação do setor de tecnologia como um todo. Este tema surgiu com o “escândalo da Cambridge Analytica e do Facebook” e deve ganhar corpo ao longo do tempo.

Europa – Alguns países continuam apresentando problemas políticos locais (Itália, Alemanha e etc). Vimos um sopro de esperança na estabilização do crescimento da região com os números preliminares dos PMIs divulgados no final da semana passada.

A região continua mostrando dinâmica confusa e problemas diversos.

China – A China foi foco de estabilização dos mercados  desde início de 2017. Nos últimos meses, começamos a ver sinais de arrefecimento do crescimento e alguns problemas um pouco mais agudos no mercado local de crédito. A recente piora na relação comercial com os EUA parece já está afetando o crescimento do país.

O PBoC anunciou mais um corte de compulsório neste domingo. O PBoC também vem mantendo a moeda um pouco mais depreciada do que o imaginado. O Governo continuará tentando administrar da maneira mais gradual possível o processo de desaceleração da economia e os problemas no mercado de crédito. Eles sempre foram capazes de conduzir este processo de maneira positiva. De qualquer maneira, é uma área que precisamos acompanhar de perto, pois pode trazer consequências mais problemáticas caso saia do controle.




Data: 15/06/2018

EM: No Relief...

O “relief rally” dos mercados emergentes, do qual me referi pela manhã, durou apenas metade de um dia. Os mercados emergentes voltaram a apresentar forte pressão. Nem mesmo a percepção do mercado de um Fed e um ECB dovish – pelo menos pela reação dos ativos, não que eu concorde com essas intepretações – foi capaz de conter o movimento de desalavancagem dessa classe de ativos.

Vimos novamente forte pressão sobre Brasil, Argentina, Turquia, México e afins. Confesso que estamos em um ambiente o qual já não sei ao certo o que será capaz de estancar essa sangria. Pegando a Argentina como exemplo, o país elevou as taxas de juros para 40%, promoveu forte intervenção cambial, anunciou mais austeridade fiscal e fechou um pacote de ajuda junto ao FMI. Nada disso foi capaz, pelo menos por ora, de conter a depreciação do ARS e a depreciação dos ativos do país. Ao que tudo indica, outros países emergentes estão caminhando na mesma direção.

O que me resta é acreditar que após 10 anos de liquidez abundante, o processo de normalização monetária nas economias desenvolvidas, mas especificamente nos EUA e na Europa, está gerando uma pressão estrutural sobre essas classes de ativos e apenas a estabilização desse processo será capaz de reverter esses movimentos.

Na Europa, o ECB anunciou um “tapering” de seu QE e sinalizou para o seu encerramento no final deste ano. Este processo, obviamente, está condicionado aos dados econômicos. A sinalização de taxas de juros baixas até meados de 2019 foi percebida como dovish, levando a forte queda do EUR e fechamento de taxa de juros.

Minha conclusão é que as reuniões do Fed e do ECB pouco alteraram o cenário de médio-prazo, em que a normalização monetária continuará nesses países/regiões, trazendo enormes restrições para a apreciação dos ativos de risco.

Nos EUA, as vendas no varejo de maio ficaram muito acima do esperado, e apresentaram revisões altistas para o mês anterior. O Jobless Claims se manteve nos níveis mais baixos em várias décadas. O Import e Export Prices mostraram sinais de acumulo de pressões inflacionárias. Esses números confiram o cenário de uma economia no pleno emprego com o hiato do produto fechado, o que enseja a continuidade do processo de normalização monetária, talvez de forma mais rápida e acentuada do que o que está precificado no mercado neste momento.

No Brasil, a intervenção mais agressiva anunciada pelo BCB está chegando ao fim, com o dólar voltando ao patamar de 3,8. É muito provável que intervenções agressivas, porém mais erráticas e sem anúncios oficiais, continuem no curto-prazo.

O mercado de juros apresentou mais uma rodada de “stops”, com a curva apresentando um movimento quase que linear de abertura. Impressiona a precificação de alta de juros na parte curta, com um ciclo já bastante agressivo e começando na reunião do Copom da semana que vem.

Acredito que mantido este cenário, com a dificuldade que o BCB está tendo em manter o dólar bem comportado, o BCB será levado a promover um ajuste na Taxa Selic. Tenho pouco convicção no tamanho e no timing deste ajuste.




Data: 15/06/2018

Fed mais hawkish. Cenário inalterado.

Os ativos de risco estão abrindo essa manhã com leve vié de “risk-off”, com destaque para uma pequena queda das bolsas e uma pressão no mercado de commodities. As taxas de juros nos países desenvolvidos operam em baixa e o dólar apresenta desempenho mai misto neste momento.

Segundo a mídia internacional, o Governo dos EUA irá anunciar hoje a imposição de tarifas de importações em cerca de 800 a 900 produtos de um total de US$50bi, de transações com a China. Caso isso se confirme, é esperado que a China reaja de maneira rápida e similar, impondo medidas recíprocas. Este seria mais um perigoso passo para uma possível “guerra comercial”. Por mais que o mercado ainda veja essas ações apenas como meios de se conseguir melhores condições comerciais, este tipo de postura aumenta, sobremaneira, a probabilidade de um erro de política comercial, com impactos negativos sobre a atividade e altistas sobre a inflação.

No Brasil, o BCB anunciou que irá vender, no mínimo, na semana que vem mais US$10bi em swaps cambiais. O BCB continua cumprindo o seu papel de prover liquidez e racionalidade ao mercado. Continuo acreditando que essa postura será suficiente apenas para suavizar o movimento da moeda, mas incapaz de alterar sua direção e sua dinâmica. Acredito que esse seja o objetivo do BCB e, por ora, podemos dizer que ele está sendo bem sucedido, caso contrário, o dólar estaria em patamares muito mais elevados. A médio-prazo, contudo, a utilização dos swaps, de maneira agressiva como está sendo usado no curto-prazo, pode deixar o país em situação mais delicada, especialmente se o cenário eleitoral permanecer nebuloso e o cenário externo mais desafiador. Neste caso, apenas uma alta mais agressiva das taxas de juros será capaz de ajudar na estabilização da moeda.

O CMN anunciou medidas de alívio aos fundos previdenciários, com intuito de trazer algum vendedor final de taxa de juros ao mercado. Antecipando o ajuste do prazo-médio das seguradoras, o CMN visa prover liquidez ao mercado de juros.

A curva  local de juros já precifica cerca de 35 a 40bps de alta na Taxa Selic no Copom da semana que vem. A curva como um todo apresenta cerca e 250bps de alta este ano. Até acredito que serão necessárias altas de juros em breve, mas talvez seja cedo para o BCB reagir já na reunião da próxima semana, exceto por uma escalada ainda mais acentuada do dólar, digamos acima de 4.00 até lá. De qualquer maneira, acredito que o BCB será bastante pragmático, seguindo os seus modelos de inflação no tocante a política monetária, ou seja, os efeitos do câmbio serão levados sim em conta, mas apenas a medida que mudem o patamar das expectativas de inflação.




Data: 14/06/2018

Fed mais hawkish. Cenário inalterado.

Nos EUA, o Fed elevou a taxa de juros em 25bps como era amplamente esperado. O comunicado divulgado após a decisão mostrou um Comitê mais confiante no cenário de recuperação da economia. Algumas modificações foram feitas no comunicado para se enquadrar em um novo ambiente de taxas de juros correntes mais elevadas. As projeções do FOMC mostraram revisões altistas para a inflação e crescimento, e baixistas para a taxa de desemprego. Os “dots” se moveram para cima em 2018, sinalizando para mais 2 altas de 25bps este ano. O Fed anunciou que irá promover coletivas de imprensa após todas as reuniões, mas que isso não significa nenhuma mensagem ou sinalização.

Na minha visão, as modificações foram mais hawkish do que o esperado. A mesma mensagem foi passada por Jay Powell na coletiva de imprensa. A reunião de hoje em nada altera o cenário com o qual temos trabalhado. A decisão do ECB amanhã, contudo, pode nos reservas mais surpresas, dado a maior indefinição, ou falta de um consenso maior, em torno do que será anunciado ou sinalizado.

No Brasil, as vendas no varejo de abril apresentaram alta superior as expectativas, com revisões altistas no mês anterior. Acredito que este número seja uma fotografia do passado e as perspectivas de crescimento pioraram bastante nas últimas semanas. Não há nada neste número que me faça ficar mais otimista com o estado futuro da economia.

O BCB continuou com uma agressiva intervenção cambial, conseguindo manter a performance do BRL (mais ou menos) em linha com os seus pares. Eu continuo me perguntando, incessantemente, qual seria o novo patamar do dólar caso o BCB não estivesse promovendo essas intervenções? Além disso, o que ocorrerá quando essa ração de venda de dólares diária terminar?

Reforço que entendo o papel do BCB em prover liquidez e racionalidade ao mercado. Não existem evidências concretas de que qual a melhor maneira de se atuar no mercado de câmbio (por não ser uma ciência exata e não termos a contraprova do cenário alternativo), mas diante de uma mudança global de cenário e dos desafios locais, não seria mais prudente deixar o câmbio buscar seu novo patamar de ajuste? Continuo acreditando que o BCB será incapaz de alterar a direção da moeda caso os cenários locais e externo permanecem com o mesmo quadro atual. A atuação agressiva no curto-prazo pode vir a piorar a situação local no médio-prazo, caso o cenário continue desafiador. Isso não significa que o BCB tenha que se ausentar do mercado ou que esteja errado em atuações agressivas. Todavia, infelizmente, só saberemos a resposta dessas perguntas ex-post. O cenário me parece ainda extremamente desafiador.

A curva local de juros apresentou mais um dia de forte abertura de taxa, com apenas pequeno steepening na parte curta. Os prêmios podem parecer excessivos, mas continuo sem ver um trigger claro para a inversão destes movimentos.




Data: 14/06/2018

Sinais mais positivos. Chances de "relief rally" de curto-prazo.

Neste momento, pela primeira vez em muito tempo, vemos sinais mais positivos para os mercados emergentes, na figura de um dólar mais fraco no mundo. Me parece cedo para afirmar que chegamos ao fim do “sell-off”, até porque não houve mudança substancial de cenário econômico, mas acho essas sinalizações do mercado importantes, pois podem dizer muito a respeito da posição técnica e do nível de preços e valuation dos mercados.

O dia será marcado pela decisão do ECB na Europa, onde o mercado esta dividido em relação as expectativas do que será sinalizado na reunião de hoje.

No Brasil, o noticiário também apresentou algumas notícias marginalmente mais positivas. A despeito das informações desencontradas, os jornais dizem que o cenário mais provável é de uma aliança entre o DEM e o PSDB, vista como mais positiva pelo mercado. O Congresso aprovou o regime de urgência na votação do Regime da Cessão Onerosa e a privatização da Eletrobrás poderá entrar na pauta do Congresso ainda este mês. A caminhada nessa direção, mesmo que muito devagar, mostra alguma estabilidade no Congresso, sabendo das restrições no ciclo eleitoral, mesmo com um Governo em “fim de festa” e totalmente desorganizado. É um pingo de esperança em um oceano de incertezas.

Na China, os dados de atividade econômica ficaram abaixo das expectativas. É o primeiro mês de desaceleração mais acentuada do crescimento. Pode ser que efeitos pontuais tenham afetado o indicador. De qualquer maneira, em se falando de China, qualquer desaceleração deve ser vista como alerta para a economia global. É natural esperar medidas de ajuste monetária, fiscal e creditício com o intuito de administrar esta desaceleração de maneira mais gradual, ou seja, medidas de estímulo a economia devem ser anunciadas em breve.

A Goldman Sachs fez um breve apanhado sobre os números:

Industrial production (IP): +6.8% yoy in May (GS forecast: +7.2% yoy, Bloomberg consensus: +7.0% yoy); +3.8% month-over-month annualized in May vs. April, seasonally adjusted by GS. April: +7.0% yoy, +6.6% mom annualized.

Retail sales: +8.5% yoy in May (GS: +9.7% yoy, consensus: +9.6% yoy); April: +9.4% yoy.

Fixed asset investment (FAI): +6.1% ytd yoy in May (GS: +7.1% yoy, consensus: +7.0% yoy); single month May growth: +3.9%; April single month yoy: +6.1%.

Property-related data:

Floor space sold: +8.0% yoy in May, vs. -4.1% yoy in April (value of sales +20.6% yoy, vs. +5.8% yoy in April).

Floor area under construction: +2.0% yoy in May, vs +1.6% yoy in April.

New starts: +20.5% yoy in May, vs. +2.9% yoy in April.

Real estate investment: +9.9% yoy in May, vs. +10.1% yoy in April.

Na Inglaterra, as vendas no varejo superaram as expectativas, mostrando um crescimento robusto e saudável pelo segundo mês consecutivo. A melhora nas perspectivas de crescimento na região da Europa é importante pois é a região do país que mais vêm desapontando as expectativas nos últimos meses. Este tipo de indicado também favorece o humor global a risco.




Data: 13/06/2018

Fed em foco!

Os ativos de risco operam próximos a estabilidade, a espera da decisão do FOMC nos EUA no meio da tarde de hoje Destaque negativo para a depreciação da Lira naTurquia (TRY) nessa manhã.

Espero que o Fed eleve os juros em 25bps e promova algumas mudanças em seu comunicado. Essa também é a expectativa e o consenso do mercado. Há uma chance com probabilidade relativamente elevada dos “dots” se moverem para cima, sinalizando para a possibilidade de 4 atas de 25bps ao longo de todo o ano de 2018.

No Brasil, segundo Vera Magalhães, o PSB esta mais perto de uma aliança com o PDT de Ciro Gomes. Os jornais continuam focados no avanço das negociações eleitorais, mas ainda sem nenhum anuncio concreto.

A Folha traz um artigo que afirma que o Teto dos Gastos poderá parar o país, segundo alerta do TCU ao governo Temer. Caso migremos para um cenário em que o Teto dos Gastos não seja mais respeitado, ou seja rechaçado pela classe política, teremos mais uma rodada de pressão sobre os ativos locais. O Teto dos Gastos foi um dos mais importantes avanços econômicos do país nos últimos anos. É bem verdade que na ausência de reformas adicionais o Teto acabaria ficando pressionado. Contudo, aos olhos do mercado, o caminho são as reformas econômicas, e não a retirada do Teto.

Minha visão segue praticamente inalterada, mas a curto-prazo será muito influenciada pelas decisões do Fed hoje do ECB amanhã.




Data: 13/06/2018

A narrativa segue inalterada.

O Core CPI nos EUA ficou dentro das expectativas do mercado, com alta de 0,2% MoM e 2,2% YoY. O número de hoje em nada altera a narrativa para os mercados/ativos de risco e muito menos altera as expectativas para o FOMC amanhã.

Assim, vimos mais uma rodada de fortalecimento do dólar no mundo, acentuado por rumores de que o Fed pretende promover interações com os jornalistas após todas as reuniões do FOMC, ao contrário das apresentações trimestrais que ocorrem atualmente. O destaque continuou por conta da pressão negativa sobre os ativos emergentes.

Na Europa, mais precisamente na Alemanha, o ZEW – um dos indicadores de confiança mais importantes da região – apresentou queda superior as expectativas, mostrando um quadro de incerteza para o crescimento da Europa no curto-prazo. Isso pode estar ocorrendo devido a ruídos pontuais, tais como eventos políticos na Itália e Espanha, “Guerra Comercial” e etc. De qualquer maneira, a região continua crescendo acima do potencial, mas certamente um sinal amarelo, de alerta, está ligado em torno deste ambiente.

As atenções agora estarão voltadas para o FOMC amanhã e a reunião do ECB na quinta-feira. Em relação ao Fed, já é amplamente esperado uma alta de juros (entre 20 e 25bps). Será extremamente importante observar as alterações no comunicado, especialmente para prevermos os movimentos no “shape” da curva de juros local.

No Brasil, o BCB voltou a intervir de forma agressiva no mercado de câmbio, ajudando a moeda a apresentar desempenho relativo superior a seus pares. O mercado de juros apresentou “steepening” da curva, com a parte curta ancorada na expectativa da manutenção da Taxa Selic no Copom da semana que vem, mas a parte longa ainda afetada pelas incertezas locais e externas. Os eventuais impactos fiscais das intervenções cambiais também estão ajudando o movimento de “steepening” e níveis mais elevados do CDS no país (custo do seguro).

Continuo com viés mais cauteloso e negativo. Para mudar minha visão, precisará ocorrer alguma mudança substancial de cenário, local ou externo. Contudo, nos atuais níveis de preço, especialmente no Brasil, reduzimos substancialmente as posições. Estamos com postura mais tática e flexível. Reduzimos quase que integralmente nossa posição em inflação implícita, após alta superior a 60bps em poucos dias. Ainda vemos uma inflação mais elevada de agora em diante, mas a assimetria ficou menos atrativa nos atuais níveis.

Acredito que o dólar esteja artificialmente baixo (contra o BRL). Caso não haja mudança de cenário, ele deverá se acomodar em patamar mais elevado (BRL mais depreciado). Contudo, devemos esperar as intervenções mais agressivas do BCB cessarem antes de uma visão mais concreta em relação ao curto-prazo.

Não vejo prêmios excessivos na curva de juros local na atual conjuntura de incerteza.

Continuo vislumbrando juros mais elevados estruturalmente nos EUA.




Data: 12/06/2018

Inflação nos EUA em foco!

Os ativos de risco operam próximos a estabilidade, exceto por alguma leve pressão em algumas moedas emergentes, como o TRY e o ZAR, neste momento.

O destaque da noite ficou por conta da assinatura de um memorando (um espécie de acordo) para a “desnuclearização” da Coréia do Norte. Este movimento era, em parte, esperado e já vinha sendo precificado pelo mercado, desde quando um fórum entre EUA e Coréia do Norte foi confirmado. Não espero nenhum movimento de mercado proveniente deste evento, mas entendo a enorme importância deste acontecimento para a sociedade e para todo o mundo.

O dia será marcado pela divulgação do Core CPI nos EUA. De forma simplificada, acredito que um número acima de 0,3% MoM (inclusive) poderá levar a uma nova reprecificação das taxas de juros nos EUA, acelerando os movimentos de desalavancagem em outros ativos de risco. Um número de 0,2% MoM em nada altera o cenário que temos convivido nas últimas semanas. Finalmente, um número abaixo de 0,2% MoM deveria trazer algum alívio momentâneo e pontual para as taxas de juros no mundo desenvolvido e alguma descompressão nos ativos mais pressionados recentemente, como os ativos emergentes, por exemplo. Não acredito, contudo, que esta descompressão seria duradoura ou prolongada.

No Brasil, os jornais de hoje estão dando foco as articulações políticas em torno das eleições presidenciais. De mais importante, na minha visão, será o encontro de Rodrigo Maia, do DEM, com Cid Gomes, irmão de Ciro Gomes, para um eventual encontro conseguinte com o candidato do PDT para presidente e uma possível aliança entre eles. O crescimento da candidatura de Ciro é vista hoje pelo mercado com um dos maiores riscos ao cenário eleitoral.

Na Inglaterra os dados de emprego de maio mostraram um mercado de trabalho robusto, próximo do pleno emprego e com o hiato do produto fechado. Acho importante analisar os acontecimentos do país, pois acredito que a Inglaterra esteja em uma fase do ciclo econômico bastante parecido com os EUA. O que ocorre por lá, poderá ocorrer nos EUA. Nesta linha, vemos o acumulo de pressões inflacionárias. Segundo o Morgan Stanley:

A hawkish report on employment: Headline employment growth slowed, from 197k to 140k, but less than expected, and it remains strong, pushing the employment rate to a record 75.6%. Unemployment fell a solid 38k, keeping the unemployment rate steady at 4.2%, a 40-year low and a touch below the BoE's estimate of NAIRU, and inactivity fell, pushing the inactivity rate to a record low.

A dovish report on pay: In a key month for pay settlements, regular average earnings growth surprised to the downside, falling a touch to 2.8% 3M/Y in April. While we do expect the tight labour market, reflecting in reports of rising starting salaries, and rising public sector pay settlements to push pay up in coming months, today's weaker print highlights the risks to that call.




Data: 12/06/2018

Big Week Ahead!

Estive hoje pela manhã participando de um evento com investidores institucionais e assessores de investimentos na região nordeste do país. Minha impressão mais importante é que estes investidores estão, grosso modo, alocados no mercado de renda fixa (Fundos Prefixados, NTN-F, NTN-B e afins) e em situação delicada. As dúvidas giram em torno de: (1) manter a posição e esperar melhor ponto de saída ou (2) zerar a posição o mais rápido possível.

De maneira geral, não vejo nenhum apetite para o aumento de exposição, pelo menos sem uma mudança radical de cenário local e externo. Este panorama está totalmente em linha com o que tenho incessantemente debatido neste fórum nas últimas semanas. Para não soar repetitivo, minhas observações podem ser revisitadas aqui: https://mercadosglobais.blogspot.com/.

Quanto ao cenário, vi poucas novidades desde sexta-feira. No Brasil, o destaque ficou por conta da pesquisa Datafolha. Eu não sou analista político e acredito que não tenho nenhuma vantagem comparativa em emitir opiniões firmes sobre o tema. Assim, na minha humilde opinião, a pesquisa apenas confirmou o cenário que já vêm sendo regra nas últimas semanas, ou seja, permanece um ambiente de incerteza política, sem definição e sem a ascensão de um “salvador da pátria” (pelo menos aos olhos dos mercados. Comentei um pouco sobre este ambiente aqui: https://mercadosglobais.blogspot.com/2018/06/relatorio-semanal-de-asset-allocation.html).

O BCB continuou sua batalha contra a depreciação cambial, com uma nova intervenção, expressiva, na moeda. A diferença é que hoje não foi capaz de levar a uma apreciação mais acentuada do BRL. Continuo entendendo que o papel do BCB seja dar liquidez ao mercado e prezar pela estabilidade financeira. Contudo, não entendo a imprevisibilidade da atuação e a maneira, por vezes erráticas, de promover estas intervenções. De maneira geral, acredito que o BRL esteja artificialmente apreciado. Se o cenário externo se mantiver constante e não houver uma mudança do cenário político local, a depreciação da moeda será inevitável. Por ora, precisamos esperar os efeitos dessa venda superior a US$20bi no horizonte de uma semana que o BCB está promovendo, além da agenda extremamente carregada no cenário externo, antes de tomarmos um direcionamento mais claro nesta classe de ativo.

Outro destaque ficou por conta da abertura das inflações implícitas, com o mercado “se dando conta” de que poderemos ter um IPCA próximo a 1% este mês. Continuamos vendo uma boa assimetria nesta classe de ativos, posição que alocamos a cerca de 10 dias atrás. Nos atuais níveis, começamos a administrar mais ativamente o tamanho e os vértices da posição.

No cenário externo, destaque para a manutenção de uma postura agressiva por parte de Trump no G7, além da perda de esperanças em um acordo e torno do NAFTA. Continuo vendo este tema como um “sideshow” e mais preocupado com o cenário de inflação e política monetária nos EUA e na Europa. Não que eu acredite que este tema seja irrelevante, mas por acreditar que estes outros temas são muito mais importantes para a dinâmica de curto e médio prazo dos ativos de risco.

Somente esta semana, teremos o Core CPI amanhã, a decisão do FOMC na quarta-feira e a decisão do ECB na quinta-feira. Estaremos olhando atentamente estes eventos para a administração do portfólio. Seguimos tomados em juros nos EUA, através de estruturas de opção. Começamos a montar um hedge via puts de S&P. Temos uma pequena posição comprada em EUR pela assimetria que as opções estão mostrando, com vols implícitas baixíssimas, e com o EUR próximo aos pisos recentes.




Data: 08/06/2018

BCB goes all-in.

Brasil – O IPCA de maio apresentou alta de 0,40% MoM e 2,86% YoY, acima das expectativas de 0,29% MoM e 2,74% YoY. A despeito da surpresa altista, o qualitativo do indicador ainda mostra um quadro saudável.

De qualquer maneira, acredito que a inflação tenha feito o seu piso e deveremos conviver com números mais elevados de agora em diante, seja via repasse cambial, seja através dos impactos da greve dos caminhoneiros. Continuo gostando de carregar alguma posição comprada em inflação implícita.

O destaque do dia, contudo, ficou por conta da dinâmica do mercado. O BCB, com uma atuação agressiva no mercado de câmbio, conseguiu promover uma queda de cerca de 5% no dólar (contra Real). A despeito de uma elevada volatilidade pela manhã, o movimento do dólar ajudou a dar suporte ao mercado de juros ao longo da tarde.

Ainda acho cedo para a acreditar em uma mudança de tendência dos ativos locais. Entendo que o quadro técnico esteja mais saudável e o preço dos ativos mais atrativo, mas só teria conforto em alocações mais otimistas em Brasil com uma definição mais clara do quadro eleitoral. Enquanto isso não ocorre, vejo os movimentos de hoje como “relief rallies”, ou movimentos de acomodação, muito mais técnicos do que fundamentais.

É bastante provável que alguns investidores tenham comprado dólar nos últimos dias como hedge do portfólio de juros (ou bolsa). Além daqueles comprados em dólar como posição estrutural. A postura surpreendentemente agressiva do BCB, e não entrarei no mérito de se foi acertada ou não, acabou levando a uma excessiva apreciação da moeda local, exacerbada por este quadro técnico.

O movimento de hoje está em linha com o panorama que traçamos hoje pela manhã (https://mercadosglobais.blogspot.com/2018/06/risk-off.html), em que a agressividade do BCB poderia dar suporte ao mercado, mas dificilmente conseguiria reverter, de fato, a direção dos ativos.

Continuo com postura tática, sem alocações relevantes (positivas ou negativas). Vejo um cenário ainda desafiador, o que me impede de manter posições estruturais positivas, mas também vejo o nível de preços como pouco atrativos, neste momento, para posições mais negativas. Sigo vendo uma boa assimetria nas inflações implícitas, não apenas por performarem bem em um cenário mais desafiador, como por acreditar em uma inflação mais elevada de agora em diante.

Externo – A melhora dos ativos no Brasil ajudou uma recuperação dos ativos globais. O foco da semana que vem ficará por conta do Core CPI nos EUA já na terça-feira. Este número poderá ser fundamental para a dinâmica dos mercados globais no curto-prazo.

As reuniões do G7 também serão determinantes para testar até onde os EUA está disposto a ir em suas negociações comerciais.

Continuo acreditando na tese de juros mais elevados de forma mais estrutural nos EUA. Na atual conjuntura, e nos atuais níveis de preço, já vejo boas assimetrias em algumas estruturas e opções no mercado de renda variável dos EUA como hedge da posição de juros.




Data: 08/06/2018

Risk-Off!

Os ativos de risco estão abrindo o dia com um movimento clássico de “risk-off”. Bolsas em queda, dólar forte, fechamento de taxa de juros nos países desenvolvidos e pressão nos ativos emergentes,

Trump manteve um tom extremamente hostil em relação a seus parceiros comerciais, especialmente o Canadá, as vésperas da reunião do G7. A turbulência (ou crise) nos Países Emergentes (EM) também ajuda a cautela global. Finalmente, a produção industrial da Alemanha apresentou queda de 1% MoM em abril, muito abaixo das expectativas de alta de 0,3% MoM, trazendo de volta a tona o debate em torno da real situação econômica da Europa.

No Brasil, no início da noite de ontem, o Presidente do BCB concedeu entrevista coletiva em que ratificou a postura que vem adotando nos últimos dias, ou seja, BCB e Tesouro continuarão atuando no mercado de câmbio e de títulos públicos a fim de dar liquidez e racionalidade aos mercados. Não existe a intenção, neste momento, de se mexer na política monetária (se vão conseguir, já é ua outra história, passiva de intenso debate).

Ilan sinalizou que o BCB irá promover uma forte intervenção no câmbio nos próximos dias, na ordem de US$20bi. O montante é expressivo. Existe uma possibilidade que, com este valor, eles consigam acalmar o mercado, pelo menos no curto-prazo. Continuo não vendo o BCB ou o Tesouro como capazes de alterar a direção dos mercados, mas entendo que existe o dever fiduciário de manter a estabilidade financeira. Assim, a atuação conjunta é, de fato, necessária. Como atuar, contudo, é uma questão passiva de debate e críticas, que não quero entrar no mérito neste momento.

Vale ressaltar que outros países emergentes, como Argentina e Turquia, foram obrigados a elevar as taxas de juros com intuito de frear o movimento de depreciação cambial. O caso do Brasil, no curto-prazo, é diferente, mas não podemos descartar movimentos como este caso a situação local não se reverta. Saimos de uma situação matemática de inflação corrente e prospectiva, para uma situação irracional de fluxos. Nestes momentos, nem sempre o livro texto tem as respostas mais exatas ou precisas.

Os ativos locais tiveram ontem um dia de forte depreciação. O destaque ficou por conta da forte alta de juros da parte curta da curva. O movimento é típico de stops do mercado, que ainda apresentava posições relevantes nesta parte da curva, com a perspectiva de que os prêmios eram excessivos para um cenário de inflação baixa e recuperação apenas gradual do crescimento.

O quadro técnico do mercado está se tornando mais positivo a medida que o tempo passa e as posições vão sendo stopadas (limpadas). Ainda não tenho nenhuma vontade de fazer alocação nesta direção ou carregar qualquer posição estrutural em Brasil.

A Folha de hoje afirma que o PP e o DEM podem apoiar Ciro Gomes nas eleições.

A XP divulgou pesquisa eleitora em que mostra pequena piora, dentro da margem de erro, de Bolsonaro. Ciro continua ganhando espaço. Haddad se mostra competitivo se apoiado por Lula. Marina apresenta algum “momentum” e Alckmin continua mostrando fraqueza. Em suma, um cenário ainda indefinido e sem conclusões positiva a luz dos mercados financeiros locais.

A Argentina anunciou um “stand-by-agreement” com o FMI, no montante de US$50bi. O acordo foi atingido antes do previsto e seu volume é levemente superior as expectativas. Segundo a Goldman Sachs:

Argentina reached a “staff-level” agreement with IMF for a 3-year Exceptional-Access Stand-By Arrangement (SBA) for US$50bn (1,110% of Argentina’s quota in the IMF). The agreement is expected to be ratified by the IMF Executive Board soon. Furthermore, the authorities have indicated that they have secured US$5.65bn in credit lines from other multilateral agencies (World Bank, IADB, CAF).

As expected, as part of the IMF agreement the Argentine authorities commit to a faster pace of fiscal consolidation and to more realistic inflation targets. The new 2018-2021 federal government’s primary fiscal balance as a share of GDP is as follows: -2.7% (2018), -1.3% (2019), 0% (2020) +0.5% (2021). The market expectation for the primary fiscal deficit in 2018 was slightly lower (-2.5% of GDP). In our assessment, the 2018 target is not very demanding and the government is likely to over-achieve it. The primary fiscal deficit target for 2019 (-1.3% of GDP) is within the range of expectations. Primary fiscal balance in 2020 and small surplus in 2021 is a positive development but that is a commitment that will have to be honored by the administration that will be elected on October 2019.

The new inflation targets are: 17% for 2019, 13% for 2020 and 9% for 2021. The authorities stated that there will be no inflation target for 2018. In our assessment the 2019-2021 targets are demanding but not unrealistic.

Furthermore, the IMF agreement entails a number of other very positive developments, including commitments to:

maintain a flexible and market-determined exchange rate;

immediately put an end to central bank financing of the federal deficit, and;

submitting a bill to Congress modifying the central bank charter in order achieve legal independence and operational autonomy for the central bank and strengthen its inflation targeting regime.




Data: 07/06/2018

Brasil: Tesouro e BCB anunciam atuação conjunta para trazer liquidez ao mercado.

Nesta manhã, o dólar opera mais forte ao redor do mundo, porém mais fraco em relação ao EUR. Neste momento, as bolsas globais operam em leve alta e as taxas de juros no mundo desenvolvidos apresentam abertura de taxa. Os ativos Emergentes, no geral continuam mostrando fragilidade.

No Brasil, no inicio da noite de ontem o BCB e o Tesouro anunciaram uma ação conjunta em que oferecerão ofertas de Compromissadas de 9 meses ao mercado, além de manter o programa de compra e venda de títulos públicos.

A postura assertiva do Tesouro visa garantir a liquidez e a funcionalidade do mercado em um momento de maior volatilidade e busca por hedges. Acho difícil que essas atuações mudem a direção dos mercados, mas podem trazer alguma acomodação, e mais funcionalidade, que de fato se perdeu ao longo desta semana. Juliano Ferreira, da corretora Tullet fez um bom resumo sobre a atuação conjunta:

Atuação conjunta BC (Liquidez) + TN (gestão da dívida):

1. BC “emprestando” NTN-F (via compromissada pós de 9m) p/ MMs que precisam atender demanda de gringo e não têm conseguido;

2. Essas facas emprestadas também ajudarão quem quer entrar na recompra e não consegue;

3. TN resolveu abrir um pouco a venda (300k) p/ ajudar a atender demanda final por papel;

4. TN na recompra (1.5bi) p/ ajudar o psicológico do mercado e se manter presente para quem quer saída;

5. Leilões TN agora tudo holandês, mostrando ”fair play” nesse momento de turbulência;

6. Atuação não impacta curva curta (compromissada é pós) e pode ajudar a fletar quando MM entregar papel seco p/ o gringo e aplicar o longo;

7. A intenção é apenas dar funcionalidade para os mercados de títulos nesse momento de turbulência e sem parâmetros.

Segundo a mídia, Benjamin Steinbruch pediu afastamento de vice-presidente da FIESP. Este é um rito obrigatório para quem visa cargo eletivo. Especula-se que ele pode se tornar vice na chapa de Ciro Gomes. Do ponto de vista político, seria uma jogada inteligente colocar um empresário em uma chapa claramente esquerdista.

Os jornais afirmam ainda que a nova tabela do frete poderá ser divulgada em breve. Continuo acreditando que quanto mais interferência do governo (qualquer governo) na livre atuação da economia não será bem vista pelos investidores em ativos no Brasil.

Na Alemanha, o factory orders apresentou forte queda de 2,5% MoM em abril, muito abaixo das expectativas de alta de 0,8% MoM. A situação econômica da Europa como um todo ainda se mostra meio nebulosa. O crescimento se mantém em patamar saudável, mas com claros sinais de arrefecimento.




Data: 07/06/2018

Brasil continua pressionado.

Brasil – Vou parecer uma “vitrola quebrada”, mas tivemos mais um dia de forte deterioração dos ativos locais, seguindo a tendência das últimas semanas. Alta do dólar, alta das taxas de juros, com “bear steepening” e queda da bolsa. As últimas pesquisas eleitorais, e o quadro político e econômico do país não ajudam o humor local (vide mais detalhes aqui: https://mercadosglobais.blogspot.com/). Além disso, o cenário externo permanece mais desafiador para os países emergentes em geral. Não vejo estes vetores melhorando no curto-prazo e sigo com visão mais cautelosa e negativa.

Entendo que a posição técnica já apresentou alguma melhora, com alguns fundos locais zerados e outros já na ponta negativa, mas o estoque de posições “positivas em Brasil” ainda parece demandar alguns ajustes adicionais. O mercado até parece “esticado” para o lado negativo no curto-prazo, mas precisaremos de algum “trigger” para que o movimento seja revertido.

Fora uma mudança substancial do cenário externo, apenas uma mudança no quadro político local, que venha a aumentar substancialmente a probabilidade de vitória de um candidato liberal e reformista, será capaz de reverter estes movimentos negativos. Enquanto isso, o máximo que podemos esperar são movimento se acomodação, “relief rallies”, que costumam ser curtos e pouco duradouros.

As recentes declarações dos candidatos a presidente, pelo menos daqueles que se mostram mais competitivos, em nada ajudam o humor dos investidores em relação ao Brasil. A fragilidade do atual Governo e as medidas de afrouxamento adotadas após a greve dos caminhoneiros também não ajudam o humor dos mercados locais.

Externo - Alguns membros do ECB na Europa sinalizaram para uma discussão em torno da redução, ou discussão de encerramento, do QE na reunião de política monetária deste mês, o que ajudou a dar suporte aos yields (taxas de juros) dos países desenvolvidos e ao EUR.

Na Índia, o Banco Central do país promoveu uma alta inesperada nas taxas de juros. A situação do país é um pouco diferente da situação do Brasil, pois já houve uma piora relevante das expectativas de inflação, o que ainda não ocorreu no Brasil. De qualquer forma, fica cada vez mais claro que os bancos centrais emergentes estão se tornando mais hawkish.

O cenário externo continua mais desafiador para os países emergentes e para o Brasil, a medida que fica mais evidente os acúmulos de pressões inflacionárias, especialmente nos EUA, e a necessidade de continuidade do ajuste da política monetária nos países desenvolvidos, o que foi um grande suporte aos ativos de risco nos últimos 10 anos.




Data: 06/06/2018

Brasl\EM: "Between a rock and a hard place".

Nesta manhã, o dólar opera mais fraco contra as moedas de G7, porém mais forte contra EM. Observamos uma abertura de taxas de juros nos EUA e uma leve alta global das bolsas, os bonds da Itália operam, neste momento, sobre pressão.

Ontem pela tarde comentei mais a fundo sobre o pano de fundo global e seus impactos sobre os ativos locais (https://mercadosglobais.blogspot.com/2018/06/brasil-reacao-dos-mercados-e-condizente.html). Sigo com a mesma visão. Uma recuperação do cenário de crescimento dos EUA levará a uma nova rodada de abertura de taxas de juros no país, colocando pressão adicional nos países emergentes. Um cenário de desaceleração global, o que me parece mais um “cenário de cauda”, ou seja, me parece mais um risco do que um cenário central, também manteria essa classe de ativos, de alguma forma, pressionada. Assim, estamos cada vez mais distantes do cenário de “Goldilocks” que prevaleceu grande parte de 2016 e 2017, e mais perto de um cenário que podemos caracterizar como “between a rock and a hard place”.

No Brasil, os jornais de hoje reportam que o evento e busca de união do centro para as eleições deste ano foi esvaziada. A candidata Manuela D´avila estaria mantendo conversas constantes com Ciro Gomes. Segundo o Estadão, o Governo poderá rever o preço do frente, a fim de atender uma demanda do agronegócio. Se confirmado, será mais uma ação que não deverá ser bem vista pelo mercado, pois mostrará que este governo resolveu seguir o caminho da intervenção e, de certa forma, do populismo, atendendo demandas e pressões de diversos grupos da sociedade. Como já comentei aqui nas últimas semanas, este é o grande risco do cenário local, pois nenhum dos candidatos que se mostram competitivos mostra capacidade e convicção para não migrar para uma postura como essa (https://mercadosglobais.blogspot.com/2018/06/relatorio-semanal-de-asset-allocation.html).




Data: 05/06/2018

Brasil: Caminho tortuoso pela frente.

Os ativos de risco operam próximos a estabilidade essa manhã. Destaque para mais uma rodada de pressão em alguns ativos emergentes, como é o caso da moeda do México (MXN) e da Turquia (TRY).

No Brasil, uma pesquisa eleitoral do site Poder 360 mostrou a consolidação do cenário de polarização entre o que é considerado a “extrema direita” de Jair Bolsonaro e a “extrema esquerda” de Ciro Gomes. Bolsonaro lidera a corrida eleitoral em todos os cenários e venceria no segundo turno contra todos os candidatos simulados. Ciro continua subindo nas pesquisas, enquanto Alckmin e Marina mostram desempenho abaixo do esperado. Os demais candidatos se mostram pouco competitivos.

Mesmo com as diversas críticas a metodologia desta pesquisa, podemos concluir que se consolida um cenário de polarização, que não deve ser bem recebida pelos investidores de maneira geral. Já tenho tratado deste tema neste fórum há algumas semanas.

Segundo a mídia, existe um esforço capitaneado por antigos políticos, como é o caso de Fernando Henrique Cardoso, em busca de unir o centro em torno de uma candidatura única, liberal e reformista. Por ora, este esforço ainda não colhei frutos. A esquerda, por sua vez, também busca algum tipo de união. O posicionamento do PT, as vésperas da eleição, será extremamente importante nesta frente.

Finalmente, a mídia está reportando que o Governo pretende utilizar os leilões do Pré-Sal, ou a Cesão Onerosa, como meio de absorver, e evitar, reajustes frequentes e muito elevados no preço da gasolina. Segundo os jornais, o Governo teme novos protestos, desta vez contra a alta no preço da gasolina. Este tipo de postura costuma ser interpretada pelo mercado como intervencionista, custosa em termos fiscal e negativa para o longo-prazo do país.

O PMI Services na Área do Euro apresentou arrefecimento, saindo de 54,7 para 53,8 em maio. O número mostra um crescimento ainda saudável, mas claramente em tendência de queda. Ainda existem incertezas em relação ao crescimento da região, a despeito do bom desempenho dos números nos EUA nos últimos dias.




Data: 04/06/2018

Risk-On!

A despeito da ausência de avanços nas negociações comerciais entre os EUA e a China, os ativos de risco estão abrindo a semana em tom mais positivo, com um movimento clássico de “risk-on”. Os recentes dados econômicos positivos ao redor do mundo, que mostram um crescimento global ainda saudável e relativamente robusto, parecem estar dando suporte ao humor global a risco. Além disso, a posição técnica mais saudável e o nível de preços mais atrativo parecem estar dando suporte adicional a estes movimentos.

No final de semana, o destaque da mídia internacional ficou por conta da ausência de um acordo, ou até mesmo a ausência de qualquer tipo de avanço, nas negociações comerciais entre China e EUA. Por ora, o mercado está vendo este tema apenas como um “risco de cauda”. A recente postura dos EUA, contudo, eleva as chances de um erro de cálculo e de que alguma “guerra comercial” seja de fato “instalada” no cenário.

No Brasil, os jornais de final de semana continuaram repercutindo os últimos eventos na Patrobrás, com a mudança de presindente da empresa e o enfraquecimento da gestão da companhia. Além disso, os efeitos da greve dos caminhoneiros ainda ecoa sobre um cenário incerto. A recuperação dos ativos de risco no mundo, contudo, pode trazer algum alivio, mesmo que temporário, para os ativos brasileiros.

Eu mantenho minha tese de investimento de juros mais altos estruturalmente nos EUA. No Brasil, estou sem uma tese estrutural no curto-prazo. Continuo com uma visão mais cautelosa, preferindo carregar alguma posição de inflação implícita, que me parece com um risco\retorno relativamente atraente. Os demais ativos, prefiro manter postura tática, dinâmica, agil e sem preconceitos, porém com um viés ainda mais negativo, pelo menos até que se tenho uma noção mais clara de cenáio internacional.




Data: 04/06/2018

Update.

O destaque do dia ficou por conta dos dados de emprego nos EUA. Os números mostraram uma criação de vagas de trabalho robusta em maio, a menor taxa de desemprego em quase 20 anos e uma aceleração nos rendimentos, mostrando acumulo de pressões inflacionárias. Além disso, o ISM Manufacturing mostrou um cenário de crescimento relativamente estável e saudável.

Em linhas gerais, os números dos últimos dias mostraram um quadro de robustez do crescimento norte americano, e alguns sinais mais positivos de crescimento global, como as exportações da Coreia do Sul, vendas no varejo na Alemanha, entre outros. O mercado já trabalha com um crescimento do PIB dos EUA em torno de 3,5% anualizado no segundo trimestre do ano.

Por um lado, os números retiram um risco do curto-prazo, de uma desaceleração mais acentuada do crescimento global como chegou-se a temer nas últimas semanas. Por outro lado, a manutenção de um crescimento sólido mantém os bancos centrais das principais economias do mundo devem se manter em um processo de normalização monetária, o que tem se mostrado (e se provado) uma grande restrição para rodadas adicionais de apreciação dos ativos de risco no geral.

No Brasil, a atuação do Tesouro está ajudando a trazer mais estabilidade e racionalidade ao mercado de juros, a despeito do steepening da curva. O mercado de câmbio continua pressionado pelo humor global em relação ao dólar no mundo, além da pressão em busca por hedges em um ambiente de incerteza do ciclo eleitoral.

O presidente da Petrobrás pediu demissão e deverá ser substituído pelo diretor financeiros, com algum reconhecimento do mercado. As ações da empresa caíram cerca de 15%. O Ibovespa apresentou alta, puxado peo bom desempenho de outros setores da economia.

Eu reforço a minha visão de que a situação econômica e política do país apresentou grande deterioração nas últimas semanas. Não vejo uma melhora do cenário local até uma definição em relação ao quadro político. Além disso, o cenário externo deixou de ser um vento favorável e, na margem, pode se tornar um vento contrário de forma mais estrutural.

Entendo que houve uma melhora substancial na posição técnica do mercado, loca e externo. Entendo que o nível de preços se mostra mais atrativo. Contudo, vejo melhoras apenas como pontuais e localizadas, que podem (ou poderão) ser cunhadas como “relief rally”. Não tenho vontade de ter posições estruturais em Brasil neste momento.

Além disso, sigo vendo o processo de normalização monetária nos EUA como uma restrição a melhoras estruturais nos ativos de risco, além de questões pontuais e idiossincráticas, como na Itália, Espanha, México (eleições e NAFTA), Brasil, Turquia atuando na mesma direção.




Data: 01/06/2018

Dia agitado. Incerteza permanece.

A quinta-feira foi bastante agitada. Comentarei de maneira breve alguns dos eventos do dia. De maneira geral, contudo, os eventos de hoje apenas ratificam um cenário de cautela, em que deverá predominar a incerteza e a volatilidade dos mercados financeiros globais. Continuo com viés mais cauteloso, senão negativo, pelo menos no curto-prazo.

Os ativos de risco apresentaram dinâmica negativa, em reação aos eventos comentados abaixo. Destaque para forte pressão nos ativos emergentes, quedas das bolsas e commodities, mas alta nas taxas de juros. A maior parte dos eventos abaixo explica esses movimentos.

EUA/Guerra Comercial – O Governo Trump anunciou que irá seguir com a imposição de tarifas de importação em alguns produtos, como Aço, para países e regiões como México, Canadá e União Europeia. Após o anuncio, esses países e regiões anunciaram que irão adotar medidas de reciprocidade. Este caminho adotado pelos EUA deverá trazer um maior grau de incerteza ao cenário econômico e, consequentemente, aos ativos de risco.

No limite, ainda acredito que está postura do Governo Trump é “apenas” uma maneira de buscar alavancagem nas negociações comerciais bilaterais. Contudo, é óbvio que aumento o grau de incerteza do cenário, levando os investidores a demandarem um maior prêmio de risco nos mercados financeiros. O risco de um erro de política comercial aumenta drasticamente com este tipo de posição.

EUA/Economia – Os dados de hoje (Jobless Claims, Personal Income & Spending, Chicago PMI, Core PCE) confirmaram um cenário de crescimento saudável, até mesmo robusto, com mercado de trabalho apertado e acumulo de pressões inflacionárias. Os números recentes apenas reforçam esse quadro, em nada alterando o cenário para a política monetária no país. Ainda vejo o Fed elevando as taxas de juros entre 3 e 4 vezes este ano, com a manutenção de seu processo de redução de balanço. O mercado hoje embute menos de 50bps de alta de juros nos próximos 12 meses.

Europa/Inflação – A inflação na Europa apresentou alta acima do esperado, ficando muito próxima aos 2% objetivados pelo ECB. Mesmo que vetores pontuais expliquem parte da alta, também observamos uma aceleração do Core CPI. Ainda é cedo para cantar vitória na inflação na região, mas os números de hoje indicam que a maior parte dos países desenvolvidos devem permanecer em um ambiente de normalização monetária, retirando algum tipo de suporte aos mercados, que permaneceram ao longo dos últimos 10 anos.

Exceto por mudanças substancias no cenário de crescimento, o que os números ainda não indicam, ou um acidente financeiro, que leve a um forte aperto das condições financeiras, é difícil ver uma mudança de rumo, ou rota, por parte dos principais bancos centrais desenvolvidos.

Itália – Após idas e vindas, um governo dito populista e contra as principais reformas implementadas no país nos últimos anos, acabou sendo formado. Neste momento, o mercado está lendo este desfecho como “menos negativo” do que novas eleições. A despeito da retirada de um risco de curto-prazo, permanecem incertezas imensas no cenário e os investidores devem continuar a pedir mais prêmios nos ativos do país ao longo do tempo.

Espanha – O Governo Rajoy parece estar em situação delicada e novas incertezas podem afetar a Europa e os ativos da região.

China/PMI – O PMI Manufacturing do país apresentou uma surpreendente elevação. O país continua se mostrando como fonte de estabilidade global, diante de uma série de incertezas que afetaram os mercados nas últimas semanas. Precisamos monitorar apenas o processo de desalavancagem que vem ocorrendo no setor financeiro do país.

Brasil – No final da tarde de ontem o Tesouro anunciou que irá continuar a promover leilões de recompra de títulos públicos, cancelou os leilões de vendas e afirmou que promoverá emissões de duration mais curta. O anunciou ajudou a trazer alívio a um mercado bastante volátil ao longo da quarta-feira.

Como já afirmei aqui anteriormente, a postura do Tesouro e do BCB está correta. Contudo, essa atuação visa apenas trazer racionalidade e liquidez aos mercados locais, não necessariamente sendo suficiente ou capazes de alterar a direção e a dinâmica dos ativos do Brasil. Continuamos a mercê do quadro político incerto, de um panorama econômico delicado e de um ambiente externo mais desafiador.




Data: 01/06/2018

Update.

Os ativos de risco continuam apresentando recuperação, neste momento.

Brasil/PIB – Crescimento de 1,2% YoY e 0,4% QoQ. Dentro das expectativas do mercado. A abertura do indicador, contudo, mostra um quadro qualitativo um pouco mais negativo. A grande verdade, contudo, é que este número “olha no retrovisor” do cenário. As perspectivas de crescimento pioraram bastante nas últimas semanas, com dados de atividade econômica mais contemporâneos mostrando desaceleração do crescimento e, agora, com a greve que atingiu o país, e a incerteza política neste estágio do ciclo eleitoral, se colocando como grande restrição a uma melhor mais substancial de crescimento. As expectativas de PIB para este ano devem migrar, aos poucos, para um patamar abaixo de 2%.

Brasil/Fiscal -  O superávit primário ficou em R$2,9bi em abril, muito abaixo das expectativas de R$7,1bi. O Brasil vinha sendo favorecido por uma recuperação cíclica da economia, que estava ajudando a recuperação (também cíclica) da arrecadação. A arrecadação mostrava elasticidade ainda maior ao que o crescimento. A greve dos caminhoneiros levou o governo a adotar medidas com impacto fiscal. Ainda é incerto o quanto deste impacto conseguirá ser recompensado por medidas aprovadas pelo Congresso (como a re-oneração da folha de pagamentos).

Assim, estamos diante de uma piora clara e evidente das perspectivas de crescimento, a situação fiscal deverá ser impactada e existe uma enorme incerteza de qual será a real disposição e capacidade do próximo governo, que será eleito em outubro, em fazer os ajustes e as reformas necessárias à economia.

Os ativos locais estão reagindo de acordo, com o movimento mais evidente nos últimos dias ficando por conta da forte abertura de taxa de juros e steepening da curva. A despeito da melhora na posição técnica e nos preços/valuations, o mercado ainda não parece totalmente preparado para este novo nível de volatilidade e para um ambiente que se mostra mais desafiador para os ativos do pais. Neste momento, não vejo motivos para uma mudança definitiva de ambiente ou tendência dos ativos locais até as eleições, no mínimo.

Europa – A quarta-feira foi mais positiva para a região, com dados de inflação mais firmes na Alemanha e na Espanha, além de números de vendas no varejo mais fortes e mercado de trabalho ainda robusto na Alemanha.

Esses dados estão ajudando a dar algum suporte ao humor global a risco, assim como sustentação ao EUR. Os fluxos de final de mês também podem estar afetando o mercado.

Itália – A situação política do país continua incerta. Na margem, surgiu a possibilidade, novamente, da formação de um governo com os mesmos partidos radicais que promoveram a primeira tentativa frustrada. O mercado, neste momento, está olhando esta tentativa como “menos negativa” do que novas eleições. De maneira geral, contudo, os mesmos riscos existentes ontem estão presentes hoje. A diferença é que o mercado ajustou preços e posições para este quadro de maior incerteza.




Data: 30/05/2018

Humor mais positivo. Fragilidade permanece.

 

Os ativos de risco tiveram um quinta-feira de deterioração generalizada, em um movimento clássico de “risk-off”. O movimento foi puxado pela deterioração da situação política e financeira na Itália. Esta manhã, neste momento, estamos observando uma recuperação, ainda tímida, dos ativos de risco, com movimentos generalizados de “risk-on”. Ainda vejo os movimentos, por ora, como tímidos, e os sinais de fragilidade continuam.

No Brasil, mesmo com a atuação do Tesouro no mercado de títulos públicos, vimos uma forte abertura de taxa de juros, com movimentos de steepening da curva, o dólar subiu e o Ibovespa apresentou alta, mas quase que majoritariamente puxado pela Petrobrás. O presidente da empresa promoveu conference call com analistas, afirmou que contina no cargo, mas os jornais de hoje mostram que Temer já estuda mudanças na política de preços da empresa. Tendo a acreditar que este tipo de notícia não será bem recebida pelo mercado.

Continuo com viés mais cauteloso. Entendo que os ativos locais tenham piorado exageradamente nos últimos dias, porém em linha com a piora do cenário econômico e político. Movimentos de acomodação, ou aé mesmo recuperação (“relief rally”), podem ser observados nos próximos dias (posição técnica e preços mais atrativos), mas não vejo uma alteração clara de tendência para os ativos locais enquanto não houver uma clareza maior em relação as eleições e eventuais reformas econômicas.

Nos EUA, o Governo Trump reforçou sua postura de que irá seguir com as tarifas de importação sobre a China. A economia continua mostrando crescimento relativamente estável, hiato do produto fechado e acumulo de pressões inflacionárias. Com este pano de fundo, continuo vendo restrições para tendências mais prolongadas de “risk-on”. Ainda vejo um cenário de volatilidade, porém sem tendências claras definidas.

A situação da Itália segue delicada e incerta. Na Espanha, os problemas são menores e mais administráveis, mas o risco de contágio na Europa aumentou bastante nos últimos dias.

Na China, a despeito de um crescimento relativamente estável, crescem os números de “eventos de crédito” no mercado local de dívida. Por ora, estes “eventos” são vistos como saudáveis, em um longo e bem administrado processo de desalavancagem da economia. O risco, contudo, fica por conta de uma eventual escalada neste tema que não consiga ser administrada de maneira gradual pelo Governo e pelo PboC.




Data: 29/05/2018

Risk-Off: Crise Institucional na Itália e no Brasil.

 

Os ativos de risco estão abrindo o dia com “risk-off” cássico, puxado por uma forte deterioração no preço dos ativos da Itália, após a incertea política aumentar na ausênia de um governo. A dinâmica dos últimos dias reafirma a minha convicção de portfólios mais cautelosos, visando a preservação de capital, mas mantendo a flexibilidade, agilidade e liquidez em busca de alocações que visam se apropriar desta volatilidade. Não vejo este cenário se alterando no curto-prazo e ainda vislumbro u resto de ano bastante tumultuado e turbulento.

No Brasil, os jornais estão repercutindo com preocupação a situação intitucional do país. Mesmo após o acordo com os caminhoneiros, a situação social continua fragilizada e o governo, segundo a mídia, tem receio que a situação migre para um cenário parecido com 2013, onde uma “simples” manifestação contra aumento de impostos migrou para uma grande manifestação contra a classe política.

Segundo os jornais de hoje, já se fala na ausência de governabilidade no Congresso e na impossibilidade de Temer encerrar seu mandato.

Uma pesquisa Ibope em São Paulo mostrou Bolsonaro ganhando terreno, assim como Ciro Gomes, em detrimento a alguma perda de espaço, mesmo que pequena, de Alckmin. Impressiona observar Bolsonora na frente de Alckmin no berço político tucano, neste estágio do ciclo econômico.

Na atual situação do país, tendo a acreditar que o mercado financeiro local não irá receber bem a polarização política entre Bolsonaro e Ciro, ambos com pautas econômicas ainda duvidosas.

De acordo com a mídia, o Governo já trabalha com uma inflação de 1% este mês devido a extensão da greve.




Data: 28/05/2018

Humor externo mais positivo.

 

Em um dia de feriado nos EUA, os ativos de risco estão abrindo a semana em tom mais positivo, exceto por mais uma forte queda do Petróleo. Alguns eventos estão ajudando este humor. A reunião entre os EUA e Coréia do Norte pode (novamente) entrar na agenda dos próximos dias, a Turquia anunciou novas medidas de suporte a seus mercados e, na Itália, não houve acordo para um governo entre os partidos radicais, retirando um risco de curto-prazo, porém mantendo a situação política do país em um limbo. Novas eleições devem ocorrer ainda este ano. Neste íterim, um governo “tampão” será convocado para guiar o país. Não podemos esperar nenhuma medida concreta ou reforma neste período.

No Brasil, o governo anuncio na noite de ontem novas medidas visando um acordo com os caminhoneiros em greve. Tudo indica que as demandas foram atendidas e a greve irá se encerrar. Comentei mais sobre este tema ontem, no texto a seguir: https://mercadosglobais.blogspot.com.br/2018/05/brasil-algumas-reflexoes.html.

As medidas anunciadas, caso mantidas por mais do que os 60 dias prometidos, podem custar cerca de R$20bi ao ano e cerca de R$13bi até o final deste ano. O orçamento do país é apertado para se conseguir alguma compensação destas medidas.

Os jornais de hoje estão adotando um tom bastante negativo no tocante a situação econômica e social do pais, refletindo a greve e a postura do governo na administração deste problema.




Data: 28/05/2018

Brasil: Algumas reflexões.

 

A greve dos caminhoneiros ainda não foi totalmente debelada. A situação do país está sendo normalizada de forma ainda excessivamente lenta. Contudo, é natural esperar (e acreditar) que nos próximos dias a greve tenha ficado para trás e o país volte ao normal.

A associação de funcionários da Petrobrás anunciou uma greve de 72 horas com início na quarta-feira, com reivindicações parecidas à pauta dos caminhoneiros.

Com a atuação do Banco Central no mercado de câmbio, e agora do Tesouro no mercado de títulos públicos (comentado no sábado aqui: https://mercadosglobais.blogspot.com.br/2018/05/cenario-externos-nebuloso-brasil.html) não descarto alguma acomodação, normalização ou até mesmo “relief rally” dos ativos do Brasil. Contudo, a situação que o país vivenciou nos últimos dias, na minha opinião, trazem consequências e conclusões à longo-prazo muito mais importates.

Não é o meu intuito neste fórum fazer juízo de valor, apoio ou críticas a qualquer tipo de movimento. A minha intenção é entender o impacto que as questões referentes ao país terão sobre os ativos financeiros locais e aos investimentos de curto e longo-prazo.

Na minha visão, a situação que o país viveu com este episódio dos últimos dias mostra o total despreparo do país para lidar com situações de crise, e uma sociedade que se mostra imatura, ou não preparada, para as mudanças e reformas necessárias no longo-prazo para a saúde econômica do país. Reforço que não estou julgando, fazendo juízo de valor, crítica ou tomando partido de nenhum dos lados. A falta de disposição de várias esferas da sociedade neste evento, assim como no debate da reforma da previdência no ano passado, mostra que será extremamente complicado para que o próximo governo, o próximo presidente e o próximo Congresso Nacional consigam avançar nas reformas econômicas, imperativas para o bom funcionamento econômico do país em um cenário externo mais desafiador.

Nas últimas semanas, vimos como a ausência de bases econômicas sólidas podem levar países a situação delicadas, com forte depreciação de seus ativos. Falo aqui dos eventos na Argentina e Turquia, ambas levadas a promover forte elevação das taxas de juros, além de intervenções no mercado de câmbio, com medidas adicionais de ajuste fiscal, com efeitos ainda mais recessivos e negativos para a sociedade geral.

Na atual conjuntura do ciclo eleitoral do Brasil, não vejo nenhuma plataforma, de nenhum dos candidatos competitivos, realmente capaz de alterar a situação do país. Além disso, a maior parte dos candidatos competitivos não mostra real intenção, posicionamento e, mais importante de tudo, convicção na necessidade das reformas.

Finalmente, neste momento, fica dificil vislumbrar que teremos de fato uma mudança substancial no Congresso capaz de apoiar esta agenda liberal e reformista.Assim, mesmo que momentos de acomodação e recuperação dos ativos locais venham a ocorrer nos próximos dias ou semanas, apenas a visibilidade da próxima administração será capaz de alterar o humor dos investidores, locais e externos, em torno dos ativos do país. Por ora, este ambiente traz volatilidade e incerteza aos portfólios e investimentos, e assim permanecerá. Mantenho meu viés de cautela, flexibilidade, agilidade e liquidez dos portfólios.




Data: 28/05/2018

Cenário externos nebuloso. Brasil: Atuação do Tesouro é positiva, Greve e Inflação.

 

Os ativos de risco apresentaram alguns sinais negativos ontem, com destaque para a forte queda do Petróleo e fechamento de taxa das Treasuries nos EUA. Estes movimentos me fazem lembrar que o ano tem sido marcado por grandes movimentos de “washout” das principais posições consensuair do mercado.

Já vimos uma grande reversão do dólar no mundo, uma enorme pressão nos ativos emergentes, uma acentuada queda das bolsas (em fevereiro) e agora estamos diante de pressões no petróleo e (baixistas) nas taxas das Treasuries.

Não vejo grandes mudanças de cenário, mas entendo que o quadro técnico esteja, novamente, se sobrepondo ao cenário econômico no curto-prazo, em um momento de posição técnica menos saudável, preços menos atrativos e um cenário econômico menos obvio.

No campo econômico, continuo tentando entender a magnitude da desaceleração na Europa, os problemas políticas na Itália e Espanha, as questões indiossicráticas em países emergentes como Argentina e Turquia, e a política externa do governo Trump. Esses temas devem continuar ditando a dinâmica de curto-prazo dos mercados, trazendo volatilidade e poucas tendências claras ou objetivas. Além disso, gosto de lembrar que estamos no meio do processo de normalização monetária nos EUA, com altas de juros programadas e uma redução do balanço do Fed em “piloto automatico” o que deve continuar atuando como restrição à rodadas mais prolongadas de apreciação dos ativos de risco como um todo.

No Brasil, o Tesouro Nacional anunciou na noite de ontem que irá cancelar os próximos leilões de vendas de títulos públicos e irá promover leilões de recompras diários. Aredito que a decisão seja acertada e em boa hora. Assim como o BCB conseguiu trazer mais racionalidade ao mercado de câmbio com os leilões de swap cambiais diários, o Tesouro deverá ser bem sucedido em conter movimentos irracionais no mercado de juros. Vale lembrar que essa atuação não visa mudar a direção do mercado, mas trazer menos volatilidade e mair racionalidade. Os ativos do país continuarão suceptíveis ao cenário externo e a eventuais reações a deterioração do cenário doméstico, seja político ou econômico.

A despeito do acordo anunciado entre o Governo e os caminhoneiros, o país continua em situação delicada. A autorização do uso da força militar está ajudando a liberar algumas estradas, em algumas regiões, mas a mídia, neste momento, continua reportando situação de bloqueio, falta de alimentos e combustíveis, perdas financeiras elevadas nas fazendas avicultoras e etc.

Na tarde de ontem, foi anunciado o aumento da bandeira de energia para “Vermelha 2”. Segundo especialistas, isso poderá elevar a inflação entre 20bps e 30bps no mês

maneira geral, continuo vendo o cenário como excessivamente nebuloso. Entendo que teremos mais volatilidade e os portfólios precisam estar preparados para este ambiente, tanto no sentido de preservação de capital, como com o intuito de se apropriar da volatilidade e busca de “alpha”.Contiuo sem disposição a carregar grandes temas estruturais de investimento neste momento, mas atuando de forma enérgica, agil, flexível e sem preconceito em busca de “alpha” para os fundos e portfólios.

 




Data: 25/05/2018

Sinais de estabilização. Cenário ainda não me anima.

 

Os ativos de risco estão abrindo a quinta-feira em tom mais estável. Contudo, alguns sinais de fragilidade permanecem, como a depreciação de moedas emergentes como a TRY e o ZAR.  Continuo não vislumbrand nenhuma grande oportunidade de alocação no curto-prazo, mas mantendo postura agil e flexível para se favorecer de movimentos que aparentam ser exagerados.

No Brasil, o governo anunciou um acordo junto aos caminhoneiros para evitar um casos social. A despeito do anuncio, alguns orgãos da classe afirmam que a greve irá continuar. Neste momento, ainda não consigo ter uma noção concreta de qual será a situação ao longo do dia.

Com este pano de fundo local, e um cenário externo que me parece mais desafiador, não tenho nenhuma vontade de ter alocações estruturais e relevantes em ativos no Brasil. O BRL tem se mostrado bem comportado nos últimos dias devido a presença mais agressiva do BCB nos swaps cambiais. A curva de juros não me aparenta ter prêmios significativos. Pelo contrário, começo a acreditar que os prêmios, na média, de agora em diante, precisam ser ainda maiores. Na bolsa, nos últimos dias, vimos uma melhor na posição técnica e nos preços e valuations. No geralm todos os mercados apresenam posição técnica mais saudável neste momento, mas o mercado, especialmente os fundos locais, me parecem “machucados” para acreditar em uma tomada de riscomais agressiva no curto-prazo.

Depois da Itália passar por desafios políticos, agora a Espanha apresenta cenário desafiador, com o risco do governo Rajoy sofrer um voto de confiança. O cenário de crescimento na Europa já vinha se mostrando mais desafiador e, agora, importantes economicas da região apresentam desafios políticos que podem afetar ainda mais negativamente a confiança e o crescimento.

Nos EUA, Trump voltou a adotar postura mais dura em relação as negociações junto a Coréia do Norte, as questões comerciais com a China e seus parceiros comerciais, como México, Canada e Europa, no tocante as importações de automóveis. Vejo um cenário ainda nebuloso, a despeito de acreditar que esta postura é apenas uma forma, um caminho, de buscar situações mais vantajosas para os EUA e mostrar firmeza as vésperas de uma eleição no Congresso Americano.




Data: 24/05/2018

 Cautela é necessária. Sinais de fragilidade (local e externo) permanecem.

 

Os ativos de risco estão abrindo a quinta-feira em tom mais estável. Destaque para a depreciação de 2,5% na Lira (TRY) na Turquia, que após uma rápida e acentuada depreciação “intraday” ontem após a elevação dos juros em 300bps voltou a mostrar fragilidade. A Bloomberg traz hoje um artigo em que mostra a exposição de alguns bancos Europeus à Turquia e a TRY, o que pode gerar algum contágio, mesmo que pequeno e pontual.

Na noite de ontem, Trump pediu que o secretário de Comércio iniciasse investigações em torno das importações americanas de automóveis, o que pode levar a uma nova rodada de anúncio de tarifas de importação. Com esta postura, Trump demonstra que a “Guerra Comercial” ainda não está vencida e que o aparente avanço conseguido no final de semana com a China pode ter sido apenas um “alarme falso”. Continuo acreditando que este tipo de postura é apenas uma maneira de se conquistar alavancagem nas negociações, mas certamente mostra um cenário ainda desafiador pela frente.

No Brasil a Petrobrás anunciou uma queda de 10% no preço do diesel, que deverá vigorar por 15 dias. Depois disso, a empresa pretende voltar a sua política de preço. O Congresso, por sua vez, para zerar a CIDE, aprovou durante a noite a reoneração da folha de pagamentos.

Eu vejo a decisão da Petrobrás, mesmo que politicamente sendo uma decisão difícil dado o impacto para a sociedade e o caos social que está se instalando no país, como uma decisão extremamente danosa à imagem da empresa do ponto de vista do investidor. A decisão abriu um precedente enorme para que a política de preços seja abandonada por qualquer questão, econômica ou social, que venha a afetar o país.

Como tenho afirmado neste fórum, a situação vivida nos últimos dias mostra como o próximo Presidente o próximo Governo precisará estar comprometido com o ajuste econômico para manter suas convicções e não adotar medidas vistas como populistas a luz do mercado. Por ora, os candidatos que estão mostrando competitividade nas pesquisas não demonstram esse apego e convicção pelas reformas. Assim, é natural o mercado pedir mais prêmio de risco nos ativos do Brasil nesta fase do ciclo eleitoral.

No tocante aos ativos Brasileiros, acho importante comentar sobre a posição técnica e a dinâmica dos mercados locais. Nas últimas semanas, vimos uma grande “limpada” de posições no Câmbio (BRL) e no mercado de juros. Esses, nos últimos dias, foram ancorados pela decisão de política monetária do BCB e pela intervenção via swaps cambiais. Agora, começamos a ver uma limpada de posições no mercado de renda variável. A queda da Petrobrás nos últimos dias, uma grande “over-performance” do Ibovespa e do mercado, já é sinal disso. Além disso, nos últimos dias, vimos uma forte queda das inflações implícitas e aumento de taxa de juros reais nas NTN-Bs. Na minha visão, este movimento é totalmente técnico e explicado por um posicionamento pouco saudável do mercado nesta classe de ativo que, agora, começa a se desfazer.




Data: 24/05/2018

Update.

 

Os ativos de risco estão apresentando dinâmica mais difusa ao longo do dia de hoje. Acho válido comentar sobre alguns temas:

Brasil/Político – A situação da alta no preço dos combustíveis está gerando uma grande revolta popular, com problemas de abastecimento já sendo reportados pela mídia. A queda da CIDE pode não ser suficiente para amenizar o problema. Assim, o mercado começa a se questionar se a pressão para uma solução não irá recair, no final das contas, na Petrobrás. A ação da empresa apresentou forte queda nos últimos dias, desde que o assunto entrou no radar dos investidores.

Confesso que hoje não vejo solução econômica simples, que seja capaz de atender a população/sociedade, sem que afete o (correto) caminho traçado para a empresa do ponto de vista empresarial. Assim, é natural que o mercado continua a se questionar sobre o tema, pedindo mais prêmio de risco para carregar ações e papeis da dívida da empresa.

Brasil/Inflação – O IPCA-15 de maio apresentou alta de 0,14% MoM e 2,7% YoY, muito abaixo das expectativas. O qualitativo do indicador também foi positivo, com os núcleos e a difusão baixos. A inflação de serviços, mais aderente a política monetária, mostrou um quadro de inflação extremamente baixa.

O número de hoje apenas reforça a mensagem do BCB de que os juros devem ficar mais baixos por mais tempo. Contudo, o cenário externo e o câmbio precisam ser monitorados. Não vejo grandes assimetrias hoje, no atual cenário externo, com um ciclo eleitoral indefinido se aproximando, no mercado de juros, exceto por posições táticas e alguns poucos plays de curva.

Turquia – Após gerar grande volatilidade ao longo da noite e durante toda a manhã, o país anunciou uma alta inesperada de 300bps nas taxas de juros, como o Governo voltando a adotar um discurso mais ortodoxo. A depreciação superior a 4% na Lira (TRY) se transformou em uma apreciação de 2,4% neste momento.

Este é mais um caso de busca por racionalidade e ancoragem por parte de uma autoridade monetária emergente. Parece que estamos longe de uma solução para os desafios que esses países têm pela frente, mas passos importantes, assertivos e corretos estão sendo tomados nessas economias.

Europa/Crescimento – O PMI da Europa apresentou mais um mês de queda, puxado por Alemanha e França. A fraqueza da economia da Europa, aliada aos riscos políticos na Itália voltaram a pressionar o EUR e colocar em dúvida o cenário de recuperação coordenada da economia global.

Ainda vejo a economia da Europa crescendo a taxas relativamente saudáveis, a despeito de mais baixas do que na virada do ano e do patamar que se imaginava. Ainda trabalho com um cenário de crescimento saudável da economia mundial, com flutuações em torno da tendência.

EUA – O Markit PMI do país apresentou alta em maio, confirmando o bom momento da economia deixando ainda mais aparente as diferenças econômicas entre os EUA e o resto do mundo.

As Minutas do FOMC mostraram um cenário de crescimento robusto e saudável, aperto do mercado de trabalho e acumulo de pressões inflacionárias. Contudo, como já virou praxe nesses documentos, existe um grande debate em torno de como se dará o processo de normalização monetária de agora em diante.

Acredito que o Fed será reativo aos dados econômicos. Hoje parece justo acreditar em mais 2 a 3 altas de 25bps nas taxas de juros este ano, mas os dados de inflação serão fundamentais para moldarmos este processo. Entendo que as Minutas possam gerar volatilidade e incerta no curto-prazo,  mas estou mais preocupado e focado nos dados econômicos para a manutenção de uma das principais teses de investimento do portfólio, leia-se, taxas de juros estruturalmente mais elevadas nos EUA.




Data: 23/05/2018

Risk-Off!

 

Depois de uma segunda e terça-feira de melhora generalizada dos ativos de risco, com boa descompressão dos prêmios dos ativos emergentes, os mercados globais estão abrindo a quarta-feira em tom mais negativo, com movimento clássico de risk-off. Não me parece haver um motivo específico, ou trigger único, para estes movimentos. Vale mencionar, contudo, a forte desvalorização da Lira (TRY) na Turquia – que neste momento cai cerca de 3,7% em relação ao dólar – e as incertezas que ainda rondam o cenário econômico e político na Itália, que podem começar a estar impactando e gerando contágio ao resto do mundo.

Diante deste quadro e desta dinâmica, diria que o “relief rally” que eu estava prevendo tenha, neste momento, se encerrado. O mercado mostra alto grau de volatilidade e incerteza, o que tem impedido a alocação de risco de maneira mais estrutural (longo-prazo). Assim, vou continuar favorecendo uma postura mais tática (curto-prazo) e um portfólio mais neutro, buscando posições em temas específicos ou posições relativas.

No Brasil, a intervenão do BCB no mercado de câmbio parece ter trazido ancoragem e racionalidade ao mercado. Espero que o Real (BRL) apresente desempenho relativo melhor do que os seus pares neste ambiente descrito acima, mas ele não estará totalmente imune a rodadas de dinâmica negativa como essa que estamos observando essa manhã.

O Governo anunciou que irá zerar a CIDE de combustíveis, mas o Ocngresso irá votar a reoneração da folha de alguns setores para evitar perdas de receita. Essa postura é “menos pior” que alterar a politica de preços da Petrobrás, e ou aceitar uma perda de receitas sem contrapartida. Contudo, mostra o grau de preção que o próximo governo irá enfrentar. Sem um Presindete de fato comprometido com o ajuste econômico, é natural que este tipo de pressão, entre outras, acabe sucumbindo o novo presidente ou governo à medidas mais populistas.

A Ata do Copom mostrou que o BCB pretene manter a Taxa Selic estável nas próximas reuniões, mantidas as condições atuais de inflação corrente, expectativas de inflação e inflação prospectiva. Contudo, como sempre, o BCB irá monitorar o cenário prospectiva para, então, decidir seus próximos passos. Acredito que a curva de juros tenha que operar com prêmio de alta de juros. Mesmo com prêmios na ordem de 350-400bps nos FRAs mais longos (2 a 4 anos) não vejo o mercado de juros, neste momento, como apresentando valor que jistifique posições estruturais e\ou relevantes para o portfólio. Acredito que  o mercado ficará mais volátil. Vejo mais valor em plays de curva e posições apenas táticas.




Data: 22/05/2018

Risk-On!

 

Os ativos de risco apresentaram ontem um dia de “risk-on”, movimento que está tendo seguimento esssa manhã. O destaque fica por conta para a compreesão dos prêmios dos ativos dos países emergentes\Brasil, que foram um dos mais afetados e pressionados nas últimas semanas. A dinâmia do mercado esta em linha com o roteiro que tracei no final da semana passada e começo desta semana (https://mercadosglobais.blogspot.com.br/2018/05/vejo-espaco-para-uma-recuperacao-dos.html).

Eu vejo espaço para este movimento de compressão de prêmios continuar no curto-prazo, baseado em um cenário de crescimento global ainda suadável, melhora na posição técnica, preços\valuations mais atrativos e uma atuação mais assertiva e correta por parte dos policy makers.

A longo-prazo, contudo, eu vejo o estágio do ciclo econômico nos EUA como já avançado, o que irá gerar restrições à melhoras mais estruturais, acentuadas e permanentes esses ativos. Assim, minha visão mais construtiva é tática\cíclica, mas não deixa de vislumbrar uma recuperação que pode ser relevantes dessas classes de ativos. Continuarei adotado postura mais flexível e agil ao longo do ano, pois vejo um mercado com volatilidade e inertezas maiores.

Essa manhã a China anuncio que irá baixar as tarifas e importação de carros para 15%, em um movimento que mostra comprometimento com as negociações promovidas no final de semana, reduzindo ainda mais os riscos de uma batalha comercial mai ampla. Este tipo de medida\postura deverá ajudar o humor global a risco, à medida que eleva as perspectivas do comércio global e, consequentemente, do crescimento mundial.

No Brasil, o destaque negativo fica por conta da tentativa de intervençõ do governo na política de preços da Petrobrás, em um ambiente de escalada rápida e acentuada do preço do petróleo e dos combustíveis. Ainda precisamos entender quais medidas serão tomadas, mas qualquer iterferência concreta será mau recebida pelo mercado. Devido ao cenário externo, na margem, mais construtivo, a interferênia deverá ficar concentrada no preço das ações da Petrobrás. Medidas mais agressivas podem trazer de volta a tona o questionamento em torno da quadro econômico do país, levando a uma dinâmica pior dos ativos locais (steepening da curva de juros, alta do dólar e etc).

Hoje a agenda terá as Notas do Copom. Espero que o Comitê reforce a mensagem de que a Taxa Selic ficará mais baixa no horiznte relevante de tempo, já que a inflação corrente e prospectiva, além das expectativas de inflação, continuam ancoradas. O hiato do produto continua muito aberto, o que permite um crescimento sem pressões altistas na inflação. Além disso, a recuperação do crescimento e do emprego segue lenta e gradual.

Na Itália a formação de um governo mais populista continua deixando os ativos do país mais pressionados. O problema continua localizado e sem gerar contágio para o resto do mundo. Ainda precisamos entender quais serão as reais chances desse governo implementar medidas econômicas deletérias ao país, mas sem dúvida é natural e esperado que o mercado peça mais prêmios para os ativos italianos de agora em diante.




Data: 21/05/2018

Vejo espaço para uma recuperação dos ativos EM\Brasil. Contudo, é sempre difícil acertar pontos de inflexão.

 

O destaque do final de semana ficou por conta da conclusão das negociaões preliminares entre os EUA e a China em torno de suas relações comerciais. Segundo um comunicado conjunto emitido após as reuniões, os países de comprometeram em estreitar seus relacionamentos, com a China buscando elevar substancialmente as compras de produtos norte americanos. Não houve a divulgações de metas ou números concretos, mas um comprometimento em torno do tema. Após o comunicado, os EUA anunciaram, mesmo que semi-oficialmente que, por ora, não irão impo tarifas de importação à China, freando assim, a “guerra comercial” entre ambos. 

 

Os eventos do final de semana, assim, reduzem substancialmente os riscos de uma “guerra comercial” mais ampla e se colocam dentro do cenário bae que a maior parte do mercado vinha trabalhando. De maneira geral, a despeito do risco de uma postura mais dura por parte da administração Trump, a maior parte do mercado esperava (e espera) que as negociações caminhem em um direação ainda construtiva. 

 

É natural supor que passado este evento, e mesmo com riscos de execusão, e riscos em outras frentes, como no NAFTA, algum prêmio de risco seja reduzido nos mercados financeiros globais. 

 

Nesta mesma frente, vimos a divulgação de dados mais robustos e ainda saudáveis de exportações na Coréia do Sul e no Japão ao longo desta noite, o que mostra uma economia global ainda relativamente estável e saudável, mesmo que com flutuações em torno da tendência. 

 

De maneira geral, vejo algum espaço para a normalização dos ativos de risco, especialmente aqueles mais pressionados nos últimos dias e semanas, como os ativos emergentes. Entendo que seja difícil acertar pontos de inflexão nos mercados, e que a dinâmica destes ativos ainda se mostra fragilizada (comentei um pouco mais sobre isso no sábado: https://mercadosglobais.blogspot.com.br/2018/05/brasil-bcb-aumenta-oferta-de-swaps.html), mas vejo o acumulo de evidências de um quadro econômico ainda positivo, uma melhora na posição técnica, preços e valuations mais atrativos e uma atuação correta dos policy makers. 

 

Entendo que talvez o mercado de FX não seja a melhor classe de ativos, mesmo vislumbrando uma melhora tática ou cíclica, mas há espaço para acomodação no mercado de juros, assim como alguns setores e empresas da bolsa apresentaram correções excessivas vis-a-vis seus fundamentos.




Data: 21/05/2018

Brasil: BCB aumenta oferta de swaps cambiais. Mais um passo acertado.

 

Brasil\Câmbio – No final da tarde de ontem o Banco Central (BCB) anunciou um aumento na oferta de swap cambiais, dos US$250mm diários, para US$750mm diários. Além da oferta, o BCB divulgou comunicado em que busca diferenciar a postura no tocante ao câmbio de sua política monetária.

 

Acredito que a atuação do BCB esteja correta, primeiro ofertando um montante menor de swaps, depois deixando de cair a Taxa Selic e, agora, oferecendo maior hedge cambial ao mercado. O movimento de fortalecimento do dólar é global e não local. Contudo, é dever do BCB suavizar os movimentos, mas não tentar mudar a direção da moeda. Como no passado o BCB conseguiu reduzir o estoque de swaps, e como o país ainda é credor em dólares, é natural e saudável este tipo de movimento e postura por parte da autoridade monetária. 

 

Como o objetivo não é alterar a direção da moeda e o movimento do dólar é global, precisaremos observar o cenário externo para definir até onde irá à taxa de câmbio. Os últimos passos do Brasil, e de outros países emergentes como a Argentina, foram passos positivos, assertivos e na direção correta, mas ainda é cedo para definirmos até onde irá este movimento recente. Tendo a acreditar que estamos chegando a um ponto de posição técnica mais saudável, preços e valuations mais atrativos, em um pano de fundo não tão negativo como aparenta, mas é sempre muito difícil, senão impossível, acertar pontos de inflexão nestes tipos de movimentos ou tendências. 

 

Brasil\Política – A direita continua bem representada por Bolsonaro na disputa eleitoral para presidente. O Centro ainda se mostra muito disperso, sem poder de coalização e com grandes problemas existenciais. A esquerda, na figura de Ciro Gomes, começa a mostrar alguma convergência, dependendo de Lula e do PT para uma definição de em que caminho irão tomar. O cenário segue bastante nebuloso e indefinido. 

 

Os jornais dos últimos dias mostram preocupação no PSDB em torno da candidatura de Alckmin. O nome de Doria volta a ser ventilado em seu lugar. O PDT de Ciro trabalha para buscar um vice do PSB e o PT continua insistindo na candidatura de Lula, equanto há coversas e pressões de bastidores para algum “plano B”. 

 

EUA vs China – Não houve avanços significativas nas conversas entre ambos os países, mas há algum esforço para mostra coesão nas negociações. Parece que a China ofereceu, ou se comprometeu, em elevar suas compras de produtos americanos, mas sem se comprometer com qualquer meta de redução do déficit. Segundo a Bloomberg: 

 

"(Bloomberg) -- China will significantly increase purchases of U.S. goods and services, the White House said in a statement following talks in Washington this week that aimed to resolve a trade dispute between the world’s two largest economies. Both sides agreed on meaningful increases in U.S. agriculture and energy exports, the White House said, adding that the U.S. will send a team to China to work out the details." 

 

EUA vs NAFTA – Não houve acordo entre as partes em no tempo estipulado. Agora, o México passará por uma eleição presidencial que poderá alterar significativamente o quadro político local, assim como os EUA terão eleições para o Congresso que também poderão alterar a dinâmica política do país, tornando as negociações ainda mais complicadas.




Data: 18/05/2018

Alguns comentários adicionais.

Mercado ainda bastante sensíveis e fragilizados. Seguem algumas atualizações de temas que acabei não comentado nas últimas 24 horas mas que julgo serem relevantes para o curto-prazo:

Emergentes/Fluxos/Posição – Fluxo para emergentes continua ruim/negativo. Até acredito que o mercado aparente ter exagerado um pouco no movimento, mas os fluxos mostram que a posição técnica ainda precisa ser administrada (ou digerida) ao longo do tempo. Segundo o Morgan Stanley:

EM outflows continue: EM debt-dedicated fund outflows continued over the last week, standing at US$1.3bn (up to May 16) compared to outflows of US$2.1bn in the previous week. Hard currency funds registered outflows of US$259m (0.12% of AUM), while local currency funds lost US$918m (0.48% of AUM). Blend currency funds also saw outflows of US$100m (0.19% of AUM). ETFs reported inflows of US$266m over the past week, driven by inflows of US$547m into hard currency ETFs, while local currency ETFs recorded outflows of US$280m. Meanwhile, non-ETFs continued to see outflows of a similar magnitude to the previous week, totalling US$1.5bn. This was again driven by hard currency non-ETFs, which saw outflows of US$806m, while local currency non-ETFs experienced outflows of US$632m. Outflows from regional or country-focused local currency funds picked up from US$33m last week to US$720m this week. Split by type, funds with global mandates saw outflows across both local (US$192m) and hard (US$131m) currency funds. Lastly, blend currency funds lost US$89m. Overall, year-to-date debt-dedicated fund inflows have now slipped to US$9.7bn.

Brasil – O quadro político segue indefinido e, na margem, a esquerda parece demonstrar mais capacidade de aglutinação do que o centro. A mídia continua reportando avanço nas negociações em torno de Ciro Gomes. Do ponto de vista do mercado, este seria uma caminho que não é bem recebido, pelas ideias pouco ortodoxas do ponto de vista de política econômica do candidato do PDT.

Itália – O país caminhou para um acordo entre partidos mais radicais. A despeito de terem deixado de lado plataformas mais heterodoxas, como cancelamento de dívida e saída da União Europeia, são dois partidos que devem dificultar a implementação de reformas econômicas urgentes a uma economia com elevada dívida/PIB. Além disso, existe um risco, com probabilidade crescente, de aumento do déficit fiscal.

China vs EUA – A mídia reportou durante a noite, ainda não confirmado, que a China teria oferecido uma redução de cerca de US$200bi do seu déficit com os EUA. Me parece difícil chegar a este montante e uma confirmação deste rumor ainda precisa ser observado. Quaisquer avanços nessas negociações serão bem recebidas pelos ativos de risco.

EUA vs NAFTA – Um acordo não foi atingido na data estipulada (ontem). Parece que ainda há diversas diferenças a serem reconciliadas. Acredito que um acordo irá acontecer, mas a demora no processo pode gerar mais incerteza e volatilidade em um período de eleições no México, em especial.




Data: 18/05/2018

EM: Pressionados, até quando?

Os ativos de risco estão abrindo o dia em tom mais estável. Ontem foi mais um dia de forte pressão nos mercados emergentes, a despeito da relativa tranquilidade dos mercados desenvolvidos.

Muitos estão me questionando quando que iremos observar uma estabilização deste humor global em torno dos mercados emergentes e do Brasil. Acredito que alguns dos seguintes vetores precisa ser observados. (1) Estabilização dos juros nos EUA. Precisamos ver as taxas de juros pararam de subir, e ter alguma convicção que o um novo patamar foi encontrado. (2) níveis de preços e valuations (ainda) mais atrativos precisam ser atingidos. (3) a posição técnica precisa se tornar mais saudável. O mercado ficou em torno de 2 anos comprando ativos emergentes, não será em apenas 1 ou 2 meses que o ajuste será totalmente efetuado.

Além desses vetores, teremos que superar problemas locais e indiossicráticos, como eleições no Brasil e no México, além de um ambiente econômico desafiador na Turquia e Argentina. Finalmente, o aparente estágio avançado do ciclo econômico nos EUA se mostra como uma grane barreira, ou restrição, a movimentos mais prolongados de recuperação.

Os ativos no Brasil ontem apresentaram reação clássica a decisão do Copom, com “bear flattening” da curva de juros, over-performance do BRL em relação a seus pares, porém forte queda da bolsa. Confesso que a despeito da direção dos mercados terem sido em linha com as minhas expectativas (https://mercadosglobais.blogspot.com.br/2018/05/brasil-copom-adotada-estrategia-correta.html) fiquem um pouco surpreso com o tamanho dos movimentos de depreciação no câmbio e na bolsa.

A agenda do dia será esvaziada. Nos últimos dias, nossos portfólios se tornaram ainda mais defensivos. Por ora, abandonamos nossa tese de investimentos de juros mais baixos por mais tempo no Brasil. Não temos hoje nenhuma posição relevante em juros no Brasil. Acreditamos que os juros devem ficar mais baixos por mais tempo, mas isso deverá ser expresso através de posições na curva, e não posições direcionais. Antes de alocar posição neste tema, contudo, gostaria de observar alguma estabilização do mercado. Estamos apenas como pequena posição em bolsa Brasil, através de uma carteira de ações cujo os preços não nos parecem refletir a melhora de fundamentos apresentada nos resultados recém divulgados. A disciplina do stop, contudo, será respeitada caso necessário. Seguimos tomados em juros nos EUA como principal posição do fundo, complementado com pequenas posições, via opção, e com visão de hedge, vendidos em S&P e em AUD.




Data: 03/05/2018

Fed, Swap Cambial e baixa inflação na Europa.

Os ativos de risco estão abrindo a quarta-feira em tom mais positivo. Na tarde de ontem, o Fed anunciou sua decisão de política monetária, em que manteve a taxa de juros inalterada, como era amplamente esperado. O FOMC, contudo, promoveu uma pequena alteração em seu comunicado, para sinalizar que a inflação está mais perto de sua meta “simétrica” de inflação de 2%.

Esta mensagem foi lida como um sinal de conforto por parte do Comitê que, caso a inflação suba acima de 2%, porém não muito acima, isso não implicaria em uma mudança de postura por parte do FOMC. Assim, se mantém o cenário de cerca de 3 a 4 altas de 25bps nas taxas de juros nos EUA nos próximos anos. Apenas uma mudança drástica de cenário levará o Fed a alterar sua rota de normalização monetária.

Na minha visão, a decisão de ontem em nada altera o cenário base e os cenários de “risco” alternativos. Entendo que a decisão retira algum risco de cauda do curto-prazo, o que pode dar algum alívio pontual a um mercado excessivamente cauteloso nos últimos dias, mas ainda vejo o cenário econômico como ditando o ritmo dos ativos de  risco.

Nessa frente, o ADP Employment apresentou alta em torno de 200 mil vagas de trabalho em abril, confirmando o bom momento da economia e do mercado de trabalho. Todas as atenções estarão voltadas para o Payroll amanhã e, principalmente, para os dados de rendimentos e as eventuais pressões inflacionariam.

No início da noite de ontem, no Brasil, o BCB anunciou o começo da rolagem de swap cambiais. Se mantido o ritmo anunciado todos os dias até o final do mês, o BCB estará vendendo cerca de US$2,8bi ao mercado. Segundo a própria instituição, a medida visa suavizar o movimento de alta do dólar. A postura adotada pelo BCB mostra desconforto com o movimento do câmbio, colocando em debate a próxima queda de 25bps nas taxas e juros sinalizados para a próxima reunião do Copom. Neste ambiente, a dinâmica do mercado nos próximos dias será extremamente importante.

Na Europa, a inflação de abril apresentou uma inesperada desaceleração, com o CPI caindo a 1,2% YoY e o Core CPI para 0,7% YoY, A arrefecimento da inflação coloca a estratégia de normalização monetária do ECB em xeque e o EUR em situação ainda mais delicada caso os dados de emprego amanhã, nos EUA, mostrem um quadro de mercado de trabalho apertado e pressões inflacionárias.

Diante de todo o exposto acima, os dados de emprego amanha nos EUA ganham uma importância gigantesca para a dinâmica de quase todas as classes de ativos de risco para os próximos dias e semanas.




Data: 02/05/2018

Humor mais positivo. Agenda importante.

Os ativos de risco estão abrindo a quarta-feira em tom mais positivo. O resultado da Apple, divulgado o final da tarde de ontem, levou a uma alta de 5% no preço da ação no “after-market”, o que está ajudando o humor global a risco. Assim, neste momento, vemos uma leve alta das bolsas globais, as commodities operam em tom positivo, os juros abrem no mundo desenvolvido e o dólar apresenta leve queda, porém ainda mostra dificulades em cair de maneira mais acentuada.

Comentei um pouco mais sobre os movimentos recentes aqui. Copio o link para não soar repetitivo: https://mercadosglobais.blogspot.com.br/2018/05/dollar-rules.html.

O destaque do dia ficará por conta do ADP Employment e para a decisão do FOMC, nos EUA. Espero ver um mercado de trabalho ainda robusto, mas entendo que nesta fase do ciclo econômico seja esperado que a criação de vagas de trabalho arrefeça dos cerca de 200-250 mil dos últimos meses, para algo em torno de 100-150mil de maneira mais sustentável. Mesmo neste ambiente, as pressões infacionárias deveriam se acumular.

No tocante ao FOMC, espero que o Comitê relate um cenário relativamente estável no tocant ao crescimento, mas mostre mais confiança na trajetória da inflação a sua meta de 2%. Ainda vejo um processe de, pelo menos, 3 a 4 altas de 25bps na taxa de juros neste e no próximo ano, cenário que não está precificado na curva de juros.

No Brasil,o dólar chegou a operar ontem em torno de 3,53-3,54 no mercado de balcão. O BCB vem sinalizando que a primeira linha de defesa seriam as interveções cambiais, seja via swaps ou via reservas. Acredito que o BCB ainda não atuou pois o movimento vem sendo relativamente gradual e concomitantemente com a alta do dólar ao redor do mundo. Assim, em termos relativos as demais moedas, a queda\depreciação do Real se mostra menos acentuada do que contra o dólar norte americano. Ainda não vejo a queda de 25bps na Taxa Selic sinalizada pelo BCB para o próximo Copom como estando em risco, mas o mercado pode questionar a estratégia do BCB caso a depreciação cambial continue. A posição técnica na parte curta da curva ainda me parece pouco saudável. De modo geral, ainda vejo os juros no Brasil mais baixos por mais tempo, mas não gosto do risco\retorno na curva curta de juros no ambiente que estamos vivenciando neste momento. Minha visão pode mudar por preço, dinâmica de mercado ou alguma mudança no cenário.




Data: 02/05/2018

Dollar Rules!

A terça-feira foi novamente marcada por uma alta do dólar no mundo (, mas desta vez sustentada pela abertura das taxas de juros nos EUA. Os ativos emergentes operaram todo o dia sobre forte pressão.

A narrativa em relação ao dólar continua a mesma que tenho descrito neste fórum já há alguns dias vide aqui: https://mercadosglobais.blogspot.com.br/). O resto da semana será fundamental para que está dinâmica se converta de fato em uma nova tendência, ou alguma acomodação desses movimentos aconteça. Destaque para o ADP Employment e decisão do FOMC amanhã nos EUA, e para os dados oficiais de emprego na sexta-feira.

O grande destaque econômico do dia, na minha visão, ficou por conta do ISM Manufacturing. O número apresentou queda superior as expectativas, saindo de 58.3 para 57.3. A despeito da queda, o número continua em patamar saudável e condizente com um crescimento estável da economia (hoje em torno de 2,5%). Ainda mais importante do que o “headline”, o Prices Paid – indicador de pressões inflacionárias – apresentou forte elevação, passando para 79.3 pontos, o maior patamar em vários anos.

Assim, seguimos em um pano de fundo em que acumulam-se evidências cada vez mais claras de pressões inflacionárias, em uma economia que cresce a taxas relativamente constantes. Não vejo outro caminho ao Fed se não manter seu processo de normalização monetária, com cerca de 3 a 4 altas de 25bps por ano e uma redução de seu balanço. Ainda vejo o risco de mais altas de juros como uma probabilidade muito maior do que uma desaceleração da economia. Além disso, acredito que o mercado embute probabilidade excessivamente baixa de uma cenário inflacionário mais preocupante juros muito mais altos no curto-prazo (12 a 24 meses).

Fora o cenário econômico, a temporada de resultados corporativos continua relativamente positiva. O dia teve como destaque a Apple, que acabou subindo cerca de 5% no “after-market”. Além disso, vimos alguns ruídos envolvendo o NAFTA e as negocições em torno das tarifas sobre o Aço. Por ora, vejo esses temas como secundários ao cenário econômico, mas entendo que eles acabem gerando volatilidade e alguns fluxos de curto-prazo.

No Brasil, me parece que estamos definitivamente na agenda eleitoral. Me chamou a atenção nos últimos dias o aumento de mais de 5% no Bolsa Família e uma notícia hoje dando conta de uma potencial injeção de R$15bi na Caixa Econômica visando o estímulo ao crédito. Continuo vendo o cenário doméstico como mais desafiador até as eleições, tanto do ponto de vista local como, agora, do ponto de vista externo. Tenho dificuldades em vislumbrar tendências muito claras para os ativos locais. Acredito que veremos movimentos bruscos e, talvez, até mesmo acentuados, mas sem uma tnedência muito clara. Vou continuar com recomendações e aloações mais baixas e adotando postura mais tática nos ativos locais.




Data: 02/05/2018

Dólar, Treasuries e Cenário.

 

Obs: Peço desculpa em antecipação pelo tamanho excessivo do texto de hoje, mas acho importante resumir os eventos dos últimos 5 dias em que estive com menos "pegada" do dia-a-dia.

O dia foi um tanto quanto interessante para estar de volta. Do ponto de vista econômico, não houve de fato uma mudança muito relevante de pano de fundo, como veremos abaixo.

Mercados:

Para os ativos de risco, vimos a confirmação de uma dinâmica diferente em relação ao dólar no mundo. O mercado agora arpoveita qualquer queda do dólar como oportunidade de compra da moeda americana. Como comentei na semana passada, o dólar parece tecnicamente rompendo alguns niveis importantes e uma tendência de alta pode estar se caracterizando. A posição do mercado, excessivamente vendida em dólar no mundo, está ajudando a exaxerbar este movimento. Além disso, o cenário economico de diferencial de crescimento, politica monetária e taxa de juros, além do momentum da moeda parecem dar suporte ao movimento, que poe continuar no curto-prazo. Comentei sobre isso na semana passada aqui, na seção sobre EUA (https://mercadosglobais.blogspot.com.br/2018/04/comentarios-sobre-os-eventos-recentes.html).

Os juros nos EUA, até o momento, falharam em romper os 3%, mas não conseguem também apresentar fechamento de taxas mais expressivos. A semana será extremamente importante nessa frente, como comentei aqui: https://mercadosglobais.blogspot.com.br/2018/04/semana-de-agenda-importante.html.

Destaque de hoje para ruídos envolvendo o programa nuclear do Irã, que deram suporte ao petróleo. A correlação do petróleo com os juros e as “breakeven inflations” nos EUA continua elevado. Eu prefiro focar no cenário econômico, com os dados de emprego, renda e a reunião do FOMC na hora de tomar decisões de alocação, mas estes movimentos de curto-prazo precisam ser acompanhados para eventuais desenvolvimentos mais relevantes.

Este ambiente tem pressionado os ativos emergentes como um todo, e o Brasil tem seguido está dinâmica. Mantenho a visão de que os números de confiança, crescimento e emprego continuam surpreendendo negativamente. Neste estágio do ciclo eleitoral, começo a achar que dificilmente iremos ver uma recuperação mais robusta da economia do país, até uma definição clara das eleições, no último trimestre do ano.

Este pano de fundo, com um cenário externo mais nebuloso, torna os ativos locais, nos atuais níveis, e com a atual posição técnica, com pouca atratividade de curto-prazo. Continuo com postura mais tática do que estratégica, com baixa alocação a risco Brasil.

Cenário econômico:

Na Europa, as vendas no varejo da Alemanha surpreenderam negativamente, colocando mais um vetor de preocupação em relação ao crescimento da economia local.

Nos EUA, a inflação ficou dentro das expectativas do mercado, com o Core PCE novamente muito proximo a meta de 2% do Fed. O número era de certa forma esperado, mas reafirma o cenário de acumulo de pressões inflacionarias e manutenção da postura do Fed de normalização de sua política monetária. Os dados de crescimento, como o Chicago PMI, Personal Consumption e Spending, fluam em torno de uma tendência, com alguns dados mais positivos e outros não tão positivos, mas sinalizando para um crescimento ainda saudável e em torno da tendência.

No Brasil, destaque apenas para a pesquisa Focus, que mostrou alguma pequena revisão altista para as expectativas de inflação de 2019. Ainda acho cedo para a depreciação cambial começar a atrapalhar a politica monetária, mas acho que o mercado, por sua vez, pode começar a se questionar em relação a isso. Com as posições aplicadas em juros ainda relevantes, não descartaria uma rodada de desalavancagem nos vértices mais curtos da curva. Ainda vejo este cenário como um “cenário de cauda”, mas cuja probabilidade começa a aumentar.

Posição:

Continuo com baixa exposição a risco no Brasil, focado na pate mais longa da curva de juros reais. O portfólio segue tomado em juros nos EUA de forma relevante. Seguidos utilizando a venda de AUDJPY como hedge da carteira, assim como algumas estruturas de opção de S&P. Por ora, estamos com poucos temas de investimentos alocados devido a baixa visibilidade do mercado. Acredito que podemos estar em um ponto de inflexao relevante para o cenário e os mercados. Assim, precisamos estar liquidez e com agilidade para tomar posições mais relevantes.  




Data: 02/05/2018

Visão Geral.

 

Para quem não teve acesso aos meus últimos, e breves comentários, segue abaixo. A partir de hoje teremos as rotinas reestabelecidas:

Agenda: 

A próxima semana será extremamente importante para o pano de fundo global, com destaque para a decisão do FOMC, o Core PCE e os dados oficiais de emprego nos EUA. 

Com alguns mercados em níveis importantes, o rompimento desses níveis pode significar um avanço mais concreto em suas tendências recente, como o fortalecimento do dólar, a abertura de taxa de juros nos EUA e a pressão sobre os mercados emergentes.

Estarei olhando com especial atenção a confirmação do cenário de acumulo de pressões inflacionarias, em meio a um mercado de trabalho no pleno emprego com o hiato do produto fechado. Ainda vejo este como o cenário mais provável. O mercado me parece preparado para movimentos graduais nessa direção, mas não para um cenário mais agressivo de inflação e aperto do mercado de trabalho.

Ainda vejo este risco com uma probabilidade maior do que o mercado embute hoje e por isso a maior posição do portfólio continua a ser tomada em juros nos EUA. Eu vejo o mercado ainda bastante preocupado com a "guerra fiscal” e uma potencial desaceleração mais acentuada do crescimento, mas vejo estes riscos como apresentando baixa probabilidade neste momento.

Caso o FOMC e os dados de inflação e emprego não confirmem o cenário base com o qual tenho trabalhado, ou apresentem alguma acomodação de curto-prazo, o portfólio precisará ser readequado, com posições mais balanceadas. Voltamos a colocar alguns hedges no mercado externo, via opções de S&P e JPY. O portfólio hoje apresenta um viés levemente negativo mas será reavaliado diariamente está semana conforme os dados e das decisões de política econômica forem sendo concretizadas.

No Brasil, vejo os ativos locais reféns do cenário externo no curto-prazo, e ainda à mercê de um quadro político turbulento e um cenário econômico menos óbvio do que antes. Sigo com uma visão construtiva para o mercado local de juros, mas estamos com posições mais defensivas e buscando defender o portfólio de maneira tática.

Comentário gerais:

Brasil - Os números de confiança, crescimento e emprego continuam surpreendendo negativamente. Neste estágio do ciclo eleitoral, começo a achar que dificilmente iremos ver uma recuperação mais robusta, até uma definição clara das eleições no último trimestre do ano.

Este pano de fundo, com um cenário externo mais nebuloso, torna os ativos locais, nos atuais níveis e com a atual posição técnica, com pouca atratividade de curto-prazo. Continuo com postura mais tática do que estratégica, com baixa alocação a risco Brasil.

Vale ressaltar que nos últimos dias vimos nos dados de contas externas uma situação ainda saudável, mas fortes fluxos de saída da conta portfólio, em renda fixa e renda variável, mostrando pouco interesse do investidor estrangeiro por Brasil. As contas públicas ficaram abaixo das expectativas, muito devido a questões pontuais. Contudo, a recente decepção do crescimento deverá afetar também a recuperação cíclica das contas públicas.

EUA - Continuo vendo um crescimento relativamente estável, em torno de 2,5%, com flutuações em torno desta tendência. As pressões inflacionárias continuaram se acumulando, como vimos hoje no Employment Cost Index. Não vejo motivos para o Fed alterar sua postura de normalização monetária. Continuo vendo uma alta da inflação como um risco com maior probabilidade do que uma desaceleração do crescimento. Continuo acreditando na alta estrutural dos juros no pais, em todos os vértices.

Vejo este pano de fundo como uma enorme restrição para o bom desempenho de ativos de risco nos próximos meses. Nas últimas semanas vimos uma mudança de tendência do dólar no mundo, com a posição técnica exacerbando os movimentos. O cenário econômico, o momentum, e a posição técnica parecem favorecer continuidade deste movimento de suporte ao dólar no curto-prazo.

Europa - Os dados de crescimento continuam surpreendendo negativamente. O ECB mostrou postura mais cautelosa em sua reunião. Hoje mesmo vimos surpresas negativas no PIB a França e Inglaterra. Por ora, ainda parece ser uma acomodação do crescimento, mas conforme o temo passa e as surpresas não são revertidas, corremos o risco de uma mudança mais significativa de cenário. A alta do EUR perdeu momentum e posição especulativa se mostra muita comprada na moeda, questões que precisam ser monitoradas.

China - As recentes surpresas de crescimento e sinais anedóticos, como a queda no preço do minério, levaram o PBoC a adotar postura mais expansionista, com queda do compulsório e outras medidas mais pontuais. O cenário base continua a ser de desaceleração gradual da economia, com o PBoC buscando suavizar os movimentos. O risco continuas a ser de uma desaceleração mais acentuada, sem que o PBoC seja capaz de administrar este movimento.

Mercados - No geral, ainda vemos os mercados em ranges. A bolsa dos EUA está no meio de uma queda de braço entre resultados micro positivos, mas restrições macro. O dólar mostra sinais de tendência altista, assim como os juros nos EUA. O Brasil vem sofrendo os efeitos de um cenário local e externo mais nebuloso.

Continuo buscando temas específicos de investimento, mas com alocação a risco, mas baixa e postura mais tática. Acredito que o ano será mais oportuníssimo do que aplicativo. O primeiro trimestre mostrou que esta minha tese está correta.      




Data: 30/04/2018

Agenda importante na próxima semana.

 

A próxima semana será extremamente importante para o pano de fundo global, com destaque para a decisão do FOMC, o Core PCE e os dados oficiais de emprego nos EUA. 

 

Com alguns mercados em níveis importantes, o rompimento desses níveis pode significar um avanço mais concreto em suas tendencias recente, como o fortalecimento do dólar, a abertura de taxa de juros nos EUA e a pressão sobre os mercados emergentes.

 

Estarei olhando com especial atenção a confirmação do cenário de acumulo de pressões inflacionarias, em meio a um mercado de trabalho no pleno emprego com o hiato do produto fechado. Ainda vejo este como o cenário mais provável. O mercado me parece preparado para movimentos graduais nessa direção, mas não para um cenário mais agressivo de inflação e aperto do mercado de trabalho. 

 

Ainda vejo este risco com uma probabilidade maior do que o mercado embute hoje e por isso a maior posição do portfólio continua a ser tomada em juros nos EUA. Eu vejo o mercado ainda bastante preocupado com a "guerra fiscal” e uma potencial desaceleração mais acentuada do crescimento, mas vejo estes riscos como apresentando baixa probabilidade neste momento. 

 

Caso o FOMC e os dados de inflação e emprego não confirmem o cenário base com o qual tenho trabalhado, ou apresentem alguma acomodação de curto-prazo, o portfólio precisará ser readequado, com posições mais balanceadas. Voltamos a colocar alguns hedges no mercado externo, via opções de S&P e JPY. O portfolio hoje apresenta uma viés levemente negativo mas será reavaliado diariamente está semana conforme os dados e das decisões de política econômica forem sendo concretizadas. 

 

No Brasil, vejo os ativos locais reféns do cenário externo no curto-prazo, e ainda à mercê de um quadro político turbulento e um cenário econômico menos óbvio do que antes. Sigo com uma visão construtiva para o mercado local de juros, mas estamos com posições mais defensivas e buscando defender o portfólio de maneira tática.




Data: 27/04/2018

Breve comentário.

Ainda estou com acesso limitado ao mercado, mas acho que alguns eventos recentes merece atenção:

Brasil - Os números de confiança, crescimento e emprego continuam surpreendendo negativamente. Neste estágio do ciclo eleitoral, começo a achar que dificilmente iremos ver uma recuperação mais robusta, até uma definição clara das eleições no ultimo trimestre do ano.

Este pano de fundo, com um cenário externo mais nebuloso, torna os ativos locais, nos atuais níveis e com a atual posição técnica, com pouca atratividade de curto-prazo. Continuo com postura mais tática do que estratégica, com baixa alocação a risco Brasil.

Vale ressaltar que nos últimos dias vimos nos dados de contas externas uma situação ainda saudável, mas fortes fluxos de saída da conta portfolio, em renda fixa e renda variável, mostrando pouco interesse do investidor estrangeiro por Brasil. As contas publicas ficaram abaixo das expectativas, muito devido a questões pontuais. Contudo, a recente decepção do crescimento deverá afetar também a recuperação cíclica das contas publicas.

EUA - Continuo vendo um crescimento relativamente estável, em torno de 2,5%, com flutuações em torno desta tendência. Os pressões inflacionárias continuaram se acumulando, como vimos hoje no Employment Cost Index. Não vejo motivos para o Fed alterar sua postura de normalização monetária. Continuo vendo uma alta da inflação como um risco com maior probabilidade do que uma desaceleração do crescimento. Continuo acreditando na alta estrutural dos juros no pais, em todos os vertices.

Vejo este pano de fundo como uma enorme restrição para o bom desempenho de ativos de risco nos próximos meses. Nas últimas semanas vimos uma mudança de tendencia do dólar no mundo, com a posição técnica exacerbando os movimentos. O cenário econômico, o momentum, e a posição técnica parecem favorecer continuidade deste movimento de suporte ao dólar no curto-prazo.

Europa - Os dados de crescimento continuam surpreendendo negativamente. O ECB mostrou postura mais cautelosa em sua reunião. Hoje mesmo vimos surpresas negativas no PIB a França e Inglaterra. Por ora, ainda parece ser uma acomodação do crescimento, mas conforme o temo passa e as surpresas não são revertidas, corremos o risco de uma mudança mais significativa de cenário. A alta do EUR perdeu momentum e posição especulativa se mostra muita comprada na moeda, questões que precisam ser monitoradas.

China - As recentes surpresas de crescimento e sinais anedóticos, como a queda no preço do minério, levaram o PBoC a adotar postura mais expansionista, com queda do compulsório e outras medidas mais pontuais. O cenário base continua a ser de desaceleração gradual da economia, com o PBoC buscando suavizar os movimentos. O risco continuas a ser de uma desaceleração mais acentuada, sem que o PBoC seja capaz de administrar este movimento.

Mercados - No geral, ainda vemos os mercados em ranges. A bolsa dos EUA esta no meio de uma queda de braço entre resultados micro positivos, mas restrições macro. O dólar mostra sinais de tendencia altista, assim como os juros nos EUA. O Brasil vem sofrendo os efeitos de um cenário local e externo mais nebuloso.

Continuo buscando temas específicos de investimento, mas com alocação a risco mas baixa e postura mais tática. Acredito que o ano será mais oportunístico do que aplicativo. O primeiro trimestres mostrou que esta minha tese esta correta.   




Data: 24/04/2018

Humor mais positivo essa manhã.

Os ativos de risco estão abrindo a terça-feira em tom mais positivo, com uma alta nas bolsas e nas commodities, uma estabilização das taxas das treasuries e um leve dólar fraco com as moedas emergentes. A divulgação do resultado da Google (Alphabet) no fechamento do dia de ontem pode ter ajudado a dar algum suporte aos ativos de risco. 

De maneira geral, contudo, os resultados corporativos têm vindo acima das expectativas, mas os índices de bolsas dos EUA não estão conseguindo sustentar uma alta mais persistente e permanente. O pano de fundo macroeconômico, com diversos “ventos contrários” (“headwinds”), por ora, está predominando em relação a um quadro microeconômico ainda positivo.

No Brasil, os jornais estão dando atenção às articulações políticas em torno das eleições presidenciais para outubro. O STF irá analisar mais um recurso que pode, eventualmente, favorecer o ex-presidente Lula. Até o momento, o PT etsá mantendo sua candidatura a presidente, em uma estratégia que já vinha se desenhando a bastante tempo. Finalmente, no final da tarde de ontem, a Bloomberg divulgou uma matéria em que afirma que a Odebrecht não iirá honrar na data prevista o pagamento de coupon de um de seus papeis de dívida. O evento, por mais que já vinha sendo monitorado, em nada ajuda o humor em relação aos ativos do país, mesmo que seja um caso específico e bastante isolado.

Na Alemanha, o IFO – um dos principais indicadores de confiança do país e da região – caiu abaixo das expectativas do mercado. Continuo vendo a queda dos indicadores de confiança e de atividade como uma processo natural de acomodação do ciclo econômico. Contudo, é natural que o mercado olhe esses sinais com desconfiança e que uma “luz amarela” paire sobre o cenário até que tenhamos um panorama mais claro da real situação econômica da região.

Na Austrália, a inflação medida pelo CPI ficou abaixo das expectativas do mercado. O número mostrou um quadro de poucas (ou nenhuma) pressão inflacionária, o que deve permitir ao RBA manter a política monetária estável e ser um dos últimos bancos centrais de países desenvolvidos a promoveram mudanças em sua postura. 




Data: 23/04/2018

Posição técnica e potenciais novas tendências.

Acho importante analisarmos o cenário global hoje em duas vertentes distantes. Primeiro, no tocante ao cenário econômico. Segundo, no que diz respeito a dinâmica dos mercados financeiros globais.

No tocante ao cenário econômico, o dia foi marcado pela divulgação de dados econômicos mais positivos. Em especial, as prévias dos PMI´s de abril, na Europa e nos EUA, mostraram sinais de estabilização do crescimento econômico mundial. Os números de hoje reforçam a minha tese de que o arrefecimento do crescimento no primeiro trimestre do ano foi apenas uma acomodação natural do ciclo econômico. Os PMI´s foram ainda corroborados pelos números de exportação da Coreia do Sul. Por ser uma economia bastante aberta e com corrente de comércio elevada, suas exportações costumam ser vistas como um termómetro para a atividade econômica global. De maneira resumida, ainda vemos uma economia com crescimento positivo e relativamente estável, a despeito de flutuações em torno da tendência.

No passado recente, normalmente, dados econômicos mais fortes deveriam ser lidos como positivos pelos ativos de risco e os mercados financeiros globais. Ultimamente, não é isso que tem acontecido. Acredito que parte disso seja explicado pela fase atual do ciclo econômico, em que mais crescimento significa, eventualmente, mais inflação e mais aperto monetário. Outra parte pode ser explicada pelo processo de normalização monetária em curso nos EUA (não vamos esquecer que o Fed está reduzindo seu balanço progressivamente) e, finalmente, um outro vetor seja o técnico do mercado.

O dia foi marcado por uma forte alta do dólar no mundo, que está sendo sustentado pela abertura das taxas de juros nos EUA. Neste caso, em especial, o patamar de 3% das Treasuries de 10 anos está sendo acompanhado atentamente para eventuais rompimentos e/ou acomodações. O dólar, por sua vez, me parece estar passando por um grande ajuste técnico. As posições “vendidas em dólar” no mundo vieram se acumulando ao longo dos últimos meses, com o consenso se formando em torno de um dólar mais fraco diante dos déficits gêmeos e políticas econômicas adotadas pela administração Trump. Os últimos dias estão testando essa tese. A posição técnica comprometida acaba exacerbando os movimentos.

O mesmo comentário vale para os ativos emergentes e as commodities metálicas, cujo consenso vem se formando em torno do bom desempenho desses ativos em uma fase final do ciclo econômico, em detrimento a outras classes de ativos, como bolsas, rates, bonds (HY, HG e etc), spreads e afins.

Os ativos no Brasil estão apenas seguindo este humor global a risco e este ajuste de posições, com destaque para o steepening da curva (vemos muitos fundos com posições de flattening), alta do dólar (pressão no BRL) que está testando o patamar de 3,45 e apenas leve pressão na bolsa, mas com importantes movimentos entre setores.

Nas últimas semanas (talvez nos últimos 2 meses) tenho alertado para a ausência de tendências nos mercados financeiros globais, com os ativos, grosso modo, operando em ranges relativamente curtos. Algumas classes de ativos estão, neste momento, testando níveis importantes e algumas tendências e/ou rompimentos podem estar ocorrendo (ou em desenvolvimento).

O mais claro e óbvio parece ser o Petróleo. Depois, o dólar no mundo encontra-se em patamar importante, seguido das Treasuries norte americanas, especialmente a parte mais longa da curva. Ainda acho cedo para afirmar que estamos, de fato, diante de novas tendências, sejam técnicas ou fundamentais, mas certamente esses níveis serão atentamente acompanhados. Seus rompimentos ou resistências poderão ter enorme influência na dinâmica dos próximos dias/semanas.




Data: 23/04/2018

Pesquisa eleitoral no Brasil e Juros nos EUA.

Não há novidades relevantes no cenário que mereçam comentários adicionais aqueles já realizados nos últimos dias. Os mercados estão iniciando a semana com mais uma rodada de abertura de taxa de juros nos EUA, o que está dando suporte ao dólar no mundo. Por ora, as bolsas globais operam apenas em leve queda, assim como as commodities.

Para não soar repetitivo, sugiro rever meus comentários recentes aqui https://mercadosglobais.blogspot.com.br/2018/04/eua-juros-de-10-anos-proximos-aos-picos.html, aqui https://mercadosglobais.blogspot.com.br/2018/04/juros-nos-eua-em-foco.html e aqui https://mercadosglobais.blogspot.com.br/2018/04/pesquisa-eleitoral-no-brasil-e-juros.html.

Na agenda do dia, o destaque ficará por conta das prévias dos PMIs, especialmente nos EUA, além da continuidade da divulgação dos resultados corporativos das empresas nos EUA.

No Brasil, o fluxo de notícias continua bastante esvaziado. O mercado continuará focado nos desenvolvimentos políticos referentes as eleições e na trajetória da recuperação da economia. O cenário de inflação baixa e contida já parece estar no consenso, deixando a indefinição do cenário apenas por conta do crescimento, do cenário político e do ambiente externo.




Data: 23/04/2018

Pesquisa eleitoral no Brasil e Juros nos EUA.

 

Alguns breves comentários sobre alguns eventos recentes:

Brasil – Uma nova pesquisa eleitoral foi divulgada essa manhã. O quadro para a corrida presidencial segue o mesmo das últimas pesquisas. Bolsonaro e Joaquim Barbosa se mostram bastante competitivos seguidos, com menos ímpeto, por Marina, Alckmin, Ciro Gomes e um potencial candidato apoiado pelo PT/Lula. De maneira geral, não há mudanças relevantes no quadro eleitoral. A situação parece bastante aberta e sem definição. Ao longo da semana, vimos Bolsonaro, Marina e Barbosa sinalizarem para políticas econômicas mais ao centro, liberais e reformistas, o que ajudou a dar algum conforto aos investidores e algum suporte aos ativos locais vis-à-vis os seus pares externos.

Geopolítica – Os jornais de hoje estão dando atenção à sinalização da Coreia do Norte de que existe disposição em encerrar os testes balísticos e desativar suas estruturas militares referentes a estes testes. Este é o primeiro avanço concreto nas negociações entre a Coreia do Norte e os EUA. Os eventos recentes reduzem, substancialmente, o risco de maiores problemas na região. O mercado já vinha mostrando otimismo nesta frente. Algum redução adicional de prêmio de risco nesta frente pode ocorrer nos próximos dias.

Mercados – Ao longo da sexta-feira os ativos de risco basicamente seguiram a dinâmica que apresentei aqui ontem pela manhã (https://mercadosglobais.blogspot.com.br/2018/04/juros-nos-eua-em-foco.html), com  mercado de juros nos EUA ditando a direção dos mercados financeiros globais. A Treasury de 10 anos testou novamente os picos deste ciclo econômico, acima de 2,95%.

Acredito que estamos em um processo estrutural e prolongado de abertura de taxas de juros nos EUA e em vários países desenvolvidos. Contudo, este processo e caracterizado pelo o que é conhecido como “stop-and-go”. Rodadas de abertura de taxas de juros, geralmente entre 20bps e 50bps, são seguidas de movimentos de acomodação. Geralmente, enquanto estamos no meio dessas rodadas, a direção e a velocidade de abertura das taxas acabam afetando o humor global a risco. Quando o mercado se acomoda, vemos um alívio nos mercados financeiros globais e alguma nova alocação a risco.

Por este motivo que ainda vejo os ativos de risco operando em alguns “ranges” relativamente estreitos, sem muitas tendências. Assim, venho trabalhando com poucos temas de investimentos, sendo que o principal deles é a alta estrutural de juros nos EUA e no mundo desenvolvido. Ao que tudo indica, estamos no meio de mais uma rodada de alta de taxas de juros. Resta saber a magnitude desta “pernada” e qual será sua velocidade e seu patamar de acomodação. O nível psicológico de 3% nas Treasuries de 10 anos será atentamente observado para eventuais rompimentos ou acomodações. 




Data: 20/04/2018

 Juros nos EUA em foco.

 

Os ativos de risco estão abrindo o dia com o dólar mais forte, as bolsas e as commodities sobre pressão, e com uma leve abertura de taxa de juros nos EUA. Acredito que o curto-prazo será guiado pela direção das taxas de juros nos EUA, que estão novamente testando os picos deste ciclo econômico.

Não apenas o atual patamar dos juros nos EUA será importante (chegando aos 3% no vértice de 10 anos), mas a sua direção e a sua velocidade de abertura serão fundamentais para o ambiente global a risco. Já ficou claro nos últimos meses que enquanto os juros nos EUA estão no meio deste processo de abertura de taxas, os movimentos costumam perdurar por alguns dias (ou algumas semanas), com aberturas em torno de 20 a 50bps.

A dinâmica do mercado tem sido de abertura estrutural de taxas, porém em rodadas concentradas em alguns dias/semanas, seguidas de movimentos de acomodação no novo patamar. A dinâmica dos últimos dias mostra que podemos estar no meio de mais uma dessas rodadas.

Sendo assim, em nada alterei minha visão já expressada aqui nos últimos dias: https://mercadosglobais.blogspot.com.br/2018/04/eua-juros-de-10-anos-proximos-aos-picos.html e aqui https://mercadosglobais.blogspot.com.br/2018/04/brasil-politica-em-foco.html.

No Brasil, Joaquim Barbosa declarou que sua candidatura ainda não está confirmada e sofre resistência de sua família e do próprio partido, o PSB.

Voltando ao tema anterior, gostaria de colocar abaixo o comentário do DB sobre o tema discorrido acima:

Indeed we’ve come a long way very quickly. As we started last week WTI Oil was trading at $62 and 10 year Treasuries at around 2.78%. 10 days later and yesterday oil peaked at $69.5 (currently $68.3) and Treasuries ended at 2.911% yesterday. Oil is at the highest since December 2014 and US 10yrs are within 4bps of their mid-February highs which in turn were the highs since late 2013/early 2014. As an aside we haven’t been above 3.05% since 2011. For the record, 10 year Bund yields were also around 3% back then as opposed to the still moribund (pardon the pun) 0.598% close yesterday which was nearly 7bps higher on the day. Meanwhile US 10 year breakevens marked a fresh high since July 2014 while the 2s10s and 5s30s steepened 3.7bp and 1.4bp respectively.

Interestingly the probability (according to Bloomberg) of four Fed rates hikes in 2018 is now at the highest of the year - at around 33% - from 18% at the start of last week. A reminder that DB has long felt 4 rates hikes (one done) this year and 4 next year are likely.

As discussed above Oil has certainly played its part in the recent move but other commodities have also contributed. For metals (although yesterday was a down day - see below), the big driver appears to be the sanctions imposed on Russia's Rusal(the largest aluminium supplier outside of China) by the US which has seen a significant volume of metals (namely aluminium) removed from the market. Tariffs talk has also contributed and LME Aluminium is up 24.0% in April alone. At the same time our commodities strategists noted that this has come at a time when China's primary supply growth in Aluminium is set to decelerate sharply this year on a combination of limited new capacity and cost pressures. For Oil, the story is more one of fundamentalswith OPEC highlighting that high inventories, which had weighed on the market for the last few years, have now been largely wiped out, helping to rebalance the market. The demand side of the equation is also said to have improved of late in the lead up to the northern hemisphere summer. It's worth noting that OPEC energy ministers have been meeting over the last 36 hours. Watch out for any headlines.  




Data: 19/04/2018

Brasil: Política em foco.

 

Os ativos no Brasil apresentaram ontem mais um dia de bom desempenho, mesmo com uma performance mais mista das bolsas nos EUA. Destaque para a forte alta do Ibovespa, flattening da curva de juros e queda do dólar.

Vejo alguns vetores que justificam estes movimentos. Primeiro, a estabilização do humor global a risco, que já vinha sendo apontada neste fórum desde o final da semana passada.

Segundo, uma posição técnica mais construtiva e preços/valuations mais atrativos.

Finalmente, nos últimos dias, vimos a maior parte dos candidatos a presidente que se mostram competitivos fazerem acenos positivos ao mercado. De uma maneira ou de outra, Bolsonaro, Marina e Joaquim Barbosa estão adotando um discurso mais ao centro, liberal e reformista no tocante a economia, o que acaba dando algum conforto aos investidores.

Continuo acreditando que ainda falta muito tempo para as eleições e as incertezas devem permanecer elevadas por algum tempo. Como tenho afirmado aqui, de agora em diante, qualquer mudança no quadro eleitoral irá ter um impacto mais relevante sobre os preços dos ativos locais.

O mercado havia ficado muito otimista com o cenário desde a virada do ano ate meados de fevereiro. Depois, observamos um ajuste de posições ate alguns dias atras, com desanimo em relação às eleições e um cenário externo mais desafiador. Agora, estamos passando por mais um ajuste na direção positiva.

Eu tenho tentado manter uma posição mais focada no cenário econômico, mas com a intensão de defender o portfólio na eventualidade de mudanças bruscas de panorama. Assim, continuo vendo a parte longa da curva de juros reais como o ativo com bom potencial de apreciação [fechamento de taxa], mas com poder de defesa em cenário alternativos [devido aos níveis já elevados de taxas vis-à-vis as taxas curtas e o cenário econômico prospectivo].

No cenário externo, ainda vejo os mercados operando em "ranges". Os últimos dias foram marcados pela estabilização do humor global a risco, com a redução de alguns riscos de cauda, uma boa temporada de resultados corporativos nos EUA e o anuncio da redução do compulsório na China.

Não vejo esses vetores alterando de maneira estrutural a dinâmica que tem sido regra este ano. Acho que o bom desempenho de curt-prazo pode se sustentar mantido este ambiente, mas ainda vejo restrições de medio-prazo para o retorno de uma tendencia realmente clara de apreciação e "Risk-on".

Entre os riscos, vejo o processo de normalização monetária nas economias desenvolvidas, especialmente nos EUA, e a desaceleração da economia chinesa. 




Data: 18/04/2018

Sem grandes novidades.

 

O dólar opera um pouco mais forte contra as outras moedas de G10 essa manhã, porém misto em relação às moedas EM. As bolsas globais sobem e os juros no mundo desenvolvido, no geral, apresentam leve abertura de taxas.

O destaque negativo fica por conta as bolsas da China, que após mais um dia de queda em torno de 1,5%, operam próximas as pisos recentes, em um movimento bastante estranho e desconexo com o resto do mundo, que talvez justifique as recentes medidas anunciadas pelo PBoC (comentadas aqui: https://mercadosglobais.blogspot.com.br/2018/04/bolsas-em-alta-mas-tendencias-ainda-nao.html).

A inflação na Inglaterra ficou abaixo das expectativas, a despeito dos dados de emprego divulgados ontem terem surpreendido positivamente e mostrado um quadro de robustez do emprego.

No Brasil, a mídia está dando atenção às potenciais alianças para o processo eleitoral, com alguma especulação em relação a uma possível aliança entre Joaquim Barbosa e Marina Silva. O Globo traz matéria em que aponta medidas do governo, sem impacto fiscal, a fim de liberar cerca de R$66bi para a economia. Segundo o jornal:

Num cenário de retomada da atividade ainda patinando, baixa popularidade do governo e com um contingente de 13 milhões de desempregados em ano de eleições, o governo recorre a medidas sem impacto fiscal para tentar estimular a economia. Sem margem de manobra para iniciativas mais ousadas, as ações incluem a redução de depósitos compulsórios, já feita pelo Banco Central, que vai liberar R$ 25,7 bilhões para empréstimos, e a permissão para que trabalhadores de qualquer idade possam sacar recursos do PIS/ Pasep depositados até 1988, o que pode resultar em estímulo de 15 bilhões. Aliadas a outras iniciativas, estas propostas têm potencial de injetar até R$ 66 bilhões na economia. 




Data: 18/04/2018

Bolsas em alta, mas tendências ainda não estão bem definidas.

 

O destaque do dia ficou por conta da alta nas bolsas globais, puxadas pelos argumentos já apresentados neste fórum há alguns dias, tais como: a melhora no quadro técnico, os preços/valuations mais atrativos, uma temporada de resultados corporativos positivos e a redução de alguns “riscos de cauda” no curto-prazo.

De maneira geral, contudo, os mercados globais seguem sem tendências definidas, respeitando alguns “ranges” relativamente curtos e sem uma definição clara de temas de investimento. Este pano de fundo tem dificultado bastante a busca por “alpha” e por “beta” nos ativos de risco nas últimas 4 a 6 semenas. Ainda vejo um cenário relativamente sem visibilidade no curto-prazo, com a manutenção dos atuais “ranges” curtos e sem muitas tendências. Eventualmente, o cenário ficará mais claro e as tendências mais definidas. Enquanto isso, continuo optando por posições menores e por liquidez, afim de manter espaço de risco para eventuais oportunidades.

O Ibovespa conseguiu seguir a melhora externa após um breve período de desempenho pífio, em linha com o que escrevi neste fórum esta manhã (https://mercadosglobais.blogspot.com.br/2018/04/humor-mais-positivo-crescimento-da.html). O BRL tentou apresentar melhora mais expressiva, mas sua dinâmica mostra que ainda há espaço para desalavancagem e busca por hedges. O mercado de juros segue como destaque positivo, ancorado por uma política monetária frouxa e um cenário construtivo para a inflação (em meio a surpresas negativas de crescimento).

No ponto de vista econômico, nos EUA, os dados do mercado imobiliário e a produção industrial de março mostraram um crescimento relativamente estável e positivo, reduzindo os riscos de uma desaceleração mais acentuada da economia.

Na China, em uma decisão totalmente inesperada pelo mercado, o PBoC anunciou um corte de 100bps no compulsório de alguns bancos. A medida pode ser vistas de alguns ângulos. Primeiro, mostra que a desaceleração recente talvez seja mais acentuada do que os dados oficiais apontam. Segundo, que não há disposição do governo em deixar a economia desacelerar de maneira mais acentuada. Assim, por ora, vejo a medida como neutra já que, por um lado, mostra uma economia mais frágil, talvez já tendo passado pelo seu pico de crescimento. Por outro lado, contudo, “ajustes finos” serão feitos para evitar cenários mais catastróficos. Assim, o cenário continua a ser de uma desaceleração gradual da economia, mas o risco de um processo mais acentuado de piora continuará pairando ao longo dos próximos meses. 




Data: 17/04/2018

Humor mais positivo. Crescimento da China e possibilidade de recuperação no Brasil.

 

Os ativos de risco estão abrindo a terça-feira em tom mais positivo, seguindo a narrativa apresentada neste fórum na tarde de ontem (https://mercadosglobais.blogspot.com.br/2018/04/fragilidade-do-mercado-local.html), em que apontamos a melhora no quadro técnico, os preços/valuations mais atrativos, uma temporada de resultados corporativos positiva e a redução de alguns “riscos de cauda” do curto-prazo como motivos para uma estabilização do humor global a risco.

Mesmo com o cenário local mais turvo devido as eleições, se mantido o melhor humor global a risco nos próximos dias, esperaria alguma recuperação dos ativos do Brasil, como alta da bolsa, queda do dólar e flattening da curva de juros, mas em movimentos que estariam “restringidos” pelo cenário de incerteza eleitoral, ou seja, seriam movimentos mais táticos do que estratégicos.

Na China, o PIB do 1Q ficou em linha com as expectativas, com alta de 6,8% Yoy. A produção industrial e o Fixed Asset Invesment (dado de investimento) ficaram abaixo das expectativas em março, mas com as vendas no varejo acima do esperado. De maneira geral, os números de março confirmam o cenário base (e as expectativas do consenso) de que o pico do crescimento chinês ficou para trás e estamos diante de uma desaceleração da economia do país. O risco continua a ser de uma desaceleração mais acentuada do que o esperado, mas os dados de hoje, pelo menos ainda, não mostram um cenário preocupante.

Em Cingapura, as exportações de março ficaram abaixo das expectativas do mercado. Como o país apresenta uma corrente do comércio elevada, suas exportações costumam ser vistas como uma “proxy” para o crescimento global. Os números de março, divulgados hoje, reforçam os sinais de alguma desaceleração da economia mundial no primeiro trimestre do ano. Ainda vejo essa desaceleração como um movimento natural de acomodação do crescimento, em meio a um ciclo econômico ainda positivo, mas de fato o acumulo de sinais na mesma direção acende uma luz amarela nos mercados e nos investidores, o que ajudou a dar um tom mais negativo nos ativos de risco nas últimas semanas.




Data: 17/04/2018

Fragilidade do mercado local. Estabilização do mercado externo

 

Os ativos de risco seguiram uma dinâmica interessante hoje. Vamos por partes:

Brasil – Os indicadores de crescimento continuam surpreendendo negativamente. O IBC-Br divulgado hoje – uma espécie de PIB mensal coletado pelo BCB – apresentou alta de pífios 0,09% MoM e 0,66% YoY em fevereiro, abaixo das expectativas de 0,80% YoY. Nas últimas semanas, vimos as expectativas de crescimento arrefeceram de algo superior a 3% para algo inferior a 3%, mais próximo de 2,5% (em termos de crescimento do PIB em 2018). De maneira geral, ainda acredito que estamos passando por um momento de acomodação, mas a recuperação gradual da economia continua. Talvez o cenário não seja tão positivo como se imaginou no final de 2017 e início de 2018, mas também não tão negativo como agora.

Para os ativos locais está decepção de crescimento, somada a incerteza eleitoral (já comentado aqui: https://mercadosglobais.blogspot.com.br/2018/04/eleicoes-brasil-situacao-na-siria-e.html) estão ajudando o movimento de queda da bolsa, alta do dólar e “steepening” da curva de juros.

Hoje, em especial, o movimento pareceu bastante técnico, com a bolsa em forte queda pelo segundo dia consecutivo, o mercado de juros apresentando fechamento de taxa relevante e o dólar praticamente estável, porém ainda em patamar elevado, acima de 3,40. Infelizmente, por ora, não vejo nenhuma das incertezas locais se dissipando. Ainda espero um ambiente de maior volatilidade e mais incerteza, com o quadro técnico, por vezes, dominando a dinâmica. A principal tese de investimentos continua a ser juros mais baixos por mais tempo, através de posições aplicadas (compradas) na parte longa da curva de NTNB (juros reais).

EUA – As vendas no varejo de março ficaram dentro das expectativas do mercado, confirmando um primeiro trimestre relativamente fraco da economia. Nos últimos anos, por questões sazonais, muito devido ao clima/temperatura, o primeiro trimestre do ano costuma apresentar crescimento abaixo das expectativas e se mostrar o trimestre mais fraco do ano. Tudo indica que este ano este mesmo efeito será sentido.

Como comentado no final de semana, a ausência de deterioração da situação na Síria ajudou a dar um tom mais calmo aos ativos de risco ao redor do mundo, mais explícito através da alta das bolsas e queda das volatilidades implícitas. A boa temporada de resultados corporativos também está ajudando a colocar um suporte nos ativos de risco.

Vejo um curto-prazo um pouco mais construtivo, com a dissipação de alguns riscos de cauda e o suporte de um quadro técnico mais saudável e níveis de preço/valuations mais atrativos. A médio e longo-prazo ainda vejo os ativos de risco sustentando algumas bandas (como por exemplo o S&P entre 2.550 e 2.800). Os principais riscos que estou monitorando continuam a ser a necessidade de um aperto monetário mais agressivo nos EUA e uma eventual desaceleração maior da economia da China (como comentei no detalhe do link acima). A principal tese de investimento externo continua a ser juros mais altos, através de posições tomadas em Treasury (por questões econômicas, técnicas e fluxos).




Data: 16/04/2018

Síria (global) e Datafolha (local) ainda em foco. Risk-On, por ora...

 

Os ativos de risco estão abrindo a semana em tom mais positivo, puxados pela alta das bolsas e abertura de taxas de juros no mundo desenvolvido. O dólar opera de maneira mais mista e sem tendência, enquanto as commodities operam majoritariamente em queda, lideradas pelo petróleo. 

 

A reação do mercado é basicamente em linha com a minha visão exposta aqui ontem, de que os desenvolvimentos após o ataque dos EUA (e seus aliados) a Síria poderiam ser vistos de forma positiva pelos investidores. 

 

Só gostaria de reforçar que minha visão mais construtiva em relação ao evento refere-se ao curto-prazo. A situação diplomática entre os EUA e a Rússia ainda é bastante delicada neste momento. Tudo indica que novas sanções econômicas às empresas e cidadãos russos serão impostas pelos EUA. Não sabemos qual será a resposta da Rússia. Os EUA irão manter presença da Síria e novos ataques não estão descartados. Em suma, mantenho uma visão cautelosa estruturalmente para os próximos meses, mesmo entendendo que, no curto-prazo, os eventos recentes retiram algum risco de escalada mais acentuada nesta crise. 

 

Continuo trabalhando com um cenário ainda desafiador para os ativos de risco de maneira geral, buscando poucos temas de investimentos e posições relativas. Neste momento, estamos com baixa alocação a risco e em temas bastante específicos:  

 

- No Brasil, juros longos por mais tempo e recuperação cíclica da economia, através de posição comprada em NTN-B na parte longa da curva. Taticamente zeramos nossa posição em renda variável Brasil no final de março. 

 

- Nos EUA, juros mais altos estruturalmente, através de posições tomadas em Treasury na parte intermediária da curva, via compra de puts. 

 

- Como hedge, temos uma posição comprada em JPY e vendida em AUD através de compra de puts de AUDJPY.




Data: 16/04/2018

Eleições Brasil, Situação na Síria e Riscos.

 

Brasil – O Datafolha divulgou hoje mais uma pesquisa eleitoral. Não sou um especialista no assunto, então farei comentários apenas superficiais. Nos cenário sem a presença do ex-presidente Lula, os que importam, em minha opinião, o quadro segue o mesmo de antes, ou seja, sem uma definição clara ou concreta. 

 

Bolsonaro continua liderando as intenções de voto e pelo menos outros 4 candidatos se mostram competitivos, são eles: Marina, Ciro, Joaquim Barbosa e Alckmin (não necessariamente nesta ordem). Os demais candidatos mostra baixíssima expressão e dificilmente conseguirão sair desta situação. 

 

Para os mercados financeiros locais, acho difícil que essa pesquisa altere a incerteza que predomina sobre o tema. Acredito que a partir de agora qualquer mudança mais relevante neste quadro, para o bem ou para o mau (na percepção dos investidores) passarão a ser mais relevantes para a dinâmica de preço. 

 

Por ora, seguimos em um cenário de enorme incerteza em relação a este tema, o que não deveria alterar a postura mais cautelosa do mercado. 

 

Síria – A operação militar dos EUA (e seus aliados) na Síria, até este momento, se mostrou um ataque pontual e preciso. Não houve uma reação militar ou diplomática mais dura ou agressiva por parte do exércitio sírio e, muito menos, pela Rússia. 

 

Assim, por ora, parece que os EUA conseguiram atingir de maneira vitoriosa seu objetivo de enfraquecer o poderia bélico (e o arsenal químico) da Síria, sem gerar um problema diplomático mais grave. 

 

Ainda é cedo para acreditar que a situação esteja de fato resolvida, mas para os mercados financeiros globais a situação, se permanecer neste ambiente, será vista como de baixo risco e, até mesmo, pode retirar um “risco de cauda” de curto-prazo. 

 

Riscos – Continuo vendo dois grandes riscos concretos e com maior probabilidade do que o mercado embute neste estágio do ciclo. Primeiro, de uma aceleração mais rápida da inflação nos EUA e/ou a necessidade de um aperto de juros mais agressivo do que o precificado na curva atualmente. 

 

Segundo, vejo sinais um pouco mais preocupantes de desaceleração na China. Não vejo um ambiente de elevada desaceleração, mas talvez uma tolerância maior por parte deste governo, com o poder mais consolidado, de um menor crescimento no curto-prazo visando medidas estruturais para desalavancar a economia e evitar bolhas em setores específicos da economia.




Data: 16/04/2018

Ataque à Síria, Riscos no Brasil & desaceleração na China.

 

Síria – Na noite de ontem, os EUA, em conjunto com a França e a Inglaterra, promoveram ataques de mísseis contra alvos na Síria. Podemos dizer que, de certa forma, a medida era esperada após os eventos recentes. 

 

Para o cenário geopolítico global, será importante entender a estratégia americana. Se será apenas um ou poucos ataques localizados, ou um processo mais longo de intervenção no país. Acredito que, por ora, a primeira opção ainda apresenta maior probabilidade. Sem segundo lugar, será ainda mais relevante observar a postura da Rússia neste caso. O risco, aqui, é de uma postura dura e que os russos levem está questão específica na Síria a um problema muito maior de relações diplomáticas e risco de um conflito armado mais amplo entre as duas potencias. 

 

Até a abertura dos mercados no domingo à noite deveremos ter uma sensação mais clara dessa situação. Por ora, esperaria um pequeno movimento de “risk-off” no curto-prazo, cuja magnitude e duração dependerão da estratégia dos EUA e da resposta da Rússia. O movimento mais óbvio e que pode ser mais duradouro seria uma alta do Ouro e do Petróleo. 

 

Brasil – Os ativos no Brasil continuam apresentando desempenho nominal e relativo bastante pífio. Ontem vimos mais uma depreciação cambial, nova queda da bolsa e steepening da curva de juros. Além da desalavancagem de posição diante das incertezas da eleição, que já comentei neste fórum há algumas semanas, em meio a um cenário externo mais nebuloso, agora estamos convivendo com dados de atividade econômica mais fracos. 

 

Nos últimos dias, vimos as vendas no varejo mais fracas e a mesma dinâmica para o setor de serviços, que levou a uma nova rodada de revisões baixistas do PIB. Além disso, os ativos do Brasil, especialmente o BRL, estão sendo vistos, cada vez mais, como uma opção barata de hedge para alguns portfólios globais. 

 

Eu não acredito que a situação do país fosse tão boa como se chegou a pensar (e precificar nos ativos locais) no início do ano, mas também não vejo uma mudança substancial de cenário nas últimas semanas. Entendo e tendo a concordar com a postura do mercado de reduzir risco em meio as incertezas externas e eleitorais. Diante de um cenário mais turvo, acredito que iremos conviver com mais volatilidade, menos tendências e movimentos mais curtos, o que demandam postura tática e/ou posições relativas e temas muito específicos de investimentos. 

 

China – Os dados de exportação da China em março ficaram muito abaixo das expectativas, como já havia comentado aqui na manhã de ontem. Contudo, o Ano Novo Lunar pode ainda estar afetando este indicador. 

 

Os dados de agregados monetários e empréstimos, divulgados na manhã de ontem, contudo, apontaram na mesma direção de desaceleração da economia, com queda do M2 (e demais agregados) além de empréstimos (“on” e “off” balance sheet) abaixo das expectativas. Tudo indica que o Governo e o PBoC estão satisfeitos com o atual nível de crescimento da economia e estão adotando uma postura contra-cíclica de ajuste e desalavancagem. 

 

Minha tese inicial de que veremos uma desaceleração gradual da economia de agora em diante, uma vez o “novo” governo chinês perpetuado no cargo continua válida e reforçada pelos dados econômicos. Uma desaceleração me parece encomendada. Por ora, a expectativa é que a desaceleração seja gradual, mas sempre existe o risco de um erro de política no meio do caminho (que deveria ser prontamente revertido pelo Governo e PBoC) ou um receio maior do mercado em relação ao real estágio de desaceleração por parte do mercado. 

 

Em suma, ainda vejo um cenário base de desaceleração gradual, mas com riscos de erros no meio do caminho. Vejo que neste cenário aumenta o risco de que, em algum momento, os ativos de risco passem novamente por um “china fear”, ou medo de desaceleração mais acentuada do país afetando os ativos mais dependentes da demanda chinesa.   




Data: 13/04/2018

Retórica mais branda de Trump, Agenda de resultados e BRL em foco.

 

Os ativos de risco estão apresentando recuperação à medida que Trump alivia sua retórica em relação a sua estratégia comercial. Além de um tom mais ameno com relação à China, Trump indicou que pode rever sua posição de se retirar do TPP.

A agenda do dia terá os resultados corporativos do setor bancário como destaque na agenda dos EUA. O mercado já espera uma temporada bastante positiva de resultados corporativos trimestrais, puxada pela recuperação da economia e pela reforma tributária, em um momento que a bolsa dos EUA apresenta um preço/valor mais atrativo que a pouco tempo atrás. Serão os resultados suficientes para levar a um novo pico das bolsas dos EUA? Está é a expectativa de muitos analistas.

No Brasil, o destaque tem ficado por conta da terrível performance do câmbio (BRL). A moeda voltou a operar acima de 3,40, com desempenho nominal pífio, especialmente contra os seus pares. Existe uma série de teorias para explicar essa dinâmica, como menor carrego (“carry”), busca por hedge em período eleitoral e afins. Não consigo dizer com convicção o que explica essa performance, em um pano de fundo de contas externas saudáveis. Contudo, não acredito que haja um cenário de reversão profunda deste movimento. Assim, continuo neutro no mercado de câmbio e adotando postura tática.

A mídia está reportando que Rodrigo Maia pode desistir da disputa pelo planalto. O governo segue em busca da privatização da Eletrobrás, mas não há articulação no Congresso para avanço da medida. A justiça decidiu encaminhar as investigações sobre “caixa 2” nas campanhas de Alckmin para a Justiça Eleitoral, e não para a força tarefa da Laja-Jato, o que retira um risco grande a situação do candidato do PSDB, mesmo que ainda crie desgaste para a sua imagem. 

Na China, as exportações apresentaram queda de 8% YoY, muito abaixo das expectativas de elevação. O número pode ainda estar sendo muito afetado pelo Ano Novo Lunar, o que torna sua análise poluída e de difícil conclusão. Só teremos um poder maior de análise com os dados de abril. Olhando o primeiro trimestre como um todo, a economia ainda demonstra estabilidade em uma situação saudável.




Data: 12/04/2018

Brasil: Alianças políticas, meta de inflação e curva de juros.

 

A despeito das bolsas estarem operando próximos a estabilidade este momento, existem sinais de fragilidade nos mercados financeiros globais, com as commodities metálicas não preciosas em queda, o dólar forte e o fechamento das taxas de juros no mundo desenvolvido. 

 

A noite foi relativamente esvaziada de notícias. O oco do curto-prazo ficará por conta dos desenvolvimentos na Síria. A agenda do dia terá as vendas no varejo no Brasil e o Jobless Claims nos EUA como destaque. 

 

No Brasil, a mídia está reportando que o PSDB está avançando em uma potencial aliança com o PSC e PSD para as eleições de outubro, o que dá algum corpo a campanha de Alckmin para presidente. 

 

Segundo O Globo, o governo decidiu colocar a meta de inflação de 2021 em 3,75%, com uma banda de acomodação de 1,5%. Se confirmada a notícia, seria mais um impulso para o fechamento da inclinação da curva longa de juros no Brasil, que ainda apresenta formato excessivamente “steepado”. Continuo vendo mais valor na parte intermediária e longa das curvas reais e nominais de juros. Caso esta notícia seja confirmada, espero um flattening da curva, com os juros nominais over-performando os juros reais na parte intermediária da curva, em especial. 

 

Em Hong Kong, vimos o HKD, moeda do país atrelada ao dólar, testar a parte mais fraca de sua banda pela primeira vez desde 2005. O momento é bastante localizado e não deveria trazer contágio, especialmente devido ao tamanho do mercado do país e sua relevância econômica e financeira. 

 

Continuo trabalhando com um cenário ainda desafiador para os ativos de risco de maneira geral, buscando poucos temas de investimentos e posições relativas. Neste momento, estamos com baixa alocação a risco e em temas bastante específicos: 

 

- No Brasil, juros longos por mais tempo e recuperação cíclica da economia, através de posição comprada em NTN-B na parte longa da curva. Taticamente zeramos nossa posição em renda variável Brasil no meio da semana passada. 

 

- Nos EUA, juros mais altos estruturalmente, através de posições tomadas em Treasury na parte intermediária da curva, via compra de puts. 

 

- Como hedge, temos uma posição comprada em JPY e vendida em AUD através de compra de puts de AUDJPY. 




Data: 11/04/2018

 Inflação nos EUA, Conflito na Síria e Política no Brasil.

Os ativos de risco estão devolvendo parte da recuperação verificada ontem, mas na ausência de novidades relevantes. Na agenda do dia, destaque para o Core CPI nos EUA e para as Minutas do FOMC. Insisto que vejo a inflação nos EUA como o principal risco ao cenário econômico global nos próximos meses.

Para não soar repetitivo, minha visão pode ser vista aqui: https://mercadosglobais.blogspot.com.br/2018/04/risk-on-china-adota-tom-conciliador.html e aqui https://mercadosglobais.blogspot.com.br/2018/04/inflacao-em-foco-no-brasil-e-nos-eua.html.

Saindo do âmbito econômico, um potencial ataque militar dos EUA, em conjunto com seus aliados (França e Inglaterra, em especial) ao Governo de Assad, na Síria, está trazendo alguma incerteza adicional aos mercados, em especial aos ativos da Rússia e da Turquia. Acredito que este problema deveria permanecer isolado. Contudo, assim como no casa da “guerra comercial” com a China, um ataque dos EUA eleva a chance de um erro de política externa, em especial, a relação com a Rússia.

Na China, a inflação ficou abaixo das expectativas, influenciada por vetores pontuais e ainda impactada pelo efeito base do Ano Novo Lunar. A inflação no país não é um problema no curto-prazo. Mais importantes serão os dados de crescimento de março que darão uma medida mais concreta do estado da economia.

No Brasil, a mídia está reportando que o Ministro do STF Marco Aurélio decidiu não analisar a questão da prisão em segunda instância neste momento, o que poderia beneficiar Lula. A mídia está reportando também que o inquérito envolvendo Alckmin pode caminhar de maneira mais rápida com o ex-governador e São Paulo sem foro privilegiado. O cenário eleitoral continua bastante incerto neste estágio do processo, o que não é visto com bons olhos pelo mercado.

Neste ambiente, é natural convivermos com mais volatilidade e incerteza. No curto-prazo, ainda não vejo nenhuma das incertezas se dissipando por completo, o que deverá manter o pano de fundo de mais volatilidade, menos tendência e temas de investimentos mais frágeis ou menos caracterizados.

Continuo trabalhando com um cenário ainda desafiador para os ativos de risco de maneira geral, buscando poucos temas de investimentos e posições relativas. Neste momento, estamos com baixa alocação a risco e em temas bastante específicos:

No Brasil, juros longos por mais tempo e recuperação cíclica da economia, através de posição comprada em NTN-B na parte longa da curva. Taticamente zeramos nossa posição em renda variável Brasil no meio da semana passada.

Nos EUA, juros mais altos estruturalmente, através de posições tomadas em Treasury na parte intermediária da curva, via compra de puts.

Como hedge, temos uma posição comprada em JPY e vendida em AUD através de compra de puts de AUDJPY.




Data: 11/04/2018

Inflação em foco no Brasil e nos EUA.

Os eventos do dia apenas reforçam o cenário base as minhas visões que venho descrevendo neste fórum. São eles:

Brasil/Inflação – O IPCA de março ficou levemente abaixo das expectativas, com alta de 0,09% MoM e 2,68% YoY. A inflação no país continua baixa e seu qualitativo positivo. Este quadro pressupõe juros mais baixos por mais tempo.

A despeito deste cenário econômico, tenho o receio, e precisa ficar claro que é apenas um risco, com probabilidade ainda bastante baixa, da continuidade da alta do Dólar em relação ao Real levar o mercado a repensar uma eventual queda adicional da Taxa Selic em 25bps. A probabilidade de queda de 25bps na próxima reunião do Copom estava em torno de 85% tendo recuado para cerca de 75% nos últimos dias. Como a posição técnica do mercado de juros curtos não me parece saudável, vejo este risco, mas ainda com probabilidade bastante reduzida, mas que precisa ser observado.

EUA/Inflação – O PPI, assim como os seus núcleos, apresentou alta superior as expectativas do mercado em março. Os números de hoje apontam para uma inflação mais elevada do Core CPI nos próximos meses. Por ora, o cenário base continua a ser de uma alta gradual da inflação, com o Fed mantendo sua postura de 3 a 4 altas de 25bps nas taxas de juros por ano e a redução de seu balanço em “piloto automático”. Ainda não há sinais de uma elevação mais acelerada e preocupante na inflação, mas os últimos meses já mostram um quadro de maior rigidez dos preços, além de evidências anedóticas na mesma direção (ISM Prices Paid, beige Book e etc).

Contudo, reforço o que venho escrevendo aqui. Vejo uma probabilidade maior do que o mercado de uma alta mais rápida e acentuada da inflação nos EUA nos próximos meses. Acho que o mercado está excessivamente leniente com esta possibilidade neste estágio do ciclo econômico.

Guerra Comercial – Este tema continua sendo mais um risco do que um cenário base. É inegável que a probabilidade de ocorrência de um erro de política externa se elevou nas últimas duas semanas, mas continua baixa. A postura de Trump com relação a China em muito se assemelha aquela adotada nas negociações do NAFTA, que migram para uma solução amigável e negociada.

Os últimos comentários de ambas as partes, China e EUA, apontam na direção do diálogo e da conciliação.




Data: 10/04/2018

Risk-on: China adota tom conciliador.

Os ativos de risco estão abrindo a terça-feira em tom mais positivo, com um “risk-on” mais clássico. O destaque da noite ficou por conta do discurso do Premier da China. Xi adotou um tom conciliador e reforçou a sinalização de que o país irá buscar o caminho das reformas e da maior abertura econômica. A postura adotada por ele foi vista pelo mercado como menos bélica, abrindo caminho para uma negociação junto aos EUA.

A agenda do dia traz como destaque o IPCA no Brasil e o PPI nos EUA.

Continuo acreditando que o maior risco estrutural e efetivo para o cenário global seja o estágio do ciclo econômico nos EUA e a possibilidade de uma inflação mais elevada no país. Por isso, o PPI hoje e o Core CPI amanhã ganham relevância dobrada. No tocante às relações comerciais, entendo que elevou-se o risco de um erro de política externa nas últimas semanas, mas se tomarmos o NAFTA como exemplo, parece que a postura mais dura dos EUA é “apenas” uma maneira diferente e mais dura de negociação. Assim, continuo vendo com probabilidade baixa (mesmo que maior do que antes) uma guerra comercial mais ampla. Porém, vejo com uma probabilidade mais elevada, e mais elevada do que embutido no mercado, o risco inflacionário nos EUA.

Ontem observamos mais um dia de forte pressão nos ativos do Brasil. De maneira simplista, acredito que as eleições entraram de fato no radar dos investidores. A ausência de um quadro eleitoral mais definido neste estágio do processo parece ter começado a incomodar o mercado que, por sua vez, se mostrava excessivamente alocado em ativos do Brasil, em especial os investidores locais. Isso tudo em meio a um cenário externo mais volátil e desafiador. 

Não vejo mudanças significativas de cenário, exceto por um crescimento um pouco mais fraco do que o imaginado no início do ano e a ausência de reformas econômicas adicionais. Não acredito que o país estava tão bem posicionado como os mercados precificavam até cerca de um mês atrás, mas também não vejo o país em situação tão crítica como o mercado começa a precificar neste momento. Acredito que a dinâmica seja um misto de receio político com uma posição técnica menos construtiva.

Além do Brasil, vimos uma dinâmica bastante ruim por parte dos ativos da Rússia, após novas sanções econômicas por parte dos EUA. Geralmente eventos locais não geram contágio global, mas a relevância da economia e dos mercados russos, em meio a um quadro já fragilizado, eventualmente pode estar ajudando a dar um tom mais defensivo para os mercados emergentes em geral.

Neste ambiente, é natural convivermos com mais volatilidade e incerteza. No curto-prazo, ainda não vejo nenhuma das incertezas se dissipando por completo, o que deverá manter o pano de fundo de mais volatilidade, menos tendência e temas de investimentos mais frágeis ou menos caracterizados.

Continuo trabalhando com um cenário ainda desafiador para os ativos de risco de maneira geral, buscando poucos temas de investimentos e posições relativas. Neste momento, estamos com baixa alocação a risco e em temas bastante específicos:

No Brasil, juros longos por mais tempo e recuperação cíclica da economia, através de posição comprada em NTN-B na parte longa da curva. Taticamente zeramos nossa posição em renda variável Brasil no meio da semana passada.

Nos EUA, juros mais altos estruturalmente, através de posições tomadas em Treasury na parte intermediária da curva, via compra de puts.

Como hedge, temos uma posição comprada em JPY e vendida em AUD através de compra de puts de AUDJPY.




Data: 09/04/2018

Bolsas e dólar em alta. Volatilidade continua elevada.

Os ativos de risco estão abrindo a semana com forte alta das bolsas e leve abertura de taxa de juros no mundo desenvolvido. O dólar apresenta alta global, após a China sinalizar que poderia utilizar uma depreciação cambial como instrumento contra as tarifas impostas pelos EUA.

No sábado fiz um comentário mais profundo sobre os eventos da semana passada, que podem ser vistos aqui: https://mercadosglobais.blogspot.com.br/2018/04/incertezas-persistem.html.

Agenda – A próxima semana terá como destaque o IPCA de março e as vendas no varejo no Brasil. Assim como os desdobramentos do quadro eleitoral. Nos EUA, destaque para o Core CPI e para as Minutas do FOMC. A temporada de resultados corporativos se iniciará, com expectativas já elevadas devido ao efeito da Reforma Tributária. Na China, os dados de atividade econômica de março ganham atenção especial após o Ano Novo Lunar. Na Europa, será importante medirmos o real estado da economia, depois de uma sequencia de dados mais fracos. 

De maneira geral, continuo vendo a inflação nos EUA como o maior risco ao cenário base ao longo dos próximos meses. Nesta frente, o artigo de hoje de Gavyn Davies no FT traz uma boa análise sobre o tema. Infelizmente, só está disponível para assinantes: https://www.ft.com/content/1c09ca70-38b4-11e8-8b98-2f31af407cc8.

EUA – Trump adotou um discurso marginalmente mais conciliador em relação a China no final de semana, mostrando certo otimismo com um avanço amigável das negociações. De maneira geral, uma guerra comercial parece um cenário de risco, e os passos do NAFTA podem ser vistos como parâmetro da postura que a administração Trump irá adotar em suas negociações. De fato, contudo, esta “nova ordem mundial” eleva as chances de um erro de política externa, o que demanda mais volatilidade e prêmios de risco mais elevados.

Síria – A mídia internacional está reportando que o país teria usado armamento químico contra sua população. Os EUA reagiram com retórica dura, sinalizando para uma postura mais bélica em relação ao governo de Assad. A Rússia, por sua vezx, defendeu a sua posição (pró Assad) e afirmou que uma resposta mais dura por parte dos EUA será respondida da mesma forma pela Rússia.

De maneira geral, mais um ruído pontual e localizado em um ambiente já fagilizado para os ativos de risco.

Brasil – O ex-presidente Lula se entregou e está sob a custódia da polícia federal. Passado o “furor” da mídia, para os investidores, o evento só importa pelo eventual impacto que terá no quadro eleitoral de agora até outubro. Com a incerteza da situação, e um quadro eleitoral ainda “em aberto” é natural que os mercados locais demandem mais prêmios de risco, especialmente em um momento de incerteza externa e a despeito de um quadro econômico cíclico ainda bastante positivo.




Data: 09/04/2018

Agenda, EUA (vs China) e Síria.

Ontem fiz um comentário mais profundo sobre os eventos da semana passada, que podem ser vistos aqui: https://mercadosglobais.blogspot.com.br/2018/04/incertezas-persistem.html.

Agenda – A próxima semana terá como destaque o IPCA de março e as vendas no varejo no Brasil. Assim como os desdobramentos do quadro eleitoral. Nos EUA, destaque para o Core CPI e para as Minutas do FOMC. A temporada de resultados corporativos se iniciará, com expectativas já elevadas devido ao efeito da Reforma Tributária. Na China, os dados de atividade econômica de março ganham atenção especial após o Ano Novo Lunar. Na Europa, será importante medirmos o real estado da economia, depois de uma sequencia de dados mais fracos. 

De maneira geral, continuo vendo a inflação nos EUA como o maior risco ao cenário base ao longo dos próximos meses. Nesta frente, o artigo de hoje de Gavyn Davies no FT traz uma boa análise sobre o tema. Infelizmente, só está disponível para assinantes: https://www.ft.com/content/1c09ca70-38b4-11e8-8b98-2f31af407cc8.

EUA – Trump adotou um discurso marginalmente mais conciliador em relação a China no final de semana, mostrando certo otimismo com um avanço amigável das negociações. De maneira geral, uma guerra comercial parece um cenário de risco, e os passos do NAFTA podem ser vistos como parâmetro da postura que a administração Trump irá adotar em suas negociações.

De fato, contudo, esta “nova ordem mundial” eleva as chances de um erro de política externa, o que demanda mais volatilidade e prêmios de risco mais elevados.Síria – A mídia internacional está reportando que o país teria usado armamento químico contra sua população. Os EUA reagiram com retórica dura, sinalizando para uma postura mais bélica em relação ao governo de Assad. A Rússia, por sua vezx, defendeu a sua posição (pró Assad) e afirmou que uma resposta mais dura por parte dos EUA será respondida da mesma forma pela Rússia.

De maneira geral, mais um ruído pontual e localizado em um ambiente já fagilizado para os ativos de risco.

Brasil – O ex-presidente Lula se entregou e está sob a custódia da polícia federal. Passado o “furor” da mídia, para os investidores, o evento só importa pelo eventual impacto que terá no quadro eleitoral de agora até outubro. Com a incerteza da situação, e um quadro eleitoral ainda “em aberto” é natural que os mercados locais demandem mais prêmios de risco, especialmente em um momento de incerteza externa e a despeito de um quadro econômico cíclico ainda bastante positivo.




Data: 09/04/2018

Incertezas persistem.

Os últimos dias, e a sexta-feira em especial, foram bastante intensos para os ativos de risco e para o cenário econômico. O momento parece oportuno para analisarmos alguns temas:

Brasil – Não há mudanças estruturais no quadro cíclico positivo. O crescimento continua em um caminho de recuperação, somente um pouco mais lento do que o imaginado no final de 2017 e começo de 2018. A inflação corrente continua extremamente baixa e as perspectivas são de que este quadro deverá perdurar por algum tempo. Isso está permitindo a continuidade do ciclo de corte da Taxa Selic, que deverá tingir 6,25% e permanecer neste patamar no horizonte relevante de tempo.

O quadro político, contudo, se mostra mais incerto. A situação do ex-presidente Lula é importante para a sociedade e para a grande mídia, dado a sua popularidade, mas para os mercados, o que importa é apenas sua elegibilidade e sua capacidade de transferir votos para seu sucessor. O primeiro parece garantido pela constituição sua incapacidade de se tornar candidato, o segundo ainda é uma incerteza.

De qualquer maneira, a situação política é uma grande incógnita, já que o quadro eleitoral se mostra difuso, com vários candidatos e ainda nenhum candidato de centro, liberal e reformista capaz de aglutinar partidos e a sociedade em sua volta, como imaginava ser possível os investidores locais até pouco tempo atrás. A mídia está reportando que Joaquim Barbosa se filiou ao PSB, trazendo mais um candidato potencial a cena eleitoral.

O grande risco, neste ambiente, é um cenário parecido com aquele que vivenciamos nas últimas eleições para prefeito do Rio de Janeiro, onde a quantidade elevada de candidatos levou dois nomes de pouca expressão para o segundo turno.

Em suma, o cenário econômico segue ciclicamente positivo, o que de certa forma já vinha sendo incorporado nos preços dos ativos locais. A das eleições e do cenário externo está trazendo um novo vetor de incerteza ao cenário local.

EUA – A despeito de alguns dados de crescimento mais fracos, na média, o crescimento do país ainda se mostra estável e saudável, em torno de 2,5%. Os dados de emprego de março, divulgados ontem, mostraram uma menor criação de postos de trabalho, mas após um mês de fevereiro bastante robusto. É possível e provável que o clima tenha afetado esses dois meses. As médias de 2, 3, 4, 6 e 12 meses continuam mostrando um quadro de solidez do mercado de trabalho. Além disso, o Average Hourly Earnings apresentou alta dentro das expectativas, de 2,7% YoY, confirmando o acumulo, ainda gradual, de pressões inflacionárias na economia.

O presidente do Fed, Jay Powell, manteve o tom de seus últimos discursos em sua aparição ontem em evento em Chicago. Sua postura continua a ser de gradualismo, porém manutenção, do processo de normalização monetária. Ao que tudo indica, o Fed será reativo aos números, e não proativo. Enquanto isso, manterá seu processo de normalização monetária, de certa forma, em “piloto automático”, com 3 a 4 altas de juros por ano e a redução de seu balanço como já anunciado.

Europa – Continuamos a observar dados mais fracos de crescimento, especialmente na Alemanha. Por ora, ainda parece estarmos no meio de um processo de acomodação da economia, e não mudança de tendência. Contudo, é natural o mercado questionar, e se tornar um pouco mais sensível ao tema de menor crescimento, conforme se acumulam evidência de desaceleração.

China – O país tem se mostrado mais fonte de estabilidade do que de instabilidade ao longo dos últimos meses. Será importantes observamos os indicadores econômicos de março, a serem divulgados em breve, para termos uma melhor sensibilidade da economia passado o Ano Novo Lunar no país.

Mercados – Os ativos de risco estão em um momento de pouco visbilidade, se tendência e mais volatilidade. Vemos alguns argumentos ainda positivos, tais como: crescimento global sólido, condições financeiras ainda frouxas, gradualismo dos bancos centrais, inflação ainda contida no mundo desenvolvido, mas alguns argumentos já menos positivos do que no passado, tais como: posição técnica mais comprometida, valuations menos atrativos, direção coordenada dos bancos centrais na retirada de liquidez, "guerra comercial" e etc.

Neste ambiente, é natural convivermos com mais volatilidade e incerteza, até que alguns desses argumentos superem os demais. No curto-prazo, ainda não vejo nenhum dos lado (positivo e negativo) ganhando essa “queda de braço”, o que deverá manter o pano de fundo de mais incerteza e volatilidade.

Continuo trabalhando com um cenário ainda desafiador para os ativos de risco de maneira geral, buscando poucos temas de investimentos e posições relativas. 




Data: 06/04/2018

The Trump Short Call Position

Após dois dias de estabilização, os ativos de risco, especialmente as bolsas globais, estão novamente sobre pressão essa manhã (mesmo que longe dos pisos atingidos durante a madrugada) após Trump declarar que tem o intuito de impor novas tarifas em cerca de US$100bi de importação de produtos chineses caso a China adote de fato o princípio da reciprocidade.

O cenário base continua a ser de que essa postura do governo dos EUA seja apenas uma maneira de conseguir levar os chineses a mesa de negociação, buscando melhores termos comerciais aos EUA. Contudo, a China já mostrou que não irá esmorecer diante da agressividade americana. Assim, cresce o risco de um erro de política externa ao longo do tempo.

Além disso, Trump voltou a dar declarações contra o modelo de negócios da Amazon, o que no curto-prazo tem deixado o setor de tecnologia mais sensível e fragilizado a luz da possibilidade de uma rodada de maior regulamentação no setor.

Depois de vivermos anos em um ambiente em que ficou conhecido como “Fed Put”, onde o Fed não deixava o mercado cair depois de um certo patamar, parece que hoje vivemos em um ambiente de “Short Trump Call”, onde o Trumo não parece deixar o mercado subir, como se estivesse vendido em uma call de bolsa. No final das contas, contudo, ainda acredito que os fundamentos irão prevalecer e, nesta frente, os dados de emprego hoje ganham importância redobrada (mais detalhes abaixo).

Finalmente, Trump “tweetou” ontem que espera dados de emprego hoje extremamente positivos. Como o presidente dos EUA recebe os números oficiais com um dia de antecipação, é provável que Trump esteja “antecipando” um bom resultado para os dados de hoje, em linha com o que os indicadores antecedentes também haviam mostrado ao longo dos últimos mês.

De maneira geral, no lado externo, continuamos em um cenário de maior incerteza e mais volatilidade, sem tendências relevantes claras ou grandes temas de investimentos. Continuo acreditando que o Average Hourly Earnings (AHE) a ser divulgado hoje nos EUA será o principal indicador para a dinâmica dos ativos de risco no curto-prazo, assim como o discurso de Jay Powell, presidente do Fed, algumas horas depois.

Continuo vendo um cenário de hiato do produto fechado e pleno emprego que, em algum momento, deveria trazer pressões inflacionárias maiores para a economia dos EUA. É neste contexto que os números de hoje ganham importância. Caso os números mostrem um mercado de trabalho sólido, porém sem grandes pressões de inflação, vamos continuar em um ambiente relativamente construtivo para os mercados. Caso contrário, poderemos estar de fato em um ponto de inflexão importante na economia.

No Brasil, o juiz Sergio Moro determinou a prisão do ex-presidente Lula. Na visão do mercado, quando mais complicada a situação do ex-presidente, menor os riscos de um candidato forte na extrema esquerda.

A despeito dos eventos recentes, os ativos locais mostram uma dinâmica bastante ruim, em especial o BRL. Neste caso específico, podemos citar o baixa atratividade do “carry” (carrego) da moeda, que pode estar afastando investidores estrangeiros e atraindo alocações para fins de hedge. De qualquer maneira, os investidores parecem estar utilizando qualquer rodada de apreciação dos ativos locais para reduzir risco em alocações em Brasil. A postura se justifica por um quadro externo mais incerto e a aproximação das eleições, em um ambiente ainda bastante fragmentado.

Neste pano de fundo, faz sentido o melhor desempenho do mercado de juros, especialmente a parte curta e intermediária da curva, que contém um componente mais local e de política monetária cuja os investidores conseguem ter um controle maior diante do cenário benigno de inflação e crescimento ainda fragilizado.

Continuo trabalhando com um cenário ainda desafiador para os ativos de risco de maneira geral, buscando poucos temas de investimentos e posições relativas. Neste momento, estamos com baixa alocação a risco e em temas bastante específicos: 

No Brasil, juros longos por mais tempo e recuperação cíclica da economia, através de posição comprada em NTN-B na parte longa da curva e pequena posição comprada em ações voltadas para a economia doméstica.

Nos EUA, juros mais altos estruturalmente, através de posições tomadas em Treasury na parte intermediária da curva, via compra de puts.

Com hedge, temos uma posição comprada em JPY e vendida em AUD através de compra de puts de AUDJPY.




Data: 05/04/2018

De volta aos fundamentos.

Os ativos de risco apresentaram forte recuperação na tarde de ontem e estão seguindo a mesma dinâmica essa manhã, com alta das bolsas e das commodities, abertura de taxas de juros nos EUA e dólar mais forte ao redor do mundo.

Os mercados globais continuam bastante sensíveis aos ruídos de curto-prazo, em especial no tocante as tarifas de importação e aos comentários de Trump em relação a algumas empresas de tecnologia, e acabaram deixando um pouco de lado o pano de fundo econômico.

A despeito da nova rodada de tarifas entre EUA e China, há sinais de que o NAFTA possa estar chegando a um acordo final. Caso confirmado um novo acordo, irá ficar comprovado que a postura mais dura da administração Trump nos EUA é, de fato, uma estratégia de negociação, mas que o objetivo final não é prejudicar este ou aquele país, mas buscar um meio termo que seja mais vantajoso a economia dos EUA. Acredito que parte disso esteja sendo concluído pelo mercado nas últimas 24 horas.

A dinâmica de hoje é um primeiro sinal de que o cenário econômico possa voltar a dominar as tendências dos ativos de risco, com os dados oficiais de emprego nos EUA amanhã como grande destaque de curto-prazo.

Nas últimas semanas, vimos sinais de arrefecimento, ou acomodação, do crescimento global, porém concentrado mais nos dados ex-EUA. Nos EUA, o crescimento parece mais estável, o mercado de trabalho robusto (vide ISM Employment, Jobless Claims e ADP Employment) e sinais de acumulo de preções inflacionárias (vide ISM Prices Paid, indicadores de inflação dos Fed regionais, Core PCE). Assim, não é de se espantar que hoje observamos uma alta nas bolsas seguida de abertura de taxas de juros e dólar mais forte no mundo.

No Brasil, o STF negou o Habeas Corpus do ex-presidente Lula, vetor que vinha se colocando como uma grande restrição para o bom desempenho dos ativos locais no curto-prazo. Vejo espaço para uma descompressão dos prêmios nos ativos locais no curto-prazo, especialmente contra os seus pares. Contudo, no final das contas, o cenário externo deverá continuar dando o tom dos ativos locais.

Continuo trabalhando com um cenário ainda desafiador para os ativos de risco de maneira geral, buscando poucos temas de investimentos e posições relativas. Neste momento, estamos com baixa alocação a risco e em temas bastante específicos:

No Brasil, juros longos por mais tempo e recuperação cíclica da economia, através de posição comprada em NTN-B na parte longa da curva e pequena posição comprada em ações voltadas para a economia doméstica.

Nos EUA, juros mais altos estruturalmente, através de posições tomadas em Treasury na parte intermediária da curva, via compra de puts.

Com hedge, temos uma posição comprada em JPY e vendida em AUD através de compra de puts de AUDJPY.

Na agenda do dia, destaque para o Jobless Claims. Nas últimas semanas, o número tem se mantido nos patamares mais baixos em cerca de 45 anos, apontando para um mercado de trabalho no pleno emprego com o hiato do produto praticamente fechado.




Data: 04/04/2018

Watch Out!

Alguns eventos dessa noite/manhã merecem comentários adicionais aqueles que fiz hoje cedo. Vamos por partes:

Brasil – As declarações do Comandante máximo do exército em uma rede social, sinalizando certo apoio as manifestações populares em favor de uma decisão contrária ao pleito da defesa do ex-presidente Lula no STF em nada ajudam o clima no país. Muito pelo contrário, colocam um pano de fundo ainda mais delicado em um cenário político já comprometido e em um ambiente externo desafiador.

Continuo acreditando que pouco importa a decisão do STF de hoje para a elegibilidade de Lula nas eleições presidências de outubro. Contudo, entendo que a medida que as eleições se aproximam e o cenário político continue indefinido qualquer situação como essa irá trazer volatilidade e incerteza aos mercados financeiros locais. Soma-se a isso uma posição técnica não totalmente comprometida, mas longe de saudável, que temos um ambiente propício a mais volatilidade e sem tendências claras definidas.

China – A grande surpresa da retaliação chinesa as tarifas impostas pelos EUA ficaram por conta de produtos importantes da pauta entre os dois países, em especial, a Soja. Não à toa, os futuros de Soja caem cerca de 4% neste momento.

Adotando uma postura de reciprocidade, a China mostra que irá adotar posição dura nas negociações, o que aumenta exponencialmente as chances de um erro de política externa à frente. Ainda acredito que, no final das contas, a postura dos EUA é apenas uma “jogada” em busca de negociação de melhores termos comerciais. Todavia, em um ambiente já delicado, este tipo de atuação em nada ajuda o humor global a risco.

Europa – O Flash CPI subiu de 1,1% YoY para 1,4% YoY, em linha com as expectativas. O Core ficou abaixo do esperado em 1% YoY. O número não traz nenhuma urgência para que o ECB mude sua política monetária, mas mostra que a direção da inflação no mundo é para cima e que dificilmente os bancos centrais das economias desenvolvidas, cujo o ciclo econômico está mais avançado, irão alterar seu processo de normalização monetária.

EUA – O ADP Employment apresentou a criação de 241 mil postos de trabalho em março, após criação de 246 mil postos em fevereiro. O número aponta para mais um número forte dos dados oficiais, como o Payroll, na sexta-feira. Mais importante do que isso, a possibilidade de uma alta mais expressiva no Average Hourly Earnings (AHE) em um contexto de pleno emprego e hiato do produto fechado.

Caso o AHE superem as expectativas e mostrem um quadro de maiores pressões inflacionárias, poderemos entrar em um ambiente ainda mais desafiador para os mercados financeiros globais.




Data: 04/04/2018

Risk-Off

Após uma breve e frágil recuperação dos ativos de risco ontem, neste momento, estamos observando mais um movimento clássico e relativamente acentuado de “risk-off” ao redor do mundo.

No final da tarde de ontem, os EUA anunciaram os produtos chineses que terão suas importações tarifadas. Ao longo da noite, a China declarou que irá usar o princípio da reciprocidade e irá tarifar produtos dos EUA na mesma proporção.

Os ativos de risco mostram um quadro técnico comprometido, seja por posição técnica, preços/valuations, descaracterização de tendência, gráfico e etc, em um pano de fundo econômico menor trivial do que anteriormente, com sinais de desaceleração global, bancos centrais retirando liquidez gradativamente do mercado e sinais de acumulo de pressões inflacionárias nos EUA.

Tudo isso tem trazido mais volatilidade e incerteza aos mercados financeiros globais. Continuo com uma visão mais cautelosa, favorecendo plays relativos, posições defensivas e postura tática até que o cenário se torne menos nebuloso ou os  preços ainda mais atrativos.

No Brasil, mesmo ontem com os ativos de risco apresentando recuperação, observamos uma deterioração de preços. Claramente eu estava dando pouco peso a decisão do STF de hoje em relação ao habeas corpus (HC) do ex-presidente Lula. Contudo, a expectativa da decisão parece ter tido peso importante sobre os ativos locais nos últimos dias.

Uma vitória de Lula será vista como extremamente negativo no curto-prazo, pois Lula continuará solto, em campanha eleitoral, podendo ajudar a transferir votos para algum aliado de extrema esquerda. Lula deverá continuar inelegível e sua capacidade de transferir votos ainda é uma incógnita. Todavia, no curto-prazo, os mercados locais devem reagir de maneira negativa a decisão.

Além disso, uma possível decisão a favor de Lula poderia levar a uma revisão do entendimento da prisão após decisão em segunda instância, o que seria visto como um enorme retrocesso institucional ao país.

O Valor Econômico de hoje traz matéria em que afirma que o entendimento nos bastidores do STF é de que Lula terá seu pleito atendido hoje.




Data: 03/04/2018

Poucas novidades. Ativos de risco apresentam recuperação tímida.

Os ativos de risco estão apresentando recuperação essa manhã, mas de maneira ainda tímida. A média móvel de 200 dias do S&P500 continua a ser o grande foco do mercado no curto-prazo. Eu vejo o Average Hourly Earnings a ser divulgado nos EUA na sexta-feira como o principal evento dos próximos dias, que poderá determinar a direção dos mercados financeiros globais nas próximas semanas.

O fluxo de notícias no Brasil continua com poucas informações relevantes para o cenário, com as eleições e o julgamento do HC do ex-presidente Lula dominando o debate.

Na ausência de noticias relevantes e para não soar repetitivos, deixo aqui o link de meus últimos comentários, onde entro mais a fundo do quadro geral de curto-prazo:  https://mercadosglobais.blogspot.com.br/2018/03/mercados-globais-pmi-na-china-inflacao.html, https://mercadosglobais.blogspot.com.br/2018/04/tech-trouble-china-tariffs-and-nafta.html, https://mercadosglobais.blogspot.com.br/2018/04/sem-claridade.html.




Data: 03/04/2018

Sem claridade...

Os mesmos vetores que estavam afetando o humor global a risco durante a manhã, e já foram comentados aqui mais cedo (https://mercadosglobais.blogspot.com.br/2018/04/tech-trouble-china-tariffs-and-nafta.html), acabaram levando a uma forte queda dos índices de bolsa nos EUA neste segunda-feira.

A despeito de questões pontuais específicas no setor de tecnologia, que já venho comentado há algumas semanas, a queda espalhada entre os diversos setores da bolsa dos EUA acabou surgindo como um destaque negativo ao longo desta última rodada de queda de preços.

Tecnicamente falando, o S&500 está testando a média móvel de 200 dias, que costuma funcionar como um grande suporte de curto-prazo. Caso o “rompimento” para baixo seja confirmado, para aqueles que costumam acompanhar gráficos, será um sinal mais negativo, que indicará a possibilidade de mais perdas no curto-prazo. Vale ressaltar que minha análise é fundamentalista. Porém, no curto-prazo, dado a importância de alguns indicadores técnicos/gráficos, entendo que o mercado acabe reagindo a este tipo de sinal. Não acredito que, no longo-prazo, este tipo de análise leve a qualquer tipo de conclusão, senão acompanhada de indicadores fundamentalistas claros.

Assim, ao meu ver, o grande destaque do dia ficou por conta da forte alta do ISM Prices Paid, que subiu de 74,2 para 78,1 pontos em março, com fortes evidências anedóticas de acumulo de preços inflacionárias na economia norte americana. Este cenário está totalmente em linha com os riscos que venho apontando neste fórum desde o final do ano passado, em um pano de fundo de pleno emprego e hiato do produto fechado. Na minha visão, este vetor é o que pode ter um impacto mais permanente no cenário econômico e na dinâmica dos mercados financeiros globais. Assim, o Average Hourly Earnings a ser divulgado na sexta-feira, nos EUA, em conjunto com os dados oficiais de emprego de março, ganham atenção e importância redobrados.

No Brasil, os ativos locais estão basicamente seguindo o humor global a risco, enquanto a mídia continua focada nas eleições presidências e no julgamento do Habeas Corpus de Lula no STF. Diante do cenário exposto acima, estes eventos, na minha visão, ganham relevância secundário.

Continuo favorecendo um portfólio mais neutro, com posições relativas, temas específicos de investimentos e postura mais tática do que estratégica.




Data: 02/04/2018

"Tech Trouble", China Tariffs and NAFTA.

Os ativos de risco estão retornando do feriado com uma aparente normalização de fluxos, que está dando suporte ao mercado de commodities e a uma abertura das taxas de juros no mundo desenvolvido. Contudo, o dólar opera com pouca movimentação e direção mista, enquanto a bolsa dos EUA apresenta nova rodada de pressão, em um ambiente ainda de baixa visibilidade e maior incerteza.

No sábado fiz um breve resumo de minha visão, que pode ser revista aqui: https://mercadosglobais.blogspot.com.br/2018/03/mercados-globais-pmi-na-china-inflacao.html.

No final de semana, o Facebook foi vítima de um vazamento de um relatório que coloca, novamente, a empresa no foco do debate da mídia e dos mercados, sugerindo uma postura questionável da empresa e a manutenção de um foco que poderá levar a maior regulamentação e pressão das autoridades em seu modelo de negócios.

O presidente dos EUA ainda voltou a comentar, através de seu Tweeter que  modelo de negócios da Amazon precisa ser regulamentado e taxado de forma mais efetiva do que atualmente é. Além disso, Trump criticou a maneira com que a empresa utiliza o serviço postal do país, um sistema que apresenta déficits e prejuízo, enquanto a Amazon segue sua trilha de lucros e sucesso.

Tanto os eventos recentes relativos ao Facebook quanto a postura de Trump em relação a Amazon apontam para um novo ambiente regulatório no setor de Tecnologia, que poderá entrar em um cenário de maior regulamentação, como ocorreu com o setor bancários após a crise de 2008. Por ser um setor bastante relevante para os índices de bolsa, este cenário pode continuar se mostrando uma restrição para o desempenho das bolsas, especialmente nos EUA. Vale lembar que não estou tomando partido de nenhum dos lados, mas apenas fazendo uma análise técnica sobre a situação e seu eventual impacto nos mercados financeiros globais.

No final da tarde de domingo a China anunciou uma nova rodada de tarifas de importação em retaliação a recente postura dos EUA em relação a seus produtos. A medida traz de volta a tona o risco de uma guerra comercial mais ampla, que havia sido reduzido após as recentes tratativas entre os dois países, que haviam sido reportadas pela mídia. O mercado continua bastante sensível a este tema, dado sua importância para o cenário econômico global.

Finalmente, Trump declarou que um acordo para o NAFTA pressupõe que o México irá controlar suas fronteiras e evitar o tráfico de drogas do México para os EUA. Caso isso não ocorra, os EUA não estão dispostos a fechar um novo acordo, segundo o presidente americano.

Ainda vejo o ambiente propício para uma postura defensiva, focada em posições relativas, temas específicos de investimentos e uma postura mais tática do que estratégica. Minhas recomendações podem ser recordadas aqui: https://mercadosglobais.blogspot.com.br/.

As últimas 72 horas trouxeram informações que reforçam este quadro.

Na China, o PMI Manufacturing oficial apresentou relevante alta, acima do esperado, em março, saindo de 50,3 para 51,5. Os dados deste início de ano ainda estão bastante comprometidos pelos efeitos do Ano Novo Lunar. De maneira geral, as médias de janeiro e março mostram uma desaceleração gradual da economia, em linha com o cenário central.

A inflação na Itália e na França ficou acima das expectativas em março, com altas de, respectivamente, 1,1% YoY (vs 0,8% YoY esperado) e 1,5% YoY (vs 1,5% YoY esperado). Os números seguem dados marginalmente mais baixos na Alemanha. A inflação na Europa mostra uma trajetória ascendente, mais ainda de maneira gradual. Não deveria alterar a postura do ECB em relação a política monetária na região.

No Brasil, a mídia está com as atenções voltadas para a última operação da Política Federal, que prendeu pessoas próximas ao atual Presidente Michel Temer. Sem dúvida alguma, uma operação como esta coloca o Presidente em situação acuada e não tem como ser vista como neutra, mas sim negativa. Contudo, com as eleições de outubro a espreita, não há nenhuma expectativa de aprovação de reformas econômicas e ou qualquer debate estrutural para os próximos meses. Assim, a Operação deveria ter maior impacto nas articulações políticas para as eleições do que na economia ou no preço dos ativos brasileiros.

Na quinta-feira a divulgação da safra agrícola por parte da USDA mostrou, pela primeira vez em muito tempo, uma piora nas perspectivas de várias commodities, o que levou a uma forte alta no preço das chamadas “Soft Commodities”, ou commodities agrícolas. Esta classe de ativo veio de vários anos de pressões baixistas de preço, pressionadas por um quadro de demanda fraca e oferta excedente. Este cenário parece estar mudando, tanto no tocante a demanda, com bom crescimento global, quanto, agora, no tocante a oferta, após as notícias recentes. Este vetor pode ser importante para a inflação de vários países/regiões e para a classe de investimentos como um todo.




Data: 02/04/2018

PMI na CHina, Inflação na Europa e Política Brasil.

O primeiro trimestre do ano se encerrou com um quadro econômico basicamente em linha com o esperado e com o cenário base que venho descrevendo neste fórum, ou seja, um crescimento global saudável, uma inflação que sobe de maneira gradual no mundo desenvolvido e a continuidade do processo de normalização monetária nas economias mais avançadas, especialmente aquelas em estágio mais avançado do ciclo econômico.

Para os mercados financeiros globais, o trimestre foi mais desafiador, por uma série de motivos, tais como, posição técnica comprometida, preços/valuations menos atrativos e a confirmação de um menor suporte por parte da política monetária em vários países/regiões. Além disso, algumas medidas adotadas pelo Governo dos EUA, em especial no tocante a imposição de tarifas de importações, também não ajudaram o humor dos ativos de risco. Finalmente, a perspectiva de uma inflação mais elevada, especialmente nos EUA, atuou como uma restrição para o bom desempenho dos mercados financeiros globais.

Nas últimas semanas, observamos alguns dados mais fracos de crescimento no mundo. Vejo esses dados como uma acomodação natural do ciclo. Talvez já tenhamos passado pelo pico do crescimento mundial, mas vejo como uma probabilidade baixa uma desaceleração mais acentuada da economia global neste momento.

Ainda vejo uma aceleração da inflação, especialmente nos EUA, como o maior risco ao cenário nos próximos 6 meses. Acredito que o crescimento irá flutuar em torno dos atuais níveis, mas com probabilidade baixa de grandes acelerações e/ou desacelerações. Uma inflação mais elevada, contudo, poderia trazer os mesmos temores, e a mesma reação dos ativos de risco, daquela verificada no início do ano, entre janeiro e meados de fevereiro.

Nesta linha, os dados de emprego nos EUA, na próxima sexta-feira, ganham importância redobrada, especialmente os dados de rendimentos (Average Hourly Earnings ou AHE).

Ainda vejo o ambiente propício para uma postura defensiva, focada em posições relativas, temas específicos de investimentos e uma postura mais tática do que estratégica. Minhas recomendações podem ser recordadas aqui: https://mercadosglobais.blogspot.com.br/.

As últimas 24 horas trouxeram informações que reforçam este quadro.

Na China, o PMI Manufacturing oficial apresentou relevante alta, acima do esperado, em março, saindo de 50,3 para 51,5. Os dados deste início de ano ainda estão bastante comprometidos pelos efeitos do Ano Novo Lunar. De maneira geral, as médias de janeiro e março mostram uma desaceleração gradual da economia, em linha com o cenário central.

A inflação na Itália e na França ficou acima das expectativas em março, com altas de, respectivamente, 1,1% YoY (vs 0,8% YoY esperado) e 1,5% YoY (vs 1,5% YoY esperado). Os números seguem dados marginalmente mais baixos na Alemanha. A inflação na Europa mostra uma trajetória ascendente, mais ainda de maneira gradual. Não deveria alterar a postura do ECB em relação a política monetária na região.

No Brasil, a mídia está com as atenções voltadas para a última operação da Política Federal, que prendeu pessoas próximas ao atual Presidente Michel Temer. Sem dúvida alguma, uma operação como esta coloca o Presidente em situação acuada e não tem como ser vista como neutra, mas sim negativa. Contudo, com as eleições de outubro a espreita, não há nenhuma expectativa de aprovação de reformas econômicas e ou qualquer debate estrutural para os próximos meses. Assim, a Operação deveria ter maior impacto nas articulações políticas para as eleições do que na economia ou no preço dos ativos brasileiros.

Na quinta-feira a divulgação da safra agrícola por parte da USDA mostrou, pela primeira vez em muito tempo, uma piora nas perspectivas de várias commodities, o que levou a uma forte alta no preço das chamadas “Soft Commodities”, ou commodities agrícolas. Esta classe de ativo veio de vários anos de pressões baixistas de preço, pressionadas por um quadro de demanda fraca e oferta excedente. Este cenário parece estar mudando, tanto no tocante a demanda, com bom crescimento global, quanto, agora, no tocante a oferta, após as notícias recentes. Este vetor pode ser importante para a inflação de vários países/regiões e para a classe de investimentos como um todo.




Data: 02/04/2018

Update.

A chegada do fim do primeiro trimestre do ano está trazendo alguma normalização aos fluxos e estabilização aos ativos de risco. Tendo a acreditar que, a partir de segunda-feira, teremos um quadro técnico mais limpo, permitindo que os mercados financeiros globais voltem a focar nos temas econômicos, mesmo que eu ainda não veja grandes temas de investimentos ou tendências muito claras no curto-prazo. Continuarei focado em temas específicos, em posições relativas e com postura mais tática.

A quinta-feira, véspera de feriado, trouxe algumas informações ao mercado, o qual trataremos abaixo. Adianto que nenhuma delas altera o cenário base que venho descrevendo neste fórum, mas reforçam algumas questões.

No Brasil, O Relatório de Inflação (RI) divulgado pelo BCB trouxe a mesma mensagem que já havia sido muito bem descrita no comunicado após a última decisão do Copom e as Notas desta mesma reunião. Mensagem essa que havia sido entendido e digerida pelo mercado. De maneira resumida, o BCB foi surpreendido pela baixa inflação no curto-prazo, o que o levou a sinalizar para mais uma queda de 25bps na próxima reunião, colocando a Taxa Selic em 6,25%. Depois disso, o “sarrafo” para novas quedas de taxa será mais “elevado”. O BCB trabalha com um cenário base de uma pausa em seu ciclo de queda de juros que, segundo o presidente da instituição, deverá durar alguns meses.

O RI em nada altera a minha visão de que o valor de alocações no mercado de juros está na parte intermediária e longa das curvas reais e nominais. Nos últimos dias, elevamos alocações e recomendações nessa classe de ativos e nesta parte da curva. Reforço que vejo o cenário atual como muito diferente dos outros ciclos econômicos do país. O hiato do produto aberto e a recuperação apenas gradual da economia permitirão que o país cresce por algum tempo sem gerar pressões inflacionárias mais preocupantes. Este pano de fundo permite que os juros fiquem mais baixos por mais tempo, o que ainda não está totalmente precificado na curva de juros.

O cenário descrito acima foi ainda reforçado pelo leve aumento da Taxa de Desemprego, de 12,2% para 12,6% em fevereiro, em linha com as expectativas. Em termos dessazonalizados, isso representa uma leve queda na taxa de desemprego. O número mostra um mercado de trabalho em recuperação, porém de maneira apenas gradual.

Na Alemanha, o CPI de fevereiro ficou abaixo das expectativas, com 0,4% MoM e 1,6% YoY (esperado de 0,5% MoM e 1,7%). O número de hoje se soma a uma sequência de dados econômicos mais fracos no país e na Europa como um todo.

No tocante ao crescimento, ainda vejo as surpresas negativas como acomodações naturais no ciclo econômico, especialmente em um contexto em que o primeiro trimestre do ano tem uma tendência natural a trazer surpresas baixistas. De qualquer maneira, não descarto que tenhamos passado pelo pico do crescimento global, ou estamos próximo a ele, e uma acomodações em patamar ainda saudável, porém mais baixo, irá ocorrer.

A inflação na região continua subindo de maneira extremamente gradual. Não vejo os números recentes alterando a postura já gradualista do ECB. No limite, tira uma certa urgência que vinha sendo impulsiona por expectativas do mercado para uma normalização monetária mais rápida e acentuada na região, em especial em relação aos EUA. Isso ficou mais explícito no desempenho recente do EUR, que acabou sofrendo por esta piora de perspectiva relativa.

Nos EUA, o Jobless Claims caiu para 215k, menor patamar em cerca de 45 anos. O número mostra um mercado de trabalho extremamente robusto e confirma minha tese de que a economia americana está no pleno emprego e, provavelmente, com o hiato do produto próximo a seu fechamento.

O Core PCE ficou dentro das expectativas do mercado, com alta de 0,2% MoM e 1,6% YoY em fevereiro. O número mostra uma inflação gradualmente ascendente.

O Chicago PMI caiu de 61,9 para 57,4 pontos, abaixo das expectativas de 62,0. A despeito da queda, o número continua em patamar elevado e condizente com um crescimento saudável da economia.

A despeito de alguma volatilidade nos indicadores recentes de crescimento, e uma maior volatilidade dos mercados financeiros, o Fed parece focado em seu processo de normalização monetária e só deverá mudar sua postura diante de mudanças muito substanciais de cenário ou aperto das condições financeiras. Nenhum desses vetores parecem presentes neste momento.

Após uma rodada de dados de inflação e rendimentos mais forte no início do ano, observamos uma acomodação no cenário inflacionário, o que levou a uma consequente acomodação do mercado de juros. Dado o estágio do ciclo econômico e a sensibilidade do mercado a este tema, uma nova rodada de dados mais forte nesta frente poderá levar a uma nova leva de pressões (altistas) nos juros do país. Não acho que este cenário esteja descartado. Muito pelo contrário, consigo enxergar este como sendo o cenário base para os próximos meses, ou seja, momentos de estabilização pontuados por rodadas de maior pressão altista (nas taxas de juros dos EUA), a luz de um pano de fundo de mercado de trabalho extremamente robusto e expectativa de fechamento do hiato do produto.




Data: 29/03/2018

Cenário externo, novo Ministro da Fazenda e redução de compulsório.

Mercados & Cenário:

Os ativos de risco apresentam sinais de estabilização essa manhã, após uma quarta-feira ainda de pressão. A despeito da estabilização, neste momento, ainda há uma sensação de fragilidade nos mercados financeiros global. O dia de hoje e a segunda-feira após o feriado serão importantes para medirmos se a minha tese de que o final do trimestre está (estava) gerando fluxos pontuais que acabaram distorcendo o preço de algumas classes de ativos e alguns ativos específicos.

De qualquer maneira, ainda vejo vetores antagônicos que devem impedir uma direção muita clara dos ativos de risco no curto-prazo. Por isso, continuo favorecendo temas específicos de investimentos, posições relativas e uma postura mais tática.

Para não soar repetitivo, no meu comentário de ontem descrevi com mais calma esses vetores citados acima. Como não houve mudança substancial de cenário de ontem para hoje, recomendo a leitura do texto para maiores detalhes: https://mercadosglobais.blogspot.com.br/2018/03/risk-off_28.html.

No Brasil, Eduardo Guardia foi confirmado como novo Ministro da Fazenda com a saída de Henrique Meirelles, que irá se afastar do cargo para disputar as eleições de outubro. Tanto a saída de Meirelles como a entrada de Guardia eram esperadas e não deveriam trazer impacto aos ativos locais.

No final da tarde de ontem, o BCB anunciou uma redução de compulsório dos depósitos a vista e na poupança. A medida deve ser vista como positiva para o crescimento do país e reforça a postura de que o ciclo de queda da Taxa Selic está próximo do seu final, com uma probabilidade elevada de mais um corte de 25bps para 6,25% e a manutenção deste patamar por um período prolongado de tempo.

Para os mercados, a medida deveria favorecer o setor bancário/financeiros, além dos setores mais dependentes do crescimento doméstico, como consumo, shoppings e afins. A medida reforça a minha visão de maior espaço para parte intermediária e longa das curvas nominais e reais de juros em detrimento a parte curta da curva. Nos últimos dias vimos mais uma rodada de “steeping” da curva de juros em um movimento que entendo o racional porém discordo de seus argumentos. Assim, continuo favorecendo posições de flattening e aplicadas na parte mais longa das curvas nominais e reais.

Na minha visão, o cenário atual de inflação e crescimento é muito diferente daquele verificado em outros ciclos econômicos do Brasil. Assim, não acredito, pelo menos por ora, que o BCB esteja adotando uma postura errada ou excessivamente “frouxa”/”dovish”. Com o hiato do produto muito aberto, um crescimento gradual e uma inflação corrente e prospectiva baixas eu não vejo motivos, neste momento, de temer por um erro de política monetária, como vejo alguns de meus pares argumentando.

A China anunciou na tarde de ontem um pequeno corte de impostos. A medida deverá ter impacto limitado sobre a economia mas mostra de maneira um pouco mais clara como o governo pretende atuar de agora em diante. A despeito de um postura de maior aperto monetária e de uma meta fiscal mais dura, a China continua atuando de maneira contra-cíclica, impedindo movimentos mais bruscos de sua economia.

Visão & Posição:

No inicio da semana reduzimos substancialmente a posição comprada em EUR e JPY mas mantivemos a posição vendida em AUD. Ontem reduzimos nossa venda de EUR e aumentamos marginalmente nossa compra de JPY. Estamos sem posição estrutural vendida em S&P mas operando taticamente na venda deste ativo em momento oportunos.

Iniciamos uma pequena posição vendida em dólar e comprada em BRL (Real) via estrutura de opção para o final de abril. Aumentamos a posição ao longo da semana a despeito da dinâmica ruim. Acreditamos que a moeda local deveria operar em um range entre 3,10-3,35 no curto-prazo. Vemos as contas externas do país como saudáveis e um cenário cíclico bastante positivo, o que deveria favorecer a apreciação da moeda. Contudo, entendemos que o carrego hoje seja muito pior do que no passado, o que tem favorecido a utilização da moeda como hedge para outras posições. Além disso, entendemos que existe um vetor global que costuma a dar o tom no mercado de moedas. Finalmente, por estarmos no final de um trimestre mais positivo para o setor corporativo, vemos fluxos de saída de recursos do país como um vetor pontual que possa estar impedindo o bom desempenho da moeda. Está pressão poderia arrefecer após o final deste mês. De qualquer maneira, nos atuais níveis (3,31-3,32) vemos o risco/retorno como favorável para testarmos uma posição como esta no mercado de opção cuja vol implícita não nos parece esxcessiva (10,5%-11%).

Além disso, começamos a montar uma pequena posição de “flattening” da curva de juros no Brasil. Aumentamos a posição ontem Nosso cenário de juros mais baixos por mais tempo contempla uma curva menos “steep” do que a atual. Como o BCB ainda está em um ciclo de corte de juros e seus destino final ainda é incerto, estamos montando a posição de maneira gradual e parcimoniosa.

Nossa maior alocação continua a ser voltada para taxas de juros mais elevadas nos EUA. Preferimos a parte longa da curva. Estamos optando por estruturar as operações via opções longas, dado a volatilidade baixa e uma postura mais defensiva diante dos riscos de curto-prazo.

Mantemos posições compradas em EUR e JPY, porém vendidas em AUD. As posições foram estruturadas de forma a ter perdas limitadas e alavancagem relevante.

Na sexta-feira, zeramos nosso pequeno hedge através de “puts” (opções de venda) de S&P. Continuamos achando que o S&P deve permanecer em uma banda entre 2.500-2.800 no curto-prazo.

No Brasil, seguimos com posição na parte longa da curva de NTN-B. Algumas opções “fora do dinheiro” se favoreceram da surpresa do comunicado do Copom.

Estamos com uma pequena posição comprada em uma carteira de ações voltada para o mercado doméstico. A posição é hoje muito inferior ao que era no final de 2017 e começo de 2018.




Data: 28/03/2018

Risk-Off!

Mercados & Cenário:

Os ativos de risco apresentaram um dia de forte de contração, ou Risk-Off, na terça-feira e estão dando continuidade a este movimento na manhã de hoje. O destaque ficou por cona da forte queda do setor de Tecnologia na bolsa dos EUA, liderado pelo Facebook e seguido pelas demais empresas do setor.

Acredito que parte do movimento seja explicado por questões técnicas, como fluxos de final de trimestre, cujo trigger acabou sendo o “escândalo” envolvendo o Facebook na semana passada e que trouxe um debate em torno de uma maior regulamentação do setor (falei um pouco mais sobre isso no quinto parágrafo do texto deste link aqui: https://mercadosglobais.blogspot.com.br/2018/03/cenario-base-cenario-alternativo-riscos.html). Além disso, neste estágio do ciclo econômico, o nível de preços e valuation e a posição técnica acabaram deixando o mercado mais frágil e sensível.

A questão técnica do final do trimestre pode estar tendo um peso exagerado na dinâmica do mercado este final de mês e trimestre, com fluxos de saída do mercado de ações e entrada no mercado de bonds, além de fluxos que afetam o mercado de câmbio ao redor do mundo. De qualquer maneira, só teremos uma sensação ou claridade maior em relação a esses fluxos nos próximos dias.

Ainda vejo um cenário econômico relativamente estável e saudável. O crescimento global parece estável a despeito de dados na margem mais fracos do que o esperado e não há, pelo menos ainda, sinais mais preocupantes de aceleração da inflação no mundo desenvolvido. Assim, os bancos centrais podem manter uma postura de gradualismo no processo de normalização monetária.

Este pano de fundo deveria impedir um movimento ainda mais acentuado e permanente de realização de lucros ou “risk-off”. Contudo, na direção oposta, temos bancos centrais, especialmente o Fed, quase que em “piloto automático” no processo de normalização monetária, um crescimento global que pode ter feito o seu pico, preços/valuations menos triviais e uma posição técnica menos saudável que no passado. Isso tem tornado a volatilidade mais elevada e o risco/retorno de várias classes de ativos menos atrativo, o que acaba levando, de maneira forçada ou não, a uma redução de risco por parte do mercado devido ao aumento do VaR das carteiras.

A dinâmica do mercado está totalmente em linha com o pano de fundo que tenho exposto neste fórum, em que afirmo que o mercado terá mais volatilidade e tendências menos claras no curto-prazo. Como exemplo disso, tenho citado o S&P500 entre 2.500 e 2.800 e no cenário local o BRL entre 3,10 e 3,40. Caso alguma dessas bandas seja testada deveremos rever este cenário.

No Brasil, as Notas do Copom não trouxeram informações novas em relação ao Comunicado divulgado após a decição de política monetária. O BCB indica ser prudente mais um corte de 25bps na Taxa Selic para 6,25% e, após isso, a manutenção desta taxa no horizonte relevante de tempo. O BCB não fecha a porta para novas quedas, mas o “sarrafo” para que isso ocorra está muito mais “alto”.

O BCB anunciou ontem leilão de linha de câmbio. A postura é natural e recorrente este período de final de trimestre. Acredito que o BRL (Real) também esteja sofrendo os efeitos pontuais de fluxos de final de mês e trimestre, o que fez a moeda operar na banda de cima do range que vejo para este ano, entre 3,10-3,35.

Dados Econômicos:

Nos EUA, o Consumer Confidence divulgado ontem apresentou leve queda, mas manteve em patamar condizente com um crescimento ainda saudável da economia. A abertura do indicador mostrou mais um avanço do mercado de trabalho, apontando para um quadro de pleno emprego.

Visão & Posição:

No inicio da semana reduzimos substancialmente a posição comprada em EUR e JPU mas mantivemos a posição vendida em AUD. Estamos sem posição estrutural vendida em S&P mas operando taticamente na venda deste ativo em momento oportunos.

Iniciamos uma pequena posição vendida em dólar e comprada em BRL (Real) via estrutura de opção para o final de abril. Aumentamos a posição ontem a despeito da dinâmica ruim. Acreditamos que a moeda local deveria operar em um range entre 3,10-3,35 no curto-prazo. Vemos as contas externas do país como saudáveis e um cenário cíclico bastante positivo, o que deveria favorecer a apreciação da moeda. Contudo, entendemos que o carrego hoje seja muito pior do que no passado, o que tem favorecido a utilização da moeda como hedge para outras posições. Além disso, entendemos que existe um vetor global que costuma a dar o tom no mercado de moedas. Finalmente, por estarmos no final de um trimestre mais positivo para o setor corporativo, vemos fluxos de saída de recursos do país como um vetor pontual que possa estar impedindo o bom desempenho da moeda. Está pressão poderia arrefecer após o final deste mês. De qualquer maneira, nos atuais níveis (3,31-3,32) vemos o risco/retorno como favorável para testarmos uma posição como esta no mercado de opção cuja vol implícita não nos parece esxcessiva (10,5%-11%).

Além disso, começamos a montar uma pequena posição de “flattening” da curva de juros no Brasil. Aumentamos a posição ontem Nosso cenário de juros mais baixos por mais tempo contempla uma curva menos “steep” do que a atual. Como o BCB ainda está em um ciclo de corte de juros e seus destino final ainda é incerto, estamos montando a posição de maneira gradual e parcimoniosa.

Nossa maior alocação continua a ser voltada para taxas de juros mais elevadas nos EUA. Preferimos a parte longa da curva. Estamos optando por estruturar as operações via opções longas, dado a volatilidade baixa e uma postura mais defensiva diante dos riscos de curto-prazo.

Mantemos posições compradas em EUR e JPY, porém vendidas em AUD. As posições foram estruturadas de forma a ter perdas limitadas e alavancagem relevante.

Na sexta-feira, zeramos nosso pequeno hedge através de “puts” (opções de venda) de S&P. Continuamos achando que o S&P deve permanecer em uma banda entre 2.500-2.800 no curto-prazo.

No Brasil, seguimos com posição na parte longa da curva de NTN-B. Algumas opções “fora do dinheiro” se favoreceram da surpresa do comunicado do Copom.

Estamos com uma pequena posição comprada em uma carteira de ações voltada para o mercado doméstico. A posição é hoje muito inferior ao que era no final de 2017 e começo de 2018.




Data: 27/03/2018

Risk-On! Growth vs Tariffs. Growth is winning today...

Mercados & Cenário:

Desde a manhã de ontem, os ativos de risco estão apresentando forte recuperação, com destaque para as altas nas bolsas e nas commodities. A mídia está reportando desde o início de segunda-feira que os EUA e a China estão dialogando para que as medidas impostas pelos EUA não levem a um cenário mais amplo de protecionismo. A China também sinaliza disponibilidade de manter esforços para abrir alguns de seus mercados aos EUA.

Com o crescimento global ainda saudável e a inflação no mundo desenvolvido subindo de maneira gradual, os ativos de risco voltaram a apresentar desempenho positivo. A dinâmica do mercado está totalmente em linha com o pano de fundo que tenho exposto neste fórum, em que afirmo que o mercado terá mais volatilidade e tendências menos claras no curto-prazo.

No Brasil, a mídia está reportando que Henrique Meirelles deixará o Ministério da Fazendo para concorrer a presidente. O mais cotado para o seu lugar é Guardia, secretário da pasta e nome respeitado internamente  e pelo mercado. Este caminho era de certa forma esperado e não deveria trazer surpresas aos ativos locais.

Dados Econômicos:

No Brasil, ontem, vimos o Focus – pesquisa semanal de expectativas coletada pelo BCB – mostrar recuo nas expectativas de inflação de 2018 e 2019, o que reforça o bom momento da inflação (inflação baixa) o que tem permitido o BCB a manter o ciclo de corte da Taxa Selic e a reafirmarmos nossa expectativa de juros mais baixos por mais tempo no país.

Ainda no país, os dados de crédito mostraram a manutenção de uma tendência de leve recuperação do setor, mas sem novidades relevantes nesta frente.

Agenda:

A agenda do dia terá o Consumer Confidence nos EUA como destaque.

Visão & Posição:

Iniciamos uma pequena posição vendida em dólar e comprada em BRL (Real) via estrutura de opção para o final de abril. Acreditamos que a moeda local deveria operar em um range entre 3,10-3,35 no curto-prazo. Vemos as contas externas do país como saudáveis e um cenário cíclico bastante positivo, o que deveria favorecer a apreciação da moeda. Contudo, entendemos que o carrego hoje seja muito pior do que no passado, o que tem favorecido a utilização da moeda como hedge para outras posições. Além disso, entendemos que existe um vetor global que costuma a dar o tom no mercado de moedas. Finalmente, por estarmos no final de um trimestre mais positivo para o setor corporativo, vemos fluxos de saída de recursos do país como um vetor pontual que possa estar impedindo o bom desempenho da moeda. Está pressão poderia arrefecer após o final deste mês. De qualquer maneira, nos atuais níveis (3,31-3,32) vemos o risco/retorno como favorável para testarmos uma posição como esta no mercado de opção cuja vol implícita não nos parece esxcessiva (10,5%-11%).

Além disso, começamos a montar uma pequena posição de “flattening” da curva de juros no Brasil. Nosso cenário de juros mais baixos por mais tempo contempla uma curva menos “steep” do que a atual. Como o BCB ainda está em um ciclo de corte de juros e seus destino final ainda é incerto, estamos montando a posição de maneira gradual e parcimoniosa.

Nossa maior alocação continua a ser voltada para taxas de juros mais elevadas nos EUA. Preferimos a parte longa da curva. Estamos optando por estruturar as operações via opções longas, dado a volatilidade baixa e uma postura mais defensiva diante dos riscos de curto-prazo.

Mantemos posições compradas em EUR e JPY, porém vendidas em AUD. As posições foram estruturadas de forma a ter perdas limitadas e alavancagem relevante.

Na sexta-feira, zeramos nosso pequeno hedge através de “puts” (opções de venda) de S&P. Continuamos achando que o S&P deve permanecer em uma banda entre 2.500-2.800 no curto-prazo.

No Brasil, seguimos com posição na parte longa da curva de NTN-B. Algumas opções “fora do dinheiro” se favoreceram da surpresa do comunicado do Copom.

Estamos com uma pequena posição comprada em uma carteira de ações voltada para o mercado doméstico. A posição é hoje muito inferior ao que era no final de 2017 e começo de 2018.




Data: 26/03/2018

Risk-On!

 

Sem uma deterioração adicional na relação entre EUA e China, e com uma retórica ainda conciliadora entre ambos os países, os ativos de risco estão apresentando forte recuperação essa manhã. Vale lembrar também que, a despeito de algumas surpresas negativas para o crescimento global nas últimas semanas, na sexta-feira observamos uma forte recuperação do Durable Goods Orders nos EUA. O número mostrou uma economia saudável e um crescimento em bases sólidas, a despeito de ruídos pontuais. Comentamos um pouco mais sobre esses temas abaixo. 

 

No Brasil, a mídia segue dando atenção à situação do ex-presidente Lula e das articulações em torno das eleições. Não há nenhuma novidade, a meu ver, que seja de fato relevante para os ativos locais. 

 

Na sexta-feira os ativos de risco deram continuidade ao movimento de “risk-off” que acabou marcando toda a semana. O destaque ficou por conta da pressão nas bolsas globais e do fechamento das taxas de juros nos países desenvolvidos. O dólar apresentou desempenho mais misto, os ativos emergentes foram foco de pressão, assim como as commodities metálicas, especialmente aquelas mais dependentes de crescimento. 

 

O final de semana trouxe poucas novidades concretas. A mídia internacional continua focada na questão envolvendo a imposição de tarifas de importação por parte dos EUA e a resposta de seus “parceiros comerciais”, mas, em especial, por parte da China. 

 

Não há novidades relevantes nesta frente. A China ameaça adotar uma postura de reciprocidade. Entretanto, ainda evita adotar uma posição mais dura, com foco em produtos mais relevantes para o comércio entre os dois países (como a Soja) ou tocando em temas mais polêmicos de forma oficial, como uma possível redução nas compras, ou até mesmo a venda, dos títulos de dívida dos EUA, cuja China é uma das maiores detentoras ao redor do mundo e, por várias vezes, a maior compradoras marginal. 

 

Acho o momento oportuno para revermos o nosso cenário econômico e o que vem afetando o humor global a risco no curto-prazo. Nas últimas semanas, alguns temas merecem destaque, tais como, o maior protecionismo por parte dos EUA, sinais de desaceleração global e a sinalização, pelos principais bancos centrais do mundo, de que o processo de normalização monetária irá continuar, mesmo que de maneira gradual. Toquei mais a fundo nestes temas na sexta-feira e não alterei a minha visão sobre eles. A minha opinião pode ser lida aqui:  https://mercadosglobais.blogspot.com.br/2018/03/tarifas-crescimento-e-bancos-centrais.html.

 




Data: 26/03/2018

Cenário Base. Cenário Alternativo. Riscos & Conclusões.

 

Na sexta-feira os ativos de risco deram continuidade ao movimento de “risk-off” que acabou marcando toda a semana. O destaque ficou por conta da pressão nas bolsas globais e do fechamento das taxas de juros nos países desenvolvidos. O dólar apresentou desempenho mais misto, os ativos emergentes foram foco de pressão, assim como as commodities metálicas, especialmente aquelas mais dependentes de crescimento. 

 

O final de semana trouxe poucas novidades concretas. A mídia internacional continua focada na questão envolvendo a imposição de tarifas de importação por parte dos EUA e a resposta de seus “parceiros comerciais”, mas, em especial, por parte da China. 

 

Não há novidades relevantes nesta frente. A China ameaça adotar uma postura de reciprocidade. Entretanto, ainda evita adotar uma posição mais dura, com foco em produtos mais relevantes para o comércio entre os dois países (como a Soja) ou tocando em temas mais polêmicos de forma oficial, como uma possível redução nas compras, ou até mesmo a venda, dos títulos de dívida dos EUA, cuja China é uma das maiores detentoras ao redor do mundo e, por várias vezes, a maior compradoras marginal. 

 

Acho o momento oportuno para revermos o nosso cenário econômico e o que vem afetando o humor global a risco no curto-prazo. Nas últimas semanas, alguns temas merecem destaque, tais como, o maior protecionismo por parte dos EUA, sinais de desaceleração global e a sinalização, pelos principais bancos centrais do mundo, de que o processo de normalização monetária irá continuar, mesmo que de maneira gradual. Toquei mais a fundo nestes temas na sexta-feira e não alterei a minha visão sobre eles. A minha opinião pode ser lida aqui:  https://mercadosglobais.blogspot.com.br/2018/03/tarifas-crescimento-e-bancos-centrais.html. 

 

Vale adicionar um tema a estas questões de curto-prazo, que diz respeito a ruídos no setor de tecnologia na bolsa dos EUA. Não quero entrar aqui no mérito específico de problemas pontuais. Em termos gerais, contudo, os sinais recentes apontam na direção de uma maior regulamentação do setor como um todo, assim como na possibilidade de impostos mais elevados para essas empresas. Como o setor de tecnologia foi um dos mais favorecidos no processo de apreciação das bolsas ao redor do mundo desde a crise de 2008, não é de se espantar que vem sendo um dos setores mais pressionados recentemente. Este quadro pode continuar a trazer ruído para os mercados e se mostrar uma restrição para altas adicionais e/ou na mesma proporção daquelas vistas nos últimos anos. 

 

No tocante ao cenário base de longo-prazo, ainda não vejo mudanças significativas que me levem a revisar a visão geral. Ainda vejo um crescimento global saudável. É verdade que talvez o pico do crescimento tenha sido feito, ou esteja sendo feito neste momento, mas acho muito cedo para nos preocuparmos com uma desaceleração mais abrupta do crescimento. Ainda temos políticas monetárias expansionistas, condições financeiras favoráveis e um impulso fiscal como não víamos há vários anos. Estes pilares deveriam sustentar o crescimento da economia mundial, mesmo que em ritmo inferior aquele verificado no último trimestre do ano passado e inicio deste ano. 

 

O risco ao cenário base fica por conta de um eventual aperto exagerado das condições financeiras, devido a algum evento exógeno. O cenário de inflação, especialmente nos EUA, também merece destaque como um vetor que poderia testar o cenário base de forma mais surpreendente. 

 

O cenário mais provável ainda é de uma aceleração gradual da inflação para a meta de 2% do Fed. Contudo, devido ao fechamento do hiato do produto e da economia no pleno emprego, este movimento poderia ser mais rápido e acentuado do que o consenso espera hoje, podendo levar a uma reação mais agressiva por parte do Fed. Este quadro poderia causar um aperto inesperado das condições financeiras. Continuo trabalhando com um cenário central de alta gradual da inflação, mas vejo uma probabilidade maior do que o mercado embute hoje deste cenário alternativo descrito acima. Preocupa-me um pouco a convicção do mercado de que o cenário inflacionário, neste estágio do ciclo econômico nos EUA, seja tão favorável. 

 

Vejo a Europa em um estágio cerca de 3 a 4 anos atrás do estágio do ciclo dos EUA e o Japão cerca de 2 a 3 anos atrás do ciclo da Europa. A Inglaterra e o Canadá, contudo, parecem em ciclos mais próximos deste descrito acima para a economia norte americana. 

 

A China se mostrou foco de estabilidade ao longo de 2017 e início de 2018. O cenário base ainda é de uma desaceleração do crescimento ao longo deste ano, porém de maneira gradual e bem conduzida. Como sempre, o risco é de que a desaceleração acabe sendo mais rápida e acentuada do que o esperado. Dado a transição política que está em fase avançada neste momento, tudo indica que o país irá seguir em um caminho de reformas, nem que isso implique em menor crescimento no curto-prazo. Com o poder mais concentrado e garantido nas mãos do atual Premier, uma desaceleração de curto-prazo não seria vista como um problema grave, contanto que tenha como objetivo dar bases mais solidas para a economia no futuro. 

 

Desde que comecei a cobrir a economia da China, há 15 anos, todos os anos, menos em 2017, tivemos 1 ou 2 momentos em que houve algum tipo de questionamento (negativo) em relação a solidez da economia do país. Na maior parte das vezes, a desaceleração era pontual e o Governo foi capaz de conduzir o processo de maneira a evitar problemas mais graves na economia. Não descarto momentos mais incertos, mesmo que pontuais, para a economia do país ao longo deste ano. Será fundamental, todavia, entender qual a postura o Governo irá adotar para lidar com uma eventual desaceleração da economia. 

 

É difícil falar dos países emergentes como um bloco único, dado as individualidades de cada país. Fazendo um esforço, contudo, podemos dizer que os países emergentes apresentam hoje fundamentos mais sólidos. As contas externas são mais saudáveis, os juros reais mais elevados, o crescimento mais sólido e a inflação mais baixa do que em momentos anteriores, como no “Taper Tantrum” de 2013. Alguns países, inclusive, mostram avanços no campo político, como Argentina, África do Sul, Brasil (?) e etc. 

 

Dito tudo isso, ainda vejo um ano mais conturbado para os mercados financeiros globais. Enquanto o crescimento global ainda for robusto/saudável, fica difícil acreditar em um movimento mais acentuado e permanente de “Risk-Off”. Contudo, também não consigo mais ver todos os componentes que levaram ao cenário de “Goldilocks” que marcou os anos de 2016 e 2017. 

 

Por isso tenho evocado aqui que o ano será de temas mais específicos de investimentos, de posições relativas e uma postura mais tática (curto-prazo) do que estratégica (longo-prazo). Tenho chamado este cenário de “corridas de 100m” e não de uma “maratona”. 

 

Não a toa vemos muitas classes de ativos sem tendências definidas, sem grandes temas de investimentos. Já alertei aqui no passado que via o S&P500, por exemplo, entre 2.500 e 2.800, enquanto prevalecer este cenário descrito acima. O mesmo racional vale para as outras classes de ativos. 

 

Finalmente, neste ambiente, mais do que no passado recente, a análise de posição técnica do mercado de preços e “valuations” ganham um peso ainda maior, tornando a gestão ativa de suma importância novamente. A busca por “alpha” este novamente na dianteira dos investimentos, em detrimento ao “buy and hold” da gestão passiva. 




Data: 23/03/2018

Tarifas, Crescimento e Bancos Centrais.

Os ativos de risco tiveram na quinta-feira um dia de “risk-off” clássico e acentuado, com queda das bolsas e das commodities, fechamento de taxas de juros nos países desenvolvidos, dólar forte e pressão nos ativos emergentes em geral.

A noite de elevada volatilidade e de manutenção de um viés negativo nos mercados financeiros globais. Acredito que alguns vetores estejam influenciando os ativos de risco no curto-prazo. Não vejo nenhum deles sendo dissipados nos próximos dias (ou semanas). Assim, deveremos conviver ainda com um ambiente de elevada volatilidade e sem tendências definidas. Vamos aos fatos:

Tarifas – O governo dos EUA anunciou que irá taxar cerca de US$60bi de importações da China em cerca de 25%. Outras medidas também serão tomadas. Durante a noite, a China anunciou que irá adotar medidas de reciprocidade. Já anunciou tarifas em cerca de US$3bi de importações de Aço e Alumínio dos EUA e sinalizou que outras medidas serão tomadas caso os EUA não migrem para uma postura de maior diálogo.

Ainda vejo a postura dos EUA como uma meio de buscar negociações mais vantajosas, mas não uma necessidade de entrar em um conflito comercial mais amplo. Contudo, certamente as decisões recentes elevam as chances de um ambiente mais desafiador e de um erro de política comercial ao longo do caminho, o que deve manter o humor global a risco sob pressão até que uma claridade maior seja observada.

Sinais de desaceleração do crescimento – Nos últimos dias, vimos sinais ao redor do mundo de desaceleração do crescimento, com destaque para os PMIs da Europa, China e Japão. Além dos sinais provenientes dos dados econômicos, nos últimos dias vimos recuos significativos nas commodities metálicas mais sensíveis ao crescimento, como Minério de Ferro e Cobre.

O primeiro trimestre do ano é conhecido por sazonalmente trazer surpresas negativas de crescimento, que depois acabam sendo compensadas por uma aceleração da economia nos trimestres subsequentes. Por ora, ainda vejo os indicadores econômicos em níveis saudáveis e condizentes com um crescimento positivo. Contudo, em um pano de fundo de fragilidade, sinais como estes acabam afetando o humor global a risco e acendendo um sinal amarelo no cenário.

Bancos Centrais – A despeito da reação dos mercados a decisão do Fed e do ECB, os principais bancos centrais do mundo seguem em uma trajetória de normalização monetária, com retirada de estímulos. Me parece que o cenário precisaria mudar muito para este caminho ser alterado. Vou além, não descarto a possibilidade de termos que conviver com mais inflação e menos crescimento nos próximos meses, em especial, nos EUA.

No Brasil, a reação do mercado a decisão do Copom foi em linha com o que comentamos neste fórum na manhã de ontem (https://mercadosglobais.blogspot.com.br/2018/03/tarifas-pmi-fraco-na-europa-e-surpresa.html), com a curva de juros apresentando um “Bull steepening” com forte fechamento de taxa da parte curta e uma elevada over-performance dos setores domésticos e mais dependentes de taxa de juros em detrimento aos setores cíclicos e mais dependentes do cenário externo na bolsa. Vejo espaço para a continuidade deste movimento na bolsa. No mercado de juros, continuo preferindo a parte intermediária e longa da curva.




Data: 22/03/2018

Tarifas, PMI fraco na Europa e surpresa no Copom,

Os ativos de risco estão abrindo essa manhã sobre pressão, com destaque para a queda das bolsas e o fechamento de taxa de juros no mundo desenvolvido. Vejo duas explicações para estes movimentos.

Primeiro, a mídia continua circulando a informação de que o Governo dos EUA ira anunciar, ainda está semana, cerca de US$50bi em tarifas, em cerca de 100 produtos chineses, com o intuito de forçar a China a “melhorar” (segundo as palavras de Trump) as relações comerciais entre os dois países. Esta medida seria um passo a mais no projeto de Trump em busca de relações bilaterais que visam favorecer a economia interna dos EUA. De maneira geral, medidas protecionistas, ou “guerras comerciais”, tendem a ser baixistas para o crescimento e altistas para a inflação. Por ora, a China e os demais parceiros comerciais dos EUA têm adotado um tom conciliador e visando o diálogo. Caso este pano de fundo se altere, poderemos ter um cenário muito mais desafiador para a economia mundial e os mercados financeiros globais.

Segundo, essa manhã vimos um arrefecimento, uma queda acima das expectativas, dos PMIs na Europa. A despeito de permanecerem em níveis elevados e condizentes ainda com um crescimento saudável, o mercado poderá começar a questionar o real ímpeto do crescimento e se, de fato, já não passamos do melhor momento da economia global. Por ora, ainda me parece cedo para termos conclusões a este respeito e a economia mundial continua a me parecer saudável. Contudo, entendo que este tipo de questionamento poderá surgir à medida que o ciclo econômico se estenda.

Na China, o PBoC anunciou uma alta de 5bps na sua taxa de juros, seguindo o movimento do Fed. A medida era amplamente esperada.

No Brasil, o Copom anunciou um corte de 25bps na Taxa Selic para 6,5%, como era esperado pelo mercado. Contudo, ao contrário da minha expectativa, e da expectativa do mercado, o comunicado após a reunião sinalizou para uma elevada probabilidade de mais uma queda de 25bps na próxima reunião do Copom, o que levaria a Taxa Selic para uma nova mínima de 6,25%.

Acredito que a postura do BCB não será questionada pelo mercado, como no passado, pois existe sim um pano de fundo de inflação extremamente baixa e hiato do produto muito aberto que justifica esta queda na taxa de juros e sua manutenção em patamar baixo por mais tempo.

Acredito que o mercado irá reagir hoje com forte fechamento de taxa na parte curta da curva, ao contrário do que comentei neste fórum ontem, e um steepening da curva. De qualquer maneira, reforço que vejo espaço para a compressão dos prêmios na parte intermediária e longa da curva de juros no país, já que os FRA´s a partir de 2019 me parecem excessivamente elevados (https://mercadosglobais.blogspot.com.br/2018/03/copom-curva-de-juros.html). Acho razoável vermos uma over-performance, na bolsa, dos setores mais ligados a economia domestica e sensíveis a juros em detrimento aos setores mais globais e cíclicos. Nossa carteira está construído exatamente dentro desta prerrogativa.




Data: 22/03/2018

A hawkish Fed, but a dovish market.

O comentário de hoje precisa ser dividido em duas partes. Primeiro, qual foi a conclusão da reunião do FOMC. Segundo, como estava o posicionamento do mercado, que em muito explica esta primeira reação a decisão divulgada hoje.

Em relação ao Fed, a decisão só não foi definitivamente hawkish pois não houve uma mudança nas previsões do Fed para 4 altas de 25bps este ano ao invés de 3, o que alguns esperavam. De qualquer modo, essa alteração só não ocorreu por um pequeno detalhe, talvez de um membro do FOMC que nem seja votante este ano.

Todas as demais alterações do comunicado e das previsões do Fed foram na direção de mais confiança na recuperação da economia, em um mercado de trabalho robusto e em um processo de aceleração da inflação. Isso tudo levou o Comitê a revisar para cima as expectativas de taxas de juros de 2019 em diante, em alguns casos de forma relevante.

Minha visão é de que o Fed está cada vez mais confiante no seu cenário e o processo de alta de juros seguirá em piloto automático, com uma alta de juros por trimestre. Caso a inflação mostre aceleração, o que eu acredito que poderá ocorrer (mais cedo do que tarde), este processo poderá ser ainda mais acelerado do que o previsto. A decisão de hoje, e todos os seus sinais emitidos pelo Fed, apontam nessa direção.

A reação do mercado, contudo, mostrou uma forte queda do dólar, alta das commodities e recuperação dos mercados emergentes. Acredito que a posição técnica do mercado, talvez excessivamente cautelosa as vésperas da decisão do FOMC, levaram a esta reação. Como é usual, vimos uma forte queda das volatilidade implícitas de vários mercados, mas com destaque para as vols de Treasuries, o que acabou ajudando a dar alívio a algumas classes de ativos.

De maneira geral, não vejo a decisão de hoje alterando em nada o cenário que temos descrito neste fórum (https://mercadosglobais.blogspot.com.br/). Vejo a reação de hoje como de certa forma exagerada. Aproveitamos a oportunidade para elevar as alocações tomadas em Treasuries e vendidas em AUD, que haviam sido reduzidas no início da semana. Não alteramos as demais recomendações de alocação (que pode ser vista no link acima).




Data: 21/03/2018

 All eyes on the Fed decision!

 

Mercados & Comentários:

Os ativos de risco operam na expectativa da decisão do FOMC esta tarde. O destaque da manhã fica por conta de um movimento de dólar mais fraco no mundo.

Com uma noite tranquila, meus comentários de ontem a tarde seguem válidos e podem ser lidos aqui: https://mercadosglobais.blogspot.com.br/2018/03/sinais-de-fragilidade-permanecem.html, para não soar repetitivo.

Dados Econômicos:

As exportações dos primeiros 20 dias de março na Coreia do Sul, um indicador muito olhado como Proxy para o crescimnto global devido a elevada abertura e corrente de comércio no país, seguiu mostrando desaceleração, mas ainda em patamar elevado, condizente com um crescimento global ainda saudável. Segundo a Goldman Sachs

Daily ex-ship exports (a better proxy for current external demand than headline exports, in our view) rose 8% yoy during the first 20 days of March, moderating slightly from 9% growth in February (Exhibit 1). While sequential momentum turned positive to 0.5% mom sa from a dip in February, the level of daily exports was still below January levels (Exhibit 3).[1] Total exports during first 20 days grew 9% yoy, improving from the February weakness of -4% yoy that was weighed down by work-day differences.

Agenda:

Hoje teremos a decisão do FOMC nos EUA como destaque. O mercado já espera uma alta de 25bps nas taxas dos Fed Funds. O debate e a incerteza ficam por conta de uma possível mudança nas expectativas para as taxas de juros futuras por parte dos membros do Fed. Existe já alguma expectativa por parte do mercado de que alguns membros do comitê podem trabalhar com 4 altas de juros este ano, ao invés de 3. Isso, contudo, não é consenso no mercado. Além disso, será a primeira aparição de Jay Powell em uma “press conference” oficial, um importante teste para o novo presidente do Fed.

Visão & Posição:

Nossa maior alocação continua a ser voltada para taxas de juros mais elevadas nos EUA. Preferimos a parte longa da curva.

Mantemos posições compradas em EUR e JPY, porém vendidas em AUD. As posições foram estruturadas de forma a ter perdas limitadas e alavancagem relevante.

Temos um pequeno hedge através de “puts” (opções de venda) de S&P. Reestruturamos esta operação no início da semana.

No Brasil, seguimos com posição na parte longa da curva de NTN-B.

Estamos com uma pequena posição comprada em uma carteira de ações voltada para o mercado doméstico. A posição é hoje muito inferior ao que era no final de 2017 e começo de 2018.




Data: 21/03/2018

Sinais de fragilidade permanecem.

 

Mercados & Comentários:

O dia foi marcado pela abertura das taxas de juros nos EUA e por um movimento global de alta do dólar. Acredito que estes movimentos sejam típicos de alguma “tensão” em antecipação a reunião do Fed de amanhã (mais detalhes abaixo). O dólar, em especial, acaba sofrendo em meio a uma posição técnica pouco trivial, com o mercado ainda bastante “vendido” na moeda dos EUA.

Ainda vejo sinais de fragilidade nos ativos de risco. O spread da LIBOR-OIS continua se elevando, os riscos de um maior protecionismo por parte dos EUA ainda não foram dissipados e os principais bancos centrais do mundo continuam caminhando na direção de normalização monetária, ou seja, de retirar estímulos da economia global. Além disso, o setor de Tecnologia na bolsa dos EUA enfrenta um questionamento que nunca antes havia enfrentado, o que pode causar ruído e volatilidade em um ambiente de valuations “esticados” e posição técnica comprometida.

Contudo, exceto por dados pontuais, o crescimento global continua saudável e relativamente robusto, o que tem evitado uma mudança completa de dinâmica por parte dos ativos de risco, para um cenário um pouco mais negativo. Caso o crescimento dê sinais mais substancias de arrefecimento, o que é um cenário alternativo, não o cenário base, a situação dos ativos de risco pode ficar ainda mais delicada.

Enquanto isso, devemos seguir em um ambiente de incerteza, pouca visibilidade e sem tendências definidas, em linha com nossa visão mais estrutural para este ano, focada em temas específicos, em posições relativas e postura mais tática.

O Brasil continua refém deste quadro global. Nos últimos dias vimos um forte movimento de depreciação do BRL, que já opera acima de 3,30 e, hoje, observamos uma abertura das taxas de juros reais e nominais, com “steppening’ da curva. Estes movimentos seguem o pano de fundo global, mas são exacerbados por uma posição técnica pouco saudável. Vemos muitos fundos aplicados em juros novamente e muitos vendidos em dólar. Isso está ajudando o movimento recente de realização de lucros.

Ainda vejo o BRL em um rangde entre 3,10-3,35 ao longo do ano. A banda de cima pode ser testada em breve e, caso rompida, minha visão deverá ser reavaliada. Continuo vendo um cenário favorável para o mercado local de juros ao longo do ano e vejo o movimento recente apenas como uma realização pontual de lucros.

Dados econômicos:

O ZEW, na Alemanha, um dos principais indicadores de confiança do país, apresentou queda relevante e acima das expectativas. A despeito da queda, ainda vejo o indicador em um nível saudável e condizente com um crescimento robusto da economia do país.

Agenda:

Amanhã teremos a decisão do FOMC nos EUA como destaque. O mercado já espera uma alta de 25bps nas taxas dos Fed Funds. O debate e a incerteza ficam por conta de uma possível mudança nas expectativas para as taxas de juros futuras por parte dos membros do Fed. Existe já alguma expectativa por parte do mercado de que alguns membros do comitê podem trabalhar com 4 altas de juros este ano, ao invés de 3. Isso, contudo, não é consenso no mercado. Além disso, será a primeira aparição de Jay Powell em uma “press conference” oficial, um importante teste para o novo presidente do Fed.

Visão & Posição:

Nossa maior alocação continua a ser voltada para taxas de juros mais elevadas nos EUA. Preferimos a parte longa da curva.

Mantemos posições compradas em EUR e JPY, porém vendidas em AUD. As posições foram estruturadas de forma a ter perdas limitadas e alavancagem relevante.

Temos um pequeno hedge através de “puts” (opções de venda) de S&P. 

No Brasil, seguimos com posição na parte longa da curva de NTN-B.

Estamos com uma pequena posição comprada em uma carteira de ações voltada para o mercado doméstico no Brasil.




Data: 20/03/2018

Fed, Liquidity, Tech and Tariffs.

 

Os ativos de risco tiveram uma segunda-feira de “risk-off” generalizado. O humor global a risco está sendo afetado por um misto de: Expectativa em torno da sinalização que será dado pelo Fed após a reunião do FOMC nos EUA; riscos de uma “Guerra Comercial” mais ampla; uma liquidez global mais prejudicada (vide o spread LIBOR-OIS); e ruídos (pelo menos por ora) em torno do setor de tecnologia na bolsa dos EUA. Como este foi o setor que apresentou o melhor desempenho nos últimos anos, encontra-se em nível de preços pouco triviais, com posição técnica prejudicada, e cujo impacto nos índices de bolsa acaba sendo elevado, qualquer movimento gera um desconforto maior no mercado como um todo.

Hoje pela manhã vemos alguma estabilização das bolsas globais e do dólar no mundo, em um contexto de abertura de taxa de juros nos países desenvolvidos.

A mídia está reportando que os EUA pretendem anunciar tarifas na ordem de R$60bi, em cerca de 100 produtos provenientes da China. Ainda há muita incerteza e ruído em torno do tema. Até o momento, os chineses têm optando por uma postura de diálogo e conciliação. Caso isso mude, o cenário poderá se tornar um tanto quanto complexo e negativo.

Neste momento, estamos passando por um cenário de incertezas, dúvidas e baixa visibilidade. Até por isso, vemos os ativos de risco sem tendências definidas porém com mais volatilidade. Continuo vendo este pano de fundo no curto-prazo e, talvez, ao longo de todo ano. Assim, continuo favorecendo posições em temas mais específicos e pouco direcionais, posições relativas ou posições mais táticas e em instrumentos com risco/retorno atrativos e perdas limitadas. Ontem, reduzimos nossas puts de S&P e nosso short AUD, mas mantivemos exposição a ambos os temas (vide abaixo).

O Brasil, na ausência de notícias locais relevantes, continua “refém” dos movimentos globais. Vale a pena destacar, contudo, o bom desempenho do mercado de juros, em um pano de fundo local de inflação corrente e prospectiva baixas, que deverá favorecer juros mais baixos por mais tempo, uma vez que o BCB reduza a Taxa Selic para 6,50% e a mantenha neste patamar no horizonte relevante de tempo. Isso pano de fundo está favorecendo um movimento de “flattening” da curva, movimento que concordo e que estamos posicionados através de juros reais longos. Este viés deverá prevalecer, salvo movimentos globais.

Agenda:

A agenda do dia será esvazaida. A semana terá como destaque a reunião do FOMC nos EUA e a reunião fo G20 que ocorrerá na Argentina. Ao longo da semana comentaremos mais sobre estes dois eventos.

Visão & Posição:

Nossa maior alocação continua a ser voltada para taxas de juros mais elevadas nos EUA. Preferimos a parte longa da curva.

Mantemos posições compradas em EUR e JPY, porém vendidas em AUD. As posições foram estruturadas de forma a ter perdas limitadas e alavancagem relevante.

Temos um pequeno hedge através de “puts” (opções de venda) de S&P. Reestruturamos esta operação no início da semana.

No Brasil, seguimos com posição na parte longa da curva de NTN-B.

Estamos com uma pequena posição comprada em uma carteira de ações voltada para o mercado doméstico. A posição é hoje muito inferior ao que era no final de 2017 e começo de 2018.




Data: 19/03/2018

Risk-Off. Waiting FOMC and G20.

 

Os ativos de risco estão iniciando a semana em tom mais negativo, com queda das bolsas e das commodities, abertura de taxas de juros e dólar forte no mundo. O movimento parece embutir um pouco de tensão as vésperas de uma semana importante, com a decisão de política monetária por parte do Fed (FOMC) e a reunião do G20, ambos eventos que podem ser capazes de alterar a dinâmica dos ativos de risco de maneira mais estrutural. 

 

O final de semana trouxe pouquíssimas novidades relevantes ao cenário. Assim, mantenho minha visão basicamente inalterada, assim como as recomendações de portfólio. Para não soar repetitivo, meus últimos comentários podem ser vistos aqui: https://mercadosglobais.blogspot.com.br/. 

 

O estrategista de FX do Morgan Stanley resumiu muito bem o pano de fundo de curto-prazo. Assim, tomo a liberdade de copiar suas colocações abaixo: 

 

Risk off as… This is unlikely to be a good week for risk. Quarter-end liquidity pressures are emphasised by the long Easter weekend, and 1m, 3m and 6m US T-bill auctions have pushed the 3m Libor-OIS spread wider to reach 51bp this morning. Uncertainty over the FOMC meeting, Japan’s PM Abe's approval rating falling to its lowest level since he took office in 2012 and a US PC producer considering redirecting its supply chain away from Asia are also likely to contribute to putting risky assets under selling pressure. Iron ore has declined 4.3% on a report that holdings at ports have climbed to unprecedented levels and are large enough to cover more than 50 days of imports. Steel rebar has declined 1.5% and hot-rolled coil has dropped 1.3%. Cryptocurrencies – an indicator of global liquidity conditions – have broken lower. 

 

...liquidity punch bowl is taken away… The Fed is likely to hike rates by 25bp, taking the target range to 1.50-1.75%. Market focus will be on the statement and content of the press conference which are likely to lean towards hawkishness. However, it will not only be the Fed taking the liquidity punch bowl away; weekend comments from the ECB have been hawkish too. The Bundesbank’s Weidmann confirmed that the ECB had not decided when and how to end QE, but that positive economic developments and inflation forecasts could allow the ECB to quickly end its bond purchases. The ECB’s Knot expressed "a high degree of confidence" that inflation in the euro zone will hit the ECB's target of just under 2% "at some point". The ECB’s Villeroy suggested that the central bank was on a path towards normalising its ultra-easy monetary policy as inflation accelerates. 

 

No Brasil, João Doria, do PSDB, “atropelou” seus adversários na prévia para disputar o Governo do Estado de São Paulo. A mídia traz algumas matérias sobre um potencial aumento da conta de luz (algo em torno de 20%), que poderia colocar alguma pressão sobre a inflação. 

 

Agenda: 

 

A semana terá como destaque a reunião do FOMC nos EUA e a reunião fo G20 que ocorrerá na Argentina. Ao longo da semana comentaremos mais sobre estes dois eventos. 

 

Visão & Posição: 

 

- Nossa maior alocação continua a ser voltada para taxas de juros mais elevadas nos EUA. Preferimos a parte longa da curva. 

 

- Mantemos posições compradas em EUR e JPY, porém vendidas em AUD. As posições foram estruturadas de forma a ter perdas limitadas e alavancagem relevante. 

 

- Temos um pequeno hedge através de “puts” (opções de venda) de S&P. Reestruturamos esta operação no início da semana. 

 

- No Brasil, seguimos com posição na parte longa da curva de NTN-B. 

 

- Estamos com uma pequena posição comprada em uma carteira de ações voltada para o mercado doméstico. A posição é hoje muito inferior ao que era no final de 2017 e começo de 2018.




Data: 16/03/2018

The US economy is fine, thanks.

Após uma rodada de dados econômicos mais negativos nos EUA a semana está se encerrando em um tom mais positivo nesta frente. A despeito de dados do mercado imobiliário mais fracos do que as expectativas, um setor que hoje representa um percentual relativamente pequeno da economia, observamos dados bastante positivos em outras frentes.

A produção industrial de fevereiro apresentou alta de 1,1% MoM, acima das expectativas de 0,4% MoM. O JOLTS Job Openings subiu de 5667 para 6312, um novo pico deste ciclo econômico e de vários anos. O Michigan Confidence subiu de 99,7 para 102,0, acima das expectativas de 99,3, também um novo pico deste ciclo econômico. As expectativas de inflação de 1 ano do Michigan, que são dados mais voláteis, subiram de 2,7% para 2,9%, maior nível desde começo de 2015.

De maneira geral, vejo os dados de hoje como reforçando o cenário de uma economia dos EUA ainda saudável, com um mercado de trabalho robusto e numa fase avançada do ciclo econômico.

Não vejo motivos para alterar meu cenário base e as alocações de portfólio que tenho descrito neste fórum (https://mercadosglobais.blogspot.com.br/).

Interessante notar que nos últimos dias vimos um movimento mais coordenado de fortalecimento do dólar, no que me parece ser um misto de ajuste de posição técnica, que havia ficado excessivamente “vendida em dólar”, com um cenário um pouco mais desafiaor, diante dos ruídos envolvendo as tarifas de importação e a possibilidade de um Fed mais agressivo no processo de normalização monetária.

Olhando à frente, teremos a reunião do G20, que pode trazer informações importantes em relação a postura que será tomada pelas principais economias do mundo diante da mudança de política externa adotada pelo Governo Trump.

A mídia continua especulando que o Governo dos EUA poderá anunciar, dentro de poucas semanas, medidas comerciais com o intuito de frear o déficit comercial com a China. Por ora, as demais economias do mundo estão adotando uma postura mais conservadora e amigável, buscando o diálogo ao invés do embate. Caso isso mude, seja por medidas mais agressivas dos EUA, ou por decisão das demais potenciais mundiais, podemos entrar em uma espiral mais complicada para a economia mundial e os mercados financeiros globais.

Na semana que vem, teremos ainda a reunião do Fed, onde já é universalmente esperado uma alta de 25bps nas taxas de juros. O debate gira em torno de qual o discurso que será adotado pelo Comitê em relação a política monetária prospectiva, com o mercado debatendo quantas altas de juros poderemos ter este e no próximo ano. A curva hoje precifica cerca de 3 altas de 25bps este ano (o mercado especula que as altas pode ser 4) e cerca de 2 altas de 25bps ano que vem.

O Brasil, enquanto isso, tem sido um espectador deste pano de fundo global e os ativos do país estão meramente seguindo os fluxos pontuais e a dinâmica externa. Salvo questões microeconômicas de resultados corporativos e/ou movimentos de M&A na bolsa local, até a proximidade das eleições, devemos seguir o humor externo e questões pontuais de fluxos e posição técnica.




Data: 16/03/2018

 Update.

Mercados & Cenário:

A noite foi relativamente tranquila. Ainda vejo sinais de fragilidade nos ativos de risco, a despeito de operaram próximos a estabilidade neste momento (6h20 de Brasília). Vemos uma apreciação do JPY, EUR e do CHF, mas um dólar forte contra as demais moedas. Os demais ativos de risco operam próximos a estabilidade e sem tendência definida.

No Brasil, o jornal O Globo traz reportagem em que afirma que a arrecadação federal superou em R$10bi as expectativas no primeiro bimestre do ano, mas que o Governo decidiu não desbloquear recursos neste momento. O estadão diz que existe um impasse no debate em torno da Cessão Onerosa, o que está atrasando, em cerca de 60 dias, as negociações em torno do caso. Já o Valor Econômico afirma que a União Europeia poderá parar de comprar carne de frango da BRF.

O destaque da quinta-feira ficou por conta do movimento de fortalecimento do dólar no mundo e alguma pressão no mercado de commodities. Os ativos emergentes também operaram sob pressão. O movimento dos últimos dias mostra uma certa fadiga dos mercados financeiros globais, especialmente nas classes de ativos cuja posição técnica se mostra mais comprometida (USD, Treasury, EM, Commodities, por exemplo).

Continuo vendo um mercado, grosso modo, sem grandes tendências no curto-prazo. O cenário base continua a ser de um crescimento global saudável, uma inflação ascendente no mundo desenvolvido e uma normalização monetária gradual nas principais economias do mundo.

Contudo, alguns ruídos de curto-prazo parecem estar afetando o humor global a risco. O governo dos EUA se mostra instável em relação a sua equipe, a imposição de tarifas de importação trouxeram a tona o debate de uma possível guerra comercial, a LIBOR-OIS Spread segue abrindo taxa, observamos dados de crescimento mais fracos na margem e vemos sinais de que o ciclo econômico dos EUA esteja em estágio avançado (o que pode estar sendo apontada pelo “flatetning” da curva de juros do país, mas com muito debate e incerteza em relação a este tema).

Neste pano de fundo, vejo mais incertezas do que convicções no curto-prazo, o que mantém minha convicção em um portfólio mais neutro e focada em temas específicos. A utilização de instrumentos que mitiguem as perdas em cenário adversos (ou alternativos) também me parece uma postura prudente. Não alterei minha visão em relação a essas questões.

No Brasil, os últimos dias foram marcados por uma realização de lucros em praticamente todos os mercados. Juros curtos, Bolsa e Câmbio (BRL). Além do cenário externo citado acima, a posição técnica nesses ativos me parecia, de certa forma, comprometida, o que acabou dando ímpeto a estes movimentos.

O destaque, como tenho  citado ao longo da semana, acabou ficando por conta do “flattening” da curva de juros, com a curva longa de juros nominais e reais apresentando desempenho bastante positivo ao longo da semana.

Dados Econômicos:

Nos EUA, o Empire Manufacturing e o Philly Fed permaneceram em patamar robusto e consistente com um crescimento sólido da economia. o Jobless Claims se manteve em nível condizente com um mercado de trabalho aquecido.

A despeito de algumas surpresas recentes nos dados de atividade econômica, que podem fazer com que o PIB do 1Q fique (bem) abaixo das expectativas, ainda não há motivos concretos para suspeitar de uma desaceleração mais permanente da economia dos EUA.

Agenda:

A agenda de amanhã terá, nos EUA, alguns dados do mercado imobiliário, a produção industrial e o Michigan Confidence.

Visão & Posição:

Nossa maior alocação continua a ser voltada para taxas de juros mais elevadas nos EUA. Preferimos a parte longa da curva.

Mantemos posições compradas em EUR e JPY, porém vendidas em AUD. As posições foram estruturadas de forma a ter perdas limitadas e alavancagem relevante.

Temos um pequeno hedge através de “puts” (opções de venda) de S&P. Reestruturamos esta operação no início da semana.

No Brasil, seguimos com posição na parte longa da curva de NTN-B.

Estamos com uma pequena posição comprada em uma carteira de ações voltada para o mercado doméstico. A posição é hoje muito inferior ao que era no final de 2017 e começo de 2018.




Data: 16/03/2018

Ativos de risco seguem sem tendências definidas.

Mercados & Cenário:

O destaque do dia ficou por conta do movimento de fortalecimento do dólar no mundo e alguma pressão no mercado de commodities. Os ativos emergentes também operaram sob pressão. O movimento dos últimos dias mostra uma certa fadiga dos mercados financeiros globais, especialmente nas classes de ativos cuja posição técnica se mostra mais comprometida (USD, Treasury, EM, Commodities, por exemplo).

Continuo vendo um mercado, grosso modo, sem grandes tendências no curto-prazo. O cenário base continua a ser de um crescimento global saudável, uma inflação ascendente no mundo desenvolvido e uma normalização monetária gradual nas principais economias do mundo.

Contudo, alguns ruídos de curto-prazo parecem estar afetando o humor global a risco. O governo dos EUA se mostra instável em relação a sua equipe, a imposição de tarifas de importação trouxeram a tona o debate de uma possível guerra comercial, a LIBOR-OIS Spread segue abrindo taxa, observamos dados de crescimento mais fracos na margem e vemos sinais de que o ciclo econômico dos EUA esteja em estágio avançado (o que pode estar sendo apontada pelo “flatetning” da curva de juros do país, mas com muito debate e incerteza em relação a este tema).

Neste pano de fundo, vejo mais incertezas do que convicções no curto-prazo, o que mantém minha convicção em um portfólio mais neutro e focada em temas específicos. A utilização de instrumentos que mitiguem as perdas em cenário adversos (ou alternativos) também me parece uma postura prudente. Não alterei minha visão em relação a essas questões.

No Brasil, os últimos dias foram marcados por uma realização de lucros em praticamente todos os mercados. Juros curtos, Bolsa e Câmbio (BRL). Além do cenário externo citado acima, a posição técnica nesses ativos me parecia, de certa forma, comprometida, o que acabou dando ímpeto a estes movimentos.

O destaque, como tenho  citado ao longo da semana, acabou ficando por conta do “flattening” da curva de juros, com a curva longa de juros nominais e reais apresentando desempenho bastante positivo ao longo da semana.

Dados Econômicos:

Nos EUA, o Empire Manufacturing e o Philly Fed permaneceram em patamar robusto e consistente com um crescimento sólido da economia. o Jobless Claims se manteve em nível condizente com um mercado de trabalho aquecido.

A despeito de algumas surpresas recentes nos dados de atividade econômica, que podem fazer com que o PIB do 1Q fique (bem) abaixo das expectativas, ainda não há motivos concretos para suspeitar de uma desaceleração mais permanente da economia dos EUA.

Agenda:

A agenda de amanhã terá, nos EUA, alguns dados do mercado imobiliário, a produção industrial e o Michigan Confidence.

Visão & Posição:

Nossa maior alocação continua a ser voltada para taxas de juros mais elevadas nos EUA. Preferimos a parte longa da curva.

Mantemos posições compradas em EUR e JPY, porém vendidas em AUD. As posições foram estruturadas de forma a ter perdas limitadas e alavancagem relevante.

Temos um pequeno hedge através de “puts” (opções de venda) de S&P. Reestruturamos esta operação no início da semana.

No Brasil, seguimos com posição na parte longa da curva de NTN-B.

Estamos com uma pequena posição comprada em uma carteira de ações voltada para o mercado doméstico. A posição é hoje muito inferior ao que era no final de 2017 e começo de 2018.




Data: 15/03/2018

Sem novidades relevantes.

Mercados & Cenário:

Hoje pela manhã vemos uma recuperação das bolsas globais, commodities em queda, um dólar levemente mais forte e taxas de juros estáveis no mundo desenvolvido.

A noite foi de poucas novidades relevantes para o cenário e para os mercados.

Para não soar repetitivo, segue o comentário da tarde de ontem, onde abordamos todos os temas relevantes de curto-prazo: https://mercadosglobais.blogspot.com.br/2018/03/libor-ois-treasury-curve-and.html.




Data: 15/03/2018

Libor-OIS, Treasury Curve and Cryptocurrencies.

Mercados & Cenário:

Os ativos de risco iniciaram o dia em uma toada positiva (https://mercadosglobais.blogspot.com.br/2018/03/dados-positivos-na-china-retiram-mais.html), mas os ruídos envolvendo a administração da Casa Branca e os rumores em torno de novas medidas com caráter protecionista acabaram, novamente, afetando o humor global a risco. Enquanto este tema estiver no foco do mercado, podemos esperar mais volatilidade e um mercado sem grandes tendências.

Medidas protecionistas costumam ser vistas como negativas para o crescimento global (menor crescimento) e “positivas” para inflação (inflação mais elevada). Esta combinação não é positiva, de maneira geral, para ativos de risco.

Eu tenho pouca vantagem comparativa para ter convicção em que caminho será tomado. O mercado parece trabalhar com o cenário central de que a postura do governo dos EUA é apenas uma “jogada” de negociação em busca de termos comerciais mais vantajosos para a economia americana. Esta postura acaba gerando volatilidade de curto-prazo, mas não altera o destino final da economia.

Contudo, caso este cenário central se mostre errada, e o governo dos EUA opte por adotar medidas de fato mais agressivas, me parece haver amplo espaço para uma reprecificação do cenário econômico global e, consequentemente, para os ativos de risco.

Vale atentar aqui para alguns movimentos recentes, que não tem relação com o que foi dito acima, mas merecem atenção especial:

1 – Forte “flattening” da curva de juros nos EUA;

2 – Forte abertura do spread LIBOR-OIS;

3 – Forte quedas das “cripto-moedas”.

Sobre o tema (1), parece um movimento usual próximo do final do ciclo econômico de economias desenvolvidas. Muitos utilizam este sinal como um indicador de recessão, mas outros afirmam que devido ao QE (e afins) o poder preditivo da curva de Treasury foi reduzido drasticamente nos últimos anos.

Em relação a (2), parece um movimento técnico, de excesso de oferta de papeis em meio a um cenário de emissões elevadas e reprimidas. Pelo menos este é o consenso de mercado. Não parece, neste momento, haver o entendimento de que a abertura deste spread seja um indicador mais preocupante de solvência do mercado bancário dos EUA, como foi na crise de 2008.

Não tenho opiniões forte sobre (3). Vimos declarações e movimentos recentes na direção de reduzir a efetividade deste instrumento como meio de troca, o que parece estar afetando o preço desta classe de ativo.

No Brasil, destaque para o movimento de “flattening” da curva de juros. Este é um movimento normal/natural em períodos de fim do ciclo de queda de juros. Como o cenário prospectivo aponta para uma inflação baixa e comportada, achamos natural que os juros locais fiquem mais baixos por mais tempo. Exatamente por isso, temos favorecido os vértices mais longos da curva real de juros já há algum tempo (vide comentários adicionais na seção abaixo).

Dados econômicos:Nos EUA, as vendas no varejo ficaram abaixo das expectativas e o PPI acima do esperado. As vendas no varejo levaram o mercado a revisar para baixo as expectativas para o PIB do primeiro trimestre do ano.

Ainda não vejo motivos para mudar o cenário base de um crescimento sólido da economia dos EUA ao longo deste ano. Contudo, os dados recentes apontam para um crescimento mais fraco do que o previsto e uma inflação que mostra sinais mais consistentes de elevação. Está combinação não costuma ser positiva para ativos de risco. Por ora, contudo, as magnitudes ainda não merecem uma reavaliação substancial do cenário base, apenas ascendem um sinal amarelo no cenário.

Agenda:

A agenda de amanhã terá o Empire Manufacturing, Philadelphia Fed, Jobless Claims e o Import and Export Prices como destaque da agenda nos EUA.

Visão & Posição:

Com a volatilidade implícita das moedas nos “pisos” recentes, adicionamos no início da semana exposição (via opções) na posição comprada em EUR, cujo o risco/retorno nos parece bastante atraente com a vol implícita abaixo de 7%.

Voltamos a reduzir nossa exposição em bolsa no Brasil ao longo da terça-feira, mas mantivemos a posição tática comprada em BRL (vendida em dólar), ambas através de estruturas de opção, após os dados do mercado de trabalho nos EUA. Após o recuo recente das volatilidades implícitas de várias classes de ativos, vemos grandes oportunidades, e excelente risco/retornos, em posições no mercado de opções.

No geral, não alteramos a nossa percepção de que devemos manter um portfólio mais neutro, focado em posições e temas específicos. O ano deverá trazer oportunidades de alocações mais táticas e nossa visão de uma volatilidade média mais elevada deve favorecer o posicionamento, em momentos específicos, no mercado de opções.

Nossa maior alocação continua a ser voltada para taxas de juros mais elevadas nos EUA. Preferimos a parte longa da curva.

Mantemos posições compradas em EUR e JPY, porém vendidas em AUD. As posições foram estruturadas de forma a ter perdas limitadas e alavancagem relevante.

Temos um pequeno hedge através de “puts” (opções de venda) de S&P. Reestruturamos esta operação no início da semana.

No Brasil, seguimos com posição na parte longa da curva de NTN-B.

Estamos com uma pequena posição comprada em uma carteira de ações voltada para o mercado doméstico no Brasil.




Data: 14/03/2018

Dados positivos na China retiram mais um risco do curto-prazo.

 

Mercados & Cenário:

Os ativos de risco estão apresentando recuperação nesta manhã, após os dados de atividade econômica na China superaram as expectativas do mercado nos meses de janeiro e fevereiro. As bolsas globais e as commodities metálicas sobem e o dólar opera em queda contra as moedas emergentes e mais dependentes de commodities.

Os números mais fortes no país afastam mais um dos riscos ao cenário econômico global no curto-prazo, que seria uma desaceleração mais acentuada da economia chinesa. Além disso, mostra uma economia global ainda robusta. Os números deveriam ajudar a dar suporte aos ativos de risco no curto-prazo, especialmente para as classes que acabaram “ficando para trás” nesta recuperação dos mercados nas últimas semanas, como as commodities e EMFX, por exemplo.

De maneira geral, contudo, os números de hoje em nada alteram o pano de fundo de longo-prazo, de mercados menos direcionais e mais táticos ao longo do ano, que tenho insistido neste fórum (vide aqui: https://mercadosglobais.blogspot.com.br/).

Dados Econômicos:

Destaque para os dados da China, que a Goldman Sachs resumiu da seguinte forma:

Industrial production (IP): +7.2% yoy in January to February (GS forecast: +6.0% yoy, Bloomberg consensus: +6.2% yoy); +13.0% month-over-month annualized in January to February vs December, seasonally adjusted by GS. December: +6.2% yoy, +7.4% mom annualized.

Retail sales: +9.7% yoy in January to February (GS: +9.0% yoy, consensus: +9.8% yoy); December: +9.4% yoy.

Fixed asset investment (FAI): +7.9% yoy in January to February (GS: +7.0% yoy, consensus: +7.0% yoy); 2017 full year/December single month yoy: +7.2%.

Property-related data:

Floor space sold: +4.1% yoy in January-February, vs. +6.1% yoy in December (value of sales +15.3% yoy, vs. +20.5% yoy in December).

Floor area under construction: +1.5% yoy in January to February, vs. +3.0% yoy in December.

New starts: +2.9% yoy in January to February, vs. +8.6% yoy in December.

Real estate investment: +9.9% yoy in January to February, vs. +1.9% yoy in December.

Agenda:O destaque do dia ficará por conta do Retail Sales e do PPI nos EUA.

Visão & Posição:

Com a volatilidade implícita das moedas nos “pisos” recentes, adicionamos no início da semana exposição via opções na posição comprada em EUR, cujo o risco/retorno nos parece bastante atraente com a vol implícita abaixo de 7%.

Voltamos a reduzir nossa exposição em bolsa no Brasil ao longo da terça-feira, mas mantivemos a posição tática comprada em BRL (vendida em dólar), ambas através de estruturas de opção, após os dados do mercado de trabalho nos EUA. Após o recuo recente das volatilidades implícitas de várias classes de ativos, vemos grandes oportunidades, e excelente risco/retornos, em posições no mercado de opções.

No geral, não alteramos a nossa percepção de que devemos manter um portfólio mais neutro, focado em posições e temas específicos. O ano deverá trazer oportunidades de alocações mais táticas e nossa visão de uma volatilidade média mais elevada deve favorecer o posicionamento, em momentos específicos, no mercado de opções.

Nossa maior alocação continua a ser voltada para taxas de juros mais elevadas nos EUA. Preferimos a parte longa da curva.

Mantemos posições compradas em EUR e JPY, porém vendidas em AUD. As posições foram estruturadas de forma a ter perdas limitadas e alavancagem relevante.

Temos um pequeno hedge através de “puts” (opções de venda) de S&P. Reestruturamos esta operação no início da semana.

No Brasil, seguimos com posição na parte longa da curva de NTN-B.

Estamos com uma pequena posição comprada em uma carteira de ações voltada para o mercado doméstico.




Data: 13/03/2018

A espera do Core CPI nos EUA

 

As últimas 24 horas trouxeram poucas informações novas ao cenário econômico global. Os ativos de risco, no geral, recuperaram grande parte das perdas verificadas em fevereiro nas últimas semanas, e observamos a normalização de vários indicadores de mercado, como as volatilidade implícitas. 

 

Acredito que estamos passando por um momento de calmaria, mas que o cenário do ano será permeado por uma volatilidade média mais elevada do que nos últimos 2 anos. Viveremos momentos de maior calmaria como o recente, mas teremos que conviver com períodos de maior incerteza como em fevereiro. Este cenário permanecerá enquanto o crescimento global estiver robusto, mas a inflação ascendente. Está dinâmica mudará, para alguns dos lados, caso um desses vetores arrefeça, e acabe levando o mercado a uma direção mais clara.

 

Enquanto isso, continuo favorecendo posições mais neutras no direcional e a utilização de instrumentos que defendam o portfólio de “riscos de cauda” ou de mudança abrupta de cenário. 

 

Todas as atenções estarão voltadas hoje para a divulgação do Core CPI nos EUA. 

 

Acredito que um número abaixo de 0,2% MoM poderá dar ímpeto a um movimento adicional de “Risk-On”, em um pano de fundo de “Goldilocks”. Um número acima de 0,3% MoM irá trazer de volta o debate em torno do momento do ciclo econômico nos EUA, levando a uma rodada de alta de juros e pressão nos ativos de risco, com o ambiente de “Goldilocks” sendo mais uma vez questionado e um movimento de “Risk-Off” podendo imperar no curto-prazo. 

 

No Brasil, o BCB vem sinalizando para mais um corte de 25bps na Taxa Selic, para 6,50%, após as surpresas positivas recentes no âmbito inflacionário. Este cenário já está incorporado (precificado) na curva curta de juros. 

 

Dados Econômicos: 

 

A segunda-feira não apresentou nenhuma divulgação relevante de dados econômicos. No Brasil, a pesquisa Focus do BCB mostrou mais um recuou nas expectativas de inflação para 2019, o que tem ajudado a manter ancorada a curva de juros do país. 

 

Agenda: 

 

O destaque do dia ficará por conta do Core CPI nos EUA (comentários na primeira seção deste texto). 

 

Visão & Posição: 

 

Com a volatilidade implícita das moedas nos “pisos” recentes, adicionamos exposição via opções na posição comprada em EUR, cujo o risco/retorno nos parece bastante atraente com a vol implícita abaixo de 7%. 

 

Na sexta-feira, elevamos marginalmente nossa exposição à bolsa Brasil e iniciamos uma posição tática comprada em BRL (vendida em dólar), ambas através de estruturas de opção, após os dados do mercado de trabalho nos EUA. Após o recuo recente das volatilidades implícitas de várias classes de ativos, vemos grandes oportunidade, e excelente risco/retornos, em posições no mercado de opções. 

 

No geral, não alteramos a nossa percepção de que devemos manter um portfólio mais neutro, focado em posições e temas específicos. O ano deverá trazer oportunidades de alocações mais táticas e nossa visão de uma volatilidade média mais elevada deve favorecer o posicionamento, em momentos específicos, no mercado de opções. 

 

- Nossa maior alocação continua a ser voltada para taxas de juros mais elevadas nos EUA. Preferimos a parte longa da curva. 

 

- Mantemos posições compradas em EUR e JPY, porém vendidas em AUD. As posições foram estruturadas de forma a ter perdas limitadas e alavancagem relevante. Após meses bastante positivo em janeiro e fevereiro, essas posições estão “sofrendo” nos últimos dias. Da forma que foram estruturadas, eles estão “organicamente” perdendo relevância no portfólio. Por ora, não estamos adicionando a essas posições. 

 

- Temos um pequeno hedge através de “puts” (opções de venda) de S&P. Após o movimento recente, a posições foi substancialmente reduzida. 

 

- No Brasil, seguimos com posição na parte longa da curva de NTN-B. 

 

- Estamos com uma pequena posição comprada em uma carteira de ações voltada para o mercado doméstico e voltamos a ter alguma exposição comprada em Ibovespa através do mercado de opções. 




Data: 12/03/2018

Goldilocks for now, watching US Core CPI.

 

O final de semana não trouxe novidades ao cenário econômico global. Neste ambiente, os ativos de risco estão dando continuidade ao movimento verificado na sexta-feira, com destaque para a alta das bolsas globais, uma leve abertura de taxa de juros no mundo desenvolvido e um dólar e commodities mais mistas. 

 

Os dados do mercado de trabalho de fevereiro, nos EUA, concentraram as atenções da sexta-feira. De maneira geral (e resumida), os números divulgados mostraram um mercado de trabalho forte e robusto, com a economia já muito próxima (ou tendo ultrapassado) o pleno emprego. 

 

Os números mostraram uma criação robusta de vagas de trabalho, uma taxa de desemprego baixa, que só não recuou novamente devido a uma alta não desprezível da taxa de participação, mas rendimentos (pressões inflacionárias provenientes do mercado de trabalho) mais baixos do que as expectativas. 

 

De maneira geral, este quadro costuma caracterizar um cenário bastante positivo para os ativos de risco. Contudo, acredito que precisamos tomar cuidado com interpretações de curto-prazo nesta fase do ciclo econômico. 

 

Os números de fevereiro reduzem os riscos, ou a percepção, de que o Fed esteja atrasado no processo de normalização monetária. Dito de outra forma, o número reforça a necessidade de continuidade do ajuste na política monetária dos EUA, com cerca de 4 altas de juros este ano, e um processo relativamente “automático” (já anunciado) de redução do balanço do Fed, mas reduz a probabilidade, pelo menos no curto-prazo, de um “erro de política monetária”. 

 

Este pano de fundo pode favorecer no curto-prazo ativos que sofreram ao longo de fevereiro, como os ativos emergentes e as bolsas globais. Contudo, o cenário permanecerá bastante sensível aos dados de inflação, emprego e renda. Já nesta semana teremos a divulgação do Core CPI nos EUA. 

 

No Brasil, IPCA de fevereiro ficou dentro das expectativas do mercado no Brasil. O qualitativo do indicador mostra uma inflação baixa e comportada. Os números recentes corroboram um cenário de mais uma queda na Taxa Selic para 6,5% e juros mais baixos por mais tempo no país. Continuamos a ver as taxas longas como excessivamente elevadas no Brasil. 

 

O mercado de juros locais tem se mostrado muito bem comportado ao longo do ano, muito em conta da robustez do cenário de baixa inflação. O BRL e o Ibovespa tem apresentando alguma volatilidade maior, muito em conta do cenário externo. Neste estágio do ciclo, e nos atuais níveis de preço, preferimos posições em ações específicas, cuja precificação ainda se mostra atrativa, e continuamos a ver o BRL em um grande “range” entre 3,10-3,35 ao longo no horizonte relevante de tempo. 

 

Dados Econômicos: 

 

A segunda-feira não apresentou nenhuma divulgação relevante de dados econômicos. 

 

Agenda: 

 

O dia será de agenda relativamente esvaziada. As atenções estarão centradas no Core CPI, nos EUA, amanhã. Acredito que um número abaixo de 0,2% MoM poderá dar ímpeto a um movimento adicional de “Risk-On” em um pano de fundo de “Goldilocks”. Um número acima de 0,3% MoM irá trazer de volta o debate em torno do momento do ciclo econômico nos EUA, levando a uma rodada de alta de juros e pressão nos ativos de risco, com o ambiente de “Goldilocks” sendo mais uma vez questionado e um movimento de “Risk-Off” podendo imperar no curto-prazo. 

 

Visão & Posição: 

 

Diante do exposto acima, elevamos marginalmente nossa exposição sà bolsa Brasil e iniciamos uma posição tática comprada em BRL (vendida em dólar), ambas através de estruturas de opção. Após o recuo recente das volatilidades implícitas de várias classes de ativos, vemos grandes oportunidade, e excelente risco/retornos, em posições no mercado de opções. 

 

No geral, não alteramos a nossa percepção de que devemos manter um portfólio mais neutro, focado em posições e temas específicos. O ano deverá trazer oportunidades de alocações mais táticas e nossa visão de uma volatilidade média mais elevada deve favorecer o posicionamento, em momentos específicos, no mercado de opções. 

 

- Nossa maior alocação continua a ser voltada para taxas de juros mais elevadas nos EUA. Preferimos a parte longa da curva. 

 

- Mantemos posições compradas em EUR e JPY, porém vendidas em AUD. As posições foram estruturadas de forma a ter perdas limitadas e alavancagem relevante. Após meses bastante positivo em janeiro e fevereiro, essas posições estão “sofrendo” nos últimos dias. Da forma que foram estruturadas, eles estão “organicamente” perdendo relevância no portfólio. Por ora, não estamos adicionando a essas posições. 

 

- Temos um pequeno hedge através de “puts” (opções de venda) de S&P. Após o movimento recente, a posições foi substancialmente reduzida. 

 

- No Brasil, seguimos com posição na parte longa da curva de NTN-B. 

 

- Estamos com uma pequena posição comprada em uma carteira de ações voltada para o mercado doméstico e voltamos a ter alguma exposição comprada em Ibovespa através do mercado de opções. 




Data: 09/03/2018

Goldilocks, for now...

 

Mercados & Cenário:

Os dados do mercado de trabalho de fevereiro, nos EUA, concentraram as atenções do dia. De maneira geral (e resumida), os números divulgados hoje mostraram um mercado de trabalho forte e robusto, com a economia já muito próxima (ou tendo ultrapassado) o pleno emprego.

Os números mostraram uma criação robusta de vagas de trabalho, uma taxa de desemprego baixa, que só não recuou novamente devido a uma alta não desprezível da taxa de participação, mas rendimentos (pressões inflacionárias provenientes do mercado de trabalho) mais baixos do que as expectativas.

De maneira geral, este quadro costuma caracterizar um cenário bastante positivo para os ativos de risco. Contudo, acredito que precisamos tomar cuidado com interpretações de curto-prazo nesta fase do ciclo econômico.

Os números de hoje reduzem os riscos, ou a percepção, de que o Fed esteja atrasado no processo de normalização monetária. Dito de outra forma, o número de hoje reforça a necessidade de continuidade do ajuste na política monetária dos EUA, com cerca de 4 altas de juros este ano, e um processo relativamente “automático” (já anunciado) de redução do balanço do Fed, mas reduz a probabilidade, pelo menos no curto-prazo, de um “erro de política monetária”.

Este pano de fundo pode favorecer, no curto-prazo, ativos que sofreram ao longo de fevereiro, como os ativos emergentes e as bolsas globais. Contudo, o cenário permanecerá bastante sensível aos dados de inflação, emprego e renda. Já na semana que vem teremos a divulgação do Core CPI nos EUA.

O IPCA de fevereiro ficou dentro das expectativas do mercado no Brasil. O qualitativo do indicador mostra uma inflação baixa e comportada. Os números recentes corroboram um cenário de mais uma queda na Taxa Selic para 6,5% e juros mais baixos por mais tempo no país. Continuamos a ver as taxas longas como excessivamente elevadas.

Diante do exposto acima, elevamos marginalmente nossa exposição a bolsa Brasil e iniciamos uma posição tática comprada em BRL (vendida em dólar), ambas através de estruturas de opção. Após o recuo recente das volatilidades implícitas de várias classes de ativos, vemos grandes oportunidade, e excelente risco/retornos, em posições no mercado de opções.Diante do exposto acima, elevamos marginalmente nossa exposição a bolsa Brasil e iniciamos uma posição tática comprada em BRL (vendida em dólar), ambas através de estruturas de opção. Após o recuo recente das volatilidades implícitas de várias classes de ativos, vemos grandes oportunidade, e excelente risco/retornos, em posições no mercado de opções.

No geral, não alteramos a nossa percepção de que devemos manter um portfólio mais neutro, focado em posições e temas específicos. O ano deverá trazer oportunidades de alocações mais táticas e nossa visão de uma volatilidade média mais elevada deve favorecer o posicionamento, em momentos específicos, no mercado de opções.

Nossa maior alocação continua a ser voltada para taxas de juros mais elevadas nos EUA. Preferimos a parte longa da curva.

Mantemos posições compradas em EUR e JPY, porém vendidas em AUD. As posições foram estruturadas de forma a ter perdas limitadas e alavancagem relevante. Após meses bastante positivo em janeiro e fevereiro, essas posições estão “sofrendo” nos últimos dias. Da forma que foram estruturadas, eles estão “organicamente” perdendo relevância no portfólio. Por ora, não estamos adicionando a essas posições.

Temos um pequeno hedge através de “puts” (opções de venda) de S&P. Após o movimento recente, a posições foi substancialmente reduzida.

No Brasil, seguimos com posição na parte longa da curva de NTN-B.

Estamos com uma pequena posição comprada em uma carteira de ações voltada para o mercado doméstico e voltamos a ter alguma exposição comprada em Ibovespa através do mercado de opções.




Data: 09/03/2018

 Dados de emprego nos EUA em foco.

 

Mercados & Cenário:

Os ativos de risco operam na expectativa dos dados de emprego de fevereiro nos EUA. Acredito que o foco deverá ficar por conta do Average Hourly Earnings, ou o rendimento dos trabalhadores, em um português mais simples. Caso o número venha mais forte do que o esperado, o mercado retornará a dinâmica de abertura de taxa de juros nos EUA e pressão nos ativos de risco, com o mercado interpretando que o Fed esteja “atrás da curva” nas altas de juros. Um número mais baixo poderá levar a um grande alívio dos ativos de risco e um rally mais acentuado de todos aqueles ativos que mais sofreram nas últimas semanas (EM, US Equities e afins).

No final da tarde de ontem, Trump assinou os termos de implementação das tarifas de importação sobre o Aço e o Alumínio, Trump deixou o México e o Canadá fora das tarifas, com o argumento de que irão buscar um acordo bilateral nas negociações do NAFTA. Esta postura ajudou a trazer alívio aos mercados financeiros globais. A despeito deste pano de fundo, Trump declarou que irá buscar “tarifas de reciprocidade” em breve, o que Poe caracterizar um passo importante e negativo nesta batalha comercial.

Não há novidades relevantes no Brasil. O destaque do dia ficará para o IPCA de fevereiro.

Dados Econômicos:

Na China, o CPI ficou acima das expectativas em fevereiro, com alta de 2,9% YoY. A despeito dos impactos pontuais do Ano Novo Lunar, a abertura do indicador mostrou um quadro de pressões inflacionárias no país. Este quadro justifica a manutenção de uma política monetária e fiscal mais apertadas ao logo deste ano. Os números de agregados monetários mostraram relativa estabilidade no mês de fevereiro.

Na Alemanha, a produção industrial de janeiro apresentou queda de 0,6% MoM, abaixo das expectativas de alta de 0,1% MoM. Os números recentes mostram uma desaceleração do crescimento do país. mas ainda em patamar saudável.

Agenda:

Destaque do dia para o ADP Employment nos EUA. Amanhã e sexta teremos a decisão do ECB na Europa e do BoJ no Japão.

Visão & Posição:

Nossa maior alocação continua a ser voltada para taxas de juros mais elevadas nos EUA. Preferimos a parte longa da curva.

Mantemos posições compradas em EUR e JPY, porém vendidas em AUD. As posições foram estruturadas de forma a ter perdas limitadas e alavancagem relevante.

Temos um pequeno hedge através de “puts” (opções de venda) de S&P.

No Brasil, seguimos com posição na parte longa da curva de NTN-B.

Estamos com uma pequena posição comprada em uma carteira de ações voltada para o mercado doméstico.




Data: 09/03/2018

Ajustes Técnicos.

 

Mercados & Cenário:

Os ativos de risco parecem estar passando por um momento de ajuste de posições. Se olharmos no detalhe, os movimentos recentes se mostram mais acentuados nos ativos cujas posições técnicas se mostram pouco saudáveis.

Por exemplo, vimos hoje uma forte queda do EUR, que é uma das maiores posições compradas do mercado. Tanto o Ibovespa quanto o BRL mostram desempenho pífio nos últimos 2 dias. Estes dois ativos são “top picks” de vários fundos locais, assim como recomendações relevantes de vários “sell-sides” de bancos estrangeiros. Finalmente, vemos uma acomodação das taxas de juros nos EUA, um ativo que mostra posição excessivamente “vendida” (tomada em taxas) segundo os números recentes.

O ECB trouxe pouca informação nova ao mercado. O Banco promoveu uma pequena alteração no seu comunicado, mas que era em parte esperada. Acredito que o movimento do EUR e do mercado de juros esteja mais intimamente ligado a posição técnica do que a uma mudança expressiva de cenário.

Os ativos no Brasil continuam seguindo o humor global a risco. A curva de juros vem se mostrando bem comportada, em muito ajudada pelo cenário benigno de inflação e por dados de atividade econômica mais fracos do que o esperado nas últimas semanas. O Ibovespa e o BRL estão seguindo o humor global a risco e, nos últimos dias, parecem estar sofrendo o efeito técnico comentado no início deste texto.

Dados econômicos:

Nos EUA, o Jobless Claims subiu de 210k para 231k na última semana. O nível do indicador ainda é compatível com um mercado de trabalho extremamente robusto. Não há mudança de cenário nesta direção.

Agenda:

Amanhã teremos a divulgação dos dados de mercado de trabalho nos EUA. Acredito que o foco deverá ficar por conta do Average Hourly Earnings, ou o rendimento dos trabalhadores em um português mais simples. Caso o número venha mais forte do que o esperado, o mercado retornará a dinâmica de abertura de taxa de juros nos EUA e pressão nos ativos de risco, com o mercado interpretando que o Fed esteja “atrás da curva” nas altas de juros. Um número mais baixo poderá levar a um grande alívio dos ativos de risco e um rally mais acentuado de todos aqueles ativos que mais sofreram nas últimas semanas (Em, US Equities e afins).

Visão & Posição:

Não alteramos de forma relevante nosso portfólio. Continuamos administrando apenas os tamanhos e os instrumentos das posições, mas com os temas de investimentos inalterados.

Nossa maior alocação continua a ser voltada para taxas de juros mais elevadas nos EUA. Preferimos a parte longa da curva.

Mantemos posições compradas em EUR e JPY, porém vendidas em AUD. As posições foram estruturadas de forma a ter perdas limitadas e alavancagem relevante.

Temos um pequeno hedge através de “puts” (opções de venda) de S&P.

No Brasil, seguimos com posição na parte longa da curva de NTN-B.

Estamos com uma pequena posição comprada em uma carteira de ações voltada para o mercado doméstico. 




Data: 07/03/2018

Risk-Off!

 

Mercados & Cenário:

No início da noite da ontem a mídia internacional reportou que Gary Cohn, o principal conselheiro econômico de Trump, visto como uma pessoa ponderada e liberal, estaria pedindo afastamento de suas funções. Se confirmado a notícia, seria um sinal de que Cohn perdeu a “queda de braço” em relação ao protecionismo que Trump  pretende colocar em prática e que não intenção do atual governo dos EUA de recuar nas medidas (tarifas) anunciadas na semana passada.

Os ativos de risco reagiram de maneira clássica, com um movimento de “risk-off”. Desde então, vimos alguma estabilização do humor global a risco, mas ainda há um senso de fragilidade nos mercados financeiros globais.

Este evento apenas reforço a minha visão mais cautelosa que vem sendo descrito neste fórum já desde fins de janeiros.

Acredito que os dados de crescimento global estejam dando suporte aos ativos de risco no curto-prazo. Como venho comentando nas últimas semanas, a despeito de sinais mais negativos, tais como pressões inflacionarias nos EUA, desaceleração da China, protecionismo dos EUA e afins (veja mais aqui: https://mercadosglobais.blogspot.com.br/), o crescimento global ainda garante algum suporte ao humor global a risco.

Eu reafirmo minha visão de que o momento seja de portfólios mais neutros, de utilização de instrumentos e estruturas que se defendam de “riscos de cauda” (ou riscos de stress) e pela busca de posições relativas. Como argumentei diversas vezes nos últimos meses, por exemplo, vejo as bolsas americanas operando “de lado”, com mais volatilidade, porém sem direção clara, como o S&P entre 2.550 e 2.850.

Nesta fase do ciclo econômico, assim como em 2007/2008 antes da crise imobiliária nos EUA, o mercado favoreceu e (deve favorecer agora) os ativos emergentes, que são percebidos como ativos com melhores fundamentos econômicos, uma posição técnica mais saudável e nível de preços e “valuations” mais atrativos. O mesmo vale para algumas commodities. Este ambiente, contudo, precisará ser reavaliado ao menor sinal de piora nas perspectivas de crescimento e/ou com evidências mais claras de inflação acima do esperado nos EUA ou no resto do mundo desenvolvido.

No Brasil, as coletas de inflação continuam apontando para um inflação corrente extremamente baixa. O mercado já migrou para uma expectativa de mais um corte de 25bps na Taxa Selic, para 6,5%. Os juros devem permanecer neste patamar (ou em torno dele) no horizonte relevante de tempo. Não há novidades relevantes no campo político. A candidatura de Lula parece cada vez mais difícil, Bolsonaro continua liderando as pesquisas de intenções de votos na ausência de Lula.

Dados Econômicos:

Na Austrália, o PIB do 4Q17 apresentou alta de 0,4% QoQ, abaixo das expectativas de o,5% QoQ. A despeito da surpresa, a abertura do indicador apresentou um quadro qualitativo relativamente positivo.

No Brasil, a produção industrial caiu um pouco mais que o esperado no mês de janeiro, (-2,4% MoM) mas não alterou o cenário de recuperação gradual do crescimento do país.

Agenda:

Destaque do dia para o ADP Employment nos EUA. Amanhã e sexta teremos a decisão do ECB na Europa e do BoJ no Japão.

Visão & Posição:

Aproveitamos o movimento recente para alongar a posição de NTNB no nosso portfólio local. Assim como o mercado, vemos uma probabilidade alta de mais um corte de 25bps na Taxa Selic. Nos atuais níveis de preço, acreditamos que a curva de juros esteja excessivamente inclinada e as maiores oportunidades estão na compressão dos prêmios da curva longa, visando uma taxa de juros mais baixa por mais tempo.

Adicionamos na semana passada uma posição comprada em EUR para compor o portfólio externo que já era comprado em JPY e vendido em AUD. Utilizamos o mercado de opções, onde vemos a volatilidade implícita em níveis atrativos.

O cenário de déficit fiscal e déficit nas contas externas deverá favorecer o enfraquecimento do dólar contra as moedas de países desenvolvidos. Os problemas domésticos na Austrália, aliados aos ruídos de uma política externa mais combativa do Governo Trump deveria favorecer o enfraquecimento do AUD.

Mantenho a visão de que estamos em uma fase próxima ao final do ciclo econômico nos EUA, momento em que a inflação começa a aparecer. Tenho dúvidas, contudo, se o ciclo é capaz de durar mais 3 a 6 meses, ou mais 12 a 18 meses. Por isso, tenho favorecido um portfólio mais neutro, com a busca constante por hedges e posições descorrelacionadas. Não acredito que seja o momento de manter posições direcionais elevadas na parcela “Long Risk”,/“Long Risk-On” tampouco seja o momento de manter um portfólio mais “Short Risk”/”Long Risk-Off”.

Como já comentei aqui nas últimas semanas, acredito que o ano será de “corridas de 100m” e não de uma “maratona”. A postura tática será ainda mais importante, assim como a escolha ideal das classes de ativos e dos instrumentos (acho que será um ano de muita utilização do mercado de opções, por exemplo).

Acredito que exista espaço para o mercado “comprar a ideia” de que os fundamentos dos mercados emergentes hoje são mais sólidos, os “valuations” mais atrativos e a posição técnica menos comprometida, o que pode favorecer está classe de ativos em detrimentos aos ativos de países desenvolvidos. Isso pode durar enquanto houver um crescimento global sólido. O cenário só irá “virar” de fato para um ambiente mais direcionalmente negativo quando o aperto da liquidez global for forte o suficiente para transformar o ciclo de crescimento na nova fase do ciclo econômico, de desaceleração. Enquanto isso, mantereu uma postura mais neutra.

Mantenho um pequeno portfólio comprado em NTN-B e Bolsa no Brasil. Venho mantendo postura tática no BRL, buscando a venda do dólar em momentos específicos e via estruturas de opção com perdas limitadas.

No portfólio externo, nossa posição “core” ainda é tomada em juros longos nos EUA. Estamos taticamente vendidos em AUD e em S&P via opção. Após as Minutas do FOMC, retornamos a posição comprada em JPY.




Data: 06/03/2018

Crescimento global positivo ainda sustenta humor global a risco.

 

Mercados & Cenário:

Os ativos de risco foram capazes de superar a retórica agressiva de Trump em relação a imposição de tarifas de importação para o Aço e o Alumínio, além de ignorarem um resultado marginalmente mais negativa nas eleições da Itália, e acabaram encerrando a segunda-feira em tom mais positivo.

Acredito que os dados de crescimento global estejam dando suporte ao ativos de risco. Como venho comentando nas últimas semanas, a despeito de sinais mais negativos, tais como pressões inflacionarias nos EUA, desaceleração da China, protecionismo dos EUA e afins (veja mais aqui: https://mercadosglobais.blogspot.com.br/), o crescimento global ainda garante algum suporte ao humor global a risco.

Eu reafirmo minha visão de que o momento seja de portfólios mais neutros, de utilização de instrumentos e estruturas que se defendam de “riscos de cauda” (ou riscos de stress) e pela busca de posições relativas. Como argumentei diversas vezes nos últimos meses, por exemplo, vejo as bolsas americanas operando “de lado”, com mais volatilidade, porém sem direção clara, como o S&P entre 2.550 e 2.850.

Nesta fase do ciclo econômico, assim como em 2007/2009 antes da crise imobiliária nos EUA, o mercado favoreceu e (deve favorecer agora) os ativos emergentes, que são percebidos como ativos com melhores fundamentos econômicos, uma posição técnica mais saudável e nível de preços e “valuations” mais atrativos. O mesmo vale para algumas commodities. Este ambiente só será , e precisará ser reavaliado, ao menor sinal de piora nas perspectivas de crescimento e/ou com evidências mais claras de inflação acima do esperado nos EUA ou no resto do mundo desenvolvido.

No Brasil, a grande supresa recente ficou pro conta da inflação corrente mais baixa do que o esperado, o que levou o mercado a precificar mais uma queda de 25bps na Taxa Selic para 6,5%. Esta probabilidade já gira em torno de 75%. Os indicadores recentes crescimento estão surpreendendo o mercado levemente na ponta negativa, mas ainda vejo um ambiente de recuperação gradual do crescimento do país.

Dados Econômicos:

Na Austrália, as vendas no varejo ficaram abaixo das expectativas do mercado, assim como a balança comercial. Contudo, os indicadores antecedentes do PIB acabaram levando a uma leve revisão altista para o número que será divulgado essa semana. De qualquer maneira, o RBA (banco central do país) manteve sua política monetária estável, dentro das expectativas do mercado.

Agenda:

A semana traz como destaque os dados de emprego nos EUA e a decisão do ECB na Europa. Hoje teremos a produção industrial no Brasil.

Visão & Posição: 

Aproveitamos o movimento recente para alongar a posição de NTNB no nosso portfólio local. Assim como o mercado, vemos uma probabilidade alta de mais um corte de 25bps na Taxa Selic. Nos atuais níveis de preço, acreditamos que a curva de juros esteja excessivamente inclinada e as maiores oportunidades estão na compressão dos prêmios da curva longa, visando uma taxa de juros mais baixa por mais tempo.

Adicionamos na semana passada uma posição comprada em EUR para compor o portfólio externo que já era comprado em JPY e vendido em AUD. Utilizamos o mercado de opções, onde vemos a volatilidade implícita em níveis atrativos.

O cenário de déficit fiscal e déficit nas contas externas deverá favorecer o enfraquecimento do dólar contra as moedas de países desenvolvidos. Os problemas domésticos na Austrália, aliados aos ruídos de uma política externa mais combativa do Governo Trump deveria favorecer o enfraquecimento do AUD.

Mantenho a visão de que estamos em uma fase próxima ao final do ciclo econômico nos EUA, momento em que a inflação começa a aparecer. Tenho dúvidas, contudo, se o ciclo é capaz de durar mais 3 a 6 meses, ou mais 12 a 18 meses. Por isso, tenho favorecido um portfólio mais neutro, com a busca constante por hedges e posições descorrelacionadas. Não acredito que seja o momento de manter posições direcionais elevadas na parcela “Long Risk”,/“Long Risk-On” tampouco seja o momento de manter um portfólio mais “Short Risk”/”Long Risk-Off”.

Como já comentei aqui nas últimas semanas, acredito que o ano será de “corridas de 100m” e não de uma “maratona”. A postura tática será ainda mais importante, assim como a escolha ideal das classes de ativos e dos instrumentos (acho que será um ano de muita utilização do mercado de opções, por exemplo).

Acredito que exista espaço para o mercado “comprar a ideia” de que os fundamentos dos mercados emergentes hoje são mais sólidos, os “valuations” mais atrativos e a posição técnica menos comprometida, o que pode favorecer está classe de ativos em detrimentos aos ativos de países desenvolvidos. Isso pode durar enquanto houver um crescimento global sólido. O cenário só irá “virar” de fato para um ambiente mais direcionalmente negativo quando o aperto da liquidez global for forte o suficiente para transformar o ciclo de crescimento na nova fase do ciclo econômico, de desaceleração. Enquanto isso, mantereu uma postura mais neutra.

Mantenho um pequeno portfólio comprado em NTN-B e Bolsa no Brasil. Venho mantendo postura tática no BRL, buscando a venda do dólar em momentos específicos e via estruturas de opção com perdas limitadas.

No portfólio externo, nossa posição “core” ainda é tomada em juros longos nos EUA. Estamos taticamente vendidos em AUD e em S&P via opção. Após as Minutas do FOMC, retornamos a posição comprada em JPY.

 




Data: 05/03/2018

Eleição na Itália, Metas na China e baixa inflação no Brasil.

 

Mercados & Cenário:

Os ativos de risco estão abrindo a semana em tom levemente negativo. A manutenção de uma retórica dura de Trump (nos EUA) em relação ao anuncio de medidas protecionistas e o resultado da eleição na Itália estão, neste momento, ditando o ritmo dos mercados financeiros globais.

Na Itália, uma vez mais, as pesquisas eleitorais falharam em antecipar um forte avanço de partidos populistas. O resultado é de certa forma negativo, mas não totalmente inesperado. O cenário base, a partir de agora, é para a tentativa de formação de um governo, o que deve perdurar por bastante tempo sem uma conclusão óbvia. O DB resumiu de forma clara a situação:

Yet again, opinion polls got it wrong. Five Star and Northern League came in significantly stronger than projected by opinion polls.

No party or formal coalition has a majority. Arithmetically, however, an anti-establisment/euroscepitc post-election alliance between Five Star and NL has an outright majority. The next few days will be important to understand if such a coalition can effectively be formed.

The focus will turn to the President of the Republic and the consultations he will undertake to form a government around end-March/early-April.

As long as the threat to euro membership remains absent, an accumulation of factors is required to create real fear about debt sustainability. It will take time to accumulate these factors.

Na China, o Governo anunciou uma meta de crescimento “em torno de 6,5%”, mas adotou um discurso mais duro em relação ao déficit fiscal. O anunciou confirma uma maior disposição em lidar com problemas, ou excessos, em setores específicos da economia, nem que isso incorra em um menor crescimento no curto-prazo.

No Brasil, o grande destaque recente está por conta das surpresas baixistas na inflação. Este pano de fundo levou o mercado a reavaliar a probabilidade de mais uma queda de 25bps na Taxa Selic, para 6,5%, hoje precificada com chances superiores a 60%. Este ambiente tem permitido que os ativos locais, especialmente o mercado de juros e câmbio, apresente desempenho relativo melhor que os seus pares globais.




Data: 05/03/2018

Trade War and Italian Election.

 

Mercados & Cenário:

A mídia internacional voltou o seu foco no final de semana para os eventos recentes nos EUA, em especial para as declarações de Trump de que irá impor tarifas elevadas de importação para o Aço e o Alumínio. Comentei isso na semana passada e reafirmo minha visão (mais detalhes abaixo/ https://mercadosglobais.blogspot.com.br/2018/03/trade-war.html).

A China, por ora, está adotando um tom mais conciliador, buscando o diálogo e evitando um conflito retórico mais duro (https://www.ft.com/content/db0106f8-1f7f-11e8-a895-1ba1f72c2c11). Se isso mudar, a situação pode ficar um tanto quanto mais complicada e negativa. A Europa e o Canadá adotaram um tom retórico mais duro, mas parecem ter um poder de barganha menor do que a China.

Na Alemanha, Merkel conseguiu o apoio de coalização para mais um governo, o que era de certa forma esperado e reduz um “risco de cauda” do cenário europeu. As eleições na Itália estão acontecendo neste momento e a apuração de votos terá início às 19h00 no horário de Brasília.

No Brasil, o Estadão traz notícia de que O MDB do atual presidente Michel Temer poderia apoiar Henrique Meirelles, atual Ministro da Fazenda, para vice-presidente da chapa de Geraldo Alckmin, do PSDB, nas eleições de outubro. Por ora, são apenas rumores. Se confirmado, daria a chapa de Alckmin muito tempo de TV e mídia, bastante exposição, além de toda a “maquina” do governo a seu favor, o que nesta eleição, em especial, poderá ter um enorme impacto no resultado oficial.

Voltando ao tema do início deste texto, estamos convivendo com uma economia no pleno emprego nos EUA (o Jobless Claims divulgado na última semana não deixa dúvida disso) e com o hiato do produto fechado (as pressões inflacionárias são cada vez mais evidentes). Neste pano de fundo, o Governo Americano aprovou uma Reforma Tributária em que reduziu substancialmente os impostos e levará a um aumento expressivo do déficit fiscal. As contas externas já apresentam um quadro de déficits elevados. Para encerrar este ambiente, o Governo ainda estuda um Pacote de Infraestrutura, o afrouxamento da regulação bancária visando o estímulo ao crédito e, agora, começa a adotar medidas protecionistas, visando o estímulo à economia doméstica.

De maneira geral, este pano de fundo costuma não chegar a um destino positivo. O protecionismo recente costuma trazer menos crescimento e mais inflação, um “coquetel” que costuma ser muito negativo para os ativos de risco.

Levando em conta o ponto de partida de preços, valuations e posição técnica, além do pano de fundo econômico, a cofirmação do cenário descrito acima pode levar uma depreciação conjunta dos ativos dos EUA, com o dólar (USD), as bolsas e os títulos de dívida (bonds)do país em queda.

Este cenário descrito acima deverá centralizar o debate de curto-prazo. De maneira geral, contudo, como o crescimento global continua robusto e saudável, ainda fica difícil de vislumbrar um movimento mais consolidadamente negativo para os ativos de risco. Caso este vetor mude (para menor crescimento) o cenário poderá se tornar um tanto quanto complicado (negativo). Por isso, continuo favorecendo um portfólio mais neutro no curto-prazo, mas observando atentamente a evolução dos demais vetores econômicos. Estou me tornando cada vez mais angustiado com as evidências recentes.

Nosso portfólio (mais detalhes abaixo) já estava preparado para este ambiente e estamos apenas ajustando ativamente os instrumentos e tamanhos das posições. Além da compra de JPY e venda de AUD adicionamos uma compra de EUR no portfólio. Seguimos taticamente vendidos em S&P e estruturalmente tomados em juros. No Brasil, nosso portfólio está concentrado em NTN-Bs mais longas e com um portfólio de ações mais voltado para a economia doméstica.

Agenda:

As eleições na Itália terão um desfecho nesta madrugada. A semana traz como destaque os dados de emprego nos EUA.




Data: 02/03/2018

Trade War!

 

Mercados & Cenário:

Os ativos de risco reagiram de forma negativa ao anuncido feito por Trump ontem de que irá impor tarifas elevadas de importações para produtos como Aço e Alumínio. Se confirmada, as declarações de Trump irão delinear um cenário extremamente complicado e perigoso para a economia dos EUA.

Estaremos convivendo com uma economia no pleno emprego (o Jobless Claims divulgado ontem não deixa dúvida disso), com o hiato do produto fechado (as pressões inflacionárias são cada vez mais evidentes). Neste pano de fundo, o Governo Americano aprovou uma Reforma Tributária em que reduziu substancialmente os impostos e levará a um aumento expressivo do déficit fiscal e a um aumento do déficit em conta corrente. Para encerrar este ambiente, o Governo ainda estuda um Pacote de Infraestrutura, o afrouxamento da regulação bancária visando o estímulo ao crédito e, agora, começa a adotar medidas protecionistas, visando o estímulo a economia doméstica.

De maneira geral, este pano de fundo costuma não chegar em um destino positivo. Como já comentei neste fórum no passado, Trump parece estar seguindo a mesma cartilha adotada nos dois Governos de Dilma no Brasil. Nós, como Brasileiros, devemos saber onde isso chegou.

Nosso portfólio (mais detalhes abaixo) já estava preparado para este ambiente, e estamos apenas ajustando ativamente os instrumentos e tamanhos das posições. Além da compra de JPY e venda de AUD adicionamos uma compra de EUR no portfólio. Seguimos taticamente vendidos em S&P e estruturalmente tomados em juros.

No Japão, o BoJ declarou que pode começar um processo de normalização monetária no ano fiscal de 2019, o que está dando suporte ao JPY neste momento. Além disso, vimos a divulgação de dados extremamente robustos do mercado de trabalho, com a Taxa de Desemprego caindo de 2,8% para 2,4%, muito abaixo das expectativas. Os números de inflação da região de Tókio também surpreenderam para cima o consenso do mercado.

O Brasil continua seguindo o humor global a risco, mas o cenário cíclico mais positivo está ajudando com que o “beta” dos movimentos seja muito menor do que no passado.

Agenda:

A agenda do dia será relativamente esvaziada. No final de semana, as eleições na Itália serão o foco do mercado. Hoje, o consenso aponta para um resultado misto, que não traria grandes mudanças no quadro político do país. O risco fica por conta do crescimento dos partidos radicais, que poderiam formar um bloco de controle maior e dominar o país. As consequências para os ativos de risco poderiam ser desastrosas no curto-prazo.

Dados econômicos, Notícias e Bancos Centrais:

No Brasil, o pIB do 4Q17 ficou abaixo das expectativas do mercado, com crescimento de 0,1% QoQ. A despeito da surpresa negativa, o número não latera o cenário de uma recuperação gradual do crescimento do país.

Nos EUA, O ISM Manufacturing atingiu um novo pico para este ciclo econômico, com uma abertura da mesma forma positiva. A despeito das surpresas recentes em alguns indicadores, os sinais são de uma economia que ainda cresce a taxas robustas.

O Jobless Claims caiu ao menor nível desde 1969. O número mostra um mercado de trabalho em ebulição, no pleno emprego.

Visão:

Adicionamos uma posição comprada em EUR para compor o portfólio externo que já era comprado em JPY e vendido em AUD. Utilizamos o mercado de opções, onde vemos a volatilidade implícita em níveis atrativos.

O cenário de déficit fiscal e déficit nas contas externas deverá favorecer o enfraquecimento do dólar contra as moedas de países desenvolvidos. Os problemas domésticos na Austrália, aliados aos ruídos de um política externa mais combativa do Governo Trump deveria favorecer o enfraquecimento do AUD.

Mantenho a visão de que estamos em uma fase próxima ao final do ciclo econômico nos EUA, momento em que a inflação começa a aparecer. Tenho dúvidas, contudo, se o ciclo é capaz de durar mais 3 a 6 meses, ou mais 12 a 18 meses. Por isso, tenho favorecido um portfólio mais neutro, com a busca constante por hedges e posições descorrelacionadas. Não acredito que seja o momento de manter posições direcionais elevadas na parcela “Long Risk”,/“Long Risk-On” tampouco seja o momento de manter um portfólio mais “Short Risk”/”Long Risk-Off”.

Como já comentei aqui nas últimas semanas, acredito que o ano será de “corridas de 100m” e não de uma “maratona”. A postura tática será ainda mais importante, assim como a escolha ideal das classes de ativos e dos instrumentos (acho que será um ano de muita utilização do mercado de opções, por exemplo).

Acredito que exista espaço para o mercado “comprar a ideia” de que os fundamentos dos mercados emergentes hoje são mais sólidos, os “valuations” mais atrativos e a posição técnica menos comprometida, o que pode favorecer está classe de ativos em detrimentos aos ativos de países desenvolvidos. Isso pode durar enquanto houver um crescimento global sólido. O cenário só irá “virar” de fato para um ambiente mais direcionalmente negativo quando o aperto da liquidez global for forte o suficiente para transformar o ciclo de crescimento na nova fase do ciclo econômico, de desaceleração. Enquanto isso, mantereu uma postura mais neutra.

Mantenho um pequeno portfólio comprado em NTN-B e Bolsa no Brasil. Venho mantendo postura tática no BRL, buscando a venda do dólar em momentos específicos e via estruturas de opção com perdas limitadas.

No portfólio externo, nossa posição “core” ainda é tomada em juros longos nos EUA. Estamos taticamente vendidos em AUD e em S&P via opção. Após as Minutas do FOMC, retornamos a posição comprada em JPY.




Data: 01/03/2018

Watching Global Growth..

 

O destaque da manhã fica por conta do fechamento de taxas das Treasuries e dos demais países desenvolvidos na Europa. As commodities operam em queda. O movimento é uma continuidade daquele verificado ao longo da quarta-feira. O AUD também opera pressionado, após dados de “capex”/investimentos abaixo das expectativas do mercado. 

 

Nas últimas semanas observamos sinais de acomodação do crescimento global. Até o momento, vejo este movimento como natural neste estágio do ciclo econômico. Contudo, a queda recente do PMI Manufacturing na China acendeu um sinal amarelo no meu cenário e merecerá atenção nos próximos dias/semanas.

 

Com muitos ativos de risco ainda em níveis de “valuations” pouco atrativos (ou menos triviais), sinais mais concretos ou coordenados de desaceleração global não seriam bem recebidos pelos mercados. Por ora, reforço que este ainda é um cenário alternativo. A desaceleração ainda me parece pontual e normal para este estágio do ciclo econômico. Os indicadores continuam em níveis sólidos e condizentes com um crescimento global saudável. Contudo, por vezes, o mercado pode reagir, mesmo que pontualmente, a variações no “delta”, na margem, do crescimento. 

 

Mantenho uma visão mais cautelosa no curto-prazo no tocante aos ativos de risco, mas com a consciência de que a divulgação do Core PCE nos EUA pode dar o tom da dinâmica dos mercados financeiros globais nos próximos dias. O mercado já espera uma alta de 0,3% MoM, que é considerada elevada para os padrões históricos do indicador. 

 

Ontem comentei de maneira mais detalhada sobre os últimos acontecimentos no mercado de renda fixa dos EUA, que merecem atenção nos próximos dias, como eventuais oportunidades, ou como sinalização de um cenário mais desafiador pela frente. Vejam mais detalhes aqui: https://mercadosglobais.blogspot.com.br/2018/02/us-fixed-income-in-focus.html. 

 

Agenda: 

A agenda de amanhã traz O PIB do Brasil como destaque local. Nos EUA teremos o Core PCE e o ISM Manufacturing como foco do dia. 

 

Dados econômicos, Notícias e Bancos Centrais: 

Na Coréia do Sul, as exportações dos primeiros 20 dias de fevereiro mostram um quadro de relativa estabilidade do crescimento do país. As exportações da Coréia são vistas como uma “proxy”, ou um termômetro, da economia global, dado a corrente de comércio elevada do país e as características da economia coreana. Segundo a Goldman Sachs: 

"February headline exports slowed to 4.0% yoy, down from 22.3% yoy in the previous month, but better than consensus expectations of 0.5% and our above-consensus forecast of 1.5%, on acceleration in exports towards end of the month following the Lunar New Year holidays. Sequential momentum weakened to -0.8% mom sa, the first sequential decline since Oct 2017, but the 3m/3m momentum improved to +1.6% from a marginal decline of -0.3% in the previous month. Imports moderated to 14.8% yoy, narrowing the trade surplus slightly to US$3.3bn. 

 

Na Austrália, os números de “capex”/investimentos ficaram abaixo das expectativas do mercado. A economia do país mostra um desempenho claramente inferior aos seus pares nesta fase do ciclo econômico, o que vem permitindo que o RBA mantenha uma política monetária mais frouxa por mais tempo. Segundo o Citibank: 

 

"Private sector capital expenditure fell by 0.2% in Q4, below the market consensus estimate and Citi’s 1.0% forecast. On a yearly basis, capex growth actually accelerated to 4.0% but only because of a weaker base effect from falling capex in Q4 2016. Mining capex returned to quarterly negative growth, falling by 4.7% while other selected industries (services and construction) posted a fifth consecutive gain, increasing by 1.7% (Figure 2 again). Manufacturing rose 2.6%. In total non-mining capex increased by 1.7%, but this is below the average for all other quarters in 2017 of 2.7%. 

 

Capex gains was across fewer industries and states. Chain volume data for the detailed industry breakdown isn’t available, but current price data showed capex gains concentrated in only a few services sectors such as utilities, finance and insurance, real estate and transport, postal and warehousing. Falls were recorded in wholesale and retail trade, construction, IT and telcos, professional, scientific and technical services and other selected services. In addition, there was a geographical narrowing of capex gains to NSW, VIC and QLD. SA, WA and TAS actual chain volume capex spending eased in Q4." 

 

Visão: 

 

Os dados econômicos divulgados nos últimos dias, assim como as Minutas do FOMC, em nada alteram nosso cenário base que vem sendo amplamente discutido neste fórum. 

 

Mantenho a visão de que estamos em uma fase próxima ao final do ciclo econômico nos EUA, momento em que a inflação começa a aparecer. Tenho dúvidas, contudo, se o ciclo é capaz de durar mais 3 a 6 meses, ou mais 12 a 18 meses. Por isso, tenho favorecido um portfólio mais neutro, com a busca constante por hedges e posições descorrelacionadas. Não acredito que seja o momento de manter posições direcionais elevadas na parcela “Long Risk”,/“Long Risk-On” tampouco seja o momento de manter um portfólio mais “Short Risk”/”Long Risk-Off”. 

 

Como já comentei aqui nas últimas semanas, acredito que o ano será de “corridas de 100m” e não de uma “maratona”. A postura tática será ainda mais importante, assim como a escolha ideal das classes de ativos e dos instrumentos (acho que será um ano de muita utilização do mercado de opções, por exemplo). 

 

Acredito que exista espaço para o mercado “comprar a ideia” de que os fundamentos dos mercados emergentes hoje são mais sólidos, os “valuations” mais atrativos e a posição técnica menos comprometida, o que pode favorecer está classe de ativos em detrimentos aos ativos de países desenvolvidos. Isso pode durar enquanto houver um crescimento global sólido. O cenário só irá “virar” de fato para um ambiente mais direcionalmente negativo quando o aperto da liquidez global for forte o suficiente para transformar o ciclo de crescimento na nova fase do ciclo econômico, de desaceleração. Enquanto isso, mantereu uma postura mais neutra. 

 

Mantenho um pequeno portfólio comprado em NTN-B e Bolsa no Brasil. Venho mantendo postura tática no BRL, buscando a venda do dólar em momentos específicos e via estruturas de opção com perdas limitadas.

 

No portfólio externo, nossa posição “core” ainda é tomada em juros longos nos EUA. Estamos taticamente vendidos em AUD e em S&P via opção. Após as Minutas do FOMC, retornamos a posição comprada em JPY.   




Data: 28/02/2018

US Fixed Income in Focus!

Mercados & Comentários:

Neste momento, os ativos de risco demonstram sinais de fragilidade. Continuo com um viés um pouco mais negativo no curto-prazo, pelos motivos já citados neste fórum nos últimos dias. Minha visão central continua a ser de manutenção de um portfólio mais neutro (mais detalhes abaixo, na última seção deste texto).

No Brasil dois eventos merecem destaque. Primeiro, o Instituto de Pesquisa Paraná divulgou uma pesquisa para Presidente da República no Estado de São Paulo. A pesquisa mostrou uma competitividade grande, especialmente entre Bolsonaro e Alckmin. Continuo acreditando que estamos muito distantes das eleições para este tipo de pesquisa fazer preço no mercado. Contudo, quanto mais perto chegamos do pleito, mais importante esses eventos se tornarão. Vejo a pesquisa de hoje como positiva, pois mostra uma competitividade grande de candidatos que são considerados menos traumáticos para o cenário econômico pós eleições, mesmo sabendo de todos os riscos existentes e as incertezas do plano econômico de muitos desses nomes.

Segundo, o Credit Suisse soltou um relatório dando um “downgrade” no mercado de renda variável no Brasil. O relatório parece estar afetando pontualmente o humor para a bolsa local.

Nos EUA, continuando o que escrevi aqui mais cedo em torno do mercado de “Money Market” no país (https://mercadosglobais.blogspot.com.br/2018/02/lower-china-pmi-watch-out-for-libor-ois.html), vale destacar que vimos mais uma rodada de abertura de taxas e spreads dos instrumentos de renda fixa com curta “duration” ao longo do dia, e mais uma abertura do LIBOR-OIS.

A despeito deste indicador ter sido um sintoma bastante negativo na crise de 2008, muitos afirmam que, neste momento, a abertura deste spread está mais ligada a uma questão técnica de aumento da oferta de “T-bills”, em um momento de demanda cadente, do que propriamente um sinal mais desastroso ou negativo para os mercados financeiros globais. De qualquer maneira, é um sinal que precisa ser monitorado.

Além deste efeito, diante do cenário atual de normalização monetária nos EUA, com alta dos Fed Funds e redução do balanço de Fed, alguns outros efeitos secundários também são sentidos no mercado de renda fixa dos EUA.

Um desses efeitos é o aumento do custo de hedge dos “Corporate Bonds” americanos para investidores do Japão e da Europa, grandes compradores destes papéis nos últimos anos. Essa mudança de cenário pode trazer grandes movimentos e transformações em um mercado extremamente expressivo para os ativos de risco.

Por ora, esses movimentos estão sendo ordenados, mas precisamos monitora-los atentamente, pois é um mercado de mais de US$4 trilhões, que pode ter impacto significativo nos demais ativos de risco.

Os artigos abaixo, o primeiro do Financial Times e o segundo da PIMCO, falam um pouco sobre o que está ocorrendo no mercado de renda fixa dos EUA de maneira mais didática:

https://www.ft.com/content/112b115e-1618-11e8-9e9c-25c814761640

https://blog.pimco.com/en/2018/02/tapping-yield-at-the-front-end-of-the-curve

Dados econômicos:

No Brasil, a Taxa de Desemprego subiu de 11,8% para 12,2% em janeiro, acima das expectativas de 12,0%. Mesmo o número dessazonalizado apresentou alta na mesma magnitude. Observamos alguma acomodação nos dados de rendimentos. De maneira geral, o número de hoje me parece apenas uma acomodação do emprego, e não uma mudança de tendência positiva.

Nos EUA, as revisões do PIB do 4Q18 não trouxeram informações relevantes novas. O Chicago PMI caiu de 65,7 para 61,9 pontos, abaixo das expectativas de 64,1. A despeito da queda, o número continua em patamar elevado e consistente com um crescimento robusto e saudável da economia.

O Consumer Confidence, por sua vez, subiu de 124,3 para 130,8 pontos, acima das expectativas de 126,5. A abertura do indicador também foi bastante positiva, com o sub-indice de emprego atingindo o maior patamar em vários anos.

Agenda:

A agenda de amanhã traz O PIB do Brasil como destaque local. Nos EUA teremos o Core PCE e o ISM Manufacturing como foco do dia.

Visão & Posição:

Os dados econômicos divulgados nos últimos dias, assim como o discurso de Powell hoje, em nada alteram nosso cenário base que vem sendo amplamente discutido neste fórum.

Mantenho a visão de que estamos em uma fase próxima ao final do ciclo econômico nos EUA, momento em que a inflação começa a aparecer. Tenho dúvidas, contudo, se o ciclo é capaz de durar mais 3 a 6 meses, ou mais 12 a 18 meses. Por isso, tenho favorecido um portfólio mais neutro, com a busca constante por hedges e posições descorrelacionadas. Não acredito que seja o momento de manter posições direcionais elevadas na parcela “Long Risk”/“Long Risk-On” tampouco seja o momento de manter um portfólio mais “Short Risk”/”Long Risk-Off”.

Como já comentei aqui nas últimas semanas, acredito que o ano será de “corridas de 100m” e não de uma “maratona”. A postura tática será ainda mais importante, assim como a escolha ideal das classes de ativos e dos instrumentos (acho que será um ano de muita utilização do mercado de opções, por exemplo).

Acredito que exista espaço para o mercado “comprar a ideia” de que os fundamentos dos mercados emergentes hoje são mais sólidos, os “valuations” mais atrativos e a posição técnica menos comprometida, o que pode favorecer está classe de ativos em detrimentos aos ativos de países desenvolvidos. Isso pode durar enquanto houver um crescimento global sólido. O cenário só irá “virar” de fato para um ambiente mais direcionalmente negativo quando o aperto da liquidez global for forte o suficiente para transformar o ciclo de crescimento na nova fase do ciclo econômico, de desaceleração. Enquanto isso, manterei uma postura mais neutra.

Mantenho um pequeno portfólio comprado em NTN-B e Bolsa no Brasil. Venho mantendo postura tática no BRL, buscando a venda do dólar em momentos específicos e via estruturas de opção com perdas limitadas.

No portfólio externo, nossa posição “core” ainda é tomada em juros longos nos EUA. Estamos taticamente vendidos em AUD e em S&P via opção. Após as Minutas do FOMC, retornamos à posição comprada em JPY.




Data: 28/02/2018

Lower China PMI/ Watch out for LIBOR-OIS Spread!

Mercados & Comentários:

Os ativos de risco estão operando próximos a estabilidade neste momento (6h00 de Brasília). Vejo os mercados financeiros globais ainda bastante sensíveis às taxas de juros no mundo desenvolvido e, em especial, as taxas das Treasuries nos EUA. Assim, vejo espaço para novos movimentos de “risk-off” no curto-prazo. De qualquer maneira, mantenho um portfólio mais neutro e uma postura mais tática (detalhes abaixo), ou seja, administrando ativamente os tamanhos e os instrumentos do portfólio.

A noite trouxe dados econômicos apontando para certo “speed bump” na economia global (ver detalhes abaixo) com um PMI Manufacturing abaixo das expectativas na China e dados de produção industrial e vendas no varejo em queda no Japão.

Nas últimas semanas começou a chamar à atenção dos mercados externos a abertura de spreads entre a LIBOR-OIS. Este é indicador que ficou bastante famoso na crise de 2008 e costuma medir a liquidez do mercado bancário dos EUA e a percepção do risco bancário do mesmo.

A LIBOR é um indicador de retorno das “taxas bancáris” para “empréstimos” no “overnight” (de um dia para outro). A OIS é a taxa de um swap de mesmo vencimento (“duration”), mas que não apresenta o risco bancário e não apresenta transferência do montante total dos recursos. Por ser um derivativo, o OIS necessita apenas de ajustes diários de margem. Assim a diferença entre as duas e vista como um indicador da percepção do mercado em relação aos riscos do mercado bancário e da liquidez deste mercado.

A recente abertura deste spread não tem, ainda, uma explicação concreta, mas está chamando a atenção dos investidores e merece alguma atenção nos próximos dias.

Agenda:

A agenda de hoje traz o Chicago PMI como destaque nos EUA e a Taxa de Desemprego no Brasil como destaque.

Dados econômicos, Notícias e Bancos Centrais:

Na China, o Manufacturing PMI recuou de 51,3 para 50,3 pontos em janeiro, abaixo das expectativas de relativa estabilidade. O Ano Novo Lunar pode ter afetado negativamente o indicador de forma pontual. Ainda parece cedo para conclusões mais concreta em torno deste indicador, mas eu diria que a queda está em linha com um cenário de desaceleração gradual da economia chinesa ao longo deste ano. O risco continua a ser de uma desaceleração mais acentuada e inesperada pelo mercado.

No Japão, a produção industrial e as vendas no varejo ficaram abaixo das expectativas. O mesmo efeito do Ano Novo Lunar chinês citado acima pode ter tido impacto negativo nestes indicadores. Os dados econômicos do país costum ser bastante voláteis e qualquer conclusão, neste momento, me parece precipitada.

Na França, o CPI ficou abaixo das expectativas reduzindo, em grande parte, os riscos do CPI fechado da Área do Euro surpreender positivamente (para cima) nas próximas horas.

Visão:

Os dados econômicos divulgados nos últimos dias, assim como as Minutas do FOMC, em nada alteram nosso cenário base que vem sendo amplamente discutido neste fórum.

Mantenho a visão de que estamos em uma fase próxima ao final do ciclo econômico nos EUA, momento em que a inflação começa a aparecer. Tenho dúvidas, contudo, se o ciclo é capaz de durar mais 3 a 6 meses, ou mais 12 a 18 meses. Por isso, tenho favorecido um portfólio mais neutro, com a busca constante por hedges e posições descorrelacionadas. Não acredito que seja o momento de manter posições direcionais elevadas na parcela “Long Risk”,/“Long Risk-On” tampouco seja o momento de manter um portfólio mais “Short Risk”/”Long Risk-Off”.

Como já comentei aqui nas últimas semanas, acredito que o ano será de “corridas de 100m” e não de uma “maratona”. A postura tática será ainda mais importante, assim como a escolha ideal das classes de ativos e dos instrumentos (acho que será um ano de muita utilização do mercado de opções, por exemplo).

Acredito que exista espaço para o mercado “comprar a ideia” de que os fundamentos dos mercados emergentes hoje são mais sólidos, os “valuations” mais atrativos e a posição técnica menos comprometida, o que pode favorecer está classe de ativos em detrimentos aos ativos de países desenvolvidos. Isso pode durar enquanto houver um crescimento global sólido. O cenário só irá “virar” de fato para um ambiente mais direcionalmente negativo quando o aperto da liquidez global for forte o suficiente para transformar o ciclo de crescimento na nova fase do ciclo econômico, de desaceleração. Enquanto isso, mantereu uma postura mais neutra.

Mantenho um pequeno portfólio comprado em NTN-B e Bolsa no Brasil. Venho mantendo postura tática no BRL, buscando a venda do dólar em momentos específicos e via estruturas de opção com perdas limitadas.

No portfólio externo, nossa posição “core” ainda é tomada em juros longos nos EUA. Estamos taticamente vendidos em AUD e em S&P via opção. Após as Minutas do FOMC, retornamos a posição comprada em JPY.




Data: 27/02/2018

A new hawkish sheriff in town?

Mercados & Comentários:

Os ativos de risco estão tendo um dia de “risk-off” clássico, após o discurso de Powell – novo presidente do Fed – ao Congresso americano ser lido como mais hawkish do que as expectativas. Neste momento, vemos uma queda nas bolsas e nas commodidites, um dólar mais forte no mundo e uma abertura das taxas de juros nos EUA. Os ativos no Brasil continuam seguindo o humor global a risco, mas vem demonstrando um “beta” menor, de certa forma “blindados” pelos fundamentos cíclicos mais positivos.

Powell descreveu um cenário bastante positivo, com riscos (em sua maioria) na direção da necessidade de mais altas de juros. Como os ativos de risco estão bastante sensíveis as taxas de juros nos EUA, a alta nas taxas acabou dando ímpeto a um movimento de realização de lucros nos ativos de risco após a recuperação verificada nas últimas duas semanas.

O movimento de hoje, liderado pelas declarações de Powell, apenas confirmam nosso cenário base de um mercado mais volátil e da necessidade de uma postura mais tática, de um portfólio mais neutro e da utilização de instrumentos que mitiguem riscos de cauda.

Dados econômicos:

No Brasil, destaque para o superávit fiscal primário de R$31,1bi em janeiro, muito superior as expectativas de R$23bi. O número reforça a minha visão de que até mesmo o quadro fiscal, o grande problema do país no longo-prazo, será favorecido pela recuperação cíclica da economia, com mais crescimento, melhora do emprego, inflação e juros mais baixos.

Nos EUA, o Durable Goods Orders ficou abaixo das expectativas. O número de soma a uma sequência de dados um pouco mais fracos divulgados nas últimas semanas. Vejo este processo de acomodação como natural nesta fase do ciclo econômico. Ainda não vejo motivos para alterar o cenário de um crescimento ainda saudável da economia este ano.

O Consumer Confidence, por sua vez, subiu de 124,3 para 130,8 pontos, acima das expectativas de 126,5. A abertura do indicador também foi bastante positiva, com o sub-indice de emprego atingindo o maior patamar em vários anos.

Agenda:

A agenda de amanhã traz o Chicago PMI como destaque nos EUA e a Taxa de Desemprego no Brasil como destaque.

Visão & Posição:

Os dados econômicos divulgados nos últimos dias, assim como o discurso de Powell hoje, em nada alteram nosso cenário base que vem sendo amplamente discutido neste fórum.

Mantenho a visão de que estamos em uma fase próxima ao final do ciclo econômico nos EUA, momento em que a inflação começa a aparecer. Tenho dúvidas, contudo, se o ciclo é capaz de durar mais 3 a 6 meses, ou mais 12 a 18 meses. Por isso, tenho favorecido um portfólio mais neutro, com a busca constante por hedges e posições descorrelacionadas. Não acredito que seja o momento de manter posições direcionais elevadas na parcela “Long Risk”/“Long Risk-On” tampouco seja o momento de manter um portfólio mais “Short Risk”/”Long Risk-Off”.

Como já comentei aqui nas últimas semanas, acredito que o ano será de “corridas de 100m” e não de uma “maratona”. A postura tática será ainda mais importante, assim como a escolha ideal das classes de ativos e dos instrumentos (acho que será um ano de muita utilização do mercado de opções, por exemplo).

Acredito que exista espaço para o mercado “comprar a ideia” de que os fundamentos dos mercados emergentes hoje são mais sólidos, os “valuations” mais atrativos e a posição técnica menos comprometida, o que pode favorecer está classe de ativos em detrimentos aos ativos de países desenvolvidos. Isso pode durar enquanto houver um crescimento global sólido. O cenário só irá “virar” de fato para um ambiente mais direcionalmente negativo quando o aperto da liquidez global for forte o suficiente para transformar o ciclo de crescimento na nova fase do ciclo econômico, de desaceleração. Enquanto isso, manterei uma postura mais neutra.

Mantenho um pequeno portfólio comprado em NTN-B e Bolsa no Brasil. Venho mantendo postura tática no BRL, buscando a venda do dólar em momentos específicos e via estruturas de opção com perdas limitadas.

No portfólio externo, nossa posição “core” ainda é tomada em juros longos nos EUA. Estamos taticamente vendidos em AUD e em S&P via opção. Após as Minutas do FOMC, retornamos à posição comprada em JPY.




Data: 27/02/2018

[Update] All eyes on Fed Chair Powell.

Mercados & Comentários:

Na expectativa do discurso de Powell, novo presidente do Fed, ao Congresso nos EUA, os ativos de risco estão abrindo a terça-feira em tom um pouco mais misto. Neste momento (6h00 de Brasília) vemos uma leve queda das bolsas, um dólar e commodities mais mistas e uma pequena abertura das taxas de juros nos EUA e demais países desenvolvidos.

A noite foi relativamente esvaziada em termos de dados econômicos. Além de Powell, a agenda trará Durable Goods e Consumer Confidence.

No Brasil, a mídia continua focada em um cenário eleitoral que pouca informação nova e concreta trouxe para a dinâmica dos mercados locais nas últimas semanas, exceto pela condenação de Lula em segunda instância. O cenário econômico segue ciclicamente bastante positivo.

Os ativos de risco estão apresentando mais um dia de bom desempenho, de maneira geral. Para não soar repetitivo, minha visão de curto e longo-prazo foi descrita em mais detalhes nos últimos dias e pode ser lida aqui: https://mercadosglobais.blogspot.com.br/2018/02/updated.html.

Em termos gerais, a estabilização das Treasuries nos EUA abaixo de 2,9% parece estar dando um alento aos mercados financeiros, em um pano de fundo de crescimento global ainda robusto e a despeito dos sinais cada vez mais claros de um “renascimento” das pressões inflacionárias nos EUA.

Passado o ajuste técnico dos ativos de risco na primeira quinzena de fevereiro, o mercado parece mais balanceado. Uma nova rodada de deterioração irá demandar novos sinais inflacionários no mundo desenvolvido, especialmente nos EUA. Enquanto isso, o mercado sinaliza que há demanda e disposição pela busca por ativos com posição técnica saudável, “valuations” atrativos e fundamentos sólidos. Neste contexto, os ativos emergentes já viraram consenso entre os sell-sides e muitos buy-sides. Em algum momento, isso pode ser uma restrição a apreciações adicionais. Por ora, “the trend (and the flow) is your friend...”.

O Brasil vem se beneficiando deste pano de fundo e ainda é impulsionado por um cenário econômico local bastante positivo. O destaque do dia ficou por conta do “bull  flattening” da curva de juros, em linha com nosso comentário no final da semana passada (https://mercadosglobais.blogspot.com.br/2018/02/brazilian-rates.html).

Dados econômicos:

No Brasil, destaque para as contas externas. A conta corrente apresentou déficit inferior as expectativas (US$4,3bi vs US$5bi esperados) com surpresa positiva do FDI (US$6,5bi vs expectativas de US$3,8bi). Acho válido chamar a atenção para o forte fluxo na conta capital, com entrada superior a US$10bi em renda fixa e renda variável. O fluxo é elevado inclusive para a sazonalidade deste período do ano (janeiro).

Os números de hoje confirmam nossa visão de contas externas saudáveis e poucos riscos nesta frente. De qualquer maneira, o BRL deverá continuar seguindo o humor global a risco. Tenho um viés mais positivo com o BRL neste estágio e próximo a 3,25, mas mantenho a visão de que ele deverá permanecer em uma banda entre 3,10 e 3,30 no horizonte relevante de tempo.

A arrecadação de janeiro também surpreendeu as expectativas positivamente, reforçando o cenário base de que até mesmo o quadro fiscal, o grande problema do país no longo-prazo, será favorecido pela recuperação cíclica da economia, com mais crescimento, melhora do emprego, inflação e juros mais baixos.

Agenda:

O destaque da agenda de amanhã ficará por conta da apresentação de Powell, novo presidente do Fed, ao Congresso americano. Powell falará em nome do Comitê. Assim, deverá reforçar a visão de que a política monetária deverá seguir na direção de normalização. Devemos esperar mais altas de juros e a continuidade do balanço do Fed. Powell deverá mostrar um tom mais otimista em relação a recuperação da economia e pode dar algum sinal mais forte de sua visão em relação ao potencial impacto da Reforma Tributária. Qualquer sinalização muito diferente desta poderá ter impacto imediato e relevante nos mercados.

A curva de juros nos EUA precifica probabilidade em torno de 90% de mais uma alta de 25bps nos Fed Funds em março. A curva precifica cerca de 2,5 altas de 25bps este ano, mas poucas altas em 2019. Ainda me parece haver espaço para ajustes nesta frente (juros mais altos) ao longo do ano e conforme o cenário de crescimento sólido e inflação ascendente for se confirmando.

Visão & Posição:

Os dados econômicos divulgados nos últimos dias, assim como as Minutas do FOMC, em nada alteram nosso cenário base que vem sendo amplamente discutido neste fórum.

Mantenho a visão de que estamos em uma fase próxima ao final do ciclo econômico nos EUA, momento em que a inflação começa a aparecer. Tenho dúvidas, contudo, se o ciclo é capaz de durar mais 3 a 6 meses, ou mais 12 a 18 meses. Por isso, tenho favorecido um portfólio mais neutro, com a busca constante por hedges e posições descorrelacionadas. Não acredito que seja o momento de manter posições direcionais elevadas na parcela “Long Risk”/“Long Risk-On” tampouco seja o momento de manter um portfólio mais “Short Risk”/”Long Risk-Off”.

Como já comentei aqui nas últimas semanas, acredito que o ano será de “corridas de 100m” e não de uma “maratona”. A postura tática será ainda mais importante, assim como a escolha ideal das classes de ativos e dos instrumentos (acho que será um ano de muita utilização do mercado de opções, por exemplo).

Acredito que exista espaço para o mercado “comprar a ideia” de que os fundamentos dos mercados emergentes hoje são mais sólidos, os “valuations” mais atrativos e a posição técnica menos comprometida, o que pode favorecer está classe de ativos em detrimentos aos ativos de países desenvolvidos. Isso pode durar enquanto houver um crescimento global sólido. O cenário só irá “virar” de fato para um ambiente mais direcionalmente negativo quando o aperto da liquidez global for forte o suficiente para transformar o ciclo de crescimento na nova fase do ciclo econômico, de desaceleração. Enquanto isso, mantereu uma postura mais neutra.

Mantenho um pequeno portfólio comprado em NTN-B e Bolsa no Brasil. Venho mantendo postura tática no BRL, buscando a venda do dólar em momentos específicos e via estruturas de opção com perdas limitadas.

No portfólio externo, nossa posição “core” ainda é tomada em juros longos nos EUA. Estamos taticamente vendidos em AUD e em S&P via opção. Após as Minutas do FOMC, retornamos a posição comprada em JPY.




Data: 27/02/2018

DM Inflation and Yields in Focus! Spain Inflation higher...

A inflação na Espanha ficou acima das expectativas em janeiro (vide abaixo). A Alemanha divulga o seu número fechado em breve. 

Os mercados financeiros globais mostraram estabilização nas últimas duas semanas após a estabilização das taxas de juros nos EUA. Números mais fortes de inflação poderiam trazer de volta a tona o debate do "reflation" no mundo, com um "spike" nos "yields" podendo afetar o humor global a risco.

É por isso que continuo com um cenário mais cauteloso e um portfólio mais neutro.




Data: 26/02/2018

All eyes on Fed Chair Powell.

Mercados & Comentários:

Os ativos de risco estão apresentando mais um dia de bom desempenho, de maneira geral. Para não soar repetitivo, minha visão de curto e longo-prazo foi descrita em mais detalhes nos últimos dias e pode ser lida aqui: https://mercadosglobais.blogspot.com.br/2018/02/updated.html.

Em termos gerais, a estabilização das Treasuries nos EUA abaixo de 2,9% parece estar dando um alento aos mercados financeiros, em um pano de fundo de crescimento global ainda robusto e a despeito dos sinais cada vez mais claros de um “renascimento” das pressões inflacionárias nos EUA.

Passado o ajuste técnico dos ativos de risco na primeira quinzena de fevereiro, o mercado parece mais balanceado. Uma nova rodada de deterioração irá demandar novos sinais inflacionários no mundo desenvolvido, especialmente nos EUA. Enquanto isso, o mercado sinaliza que há demanda e disposição pela busca por ativos com posição técnica saudável, “valuations” atrativos e fundamentos sólidos. Neste contexto, os ativos emergentes já viraram consenso entre os sell-sides e muitos buy-sides. Em algum momento, isso pode ser uma restrição a apreciações adicionais. Por ora, “the trend (and the flow) is your friend...”.

O Brasil vem se beneficiando deste pano de fundo e ainda é impulsionado por um cenário econômico local bastante positivo. O destaque do dia ficou por conta do “bull  flattening” da curva de juros, em linha com nosso comentário no final da semana passada (https://mercadosglobais.blogspot.com.br/2018/02/brazilian-rates.html).

Dados econômicos:

No Brasil, destaque para as contas externas. A conta corrente apresentou déficit inferior as expectativas (US$4,3bi vs US$5bi esperados) com surpresa positiva do FDI (US$6,5bi vs expectativas de US$3,8bi). Acho válido chamar a atenção para o forte fluxo na conta capital, com entrada superior a US$10bi em renda fixa e renda variável. O fluxo é elevado inclusive para a sazonalidade deste período do ano (janeiro).

Os números de hoje confirmam nossa visão de contas externas saudáveis e poucos riscos nesta frente. De qualquer maneira, o BRL deverá continuar seguindo o humor global a risco. Tenho um viés mais positivo com o BRL neste estágio e próximo a 3,25, mas mantenho a visão de que ele deverá permanecer em uma banda entre 3,10 e 3,30 no horizonte relevante de tempo.

A arrecadação de janeiro também surpreendeu as expectativas positivamente, reforçando o cenário base de que até mesmo o quadro fiscal, o grande problema do país no longo-prazo, será favorecido pela recuperação cíclica da economia, com mais crescimento, melhora do emprego, inflação e juros mais baixos.

Agenda:

O destaque da agenda de amanhã ficará por conta da apresentação de Powell, novo presidente do Fed, ao Congresso americano. Powell falará em nome do Comitê. Assim, deverá reforçar a visão de que a política monetária deverá seguir na direção de normalização. Devemos esperar mais altas de juros e a continuidade do balanço do Fed. Powell deverá mostrar um tom mais otimista em relação a recuperação da economia e pode dar algum sinal mais forte de sua visão em relação ao potencial impacto da Reforma Tributária. Qualquer sinalização muito diferente desta poderá ter impacto imediato e relevante nos mercados.

A curva de juros nos EUA precifica probabilidade em torno de 90% de mais uma alta de 25bps nos Fed Funds em março. A curva precifica cerca de 2,5 altas de 25bps este ano, mas poucas altas em 2019. Ainda me parece haver espaço para ajustes nesta frente (juros mais altos) ao longo do ano e conforme o cenário de crescimento sólido e inflação ascendente for se confirmando.

Visão & Posição:

Os dados econômicos divulgados nos últimos dias, assim como as Minutas do FOMC, em nada alteram nosso cenário base que vem sendo amplamente discutido neste fórum.

Mantenho a visão de que estamos em uma fase próxima ao final do ciclo econômico nos EUA, momento em que a inflação começa a aparecer. Tenho dúvidas, contudo, se o ciclo é capaz de durar mais 3 a 6 meses, ou mais 12 a 18 meses. Por isso, tenho favorecido um portfólio mais neutro, com a busca constante por hedges e posições descorrelacionadas. Não acredito que seja o momento de manter posições direcionais elevadas na parcela “Long Risk”/“Long Risk-On” tampouco seja o momento de manter um portfólio mais “Short Risk”/”Long Risk-Off”.

Como já comentei aqui nas últimas semanas, acredito que o ano será de “corridas de 100m” e não de uma “maratona”. A postura tática será ainda mais importante, assim como a escolha ideal das classes de ativos e dos instrumentos (acho que será um ano de muita utilização do mercado de opções, por exemplo).

Acredito que exista espaço para o mercado “comprar a ideia” de que os fundamentos dos mercados emergentes hoje são mais sólidos, os “valuations” mais atrativos e a posição técnica menos comprometida, o que pode favorecer está classe de ativos em detrimentos aos ativos de países desenvolvidos. Isso pode durar enquanto houver um crescimento global sólido. O cenário só irá “virar” de fato para um ambiente mais direcionalmente negativo quando o aperto da liquidez global for forte o suficiente para transformar o ciclo de crescimento na nova fase do ciclo econômico, de desaceleração. Enquanto isso, mantereu uma postura mais neutra.

Mantenho um pequeno portfólio comprado em NTN-B e Bolsa no Brasil. Venho mantendo postura tática no BRL, buscando a venda do dólar em momentos específicos e via estruturas de opção com perdas limitadas.

No portfólio externo, nossa posição “core” ainda é tomada em juros longos nos EUA. Estamos taticamente vendidos em AUD e em S&P via opção. Após as Minutas do FOMC, retornamos a posição comprada em JPY.




Data: 26/02/2018

Momento de acomodação. Cenário evolui de maneira fluida.

Mercados & Comentários:

Na ausência de novidades relevantes no cenário, os ativos de risco estão abrindo a semana na mesma toada em que finalizaram a semana passada, ou seja, com as bolsas em alta, um leve fechamento de taxa de juros no mundo desenvolvido, um dólar mais fraco no mundo e as commodities com desempenho misto.

Os ativos de risco parecem estar passando por um momento de consolidação, passado o ajuste técnico na primeira quinzena de fevereiro. Por ora, não consigo identificar nenhuma tendência definida de curto-prazo.

Os leilões de títulos públicos (Bills, Notes and Bonds) nos EUA ao longo da semana, de tamanho elevado para os padrões históricos, devido a necessidade de financiamento de um déficit elevado em um momento de menor demanda (redução do balanço do Fed, redução de compras por parte de Japão e China e etc), foram relativamente bem digeridos pelo mercado, o que ajudou a estabilizar as Treasuries 10yrs em abaixo de 2,90%, dando alívio aos demais ativos de risco.

O cenário base continua sendo de um crescimento global sólido, robusto e saudável. Nos últimos dias, observamos alguns dados econômicos mais fracos do que as expectativas, especialmente na Europa e nos EUA. Este tipo de acomodação/consolidação dos dados econômicos costuma ser normal nesta fase do ciclo econômico. Ainda não há sinais mais preocupantes. O patamar dos números de crescimento continua apontando para uma economia global com crescimento sólido e sincronizado.

O grande risco para o cenário continuar a ser no campo inflacionário, especialmente nos EUA. Vejo a economia no pleno emprego, com hiato do produto fechado e com a acumulação de sinais de pressões (altistas) na inflação. A velocidade da inflação que será fundamental para a dinâmica dos ativos de risco nos próximos meses, assim como para a reação do Fed a este pano de fundo. Tenho escrito bastante sobre isso desde fins do ano passado (https://mercadosglobais.blogspot.com.br/).

No Brasil, seguimos em um ambiente ciclicamente bastante positivo e sem novidades relevantes. O grande destaque dos últimos dias acabou ficando para a divulgação de novos indicadores apontando para um quadro bastante benigno para a inflação (baixista) (https://mercadosglobais.blogspot.com.br/2018/02/brazilian-rates.html). O cenário ciclicamente positivo para o país, em termos econômicos, dificilmente será revertido nos próximos 12 a 18 meses. Para os mercados financeiros locais, contudo, temos as incertezas das eleições para presidente e o cenário externo.

Agenda:

A semana terá como destaque o Core PCE nos EUA, o principal indicar de inflação utilizado pelo Fed na análise econômica para implementação de sua política monetária. Após o Core CPI e o PPI, o mercado já espera uma aceleração deste indicador, para uma alta de 0,3% MoM em janeiro. Dado essas expectativas já elevadas, os riscos de curto-prazo acabam sendo mitigados, porém não totalmente isolados, dado a sensibilidade dos mercados financeiros globais as taxas de juros (“yields”) das Treasuries nos EUA.

Dados econômicos, Notícias e Bancos Centrais:

O final de semana trouxe poucas novidades relevantes ao cenário. Acho válido citar a possibilidade da mudança da legislação na China, que pode permitir a consolidação do poder do atual primeiro ministro (vide detalhes abaixo no link para artigo do FT). A notícia pode ter pouco impacto de curto-prazo, mas pode abrir caminho, a longo-prazo, para um novo cenário no país.

Nessa linha, vimos na semana passada o Governo Chinês anunciar uma espécie de intervenção no Angbank, um grande conglomerado financeiro que, assim como a HNA, sofre problemas de liquidez devido a acelerada espanção, financiada por dívida, ao longo dos últimos anos. Com essa postura, o Governo mostra aversão a problemas financeiros maios graves, optando pelo intervencionismo no curto-prazo. Os problemas no mercado de crédito na China são conhecidos e crescem ano após ano. Por ora, o Governo Chinês têm mostrado enorme habilidade em administrar esta questão. Todavia, este é um risco que precisa ser monitorado no detalhe e não sairá do radar nos próximos anos.

FT - China poised to end two-term limit on presidency:https://www.ft.com/content/a99120f8-1a07-11e8-aaca-4574d7dabfb6

Visão:

Os dados econômicos divulgados nos últimos dias, assim como as Minutas do FOMC, em nada alteram nosso cenário base que vem sendo amplamente discutido neste fórum.

Mantenho a visão de que estamos em uma fase próxima ao final do ciclo econômico nos EUA, momento em que a inflação começa a aparecer. Tenho dúvidas, contudo, se o ciclo é capaz de durar mais 3 a 6 meses, ou mais 12 a 18 meses. Por isso, tenho favorecido um portfólio mais neutro, com a busca constante por hedges e posições descorrelacionadas. Não acredito que seja o momento de manter posições direcionais elevadas na parcela “Long Risk”,/“Long Risk-On” tampouco seja o momento de manter um portfólio mais “Short Risk”/”Long Risk-Off”.

Como já comentei aqui nas últimas semanas, acredito que o ano será de “corridas de 100m” e não de uma “maratona”. A postura tática será ainda mais importante, assim como a escolha ideal das classes de ativos e dos instrumentos (acho que será um ano de muita utilização do mercado de opções, por exemplo).

Acredito que exista espaço para o mercado “comprar a ideia” de que os fundamentos dos mercados emergentes hoje são mais sólidos, os “valuations” mais atrativos e a posição técnica menos comprometida, o que pode favorecer está classe de ativos em detrimentos aos ativos de países desenvolvidos. Isso pode durar enquanto houver um crescimento global sólido. O cenário só irá “virar” de fato para um ambiente mais direcionalmente negativo quando o aperto da liquidez global for forte o suficiente para transformar o ciclo de crescimento na nova fase do ciclo econômico, de desaceleração. Enquanto isso, mantereu uma postura mais neutra.

Mantenho um pequeno portfólio comprado em NTN-B e Bolsa no Brasil. Venho mantendo postura tática no BRL, buscando a venda do dólar em momentos específicos e via estruturas de opção com perdas limitadas.

No portfólio externo, nossa posição “core” ainda é tomada em juros longos nos EUA. Estamos taticamente vendidos em AUD e em S&P via opção. Após as Minutas do FOMC, retornamos a posição comprada em JPY.




Data: 23/02/2018

Brazilian Rates.

Mercados & Comentários:

A sexta-feira manteve o tom descrito hoje pela manhã  de mercados sem grandes tendências no geral (https://mercadosglobais.blogspot.com.br/2018/02/sem-tendencias-relevantes.html).

Não houve informação ou movimentação nova no mercado externo que valha comentários adicionais aqueles já elaborados ao longo da semana.

Vale a pena concentrar os comentários de hoje na curva de juros do Brasil. Após um período de “bull steepening” da curva de juros nas últimas semanas, com o mercado elevando as apostas de mais um corte de 25bps na Taxa Selic (que já está com probabilidade em torno de 60% segundo o mercado de opções digitais), o mercado hoje apresentou um movimento de “bull flattening”, reagindo ao IPCA-15 de fevereiro e o anuncio do CMN comentado mais cedo do ajuste nas carteiras de fundos de previdência e seguradoras que será revertido nos próximos anos.

A curva curta de juros me parece relativamente bem precificada. Sem cortes adicionais da Taxa Selic, por exemplo, o Jan19 poderia abrir levemente taxas. Existe sim espaço para compressão de prêmios conforte o cenário de Taxa Selic entre 6,75% e 6,50% for sendo confirmado ao longo do ano. Contudo, a assimetria nesta parte da curva me parece ruim neste momento do ciclo. A título ilustrativo, o FRA do 4Q de 2018 está em 6,7%.

Continuo preferindo posições na parte intermediária da curva, que costuma performar melhor perto do fim do ciclo de afrouxamento monetário. O FRA de 2019 está em 8,5%, o que parece alinhado com um ciclo gradual de alta da Taxa Selic, caso necessário algum ajuste em 2019.

A parte longa da curva apresenta prêmios ainda maiores, mais deverá conviver com um cenário externo mais incerto e um período eleitoral ainda indefinido. Os FRAs mais longos, como o Jan21 a 10,6% parecem mais “premiados”, mas mesmo nesta parte da curva precisamos ter uma conjunção de vetores favoráveis para ganhos expressivos. 

Assim, por ora, tenho favorecido a parte intermediária e longa das curvas reais de juros. Entendo que o risco/retorno hoje no mercado local de juros seja pior do que no passado e, por isso, o tamanho das posições deverá ser ajustado de acordo com os riscos do cenário e de acordo com os atuais níveis de preço.

Dados econômicos:

No Brasil, destaque para o IPCA-15. O número ficou em linha com as expectativas, com alta de 0,38% MoM e 2,86% YoY. O qualitativo do indicador mostrou um quadro bastante positivo, de núcleos extremamente baixos. Outros indicadores correntes de inflação apontam para um quadro ainda mais benigno da inflação no curto-prazo. Nossa área econômica já trabalha com um IPCA que pode ficar abaixo de 3,5% este ano, muito abaixo da meta de inflação e das previsões recentes do Banco Central do Brasil (BCB).

No Canadá, assim como Japão mais cedo, os números de inflação surpreenderam positivamente (inflação mais alta) as expectativas do mercado. Estes números se encaixam perfeitamente no nosso cenário base de “reflation” nas principais economias desenvolvidas e justifica a manutenção de nossa expectativa de continuidade do processo de normalização monetária nessas economias, além de taxas de juros estruturalmente mais elevadas nesses países e/ou regiões.




Data: 23/02/2018

Sem tendências relevantes.

Mercados:

Os ativos de risco estão operando sem tendências definidas nos últimos dias. Ontem, por exemplo, o dia foi de enfraquecimento generalizado do dólar no mundo, mas após um fortalecimento da moeda no dia anterior. O S&P, já por alguns dias consecutivos, opera em uma estreita banda de 2700 com 2750 pontos.

No Brasil, a quinta-feira foi marcada por um “bear flattening” da curva de juros, com o mercado aparentemente ajustando posições excessivamente aplicadas na parte curta da curva (até o Jan20) para a divulgação do IPCA-15. O BRL continua seguindo o humor global a risco em torno do dólar no mundo, enquanto o Ibovespa se favorece da melhora cíclica da economia e de um fluxo bastante positivo de um mercado que busca alternativa a um CDI abaixo de 7%.

Agenda:

O destaque do dia ficará para o IPCA-15 no Brasil. As coletas apontam para um número baixo e controlado. Nossa área econômica já trabalha com um IPCA fechado este ano que pode ficar abaixo de 3,5%, muito abaixo da meta do BCB e das previsões do mesmo. Este cenário deve garantir que a Taxa Selic permaneça abaixo de 7% ao longo de todo o ano, com uma probabilidade não desprezível de mais um corte de 25bps. Este pano de fundo continua a dar ancoragem a curva de juros locais, a despeito dos prêmios hoje estarem muito menores do que nos últimos anos.

Dados econômicos, Notícias e Bancos Centrais:

No Brasil, o CMN anunciou uma mudança técnica no requerimento para seguradoras e fundos de previdências, com o intuito de evitar um vetor que distorceu bastante o mercado de títulos públicos no Brasil nos últimos anos. Segundo o Valor Econômico:

O Conselho Monetário Nacional (CMN) anunciou uma mudança na regulação dos fundos de previdência e seguradoras que vinha promovendo uma distorção tanto no mercado de títulos da dívida pública, notadamente as NTN-Fs, quanto na curva de juros futuros (DI).

Uma regra editada em 2015 determinava que o prazo médio mínimo da carteira (duration) de títulos deveria ser de dois anos. O objetivo na época era estimular o alongamento de prazos e fazer uma desindexação dos investimentos da taxa Selic. No entanto, ao longo do ano passado a existência dessa regra passou a gerar um aumento na inclinação da curva de juros futuros e uma demanda tão elevada por ativos prefixados que os títulos passaram a apresentar prêmios negativos persistentes.

Para atender à regra as instituições de previdência compravam um título prefixado de prazo longo e faziam uma operação casada no mercado de juros futuros para reduzir o risco de perdas com a volatilidade.

A regra passou a gerar distorções no mercado conforme mudou o cenário para as taxas de juros. A Selic caiu e a previsão do mercado é de juros baixos por mais tempo. Assim, o alongamento e desindexação das carteiras se torna algo mais natural.

O destaque da noite ficou por conta dos dados de inflação (CPI) no Japão. Os números ficaram levemente acima das expectativas, mostrando um quadro de aumento gradual da inflação no país. este dado se encaixa perfeitamente no nosso cenário base de “reflation” nas principais economias desenvolvidas e justifica a manutenção de nossa expectativa de continuidade do processo de normalização monetária nessas economias e taxas de juros estruturalmente mais elevadas.

As Minutas do ECB trouxeram poucas novidades ao mercado. Segundo o documento, existe um viés para os membros do Comitê buscaram alguma mudança na sua comunicação junto ao mercado no começo de 2018, caso o cenário se mantenha como o atual, ou seja, com uma recuperação robusta do crescimento e uma ascensão gradual da inflação.

Visão:

Os dados econômicos divulgados nos últimos dias, assim como as Minutas do FOMC, em nada alteram nosso cenário base que vem sendo amplamente discutido neste fórum.

Mantenho a visão de que estamos em uma fase próxima ao final do ciclo econômico nos EUA, momento em que a inflação começa a aparecer. Tenho dúvidas, contudo, se o ciclo é capaz de durar mais 3 a 6 meses, ou mais 12 a 18 meses. Por isso, tenho favorecido um portfólio mais neutro, com a busca constante por hedges e posições descorrelacionadas. Não acredito que seja o momento de manter posições direcionais elevadas na parcela “Long Risk”,/“Long Risk-On” tampouco seja o momento de manter um portfólio mais “Short Risk”/”Long Risk-Off”.

Acredito que exista espaço para o mercado “comprar a ideia” de que os fundamentos dos mercados emergentes hoje são mais sólidos, os “valuations” mais atrativos e a posição técnica menos comprometida, o que pode favorecer está classe de ativos em detrimentos aos ativos de países desenvolvidos. Isso pode durar enquanto houver um crescimento global sólido. O cenário só irá “virar” de fato para um ambiente mais direcionalmente negativo quando o aperto da liquidez global for forte o suficiente para transformar o ciclo de crescimento na nova fase do ciclo econômico, de desaceleração. Enquanto isso, mantereu uma postura mais neutra.

Mantenho um pequeno portfólio comprado em NTN-B e Bolsa no Brasil. Venho mantendo postura tática no BRL, buscando a venda do dólar em momentos específicos e via estruturas de opção com perdas limitadas.

No portfólio externo, nossa posição “core” ainda é tomada em juros longos nos EUA. Estamos taticamente vendidos em AUD e em S&P via opção. Após as Minutas do FOMC, retornamos a posição comprada em JPY. 




Data: 22/02/2018

Leve risk-off!

Mercados:

Os ativos de risco estão apresentando leve viés de risk-off” essa manhã. Destaque para a queda das bolsas e das commodities. O dólar opera mais misto no mundo, com destaque para a apreciação do JPY. O mercado de juros apresenta leve fechamento de taxa no mundo desenvolvido.

O movimento de hoje parece uma extensão da pressão negativa do final da tarde de ontem, após o mercado digerir de maneira mais correta, na minha opinião, as Minutas do FOMC (https://mercadosglobais.blogspot.com.br/2018/02/sem-alteracao-no-nosso-cenario-base.html).

Agenda:

Hoje teremos um leilão de bonds de 7yrs nos EUA e o Jobless Claims como destaque. Será importante monitorar a demanda para o leilão de bonds de 7yrs, em um momento de aumento de oferta e redução de balanço do Fed. O Jobless Claims deverá mostrar um mercado de trabalho apertado, com a economia já no que considero o “pleno emprego”.

Visão:

Os dados econômicos divulgados nos últimos dias, assim como as Minutas do FOMC, em nada alteram nosso cenário base que vem sendo amplamente discutido neste fórum.

Mantenho a visão de que estamos em uma fase próxima ao final do ciclo econômico nos EUA, momento em que a inflação começa a aparecer. Tenho dúvidas, contudo, se o ciclo é capaz de durar mais 3 a 6 meses, ou mais 12 a 18 meses. Por isso, tenho favorecido um portfólio mais neutro, com a busca constante por hedges e posições descorrelacionadas. Não acredito que seja o momento de manter posições direcionais elevadas na parcela “Long Risk”,/“Long Risk-On” tampouco seja o momento de manter um portfólio mais “Short Risk”/”Long Risk-Off”.

Acredito que exista espaço para o mercado “comprar a ideia” de que os fundamentos dos mercados emergentes hoje são mais sólidos, os “valuations” mais atrativos e a posição técnica menos comprometida, o que pode favorecer está classe de ativos em detrimentos aos ativos de países desenvolvidos. Isso pode durar enquanto houver um crescimento global sólido. O cenário só irá “virar” de fato para um ambiente mais direcionalmente negativo quando o aperto da liquidez global for forte o suficiente para transformar o ciclo de crescimento na nova fase do ciclo econômico, de desaceleração. Enquanto isso, mantereu uma postura mais neutra.

Mantenho um pequeno portfólio comprado em NTN-B e Bolsa no Brasil. Venho mantendo postura tática no BRL, buscando a venda do dólar em momentos específicos e via estruturas de opção com perdas limitadas.

No portfólio externo, nossa posição “core” ainda é tomada em juros longos nos EUA. Estamos taticamente vendidos em AUD e em S&P via opção. Estamos de olho para retornar à posição comprada em JPY que foi taticamente zerada após o carnaval.

Dados econômicos:

A agenda da noite foi relativamente esvaziada.




Data: 21/02/2018

Sem alteração no nosso cenário base.

Mercados:

Os ativos de risco ainda estão, neste momento, digerindo as Minutas do FOMC. Após uma primeira reação de Minutas mais dovish do que o esperado, começamos a observar uma reação mais em linha com uma interpretação deMinutas mais hawkish, parecido com a nossa impressão inicial (https://mercadosglobais.blogspot.com.br/2018/02/eua-minutas-do-fomc-alguns-comentarios.html).

Neste momento, vemos um dólar mais forte, impulsionado pela abertura de taxa de juros nos EUA. As bolsas globais operam em alta, mas longe dos picos do dia e em trajetória declinante.

Os ativos no Brasil estão seguindo o humor global a risco. Vale a pena citar, contudo, o bom desempenho do Ibovespa nos últimos dias, mesmo em termos relativos (versus EEM, S&P e etc). A curva de juros local continua sua trajetória de “steepening”, com o mercado já precificando chances elevadas de mais um corte na Taxa Selic na próxima reunião do Copom.

Agenda:

O leilão de Note de 5yrs foi relativamente bem digerido pelo mercado. Amanhã teremos um leilão de bonds de 7yrs nos EUA. Será importante monitorar a demanda por esses papéis, em um momento de aumento de oferta e redução de balanço do Fed.

Visão:

Os dados econômicos divulgados hoje, assim como as Minutas do FOMC, em nada alteram nosso cenário base comentado hoje pela manhã e reproduzido abaixo.

Mantenho a visão de que estamos em uma fase próxima ao final do ciclo econômico nos EUA, momento em que a inflação começa a aparecer. Tenho dúvidas, contudo, se o ciclo é capaz de durar mais 3 a 6 meses, ou mais 12 a 18 meses. Por isso, tenho favorecido um portfólio mais neutro, com a busca constante por hedges e posições descorrelacionadas. Não acredito que seja o momento de manter posições direcionais elevadas na parcela (Long Risk, Long Risk-On) tampouco seja o momento de manter um portfólio mais “Short Risk”/”Long Risk-Off”.

Mantenho um pequeno portfólio comprado em NTN-B e Bolsa no Brasil. Venho mantendo postura tática no BRL, buscando a venda do dólar em momentos específicos e via estruturas de opção com perdas limitadas.

No portfólio externo, nossa posição “core” ainda é tomada em juros longos nos EUA. Estamos taticamente vendidos em AUD e em S&P via opção. Estamos de olho para retornar à posição comprada em JPY que foi taticamente zerada após o carnaval.

Dados econômicos:

Nos EUA as prévias dos ISM ficaram acima das expectativas do mercado, com leve elevação em relação ao mês anterior. Os números continuam mostrando uma economia extremamente robusta. O Markit US Manufacturing saiu de 55,5 para 55,9 contra expectativas de estabilidade e o Markit US Services subiu de 53,3 para 55,9 versus expectativas de 53,7.

Na Europa, as prévias dos PMIs ficaram abaixo das expectativas do mercado, após uma pequena desaceleração no mês. A despeito da surpresa negativa, os PMIs continuam em patamar considerados elevados e condizentes com um crescimento extremamente robusto, inclusive acima das expectativas do mercado e do ECB.

As Minutas do Fed mostraram um Comitê mais convicto no cenário de recuperação do crescimento, mais preocupado com o aperto do mercado de trabalho e do nível de preço dos ativos financeiros, além de mais confiante da evolução dos “custos do trabalho”. Abaixo, compilei algumas passagens que mostram que as expressões utilizadas pelos mais hawkish apontam para uma quantidade maior de participantes do que as expressões utilizadas pelos participantes mais dovish.

De maneira geral, achei as Minutas em linha com os dados recentes e um pouco mais hawkish, abrindo espaço para mais altas de juros este ano.

Financial Inbalance:

Regulatory actions and improved risk management in recent years had put the financial system in a better position to withstand adverse shocks, such as a substantial decline in asset prices, than in the past. However, amid elevated asset valuations and an increased use of debt by nonfinancial corporations, several participants cautioned that imbalances in financial markets may begin to emerge as the economy continued to operate above potential. In this environment, increased use of leverage by nonbank financial institutions might be difficult to detect in a timely manner. It was also noted that the Committee should regularly reassess risks to the financial system and their implications for the economic outlook in light of the potential for changes in regulatory policies over time.

Wage Pressure:

During their discussion of labor market conditions, participants expressed a range of views about recent wage developments. While some participants heard more reports of wage pressures from their business contacts over the intermeeting period, participants generally noted few signs of a broad-based pickup in wage growth in available data. With regard to how firms might use part of their tax savings to boost compensation, a few participants suggested that such a boost could be in the form of onetime bonuses or variable pay rather than a permanent increase in wage structures. It was noted that the pace of wage gains might not increase appreciably if productivity growth remains low. That said, a number of participants judged that the continued tightening in labor markets was likely to translate into faster wage increases at some point.

Labor Market:

Many participants reported that labor market conditions were tight in their Districts, evidenced by low unemployment rates, difficulties for employers in filling open positions or retaining workers, or some signs of upward pressure on wages. The unemployment rate, at 4.1 percent, had remained near the lowest level seen in the past 20 years. It was noted that other labor market indicators—such as the U-6 measure of unemployment or the share of involuntary part-time employment—had returned to their pre-recession levels. A few participants judged that while the labor market was close to full employment, some margins of slack remained; these participants pointed to the employment-to-population ratio or the labor force participation rate for prime-age workers, which remained below pre-recession levels, as well as the absence to date of clear signs of a pickup in aggregate wage growth.




Data: 21/02/2018

Correction Mood...

Mercados:

Os ativos de risco apresentaram ontem um dia de realização de lucros, com destaque para o dólar forte e a queda das bolsas globais. Hoje pela manhã, vemos mais sinais, um pouco menos acentuados, de pressões negativas, com uma queda adicional das bolsas ao redor do mundo, mas o dólar mais misto.

No Brasil, os ativos locais foram capazes de se descolar do movimento global, com bom desempenho do Ibovespa e da curva de juros. Acredito que dois vetores ajudaram este descolamento: Primeiro, o acumulo de sinais que mostram a recuperação cíclica da economia, cada vez mais espalhada e consolidada. Em segundo lugar, o amplo apoio do Congresso a intervenção na área de segurança do estado do Rio de Janeiro, que mostra um apoio amplo a um pauta de maior interesse da sociedade. Este apoio indica disposição para a provação de algumas medidas, com apoio popular, que ainda podem ser positivas para o país em termos econômicos e sociais.

Nesta linha, a colocação do PL da Eletrobrás, com sua privatização em pauta, voltando à agenda, as ações da empresa apresentaram forte elevação, ajudando as demais estatais na bolsa.

Agenda:

Na agenda do dia, destaque absoluto para as Minutas do FOMC nos EUA. Ontem, tivemos o leilão de mais de US$165bi de T-Bills. Hoje teremos o leilão de Notes e amanhã de Bonds. Será importante monitorar a demanda por esses papéis em um momento de aumento de oferta e redução de balanço do Fed.

Visão:

Mantenho a visão de que estamos em uma fase próxima ao final do ciclo econômico nos EUA, momento em que a inflação começa a aparecer. Tenho dúvidas, contudo, se o ciclo é capaz de durar mais 3 a 6 meses, ou mais 12 a 18 meses. Por isso, tenho favorecido um portfólio mais neutro, com a busca constante por hedges e posições descorrelacionadas. Não acredito que seja o momento de manter posições direcionais elevadas na parcela (Longo Risk, Long Risk-On) tampouco seja o momento de manter um portfólio mais “Short Risk”/”Long Risk-Off”.

Mantenho um pequeno portfólio comprado em NTN-B e Bolsa no Brasil. Venho mantendo postura tática no BRL, buscando a venda do dólar em momentos específicos e via estruturas de opção com perdas limitadas. No portfólio externo, nossa posição “core” ainda é tomada em juros longos nos EUA. Estamos taticamente vendidos em AUD e em S&P via opção. Estamos de olho para retornar a posição comprada em JPY que foi taticamente zerada após o carnaval.

Dados econômicos:

Coréia do Sul – uma economia bastante aberta com fluxo de comércio elevado – cujos dados de exportações são vistos como uma proxy para o crescimento global, observamos uma leve desaceleração das exportações nos primeiros 20 dias de fevereiro. O número não aponta para uma mudança drástica de cenário, mas para uma desaceleração, para uma acomodação, gradaul, pontual e normal do crescimento. Segundo a Goldman Sachs:

Daily ex-ship exports (a better proxy for current external demand than headline exports, in our view) rose 8.6% yoy during the first 20 days of February, slowing from 14.8% growth in January (Exhibit 1). In seasonally adjusted terms, it fell 4% from a month ago, after six consecutive months of gains (Exhibit 3).[1] The 3m/3m momentum that reduces work-day distortions arising from lunar holidays slowed to 2.9% from 3.8% in the previous month.

Preliminary data provided by the customs office show a sharp moderation in yoy growth, in part due to base effects from the change in the timing of lunar holidays (Jan 27-30 in 2017 vs. Feb 15-18 in 2018). Autos and handset exports fell 16% and 41% yoy respectively, weakening from the previous month, while ships exports also retreated to a decline of 20%, from +3% in January. Chips exports, largely unaffected by holiday distortions, continued a second month of moderation to 33% yoy while petroleum exports alone strengthened to 29% yoy mostly on positive price effects.

Na Austrália, obervamos uma desaceleração dos investimentos, a despeito de dados de salários levemente acima das expectativas. Os números de hoje não alteraram a posição do RBA (BC do país) que vem sinalizando para a manutenção da política monetária no horizonte relevante de tempo. De acordo com o Morgan Stanley:

Wage growth ticks up, still subdued: Wages increased 0.6% in the quarter (0.552% unrounded), staying within the 0.4%-0.6% range it has held since mid-2014. There has been some sequential strengthening however, and annual growth has ticked up to 2.1%. The increase in the quarter looks to have been driven by the public sector where growth increased to 0.6%qoq (private was flat at 0.5%qoq). The healthcare industry had the largest wage growth (2.8%yoy), while wages in retail remain subdued (1.6%yoy). This result doesn't change our expectation of unchanged RBA policy rate for 2018, given wage growth remains subdued and the unemployment rate (5.5%) is well above the level the RBA thinks is needed to see a sustained pickup in wage growth (<5.0%).

Dwelling, government construction declined: The large quarterly decline in the headline construction work done data for 4Q17 (-19.4%qoq) was mainly driven by the completion of LNG projects, which boosted engineering construction the previous two quarters (see Exhibit 2). Abstracting from this effect, dwelling investment looks to have continued to decline, falling -2.4%qoq (-5.5%yoy) in real terms. Government construction also unexpectedly declined -2.1%qoq, but has been strong over the past year (+12.5%yoy). On the other hand, non-residential building grew 3.4%qoq and, excluding WA, engineering was up 2.3%qoq.




Data: 19/02/2018

Dia de feriado nos EUA. Humor segue mais positivo.

Hoje é dia de feriado nos EUA. Assim, a liquidez do dia ficará prejudicada. Não olharia a dinâmica dos ativos de risco nesta segunda-feira como nenhuma indicação concreta, pois os mercados ficarão a mercê de fluxos pontuais. A agenda do dia será esvaziada.

Não vejo mudanças substancias do cenário base. Para não soar repetitivo em tudo aquilo que tenho escrito nos últimos dias, deixou aqui o link de meus últimos comentários: https://mercadosglobais.blogspot.com.br/2018/02/quadro-tecnico-mais-saudavel-cenario.html e https://mercadosglobais.blogspot.com.br/2018/02/brasil-em-foco.html.

Neste momento, os mercados financeiros globais operam em tom positivo, mas sem movimentações relevantes. As bolsas globais seguem a tendência de alta que foi regra na última semana, o dólar se mostra um pouco mais misto (assim como as acommodities). Os juros no mundo desenvolvido apresentam leve abertura de taxas.

Ao longo da semana, nos EUA, o destaque ficará por conta das Minutas do FOMC e de um calendário bastante agressivo de emissões de títulos públicos, com cerca de US$250 bilhões agendados, entre T-Bills, Notes e Bonds.

No Brasil, enquanto não há mudanças substanciais de cenário, a mídia continua focada nas especulações em torno do pleito eleitoral de outubro, assim como na repercussão da intervenção federal no sistema de segurança do Rio de Janeiro. Por ora, nenhum deles apresenta mudanças significativas para os mercados locais no curto-prazo, a despeito da importância econômica e social para a sociedade a longo-prazo.

No Valor Econômico, Ribamar Oliveira afirma que a arrecadação federal de janeiro apresentou forte recuperação. Se confirmado o artigo, o número estará em linha com a minha tese que até mesmo o quadro fiscal cíclico, de curto-prazo, apresenta um cenário mais positivo, assim como as demais variáveis do país. Isso não significa que as reformas não sejam essenciais a longo-prazo, mas que a classe política ganhou um alento de curto-prazo, ajudada pela recuperação extremamente positiva “na ponta” da economia. Segundo o artigo:

Em meio ao turbilhão político criado pela intervenção federal no Rio de Janeiro, o governo recebeu pelo menos uma boa notícia na semana passada: a receita tributária apresentou forte alta em janeiro. Dados preliminares indicam que a arrecadação de tributos administrados pela Receita Federal (excluída a contribuição para a Previdência Social) superou R$ 102 bilhões, de acordo com o Siafi, sistema eletrônico que registra as despesas e receitas do governo federal.

Houve aumento real na comparação com o arrecadado no mesmo mês do ano passado, segundo fontes consultadas pelo Valor.

O resultado é considerado muito importante pela área técnica porque janeiro é o mês de arrecadação tributária mais forte, em virtude do ajuste anual do Imposto de Renda feito pelas pessoas jurídicas. As fontes informaram que ocorreu também arrecadação expressiva dos diversos programas de parcelamento de débitos tributários, os chamados Refis. Os tributos diretamente relacionados à atividade econômica, como PIS e Cofins, também apresentaram aumento expressivo, fruto da retomada da economia.

Houve aumento também das chamadas receitas não administradas, principalmente da arrecadação com royalties. Nesse caso, o destaque ficou por conta dos royalties do petróleo, que cresceram muito na comparação com o mesmo mês de 2017. O excelente resultado da arrecadação tranquiliza o governo sobre o cumprimento da meta fiscal deste ano. 




Data: 19/02/2018

Brasil em Foco.

O cenário econômico local continua mostrando um quadro cíclico positivo. Os números recentes mostram um crescimento mais consolidado, espalhado e elevado. O mercado de trabalho está em recuperação, com a taxa de desemprego em queda e os rendimentos médios reais em alta. A inflação corrente continua baixa e as expectativas apontam para uma inflação abaixo da meta ao longo deste ano e, quiçá, o ano que vem. As contas externas estão saudáveis, já que o baixo déficit em conta corrente do país é amplamente financiado por fluxos considerados robustos e de longo-prazo, como os investimentos estrangeiros diretos. As contas públicas, ou seja, o quaro fiscal, é um grande problema de longo-prazo. Contudo, mesmo aqui, a melhora cíclica da economia ajuda a dar algum alento de curto-prazo. Isso não significa que as reformas econômicas não deixem de ser indispensáveis.

Temos duas incertezas pairando sobre o cenário. Primeiro, uma potencial mudança do cenário externo, que tenho feito observação diárias (https://mercadosglobais.blogspot.com.br/) e não é objeto deste comentário. Segundo, o quadro político local, que poderá determinar se a recuperação cíclica da economia se tornará, de fato, em uma recuperação mais estrutural, ou em um ambiente estruturalmente mais positivo.

Nesta frente, existem mais incertezas do que convicções. A aparente retirada de Lula do pleito eleitoral, se confirmada pelo TSE, reduz substancialmente os riscos de um cenário alternativo de extrema esquerda. Todavia, o cenário político ainda é nebuloso e incerto neste momento.

Vamos fazer uma breve análise dos ativos locais:

BRL (Real/Câmbio) – Continuo vendo o BRL operar em uma banda ao longo dos próximos meses, entre 3,10 e 3,30, ou algo em torno deste “range”. Consigo ver o câmbio romper para abaixo dos 3,10 na eventualidade da eleição de um candidato reformista e pró mercado e se ajudado por um cenário externo favorável a um dólar fraco.

Ibovespa (Bolsa) – Até o momento, o movimento da bolsa local foi integralmente puxado pelas empresas e setores cíclicos, muito em linha com o que ocorreu ao redor do mundo. Ainda não vimos um cenário de recuperação de preços dos setores mais voltados para a economia doméstica e a história de recuperação interna. Acredito que chegará o momento em que teremos uma rotação entre setores e empresas, com os setores cíclicos com restrições de “valuations” e de um cenário externo mais desafiador, em detrimento a preços e um cenário mais atrativos para os setores mais dependentes da economia local. No geral, de todas as classes de ativos, a bolsa me parece o ativo mais capaz de mostrar reprecificação adicional.

Juros – Vejo a Taxa Selic entre 6,50% e 6,75% ao longo de todo o ano e um ciclo de ajuste monetário (alta de juros) relativamente contido no próximo ciclo de alta da Taxa Selic. Assim, existe ainda espaço para algum fechamento de taxas de juros no país. Contudo, vejo o risco/retorno deste mercado como muito pior do que no passado recente. Não acredito que seja o momento de ter posições excessivas nesta classe de ativos. Consigo ver um fechamento adicional de taxas, mas como o ditado popular costuma dizer, será como “tirar o bagaço da laranja”.

A parte curta da curva me parece justa porém a curva bastate “steep”. Contudo, para um fechamento de taxas mais acentuado da parte longa da curva, dependeremos de um cenário eleitoral positivo, o que não devemos ter visibilidade no curto-prazo.

Assim, tenho favorecido apenas posições pequenas na parte longa da curva de NTN-B.




Data: 19/02/2018

Quadro técnico mais saudável. Cenário econômico continua demandando atenção.

Os ativos de risco encerraram a semana com um tom um pouco mais tranquilo do que aquele verificado ao longo das últimas semanas. Como tenho comentados nos últimos dias, a dinâmica do mercado mostra um quadro técnico mais saudável. Contudo, o cenário econômico continua mostrando um pano de fundo de pressões inflacionárias que se acumulam, especialmente nos EUA. Nos últimos dias, vimos o Core CPI, o PPI e seu quadro qualitativo além do Import Price, todos superando as expectativas e mostrando um ambiente cada vez mais claro de inflação mais alta, disseminada e espalhada.

Neste estágio do ciclo econômico, contudo, o crescimento global permanece robusto, o que acaba dando uma sensação ainda positiva no curto-prazo, evitando que os investidores adotem postura mais cautelosa e/ou defensiva. Observamos alguns números de crescimento um pouco mais fracos do que as expectativas (como as vendas no varejo e a produção industrial) nos EUA. Por ora, contudo, parecem ser questões pontuais e não uma mudança clara de cenário.

Em linhas gerais, acredito que estamos em um importante ponto de inflexão da economia mundial, capitaneada pelo cenário dos EUA. Estamos no estágio final do ciclo econômico, em que mais crescimento implica, necessariamente, em mais inflação. Assim, a política monetária terá que ser ajustada o que, em algum momento, levará a uma desaceleração da economia e a uma eventual desaceleração do crescimento.

Como gestores, precisamos identificar quais os cenários prospectivos mais prováveis e, principalmente, como o mercado irá reagir a estes cenários. O mercado costuma antecipar ciclos, mas por vezes apresenta reações atrasadas ao cenário corrente.

No momento atual, tenho mais dúvidas do que convicções claras. Acredito que estamos no estágio final do ciclo econômico, especialmente nos EUA, maior e mais importante economia do mundo. Por um lado, a inflação começa a dar sinais mais claros de ascensão. Por outro lado, contudo, o crescimento corrente continua robusto e saudável.

Não vejo sinais claros de que o mercado tenha mudado de maneira definitiva a dinâmica dos últimos anos (“buy the dips”, convicção nos “fundamentos” emergentes e afins). Não me parece que estamos, ainda, no momento de ruptura ou na mudança definitiva de cenário. Contudo, por vezes, essas coisas ocorrem de forma rápida e acentuada.

Assim, acredito que iremos conviver com um período de maior volatilidade. Consigo ver um cenário de diferenciação entre classes de ativos e regiões nesta fase do ciclo. Por exemplo, consigo ver a bolsa americana “andando e lado”, com os investidores ainda buscando “valor” nos mercados emergentes. Apenas quando o cenário mudar de fato, a mudança de direção dos ativos de risco ocorrerá com maior correlação e sem grandes diferenciações.

No Brasil, a mídia está focada na intervenção federal na segurança pública do Rio de Janeiro. A Reforma da Previdência foi definitivamente enterrada e a pauta do Congresso se tornará mais voltada a segurança, um vetor com mais apelo eleitoral.

No campo econômico, o quadro cíclico positivo continua. As coletas de inflação mostram um quadro bastante benigno, o crescimento continua mais consolidado e espalhado, com pudemos observar nos dados de Serviços divulgados ontem. As contas externas estão saudáveis e até mesmo o fiscal mostra sinais de recuperação cíclica.




Data: 16/02/2018

Humor global a risco mostra um quadro técnico mais balanceado.

Os ativos de risco estão dando continuidade ao movimento de “risk-on’ verificado nos últimos dias, na ausência de notícias relevantes para o cenário econômico global.

O mercado parece tecnicamente mais balanceado, a despeito de um cenário econômico um pouco mais desafiador. Os números recentes mais elevados de inflação nos EUA e os sinais incipientes de uma atividade econômica mais fraca no país, por ora, não foram capazes de abalar o humor mais positivo dos ativos de risco nos últimos dias.

No Brasil, a mídia está reportando que Luciano Huck desistiu de se candidatar a presidente da república. De acordo com o Estadão, Huck pode apoiar Geraldo Alckmin para presidente.

De acordo com Broadcast, o Governo Federal resolveu promover uma intervenção na segurança do Rio de Janeiro. De acordo com a matéria:

O presidente Michel Temer decidiu no início da madrugada desta sexta-feira, 16, decretar intervenção na segurança pública do Rio de Janeiro. O Exército passará a ter responsabilidade sobre as polícias, os bombeiros e a área de inteligência do Estado, inclusive com poder de prisão de seus membros. O interventor será o general Walter Braga Neto. Na prática, o oficial vai substituir o governador do Rio, Luiz Fernando Pezão (MDB), na área de segurança. A decisão do governo federal contou com o aval de Pezão.

Continuo favorecendo um portfólio balanceado, ainda comprado em ativos do Brasil e tomado em taxa de juros nos EUA como posições “core”. Venho administrando ativamente os instrumentos e os tamanhos dessas posições. Voltei a buscar alguns hedges para o portfólio, após a recente estabilização do humor global a risco e das volatilidades realizadas e implícitas.




Data: 15/02/2018

Risk-On!

Os ativos de risco estão mantendo uma trajetória mais positiva. Acredito que o mercado esteja sinalizando que o grosso do ajuste técnico de curto-prazo já tenha sido efetuado. De qualquer maneira, a longo-prazo, o cenário econômico irá prevalecer. Nesta frente, continuo vendo sinais que demandam cautela na alocação a risco.

No Brasil, as Notas do Copom, na minha visão, mostraram um Comitê mais dividido e uma probabilidade mais elevada para um corte adicional da Taxa Selic do que a impressão que tinha ficado após o comunicado da última reunião do Copom. Aliado a isso, nossa área econômica (Top 5 do BCB nas expectativas de IPCA por várias vezes) está vendo números de inflação muito mais baixos do que aquelas do BCB. Assim, vejo uma probabilidade não desprezível de um corte adicional da Taxa Selic.

De qualquer maneira, vejo um risco/retorno não muito atrativo no mercado local de juros. Consigo ver espaço para fechamento adicional da curva, já que a Taxa Selic deverá permanecer entre 6,5% e 6,75% pelo menos até o final do ano, mas vejo alguns riscos que tornam a curva pouco atrativa para posições muito agressivas. Mantemos exposição na parte longa de NTN-Bs, mas em tamanho muito mais reduzido do que aquele verificado no ano passado. Existem algumas opcionalidades interessantes para mais um corte de juros no mercado de opção.

O dia hoje foi de bom desempenho das NTN-Bs, fruto no pagamento de cupom e da mudança de composição dos IMAs. Vejo uma posição técnica não muito

Nos EUA, observamos novos sinais de pressões inflacionarias com a divulgação do PPI e seus derivados. Aqui, a mensagem se soma a uma gama de outros indicadores que apontam para um hiato do produto fechado e pleno emprego. A produção industrial ficou abaixo das expectativas em janeiro, levando a uma revisão baixista para as expectativas do PIB do 1Q.

O pano de fundo econômico ainda não pode ser descrito como negativo, mas continuo desconfortável com o panorama atual. Continuo recomendando um portfólio mais balanceado e a busca por hedges. A utilização do mercado de opções, em um cenário como o atual, me parece extremamente prudente. Inclusive, a queda recente das vols implícitas abre novas oportunidades de alocação, seja para posições direcionais ou para busca por hedges.




Data: 15/02/2018

Risk Assets Power Ahead!

Os ativos de risco estão dando continuidade ao movimento de “risk-on’ verificado ontem (https://mercadosglobais.blogspot.com.br/2018/02/from-risk-off-to-risk-on-for-now-not.html), na ausência de notícias relevantes para o cenário econômico global.

Na África do Sul, o Presidente do país se retirou do cargo, abrindo espaço para um cenário político um pouco mais favorável. Este movimento era, de certa forma esperado, mas os ativos do país apresentaram bom desempenho após a notícia.

Os dados do mercado de trabalho na Austrália ficaram um pouco abaixo das expectativas do mercado. A despeito da surpresa negativa, o AUD está seguindo o humor global a risco na sua trajetória de enfraquecimento do doar no mundo.

No Brasil, o fluxo de noticias continua esvaziado, com a mídia mantendo as especulações em torno das eleições presidenciais.

Continuo mantendo um portfólio balanceado, porém admistrando ativamente o tamanho e os instrumentos das posições. Mantenho posição comprada em ativos do Brasil e tomada em Treasuries como principais alocações. Reduzimos taticamente a compra de JPY após o movimento recente. Por ora, estamos sem nenhuma posição/hedge com viés mais negativo para ativos de risco, mas a tendência é que algo seja incorporado em breve (como a venda de S&P feita em fins de janeiro, por exemplo).




Data: 15/02/2018

From "risk-off" to risk-on"? For now, not forever...

Os ativos de risco estão operando com viés de “risk-on”, após reverterem toda a pressão negativa depois da divulgação dos dados econômicos dos EUA essa manhã. A dinâmica do mercado me diz que o técnico está mais saudável após a correção recente, e os investidores ainda irão tentar “comprar a ideia” de que enquanto o crescimento global estiver robusto, o cenário continua construtivo para os ativos de risco.

Eu mantenho minha visão que o momento seja de cautela, de postura mais tática do que estratégica e pela busca de “alpha” ao invés de “beta”.

A volatilidade implícita de várias classes de ativos recuou bastante ao longo do dia, a despeito da volatilidade corrente (realizada) seguir elevada. Este ambiente irá trazer novas oportunidade de alocação.

Vale a pena alertar para um cenário de “wash-out” dos ativos norte americanos, com o dólar em queda, queda dos bonds/Treasuries e pressão nas bolsas do país. O mercado começa a dar mais atenção ao cenário de aumento do déficit fiscal e externo, em meio a um hiato do produto fechado e pleno emprego. O Fed mantem uma política monetária expansionista e o Governo Trump adota medidas, na minha humilde opinião, erradas para esse estágio do ciclo econômico, como Reforma Tributária, Pacote de Infraestrutura, menos regulação bancária e afins. Isso pode trazer uma pressão estrutural aos ativos dos EUA.

Os ativos no Brasil seguiram o humor global a risco e assim devem continuar até que tenhamos uma definição mais clara das eleições.




Data: 15/02/2018

Staying Close to Home!

Nos EUA, o Core CPi ficou acima das expectativas do mercado, com alta de 0,3% MoM e 1,8% YoY, contra expectativas de 0,2% MoM e 1,7% YoY. Hoouve revisão baixista do mês anterior de 0,3% MoM para 0,2% MoM. Mesmo levando em conta a revisão, o número dá força a narrativa de que a economia está com o hiato do produto fechado e no pleno emprego. A ressurreição da inflação, assim, era uma questão de tempo.

As vendas no varejo ficaram abaixo das expectativas. Neste caso, existem argumentos para acreditar que a surpresa negativa possa ser pontual. Ainda não há indícios claros de desaceleração mais permanente do crescimento.

De qualquer maneira, a combinação dos números é claramente negativa para os ativos de risco. Os mercados financeiros globais reagiram de maneira clássica, com dólar forte, abertura de taxas de juros e queda das bolsas.

Eu até acredito que possa haver alguma estabilização do humor global a risco ao longo do dia, mas não acredito que seja o momento de adicionar ativos de risco ao portfólio. O momento requer cautela, pois os números de hoje se acumulam as evidências de que possamos estar diante de um ponto de inflexão extremamente importante do cenário econômico global.

Pretendo observar a dinâmica do dia para ter conclusões mais claras da posição técnica do mercado. De forma geral, não vejo motivos para otimismo no curto-prazo. O cenário econômico está mudando drasticamente, o mercado veio de cerca de 10 anos de tranquilidade e busca por yields e ativos de risco. Não será em poucos dias (ou semanas) que o ajuste ocorrerá.

Devemos estar preparados para uma nova ordem mundial de agora em diante. Tenho pregado que o ano de 2018 será um ano de “corridas”, “tiros de 100m” e não um ano de “home runs” ou de “maratonas”.




Data: 15/02/2018

All eyes on the US Core CPI.

Os ativos de risco abriram a terça-feira sob pressão, mas conseguiram reverter o movimento para fechar o dia de ontem em tom mais positivo. Hoje pela manhã, está tendência mais positiva prevalece. Não houve nenhuma informação nova para o cenário, o que me leva a crer que os movimentos ainda estejam sendo liderados por ajuste técnicos de posições.

O grande destaque do dia ficará por conta do Core CPI nos EUA. O número já é bastante esperado pelo mercado. Espero uma reação relativamente clássica ao indicador. Assim, um número acima de 0,2% MoM pode trazer de volta a tendência de abertura de taxas de juros e, consequentemente, alguma rodada adicional de pressão nos ativos de risco. Um número menor do que este poderá ajudar a estabilizar o humor global a risco, trazendo demanda para ativos como os ativos emergentes.

De maneira geral, contudo, vejo os próximos meses ainda com extrema cautela e incerteza. Um cenário mais propício para alocações táticas do que estruturais. Não será um mês de inflação mais baixa do que o esperado que irá reverter totalmente o pano de fundo de hiato do produto fechado, pleno emprego e sinais mais claros de pressões inflacionárias nos EUA.

O novo presidente do Fed, Powell concedeu declarações ontem onde basicamente sinalizou que, por ora,  cenário base de normalização gradual da política monetária está mantido. Segundo o DB:

Staying in the US, in the prepared remarks at his ceremonial swearing in, the new Fed Chair Powell reiterated that “we are in the process of gradually normalising both interest rate policy and our balance sheet with a view to extending the recovery…” Elsewhere, he noted that “we will remain alert to any developing risks to financial stability”, which to us sounds all very comforting, but imagine the potential carnage had he suggested that the Fed ‘won't’ be paying any attention to risks to financial stability. Finally, he indicated the “financial system is incomparably stronger and safer, with much higher capital and liquidity” and that “we will also preserve the essential gains in financial regulation while seeking to ensure that our policies are as efficient as possible”.

Os ativos no Brasil, grosso modo, devem seguir o humor global a risco. Localmente, a mídia voltou a reportar sobre os esforços do governo para aprovar a Reforma da Previdência. Novas concessões poderão ser feitas. O mercado hoje não trabalha com o cenário de aprovação de nenhuma medida. Assim, qualquer avanço nessa frente será visto como positivo para o cenário local.

O cenário cíclico no Brasil continua positivo. O crescimento dá sinais de estar mais consolidado e espalhado, o mercado de trabalho mostra recuperação do emprego e dos rendimentos, a inflação continua baixa assim como as expectativas de inflação. As contas externas estão saudáveis e, até mesmo as contas públicas, o grande problema estrutural do país, apresenta recuperação cíclica, ajudada pela recuperação da economia.




Data: 15/02/2018

Foco no Core CPI nos EUA.

Os mercados financeiros globais seguem sem tendência definida e com volatilidade elevada, padrão que deverá se manter até que o cenário econômico se torne mais claro.

Ontem vimos uma recuperação dos ativos de risco, liderados por uma alta em torno de 1,5% das bolsas nos EUA. Hoje já estamos vendo alguma pressão adicional nos mercados. Tudo isso sem grandes novidades de cenário ou quadro técnico.

Não tenho convicção em afirmar que o ajuste técnico já tenha ocorrido e finalizado totalmente, e nem mesmo em que fase estamos do ciclo econômico. Tenho apenas alguns comentários.

Tenho uma convicção elevada que estamos no estágio final do ciclo econômico nos EUA. Estamos na fase de hiato do produto fechado, pleno emprego e sinais de inflação. Se a economia ainda tem 3 ou 6 ou 12 ou mais meses de crescimento robusto sem uma aceleração mais rápida da inflação eu não consigo afirmar com convicção, mas me parece claro que dificilmente passaremos mais de 12 a 18 meses sem maiores problemas. O Core CPI, a ser divulgado na quarta-feira pela manhã, poderá determinar se teremos alguma acomodação de curto-prazo, ou se o ciclo pode de fato estar na sua última fase. Neste último caso, ainda teríamos um amplo espaço para os ativos de risco precificarem este novo ambiente global.

No tocante ao quadro técnico, tenho pouco a agregar. Me parece que o ajuste inicial dos produtos mais alavancados em estruturas de venda de volatilidade já ficou para trás, mas ainda vejo uma outra potencial onda de ajustes em produtos menos alavancados, porém com tamanhos muito mais relevantes para os ativos de risco (Risk Parity, Vol Target Funds, Balanced Mutual Funds, CTAs e etc). O ajuste nessas classes poderia leva meses, mas seria condicionante a continuidade de um cenário econômico mais desafiador. Por isso a importância do Core CPI nos EUA a ser divulgado na quarta-feira.

Este começo de semana, feriado de Carnaval no Brasil, trouxe poucas novidades do ponto de vista econômico para os mercados financeiros globais. Apenas dois eventos merecem atenção:

Primeiro, a divulgação do Plano de Infraestrutura e o Orçamento para os próximos anos do Governo Trump nos EUA. A divulgação ficou basicamente em linha com o que já vinha sendo ventilado na mídia. Em termos gerais, o pacote de infraestrutura mira um gasto em torno de US$1,5 trilhões, com uma parcela não desprezível vinda dos cofres públicos. A conclusão geral, e mais importante para o pano de fundo temos descrito neste fórum, é que o pacote eleva o déficit fiscal do país, em um momento de hiato de produto fechado, pleno emprego, e sinais cada vez mais claros de pressões inflacionárias. O DB resumiu assim o evento:

In the US, President Trump has proposed a $4.4trn federal budget for 2019 that seeks to reduce domestic programs such as Medicare in favour of higher spending on the military and immigration enforcements. The plans will see the deficit almost double in FY19 to $984bln and rise $7.1trn over the next decade. Mr Trump said he would push for a “reciprocal tax” on imports against higher tariff countries without providing details and reiterated his $1.5trn infrastructure plan of which $200bln federal funds will act as seed funds to incentivise further spending by state and local government as well as the private sector. Notably, both Reuters and NY Times noted Presidential budgets are rarely enacted by the Congress. The budget director Mulvaney called the plans as a “messaging document”, so we’ll wait and see if these messages will translate into any reality.

Segundo, na China, os dados de agregados monetários mostraram arrefecimento adicional. Os números estão em linha com o cenário de uma desaceleração gradual da economia do país. Nos últimos dias, o governo divulgou um comunicado, após a volatilidade recente dos mercados financeiros globais, de que pretende manter uma política monetária prudente e um crescimento balanceado.

O Brasil continua a mercê dos eventos globais, sem novidades internas relevantes. A Reforma da Previdência parece uma questão já deixada para trás. A mídia continua especulando em torno da corrida presidencial, mas sem eventos concretos ou informações novas. Continuo acreditando que os mercados locais irão seguir o humor global a risco até que a corrida eleitoral fique mais clara para algum lado (positivo ou negativo), quando  poderemos ver algum descolamento da dinâmica dos ativos brasileiros em relação ao resto do mundo.




Data: 09/02/2018

Sem novidades. Uma visão interessante do cenário,

Os ativos de risco apresentaram alguma recuperação ao longo do dia, após forte pressão negativa adicional ao longo de toda a tarde de quinta-feira e no fechamento das bolsas dos EUA. Já comentei amplamente sobre o cenário corrente nos últimos dias. não vejo motivos para me estender neste tema (vejam os comentários aqui: https://mercadosglobais.blogspot.com.br/).

Na China, o CPI e o PPI ficaram dentro das expectativas do mercado, mostrando um cenário estável de inflação.

No Brasil, não há novidades locais relevantes.

A agenda do dia será esvaziada. Assim, os ativos de risco devem continuar a mercê de fluxos pontuais e questões técnicas.

Abaixo, copio o comentário dos analistas de FX do Morgan Stanley. Eles costumam apresentar panoramas muito acertados, com uma visão sóbria sobre o cenário econômico:

Bonds and equities falling simultaneously suggest that the current market correction is down to a liquidity squeeze. The best capital market environment develops when there is sufficient free liquidity standing ready to drive asset valuations higher. Over recent weeks, it appears that increasing signs of global economic expansion have resulted in financial capital being transferred to the real side of the economy. Rising inflation, with US breakevens reaching the FED target, has pushed rate expectations higher. The USD failing to correct higher despite USD supportive interest rate and yield differentials did not help either, with the weakening of the USD pushing inflation higher.

Inflation, liquidity and volatility are all linked. Low inflation allows central banks to stay accommodative which is an important condition, keeping liquidity and capital markets supported. A second factor driving financial market conditions is net savings which are typically generated within surplus environments such as Japan, EMU and Asia. Paradoxically, a more balanced global economy, which sees current account surpluses coming down, has the potential to undermine capital markets. This risk intensifies when surpluses are falling quickly. Periods when Japan, EMU and Asia are exporting vast amounts of capital tend to work in favour of capital markets as cross border capital flows predominantly turn up within foreign financial markets. The contribution of EMU, Japan and Asia to global liquidity should not be underestimated. In this sense, recent good news out of Germany with the ‘Metall’ sector agreeing an effective 3.9% wage increase and Germany’s upcoming new government declaring the end of austerity may boost local domestic demand, but it will reduce its savings which will likely be exported into other markets.

Potential policy mistakes: With liquidity in retreat, volatility will have to establish new levels. Policy mistakes can add to volatility. The most prominent policy mistake was G4 central banks such as the FED not understanding liquidity dynamics coming from the ‘glut of Asian savings’ (2002-2007) which pushed funding costs and volatility too low for too long, allowing the misallocation of capital into sub-prime and other low quality assets. Now the glut of Asian savings has been replaced by an even bigger glut of savings coming out of EMU, Japan and Asia. Reducing these savings too fast, by pushing Europe into a demand boom, could have volatility and financial asset price consequences that central banks, once again, may not have on their radar.

Best trades: The countries which benefited from the glut of savings have seen their balance sheets move into extremes, now deploying high credit gaps and running high asset exposures. We therefore like to buy the EUR and JPY against currencies which benefited from the glut of savings and think there is room for double digit gains in such crosses. EUR longs against AUD, CAD, NZD and GBP are our best recommendation. EURUSD should bounce from levels above 1.2165. Turning EM credit neutral has been timely. EMBIG spreads widened 12bp yesterday and the EMBIG total return index fell 0.72%. In comparison, while EMBIG spreads sold off 17bp on Monday, the total return held up better at just -0.34% due to decline in UST yields. We have also seen large ETF HC ETF outflows of US$1.4bn in February which is over 50% of the US$2.2bn inflow in EM HC ETFs recorded in January.

Markets do talk and in this sense the reaction of GBP to the BOE’s hawkishness was remarkable. GBP was not able to hold its gains although the BOE's Carney did lay out a scenario to hike rates earlier and towards higher levels relative to what has been previously priced into the front end of the curve. Importantly, the UK may potentially be the most affected when international liquidity conditions tighten, with its high level of unsecured debt and its 4.6% GDP current account deficit. GBP/JPY rebounded to test its previous break lower level and reversed from there. GBP remains a sell at current levels.

FED Put: After listening to FED’s Dudley, some investors wonder if the FED has withdrawn its equity markets ‘put’. He said the economy is likely to continue to grow above its normal pace, calling the 10% equity market correction ‘small potatoes'. Esther George and John Williams all recently reinforced the idea the Fed is on course to hike three times this year. Koenig, a principal policy adviser who prepares the Dallas Fed Chief for FOMC meetings, also suggests that inflation is actually higher than the Commerce Department's current estimates, using an experimental forecasting model. Their latest "nowcast" for the personal consumption expenditures price index, the Fed's preferred gauge of consumer price levels, saw overall inflation in their series reaching 1.9% in September and November before retreating to 1.8% in December and 1.6% in January. China’s January inflation has come in line within expectations, seeing CPI easing from 1.8% in December to 1.5% and PPI growth declining from 4.9% to 4.3%. However, Exhibit 1 indicates it may be too early to gain reassurance from falling Chinese inflation rates. The impact of the rising TWI has diluted the impact of the falling PPI. Time lags considered, it seems that the ‘China price’ may still push US core inflation higher which is bad news for risky assets.

Watching China: China has an interest in keeping the global economy strong to progress with its balance sheet de-risking strategy. The 1987 stock crash showed that a sudden volatility event can undermine otherwise strong fundamentals. Now as markets focus on inflation and potential central bank tightening responses, keeping inflation rates low may be the best cure for risk appetite to rebound. Today, the PBoC has released nearly CNY2 trn in temporary liquidity. China switching from a strategy of RMB strength towards a more neutral approach may, via its impact on China import prices into the US, help to ease the inflation scare a bit. Unfortunately, the 10-year US breakeven rate has stayed elevated despite the recent capital market volatility which suggests that the equity market may have further near-term downside potential. The RTY has eased back again towards its 200-day MAV. A break of this level could bring a test of August lows into play implicit with a 7% further decline.




Data: 08/02/2018

Ainda sem luz no final do túnel.

O dia foi marcado por mais uma rodada de pressão nas bolsas globais. Temos dois vetores para analisar a situação. Primeiro, a questão técnica já comentada aqui ao longo da semana (https://mercadosglobais.blogspot.com.br/2018/02/quadro-tecnico-tenebroso-situacao-me.html). A situação me parece ainda frágil, mas não vejo, por hora, risco sistêmico. Podemos, sim, observar novas ondas de ajuste de posições em outras estratégias (CTAs, Risk Parity, Balance Mutual Funds e afins) nos próximos dias, que deveriam manter a volatilidade elevada e alguma pressão negativa nos ativos de risco. De forma geral, não vejo estes efeitos como duradouros a longo-prazo.

O segundo vetor fica por conta do cenário macro, onde vejo sinais mais preocupantes e que precisam continuar a ser monitorados. Podemos estar diante de uma mudança mais estrutural de cenário, com a alta nas taxas de juros nos países desenvolvidos levando a um pano de fundo menos trivial para os ativos de risco como um todo (https://mercadosglobais.blogspot.com.br/2018/02/eua-deficit-fiscal-juros-e-ativos-de.html).

Hoje vimos o Banco Central da Inglaterra (BOE) sinalizar para a eventual necessidade de acelerar o processo e normalização monetária no país. Este cenário está em linha com o que venho descrevendo aqui: Especialmente nos EUA (mas também na Inglaterra e, em menor escala e ainda em uma fase anterior do ciclo econômico, na Europa e Japão) vemos sinais de um hiato do produto fechado, pleno emprego e pressões inflacionárias. Isso deveria levar a necessidade de juros mais elevados e deixar de ser positivo para os ativos de risco que, no geral, apresentam preços/”valuations” mais apertados e uma posição técnica mais comprometida após quase 10 anos de valorização após a crise de 2008.

Ainda não tenho convicção completa nesta mudança de cenário, por isso tenho buscado um portfólio mais balanceado e adotado postura mais tática em diversas alocações.

No Brasil, o IPCA de janeiro ficou muito abaixo das expectativas do mercado, com alta de 0,29% MoM e 2,86% YoY. A surpresa positivo (baixista para a inflação) acabou se sobrepondo a decisão do Copom a anunciada na noite de ontem (https://mercadosglobais.blogspot.com.br/2018/02/brasil-bcb-sinaliza-para-o-fim-do-corte.html). Assim, observamos um movimento não desprezível de “steepening” da curva de juros, ajudado pela dinâmica externa. Reforço a minha visão de que não vejo um bom risco/retorno da curva curta de juros. Nos atuais níveis, ainda vejo uma assimetria maior nas taxas longas, especialmente das NTN-Bs, mas muito menor do que no passado recente.




Data: 08/02/2018

Brasil: BCB sinaliza para o fim do corte na Taxa Selic.

Os ativos de risco tiveram mais uma noite de volatilidade. Neste momento, contudo, operam próximos a estabilidade. Não há nenhuma informação nova que vale comentários adicionais além daqueles já descritos aqui https://mercadosglobais.blogspot.com.br/2018/02/eua-deficit-fiscal-juros-e-ativos-de.html e aqui https://mercadosglobais.blogspot.com.br/2018/02/volatilidade-segue-elevada.html.

No Brasil, o BCB reduziu a Taxa Selic em 25bps como era amplamente esperado. O Comunicado após a decisão deixou claro que o Banco pretende encerrar o ciclo com a Taxa nos atuais 6,75%, exceto por mudanças substanciais de cenário base. Espero apenas uma leve elevação das taxas curtas e a continuidade de um movimento de fllatenning da curva de juros. Reitero o que escrevi na manhã de ontem, as vésperas da decisão:

Vejo a Taxa Selic caindo para 6,75% e permanecendo neste patamar até, pelo menos, o final do ano. Vejo uma probabilidade, hoje mais baixa, da Selic atingir 6,5%. O BCB não deverá fechar a porta para isso na decisão de hoje, mas me parece, neste momento, um cenário mais remoto. Não gosto do risco/retorno da parte curta das curvas de juros no Brasil. Acredito que ainda exista valor na parte intermediária das curvas reais e nominais, assim como na curva longa. Prefiro manter exposição na curva de juros reais neste momento. Os ganhos na curva de juros, a partir de agora, serão mais moderados e mais demorados. O risco/retorno é pior, mas ainda consigo ver espaço para ganhos de capital, especialmente na parcela longa da curva real, como nas NTNBs 2050.

Os dados de exportação de janeiro na China ficaram dentro das expectativas do mercado, mas as importações apresentaram forte elevação. Os números mostram um cenário de crescimento ainda saudável no país, a despeito de distorções pontuais que podem estar afetando o número deste mês, em especial.




Data: 07/02/2018

EUA: Déficit Fiscal, Juros e Ativos de Risco.

O destaque do dia ficou por conta de um forte movimento global de dólar forte. O BRL apenas seguiu o movimento ao redor do mundo, mas continua com desempenho relativo pior do que os seus pares. Me parece que muitos têm utilizado a moeda como hedge de outras posições, como Long Ibovespa e aplicado em juros.

Os mercados financeiros globais continuam muito voláteis e sensíveis. Ainda tenho a sensação que estamos no meio do processo de ajuste. Continuo receoso que podemos estar vivenciando o começo de uma mudança de cenário global um pouco mais estrutural.

Ainda mantenho a visão que descrevi pela manhã aqui: https://mercadosglobais.blogspot.com.br/2018/02/volatilidade-segue-elevada.html.

O movimento de dólar forte no mundo não teve um “trigger” específico. Minha visão é que o movimento faz parte de um pano de fundo mais abrangente de ajuste de posições, ou “wash-out” de posições consensuais que prevaleceram no inicio deste ano. Já tínhamos visto uma correção nas bolsas globais, nas cripto-moedas e um pouco nas taxas de juros (a Treasury 10yrs chegou a sair de 2,88% para 2,64% no dia do “flash crash” das bolsas dos EUA). Agora, parece que o movimento de ajuste atingiu as posições excessivamente vendidas em dólar no mundo.

As declarações de membros do ECB de que o Tesouro Americano estaria deliberadamente tentando desvalorizar o USD com as declarações recentes também ajudaram o movimento, assim como vetores que impulsionam o déficit dos EUA e, consequentemente, dão novo ímpeto a abertura das taxas de juros do país.

O Congresso dos EUA anunciou um acordo em torno do Orçamento do país, por mais dois anos. Em termos sucintos, o acordo retira um risco político de curto-prazo, o que deveria ser visto como positivo. Todavia, o acordo prevê novos gastos orçamentários e, consequentemente, eleva o déficit fiscal do país.

Volto aqui a um tema que tenho insistido nas últimas semanas. Estamos na fase final do ciclo econômico dos EUA. A economia apresenta hiato do produto fechado, pleno emprego e sinais de pressões inflacionárias. As recentes medidas do Governo dos EUA, como a Reforma tributária, a proposta de alivio na regulação bancária, o potencial pacote de infraestrutura e, agora, este acordo orçamentário, deveriam ter sido medidas tomadas no pós-crise de 2008 e não na atual fase do ciclo econômico.

Acredito que estamos em um ponto que este tipo de medida passa a ser contra produtiva e podem afetar negativamente o humor global a risco. O canal de contágio continua a ser as taxas de juros mais longas dos EUA, que precisam ser monitoradas no detalhe.




Data: 07/02/2018

Volatilidade segue elevada.

Os ativos de risco apresentaram na terça-feira uma forte recuperação, liderados pelas bolsas dos EUA. Este tipo de movimento, caracterizado por elevada volatilidade, é natural em períodos como o que estamos convivendo hoje. Mantenho uma visão, com convicção ainda baixa, que o momento atual está sendo exacerbado por questões técnicas e que ainda não estamos “de fato” diante de uma mudança estrutural de cenário e dinâmica dos mercados financeiros globais.

Contudo, olhando à frente, vejo condições, nos próximos 3 a 6 meses, de uma mudança de fato no pano de fundo global, conforme ficar ainda mais claro que o hiato do produto nos EUA esteja fechado, a economia no pleno emprego e, consequentemente, que a inflação é uma realidade corrente. Assim, a normalização monetária nos EUA (e em outras importantes regiões do mundo) deveria não apenas continuar, mas, talvez, inclusive, se intensificar.

Neste ínterim, vejo espaço para os investidores “comprarem” a ideia de diferenciação entre classes de ativos e regiões. Por exemplo, as bolsas dos EUA podem acabar operando em “range”, sem tendência definida, mas com bom desempenho das bolsas EM. O diferencial de “valuation”, a posição técnica, os fluxos e os fundamentos aparentemente melhores na comparação relativa poderiam embasar um cenário como este.

Não há novidades relevantes locais no Brasil. O destaque ficará por conta da reunião do Copom. Vejo a Taxa Selic caindo para 6,75% e permanecendo neste patamar até, pelo menos, o final do ano. Vejo uma probabilidade, hoje mais baixa, da Selic atingir 6,5%. O BCB não deverá fechar a porta para isso na decisão de hoje, mas me parece, neste momento, um cenário mais remoto. Não gosto do risco/retorno da parte curta das curvas de juros no Brasil. Acredito que ainda exista valor na parte intermediária das curvas reais e nominais, assim como na curva longa, Prefiro manter exposição na curva de juros reais neste momento. Os ganhso na curva de juros, a partir de agora, serão mais moderados e mais demorados, O risco/retorno é pior, mas ainda consigo ver espaço para ganhos de capital, especialmente na parcela longa da curva real, como nas NTNBs 2050.

Tenho buscado manter um portfólio mais balanceado. Mantenho posições de pequenas para médias em Brasil, concentrada na parte longa da curva de juros reais, com uma pequena posição vendida em dólar (comprada em BRL) via estruturas de opção com perda limitada e uma posição pequena em bolsa via “stock picking”. No portfólio externo, a posição central continua a ser tomada em taxas longas de juros nos EUA. Mantemos nosso Long JPY. Zeramos nossa posição tática vendida em AUD e SPX iniciada no final de janeiro.

Olhando para frente, deveremos manter este mesmo tipo de postura. A posição em BRL já ficou bastante reduzida pela perda de delta. Não estou com pressa de voltar a elevar a alocação, pois estou revendo o cenário após os eventos recentes. Estou de olho no Ibovespa, aonde vejo espaço para um bom desempenho, mesmo que relativo, e onde as vols implícitas estão baixas para manter alocações compradas.

No cenário externo, conseguia ver uma realização entre 5% e 10% da bolsa nos EUA (o que já aconteceu), mas uma correção mais acentuada dependerá dos dados econômicos, como descritos acima. O VIX encontra-se em torno de 30%, patamar elevado historicamente.Consigo ver picos acima de 20% e uma média mais próxima as médias de longo-prazo a partir de agora. A Treasury de 10 anos me parece esticada no curto-prazo, mas continuo convicto na abertura de taxas em termos estruturais.  




Data: 06/02/2018

Quadro técnico tenebroso. Situação me parece pontual.

Os ativos de risco encerraram a segunda-feira sobre forte pressão, liderados pelas bolsas dos EUA. Após uma dinâmica tenebrosa durante a noite, neste momento, vejo sinais de estabilização do humor.

Esta correção técnica teve início pelo receio do mercado em torno do cenário econômico, com os sinais de fechamento do hiato do produto nos EUA podendo levar a um processo mais rápido, acentuado e estrutural de alta de juros nos países desenvolvidos e, consequentemente, afetar os “valuations” e os preços dos ativos de risco. Este movimento desembocou neste ajuste técnico pelo o qual estamos passando.

Nos últimos e, em especial, em 2017, uma série de estratégias, tais como CTA, Risk Parity, Balanced Mutual Funds, Short Volatility e afins, se tornaram bastante populares e ganharam escala imensa. Em um ambiente de volatilidade baixa e reprimida estas estratégias apresentaram desempenho bastante positivo, atraindo ainda mais demanda. Isso criou uma certa “bola de neve”. Agora, o aumento repentino da volatilidade do mercado cria a necessidade de um ajuste rápido e acentuado dessas estratégias, que é refletido através da necessidade da venda de alguns ativos financeiros, como as bolsas dos EUA. Leia um pouco mais aqui: https://www.zerohedge.com/news/2018-02-05/it-traders-panic-xiv-disintegrates-after-close.

Acredito que este seja um problema técnica e pontual que não deveria nos levar a próxima crise financeira de fato. Com certeza é um problema que deveremos superar no curto-prazo, onde a volatilidade permanecerá elevada. Meu viés é de acreditar que esta correção esteja próxima do fim. Estou de olho para começar a elevar as alocações em algumas estratégias, mas buscando estruturas com perdas limitadas, talvez focadas em venda de volatilidade nos atuais níveis.

Os ativos no Brasil estão seguindo o humor global a risco. O BCB anunciou o início da rolagem dos swaps cambiais que vencem este mês, o que ainda era uma certa dúvida para o mercado. O BRL pode apresentar algum alívio de curto-prazo. 




Data: 05/02/2018

O quadro técnico está ditando a dinâmica dos ativos de risco.

 

Neste momento, os ativos de risco estão confirmando a minha tese de que o quadro técnico do mercado, no curto-prazo, será mais importante do que os dados econômicos de fato. Estamos observando mais uma rodada do movimento de “risk-off”, liderado pela queda das bolsas dos EUA. Desta vez, porém, as correlações se mostram mais “normais”, com as taxas de juros fechando e o dólar forte no mundo. Os ativos do Brasil estão seguindo o humor global a risco, como esperávamos (https://mercadosglobais.blogspot.com.br/2018/02/risk-off-continua.html).

No curto-prazo, o movimento parece um pouco esticado (VIX próximo a 25% costuma ser um sinal de excesso de pessimismo, por exemplo), mas fica muito difícil, neste momento, prever até que ponto o técnico do mercado levará a correção dos ativos de risco.

Acho válido apontar que o Ibovespa, ao contrário do BRL, mostra performance relativa mais positiva se comparado a seus pares e as demais bolsas globais. O movimento comprova a tese de que os investidores ainda veem um quadro relativo mais positivo para bolsas EM/Brasil, baseados em valuations mais atrativos, posição técnica mais confortável e expectativa de fluxos para esta(s) classe de ativos.

O destaque econômico do dia ficou por conta da divulgação do ISM Non-Manufacturing, que ficou acima das expectativas do mercado, no patamar mais alto deste ciclo econômico. O número confirma o bom momento da economia.

A reação dos ativos de risco ao número, todavia, levanta a preocupação de que estamos no estágio final do ciclo econômico, em que mais crescimento significa mais inflação e, consequentemente, juros mais elevados. Dado o nível de preço dos ativos de risco e a posição técnica do mercado, mais crescimento começa a se tornar menos positivo, ou até mesmo negativo, para os ativos de risco.

Ainda não estou preparado para afirmar que estamos diante de uma mudança clara de cenário e/ou pano de fundo. Vejo sim com preocupação os sinais recentes da economia e dos mercados globais. Até por isso, tenho optado por um portfólio mais balanceado e pela busca por hedges assimétricos.

Vejo ainda espaço para o mercado permanecer relativamente saudável após está rodada de realização de lucros. Talvez com os ativos nos EUA “trabalhando de lado”, sem tendências relevantes, mas com o mercado buscando “alpha” em outras classes de ativos e regiões, como os Emergentes (EM). Ao longo do ano, com o acumulo de sinais mais claros de inflação mais elevada nos EUA (e quem sabe na Europa), contudo, poderemos ter convicção maior na mudança de cenário e em um pano de fundo mais desafiador estruturalmente para os ativos de risco. Este “roteiro” seria muito parecido com aquele seguido anteriormente a crise de 2008, entre meados de 2007 e meados de 2008.

Continuo com posições de pequenas para médias no Brasil. Não elevamos as alocações. Mantivemos exposição em NTNBs longas, nossa estrutura de BRL foi organizamente reduzida, assim como nossa posição em Ibovespa. No portfólio externo, estamos menores, mas ainda estruturalmente tomados em juros nos EUA. Zeramos nossa venda tática em S&P e seguimos taticamente vendidos em AUDJPY.




Data: 05/02/2018

"Risk-Off" continua.

 

Os ativos de risco estão iniciando a semana com a mesma dinâmica que encerraram a semana passada, com movimentos clássicos de “risk-off”. O final de semana não trouxe nenhuma informação nova em relação à semana passada. 

 

No curto-prazo, mais importante do que os dados econômicos, será entender o quadro técnico do mercado e sua dinâmica. 

 

A transformação da dinâmica recente em uma nova tendência mais estrutural irá depender, obrigatoriamente, da divulgação de números que mostrem um hiato do produto fechado, o pleno emprego e pressões inflacionárias, especialmente nos EUA. 

 

Contudo, a continuidade de um movimento de realização de lucros depende mais do quadro técnico do mercado, do ajuste de posições em algumas estruturas e estratégias de investimentos (como, por exemplo, os “Risk Parity Funds”, as vendas de volatilidade via ETF e etc) e do “behavior” dos investidores. 

 

No Brasil, a mídia afirma que não existem os votos para a Reforma da Previdência e está deverá ser “engavetada” pelo Presidente da Câmara Rodrigo Maia. Não existia nenhuma expectativa em torno deste tema por parte do mercado. De resto, continuam as especulações em torno da campanha presidencial, porém sem avanços ou conclusões concretas sobre o tema. Continuo vendo os ativos do Brasil, no curto-prazo, seguindo o humor global a risco. 

 

O que eu escrevi no sábado, segue válido (https://mercadosglobais.blogspot.com.br/2018/02/goodbye-secular-stagnation.html).    




Data: 05/02/2018

Goodbye Secular Stagnation...

 

Os ativos de risco tiveram na sexta-feira um dos dias de pior desempenho desde meados de 2016. A título de exemplo, os índices de bolsa nos EUA apresentaram quedas em torno de 2%, algo que não acontecia desde o terceiro trimestre de 2016. 

 

Estes movimentos foram liderados pela divulgação dos dados referentes ao mercado de trabalho nos EUA em janeiro. Os números mostraram uma criação ainda robusta de vagas de trabalho no mês e uma taxa de desemprego baixa. Porém, mais importante do que isso, observamos um aumento expressivo dos rendimentos médios reais dos trabalhadores, o que pressupõe o acumulo de pressões inflacionárias na economia. 

 

Vale lembrar que estes números seguem uma série de outros dados medidas que apontam na direção de uma economia aquecida, com o hiato do produto fechado e no pleno emprego. Isso tudo ocorre em um pano de fundo em que outras medidas ainda irão afetar a economia na mesma direção, talvez no pior momento possível do ciclo econômico, como os incentivos da Reforma Tributária, um potencial pacote de infraestrutura, medidas menos restritivas ao setor financeiro (que devem estimular empréstimos e a velocidade do dinheiro) além de medidas protecionistas. 

 

No meio disso tudo, ainda temos uma política monetária em processo extremamente gradual de normalização, porém ainda bastante expansionista. O preço dos ativos de risco, em muitos casos, se mostrava menos trivial do ponto de vista de “valuation” e “valor” e uma posição técnica comprometida. 

 

A conjunção desses fatores levou a uma mudança na dinâmica dos ativos de risco ao redor do mundo. Primeiro observamos um aumento razoável das volatilidades realizadas e implícitas de várias classes de ativos, e agora estamos vivenciando um processo de ajuste de preços e posições. 

 

Olhando para a frente, neste momento, tenho mais dúvidas do que certezas, mas algumas coisas começam a ficar mais claras. Ainda acho cedo para afirmar com convicção que estamos de fato diante de uma mudança de cenário base. Contudo, o acumulo de evidências me leva a crer que estamos no estágio final do ciclo econômico, onde mais crescimento significa mais inflação e isso não seja necessariamente positivo para os ativos de risco. 

 

Eu entendo que os Bancos Centrais nas economias desenvolvidas irão tentar manter uma postura de gradualismo no processo de normalização monetária. Todavia, no final das contas, o que irá determinar a velocidade deste processo será os dados econômicos. Não podemos descartar cenários de manutenção do “status-quo” atual, ainda de “Goldilocks”, nem mesmo da mudança radical de cenário, para um “risk-off” mais acentuado, liderado pelo aumento da inflação e das taxas de juros.  Por ora, minha visão está no meio deste caminho.

 

Acredito que o ano terá mais volatilidade e mais diferenciação entre classes de ativos e ativos de diferentes países e regiões. Vejo mais valor em posições relativas do que em posições direcionais. Posições táticas deverão ser mais importantes do que posições estratégicas. A volatilidade média dos mercados deverá ser mais elevada do que no passado recente, com picos ainda mais altos. Até uma definição clara em torno das eleições presidenciais, os ativos do Brasil deverão seguir o humor global a risco. 

 

Como escrevi desde o pré julgamento de Lula em segunda instância (pode ler lido na sequencia aqui https://mercadosglobais.blogspot.com.br/), tenho buscado manter um portfólio mais balanceado. Mantenho posições de pequenas para médias em Brasil, concentrada na parte longa da curva de juros reais, com uma pequena posição vendida em dólar (comprada em BRL) via estruturas de opção com perda limitada e uma posição pequena em bolsa via “stock picking”. No portfólio externo, a posição central continua a ser tomada em taxas longas de juros nos EUA. Reduzimos nosso Long JPY em meados de janeiro. Mantemos posição tática vendida em AUD e SPX iniciada no final de janeiro, mas reduzimos e trocamos os instrumentos após os movimentos de ontem. 

 

Olhando para frente, deveremos manter este mesmo tipo de postura. A posição em BRL já ficou bastante reduzida pela perda de delta. Não estou com pressa de voltar a elevar a alocação, pois estou revendo o cenário após os eventos recentes. Estou de olha no Ibovespa, aonde vejo espaço para um bom desempenho, mesmo que relativo, e onde as vols implícitas estão baixas para manter alocações. 

 

No cenário externo, consigo ver uma realização entre 5% e 10% da bolsa nos EUA (já caiu cerca de 4% dos picos), mas uma correção mais acentuada dependerá dos dados econômicos, como descritos acima. O VIX encontra-se em torno de 15%, patamar elevado se considerado o ano de 2017, mas ainda próximo às médias de prazos mais longos (em torno de 12%). Consigo ver picos acima de 20% e uma média mais próxima as médias de longo-prazo a partir de agora. A Treasury de 10 anos me parece esticada no curto-prazo, mas continuo convicto na abertura de taxas em termos estruturais. Podemos, daqui a 2-3 anos, olhar para trás, ver a taxa em 2,85%, e pensar: “nosso, como aquelas taxas estavam muito erradas....”.




Data: 02/02/2018

Bitcoin and Beyond

 

No dia 18 de janeiro, escrevi o seguinte sobre as cripto-moedas (https://mercadosglobais.blogspot.com.br/2018/01/ultimas-horas-trouxeram-noticias.html):

Eu não deveria entrar no mérito de comentar sobre as “cripto- moedas” por ter a consciência de que nada entendo sobre o assunto. Só tenho uma pequena, e talvez irrelevante opinião sobre o tema. A alta parabólica nos preços do Bitcoin e Cia, na minha humilde visão, é um sintoma da mesma “doença” que afetou os demais mercados globais e ativos de risco nos últimos anos. Entre outros (nova tecnologia, sigilo nas transações, utilização criminosa e etc), o excesso de liquidez global me parece ser uma importante explicação para este fenômeno. Assim, conforme entramos no estágio final do ciclo de afrouxamento monetário, com Fed reduzindo QE e subindo juros, ECB iniciando processo semelhante, PBoC com política fiscal e monetária mais apertada e BoJ sinalizando caminho parecido, mesmo que em um momento futuro, acabam trazendo alguma incerta para a continuidade destes movimentos parabólicos.

E complementei com o seguinte argumento sobre o pano de fundo externo:

Eu vejo os eventos recentes como reforçando a tese em prol de taxas de juros mais elevadas no mundo desenvolvido mas, em especial, nos EUA. Tenho o receio de que estejamos entrando na fase do ciclo econômico em que mais crescimento signifique mais inflação e, até mesmo, um certo “overheating” da economia dos EUA, o que não tende a ser positivo para os mercados no longo-prazo. Ainda me parece cedo para rever totalmente o pano de fundo de “Goldilocks” que ainda domina a cabeça dos investidores, todavia continuo vendo sinais que precisam ser estudados e maturados no curto-prazo.

Os números recentes e a dinâmica de curto-prazo dos ativos de risco apenas reforçam a minha tese. Ainda não tenho um cenário base negativo como pano de fundo, mas continuo me aprofundando no entendimento dos dados recentes, pois vejo o acumulo de sinais que podem alterar o pano de fundo corrente, com reverberações importantes para os ativos de risco.

Assim, mantenho um portfólio mais balanceado desde o pré-julgamento de Lula em segunda instância. Mais detalhes aqui: https://mercadosglobais.blogspot.com.br/2018/02/relatorio-mensal-de-asset-allocation.html.




Data: 02/02/2018

As atenções estão voltadas às  taxas de juros nos EUA.

 

Os ativos de risco estão passando por um momento de acomodação, puxados por uma abertura nas taxas de juros dos países desenvolvidos relativamente acentuada para os padrões históricos recentes.

O cenário base de crescimento sólido ao redor do mundo, inflação contida nas economias avançadas e postura gradual dos bancos centrais ainda é válido. Contudo, acumulam-se evidências de que em algumas economias, tais como EUA e Alemanha, o hiato do produto fechado e o pleno emprego possam já começar a estar causando pressões inflacionárias, o que levaria a necessidade de uma postura mais proativa e agressiva por parte dos bancos centrais dessas economias.

Eu entendo que os bancos centrais nas economias avançadas irão buscar um processo de normalização monetária gradual e bem comunicado. Contudo, no final das contas, quem determinará isso serão os dados econômicos, que podem vir a atropelar este desejo. Assim, no atual estágio do ciclo, precisamos ter atenção redobrada.

Os dados recentes apenas reforçam a tese descrita acima. Nos EUA, o Unit Labor Cost apresentou alta de 2% QoQ no 4Q17, muito acima das expectativas. O Jobless Claims continuou próximo a 230k, no piso desde a década de 70. Este quadro sinaliza para um mercado de trabalho no pleno emprego!

O destaque da agenda de hoje ficará por conta dos dados oficiais do mercado de trabalho nos EUA. Espera-se uma taxa de desemprego estável, uma criação ainda robusta de vagas de trabalho e uma alta gradual dos rendimentos médios reais. Acredito que, em algum momento, veremos um arrefecimento no nível de criação mensal de vagas de trabalho, com maiores pressões nos rendimentos, movimentos típicos de um ciclo econômico mais maduro.

No Brasil, o Governo tenta manter vivas as expectativas para a Reforma da Previdência, mas suas chances hoje são vistas como mínimas pelo mercado. A Produção Industrial de dezembro apresentou forte alta de 2,8% MoM, acima das expectativas. O número reforça o quadro de um crescimento mais consolidado, espalhado e coloca um risco altista nas expectativas para o PIB do país em 2018. Os ativos locais continuam seguindo o humor global a risco. 




Data: 01/02/2018

Hawkish Fed.

 

Os ativos de risco estão dando continuidade, hoje pela manhã, aos movimentos verificados após a decisão do FOMC, nos EUA, no final da tarde de ontem. Vemos uma leve alta do dólar no mundo, uma abertura de taxa das Treasuries mas com as bolsas globais ainda bem comportadas.

O grande destaque de ontem foi à decisão do Fed/FOMC nos EUA. Como era amplamente esperado, o Fed manteve sua política monetária inalterada. Contudo, promoveu algumas alterações sutis em seu comunicado que não passaram despercebidas pelo mercado. Além de darem um tom mais otimista com relação ao crescimento e a convergência da inflação para sua meta de 2%, o comunicado mostrou disposição por parte do comitê em promover altas adicionais na taxa de juros ao longo deste ano.

O mercado ainda precifica cerca de 60bps de alta de juros para este ano, enquanto as previsões do Fed apontam para 3 altas de 25bps (agora com perspectivas de altas adicionais a essas segundo o comunicado). A reação natural do mercado foi uma alta do dólar e um “flattening” da curva de juros. Por ora, ainda não há sinais consistentes de que a postura do Fed esteja afetando o humor para os demais ativos de risco.

Além da decisão do Fed, a agenda nos EUA trouxe um ADP Employment mostrando uma criação de 235mil postos de trabalho em dezembro, número bastante robusto. O Employment Cost Index apresentou alta de 0,6% QoQ no 4Q17, em linha com as expectativas. O número confirma uma trajetória gradual de aumento do custo do trabalho. Finalmente, vimos números de atividade econômica, como o Chicago PMI, mantendo-se em patamar saudável e elevado, condizente com um crescimento robusto da economia.

No Brasil, a Taxa de Desemprego apresentou mais um mês de recuo, com a continuidade do processo de recuperação dos rendimentos médios reais. Os números estão em linha com um cenário de recuperação do mercado de trabalho, que dar sustentação a recuperação do crescimento do país.

Os dados fiscais mostram um quadro ainda preocupante, mas a recuperação da economia levou o governo a superar a meta de déficit fiscal primário (menos déficit) em 2017. Os números mostram o potencial positivo que a recuperação cíclica da economia traz aos indicadores econômicos, o que deverá continuar ao longo deste ano, independente de fatores exógenos. Contudo, não podemos esquecer que para que esta recuperação cíclica se torne estrutural as reformas econômicas ainda são indispensáveis.

Hoje pela manhã observamos dados robustos de exportações da Coreia do Sul. Por ser uma economia aberta e com corrente do comercio elevada, estes números costumam ser vistos como proxy para o crescimento global. Assim, ainda vemos sinais positivos da economia mundial, a despeito do estágio avançado do ciclo econômico.

Finalmente, dados do setor imobiliária na Austrália levaram a uma forte queda do AUD (moeda do país) esssa manhã. Segundo o Morgan Stanley: Watch the Australian housing space. Building approvals in Australia fell sharply in December, reversing the sharp uptick in previous months. Approvals were down 5.5%Y (vs. consensus of +11.5%Y), with apartments leading the decline. The Sydney area saw a decline of 60%Y in apartment approvals to the lowest level in 3 years. A deterioration in housing would have large implications for the AUD, in our view. Yesterday’s weaker than expected headline inflation should see the RBA firmly on hold through 1H18, in our view, which should see rate differentials weigh on the AUD regardless of developments in the housing market.

Em termos de portfólio, continuo buscando uma posição mais neutra no curto-prazo. Mantenho exposição aos ativos no Brasil, focado na parte longa da curva de NTN-B, com alguma exposição comprada em BRL (vendida em dólar) via estrutura de opções com perda limitada e comprado em uma pequena carteira de ações locais. As posições em Brasil hoje podem ser consideradas entre pequenas e médias, já que acredito que continuaremos a seguir o humor global a risco.

No externo, continuo tomado em taxa de juros nos EUA como principal tema de investimento, administrando apenas tamanho e instrumentos. Mantenho uma posição comprada em JPY, mas menor do que como comecei o ano. Taticamente, ou seja, em menor escala e com stops mais curtos, estamos levemente vendidos em AUD e SPX desde final da semana passada.

 



Data: 31/01/2018

Brasil: Pesquisa Datafolha mostra cenário incerto. Centro não evolui...

 

A noite foi um pouco mais agitada, com informações relevantes ao cenário. 

 

Brasil – A pesquisa Datafolha para presidente da república realizada após a condenação de Lula em segunda instância mostra o ex-presidente ainda na liderança das pesquisas, consolidado em torno de 35% das intenções de voto. Quando retirado da pesquisa, cenário que acredito ser o mais provável no momento, os mais favorecidos, por ora, da saída de Lula da corrida eleitoral seriam Marina Silva e Ciro Gomes. Nestes cenários, Bolsonaro ainda lidera a disputa, seguido de Marina. Os candidatos considerados mais ao centro e liberais continuam “patinando” abaixo de 10% das intenções de voto. 

 

Brasil – A pesquisa Datafolha para presidente da república realizada após a condenação de Lula em segunda instância mostra o ex-presidente ainda na liderança das pesquisas, consolidado em torno de 35% das intenções de voto. Quando retirado da pesquisa, cenário que acredito ser o mais provável no momento, os mais favorecidos, por ora, da saída de Lula da corrida eleitoral seriam Marina Silva e Ciro Gomes. Nestes cenários, Bolsonaro ainda lidera a disputa, seguido de Marina. Os candidatos considerados mais ao centro e liberais continuam “patinando” abaixo de 10% das intenções de voto. 

 

Acredito que, no curto-prazo, a pesquisa deve ser vista como negativa pelos investidores locais. Eu acredito que ainda falta muito tempo para as eleições e o centro ainda precisa se unir em torno de um nome único e competitivo caso queira evoluir nas pesquisas. A despeito de reconhecer que um segundo turno entre Bolsonaro e Marina não seja o cenário ideal para os mercados financeiros locais, tampouco acredito que algum deles fariam uma mudança drástica de política econômica caso eleitos. Assim, vejo os cenário como levemente negativos no curto-prazo apenas. 

 

A pesquisa pode ser vista aqui: http://www1.folha.uol.com.br/poder/2018/01/1954606-sem-lula-disputa-por-vaga-no-segundo-turno-se-acirra.shtml. 

 

China – O Flash PMI do país mostrou uma desaceleração, ficando abaixo das expectativas do mercado de estabilidade. O número confirma um cenário de uma economia levemente mais fraca na margem, cenário com que muitos já trabalhavam desde o ano passado. O risco continua a ser de uma desaceleração superior as expectativas, mais rápida e acentuada, que poderia afetar de maneira mais contundente o cenário base. 

 

Segundo o Morgan Stanley: Official manufacturing PMI unexpectedly slipped on weaker new orders: The NBS manufacturing PMI edged down to 51.3 in January (vs. 51.6 in December, Consensus and MSe: 51.6), led by weaker new orders (52.6 in January vs. 53.4 in December). In particular, new export orders dipped by 2.4ppt to 49.5 (vs. 51.9 in December), suggesting external demand likely normalized from elevated levels in January due to front-loaded orders ahead of the December holiday season. That said, the drag was partly offset by stronger consumer goods production before Chinese New Year, as NBS disclosed that PMI reading in the industry has edged up by 0.3ppt to 52.7 in January." 

 

Austrália – Os dados de inflação do 4Q18 ficaram levemente abaixo das expectativas, reduzindo a probabilidade, que já era baixa, de qualquer ajuste monetário no país no curto-prazo. De acordo com Citibank: 

 

"Quarterly CPI was weaker than expected for the fifth consecutive quarter. Q4 CPI printed at 0.6%, below the 0.7% consensus estimate and our 0.8% forecast. The trimmed mean increased by just 0.4%, also below consensus expectations for a 0.5% increase and our 0.5% forecast. The Q4 CPI data marked the longest period of continually weaker-than-expected headline CPI on record. The last previous run of consecutively weaker-than-expected data was from Q1 to Q4 2005. This long run of downward surprises is more marked than seen in a number of major economies."  




Data: 31/01/2018

Risk-Off! For how long?

 

Não há mudanças substanciais de cenário econômico nos últimos dias, mas certamente os mercados financeiros globais emitem sinais de fadiga. A alta das volatilidades (realizadas e implícitas) e a perda de correlação entre várias classes de ativos (já comentado mais cedo e reproduzido abaixo) não podem ser ignorados. 

 

Por ora, estou tratando o movimento recente como uma correção natural e saudável, após um começo de ano extremamente agressivo em termos de apreciação dos ativos financeiros. A posição técnica mais poluída, níveis de preço menos atrativos e uma agenda econômica mais carregada podem explicar parte dos movimentos recentes. 

 

O que me chama mais a atenção, e deve ser visto de forma um pouco mais estrutural, é a dinâmica global das taxas de juros dos países desenvolvidos desde a virada do ano. Além de um pano de fundo econômico que justifica juros mais elevados, temos um quadro técnico de mais emissões (aumento da oferta) e redução da demanda (através da redução do balanço do Fed e “tapering” do ECB). 

 

Este cenário me preocupa, já que vejo este processo como estrutural e não apenas pontual. Taxas de juros mais elevadas significam taxas de desconto mais altas e, consequentemente, valuations (preços de ativos financeiros) mais baixos. Não sei quando isso fará preço de forma mais estrutural nos mercados financeiros globais. 

 

Os ativos no Brasil continuam seguindo o humor global a risco, na ausência de notícias locais relevantes. As atenções do mercado estarão voltadas para as pesquisas de opinião em torno das eleições presidênciais. No cenário macro, continuamos a ver um ambiente de recuperação do crescimento, cada vez mais consolidado e espalhado, inflação contida, e contas externas saudáveis. Em termos políticos, não vemos alinhamento para a aprovação da Reforma da Previdência no curto-prazo. O mercado vê da mesma forma. A aprovação seria vista como bastante positiva pelos ativos locais. 

 

Em termos de portfólio, continuo buscando posições mais balanceadas e relativas, visando um cenário um pouco mais turbulento à frente, mesmo que pontualmente. Precisamos estar preparados e líquidos para eventuais mudanças estruturais de cenário.




Data: 30/01/2018

A volatilidade está de volta?

 

A despeito da manutenção de um “cenário base” relativamente estável ao redor do mundo, e da maior parte dos ativos de risco encontrarem-se em níveis apreciados para o histórico recente e, em muitos casos (como as bolsas nos EUA), em picos históricos, já vemos desde a virada do ano um padrão de volatilidade (vol) mais elevada nos ativos financeiros. 

 

Além disso, acho válido mencionar a perda de algumas correlações históricas, pelo menos no curto-prazo, como das Treasuries com S&P, do JPY com a Treasury e o S&P, do dólar no mundo com o diferencial de juros, entre outros. 

 

De modo geral, vejo estes sinais como uma evolução natural do cenário prospectivo. Com relação a alta nas volatilidades, dado o estágio do ciclo econômico global, acredito que possa ser uma tendência de veio para ficar, ou seja, vols mais altas do que o histórico padrão recente. Este tipo de ambiente favorece a busca por plays relativos e a diferenciação entre países/regiões, classes de ativos e afins. Costuma ser um ambiente mais propícios para os fundos macro fundamentalistas.




Data: 30/01/2018

Sinais de fadiga dos ativos de risco.

 

Desde o começo de segunda-feira os ativos de risco estão mostrando sinais de fadiga e apresentando alguns movimentos clássicos de realização de lucros, ou “risk-off”> Acredito que o movimento seja natural em qualquer ciclo econômico e pode ser explicado por um misto entre posição técnica um pouco prejudicada no curto-prazo, preços menos atrativos e uma agenda econômica e de política monetária mais carregada ao longo da semana. 

 

Ainda vejo espaço para a continuidade desta “acomodação” dos ativos de risco no curto-prazo, que julgo ser natural e saudável. Por ora, contudo, ainda não vejo motivos concretos para alterar de maneira radical o cenário base com o qual os mercados tem trabalhado, leia-se, crescimento global saudável, inflação ainda baixa no mundo desenvolvido e ajuste apenas gradual da política monetária nas principais economias do mundo. 

 

De qualquer maneira, reforço que vejo um acumulo de sinais na direção contrária a este cenário base, como tenho insistido nas últimas semanas (e pode ser lido aqui https://mercadosglobais.blogspot.com.br/). Isso requer um portfólio mais balanceado, a busca por posições relativas e a procura por hedges. 

 

Os ativos no Brasil estão seguindo a risca o humor global em torno dos ativos de risco. Até o momento, não houve nenhuma “over performance” dos ativos Brasileiros baseado na melhora cíclica dos fundamentos locais (crescimento mais consolidado e espalhado, inflação baixa, juros baixos, contas externas saudáveis e, até mesmo, ume leve melhora nas contas públicas) e nem mesmo na aparente redução do “risco de cauda” do processo eleitoral após a condenação de Lula na segunda instância, o que na teoria o torna inelegível. 

 

Assim, mantenho um portfólio ainda alocado em ativos do Brasil. Nos atuais níveis de preço, a posição pode ser considerada de média para pequena. Estou favorecendo as NTN-Bs na parte intermediária da curva, posições compradas em BRL (vendidas em USD) através de estruturas de opção com perda limitada e uma pequena posição comprada em renda variável em que migramos boa parte das posição em Ibovespa por alguns “stock picks”. No cenário externo, seguimos tomados me juros longos nos EUA e comprados em JPY estruturalmente. Taticamente, ou seja, com stops mais curto, adicionamos uma venda de S&P e de AUD no final da semana passada. Neste caso, a visão é de curto-prazo e visando ter algum hedge no portfólio. 

 

No tocante aos dados econômicos correntes, não há alterações de cenário. Nos EUA, ontem, vimos o Core PCE de dezembro subir 0,2% MoM e 1,5% YoY, dentro das expectativas do mercado. Os dados de despesas ficaram levemente acima das expectativas, mostrando um quadro de crescimento saudável e robusto do país. 

 

No Brasil, a Nota de Crédito do BCB mostrou a continuidade do processo gradual de recuperação do mercado de crédito. Esta recuperação tem sido extremamente lenta, mas já mostra sinais mais positivos há algum tempo. Este deve ser mais um vetor de suporte ao crescimento no próximos meses.  




Data: 26/01/2018

"Risk-On" Continues.  Watch out for market signals...

 

Os dados econômicos divulgados hoje (que se somam aqueles divulgados ao longo de toda a semana) em nada alteram o cenário econômico global. Por consequência, a dinâmica dos ativos de risco permanece inalterada. 

 

O PIB dos EUA ficou levemente abaixo das expectativas, com alta de 2,6% (QoQ anualizado). Contudo, a abertura do indicador mostrou um quadro qualitativo saudável, com robustez da demanda interna. Continuo vendo uma economia aquecida, com hiato do produto fechado e risco crescentes de uma aceleração mais ampla da inflação. 

 

Continuamos a viver em um pano de fundo de crescimento global robusto, uma inflação ainda baixa no mundo desenvolvido e bancos centrais que normalizam as suas condições monetárias de maneira gradual e bem comunicada. 

 

Até agora, este processo de normalização monetária não foi capaz de promover nenhum ajuste nas condições financeiras. Muito pelo contrário, vivemos um período em que as condições financeiras se mostram bastante frouxas, até mais frouxas do que antes do início deste processo de normalização monetária. 

 

A dinâmica dos ativos de risco, assim, continua na direção entre o “Risk-On” e o “Goldilocks”. Ao que tudo indica, apenas uma reversão completa deste pano de fundo será capaz de alterar a direção dos mercados financeiros globais de maneira convincente. Enquanto isso, podemos esperar apenas realizações pontuais derivadas de uma posição técnica menos construtiva (mais detalhes abaixo) e preços menos atraentes. De forma geral, contudo, esses vetores não têm se mostrado capazes de impedir a continuidade das tendências, apenas freá-la de maneira pontual em alguns poucos momentos. 

 

No Brasil, os ativos locais continuam seguindo o humor global, ajudados por um ambiente interno também positivo. Volto a afirmar aqui, como já falei há alguns dias atrás, que acredito que mais de 80% do movimento dos ativos brasileiros seja explicado pelo pano de fundo global. Muito pouco do movimento recente é explicado pelo “evento condenação do Lula” e/ou pela melhora dos fundamentos locais. Somente como exemplo, o BRL ainda apresenta desempenho pior que seus pares em janela de 3, 6 e 12 meses. O mesmo vale para o EWZ se comparado ao EEM. 

 

Mantenho minha visão inalterada sobre posicionamento. Mais detalhes podem ser lidos aqui: https://mercadosglobais.blogspot.com.br/.




Data: 26/01/2018

Brasil em alta, dólar em baixa e desafios de longo-prazo.

 

Na tarde de ontem, o dólar apresentou um rápido e acentuado rally, após Trump dizer que os comentários a respeito da moeda, feitos pelo Secretário do Tesouro, tinham sido tirados de contexto. Agora pela manhã, a moeda norte americana voltou a operar sobre forte pressão ao redor do mundo. 

 

O movimento de ontem mostra que a posição técnica do dólar pode estar um pouco prejudicada, com muitos investidores já posicionados na mesma direção. Contudo, o cenário aponta para a continuidade desta tendência. Exceto por realizações de lucros pontuais, continuo vendo um dólar mais fraco estruturalmente. 

 

Os números de inflação no Japão apresentaram estabilidade em dezembro, levemente abaixo das expectativas de uma leve aceleração. A despeito do cenário mais positivo para o crescimento, e de um processo bastante gradual de alta na inflação, ainda não se observa um movimento mais acentuado de pressão inflacionária no país. 

 

Os comentários que fiz ontem continuam válidos: 

 

Os ativos do Brasil negociados nos EUA estão mantendo a tendência de forte desempenho até o momento. O EWZ subiu 1%, a PBR 1,3% e ITUB 2,6%, apenas para citar alguns poucos exemplos. 

 

Dada à decisão de ontem, parece haver espaço para os ativos locais continuarem mostrando bom desempenho no curto-prazo. Além do pano de fundo econômico que considero ciclicamente muito positivo para o país, existe uma “enxurrada” de fluxo que poderia migrar para ativos de maior risco, ou seja, renda variável, títulos longos e, consequentemente, favorecer o BRL. 

 

Ao longo desta quinta-feira, a Petrobrás está executando uma emissão de bonds (dívida) no exterior. Segundo a mídia, a demanda pelos papeis já supera os US$10 bilhões, o que confirma o interesse por ativos brasileiros. A Natura também realizou emissão hoje, com boa demanda e taxas relativamente fechadas. 

 

No cenário externo, o grande destaque continua por conta da forte pressão sobre o dólar no mundo, uma tendência que se acentua e parece consolidada. As declarações recentes do Secretário do Tesouro dos EUA apenas deram ímpeto adicional ao movimento. 

 

Na Europa, o ECB manteve o tom de seu descuro de dezembro, após manter a política monetária inalterada, o que era amplamente esperado. O Banco terá um grande desafio nos próximos meses, pois precisará passar por um processo de transição em sua política monetária, face uma economia extremamente robusta. A ausência de declarações mais rígidas em relação à apreciação recente do EUR, por exemplo, podem ter ajudado a dar ainda mais sustentação a moeda ao longo do dia de hoje. 

 

Na Alemanha, o IFO – um dos principais indicadores de confiança de toda a Europa – apresentou alta, superando as expectativas do mercado. Todos os indicadores econômicos da Alemanha apontam para um crescimento robusto, acima das expectativas. 

 

Nos EUA, o Jobless Claims se manteve nos níveis mais baixos desde a década de 70. O número mostra um mercado de trabalho apertado, já no pleno emprego e uma economia que apresenta hiato do produto já fechado. 

 

Diante deste quadro, continuo favorecendo os ativos do Brasil, apenas administrando tamanho e instrumentos. Vejo uma tese ainda positiva para os mercados emergentes nos próximos meses e para o Brasil, em especial. No cenário externo, continuo perseguindo este aumento estrutural das taxas de juros nos países desenvolvidos. Acredito que este movimento continuará sendo seguido por um enfraquecimento global do dólar, que estamos posicionados via compra de JPY e BRL no portfólio de Brasil. 

 

Se o curto-prazo parece apresentar espaço para a manutenção desta dinâmica acima citada, mas sem grandes problemas aparentes, continuo preocupado com os desenvolvimentos a longo-prazo. 

 

As políticas que vem sendo implementadas nos EUA como corte de impostos, estímulo fiscal, plano de infraestrutura, enfraquecimento do dólar, protecionismo, menor regulamentação bancária, em um pano de fundo de crescimento forte, hiato do produto fechado e pleno emprego, são políticas que levarão ao aumento do déficit público, à inflação, ao aumento das taxas longas de juros e a novas rodadas de depreciação da moeda local. No geral, estes movimentos não costumam terminar de maneira saudável. 




Data: 26/01/2018

Brasil em alta, dólar em baixa e desafios de longo-prazo.

 

Os ativos do Brasil negociados nos EUA estão mantendo a tendência de forte desempenho até o momento. O EWZ sobe 2,8%, a PBR sobe 3% e ITUB sobe 3,5%, apenas para citar alguns poucos exemplos. 

 

Dada à decisão de ontem, parece haver espaço para os ativos locais continuarem mostrando bom desempenho no curto-prazo. Além do pano de fundo econômico que considero ciclicamente muito positivo para o país, existe uma “enxurrada” de fluxo que poderia migrar para ativos de maior risco, ou seja, renda variável, títulos longos e, consequentemente, favorecer o BRL. 

 

Ao longo desta quinta-feira, a Petrobrás está executando uma emissão de bonds (dívida) no exterior. Segundo a mídia, a demanda pelos papeis já supera os US$10 bilhões, o que confirma o interesse por ativos brasileiros. A Natura também realizou emissão hoje, com boa demanda e taxas relativamente fechadas. 

 

No cenário externo, o grande destaque continua por conta da forte pressão sobre o dólar no mundo, uma tendência que se acentua e parece consolidada. As declarações recentes do Secretário do Tesouro dos EUA apenas deram ímpeto adicional ao movimento. 

 

Na Europa, o ECB manteve o tom de seu descuro de dezembro, após manter a política monetária inalterada, o que era amplamente esperado. O Banco terá um grande desafio nos próximos meses, pois precisará passar por um processo de transição em sua política monetária, face uma economia extremamente robusta. A ausência de declarações mais rígidas em relação à apreciação recente do EUR, por exemplo, podem ter ajudado a dar ainda mais sustentação a moeda ao longo do dia de hoje. 

 

Na Alemanha, o IFO – um dos principais indicadores de confiança de toda a Europa – apresentou alta, superando as expectativas do mercado. Todos os indicadores econômicos da Alemanha apontam para um crescimento robusto, acima das expectativas. 

 

Nos EUA, o Jobless Claims se manteve nos níveis mais baixos desde a década de 70. O número mostra um mercado de trabalho apertado, já no pleno emprego e uma economia que apresenta hiato do produto já fechado. 

 

Diante deste quadro, continuo favorecendo os ativos do Brasil, apenas administrando tamanho e instrumentos. Vejo uma tese ainda positiva para os mercados emergentes nos próximos meses e para o Brasil, em especial. No cenário externo, continuo perseguindo este aumento estrutural das taxas de juros nos países desenvolvidos. Acredito que este movimento continuará sendo seguido por um enfraquecimento global do dólar, que estamos posicionados via compra de JPY e BRL no portfólio de Brasil. 

 

Se o curto-prazo parece apresentar espaço para a manutenção desta dinâmica acima citada, mas sem grandes problemas aparentes, continuo preocupado com os desenvolvimentos a longo-prazo. 

 

As políticas que vem sendo implementadas nos EUA como corte de impostos, estímulo fiscal, plano de infraestrutura, enfraquecimento do dólar, protecionismo, menor regulamentação bancária, em um pano de fundo de crescimento forte, hiato do produto fechado e pleno emprego, são políticas que levarão ao aumento do déficit público, à inflação, ao aumento das taxas longas de juros e a novas rodadas de depreciação da moeda local. No geral, estes movimentos não costumam terminar de maneira saudável. 




Data: 24/01/2018

Brasil: Primeiro passo na longa jornada das eleições.

 

Ontem foi o primeiro dia depois de muito tempo que observamos alguns sinais mais negativos dos mercados financeiros globais, com alguns movimentos, mesmo que ainda tímidos, de realizações de lucros. 

 

Observamos uma pressão sobre os ativos emergentes, uma forte queda do Minério de Ferro, uma apreciação maior do JPY, um fechamento de taxa de juros das Treasuires, entre outros. Estes são sinais claros de fadiga dos movimentos recentes no curto-prazo. Os sinais ainda são incipientes e os movimentos controlados. Por não haver uma mudança clara de necessário, por ora, estas correções seriam apenas reações naturais a preços menos atrativos e a uma posição técnica mais desfavorável. Ainda cedo falar em mudança ou inversão de cenário e tendência. 

 

Hoje pela manhã já vemos um mercado de volta as tendências recentes, com destaque para o dólar fraco no mundo, as bolsas e as commodities em alta e taxas de juros mais estáveis nos países desenvolvidos. 

 

No Brasil, hoje é o primeiro passo na longa jornada que será a campanha eleitoral para presidente. Lula será julgado em segunda instância no TRF-4, em Porto Alegre. Não vou entrar aqui nos meandros do processo. Acredito que um resultado de 3x0 será bem recebido pelo mercado. Um resultado de 2x1 poderá levar a alguma realização de lucros dos ativos locais. Qualquer resultado com Lula inocentado terá reação extremamente negativa dos ativos locais. 

 

Acredito que o mercado tenha reduzido alocação em ativos do Brasil nos últimos dias e que a posição técnica esteja saudável, mas isso não evitará movimentos relevantes em caso de “resultados extremos” da decisão de hoje. 

 

O IPCA-15, divulgado ontem, apresentou inflação abaixo do esperado. O número mostrou um quadro qualitativo positivo (inflação, núcleos e difusão baixas). O número divulgado ontem tira um pouco da sensação ruim deixada pelo IPCA de dezembro, mostrando um quadro de relativa tranquilidade para a inflação. Continuo acreditando que a Taxa Selic cairá para, pelo menos, 6,75% e ficará neste patamar por um longo período de tempo. 




Data: 23/01/2018

EUA: Caminho sem volta?

 

Nesta noite, como era esperado, o BoJ, no Japão, manteve a política monetária inalterada. As declarações da instituição apontam para um maior otimismo em torno do crescimento e da convergência da inflação para a meta. 

 

Uma forte queda no preço do Minério de Ferro durante a noite está colocando alguma pressão no AUD essa manhã. 

 

O grande destaque dos últimos dias, contudo, continua por parte do EUA e ontem não foi diferente. O Senado chegou a um acordo e o “shutdown” foi encerrado de forma relativamente rápida, apresentado pouco impacto nos mercados no curto-prazo. Ao que tudo indica, a solução do impasse deverá incorrer em mais gastos e mais déficit fiscal a longo-prazo. 

 

No final da tarde de ontem, o POLITICO – um veículo de comunicação norte americano especializado em cenário político (por mais obvio que pareça) – divulgou um esboço do “Pacote de Infraestrutura” que deverá ser divulgado pelo Governo Trump. De forma clássica, o pacote deverá dar suporte ao crescimento, via investimentos, porém com o efeito secundário de também aumentar o déficit público. 

 

No início da noite, o Governo dos EUA anunciaram a implementação de tarifas para painéis solares e lavadoras de roupa, no que parece o primeiro passo em um longo processo de “trading war” que Trump e Cia, pretendem adotar. 

 

Nós, brasileiros, deveríamos reconhecer de maneira mais clara o cenário que está se desenhando nos EUA, pois vivenciamos situação muito semelhante há poucos anos atrás, e ainda sofremos as consequências nefastas deste ambiente. 

 

Vejamos: Uma economia robusta, em um mercado de trabalho aquecido, com política monetária excessivamente frouxa. Adiciona a isso um pacote de estímulo fiscal/tributário, um plano de infraestrutura com gastos públicos adicionais e a imposição de barreiras a seus parceiros comerciais visando defender a industria nacional. Lembra alguma coisa? (Brasil entre 2011 e 2015). As consequências parecem claras. Aumento do déficit fiscal, piora nos fundamentos econômicos, uma moeda mais fraca e taxas de juros longas mais elevadas me parecem ser o caminho natural deste processo a longo-prazo. 




Data: 22/01/2018

Watch out!

 

Os ativos de risco estão abrindo a semana sem movimentos relevantes. No domingo, a situação política na Alemanha caminhou na direção de um acordo entre os partidos da base governista. Assim, o atual governo poderá seguir em frente, sem a necessidade de novas eleições no curto-prazo. A notícia ajudou a dar sustentação ao EUR ao longo da noite. 

 

Na Coréia do Sul, as exportações dos primeiros 20 dias de janeiro apresentaram alta de 14,5% YoY, subindo dos 12,2% YoY do mês anterior. O número mostra uma economia global ainda bastante robusta (por ser uma economia muito aberta, com corrente de comércio elevada, as exportações do pas são lidars como uma boa “proxy” para o crescimento global). 

 

O noticiário no Brasil continua sem novidades relevantes. Mantenho a visão de que o próximo grande evento para os mercados locais será o julgamento de Lula em segunda instância, no TRF-4, agendado para a semana que se inicia amanhã. 

 

Nossa análise quantitativa e qualitativa mostra que os fundos locais não estão com posições excessivas alocados em ativos locais. A visão predominante ainda é bastante positiva, mas a maior parte dos fundos ajustou suas posições nos últimos dias. Em suma, a posição técnica em ativos do Brasil não me parece ruim. Contudo, mantenho a visão de que nos atuais níveis de preço não vejo tanto assimetria para o evento citado anteriormente, exceto nos casos extremos, cujas probabilidades são mais baixas (leia-se Lula inocentado ou Lula condenado por 3x0 com a mesma condenação proferida em primeira instância). 

 

O cenário externo, contudo, começa a ficar um pouco mais interessante. A semana terá como destaque a decisão de política monetária em importantes países e regiões do mundo, como na Europa e no Japão. 

 

Nos EUA, o Congresso não chegou a um acordo e o “shutdown” teve inicio oficialmente na madrugada de sábado.. A visão central do mercado é que este evento poderá reduzir o PIB entre 0,2% e 0,3%, mas com impacto limitado e pontual. Do ponto de vista político, um acordo poderá seguir o caminho de novas concessões entre Democratas e Republicanos e, consequentemente, mais medidas na direção do aumento do déficit fiscal do país podem ser implementadas. 

 

No final da tarde de sexta-feira, um membro do Fed responsável por regulamentação bancária concedeu declarações de que o Fed e o Governo estariam na fase final dos estudos para aliviar parte das limitações/restrições de alavancagem implementadas após a crise de 2008. Seria mais uma medida na direção de aliviar restrições bancárias, se caracterizando mais um vetor na direção de estimular o crescimento do país. 

 

Na minha visão, estes eventos são extremamente relevantes, pois ocorrem ao mesmo tempo em que o crescimento já se mostra sólido, o mercado de trabalho robusto e, com uma convicção cada vez maior, um hiato do produto fechado e a economia no pleno emprego. Os mercados financeiros globais estão lendo esse pano de fundo e essas medidas como bastante positivas, o que de todo não está errado. São medidas que deverão sustentar o crescimento no curto-prazo, o que costuma ser muito positivo para os ativos de risco em geral. 

 

Contudo, acumulam-se evidências que muitas dessas medidas estão sendo implementadas no pior momento possível para a economia. São medidas que deveriam ter sido colocadas em prática logo após a crise, e não 10 anos depois, no atual estágio, já maduro, do ciclo econômico. Estamos falando de Reforma Tributária, Plano de Infraestrutura, menos limites aos bancos, em meio a uma economia no pleno emprego e com o hiato do produto fechado. Se a teoria econômica ainda é válida, em algum momento, e esse momento parece cada vez mais próximo, estamos correndo o risco de observar uma aceleração da inflação em velocidade e magnitude que, hoje, não é esperada pelo mercado. 

 

Reforço que não estou aqui fazendo apologia a um cenário mais negativo, pois as mudanças de cenário costumam ser graduais, com o acumulo de evidências contrárias ao cenário base. Por ora, a estratégia ótima e tentar “surfar” ainda o bom momento econômico global. Todavia, a prudência recomenda a busca de hedges, além da alocação em ativos líquidos e instrumentos que defendam o portfólio na eventualidade da mudança de cenário base realmente se concretizar.  




Data: 22/01/2018

EUA: Risk of overheating...

 

O noticiário no Brasil continua sem novidades relevantes. Mantenho a visão de que o próximo grande evento para os mercados locais será o julgamento de Lula em segunda instância, no TRF-4, agendado para a semana que se inicia amanhã. 

 

Nossa análise quantitativa e qualitativa mostra que os fundos locais não estão com posições excessivas alocados em ativos locais. A visão predominante ainda é bastante positiva, mas a maior parte dos fundos ajustou suas posições nos últimos dias. Em suma, a posição técnica em ativos do Brasil não me parece ruim. Contudo, mantenho a visão de que nos atuais níveis de preço não vejo tanto assimetria para o evento citado anteriormente, exceto nos casos extremos, cujas probabilidades são mais baixas (leia-se Lula inocentado ou Lula condenado por 3x0 com a mesma condenação proferida em primeira instância). 

 

O cenário externo, contudo, começa a ficar um pouco mais interessante. A semana terá como destaque a decisão de política monetária em importantes países e regiões do mundo, como na Europa e no Japão. 

 

Nos EUA, o Congresso não chegou a um acordo o “shutdown” teve inicio oficialmente nesta madrugada. Ainda existe a possibilidade de um acordo neste domingo. A visão central do mercado é que este evento poderá reduzir o PIB entre 0,2% e 0,3%, mas com impacto limitado e pontual. Do ponto de vista político, um acordo poderá seguir o caminho de novas concessões e, consequentemente, mais medidas na direção do aumento do déficit fiscal do país. 

 

No final da tarde de sexta-feira, um membro do Fed responsável por regulamentação bancária concedeu declarações de que o Fed e o Governo estariam na fase final dos estudos para aliviar parte das limitações implementadas após a crise de 2008. Seria mais uma medida na direção de aliviar restrições bancárias, se caracterizando mais um vetor na direção de estimular o crescimento do país. 

 

Na minha visão, estes eventos são extremamente relevantes, pois ocorrem ao mesmo tempo em que o crescimento já se mostra sólido, o mercado de trabalho robusto e, com uma convicção cada vez maior, um hiato do produto fechado e a economia no pleno emprego. Os mercados financeiros globais estão lendo esse pano de fundo e essas medidas como bastante positivas, o que de todo não está errado. São medidas que deverão sustentar o crescimento no curto-prazo, o que costuma ser muito positivo para os ativos de risco em geral. 

 

Contudo, acumulam-se evidências que muitas dessas medidas estão sendo implementadas no pior momento possível para a economia. São medidas que deveria ter sido colocadas em prático logo após a crise, e não 10 anos depois, no atual estágio, já maduro, do ciclo econômico. Estamos falando de Reforma Tributária, Plano de Infraestrutura, menos limites aos bancos, em meio a uma economia no pleno emprego e com o hiato do produto fechado. Se a teoria econômica ainda é válida, em algum momento, e esse momento parece cada vez mais próximo, estamos correndo o risco de observar uma aceleração da inflação em velocidade e magnitude que, hoje, não é esperada pelo mercado. 

 

Reforço que não estou aqui fazendo apologia a um cenário mais negativo, pois as mudanças de cenário costumam ser graduais, com o acumulo de evidências contrárias ao cenário base. Por ora, a estratégia ótima e tentar “surfar” ainda o bom momento econômico global. Todavia, a prudência recomenda a busca de hedges, além da alocação em ativos líquidos e instrumentos que defendam o portfólio na eventualidade da mudança de cenário base realmente se concretizar. 




Data: 18/01/2018

"Don´t be fooled by randomness"

 

Acho importante termos em mente que a forte recuperação dos ativos no Brasil desde meados de dezembro está intimamente ligada, ou seja, é em grande parte explicada pelo ambiente global. Observamos um forte fluxo para emergentes neste cerca de um mês. Os fundamentos desses países, em sua maioria, mas com várias exceções, é sem dúvida melhor do que no passado recente. Além disso, o ambiente global de juros baixos, crescimento sólido e inflação (ainda) baixa no mundo desenvolvido, ajuda os fluxos para a classe EM. Finalmente, os “valuations” parecem mais atrativos em EM se comparados a DM. 

 

Meu ponto aqui é que grande parte do desempenho de Brasil é explicado pelo externo, como na maior parte das vezes. Não vamos nos enganar que os fundamentos locais explicam a alta rápida e acentuada dos ativos locais. Assim, qualquer mudança no pano de fundo externo terá impacto relevante nos ativos locais. Reforço que não estou fazendo uma afirmação que o cenário irá mudar, mas que, se mudar, isso terá impacto em Brasil.




Data: 18/01/2018

Ultimas horas trouxeram notícias relevantes ao cenário.

 

As últimas 12 horas trouxeram notícias interessantes aos cenário, mas que apenas reforçam o cenário base, sem alterar o pano de fundo global, mas que podem ter algum impacto nos mercados financeiros. Vamos as notícias. 

 

Nos EUA, a Apple anunciou que irá pagar cerca de US$36bi em impostos e repatriar lucros retidos no exterior. O dinheiro será usado para investimentos, tais como um novo “campus” e a contratação de milhares de funcionários. Segundo consta, grande parte dos recursos da empresa estão em títulos curtos (Treasuies até 5 anos) e corporate bonds. A leitura do mercado foi relativamente natural, com alta das bolsas, precificando mais crescimento via investimentos e emprego, e alta nas taxas de juros, devido a mais uma fonte de venda de títulos públicos em meio a um pano de fundo de solidez do crescimento e do emprego. 

 

Na noite de ontem, os dados de estoques e fluxos de títulos norte americanos mostrou uma queda no estoque de Treasuries por parte de Japão e, especialmente, da China, em cerca de US$10bi cada. O número é relevante em um contexto em que há rumores de que a China poderia reduzir suas compras de Treasuries devido às incertezas do cenário e diante de preços menos atrativos. Os números de ontem confirmam estes rumores, mesmo que já negados oficialmente, uma vez que as reservas internacionais da China estão subindo nos últimos meses e o estoque de Treasuries caiu ao menor nível desde julho de 2017.

 

Os números econômicos da China de dezembro mostraram um PIB, uma produção industrial e dados de investimentos basicamente em linha com as expectativas, mas as vendas no varejo surpreenderam negativamente. Os números estão em linha com a tese de que o pico da atividade no país ficou para trás e deveremos conviver com uma desaceleração gradual da economia de agora em diante. 

 

Eu vejo os eventos recentes como reforçando a tese em prol de taxas de juros mais elevadas no mundo desenvolvido mas, em especial, nos EUA. Tenho o receio de que estejamos entrando na fase do ciclo econômico em que mais crescimento signifique mais inflação e, até mesmo, um certo “overheating” da economia dos EUA, o que não tende a ser positivo para os mercados no longo-prazo. Ainda me parece cedo para rever totalmente o pano de fundo de “Goldilocks” que ainda domina a cabeça dos investidores, todavia continuo vendo sinais que precisam ser estudados e maturados no curto-prazo. Assim, mantenho relevante exposição tomada em juros nos EUA. 

 

Eu não deveria entrar no mérito de comentar sobre as “cripto- moedas” por ter a consciência de que nada entendo sobre o assunto. Só tenho uma pequena, e talvez irrelevante opinião sobre o tema. A alta parabólica nos preços do Bitcoin e Cia, na minha humilde visão, é um sintoma da mesma “doença” que afetou os demais mercados globais e ativos de risco nos últimos anos. Entre outros (nova tecnologia, sigilo nas transações, utilização criminosa e etc), o excesso de liquidez global me parece ser uma importante explicação para este fenômeno. Assim, conforme entramos no estágio final do ciclo de afrouxamento monetário, com Fed reduzindo QE e subindo juros, ECB iniciando processo semelhante, PBoC com política fiscal e monetária mais apertada e BoJ sinalizando caminho parecido, mesmo que em um momento futuro, acabam trazendo alguma incerta para a continuidade destes movimentos parabólicos.




Data: 17/01/2018

Still a "Goldilocks/Risk-On" scenario, but keep one eye open.

 

Os ativos de risco retomaram a dinâmica que impera desde o começo do ano, em um misto entre “Goldilocks” e “Risk-On”. O aumento da volatilidade apresentada ontem, especialmente nas bolsas dos EUA, por ora, não passou de um ajuste técnico. Neste momento, vemos novos picos das bolsas norte americanas, além de uma nova rodada no movimento de dólar fraco no mundo. 

 

A despeito dos movimentos de hoje estarem me surpreendendo pela magnitude, mantenho a mesma visão que venho descrevendo nos últimos dias. Continuo vendo espaço para o bom desempenho dos ativos de risco, em especial de ativos emergentes, que tenho expressado através de ativos do Brasil. Contudo, nos atuais níveis de preço, já estamos com uma posição menor, além de instrumentos mais defensivos. Os ativos locais estão seguindo o humor global a risco e estão susceptíveis as mudanças de fluxos e humor dos mercados externos. 

 

De fato, ainda não vejo uma mudança clara de cenário que justifique alterar totalmente o portfólio, mas sinais recentes não podem ser desprezados, e precisam ser analisados e maturados nas próximas semanas. Seguimos tomados em juros nos EUA e Long AUDJPY. 

 

O que mais me preocupa é o consenso em torno de um cenário tranquilo para a inflação no mundo desenvolvido e nos EUA, em especial. No atual nível de emprego e crescimento, com a alta recente das commodities e a queda do dólar, me parece uma questão de tempo para vermos uma aceleração mais clara e espalhada da inflação, algo que seria surpresa para o mercado (dependendo da magnitude do movimento). 

 

Até o momento estes sinais e este cenário não passam de “wishful thinking”, mas como já comentei aqui em outros momentos, o cenário não muda de uma hora para outra. As mudanças estruturais de cenário costumam ser lentas, graduais, movidas pelo acumulo de evidências na direção contrária ao cenário corrente. Dificilmente observamos mudanças drásticas, rápidas e acentuadas de cenário, na ausência de choques exógenos. 

 

Nos EUA, a produção industrial apresentou alta superior as expectativas em dezembro, refletindo uma recuperação mais aguda de “utilities”, muito em função do frio acima do normal neste período. Mais importantes do que isso, o Beige Book – uma espécie de relatório qualitativo da economia compilado pelo Fed – mostrou um crescimento sólido, um mercado de trabalho robusto e apertado além de sinais cada vez mais evidentes de pressões altistas na inflação e nos salários. 

 

Na China, continuamos a ver um aperto das condições financeiras locais, com alta nas taxas de juros de mercado. Além disso, existem evidências anedóticos de desaceleração em alguns setores, como o setor imobiliário.




Data: 17/01/2018

Brasil: Petro e Governo em vias de resolver a Cessão Onerosa.

 

A noite foi novamente de poucas novidades para o cenário global. Neste momento, vemos uma estabilização do humor global a risco após os eventos de ontem (https://mercadosglobais.blogspot.com.br/2018/01/staying-close-to-home-for-now.html). A agenda do dia será um pouco mais agitada em comparação ao início da semana, com destaque para a produção industrial e “Beige Book” nos EUA. 

 

No Brasil, após reunião entre o presidente da Petrobrás e o Ministro da Fazenda, o primeiro afirmou que o governo irá editar uma portaria dando 60 dias para que a Cessão Onerosa seja resolvida, o que explica a alta de quase 3% da Petro na manhã de ontem e o bom desempenho da ação ao longo de todo o dia. 

 

O Presidente da Câmara se mostra pouco otimista com a aprovação da Reforma da Previdência, mas também não acredito que exista esta expectativa no mercado. O próximo grande evento para os mercados locais será o julgamento de Lula, em segunda instância, no TRF-4, agendado para o dia 24 deste mês. 

 

Vale a pena citar que observamos um expressivo aumento das volatilidades implícitas nas opções de Ibovespa (e derivados, como Petro) e no BRL (em magnitude menor) nos últimos dias. O movimento está em linha com o que vemos ao redor do mundo, mas acredito que é em muito explicado pela busca por “opcionalidades” e “defesa” para o evento do dia 24 citado acima.




Data: 17/01/2018

Staying close to home, for now...

 

O grande destaque do dia até o momento (tirando a forte queda das “cripto-moedas”) ficou por conta da rápida e acentuada queda das bolsas dos EUA após a abertura do mercado à vista. Os índices das bolsas norte americanas atingiram as suas máximas históricas logo na abertura para, desde então, apresentarem uma queda extremamente acentuada para os padrões históricos recentes. Antes disso, as volatilidades implícitas de alguns mercados já haviam apresentando alguma elevação. 

 

Por ora, vejo esses movimentos como correções técnicas naturais diante de um mercado claramente “esticado” e uma posição técnica que vinha se deteriorando. Além disso, a apreciação dos ativos de risco vinha ocorrendo em uma dinâmica, em uma derivada, extremamente incomum pela sua velocidade e magnitude. 

 

Ainda me parece muito cedo para fazer um diagnóstico concreto em relação a situação. Mantenho minha visão de que alguns sinais recentes merecem cautela e atenção redobrada, mas ainda acho cedo para dar uma opinião firme e concreta de mudança de ambiente e/ou cenário. 

 

Mantenho um portfólio mais balanceado e posições “compradas em ativos de risco” menores e/ou com instrumentos mais defensivos, tese que vinha descrevendo neste fórum desde a semana passada. Pretendo manter as carteiras assim até segunda ordem. Temos um longo ano pela frente e muitos desenvolvimentos precisam ser maturados. 

 

Escrevi bastante nos últimos dias sobre a necessidade de redução do risco dos portfólios e/ou a busca por hedge, em um pano de fundo de acumulação de sinais contrários ao cenário base em um ambiente de posição técnica mais comprometida e valuations e preços menos atrativos. Estes comentários podem ser revisitados aqui: https://mercadosglobais.blogspot.com.br/. 

 

Reforço que, por ora, ainda vejo a dinâmica de hoje como uma acomodação, uma pequena realização de lucros, mas a evolução do cenário merece um debate mais profundo nos próximos dias.




Data: 16/01/2018

Poucas novidades. Sinais econômicos positivos no Brasil.

A noite foi de poucas novidades para o cenário global. Os ativos de risco operam próximos a estabilidade esta manhã.

No Brasil, uma matéria do Ribamar Oliveira no Valor Econômico diz que o déficit fiscal primário de 2017 poderá ficar abaixo de R$120 bilhões, muito inferior a meta de déficit de R$159 bilhões. A surpresa positiva seria fruto de uma forte melhora na arrecadação, além de um controle ainda mais rigoroso de despesas.

Caso seja confirmado este número, reforçaria a minha tese de que até mesmos as contas públicas, o grande problema estrutural do país, irão passar por uma janela de cerca de 12 a 18 meses de recuperação, que daria tempo ao país para adotar as medidas estruturantes necessárias para transformar um cenário cíclico mais positivo em um ambiente estrutural mais sólido. Reforço que vejo as reformas econômicas como fundamentais e essenciais para o longo-prazo do país, mas reafirmo que teremos um cenário econômico cíclico nos próximos 12 meses (pelo menos) que dificilmente serão alterados por choques externos ou choques políticos locais.

Nesta linha, o IBC-Br – uma espécie de PIB mensal coletado pelo BCB – apresentou alta acima das expectativas (divulgado ontem), mostrando uma recuperação do crescimento cada vez mais consolidada e espalhada, mesmo que ainda gradual. 




Data: 15/01/2018

Sem novidades relevantes. Destaque para o dólar fraco.

O final de semana não trouxe praticamente novidades ao cenário econômico local ou global e nem mesmo notícias relevantes. Hoje pela manhã, destaque para mais uma rodada de queda do dólar no mundo. As bolsas globais seguem bem sustentadas, assim como as commodities. O mercado de juros opera, neste momento, próximo a estabilidade.

Mantenho minha visão descrita neste fórum nos últimos dias, que podem ser revisitadas aqui: https://mercadosglobais.blogspot.com.br/.




Data: 15/01/2018

Mais sinais de que o cenário pode estar mudando.

A sexta-feira trouxe informações importantes para o cenário econômico global, a despeito de uma reação menos trivial por parte dos mercados financeiros. Os dados divulgados ontem estão em linha com a minha tese de que estão se acumulando evidências que podem estar sinalizando para uma mudança gradual do cenário econômico. Este tipo de alteração não costuma acontecer de uma hora para outra e precisam ser monitorados de maneira cada vez mais atenta (https://mercadosglobais.blogspot.com.br/2018/01/alguns-sinais-merecem-atencao.html, https://mercadosglobais.blogspot.com.br/2018/01/the-winds-are-changing.html).




Data: 12/01/2018

Alguns comentários adicionais sobre China e cenário global.

Os dados de agregados monetários na China mostraram sinais de que a política monetária no país seguiu mais apertada em dezembro e deverá permanecer assim neste início de ano*. Estes dados estão em linha com a minha tese de que alguns sinais recentes, como a sinalização do BoJ no Japão e as recentes medidas na China, apontam para um movimento mais coordenado e, talvez, mais agressivo (do que o esperado anteriormente, mas não necessariamente deixando de ser gradual) de normalização monetária nas economias desenvolvidas.

Estes sinais não precisam ser necessariamente negativos para os mercados financeiros globais, mas certamente terão reverberações sobre os ativos de risco. A alta recente do EUR é um exemplo disso, assim como o movimento de abertura de taxa de juros nos EUA.

Reforço que o pano de fundo segue relativamente inalterado, mas acumulam-se sinais que merecem atenção cada vez mais especial. Vejam mais detalhes aqui: https://mercadosglobais.blogspot.com.br/2018/01/alguns-sinais-merecem-atencao.html e https://mercadosglobais.blogspot.com.br/2018/01/the-winds-are-changing.html.

*Segundo a Nomura:

M2 growth resumed its decline, falling to 8.2% y-o-y in December from 9.1% in November, a new historical low despite the positive base effect (Consensus: 9.2%; Nomura: 9.4%). M1 growth also moderated by 0.9 percentage points (pp) to 11.8%. New RMB deposits were -RMB792.9bn, weaker than the historical average in December. 

New aggregate financing moderated to RMB1.14trn in December from RMB1.60trn in November, weaker than market expectations, but largely in line with our forecast (Consensus: RMB1.5trn; Nomura: RMB1.15trn). For full-year 2017, aggregate financing increased by RMB19.44trn, higher than the incremental rise in 2016, but growth in the stock of aggregate financing moderated to 12.0% y-o-y from 12.8% in 2016. If outstanding local government bonds are included, growth in the stock of augmented aggregate financing moderated to 13.7% from 16.4%, as net issuance of local government bonds was lower in 2017 than in 2016.

Shadow banking activity made a large contribution to aggregate financing in 2017, as its outstanding growth picked up to 15.1% in 2017 from 4.9% in 2016. We believe it could be due to financing deleveraging which has encouraged funds flowing to the real economy from financial markets. Growth in bond financing, meanwhile, slowed significantly to 2.5% in 2017 from 22.5% in 2016, because of stricter regulations in the bond market last year.

Growth in outstanding RMB loans eased to 12.7% y-o-y in December, with new RMB loans down significantly to RMB584.4bn from RMB1,120bn in November (Consensus: RMB1000bn; and Nomura: RMB750bn). New loans to the household sector and corporate sector nearly halved in December from November. For full-year 2017, new RMB loans totalled RMB13.53trn from RMB12.6trn in 2016, with outstanding growth slowing.    




Data: 12/01/2018

Brasil: Nota de crédito rebaixada.

No início da noite de ontem a agencia de rating S&P anunciou o corte da nota de crédito do país. Na minha visão, a medida é de certa forma esperada. Dado o atual nível de preço dos ativos locais, um pouco “esticados”, e a posição técnica, um pouco mais comprometida, poderemos observar alguma reação negativa na abertura do mercado. Olhando à frente, contudo, não vejo este evento como um “game changer” para a dinâmica dos ativos locais. A mudança da nota de crédito de um país, quando ele sai de “Investment Grade” para “Junk Bond” costuma ser relevante, pois altera a “piscina” de investidores aptos a alocar naquele ativo. Quando um ativo já é “Junk Bond” e apenas tem sua nota rebaixada, isso pouco altera os fluxos para este ativo. No limite, o rebaixamento pode até ser positivo, pois mostra ao Congresso a necessidade e a urgência na aprovação de reformas estruturais, tirando a leniência de curto-prazo com o cenário cíclico mais positivo, até mesmo para as contas públicas.

No final da tarde de ontem Fed Dudley concedeu declarações bastante fortes e consideradas fortes. O Presidente do Fed de NY, que está de saída do cargo, mostrou preocupação com o risco de estabilidade financeira e um possível processo de “overheating” da economia dos EUA. Segundo o Morgan Stanley:

At 4:00 PM comments from NY Fed President Dudley hit the tapes but the market reaction was very muted even as the comments seemed explicitly hawkish. The lack of a notable reaction in the market might be because Dudley is set to retire from the Fed and the FOMC by the middle of this year. Nevertheless, Dudley stated that the Fed may have to "press harder" on breaks at some point given how easy financial conditions have become. He expressed worries that the recent tax cuts may overheat the US economy and was not concerned by the recent flattening in the yield curve.

Na China, os dados de exportação de dezembro ficaram levemente acima das expectativas, mas observamos um forte recuo das importações. Os números estão em linha com um cenário de crescimento global ainda robusto, mas com sinais cada vez mais claros de desaceleração da economia chinesa. De acordo com o Citibank:

China’s export growth moderated slightly – In dollar terms, export growth slowed from 12.3%YoY in Nov to 10.9%YoY in Dec, roughly in line with market expectations (Citi: 11.3%YoY, Consensus: 10.8%). Import growth decelerated sharply by 13.2 ppt to 4.5%YoY, much lower than expected (Citi: 13%, Consensus: 15.1%). As a result, the monthly trade balance widened notably from USD40.2 bn to USD54.7 bn. For 2017 as a whole, the growth of exports and imports surged to 8.3% and 15.9%, comparing with -7.7% and -5.4% in 2016, while the annual trade balance narrowed to USD430.7 bn from USD509.7 bn one year ago. In the meantime, the trade structure continued to improve, with the share of ordinary trade surplus rising by 1.3 ppt to 56.4%. According to China Customs, the price factor contributed to 52.6% and 37.3% of the import and export growth in 2017.

Minha visão de mercado de curto e longo-prazo segue inalterada. Para mais detalhes, segue o link para os comentários recentes: https://mercadosglobais.blogspot.com.br/.




Data: 11/01/2018

Back to Goldilocks and Risk-On!

Os ativos de risco estão apresentando mais uma pernada de apreciação, na continuidade do movimento de “Risk-On” que vem sendo regra neste começo de ano. Minha visão de acomodação de curto-prazo, até o momento, está se mostrando errada. Continuo com um portfólio balanceado.

O dia trouxe alguns destaques. Nos EUA, o PPI acabou apresentando leve queda em dezembro, abaixo das expectativas de alta. A despeito da surpresa baixista, a abertura do indicador revelou que alguns componentes mais ligados ao CPI apresentaram alguma “firmeza”, o que aponta para o CPI um pouco mais alto amanhã.

Na Europa, as Minutas do ECB relevaram um viés para a continuidade do processo de normalização monetária, no que está virando uma tendência coordenada entre os bancos centrais das economias desenvolvidas.

Nesta linha, vimos dados animadores de expectativas de inflação no Japão, que mostraram um movimento mais claro de alta pela primeira vez em muitos anos.

De maneira geral, seguimos ainda em um pano de fundo de crescimento global robusto, inflação contida no mundo desenvolvido e bancos centrais agindo de maneira gradual no processo de normalização monetária.

Ao que tudo indica, a dinâmica positiva dos mercados só será de fato testada quando um desses vetores apresentarem uma mudança clara e definitiva, o que ainda não parece ser o caso. De qualquer maneira, reforço que vejo sinais nesta direção que podem estar se acumulando ao longo do tempo, e precisam de atenção especial (https://mercadosglobais.blogspot.com.br/2018/01/alguns-sinais-merecem-atencao.html e https://mercadosglobais.blogspot.com.br/2018/01/the-winds-are-changing.html).

O nível de preços e a posição técnica de curto-prazo demandam alguma atenção.

Os ativos no Brasil estão seguindo o humor global a risco, sem muitas surpresas locais, exceto pelo movimento de flattening da curva de juros já comentado ontem e que não é uma surpresa para este fórum (https://mercadosglobais.blogspot.com.br/2017/12/brasil-curva-de-juros.html). 




Data: 11/01/2018

Acomodação.

A China negou os rumores de ontem de que via as Treasuries como um ativo menos atraente para suas reservas.

Os ativos de risco mostram sinais de acomodação, após breve realização de lucros ao longo da quarta-feira.

Mantenho a visão de que ainda não haja uma mudança clara e fundamental de cenário, mas que alguma acomodação dos ativos de risco possa ocorrer no curto-prazo, baseado em sinais que merecem alguma atenção, somados a posição técnica um pouco mais comprometida e ao nível de preços menos atraentes no curtíssimo-prazo. Neste momento, ainda não vejo motivos para alterar a visão estrutural ainda construtiva.

A noite foi de poucas novidades econômicas e políticas no Brasil e no mundo. A agenda do dia trará o PPI nos EUA como destaque.  




Data: 10/01/2018

Wait and see...

Na linha da minha tese descrita neste fórum desde o início da semana, hoje tivemos mais acúmulos de evidências que podem se mostra um “vento contrário” (do inglês “headwinds”) para os ativos de risco no curto-prazo e, eventualmente, podem estar indicando uma mudança de cenário estrutural.

No cenário externo, o destaque ficou por conta dos rumores de que o governo da China já não acha mais as Treasuries um ativo atrativo para suas reservas. Como detentor de quase US$1,5tri de papeis dos EUA, se confirmada, seria uma mudança substancial de postura.

Eu acredito que as declarações sejam uma jogada política as vésperas do governo dos EUA anunciarem medidas visando maiores restrições a alguns parceiros comerciais. Mantenho uma visão altista para os juros dos EUA e das economias desenvolvidas como um todo, mas minha tese é mais baseada nos fundamentos econômicos e não leva em conta este tipo de medida. Caso esta visão seja confirmada, seria uma enorme mudança para este mercado. Acho cedo para acreditar nisso.

No final da tarde a mídia reportou que o Canadá estaria se preparando para a retirada dos EUA do NAFTA. Este cenário não me parece fora do normal. Acho que seja bastante factível. Um dos pilares da política de Trump eram as relações comerciais. Passada a Reforma Tributária, Trump poderá focar agora neste tema de campanha. Seria uma medida bastante negativa do ponto de vista da corrente de comércio global e, consequentemente, para o crescimento. No limite, é uma medida que pode trazer traços de “stagflação”, pois reduz o crescimento e aumenta a inflação dado a importância de Canadá e México para a economia do país.

No Brasil, o IPCA de dezembro ficou muito acima das expectativas, com alta de 0,44% contra expectativas de 0,30%. O IPCA fechou o ano com alta de 2,95%, muito abaixo da meta de inflação. Parte da surpresa altista poderá ser explicada pelo efeito do “Black Friday”. Como este fenômeno ainda é muito recente no Brasil, ainda existe uma certa dificuldade em computar os seus efeitos.

Acho que o número pouco altera o cenário para a política monetária. Ainda vejo a Taxa Selic em 6,75%, ou abaixo, e ficando neste patamar por um longo período de tempo. Na semana passada havia comentado que já via pouca assimetria na parte curta da curva, o que se provou correto. Ainda vejo prêmios excessivos na parte intermediária da curva, mas estes deverão ser consumidos apenas ao longo do tempo.

Mantenho uma posição mais defensiva e balanceada desde o começo da semana, reavaliando o cenário econômico após os eventos recentes e tendo em vista a apreciação rápida e acentuada dos ativos de risco recentemente.




Data: 10/01/2018

From "Goldilocks" to "Risk-Off".

Após o acumulo de alguns sinais de mudança no cenário econômico global, mesmo que de maneira pontual (comentei aqui https://mercadosglobais.blogspot.com.br/2018/01/the-winds-are-changing.html) os ativos de risco mostram sinais de fadiga do movimento de “Risk-On’/”Goldilocks” verificado neste começo de ano e começa a mostrar uma direção um pouco mais voltada ao “Risk-Off” porém liderada pelo “Reflation”, ou seja, por uma abertura de taxa de juros e um movimento mais misto do dólar. A posição técnica um pouco mais comprometida e o nível de valuation de alguns ativos pode ajudar neste movimento de consolidação/correção de curto-prazo.




Data: 09/01/2018

The winds are changing?

O destaque do dia ficou por conta dos desenvolvimentos no Japão (comentados hoje cedo aqui https://mercadosglobais.blogspot.com.br/2018/01/boj-em-foco.html e aqui https://mercadosglobais.blogspot.com.br/2018/01/alguns-sinais-merecem-atencao.html ).

Desde então, vimos um movimento de “steepening” da curva de juros no mundo desenvolvido, mas, especialmente, nos EUA. A posição técnica na direção contrária pode ter ajudado a acentuar o movimento nesta direção. Isso gerou pressão em alguns ativos emergentes, como no caso do Brasil, mas o movimento não foi generalizado e nem acentuado.

Vale mencionar a taxa das Treasuries de 10 anos, acima do patamar psicológico de 2,50%. Vejo este movimento como estrutural e ainda espero a continuidade desta tendência. Outro ativo que merece destaque é o Petróleo, com quase 2% de alta adicional e com o WTI próximo a $63.

No cenário econômico, o destaque ficou por conta da robusta alta das vendas no varejo no Brasil, superando as expectativas do mercado. Mesmo com um impacto não desprezível do “Black Friday”, os números confirmam um “momentum” positivo da economia. Espero um ambiente ainda bastante favorável para a economia do país nos próximos 12 a 18 meses. As eleições podem solidificar esta tendência, ou reverter este quadro, mas não antes de 12 meses, que me parecem bastante consolidados.

Como escrevi hoje cedo, ainda não acho que o cenário esteja mudando, mas frente as evidências recentes e aos movimentos das últimas semanas, alguma reflexão é necessária.

Nos últimos dias, ajustamos algumas posições em termos de tamanho e instrumentos, nos beneficiando das volatilidades implícitas ainda baixas e dos movimentos recentes. Seguimos alocados em ativos no Brasil, mas em tamanho taticamente mais reduzido e defensivo. Continuamos tomados em juros nos EUA e como uma posição maior, que olhamos como hedge que pode funcionar em vários cenários, vendidos em AUDJPY.




Data: 09/01/2018

Alguns sinais merecem atenção.

As mudanças estruturais de cenário costumam ser lentas, graduais, movidas pelo acumulo de evidências na direção contrária ao cenário corrente. Dificilmente observamos mudanças drásticas, rápidas e acentuadas de cenário, na ausência de choques exógenos.

Não acho que estamos diante de uma mudança clara de ambiente econômico, mas acho válido chamar a atenção para algumas mudanças marginais nos últimos dias, que somadas a outras evidências dos últimos meses, começam a trazer algumas novidades ao cenário base.

O processo de normalização monetária já está em curso nos EUA há alguns anos. O processo de ajuste monetário na Europa foi anunciado ano passado e começou de fato este ano, com a redução do montante do QE. Nos últimos dias, percebemos uma leve mudança de sinalização por parte do BoJ no Japão e, hoje, vimos este “ajuste técnico” no “QE japonês” comentado pela manhã.

Por ora, todo este processo de normalização monetária está sendo extremamente gradual, bem conduzido e muito bem comunicado. O cenário central ainda é de que este processo continue a ser executado de forma tranquila. Contudo, 2018 poderá ser o primeiro ano em que os 3 principais bancos centrais do mundo (sem contar a China), em conjunto, promovem um ajuste em suas condições monetárias.

Na China, já vemos um PBoC muito mais preocupado com a qualidade do crescimento do que com seu patamar. Além disso, vemos um claro processo de busca pela desalavancagem. A economia da China costuma funcionar em pequenos ciclos. Geralmente observarmos 2 a 3 trimestres de crescimento mais forte, seguidos de 2 a 3 trimestres de desaceleração. Estes ciclos costumam ser induzidos pelo PBoC e pelo Governo, através de ajustes nas políticas fiscais, monetárias e creditícias.

O ano de 2017, especialmente os 3 primeiros trimestres do ano, foi marcado por um crescimento muito mais forte do que o esperado. Desde o começo do quarto trimestre do ano, percebemos um PBoC mais hawkish, promovendo uma política monetária mais apertada. Isso é visível nas taxas de juros do país e nos indicadores de crédito e agregados monetários.

Hoje, a mídia está reportando um ajuste técnico na maneira em que o PBoC computa o fixing para a taxa de câmbio do CNY. No limite, segundo os analistas, a medida trará mais volatilidade a taxa de câmbio e alguma pressão de depreciação do CNY. A medida mostra um PBoC mais confortável com o cenário de curto-prazo, corroborando as demais medidas adotadas nos últimos meses.

Assim, após ser uma grande surpresa positiva nos últimos meses, o mercado já espera uma desaceleração do crescimento chinês. Este processo deverá ser conduzido e induzido pelo PBoC, e tende a ser gradual. Contudo, não podemos esquecer que erros de política podem ocorrer, assim como pelo tamanho da economia chinesa, qualquer desaceleração costuma não ser ignorada pelo mercado.

Em suma, o cenário base de crescimento global robusto, inflação controlada no mundo desenvolvido e normalização monetária gradual nos países desenvolvidos ainda é o cenário base e assim deve permanecer no curto-prazo. Contudo, algumas evidências se acumulam de que em algum momento, e este momento parece cada vez mais próximo pelo estágio do ciclo econômico, poderemos ter alguma (ou algumas) dessas variáveis sendo testadas, ou revertidas. 




Data: 09/01/2018

BoJ em Foco!

O destaque da noite ficou por conta de um pequeno ajuste, aparentemente técnico, realizado pelo BoJ, no Japão, no seu processo de QE. A pequena redução das compras de ativos levou a uma apreciação do JPY e uma nova rodada de abertura de taxas de juros no mundo desenvolvido. Segundo a Blooberg:

A minor tweak in a regular Bank of Japan bond-purchase operation on Tuesday was enough to send the yen climbing the most in almost a month, even though evidence weighs overwhelmingly against the adjustment signifying anything meaningful. What the yen’s spike does show is just how big a move will come whenever the central bank does telegraph a fine-tuning in its stimulus program. Tuesday’s gain was as big as 0.5 percent against the dollar, in wake of the BOJ trimming purchases of bonds dated in 10-to-25 years by 10 billion yen ($89 million) compared with its previous operation. Governor Haruhiko Kuroda said last January, in wake of speculation about the significance of similar mechanical tweaks, that such operational tweaks don’t send any signals on policy intentions.

Uma potencial aceleração no processo de normalização monetária nos países desenvolvidos é o principal risco que vejo para os mercados financeiros globais ao longo de 2018. O evento de hoje me parece apenas um ajuste técnico e ainda está longe de sinalizar uma mudança clara de cenário ou tendência. Contudo, a reação dos mercados mostra a sensibilidade atual dos investidores com o tema em questão.

Acredito que o cenário base siga inalterado. Contudo, após a rápida e acentuada apreciação dos ativos de risco, vejo espaço para alguma acomodação de curto-prazo. No âmbito externo, sigo estruturalmente tomado em taxas de juros nos EUA. Ao longo destes primeiros dias do ano, adicionei uma venda de AUDJPY, via opção, como hedge do portfólio. Acredito que exista um cenário favorável a posição tanto no âmbito “micro” de Austrália e Japão, como a direção da posição combinada (a correlação com o resto do portfólio) ajuda a balancear o portfólio. Além disso, as volatilidades implícitas neste par está no menor nível em cerca de 10 anos.

Na Alemanha, as exportações de dezembro apresentaram alta de 4% MoM, muito acima das expectativas. O número apenas confirma o bom momento da economia global.

No Brasil, a mídia está reportando que Rodrigo Maia passou a se articular de maneira mais intensa para uma potencial candidatura a presidente. Na mesma linha, a aparição de Luciano Huck no programa dominical Domingão do Faustão trouxe de volta a mesa do debate, com imensa intensidade, a possibilidade de Huck voltar a cena política caso até março-abril não se tenha uma candidatura de centro mais competitiva.

O Governo anunciou ontem que irá encerrar, por ora, o debate envolvendo a “Regra de Ouro”. A decisão parece acertada dado o momento ainda delicado para a Reforma da Previdência. 




Data: 08/01/2018

Mais do mesmo...

Os ativos de risco continuam operando em tom positivo, no que pode ser classificado em “Risk-On”, entre o “Goldilocks” e o “Reflation”. Espero a continuidade desses movimentos, até que o pano de fundo econômico seja de fato testado com uma alteração de cenário, ou quando os vetores “posição técnica” e “valuation” passem a serem impedimentos a novas rodadas de apreciação dos ativos de risco.

Por ora, nenhum desses indicadores ainda parecem se mostrar uma restrição muito grande às tendências atuais, mas a velocidade e magnitude dos movimentos recentes saltam aos olhos, e geram algum desconforto de curto-prazo (porém, mais na linha de uma acomodação pontual do que de fato uma alteração de tendência). Escrevi bastante sobre esses temas nos últimos dias (https://mercadosglobais.blogspot.com.br/2018/01/dados-economicos-mantem-o-cenario.html).

Hoje pela manhã, destaque para uma leve alta do dólar no mundo, as bolsas globais permanecem bem suportadas e o mercado de juros globais apresentam leve abertura de taxas.

No Brasil, não houve notícias relevantes. Rodrigo Maia, em entrevista na televisão, manteve o discurso liberal e reformista, se colocando como possível candidato a presidente. Mantenho visão de que ainda falta muito tempo para as eleições e o próximo grande evento para os mercados locais será o julgamento de Lula em segunda instância do dia 24 deste mês.

A Folha de São Paulo divulgou algumas informações sobre o patrimônio da família Bolsonaro, que prontamente retrucou as acusações de aumento indevido de patrimônio. As matérias mostram como o “jogo eleitoral” no Brasil costuma ser uma guerra travada, muitas vezes, no campo pessoal, fugindo do saudável debate da agenda econômica e social do candidato. O vitorioso, muitas vezes, é aquele que “sabe apanhar e se levantar” e não necessariamente o melhor candidato para a sociedade...Todos aqueles que pretendem se candidatar precisam saber, e estar preparados, para este “jogo baixo” do processo eleitoral no Brasil.

O debate em torno da “Regra de Ouro” continua, mas sem ainda uma conclusão concreta. O desafio da equipe econômica é apresentar um projeto que evite que regra seja quebrada, mas não afrouxando demais as regras atuais.

A Coréia do Sul apresentou declarações de desconforto com o movimento recente de apreciação de sua moeda (KRW), o que pode estar dando ímpeto ao movimento global de hoje cedo com o dólar mais forte no mundo.

Na China, as reservas internacionais de dezembro apresentaram elevação acima das expectativas. Os números mostram um ambiente de estabilidade econômica no final de 2017. No curto-prazo, espero uma desaceleração da economia do país, mas de forma bem comunicada e administrada. Os problemas de liquidez no conglomerado HNA precisam ser monitorados. Caso virem problemas de solvência, poderemos sentir algum impacto e/ou contágio em outros mercados.

Na Alemanha, o Factory Orders apresentou leve queda (-0,4% MoM) em novembro, abaixo das expectativas de estabilidade. A despeito da surpresa negativa, o número ainda não altera os bons fundamentos da economia do país e da Europa como um todo. 




Data: 05/01/2018

Dados econômicos mantêm o cenário positivo e inalterado. 

Os números do mercado de trabalho nos EUA em nada mudam o pano de fundo econômico global e consequentemente a narrativa para os ativos de risco. Os dados mostraram uma criação ainda saudável de vagas de trabalho, uma taxa de desemprego estável, porém baixa e uma alta gradual nos rendimentos médios reais.

No Brasil, a produção industrial apresentou leve elevação, com um quadro qualitativo positivo. Os dados da ANFEVEA confirmaram o bom momento para a indústria automobilística local. Ambos os indicadores estão em linha com o cenário base de uma recuperação gradual do crescimento, mas um processo cada vez mais consolidado e espalhado.

Não há novidades relevantes nos mercados financeiros globais. O dia foi novamente de alta nas bolsas globais, alguma abertura de taxas de juros no mundo e um movimento mais misto do dólar. Não vejo motivos, pelo menos ainda, para uma alteração abrupta ou completa das principais tendências que vem sendo regra ao longo dos últimos meses.

O principal risco continua me parecendo o surgimento mais concreto da inflação no mundo desenvolvido. Os problemas de liquidez na HNA, na China, um dos grandes conglomerados do país, precisam ser acompanhados de perto. Por ora, parece mais um problema de liquidez do que de solvência, mas dado o tamanho da empresa, não pode ser totalmente ignorado.

A rápida e acentuada apreciação dos ativos de risco nas últimas semanas gera desconforto pela velocidade e magnitude, mas estão em linha com o pano de fundo econômico. A posição técnica começa a se deteriorar, mas ainda não parece um impedimento a novas rodadas de apreciação. A posição técnica e o valuation são vetores que, eventualmente, podem se mostrar uma restrição a apreciações adicionais dos ativos de risco, mas parece que precisam estar acompanhados de uma mudança de cenário para inverter de fato as tendências.

Assim, deveremos seguir com um pouco de “mais do mesmo” nos próximos dias, exceto por realizações pontuais de lucros. O próximo importante indicador para os mercados serão os dados de inflação nos EUA.

Os ativos no Brasil estão seguindo o humor global a risco. O próximo importante evento local será o julgamento de Lula na segunda instância, no TRF-4, agendado para o dia 24 deste mês. Nossa análise dos fundos locais mostra uma posição técnica já um pouco mais comprometida. A parte curta da curva de juros, como comentei ontem, já se mostra menor atrativa. Ainda vejo espaço para novas rodadas de apreciação dos ativos locais, mas esses vetores precisam ser monitorados.

Vale a pena mencionar que este começo de ano está sendo ajudado por fortes fluxos globais para emergentes, assim como uma nova rodada de alocações de investidores institucionais locais no mercado de renda variável do Brasil. Espero que está seja uma tendência de longo-prazo, mas em certos momentos do tempo, como agora, teremos algumas concentrações de fluxos.




Data: 05/01/2018

Todas as atenções voltadas para o mercado de trabalho nos EUA.

Os ativos de risco operam próximos a estabilidade, na expectativa da divulgação dos dados de emprego de dezembro nos EUA, agendados para 11h30 desta manhã.

No Brasil, a mídia está reportando que o Governo pretende apresentar uma PEC que permita o descumprimento da “Regra de Ouro”. Fora isso, continuam as especulações em torno do julgamento de Lula em segunda instância, no TRF-4, marcado para o dia 24deste mês. Em relação as eleições, crescem as expectativas de uma coalização ampla, de centro e liberal, em torno de um candidato único. Por ora, este nome seria Geraldo Alckmin, do PSDB, mas ele precisa melhorar nas pesquisas para consolidar sua posição.

Os dados econômicos globais continuam mostrando uma economia robusta ao redor do mundo e um mercado de trabalho aquecido nos EUA. Diante deste cenário, a narrativa dos ativos de risco continua a mesma, amplamente comentada neste fórum nas últimas semanas.

Este pano de fundo será testando hojr, com a divulgação dos dados de mercado de trabalho nos EUA. As atenções devem se voltar para o Average Hourly Earnings (AHE). Uma aceleração mais acentuada deste indicador me parece o único vetor capaz de frear a toada atual dos mercados financeiros globais. Números dentro das expectativas podem trazer novas rodadas de busca por ativos de risco.

Nesta linha, acho interessante citar a alta de 250 mil postos de trabalho no ADP Employment. Além disso, o ADP concedeu a seguinte declaração: “The job market ended the year strongly. Robust Christmas sales prompted retailers and delivery services to add to their payrolls. The tight labor market will get even tighter, raising the specter that it will overheat"




Data: 04/01/2018

Melting up continues...

Os dados econômicos globais continuam mostrando uma economia robusta ao redor do mundo e um mercado de trabalho aquecido nos EUA. Diante deste cenário, a narrativa dos ativos de risco continua a mesma, amplamente comentada neste fórum nas últimas semanas.

Este pano de fundo será testando amanhã, com a divulgação dos dados de mercado de trabalho nos EUA. As atenções devem se voltar para o Average Hourly Earnings (AHE). Uma aceleração mais acentuada deste indicador me parece o único vetor capaz de frear a toada atual dos mercados financeiros globais. Números dentro das expectativas podem trazer novas rodadas de busca por ativos de risco.

Nesta linha, acho interessante citar a alta de 250 mil postos de trabalho no ADP Employment. Além disso, o ADP concedeu a seguinte declaração: “The job market ended the year strongly. Robust Christmas sales prompted retailers and delivery services to add to their payrolls. The tight labor market will get even tighter, raising the specter that it will overheat".

Olhando à frente, acredito que o ritmo de criação de vagas de trabalho nos EUA deverá arrefecer, mas ainda mantendo uma trajetória declinante na taxa de desemprego. Em algum momento, e este momento me parece cada vez mais próximo, dado o estágio do ciclo econômico, uma alta nos rendimentos deverá ficar mais evidente nos dados. A velocidade deste processo quem ditará a reação dos ativos de risco. Enquanto este processo não ocorrer, ou ocorrer de maneira branda, o pano de fundo de “Goldilocks” permanecerá como tema central. Quando este pano de fundo for testado, o mercado será obrigado a rever seu cenário base.

O outro destaque do dia ficou por conta dos PMIs globais, que mostraram aceleração, confirmando o cenário de um crescimento global bastante forte no final de 2017. Segundo o JPMorgan:

Our global all-industry output PMI, which tracks global GDP growth, climbed 0.3-pts to 54.4 in December. The latest reading is consistent with 3.4% annualized growth in global GDP, exactly equal to J.P. Morgan’s 1Q growth forecast. This might sound ho-hum but we’d note that our forecast has been revised up by 0.4%-pts in just the past four weeks. Our global GDP nowcaster, which includes the PMI as well as other of our proprietary global data, is tracking 3.7% global growth in December.

Mantemos um portfólio ainda, grosso modo, comprado em ativos no Brasil, via o mercado de juros (aplicado) e o mercado de renda variável. Além disso, mantemos exposição tomada em juros, majoritariamente nos EUA.

Contudo, aproveitamos este forte início de ano para ajustar algumas posições, em termos de tamanho e instrumentos, nos aproveitando das volatilidades implícitas baixas. Além disso, começamos a montar alguns hedges no mercado externo, buscando casos específicos que façam sentido ao portfólio e com risco/retorno favorável.

Vale a pena mencionar que a curva curta de juros local já precifica cerca de uma queda de 25bps no próximo Copom e mais alguns bps de queda no Copom seguinte, tornando sua atratividade menos favorável. Vimos uma grande demanda por estruturas de opção (IDIs) que visam juros mais baixos por mais tempo, e quedas da Saxa Selic abaixo de 6,75%. Tenho essa visão, mas as estruturas já mostram atratividade pior. Mantenho foco na parte intermediária da curva, sabendo que deveremos conviver com alguma volatilidade ao longo do ano. 




Data: 04/01/2018

Markets are melting up...

Na ausência de novidades relevantes no cenário, com os dados e eventos recentes apenas reforçando o pano de fundo de crescimento global sólido, a inflação subindo apenas gradualmente nas economias maduras, e a continuidade de um processo de ajuste monetário bem administrado no mundo desenvolvido, os ativos de risco seguem em uma dinâmica bastante positiva.

Como comentei ontem a tarde (https://mercadosglobais.blogspot.com.br/2018/01/the-world-is-on-fire.html) algum desses vetores citados acima, ou um choque exógeno, precisam ser alterados para que está dinâmica seja realmente testada. Uma piora na posição técnica e no valuation dos mercados seriam outros vetores para impedir a continuidade dessa tendência positiva.

Algumas pessoas me questionaram nos últimos dias se o rigoroso inverno no hemisfério norte pode mudar o cenário econômico global. Acho natural supor, como ocorreu nos últimos anos, que o crescimento do primeiro trimestre do ano seja mais fraco em algumas economias (EUA e Europa, por exemplo) devido ao “fator frio”, mas este efeito tende a ser pontual, com os impactos negativos sendo compensados nos meses e trimestres subsequentes. Algum impacto altista na inflação não pode ser descartado. O Fed, por exemplo, parece já ter entendido que este efeito que ocorre quase todo começo do ano não costuma ser bem modelado pelos modelos de desazonalização. Assim, o banco central dos EUA costuma “olhar por cima” deste efeito passageiro. Em suma, algum impacto poderá ocorrer, mas vejo como passageiro, não alterando o cenário econômico e nem mesmo a política monetária.

No Brasil, temos uma manhã sem novidades. Entrevista de Carlos Marun, da “tropa de choque” de Michel Temer, afirmando que o governo poderá apoiar Geraldo Alckmin do PSDB na corrida eleitoral, mas que ainda é cedo para prognósticos.

Na China, o Caixin Services PMI subiu de 51,9 para 53,9 pontos em dezembro, mostrando uma economia saudável.  




Data: 03/01/2018

Noite com poucas novidades relevantes.

Os ativos de risco operando sem movimentos relevantes esta manhã. As bolsas continuam bem suportadas, o dólar apresenta dinâmica mais mista no mundo com mais um pequeno movimento de abertura de taxa de juros no mundo desenvolvido.

A noite trouxe poucos destaques ou informações relevantes novas. Acho interessante chamar a atenção para a recente sinalização de membros do ECB, que indicam um caminho para o começo do fim do QE. As declarações estão em linha com minha expectativa de um processo estrutural e prolongado de alta nas taxas de juros no mundo desenvolvido. O DB resumiu bem as declarações da seguinte maneira:

Moving onto central bankers speak, the ECB’s Coeure warned over New Year that QE will not last forever and that “given what we see in the economy, I believe there is a reasonable chance that the extension of our QE program decided in October can be the last”. That said, he did reiterate the governing council’s view that the program “can be kept in place for longer should inflation disappoint on the downside”, and if inflation turned out higher than expected, “we would have plenty of instruments with which to react”.

Following on, the ECB’s Nowotny also added to the debate on QE and equity markets. He noted the end of QE is “within sight”, but it will take a “couple of years” until the ECB’s total assets start to shrink even if net new bond purchases stop, in part given the rolling over of maturing assets into new ones. On equities, he sees the US markets as “very heated”, so more capital is now flowing into Europe, so “one has to be careful we don’t get a price bubble in Europe, too”.

A Coréia do Sul ofereceu a oportunidade de diálogo junto a Coréia do Norte, em busca de um entendimento para o fim dos ataques verbais e os testes balísticos do Norte.

No Brasil, a mídia traz a informação de que Geraldo Alckmin, presidente do PSDB, estaria disposto a oferecer o cargo de vice na chapa presidencial para um membro do DEM. Ainda falta bastante tempo para as eleições e um candidato de centro ainda precisa se consolidar nas pesquisas, mas um avanço nesta direção seria bastante positivo na construção de uma chapa sólida e reformista.

A mídia continua reportando o esforço do governo para a aprovação da Reforma da Previdência, mas o recesso parlamentar parece ser um grande empecilho para qualquer avanço concreto nesta direção.




Data: 02/01/2018

The Bull Market Continues...

Os ativos de risco iniciaram o ano com as mesmas tendências que prevaleceram ao longo de grande parte de 2018. Os movimentos em alguns mercados, como no Brasil, por exemplo, mostram que houve uma redução de posições no final de 2017 e que, com o novo ano e os P&Ls zerados, há “dinheiro para ser colocado para trabalhar” dado o cenário econômico que prevalece no país.

Escrevi bastante sobre esse tema nos últimos dias (e nas últimas semanas), especialmente no tumultuado período de meados de outubro a meados de dezembro. Quem tiver interesse em mais detalhes veja aqui: https://mercadosglobais.blogspot.com.br/.

Apenas complementando o comentário de hoje cedo (vide abaixo) temos adicionado uma posição comprada em volatilidade de Ibovespa, para compor o portfólio comprado em bolsa do Brasil. Vemos a vol implícita atual como excessivamente baixa diante dos riscos (negativos, mas especialmente, os riscos positivos) do cenário local nas próximas semanas.

Além disso, começamos a montar uma posição comprada em JPY para compor o portfólio local e externo, como um hedge que nos parece barato, via opção, cuja vol implícita está historicamente baixa, e que poderá apresentar desempenho positivo em diversos cenários, se mostrando um ativo que traga defesa, mas também alpha ao atual portfólio.




Data: 02/01/2018

Some early 2018 (late 2017) news.

Feliz Ano Novo a todos! Para uma visão mais geral do cenário econômico neste início de ano, vejam aqui: https://mercadosglobais.blogspot.com.br/2017/12/comeco-de-2018-deve-trazer-poucas.html.

Escrevo nesta manhã para fazer uma breves atualizações de notícias de final de 2017 e começo de 2018:

Brasil – Inflação: A ANEEL anunciou Bandeira Verde para a cobrança de energia em janeiro. O mercado esperava Bandeira Amarela. O anuncio deverá retirar cerca de 20bps da inflação do primeiro mês do ano. Segundo nossa área econômica, as nossas perspectivas de IPCA para dezembro, janeiro e fevereiro devem trazer uma surpresa baixista superior a 50bps na inflação se comparado às expectativas do BCB em seu último relatório de inflação.

Por mais que energia seja um preço administrado em que o BCB busca apenas evitar os impactos de segunda ordem, este quadro apenas reforça minha expectativa de uma inflação controlada e abaixo da meta em 2018. Isso deverá permitir que o BCB corte a Taxa Selic pelo menos mais 25bps para 6,75% com uma chance crescendo da Taxa selic chegando a níveis de 6,5% ou abaixo, permanecendo neste patamar um longo período de tempo. Conforme este cenário for sendo confirmado, espero uma compressão da parte intermediária da curva de juros, com prêmios de alta que ainda me parecem excessivos. Escrevi mais sobre isso a cerca de 1 semana atrás, aqui: https://mercadosglobais.blogspot.com.br/2017/12/brasil-curva-de-juros.html.

Brasil – Mercado de Trabalho: Os dados de emprego divulgados na sexta-feira mostram um quadro de recuperação gradual do mercado de trabalho, com uma recuperação visível dos rendimentos dos trabalhadores, muito impulsionados pela acentuada queda na inflação. O mercado de trabalho costuma ser um indicador que apresenta recuperação mais lenta e demorada. A recuperação neste ciclo tem sido gradual, porém mais cedo do que muitos esperavam. Os números ratificam o ambiente de recuperação econômica.

Brasil – Reforma da Previdência: O Governo tem feito um trabalho de certa forma importante em manter o tema em debate na mídia, mas ainda me parece difícil verificar a aprovação da Reforma no começo do ano legislativo. De qualquer maneira, acredito que os ativos locais precificam muito pouco, ou nada, da Reforma da Previdência, que deverá ser um tema para a próxima administração.

Brasil – Eleição: A mídia continua divulgando e debatendo pesquisas eleitorais e possíveis candidatos. Mantenho a visão de que ainda falta uma eternidade para o começo do pleito. O dia 24 de janeiro, dia do julgamento de Lula no TRF-4, em segunda instância, será uma data importante para este vetor.

Brasil – Temer: O Presidente foi diagnosticado com infecção urinária. Sua saúde está claramente debilitada, mas seu governo só precisa atravessar mais 1 ano. O que conseguir emplacar, de agora em diante, já me parece lucro. Todo foco deverá se voltar as eleições, já que vejo o cenário econômico mais positivo consolidado, na ausência de choques exógenos.

China – PMI: O Manufactuing PMI desacelerou de 51,8 para 51,6, dentro das expectativas do mercado. O número confirma um cenário de desaceleração da economia, como já é amplamente esperado. Por ora, esta desaceleração tem sido gradual e bem administrada.

Europa – Inflação na Alemanha: O CPI da Alemanha desacelerou menos do que o esperado, de 1,8% YoY para 1,6% YoY contra expectativas de 1,4% YoY. Espero um processo gradual, porém mais visível de alta na inflação nos países desenvolvidos, que irão permitir a continuidade do processo de normalização monetária nas principais economias do mundo. Isso deve permitir que a curva de juros desses países e regiões mantenham uma trajetória de alta de taxa de juros. 




Data: 02/01/2018

2018 começa na mesma toada do término do ano passado.

Para uma visão mais geral do cenário econômico neste início de ano, vejam aqui: https://mercadosglobais.blogspot.com.br/2017/12/comeco-de-2018-deve-trazer-poucas.html.

Ontem fiz algumas breves atualizações de notícias de final de 2017 e começo de 2018, que podem se lidas aqui: https://mercadosglobais.blogspot.com.br/2018/01/some-early-2018-late-2017-news.html.

Os jornais locais hoje trazem poucas novidades relevantes para o quadro de Brasil. A mídia continua debatendo a respeito do julgamento de Lula em segunda instância no TRF-4, agendado para o dia 24 de janeiro, além do quadro eleitoral. Não vejo nenhuma informação nova para alterar o cenário de curto-prazo.

No âmbito externo, destaque para as manifestações no Irã. O problema parece localizado. A despeito de severo e relevante, dado o número de manifestantes e pela reação aparentemente opressora do governo, que já causou a morte de vários manifestantes, o tema só afetaria o humor global a risco pelo canal do Petróleo, ou na eventualidade da intervenção de outros países nas questões locais do Irã. Por ora, não há indícios de que isso esteja ocorrendo. Ficaria de olho no preço e na dinâmica do petróleo como termômetro para um eventual contágio a outros mercados e ativos de risco.

A Coréia do Norte concedeu declarações mais conciliadoras com relação à Coreia do Sul, aparentemente concedendo uma trégua a sua vizinha em prol das Olimpíadas de Inverno que irão ocorrer no país vizinho. Além disso, as declarações do Norte abrem espaço para a tentativa de algum acordo entre os dois países. O risco geopolítico deverá permanecer elevado ao longo do ano. Contudo, os mercados financeiros globais já demonstraram que tem uma capacidade grande em ignorar este tipo de risco, enquanto o problema está na base das acusações e na retórica, ou até mesmo na base apenas de “testes balísticos”. Este pano de fundo só será alterado caso um conflito armado, direto, eventualmente seja desencadeado. A probabilidade desta ocorrência é baixa, mas erros de política/geopolítica costumam ser de baixa previsibilidade.

Inicio o ano da mesma forma em que encerrei 2017. Ainda alocado em ativos no Brasil, dando preferência à parte intermediária e longa da curva de juros, além de alocado no mercado de renda variável. Não tenho uma visão muito clara ou convicta para o BRL, mas vejo uma oportunidade tática no atual nível próxima a 3,33, na venda do dólar. Nos links acima discorro um pouco sobre o pano de fundo que embasa minhas posições.

No cenário externo, sigo tomado nas taxas de juros nos EUA e olhando oportunidades nos Gilts e nos Bunds. No momento, estão sem hedges relevantes na carteira, mas olhando no detalhe para eventuais posições que venham a compor este portfólio de maneira mais balanceada.




Data: 27/12/2017

Brasil: De volta aos fundamentos.

Os ativos de risco estão operando próximos a estabilidade, na ausência de mudanças substanciais de cenário. Destaque para a forte alta do petróleo nos últimos dias, com o WTI testando o patamar de US$60. Um misto de demanda global mais aquecida e controle de oferta por parte da OPEP ajudam a explicar o movimento.

O MXN é um dos destaques negativos recentes, com forte depreciação. Fundamentos econômicos mais frágeis do que os seus pares emergentes, um quadro político incerto com eleições presidenciais em 2018 e as incertezas que rondam as negociações em torno do NAFTA são os principais vetores para explicar o movimento da moeda. Nem mesmo a atuação mais agressiva do Banxico no mercado de câmbio tem sido suficiente para conter o movimento de depreciação.

No Brasil, a terça-feira foi de movimentos positivos para os ativos locais. Passado o debate da reforma da previdência, os investidores voltaram o foco para o cenário cíclico mais positivo da economia, com um quadro técnico mais favorável e preços/valuations mais atrativos.

No cenário econômico, os dados continuam corroborando um ambiente mais positivo para o país. Ontem, a pesquisa Focus do BCB mostrou expectativas de inflação ancoradas e em queda para 2017 e 2018, o que permitirá novos cortes da taxa Selic e sua manutenção em patamar baixo por um longo período de tempo. Escrevi mais sobre isso nos últimos dias, aqui: https://mercadosglobais.blogspot.com.br/2017/12/brasil-curva-de-juros.html.

Até mesmo o quadro fiscal, o principal problema estrutural da economia, mostra sinais de recuperação. O Governo Central apresentou superávit primário em novembro acima de R$1bi, resultado muito superior às expectativas de déficit de R$9bi esperados pelo mercado. A recuperação do crescimento, com inflação baixa e juros baixos, em meio a um enorme esforço de controle de gastos por parte do governo irá ajudar, por ora de maneira cíclica, até mesmo as contas públicas nos próximos 12 meses. É inegável que a continuidade das reformas seja um imperativo, mas mesmo o quadro fiscal deverá apresentar recuperação cíclica nos próximos meses, dando mais um conforto de fundamentos econômicos mais robustos em 2018.

Continuo otimista com os ativos locais neste final de 2017 e início de 2018, optando por manter exposição na parte intermediária e longa da curva de juros e no mercado de renda variável. Vejo valor no câmbio nos atuais níveis, mas prefiro manter postura mais tática dado sua péssima performance recente e minha menor convicção nesta classe de ativos.

Continuo tomada na curva de juros nos EUA. Estou olhando com mais atenção eventuais oportunidades nos Bunds e nos Gilts. Estou sem posição relevante no mercado de FX e, por ora, sem hedges muito óbvios para implementar nas carteiras. 




Data: 26/12/2017

Curva de Juros Brasil.

A curva de juros no Brasil precifica hoje mais uma queda de 22bps na próxima reunião do Copom e uma pequena queda de 7bps na reunião seguinte. Já na reunião do Copom de maio, a curva começa a precificar um processo relativamente agressivo de alta de juros, com  o CDI retornando a 8,15% no começo de 2019 e chegando a acima de 11,5% em 2020. O FRA de 2019 embute taxa de 9,4%, o FRA de 2020 taxa de 11,2% e o FRA de 2021 taxa de 11,55%. 

Eu continuo trabalhando com um cenário em que a Taxa Selic cai pelo menos mais 25bps, para 6,75% na próxima reunião do Copom, com probabilidade relevante de quedas adicionais, com o CDI se mantendo entre 6,5% e 7% por um longo período de tempo. Por “longo período de tempo”, no Brasil, leia-se pelo menos até 2019. Após este período, a visibilidade do cenário é mais turva. Todavia, ainda vejo espaço para uma alta muito mais moderada do que nos últimos processos de ajustes altistas de taxas de juros, talvez com um ciclo de alta em torno de 200 a 250bps.

Entendo que estamos próximos ao fim do ciclo de queda da Taxa Selic e momentos como o atual, diante dos riscos eleitorais, ensejam uma curva mais inclinada positivamente. Pelo menos, este foi o padrão histórico no Brasil e na maioria das economias globais. Este pano de fundo justifica a postura atual mais cautelosa do mercado. Contudo, estamos diante de um cenário nunca antes vivido pela economia do país, com hiato do produto extremamente aberto, inflação baixa, perspectivas ancoradas, mercado de trabalho ainda em estado de “stress”, mesmo que já em recuperação, e uma recuperação apenas gradual do crescimento.

Diante deste pano de fundo, e levando em conta que estamos diante de um novo patamar de juros, por ora cíclico, mas que pode se tornar estrutural, ainda vejo amplo espaço para o fechamento de taxas da curva local de juros, especialmente na parte intermediária da curva. Esta analise vale para os juros reais e os juros nominais. Entendo que a parte mais longa da curva irá depender mais do calendário eleitoral. Mas mesmo diante deste risco, já vejo um prêmio não desprezível nas taxas longas. Este, todavia, dependerá muito mais da evolução política, do que do cenário cíclico mais positivo como a parte intermediária.

Assim, ainda vejo espaço para ganhos não desprezíveis na curva local de juros. Estes, por sua vez, poderão induzir novos fluxos para o mercado de renda variável, mas este será tema para um próximo comentário.




Data: 26/12/2017

Sem novidades no Natal.

Os ativos de risco estão operando próximos a estabilidade, na ausência de mudanças substanciais de cenário. Destaque apenas para o bom desempenho do CNY, a moeda da China, nos últimos dois dias, com apreciação em torno de 1%. Não vi motivos aparentes para este movimento.

A agenda econômica do dia será esvaziada. Espero um mercado sem grandes movimentações, baixa liquidez e com poucas tendências nestes últimos dias do ano. A baixa liquidez, contudo, eventualmente, poderá causar alguns “flash crashes” pontuais, como foi o caso do EUR ontem, que chegou a cair momentaneamente cerca de 2%, para depois voltar a seu patamar anterior sem grandes variações.

Mantenho minha visão central de cenário local e externo, amplamente discutida aqui: https://mercadosglobais.blogspot.com.br/.

No Brasil, ao mesmo tempo em que a mídia coloca Rodrigo Maia como potencial candidato a Presidente da República nas eleições do ano que vem, surgem matérias na mesma mídia em que o acusam de ter recebido, aparentemente, financiamento ilegal em suas campanhas anteriores. Continuo acreditando que ainda falta uma eternidade para as eleições, e que o grande vetor para os mercados financeiros locais continua a ser a candidatura (ou não) de Lula. Todavia, este tipo de dinâmica apresentada pelo nome de Rodrigo Maia mostra àqueles que pretendem se tornar candidatos como será a campanha eleitoral, extremamente difícil, praticamente uma guerra, onde toda a vida dos candidatos estará sobre a mesa. Isso deverá ser levado em conta por aqueles que pretendem se candidatar a esta vaga.

A mídia internacional, na ausência de notícias com substancia, está dando ampla cobertura ao excesso de volatilidade das “cripto moedas”. Acredito que esta “classe de ativo” ainda não tem importância ou impacto nos mercados econômicos globais. Assim, não merecem grande destaque neste fórum. Eu também tenho pouco conhecimento para emitir opiniões robustas a respeito desta “nova classe de ativo”. Por ora, acredito que as “cripto moedas” sejam mais um fenômeno social e psicológico do que de fato um meio de troca, unidade de conta e reserva de valor. De qualquer maneira, não descarto que elas virem um ativo mais “robusto” ao longo do tempo.

Nos EUA, a mídia está reportando que o período do Natal trouxe animo as varejistas convencionais, após um longo período de pressão. Esta evidência anedótica apenas reforça o quadro de crescimento robusto que tenho mostrado aqui ao longo dos últimos meses.

Após o anuncio de novas sanções econômicas contra Coreia do Norte por parte do EUA, os norte coreanos voltaram a afirmar que os EUA cometem um “ato de guerra”. Os mercados financeiros globais pouco reagiram a troca e acusações. Isso já virou uma regra. Acredito que apenas atos militares concretos por parte da Coreia do Norte, contra alvos aliados (EUA, Japão, Coréia do Sul ou outros) serão capazes de mover os ativos de risco de maneira mais acentuada e consistente.




Data: 21/12/2017

Alguns breves comentários antes de 2018.

Os Mercados Globais está tirando uma licença paternidade, antes do previsto, e de maneira inesperada, mas com saúde e sem problemas adicionais. Só retornará “a todo vapor”, de maneira diária, após a virada do ano. Aproveito para desejar boas festas e feliz ano novo a todos. 

A sazonalidade do final de ano e um calendário econômico que apenas ratifica o cenário base que temos descrito neste fórum há algumas semanas ajuda a dar confiança nas posições centrais que temos insistido, mesmo após um período que compreendeu o final de outubro, todo novembro e a primeira metade de setembro, onde observamos e vivenciamos uma forte pressão nos ativos do Brasil e uma baixa reação dos juros nos países de desenvolvidos, especialmente nos EUA, aos evidentes sinais de robustez do crescimento e avanço da Reforma Tributária. Recomendo a lida do link a seguir, onde todos os temas abaixos, entre outros, estão descritos de maneira mais detalhada: https://mercadosglobais.blogspot.com.br/.

As reversões de parte desses dois movimentos foram o grande destaque dos últimos dias, com uma recuperação dos ativos locais e alta das taxas das Treasuries, que testam agora o patamar de 2,50%. Esta dinâmica dos ativos locais se encaixa bem na minha tese, descrita neste fórum diversas vezes ao longo das últimas semanas, sem sucesso até então, de que o fluxo de notícias envolvendo a Reforma da Previdência estava encobrindo uma melhora cada vez mais evidente e espalhada dos fundamentos cíclicos da economia, ao mesmo tempo em que a posição técnica apresentava melhora sistemática e os preços/valuations se mostravam mais atrativos.

Os últimos dias apenas reforçaram este cenário mais positivo para a economia do Brasil. A inflação segue baixa e qualitativamente positiva, o BCB reforça a mensagem de que há espaço para novos cortes na Taxa Selic e sinaliza que os juros podem ficar baixos por mais tempo, as contas externas continuam bastante saudáveis, o crescimento segue em uma recuperação gradual, mas cada vez mais consolidado e espalhado. Até mesmo o quadro fiscal, grande problema a longo-prazo para a economia, mostra reação, com uma melhora acentuada da arrecadação. O quadro de maior crescimento, menor inflação e juros mais baixos devem trazer alívio às contas públicas ao longo de 2018. É inegável que as reformas estruturais sejam um imperativo, mas teremos uma janela que deverá trazer mais tranquilidade ao cenário nesta frente.

Finalmente, vimos uma rodada positiva de emissões de dívida corporativas externas, além de IPOs na bolsa local, todos com demanda robusta. O leilão de energia foi muito positivo, mesmo sem a participação de estatais. Em suma, um cenário cíclico extremamente positivo, que vinha sendo ignorado pelo mercado desde fins de outubro, por questões diversas, mas que começam a ser impor mesmo diante das incertezas políticas que rondam 2018. Ainda acredito que exista espaço para continuidade dos movimentos recentes.

Mantenho exposição aos ativos locais, concentrado na bolsa e no mercado de juros, especialmente na parte intermediária e longa da curva real de juros. Tenho menor visibilidade e convicção no mercado de câmbio. Continuo acreditando que a taxa de juros ficará mais baixa por mais tempo e, quanto tiver que ser elevada, e um dia certamente terá que subir, deverá subir menos do que a curva precifica neste momento. Diante deste cenário, com juros baixos, o mercado deverá perceber a recuperação de uma economia com hiato do produto elevado, sem necessidade de “choques de juros” o que deverá favorecer o mercado de renda variável. Estes são dos dois temas que tenho focado ao longo de todo o segundo semestre do ano e que deveremos continuar buscando no início de 2018.

No cenário externo, sigo convicto no processo estrutural de alta de juros no mundo desenvolvido. Estou concentrando posição na parte intermediária da curva americana por questões operacionais, mas aonde o cenário me parece mais claro neste momento, diante do avanço da Reforma Tributária, a possibilidade de um pacote de infraestrutura em meio a um crescimento robusto e mercado de trabalho sólido. Estou olhando com calma o mercado de Bunds e Gilts para, eventualmente, montar posição na mesma direção.

Não me estenderei no cenário externo dado minha restrição de tempo. Meus deveres domésticos me chamam.

Feliz 2018.

Dan H. Kawa.  




Data: 18/12/2017

Risk On! Year End Rally...

Os ativos de risco estão operando em tom positivo, em um clássico movimento de “risk-on” e/ou “year end rally”. Meus comentários de ontem, reproduzidos abaixo, seguem pertinentes e atuais. Os jornais de hoje trazem poucas informações novas ao cenário. Na agenda econômica, destaque apenas para os dados de exportação de Singapura. Por ser um país com corrente de comércio elevada e um importante “hub” de tecnologia da Ásia, os números são vistos como uma proxy para o crescimento global. Os dados mostram uma economia mundial ainda bastante robusta e saudável.

Não há mudanças substanciais de cenário econômico local e global neste final de ano. Estamos entrando nas últimas duas semanas do ano, geralmente marcadas por uma baixa liquidez e pela continuidade dos movimentos que prevaleceram ao longo de todo o ano que fica para trás. Na ausência de uma agenda econômica mais carregada, ou de eventos políticos que tragam mudanças de cenário, o natural é esperar que tenhamos um pouco de “mais do mesmo” em relação ao que prevaleceu ao longo de todo o ano de 2017. Mudanças de posicionamento, rotações e afins deverão esperar o inicio de 2018.

No Brasil, acho interessante observar que a mídia tenta manter acesso o debate em torno da Reforma da Previdência, mesmo com o recesso parlamentar que se avizinha. Inclusive, alguns meios de comunicações vincularam matérias mostrando o abismo existente entre a previdência da maior parte da sociedade brasileira se comparada àquela adotada por uma minoria em algumas classes do funcionalismo público. Após um longo período de silêncio da mídia e da sociedade, talvez de maneira atrasada, começa a se formar algum movimento, mesmo que tímido, em prol das reformas. De maneira geral, acho difícil que o mercado volte a “comprar o sonho” da aprovação da reforma em 2018, mas certamente o governo tentará manter está chama acessa.

No que tange o cenário eleitoral, a grande incógnita fica por conta da situação de Lula após o resultado em segunda instância de seu primeiro julgamento. Em uma matéria no O Globo, especialistas, membros do TSE e ex-membros do mesmo colegiado afirmam que caso a sentença da primeira instância seja confirmada, dificilmente Lula poderá ser candidato a presidente no ano que vem. Sigo na linha de que ainda falta muito tempo para as eleições e para termos um cenário muito claro da corrida eleitoral, mas reforço que existe um “cenário de cauda”, sem a candidatura de Lula e com um candidato forte de cetro que é pouco apreciada pelo mercado, que continua focado nos riscos negativos e em um posicionamento mais defensivo para 2018.

No cenário externo, os dados de crescimento global continuam fortes e sincronizados, e os bancos centrais confirmam uma postura de gradualismo no processo de normalização monetária. A China mostra sinais de desaceleração, mas dentro de um cenário base ainda controlado pelo PBoC e pelo Governo, que traz riscos apenas na eventualidade de um erro de política monetária. Este cenário deverá prevalecer ao longo do começo de 2018, mas certamente será testado por dados mais altos de inflação, uma normalização mais rápida e/ou uma desaceleração do crescimento.

No Brasil, a recuperação do crescimento se mostra mais consolidada e espalhada, mas ainda extremamente gradual. A inflação está baixa e suas perspectivas continuam positivas (baixas). Me impressiona o elevado prêmio de risco (altas de juros) precificados na curva ao longo de 2018. Até entendo o prêmio de risco para o período pós eleitoral, a despeito de não concordar com seu nível, mas as taxas mais curtas deveriam estar muito mais ancoradas diante do cenário de crescimento e inflação.

As contas externas continuam extremamente saudáveis e até mesmo o lado fiscal deverá mostra recuperação no curto-prazo (próximos 12 meses). 




Data: 18/12/2017

2017 aproxima-se do fim.

Não há mudanças substanciais de cenário econômico local e global neste final de ano. Estamos entrando nas últimas duas semanas do ano, geralmente marcadas por uma baixa liquidez e pela continuidade dos movimentos que prevaleceram ao longo de todo o ano que fica para trás. Na ausência de uma agenda econômica mais carregada, ou de eventos políticos que tragam mudanças de cenário, o natural é esperar que tenhamos um pouco de “mais do mesmo” em relação ao que prevaleceu ao longo de todo o ano de 2017. Mudanças de posicionamento, rotações e afins deverão esperar o inicio de 2018.

No Brasil, acho interessante observar que a mídia tenta manter acesso o debate em torno da Reforma da Previdência, mesmo com o recesso parlamentar que se avizinha. Inclusive, alguns meios de comunicações vincularam matérias mostrando o abismo existente entre a previdência da maior parte da sociedade brasileira se comparada àquela adotada por uma minoria em algumas classes do funcionalismo público. Após um longo período de silêncio da mídia e da sociedade, talvez de maneira atrasada, começa a se formar algum movimento, mesmo que tímido, em prol das reformas. De maneira geral, acho difícil que o mercado volte a “comprar o sonho” da aprovação da reforma em 2018, mas certamente o governo tentará manter está chama acessa.

No que tange o cenário eleitoral, a grande incógnita fica por conta da situação de Lula após o resultado em segunda instância de seu primeiro julgamento. Em uma matéria no O Globo, especialistas, membros do TSE e ex-membros do mesmo colegiado afirmam que caso a sentença da primeira instância seja confirmada, dificilmente Lula poderá ser candidato a presidente no ano que vem. Sigo na linha de que ainda falta muito tempo para as eleições e para termos um cenário muito claro da corrida eleitoral, mas reforço que existe um “cenário de cauda”, sem a candidatura de Lula e com um candidato forte de cetro que é pouco apreciada pelo mercado, que continua focado nos riscos negativos e em um posicionamento mais defensivo para 2018.

No cenário externo, os dados de crescimento global continuam fortes e sincronizados, e os bancos centrais confirmam uma postura de gradualismo no processo de normalização monetária. A China mostra sinais de desaceleração, mas dentro de um cenário base ainda controlado pelo PBoC e pelo Governo, que traz riscos apenas na eventualidade de um erro de política monetária. Este cenário deverá prevalecer ao longo do começo de 2018, mas certamente será testado por dados mais altos de inflação, uma normalização mais rápida e/ou uma desaceleração do crescimento.

No Brasil, a recuperação do crescimento se mostra mais consolidada e espalhada, mas ainda extremamente gradual. A inflação está baixa e suas perspectivas continuam positivas (baixas). Me impressiona o elevado prêmio de risco (altas de juros) precificados na curva ao longo de 2018. Até entendo o prêmio de risco para o período pós eleitoral, a despeito de não concordar com seu nível, mas as taxas mais curtas deveriam estar muito mais ancoradas diante do cenário de crescimento e inflação.

As contas externas continuam extremamente saudáveis e até mesmo o lado fiscal deverá mostra recuperação no curto-prazo (próximos 12 meses).  




Data: 15/12/2017

Fim de ano traz alguma volatilidade aos ativos de risco.

Ontem observamos um dia de queda das bolsas dos EUA e da Europa. Alguns ruídos envolvendo a aprovação da Reforma Tributária parecem ter dado o tom do final da tarde de quinta-feira. A despeito da queda das bolsas, vimos uma leve abertura das taxas de juros nos EUA e um dólar majoritariamente mais forte no mundo. O movimento me parece ser um processo clássico de realização de lucros, natural nesta fase do ano.

Hoje vemos bolsas e commodities em leve alta, pequena abertura das taxas de juros nos EUA e um dólar mais fraco.

Em termos econômicos, a quinta-feira trouxe fortes dados de vendas no varejo nos EUA, além de um Jobless Claims em níveis historicamente baixos e condizentes com um mercado de trabalho extremamente robusto. Os números levaram o mercado a uma revisão altista nas previsões do PIB para o 4Q do ano, além de dar ímpeto a tese de continuidade no processo de normalização monetária dos EUA.

Na Europa, o ECB manteve a política monetária inalterada, como era amplamente esperado. Draghi reafirmou a postura de gradualismo no processo de normalização monetária. A área técnica do Banco promoveu revisões altistas de crescimento e baixistas para taxa de desemprego, mas se alterações relevantes no quadro de inflação, em uma direção muito parecida com aquela adotada pelo Fed. A decisão do BoE na Inglaterra não trouxe novidades, sem alterações na política monetária.

No Brasil, a Reforma da Previdência foi abandonada. Os jornais ainda aventam a possibilidade de vota-la em fevereiro de 2018, mas afirma que novas concessões serão feitas. O mercado duvida na possibilidade de aprovação de temas polêmicos em ano eleitoral. As agências de risco já sinalizam para um rebaixamento da nota de crédito do país. os ativos locais operaram sob pressão. Espero volatilidade e novas ondas de desalocação nos ativos do Brasil, até que a posição técnica mais saudável, o nível de preços/valuation e o quadro econômico mais positivo fiquem mais evidentes.

No Japão, o Tankan – um dos mais importantes indicadores de confiança do país – apresentou mais um trimestre de alta, reforçando o cenário de recuperação da economia japonesa.




Data: 14/12/2017

Mundo cresce com sincronismo. China desacelera como o esperado.

Neste momento, estamos observando uma abertura de taxa das Treasuries nos EUA, que está devolvendo cerca de 60% do movimento de fechamento de taxas verificado ontem. Neste ambiento, o dólar opera majoritariamente em alta. As bolsas e as commodities, no geral, apresentam leve elevação, mas sem movimentos relevantes.

Não vi nenhuma novidade para explicar as reversões dos movimentos de ontem, mas também não conclui neste fórum que o Fed havia sido definitivamente dovish em sua reunião. Assim, os movimentos de curto-prazo me parecem mais ruídos. Não vejo alterações significativas de cenário. Ainda trabalho com um cenário base de curto-prazo de crescimento global saudável, inflação gradualmente em alta no mundo desenvolvido e normalização monetária gradual e bem comunicada por parte dos principais bancos centrais das economias avançadas. Este cenário ainda me parece construtivo para ativos de risco no geral, deveria favorecer uma elevação estrutural das taxas de juros das economias avançadas. Entendo que, neste estágio do ciclo, teremos uma maior diferenciação entre os ativos de alguns países e regiões, assim como um desempenho melhor de alguns ativos em detrimento a outros.

Não há novidades em relação a Reforma da Previdência no Brasil. A informação corrente é de que não haverá votação este ano. O Congresso aprovou o Orçamento fr 2018, o que deverá reduzir os trabalhos na casa a partir de agora. Ainda espero alguma pressão sobe os ativos locais, mas acredito que em algum momento, a melhora cíclica dos fundamentos, frente a posição técnica mais saudável e a preços mais atrativos irá favorecer os ativos locais.

Destaque da noite para os dados econômicos da China que mostraram alguma estabilização do crescimento. De maneira geral, o cenário base de desaceleração gradual da economia do país continua inalterado. O PBoC, seguindo o Fed, anunciou algumas medidas adicionais de aperto monetário, o que reforça a expectativa de uma política monetária mais apertada de agora em diante. Segundo o DB:

In China, the November macro data just released was broadly in line but slightly lower than the prior month. Both the IP and fixed assets investments matched expectations at 6.1% yoy and 7.2% respectively, but were 0.1ppt lower than the prior month. Retail sales were softer than expectations at 10.2% yoy (vs. 10.3%). Elsewhere, China’s central bank has slightly increased the borrowing costs it charges in open market operations following the Fed’s move, lifting the cost of the 7 and 28 day reverse repo agreement by 5bp.

Nos EUA, a Camara e o Senado parecem ter chegado a um acordo em torno da Reforma Tributária, em mais um importante passo na direção de uma política tributária e fiscal mais frouxa. Em meio a um crescimento sólido e um mercado de trabalho robusto, a implementação dessas reformas deverá ser visto como mais hawkish, reforçando a expectativa de que o Fed deverá dar continuidade ao processo de normalização monetária.

Ainda pela manhã, vimos dados positivos de crescimento na Europa, além de dados robustos de emprego na Austrália. Os números apenas confirmam um quadro de robustez e sincronismo da economia mundial.          




Data: 14/12/2017

Fed & Previdência.

Fed – Dentro do esperado, o Fed elevou a taxa de juros em 25bps. A decisão teve dois votos pela manutenção das taxas. O Fed promoveu um ajuste para cima de suas expectativas de crescimento, com alguns membros já incorporando algum impacto fiscal em suas previsões. Houve novas revisões baixistas para a taxa de desemprego. Contudo, as expectativas de inflação se mantiveram estáveis, o que acabou sendo lido pelo mercado como uma postura dovish por parte da Comitê.

Eu não vejo a decisão de hoje como alterando de forma significativa o cenário econômico global. Seguimos em um ambiente ainda construtivo para ativos de risco como um todo.

Reforma da Previdência – Alguns membros do “núcleo duro” do entorno de Temer deram declarações de que a Reforma foi de fato “abandonada” este ano, e só voltará a pauta no ano que vem. Existe um entendimento do mercado de que dificilmente qualquer tema mais polêmico seja votado em ano eleitoral.

Como era de se esperar, vimos uma forte pressão na bolsa e uma piora nos mercados de câmbio e juros. Contudo, dado o ambiente global, o BRL e a curva de juros conseguiram mostrar comportamento relativamente tranquilo. Interessante observar a queda nas volatilidades implícitas das opções de bolsa.

A partir de agora, minha tese de fato será testada. Ou o mercado continua sem tendência e pressionado, ou os investidores voltam a olhar os fundamentos da economia, a melhora cíclica e o valor que está sendo criado em alguns ativos, em meio a um pano de fundo global construtivo. 




Data: 14/12/2017

Alguns comentários.

Estou fora do RJ, entre reuniões com clientes e eventos de terceiros. Assim, serei mais breve do que eu gostaria nos comentários, mas acho importante falar sobre alguns desenvolvimentos recentes,

Primeiro, estive em um evento de um grande banco de investimentos esta manhã. Em uma pesquisa com os participantes, a maioria investidores e empresários de SP, a pesquisa mostrou opiniões bastante divididas em relação a capacidade de Lula disputar ou não as eleições de 2018. Os números ficaram muito próximos a 50%. A grande maioria, contudo, disse ter preocupação elevada com o processo eleitoral e pretende adotar postura mais cautelosa no ano que vem.

Acho que a pesquisa é extremamente importante porque explica bem o que está ocorrendo com os ativos brasileiros no curto-prazo, em termos de pressões negativas com a chegada do próximo ano, além de questões mais específicas, como o “shape” steepado da curva de juros.

O resultado da pesquisa ainda reforça a minha tese de que a grande surpresa para o mercado em 2018 será um eventual processo eleitoral mais tranquilo do que o esperado. Não que eu ache que este seja o cenário base, mas um cenário alternativo talvez pouco apreciado pelos investidores. Na maioria das vezes, os investidores trabalham com cenários de cauda negativos, mas precisamos ter em mente que cenários de cauda positivos também existem. Imagem uma eleição em 2018, eventualmente, sem a participação de Lula e com o centro unido em torno de um candidato único? Isso, hoje, é pouco provável e pouco precificado, mas não um cenário totalmente descartado.

Vamos a alguns temas:

Reforma da Previdência – Tudo indica que sua aprovação será extremamente difícil no curto-prazo. Volto a dizer que não tenho vantagem comparativa em apontar nenhum cenário como favorito, mas o fluxo de notícias emanando de Brasília ainda é ruim, ou desfavorável a Reforma.

Continuo acreditando que pouco da Reforma esteja precificado nos ativos do Brasil, mas entendo que a retirada dela do horizonte relevante poderá trazer mais volatilidade e pressão para os ativos locais. Por isso, a estratégia de curto-prazo é se manter vivo, para buscar potenciais oportunidades de alocação. Ainda vejo o cenário macro como bastante construtivo, o que deverá favorecer os ativos locais no médio-prazo.

Copom/Política Monetária – As Notas do Copom divulgadas ontem, e a apresentação de Carlos Vianna hoje no mesmo evento citado acima, mostram um BCB bastante tranquilo e confortável com o cenário de inflação. É natural que o cenário base seja de um corte de 25bps na próxima reunião, pelas indicações das Notas e pelo atual estágio do ciclo econômico.

Contudo, o BCB deixou claro que existem riscos para os dois lados da política monetária, positivos e negativos. Continuo surpreso como o mercado e os sell-sides, em especial, só conseguem ver os riscos negativos para um ciclo de corte de juros mais curto do que o cenário base. Dado as expectativas de inflação de nossa área econômica para este final de ano e para o primeiro trimestre de 2018, não descarto um corte de 50bps na próxima reunião do Copom, ou um ciclo mais prolongado de quedas de 25bps. Além disso, não vejo espaço para altas de juros ao longo de 2018. Assim, continuo vendo bastante valor na parte intermediária das curvas locais de juros.

Vendas no Varejo – Os números divulgados hoje ficaram muito abaixo das expectativas. Muitos estão citando o efeito do “Black Friday”, cada vez mais relevante no país, como potencial vetor de volatilidade nestes números. De maneira geral, ainda vejo um processo de recuperação gradual da economia, o que permite não apenas um cenário mais construtivo para o país, mas uma política monetária mais frouxa por mais tempo.

Mercados Brasil – A despeito de todos os ruídos envolvendo a Reforma da Previdência, o mercado local continua saudável. Os IPOs estão transcorrendo de forma tranquila, assim como as emissões de dívida, locais e externas.

EUA – Após dados de PPI mais altos do que as expectativas (divulgados ontem), o Core CPI apresentou alta de apenas 0,1% MoM. Continua, assim, o conundrum em torno da inflação no país, em meio a um crescimento robusto e um mercado de trabalho de sólido.

Ainda vejo as taxas de juros no mundo desenvolvido no meio de um processo estrutural de alta.

A reunião do FOMC, dentro de 1 hora, será importante para medirmos a temperatura dentro do Fed em meio a este cenário construtivo, porém confuso do ponto de vista de política econômica (baixa inflação, baixo desemprego, crescimento sólido). 




Data: 12/12/2017

 Condições externas favoráveis. Ruídos na Reforma da Previdência prevalecem.

Os ativos de risco estão operando próximos a estabilidade esta manhã. Destaque para mais um dia de alta no preço do petróleo e para a continuidade de um ambiente relativamente construtivo para os ativos de risco em geral. O destaque da agenda do dia ficará por conta do PPI nos EUA, mas a agenda ganhará corpo ao longo da semana, com Core CPI e FOMC na quarta-feira e reunião do ECB na quinta-feira.

No Brasil, a Folha traz reportagem em que afirma que a Reforma da Previdência possa ficar para o início de 2018. Os demais meios de comunicação reportam que o Governo segue em busca dos votos para que a aprovação da Reforma ocorra ainda na semana que vem. Os ruídos envolvendo o tema continuam elevados e os ativos locais devem continuar sensíveis ao tema.

Para não soar repetitivo, deixo abaixo meus comentários recentes:

https://mercadosglobais.blogspot.com.br/2017/12/condicoes-externas-seguem-favoraveis.html

https://mercadosglobais.blogspot.com.br/2017/12/update.html




Data: 11/12/2017

Condições externas seguem favoráveis. Agenda demanda atenção.

Os ativos no Brasil continuam muito sensíveis aos ruídos envolvendo a Reforma da Previdência. Acredito que a dinâmica deverá continuar assim até que o evento saia da janela do mercado, para o bem ou para o mal. Depois disso, espero que os fundamentos econômicos voltem a ditar o rumo dos ativos brasileiros.

De novidade concreta, estamos vendo uma inflação corrente extremamente baixa e perspectivas de inflação ainda baixa para o começo de 2018. O Relatório Focus do BCB reflete um pouco este cenário construtivo para a inflação e para o crescimento. As Notas do Copom, que serão divulgadas amanhã, trarão uma claridade melhor em relação as intensões futuras do banco central. Continuo vendo a Taxa Selic cair a pelo menos 6,75%, com riscos crescentes de uma taxa inferior a essa. Acredito que os juros permanecerão baixos por um tempo prolongado de tempo.

No cenário externo, a notícia mais importante do dia, no meu ponto de vista, foi a divulgação dos dados de agregados monetários na China, que ficaram acima das expectativas do mercado, mostrando um certo alívio para as condições financeiras do país. Os números divulgados hoje confirmam a minha visão de que o aperto monetário recente foi induzido pelo PBoC, com o intuito de trazer mais racionalidade ao mercado chinês, buscando evitar bolhas e excessos em setores específicos da economia. Com este pano de fundo, qualquer sinal mais acentuado de desaceleração, poderá ser contrabalanceado por medidas de alívio. Assim, segue um cenário de desaceleração gradual da economia chinesa. Os riscos a estabilidade financeiras existem, mas devem ser vistos como “riscos de cauda”. Por ora, o governo chinês vem conseguindo promover um ajuste relativamente saudável da economia.

A semana será carregada de indicadores de inflação nos EUA e decisão de bancos centrais nos EUA e na Europa. Estes momentos sempre costumam ser um pouco mais tensos para os mercados, especialmente vis-à-vis os atuais níveis de preço e as volatilidade realizadas e implícitas baixas.

Continuo vendo um processo gradual de elevação da inflação nos EUA. Isso irá permitir que o processo de normalização monetária nos EUA e no resto do mundo desenvolvido seja também gradual e bem comunicado. Continuo gostando de posições tomadas em juros em alguns países do G10, combinadas com posições compradas em volatilidade de Rates e alguns pares de FX. Tenho focado no AUD por questões específicas do país.

No curto-prazo, a despeito de todos os riscos inerentes a fase atual do ciclo econômico global, continuo vendo um cenário relativamente construtivo para o final de 2017 e começo de 2018. Os dados de inflação nos EUA e as decisões do Fed do ECB poderão, eventualmente, alterar este quadro. Trabalho com um cenário base sem alterações drásticas de pano de fundo para as próximas semanas.




Data: 11/12/2017

Brasil: Reforma da Previdência apresenta "momento" favorável...

Os ativos de risco estão operando próximos a estabilidade esta manhã. Destaque para o lançamento do futuro de Bitcoin na CME, que levou a uma forte alta do ativo em suas primeiras horas de negociação. Na Nova Zelândia, a nomeação de um novo “Governor” para o Banco Central do país foi bem recebido pelo mercado, levando a uma alta superior a 1% no NZD, a moeda do país. A agenda externa será relativamente esvaziada hoje, mas a semana nos resera a divulgação do Core CPI e a decisão do Fed na quarta-feira.

Na China, os dados de inflação, o CPI e o PPI, ficara abaixo das expectativas do mercado em novembro. Os números não alteram de forma significativa o cenário econômico para o país. Comentei um pouco mais sobre este cenário no final da semana passada aqui: https://mercadosglobais.blogspot.com.br/2017/12/update.html.

No Brasil, o “momento” em torno da Reforma da Previdência continua positivo, como discorri ontem (https://mercadosglobais.blogspot.com.br/2017/12/brasil-fluxo-de-noticias-mais-positivas.html). Interessante mostrar uma pesquisa realizada pelo Ibope a pedido do Planalto, e divulgada hoje pelo Correio Braziliense:

Correio Braziliense - Aprovação sobe e rejeição despenca

Embora a maioria da população entenda que, se a reforma da Previdência emplacar, o país terá mais recursos para investir em saúde, educação e segurança pública, falta convencê-la da necessidade de se instituir uma idade mínima para aposentadoria e explicar a regra de transição para se chegar à exigência de 62 anos, para mulheres, e de 65, para homens. É o que mostra a pesquisa de opinião pública encomendada pela Presidência da República ao Ibope, à qual o Correio teve acesso. Com a nova investida nas propagandas e os recentes cortes na Proposta de Emenda à Constituição (PEC) nº 287, a aprovação à reforma subiu de 18% para 26% nos últimos dias. A rejeição caiu de 46%, no início de novembro, para 30%, no fim do mês. No mesmo período, os indecisos foram de 33% para 42%, uma margem grande para angariar apoio.

Ainda de acordo com o levantamento, 67% dos brasileiros concordam que servidores públicos e trabalhadores da iniciativa privada tenham as mesmas regras para se aposentar, e 55% são favoráveis à reforma acabar com privilégios de algumas categorias. Os números levam a duas principais conclusões: as propagandas têm gerado efeitos positivos para o governo e o discurso de equiparação de regras tem funcionado. O que as pessoas ainda não aceitam bem é a idade mínima, que, com a regra de transição proposta, aumentará aos poucos: 66% dos entrevistados dizem não concordar com esse dispositivo. Uma das maiores preocupações dos trabalhadores ainda é que as novas regras comecem a valer de imediato e ataquem direitos adquiridos.




Data: 11/12/2017

Brasil: Fluxo de notícias mais positivas.

O final de semana, até o momento, trouxe poucas novidades para o cenário externo, mas alguns desenvolvimentos relevantes para o cenário local.

Vale lembrar que continuo acreditando que os fundamentos da economia do Brasil estão se consolidando em trajetória mais positiva. Este pano de fundo deveria manter os ativos locais, a médio-prazo e sem alterações relevantes no cenário externo, de certa forma também em trajetória positiva. Contudo, no curto-prazo, é inegável que os investidores estão de olho no avanço (ou não) da Reforma da Previdência e que os ativos do Brasil irão reagir, mesmo que pontualmente, aos desenvolvimentos nesta frente.

Dito isso, o final de semana trouxe notícias mais construtivas. Após o “fechamento de questão” em torno da Reforma por parte do PMDB e do PTB, o PPS anunciou, segundo a mídia, que também votará em bloco pela Reforma. A convenção do PSDB elegeu, como era amplamente esperado, Geraldo Alckmin como presidente do partido. Em seu discurso, Alckmin adotou um tom duro e crítico contra a sua oposição, leia-se Lula e o PT. Além disso, fez acenos positivos ao atual Governo liderado por Michel Temer. Desta forma, Alckmin começa a dar uma direção mais clara ao PSDB, podendo se colocar como uma opção mais viável a uma candidatura oficial, com apoio mais amplo dos partidos de centro, nas eleições presidenciais de 2018. Além disso, de acordo com a mídia, Alckmin irá, agora, convocar a executiva do PSDB para tentar o “fechamento de questão” em torno da Reforma. Finalmente, o Governo sinaliza para uma votação dia 18 de dezembro, mas a mídia está reportando esta manhã que o debate em torno da Reforma poderá ser iniciado já dia 14, esta semana, na Câmara.

De maneira geral, vejo os desenvolvimentos recentes como mais positivos em favor da Reforma. Repito que tenho pouca visibilidade a este tema. Não tenho nenhuma vantagem comparativa para dar uma opinião mais firme em torno da possível aprovação, ou não da Reforma da Previdência. Então, tenho tentado focar nos fundamentos econômicos locais, na posição técnica do mercado e nas aparentes assimetrias dos ativos do Brasil vis-à-vis as probabilidades de aprovação da Reforma e os fundamentos econômicos.

A posição técnica me parece bastante saudável. Os estrangeiros estão reduzindo consistentemente alocações em Brasil, de níveis que já eram extremamente baixos para os padrões históricos. Nosso acompanhamento do fundos locais mostra um mercado pouco alocado e ainda favorecendo posições na parte curta da curva de juros ou nas NTN-Bs. Pouquíssimos fundos apresentam posições relevantes em Renda Variável e BRL.

Os fundamentos seguem positivos. Apenas para focar em um tema, o IPCA de novembro ficou abaixo das expectativas e as coletas de inflação mostram uma perspectiva de inflação baixa ainda em 2018. Este ambiente irá permitir que a Taxa Selic fica em torno, provavelmente abaixo de 7% ao longo de 2018, o que será um grande “vento favorável” à economia.

No tocante aos preços de mercado e probabilidade embutidas, ainda vejo valor no s ativos locais. Entendo que o processo de recuperação de preços não será “one-off”, instantâneo, e nem linear. Mas nos atuais níveis, ainda vejo valor e uma probabilidade baixa embutida em relação a recuperação cada vez mais visível, consolidada e espalhada da economia.  




Data: 08/12/2017

Update.

A semana trouxe poucas novidades relevantes para os cenários local e externo. De maneira geral, os dados econômicos seguem corroborando um cenário ainda construtivo e relativamente estável para a economia global.

Neste estágio do ciclo econômico, alguma acomodação dos números é natural, como o caso da produção industrial da Alemanha, que caiu pelo segundo mês consecutivo em outubro. Ainda não vejo motivos evidentes para temer uma mudança brusca ou substancial de cenário. Não há apertos consideráveis das condições financeiras, os juros seguem baixos no mundo desenvolvido, os bancos centrais mostram gradualismo no processo de normalização monetária, não há sinais aparentes de uma aceleração mais aguda da inflação no mundo, e etc.

Nos EUA, os dados de emprego divulgados hoje reforçaram um quadro de robustez do mercado de trabalho, com uma criação ainda saudável de postos de trabalho, uma taxa de desemprego baixa, porém sem pressões muito preocupantes do lado dos salários. Este costuma ser um cenário bastante positivo para a economia dos EUA e para os ativos de risco como um todo.

A China vem trazendo algum ruído aos mercados da Ásia, com algum aperto, induzido pelo PBoC, das condições financeiras levando a alguma pressão nas bolsas. Este processo parece estar sendo guiado pelo PBoC e permanece um risco localizado e contido. Como não me parece um evento exógeno, inesperado, porém liderado pelo PBoC, tendo a acreditar que o objetivo seja trazer alguma racionalidade e desalavancagem para a economia e o sistema financeiro local. Assim, o cenário base parece ser de uma desaceleração gradual da economia. Caso estes eventos venham a trazer impactos mais relevantes para o país, tendo a acreditar que o Governo teria os instrumentos adequados para evitar uma piora mais acentuada da situação. De qualquer maneira, erros de política monetária devem ser vistos como “risco de cauda” e não como cenário base.

No Brasil, o IPCA de novembro apresentou alta de 0,28% MoM e 2,8% YoY. O quadro qualitativo do indicador continua mostrando uma inflação corrente baixa e perspectivas ainda positivas (inflação baixa) para o ano de 2018. Os números de hoje reforçam a minha visão de taxas de juros mais baixas por mais tempo no país. Acredito que ainda haja espaço para a Taxa Selic cair para algo em torno de 6,75%-6,50% e ficar neste patamar por cerca de um ano (ou mais). Neste ambiente, ainda vejo valor na parte intermediária da curva de juros. Como tenho refletido neste fórum, não acredito que a compressão desses prêmios será feita de forma rápida, mas ao longo do tempo, conforme o mercado for se convencendo, ou se tornando mais confortável, com o cenário descrito acima.

Os ativos locais continuam bastante sensíveis aos ruídos envolvendo a Reforma da Previdência. Não tenho opinião, ou vantagem comparativa, em opinar se a Reforma será, ou não, aprovada. Tenho um viés, contudo, de acreditar que o simples fato desta questão estar na mídia está sendo negativa para os mercados locais. Acredito que, não sendo aprovada, poderemos ver alguma pressão pontual e limitada, de curto-prazo, nos ativos do Brasil, mas ainda vejo os fundamentos de médio-prazo, ainda bastante positivos, se sobrepondo a Reforma da Previdência.

Na minha visão, é inegável que o Brasil tem um problema fiscal gigantesco, que precisará ser equacionado nos próximos anos. Contudo, o cenário de 2018 será um pouco mais tranquilo do ponto de vista econômico e fiscal, com a melhora do crescimento, uma inflação e juros baixos, e receitas extraordinárias dando algum “respiro”, de curto-prazo, a situação fiscal. Isso não significa que a Reforma não seja imprescindível, mas que, caso não haja grandes alterações no cenário externo, o mercado poderá dar mais algum benefício da dúvida ao país. Contudo, uma mudança no cenário externo, em meio a um quadro eleitoral mais incerto, na ausência da Reforma, deixará o país menos “blindado”, e mais susceptível, aos fluxos de curto-prazo.

Em suma, ainda vejo valor na parte intermediária das curvas de juros (nominal e real). Vejo valor e uma posição técnica favorável no mercado de renda variável. Continuo vendo o BRL em um range entre 3,10-3,35, mas dos ativos locais é o que eu menos tenho convicção, preferindo adotar postura tática ou utiliza-lo como hedge.

Alguns comentários finais. O cenário para fluxo continua construtivo em dezembro. Teremos a emissão da BR Distribuidora na semana que vem (IPO), que pode estar trazendo algum “overhand” ao mercado de renda variável local. As emissões de dívidas corporativas continuam com demanda alta, saindo a taxas fechadas, como foi o caso do papel de BTG Pactual ontem. Em suma, a despeito da dinâmica ruim dos ativos locais, o mercado permanece bastante saudável. 




Data: 08/12/2017

Notícias mais positivas no Brasil, dados construtivos na China e agenda carregada hoje.

Os ativos de risco estão operando próximos a estabilidade, a espera dos dados de emprego nos EUA. Ontem, a notícia de evolução nas negociações do Brexit, o avanço para evitar um “shutdown” nos EUA, além de rumores de que Trump poderiam anunciar um pacote agressivo e detalhado de investimentos já no inicio de 2018 ajudaram a dar suporte aos ativos norte americanos no final da tarde.

No Brasil, os ativos locais continuam mostrando elevada volatilidade e sensibilidade em relação a Reforma da Previdência. A quarta-feira foi de fluxo de notícias mais negativo, o que acabou castigando os ativos do país. Hoje pela manhã, os jornais indicam que a votação está acordada para o dia 18 deste mês e que o governo já teria contabilizado cerca de 396 votos a favor da Reforma. Na agenda do dia, teremos o IPCA como destaque.

Na China, os dados de importação e exportação de novembro apresentaram forte recuperação, mostrando algum “payback” de questões pontuais do mês anterior, mas também apontando para um cenário de relativa estabilidade da economia do país, ou seja, um pano de fundo ainda construtivo. Segundo o Citibank: China’s export growth bounced back strongly – In dollar terms, export growth unexpectedly surged from 6.9%YoY in Oct to 12.3%YoY in Nov, much higher than market’s expectations (Citi: 4.9%YoY, Consensus: 5.3%YoY). Import growth also improved by 0.5 ppt to 17.7%YoY. Overall, the monthly trade balance widened from USD 38.2 bn in Oct to USD 40.21 bn.

Em relação aos dados do Mercado de trabalho nos EUA, que serão divulgados hoje, todas as atenções estarão voltadas para os números de rendimentos. Acredito que os dados de hoje, dependendo se seus resultados, odem ser determinantes para as próximas semanas (talvez meses) e para as próximas tendências do mercado. Deixo aqui o comentário do Morgan Stanley:

US employment costs. Today’s focus will be on the release of the US labour market report where it needs to be seen if the US November employment increase turns out equally strong compared to the Canadian numbers last week. Of specific importance will be wage data. It has been low wage inflation keeping capital expenditure spending subdued, pushing the ratio of the US capital stock to employment down and laying the foundation for productivity disappointment and implicitly low real US yields. Signs of employment costs picking up are likely to spark a chain reaction supporting capex, and leading to productivity gains and higher US real yield.

Inflation indications. Interestingly, the underlying inflation gauge (UIG) a measure of sustained movements in inflation provided by the New York Fed is at 2.96%, the highest in more than 10 years, signaling price pressures have picked up even as headline CPI remained subdued. Should US wages pick up, the Fed will have to decide either to tolerate higher inflation rates arguing that past years' inflation undershoot warrants scope for a temporary overshoot or to react mechanically via hike rates. The first case would allow the USD to stay weak for longer, the second case would produce a temporary USD rebound.

Continuo alocado em ativos do Brasil, administrando o tamanho e os instrumentos da posição, visando passar este momento mais turbulento e volátil da Reforma da Previdência, mas sem perder de vista a melhora cada vez mais consolidada do quadro econômico e seus fundamentos. Para balancear o portfólio, sigo com posições tomadas em taxas de juros nos EUA, vendido em AUD (promovi alguns ajustes na posição após o movimento recente de queda) e comprada em volatilidade de Rates, FX e Equities, cuja postura precisa sempre ser um pouco mais dinâmica na administração.




Data: 07/12/2017

Brasil: Negociações para Previdência avançam. BCB faz o esperado pelo mercado.

Os ativos de risco estão mostrando leves sinais de “Reflation” esta manhã, com  a abertura de taxas de juros no mundo desenvolvido dando pequeno suporte ao dólar. As bolsas e as commodities operam em alta. Ontem foi um dia em que o destaque, mais uma vez, ficou por conta do fortalecimento global do dólar, em meio a um movimento de fechamento de taxa de juros longas nos EUA. Hoje, as bolsas da Ásia, no geral, tiveram mais um dia negativo, dando seguimento a um movimento de pressão que vem sendo liderado pelos mercados na China, mas ainda não gerou contágio maior ao resto do mundo.

Em termos econômicos, continuo vendo um cenário relativamente estável. O crescimento global continua saudável, mas é bem provável que o pico do crescimento já tenha ocorrido, e alguma acomodação de curto-prazo seja observada nos próximos meses. A inflação continua baixa, mas é razoável supor que tenhamos um processo gradual de alta da inflação, especialmente no mundo desenvolvido. Os bancos centrais devem seguir um processo de normalização monetária, mas talvez de forma um pouco mais acelerada, mesmo que ainda gradual, do que no passado recente. Estas mudanças marginais de cenário podem vir a impactar os preços de mercado, especialmente no momento em que estas inflexões estejam ocorrendo.

Hoje pela manhã, a produção industrial da Alemanha apresentou sua segunda queda consecutiva, surpreendendo as expectativas do mercado. Não vejo este movimento como uma mudança de cenário, mas como uma acomodação natural do crescimento do país.

No Brasil, o BCB anunciou um corte de 50bps na Taxa Selix, para 7%, como era amplamente esperado. O BCB sinalizou que o mais provável seja um corte de 25bpsna próxima reunião e, a partir de então, o cenário para política monetária será muito mais dependentes dos dados correntes e prospectivos. Acredito que a decisão tenha sido, grosso modo, em linha com as expectativas do mercado. Ainda vejo valor na parte intermediária da curva de juros, pois ensejo um cenário de fechamento gradual do hiato do produto e inflação ainda baixa nos próximos 12 a 18 meses. Assim, acredito que o valor no mercado de juros esteja na compressão dos prêmios de alta de juros ao longo de 2018. Entendo que este movimento será gradual e que os ganhos esperados hoje sejam muito menores do que no passado recente, devido ao nível da taxa e ao momento do ciclo de política monetária.

No final da tarde de ontem, o PMDB e o PTB anunciaram  o fechamento de questão em prol da Reforma da Previdência. O Governo está extremamente empenhado nas negociações para a aprovação da Reforma. Ainda existe uma enorme incerteza e diversos ruídos envolvendo o tema. Não pretendo comentar aqui todos os ruídos que surgem em relação ao processo de negociação.




Data: 06/12/2017

Risk-Off liderado pelo Ásia. Brasil: PMDB marca reunião para fechar questão em torno da Previdência.

O destaque da noite ficou por conta de uma pressão generalizada nas bolsas da Ásia, que está colocando pressão nas bolsas da Europa e dos futuros das bolsas dos EUA nesta manhã. Acho interessante observar que, além da “grande rotação” entre os setores da bolsa dos EUA que tenho apontando neste fórum, a bolsa norte americana vem apresentando dinâmica ruim desde o avanço da Reforma Tributária no Senado.

Vejo está dinâmica como um sinal de alerta. Por ora, estou tratando estes movimentos como “realizações de lucro”, acomodações, normais dentro de um pano de fundo econômico ainda estável. Contudo, com a chegada de um novo ano, e a maturação do ciclo econômico global, precisamos ficar atentos, preparados e flexíveis para eventuais mudanças concretas e estruturais de cenário para os ativos de risco ao redor do mundo.

Por este motivo, tenho mantido um portfólio externo mais balanceado. Posições tomadas na curva de juros dos EUA são balanceadas com compra de volatilidade em Rates e Equities no país, assim como uma posição vendida em AUD.

No Brasil, os ruídos em torno da Reforma da Previdência são grandes. De concreto, o PMDB marcou reunião extraordinária para discutir o fechamento de questão em torno da Reforma para esta quarta-feira à tarde. O intuito é que um eventual fechamento de questão leve outros partidos a adotarem a mesma postura, criando “momento” para a aprovação da Reforma.

Ontem, a Produção Industrial foi divulgada, confirmando um cenário de recuperação gradual do crescimento.

Na tarde de hoje, o BCB divulgará a decisão de política monetária. Espero uma queda de 50bps e um comunicado um pouco mais flexível em torno dos próximos passos para a política monetária. Ainda vejo a Taxa Selix abaixo de 7%, com chances de reais de uma taxa entre 6% e 6,5%. Contudo, entendo que estamos em uma fase de “ajuste fino” da política monetária local. Acredito que os juros ficarão baixos por mais tempo, o que tende a favorecer a parte intermediária das curvas nominais e reais de juros. 




Data: 05/12/2017

"Grande Rotação" Externa. Cenário Tranquilo e Favorável no Brasil.

Os ativos de risco estão operando próximos a estabilidade neste momento. O grande destaque do dia de ontem ficou por conta de uma “Grande Rotação” entre os setores da bolsa dos EUA, com as empresas de Crescimento e Momento fortemente afetadas pela Reforma Tributária, assim como o setor de Tecnologia, em detrimento ao setor Financeiro e o conhecido setor de Valor que acabaram sendo favorecidos com movimentos de alta. De maneira mais tímida, começo a ver alguma rotação das bolsas desenvolvidas para as bolsas emergentes, o que pode acabar se tornando uma outra tendência ao longo de 2018.

No Brasil, a fluxo de notícias envolvendo a Reforma da Previdência parece mais positivo, ou pelo menos negativo, com a alta governista fazendo um imenso esforço para sua aprovação. Os ativos locais reagiram de maneira positiva a melhora nas perspectivas de aprovação. Seguem alguns headlines de hoje:

https://oglobo.globo.com/economia/ofensiva-por-reforma-da-previdencia-inclui-promessas-eleitorais-22150062

https://oglobo.globo.com/economia/governo-aposta-que-cinco-partidos-podem-fechar-questao-para-votar-reforma-da-previdencia-22147923

O BCB anunciou para hoje dois leilões de linha de cerca de US$2bi, em mais um movimento para aliviar a tensão no mercado de câmbio neste final de ano.

A janela de captações externas segue aberta e construtiva. A Itaú sinalizou com a emissão de um papel perpétuo, em movimento semelhante ao realizado pelo Banco Votorantim na semana passada. Este tipo de papel é visto como capital de acordo com a nova Basiléia, o que ajuda o balanço dessas instituições, além de manter o fluxo cambial favorável no curto-prazo.

Segundo a mídia, a Petrobrás estaria em vias de vender seus gasodutos no Nordeste por cerca de US$5bi. Seria mais um, dos diversos passos importantes e positivos no processo de desinvestimento e desalavancagem da companhia.

Em suma, o cenário para o Brasil continua tranquilo e favorável. 




Data: 04/12/2017

"Reflation" no mundo. Brasil: Há uma luza no fim do túnel para aprovação da Previdência.

 

Os ativos de risco estão revertendo grande parte dos movimentos verificados na tarde de sexta-feira, após os ruídos envolvendo um assessor de campanha de Donald Trump (mais detalhes aqui: https://mercadosglobais.blogspot.com.br/2017/12/trump-reforma-tributaria-nos-eua-e-pib.html). A aprovação da Reforma Tributária no Senado dos EUA, além da dissipação do ruídos comentado anteriormente estão sendo os principais responsáveis pelos movimentos de hoje. 

 

Continuo vendo os ativos globais de risco operando entre o “Goldilocks” e o “Reflation” neste final de ano, baseado em um pano de fundo ainda positivo para a economia global. Como risco ao cenário, ainda vejo com maior probabilidade a possibilidade de uma aceleração do processo de normalização monetária nos EUA e uma potencial, mas com probabilidade mais baixa, desaceleração mais acentuada da China. Neste ambiente continuo favorecendo posições tomadas em taxas de juros nos EUA, assim como posições vendidas em AUD como composição aos portfólios. 

 

No Brasil, segundo a mídia, o jantar de Temer com a base aliada ontem rouxe uma luz de esperança para a Reforma da Previdência, vejam abaixo: 

 

http://www.valor.com.br/politica/5216137/base-esta-reorganizada-para-tentar-votar-reforma-diz-maia 

 

http://www1.folha.uol.com.br/mercado/2017/12/1940375-temer-diz-que-delacao-da-jbs-prejudicou-nova-previdencia-e-pede-apoio.shtml 

 

Continuo vendo valor nos ativos locais nos atuais níveis, em meio a uma posição técnica que me parece saudável e um cenário interno positivo, confirmado pelos dados recentes.




Data: 04/12/2017

Trump, Reforma Tributária nos EUA e PIB no Brasil.

 

No cenário externo, dois eventos afetaram os mercados ao longo do dia de ontem. Quando ficava claro que a Reforma Tributária nos EUA avançaria no Senado, consolidando um cenário positivo e construtivo de “Reflation” para os ativos globais, com as devidas rotações típicas de momentos como esse, os investidores foram surpreendidos pela notícia de que um dos antigos assessores de campanha de Trump teria aceito um “acordo de delação premiada”. Este acordo poderia colocar a Casa Branca no meios das investigações que potencialmente envolvem a Rússia no processo eleitoral. 

 

No início da madrugada, o Senado passou uma versão revisada, mas não menos importante, da Reforma Tributária. Este é um passo importante para a implementação da Reforma no país. 

 

Acredito que o evento descrito acima deva ser visto como um ruído de curto-prazo, a despeito do impacto relevante verificado ao longo do dia. No final da tarde, rumores de que quem estaria envolvido no possível escândalo seria um outro assessor direto de Trump, no caso seu genro, e não Trump propriamente dito, ajudou a trazer alívio aos preços. 

 

Com relação a Reforma Tributária, acredito que poderá trazer efeitos positivos para o crescimento. Caso seja de fato implementado, terá efeitos secundários no tocante a política monetária do país. É razoável supor que o Fed passe a trabalhar com algum impacto fiscal em sua trajetória, trazendo um processo ainda mais agudo de normalização monetária, mesmo que ainda gradual. Assim, mantenho a postura tomadora em taxas de juros do país, um processo que acredito que será estrutural. 

 

No Brasil, o PIB do 2 trimestre ficou dentro das expectativas do mercado, com crescimento ainda modesto. A despeito do gradualismo da recuperação, o crescimento dá sinais cada vez mais claros de consolidação e espalhamento, com recuperação do Consumo e dos Investimentos. O número reforça um cenário positivo para o crescimento do país este e no próximo ano. 

 

No tocante a Reforma da Previdência, ainda existe muito ruído e desinformação em relação ao tema. Temer participou hoje de evento junto ao Governador de São Paulo e possível novo presidente do PSDB Geraldo Alckmin. Henrique Meirelles também estava presente. O tom do evento foi um tom claro de campanha. Parece cada vez mais evidente que as eleições de 2018 entraram no radar e qualquer movimento já está sendo meticulosamente calculado com vistas as eleições. 

 

Continuo vendo valor nos ativos locais nos atuais níveis de preço, independente da Reforma da Previdência no curtíssimo-prazo. Contudo, já entendi que a ausência da Reforma deverá trazer volatilidades pontuais.




Data: 01/12/2017

Dia de agenda cheia. Brasil: Previdência, Swaps Cambiais e Fluxos.

 

Os ativos de risco operam próximos a estabilidade, em um dia de agenda bastante relevante. Destaque para a votação da Reforma Tributária nos EUA. Caso a Reforma não avance, os movimentos dos últimos dias, como alta da bolsa, rotação entre os setores, abertura de taxas de juros, podem acabar sendo revertidos. A passagem da Reforma reforçaria o cenário de “Reflation” para o final do ano, liderado pelos EUA. Outros dados serão importantes, como o ISM Manufacturing, mas muito menos relevantes do que a aprovação (ou não) da Reforma Tributária. 

 

No Brasil, o dia será de divulgação do PIB. Mesmo sendo um número que traz uma fotografia “atrasada” da economia, diante da amplitude de evidências de recuperação do crescimento, do emprego e da renda, nas últimas semanas, costuma ser um número muito observado pelo mercado. 

 

Em relação à Reforma da Previdência, a mídia definitivamente adotou um tom mais negativo com relação às perspectivas de aprovação este ano. De qualquer maneira, o mercado já parece ter feito um ajuste de preços e posições relevantes ao longo desta semana refletindo este tom mais cauteloso com relação à Previdência. 

 

Na noite de ontem, o BCB anunciou a rolagem dos cerca de US$10bi de swaps cambiais vincendo até janeiro. O anúncio tira uma incerteza de curto-prazo, em um momento de volatilidade dos mercados. Como existe a expectativa de fortes fluxos cambiais este final de ano, existia alguma expectativa do BCB não promover a rolagem integral dos swaps. 

 

Falando em fluxo, a janela de emissões de bonds corporativos externos está reaberta. Ontem vimos a emissão de US$1bi de Cemig e US$300mm de Banco Votorantim perpétui. Ambas foram muito bem demandadas, as saíram a taxas mais fechadas do que as expectativas e em tamanho superior ao esperado. Estes movimentos mostram que ainda existe amplo apetite para Brasil e EM a despeito dos ruídos recentes. 

 

Voltando ao cenário externo, as exportações da Coréia do Sul, uma Proxy para o crescimento global dado sua corrente de comercio elevada e as características da economia, apresentou mais um mês de números saudáveis, mostrando um quadro ainda construtivo para o crescimento global. Segundo a Goldman Sachs: 

 

"November headline exports grew 9.6% from a year ago, strengthening only slightly from 7.1% in the previous month. However, exports excluding ships (a better proxy for current global demand for Korean goods in our view) were stronger at 16.9% yoy, up from 5.2% in October. Sequential growth rebounded to 8.3% (sa in GENHOL), amid broad improvement across all major trading partners. Semiconductors stayed a main driver and accounted for 90% of headline exports growth in November. Imports strengthened to 12.3% growth, as the trade surplus rose slightly to US$7.8bn."  




Data: 30/11/2017

Global Risk-on, Local Risk-Off!

 

Primeiro, os dados econômicos, locais e externos, confirmam um cenário construtivo para a economia global e a economia do Brasil. Depois entro em detalhes.

Segundo,  preciso fazer uma “mea culpa”. Eu claramente dei menos importância a dinâmica da Reforma da Previdência para os ativos locais do que ela merecia. Os ativos do Brasil apresentaram clara performance relativa (e absoluta) pior do que seus demais pares emergentes ao longo desta semana.

Os dados recentes confirmam um quadro de recuperação do crescimento, como observamos nos últimos indicadores de confiança, e uma recuperação do mercado de trabalho, como mostrou hoje os dados de emprego do IBGE. A dinâmica de recuperação ainda é de gradualismo, mas o cenário se consolida e se torna mais espalhado. As contas externas continuam saudáveis, sem nenhum sinal aparente de “desbalanço”. Até mesmo o quadro fiscal, um enorme desafio (e um problema gigante para o futuro caso nada seja feito) mostra sinais cíclicos mais positivos, com uma melhora na arrecadação. A inflação segue baixa e surpreendendo o mercado e o BCB na ponta mais baixa.

Em suma, vejo um cenário hoje mais claro e construtivo para o Brasil do que há duas semanas atrás. Assim, fica a impressão que o fluxo de notícias envolvendo a Reforma da Previdência seja o único vetor, dado que os demais emergentes não apresentaram movimentos da mesma magnitude, que possa explicar a piora de nível dos ativos locais.

Eu tenho uma tese que o quadro fiscal só será um problema gigante, de fato, se as eleições presidenciais de 2018 colocarem no poder um presidente extremista, contrário as reformas estruturais. Caso contrário, o fiscal de 2018 será ciclicamente melhor (o que não significa que será positivo ou uma maravilha), empurrando o problema para um próximo governo. Ai sim, se nada for feito, o ano de 2019 mostrará um país muito mais fragilizado. Nesta minha teoria, se a mídia não estivesse dando enorme enfoque ao tema da Previdência, para nenhum lado, talvez os mercados não estivessem apresentando está dinâmica.

Dito isso, mantenho um viés construtivo com o país e seus ativos. Dado o cenário externo, estou preferindo exposição a bolsa do Brasil e a alguns plays no mercado de juros, dado minha visão de que a Taxa Selic irá abaixo de 7% mas, principalmente, ficará neste nível por um tempo prolongado. A curva parece apresentar prêmios neste sentido. O BRL me parece um play muito mais tático diante do cenário externo. Contudo, dado as expectativas de fluxo para este final de ano e o quadro das contas externas, não esperaria movimentos de depreciação muito além dos 3,30-3,33 recentes. De qualquer maneira, tenho sido surpreendido pela dinâmica dos mercados locais.

No resto do mundo, segue um cenário de “Reflation”. Além de dados de crescimento mostrando um mundo saudável, vemos sinais mais consistentes de uma alta gradual dos indicadores de inflação e salários nos EUA. Finalmente, a “Reforma Tributária” está avançando no Senado, o que não era esperado pelo mercado. Com este pano de fundo, a Treasury de 10 anos rompeu hoje o nível de 2,40% e, na minha visão, mantido os vetores acima, tem tudo para atingir níveis mais elevados no curto e médio-prazo.

Reitero o que escrevi ontem: Pela posição técnica do mercado e pelo desempenho do mesmo ao longo do ano, está “Grande Rotação” ainda pode continuar nos próximos dias, quiçá meses, em uma possível preparação do mercado a um eventual novo cenário econômico em 2018. Para que estes movimentos sejam mais sustentáveis, e não apenas ajustes técnicos, contudo, será necessário um suporte maior do cenário econômico. Neste frente, os próximos dias serão fundamentais, com o avanço (ou não) da Reforma Tributária nos EUA e importantes dados de inflação e emprego. (https://mercadosglobais.blogspot.com.br/2017/11/mercados-globais-de-goldilocks-para-um.html).

Sigo tomado em taxas de juros em alguns países do G10, além de comprado em volatilidade de Rates e alguns pares de FX, com preferência ao AUD.    




Data: 30/11/2017

"Reflation" prevalece no mundo. Brasil: Reforma da Previdência é fonte de ruído.

 

Os ativos de risco continuam operando com um viés pro “Reflation”. Os dados econômicos e eventos recentes deixam espaço para que estes movimentos prevaleçam, como comentei na tarde de ontem (https://mercadosglobais.blogspot.com.br/2017/11/mercados-globais-de-goldilocks-para-um.html).

O destaque da noite ficou por conta do avanço do debate em torno da Reforma Tributária nos EUA, com o Senado aprovando, por 52 votos a 48 o avanço das discussões na Casa. Há uma chance de que o texto seja votado ainda nesta semana.

Na China, o PMI Manufacturing oficial de outubro subiu de 51,6 para 51,8 pontos, surpreendendo positivamente as expectativas de queda para 51,4 pontos. A despeito do recuo nos sub-índices de preços, vimos elevação em quase todos os demais sub-índices referentes ao crescimento. O número mostra um quadro de crescimento ainda suadável e relativamente estável no país, debelando os receios de uma desaceleração mais acentuada da economia chinesa no curto-prazo. Vale lembrar que o mercado já espera alguma desaceleração moderada do país nos próximos meses e ao longo de 2018.

A Coreia do Sul elevou as taxas de juros em 25bps, mas manteve um discurso extremamente dovish, o que acabou afetando negativamente a moeda do país, o KRW, que é um destaque de depreciação esta manhã.

No Brasil, a mídia continua focada no debate em torno da Reforma da Previdência. Ainda existe bastante ruído em torno do tema e informações desencontradas. A despeito de sinais mais positivo nas últimas semanas, o governo ainda não parece ter os votos necessários para a aprovação. Uma votação semana que vem parece ser otimista demais. Na semana seguinte seria mais realista, porém o tempo está ficando curto. Vejam algumas matérias, na minha visão relativamente construtivas, sobre o tema nos jornais de hoje:

http://painel.blogfolha.uol.com.br/2017/11/30/para-alavancar-reforma-da-previdencia-planalto-destina-mais-r-70-milhoes-para-publicidade/

http://www1.folha.uol.com.br/colunas/monicabergamo/2017/11/1939218-psdb-volta-a-discutir-nesta-quinta-se-fecha-questao-em-torno-da-previdencia.shtml

http://www1.folha.uol.com.br/mercado/2017/11/1939388-por-previdencia-governo-aceita-negociar-refis-para-microempresas.shtml

http://www.valor.com.br/politica/5212605/sem-garantia-de-sucesso-previdencia-pode-ir-voto




Data: 30/11/2017

De "Goldilocks" para um pouco mais de "Reflation"

 

Os mercados financeiros globais estão passando por uma “Grande Rotação” neste momento, saindo um pouco do “Goldilocks” para um pouco mais de “Reflation”. Muitos me perguntaram ao longo do dia o que teria sido o “trigger” para este movimento. Acredito que um conjunto de vetores explica está rotação tais como: o aumento da probabilidade de concretização de alguma Reforma Tributária nos EUA, dados levemente mais elevados de inflação na Alemanha, além da confirmação de números econômicos positivos nos EUA nas últimas 48 horas.

Alguns dos reflexos desta rotação são mais claros (e óbvios), tal como a abertura de taxa de juros no G10. Outros são um pouco mais sutis, como o bom desempenho do Setor de Financials na bolsa do EUA, em detrimento a uma forte pressão no Setor de Tech. A posição técnica do mercado, vencedora durante grande parte do ano, acaba ajudando a acentuar estes movimentos e está “Rotação”.

Os ativos emergentes sentiram alguma pressão, muito devido a abertura das taxas de juros no G10, em um efeito secundário à “Grande Rotação” de outras classes de ativos. Os ativos no Brasil, contudo, apresentaram claro desempenho inferior aos seus pares. Não tenho explicação óbvia para a under-performance de Brasil ao longo do dia de hoje.

Pela posição técnica do mercado e pelo desempenho do mesmo ao longo do ano, está “Grande Rotação” ainda pode continuar nos próximos dias, quiçá meses, em uma possível preparação do mercado a um eventual novo cenário econômico em 2018. Para que estes movimentos sejam mais sustentáveis, e não apenas ajustes técnicos, contudo, será necessário um suporte maior do cenário econômico. Neste frente, os próximos dias serão fundamentais, com o avanço (ou não) da Reforma Tributária nos EUA e importantes dados de inflação e emprego.

Em relação ao Brasil, ainda vejo o cenário externo ditando a dinâmica dos ativos locais. Uma possível aprovação da Reforma da Previdência poderia de certa forma “blindar” os ativos locais de deteriorações mais acentuadas. A ausência de Reforma, contudo, coloca o país em posição um pouco mais frágil. De maneira geral, contudo, ainda vejo um cenário econômico positivo para o país, como tenho reportado neste fórum amplamente nas últimas semanas. Não vejo uma posição técnica ruim por parte dos fundos locais, o que me leva a crer que os fluxos nesta deterioração sejam fruto de estrangeiros.

Em síntese, ainda vejo o cenário migrando entre o “Goldilocks” e o “Reflation” o que requer um portfólio balanceado entre as classes de ativos e os devidos hedges. 




Data: 30/11/2017

"Reflation" prevalece no mundo. Brasil: Reforma da Previdência é fonte de ruído.

 

Os ativos de risco continuam operando com um viés pro “Reflation”. Os dados econômicos e eventos recentes deixam espaço para que estes movimentos prevaleçam, como comentei na tarde de ontem (https://mercadosglobais.blogspot.com.br/2017/11/mercados-globais-de-goldilocks-para-um.html). 

 

O destaque da noite ficou por conta do avanço do debate em torno da Reforma Tributária nos EUA, com o Senado aprovando, por 52 votos a 48 o avanço das discussões na Casa. Há uma chance de que o texto seja votado ainda nesta semana. 

 

Na China, o PMI Manufacturing oficial de outubro subiu de 51,6 para 51,8 pontos, surpreendendo positivamente as expectativas de queda para 51,4 pontos. A despeito do recuo nos sub-índices de preços, vimos elevação em quase todos os demais sub-índices referentes ao crescimento. O número mostra um quadro de crescimento ainda suadável e relativamente estável no país, debelando os receios de uma desaceleração mais acentuada da economia chinesa no curto-prazo. Vale lembrar que o mercado já espera alguma desaceleração moderada do país nos próximos meses e ao longo de 2018. 

 

A Coreia do Sul elevou as taxas de juros em 25bps, mas manteve um discurso extremamente dovish, o que acabou afetando negativamente a moeda do país, o KRW, que é um destaque de depreciação esta manhã. 

 

No Brasil, a mídia continua focada no debate em torno da Reforma da Previdência. Ainda existe bastante ruído em torno do tema e informações desencontradas. A despeito de sinais mais positivo nas últimas semanas, o governo ainda não parece ter os votos necessários para a aprovação. Uma votação semana que vem parece ser otimista demais. Na semana seguinte seria mais realista, porém o tempo está ficando curto. Vejam algumas matérias, na minha visão relativamente construtivas, sobre o tema nos jornais de hoje: 

 

http://painel.blogfolha.uol.com.br/2017/11/30/para-alavancar-reforma-da-previdencia-planalto-destina-mais-r-70-milhoes-para-publicidade/

 

http://www1.folha.uol.com.br/colunas/monicabergamo/2017/11/1939218-psdb-volta-a-discutir-nesta-quinta-se-fecha-questao-em-torno-da-previdencia.shtml 

 

http://www1.folha.uol.com.br/mercado/2017/11/1939388-por-previdencia-governo-aceita-negociar-refis-para-microempresas.shtml 

 

http://www.valor.com.br/politica/5212605/sem-garantia-de-sucesso-previdencia-pode-ir-voto

 




Data: 30/11/2017

De "Goldilocks" para um pouco mais de "Reflation"

 

Os mercados financeiros globais estão passando por uma “Grande Rotação” neste momento, saindo um pouco do “Goldilocks” para um pouco mais de “Reflation”. Muitos me perguntaram ao longo do dia o que teria sido o “trigger” para este movimento. Acredito que um conjunto de vetores explica está rotação tais como: o aumento da probabilidade de concretização de alguma Reforma Tributária nos EUA, dados levemente mais elevados de inflação na Alemanha, além da confirmação de números econômicos positivos nos EUA nas últimas 48 horas. 

 

Alguns dos reflexos desta rotação são mais claros (e óbvios), tal como a abertura de taxa de juros no G10. Outros são um pouco mais sutis, como o bom desempenho do Setor de Financials na bolsa do EUA, em detrimento a uma forte pressão no Setor de Tech. A posição técnica do mercado, vencedora durante grande parte do ano, acaba ajudando a acentuar estes movimentos e está “Rotação”. 

 

Os ativos emergentes sentiram alguma pressão, muito devido a abertura das taxas de juros no G10, em um efeito secundário à “Grande Rotação” de outras classes de ativos. Os ativos no Brasil, contudo, apresentaram claro desempenho inferior aos seus pares. Não tenho explicação óbvia para a under-performance de Brasil ao longo do dia de hoje. 

 

Pela posição técnica do mercado e pelo desempenho do mesmo ao longo do ano, está “Grande Rotação” ainda pode continuar nos próximos dias, quiçá meses, em uma possível preparação do mercado a um eventual novo cenário econômico em 2018. Para que estes movimentos sejam mais sustentáveis, e não apenas ajustes técnicos, contudo, será necessário um suporte maior do cenário econômico. Neste frente, os próximos dias serão fundamentais, com o avanço (ou não) da Reforma Tributária nos EUA e importantes dados de inflação e emprego. 

 

Em relação ao Brasil, ainda vejo o cenário externo ditando a dinâmica dos ativos locais. Uma possível aprovação da Reforma da Previdência poderia de certa forma “blindar” os ativos locais de deteriorações mais acentuadas. A ausência de Reforma, contudo, coloca o país em posição um pouco mais frágil. De maneira geral, contudo, ainda vejo um cenário econômico positivo para o país, como tenho reportado neste fórum amplamente nas últimas semanas. Não vejo uma posição técnica ruim por parte dos fundos locais, o que me leva a crer que os fluxos nesta deterioração sejam fruto de estrangeiros. 

 

Em síntese, ainda vejo o cenário migrando entre o “Goldilocks” e o “Reflation” o que requer um portfólio balanceado entre as classes de ativos e os devidos hedges.




Data: 29/11/2017

Entre o "Goldilocks" e o "Reflation".

Os mercados na Ásia apresentaram bom desempenho durante a noite, assim como os mercados na Europa esta manhã, seguindo a última rodada de “risk-on” verificada nos EUA no final da tarde de ontem. O destaque desta manhã fica por conta do bom desempenho dos ativos emergentes, em especial no mercado de moedas. 

A agenda dia será um pouco mais agitada, com destaque para o PIB do 3Q nos EUA e seus principais componentes.

Na tarde de ontem, a Comissão do Senado dos EUA conseguiu aprovar o texto base para o avanço da Reforma Tributária/Fiscal no país, agora o texto irá a plenário ainda esta semana. A despeito de todos os obstáculos, a Reforma avança no Congresso. Ao que tudo indica, cresceram as chances de que alguma reforma seja aprovada ainda este ano, pelo menos em uma das casas.

Começo a trabalhar com um cenário de aprovação da Reforma Tributária, mas uma reforma que seja positiva do ponto de vista da sustentação ao crescimento, todavia não agressiva o bastante para alterar de forma significativa o pano de fundo para a política monetária e a inflação, dado que ajustes terão que ser feitos ao longo do processo, em um caminho natural de negociações até uma aprovação final. Este cenário manteria o ambiente global entre o “Goldilocks” e o “Reflation” nas últimas semanas do ano.

A mídia traz poucas novidades em relação ao Brasil na manhã de hoje. 




Data: 28/11/2017

Risk On!

Os dados econômicos estão ratificando um cenário positivo para a economia global, o que tem gerado uma reação de acordo dos ativos de risco, com um movimento quase que generalizado de “risk-on”. Continuo vendo espaço para os mercados financeiros globais operarem entre o “Goldilocks” e o “Reflation” nestas semanas finais do ano.

Os ativos no Brasil seguiram o humor global a risco. Acredito que cerca de 80% da recuperação dos ativos locais esteja atrelada ao humor global a risco e apenas 20% (ou menos) à melhora nas perspectivas de aprovação da Reforma da Previdência.

No cenário econômico local, a Confiança do Consumidor da FGV subiu de 83,7 para 86,8 pontos, atingindo um novo pico deste ciclo econômico. O resultado fiscal do Governo Central apresentou superávit de R$5,2bi, acima das expectativas de R$3,3bi. Os números de hoje confirmam o cenário de recuperação do crescimento e melhora cíclica do quadro fiscal.

Nos EUA, o Consumer Confidence subiu de 126,2 para 129,5 pontos, acima das expectativas de 124,0 pontos. A abertura do indicador mostrou melhora generalizada no seu qualitativo. A balança comercial de outubro e os dados de estoques do atacado ficaram abaixo das expectativas, levando a reduções nas expectativas para o crescimento do PIB no 3Q. De maneira geral, segue um cenário de crescimento relativamente saudável e estável da economia do país.

A pouco, a Coréia do Norte promoveu mais um teste de míssil balístico. Já havia, desde o final da semana passada, indicações que um novo teste iria ocorrer. A situação do país continua sendo um “risco de cauda” remoto, mas de impacto relevante caso a situação se deteriore até um combate bélico. Só deixo aqui uma reflexão: Se Japão, Coreia do Sul e aliados conseguem mapear um teste balístico com quase uma semana de antecedência, por mais que a Coreia do Norte tenha um poderio nuclear, seu poder tende a perder impacto dado a capacidade antecipada de reação de seus vizinhos.

A mídia Europeia está reportando um possível acordo entre União Europeia e Reino Unido no tocante ao Brexit. Caso confirmado, retiraria um risco do cenário econômico global. Acredito que estas negociações tendem a ter impacto apenas localizado, sem poder de contágio na ausência de mudanças radicais de cenário.

Continuo alocado em ativos locais (Brasil), administrando tamanho e instrumentos. Acredito que faça sentido manter posições tomadas em juros no G10 e alguma compra de volatilidade de Rates e FX para balancear o portfólio local.




Data: 28/11/2017

Brasil: Melhora o clima para aprovação da Reforma da Previdência, segundo a mídia.

As bolsas da Ásia apresentaram alguma recuperação das perdas verificadas nos últimos dias, novamente lideradas pelos índices da China. O destaque do dia fica por conta de mais uma rodada de queda no preço das commodities. As bolsas e as moedas operam próximas a estabilidade, enquanto as taxas de juros apresentam leve abertura de taxas no mundo desenvolvido.

No Brasil, a mídia está apresentando um tratamento mais favorável a Reforma da Previdência. O artigo de Andréia Sadi no Globo.com resume bem o clima mais favorável desta manhã: https://g1.globo.com/politica/blog/andreia-sadi/post/2017/11/27/maia-diz-a-temer-que-governo-precisa-contar-votos-e-que-situacao-melhorou-na-camara-para-a-reforma-da-previdencia.ghtml.

Nos EUA, o destaque continua por conta do avanços (ou ausência dele) no que tange a Reforma Tributária. O DB resumiu bem o cenário das últimas 24 horas: As for more immediate concerns, this week will still probably rest on what comes out of the Senate. The tax bill was on track for a full Chamber vote by the end of the week, potentially as early as this Thursday. However, late in the evening, two members of the Senate Budget Committee (Senator Johnson & Corker) noted they may not agree to vote the bill out of the committee and send it for debate. Once this is sorted, the GOP need at least 50 votes to approve the bill in the Senate (GOP control 52 seats). Of the half dozen undecided Republican Senators, Mr Rand Paul has now publicly given support to the bill, but Senator Johnson and Senator Daines have both said they’re against the current bill, instead seeking more generous treatment for partnerships and limited liability companies. In response, Senate Finance Chairman Hatch noted “we’re going to make them happy, but we’re not sure we can do exactly what they want to do”. The Senate Majority Whip Mr Cornyn confirmed yesterday he is still confident he will get the 50 votes. Expect the tension on tax to build as the week progresses.

Na China, segue um curto-prazo um pouco mais desafiador, mas ainda sem geração clara de contágio ao resto do mundo. O Morgan Stanley descreveu a situação da seguinte forma: Recent days saw risk assets correcting lower with basic materials shares leading the correction. China has come into investor focus with the onshore equity market falling 4% from its peak in early November. The equity market correction may have been triggered by China’s tightening liquidity conditions which have spilled over into Hibor. China's securities regulator putting a cap on south-bound flows could imply spillover effects into weaker Hong Kong equity indexes, and further tightening in HKD liquidity conditions too. Importantly, the Financial News, a journal run by the central bank, suggested that the tight liquidity situation in the interbank market will ease, citing the PBoC’s injections via open market operations at a flexible pace and the expected fiscal spending increase.




Data: 27/11/2017

Sinais de presão na Ásia, mas sem contágio ao resto do mundo. Brasil: Senado acena positivamente à Câmara na Reforma da Previdência.

A noite foi marcada por alguma pressão nas bolsas da Ásia, lideradas pela China que, neste momento, afetam marginalmente o humor das bolsas na Europa. A despeito dessas pressões, os movimentos são tímidos nas bolsas da Europa e dos EUA, e existem poucos sinais de contágio para os demais ativos de risco, já que o dólar opera em queda no mundo, com bom desempenho das moedas emergentes e com uma leve abertura de taxas de juros nos EUA.

Ainda vejo o mercado operando entre o “Reflation” e o “Goldilocks” nas próximas semanas, com alguma diversificação e/ou diferenciação entre classes de ativos e regiões. Como risco, ainda vejo a situação da China e a questão da política monetária nos EUA como os principais vetores para serem monitorados.

Já desenvolvi bastante sobre esses temas nos últimos dias e não quero soar repetitivo para mais detalhes vejam aqui: https://mercadosglobais.blogspot.com.br/.

No Brasil, a mídia continuda dando enfoque a Reforma da Previdências e as eleições de 2018. Quanto a Reforma, o Presidente do Senado parece ter acenado positivamente a Câmara e ao Governo ao dizer que pode pautar o tema no inicio de 2018, o que pode ser visto como positivo para o andamento da Reforma: https://g1.globo.com/politica/blog/andreia-sadi/post/2017/11/26/eunicio-a-maia-senado-discutira-reforma-da-previdencia-em-fevereiro-se-camara-aprovar-texto-enxuto-em-2017.ghtml.

Luciano Huck anunciou oficialmente que não pretender ser candidato a Presidente, como a mídia vinha especulando. Na minha opinião, quanto maior o número de candidatos, maior o risco de dois nomes arriscados irem ao segundo turno, e vice versa. A melhor opção para o país, para as reformas e para a economia e a união de forças em torno de um candidato de centro, liberal, bem amparado por uma equipe técnica e com algum poder político de barganha junto ao Congresso. Esse nome ainda não esta aparente, mas pode surgir até o período eleitoral.




Data: 27/11/2017

Sem grandes novidades.

O final de semana trouxe pouquíssimas novidades relevantes para o cenário. No Brasil, o foco deve permanecer nas articulações em torno da Reforma da Previdência. Hoje o mercado precifica baixa probabilidade de aprovação. A mídia continua dando ampla cobertura ao tema, com opiniões bastante divergentes em torno da capacidade, ou não, de aprovação do texto.

O mesmo vale para as eleições de 2018. Não pretendo comentar aqui todos os rumores e especulações que surgirem no cenário em relação às eleições do ano que vem. Acredito que ainda seja muito cedo para especular em torno do tema. Na minha visão, o mercado deveria reagir a este tipo de notícia apenas em casos de alteração extrema de cenário, como a incapacidade de algum candidato concorrer à presidência, ou o surgimento repentino de um novo e revolucionário nome na disputa.

Sigo dando mais importância ao cenário cíclico da economia e o potencial de reformas estruturantes, além do impacto do cenário externo nos mercados locais. Ainda vejo um cenário relativamente construtivo em todas essas frentes, com o lado positivo de uma posição técnica mais saudável e os preços mais atrativos. Comentei mais sobre isso aqui: https://mercadosglobais.blogspot.com.br/2017/11/risk-on-externo-realizacao-local.html e aqui https://mercadosglobais.blogspot.com.br/2017/11/cenario-construtivo-updated.html.

No cenário externo, o foco da semana ficará por conta do Core PCE e do avanço, ou não, da Reforma Tributária e Fiscal nos EUA. Nos links acima, comentei a respeito dos riscos e do cenário base em relação ao cenário economia norte americano. Continuo gostando de posições tomadas nas taxas de juros de alguns países do G10 e, taticamente, tenho administrado alguns hedges comprados em volatilidade em Rates, Equities e FX para proteger as posições locais em caso de mudança repentina do cenário externo. 




Data: 27/11/2017

Risk-on externo, realização local.

Os ativos de risco tiveram uma sexta-feira positiva, em um movimento clássico que misturou “Risk-On” com “Reflation”. O pano de fundo que venho descrevendo neste fórum nos últimos dias, e vem sendo reforçado pelos dados econômicos (crescimento robusto, inflação em alta porém contida, normalização monetária gradual e etc) ainda foi ajudado pela notícia de que o “Black Friday” nos EUA – o dia mais importante do ano para o setor de consumo do país - acabo sendo bastante positivo para a economia, favorecendo o setor de consumo/varejo na bolsa e ratificando um quadro favorável ao crescimento do país. Ainda vejo um cenário construtivo para a economia mundial nas próximas semanas, com um misto de “Reflation” com “Goldilocks”.

Como risco no cenário externo, continuo observando os desenvolvimentos na China, especialmente o processo de desalavancagem da economia, que vem elevando as taxas de juros do país e afetando o humor do mercado de renda variável local, além do processo de desaceleração do crescimento. Por ora, estes dois processos, que vem ocorrendo de maneira correlata, estão bastante localizados, não gerando contágio para o resto do mundo,  e estão sendo bem administrados pelo governo local. O cenário base é de continuidade deste cenário. Contudo, não podemos descartar momentos pontuais de maior stress e algum contágio passageiro ao resto do mundo.

No EUA, precisamos acompanhar os próximos números de inflação e emprego, para confirmar que o processo de normalização monetária permanecerá gradual, como vem sendo até o momento. Não descarto momentos temporários de abertura mais rápida e acentuada de taxas de juros, afetando o humor global a risco pontualmente. O processo de alta das taxas de juros do país tem sido exatamente assim. Altas de 20bps a 30bps nas taxas intermediárias e longas em curto espaço de tempo, afetando o humor global a risco, seguidos de períodos de acomodação em novo patamar para depois novas aberturas ocorrerem. Acredito que o cenário central ainda seja de manutenção desta dinâmica.

Os ativos no Brasil acabaram apresentando uma sexta-feira de realizações de lucro. Os ruídos envolvendo a Reforma da Previdência e a notícia da internação do Presidente Temer para uma cirurgia acabaram afetando o humor em relação aos ativos do país. Ainda vejo um cenário cíclico bastante positivo para a economia. No nosso monitoramento da posição técnica, os fundos locais parecem estar com posições muito menores do que aquelas que vigoraram ao longo do ano, o que deixa o quadro técnico também positivo em níveis de preços mais atraentes após as correções recentes.

Na noite de sexta-feira, a mídia informou que o STF encaminhou ao STJ os inquéritos, que estão em segredo de justiça, envolvendo o governador de São Paulo e, hoje, principal figura do PSDB. Reforço o que venho descrevendo aqui há meses: Ainda acho extremamente cedo para tentarmos fazer uma conjuntura concreta em relação as eleições presidenciais de 2018. Ainda há muita água para rolar. Contudo, é natural que o mercado reaja de maneira pontual a qualquer tipo de notícia nesta frente, positiva ou negativa. De maneira geral, prefiro focar nos fundamentos econômicos e no cenário externa em busca das grandes teses de investimentos.

O Estadão afirma que Temer articula uma ampla chapa de centro para as eleições: http://politica.estadao.com.br/noticias/geral,temer-negocia-frente-de-siglas-para-disputa-de-2018,70002096729. 




Data: 24/11/2017

Sinais de "Reflation".

 

Os ativos de risco estão operando com leve viés de “Reflation” novamente, após mais uma rodada de dados econômicos positivos ao redor do mundo. Ontem a foi a vez do PMIs na Europa apontarem para um quadro de crescimento global robusto, o que está ajudando a dar ímpeto ao movimento de leve açta das bolsas e das commodities, pequena abertura nas taxas de juros no mundo desenvolvido e movimentos um pouco mais mistos no dólar, mas com leve viés de dólar forte esta manhã. Acredito que os mercados financeiros globais tenham a capacidade de operar entre o “Goldilocks” e o “Reflation” nessas semanas finais do ano, salvo correções pontuais. 

 

No Brasil, o foco continua a reforma da Previdência, mas sem novidades relevantes por parte da mídia. 

 

Para não soar repetitivo, segue minha visão amplamente comentada ao longo da semana: 

 

https://mercadosglobais.blogspot.com.br/2017/11/cenario-construtivo-updated.html 

https://mercadosglobais.blogspot.com.br/2017/11/cenario-construtivo.html 

https://mercadosglobais.blogspot.com.br/2017/11/cenario-construtivo.html 

https://mercadosglobais.blogspot.com.br/2017/11/relatorio-semanal-de-asset-allocation_21.html




Data: 23/11/2017

Cenário construtivo.

 

Hoje é dia de feriado nos EUA – o mais importante do ano – o que deve deixar a liquidez dos mercados locais bastante prejudicada. O destaque da agenda ficará por conta do IPCA-15 no Brasil. 

 

Na tarde de ontem, as Minutas do FOMC praticamente confirmaram que uma nova alta de 25bps nas taxas de juros dos EUA irão ocorrer em dezembro. Contudo, o cenário para 2018 ainda se mostra incerto, o que acabou tornando o tom das Minutas mais dovish do que as expectativas. Segundo o DB: 

 

"Turning to the FOMC minutes last night. They seems to confirm the strong likehood of a December rate hike as “many participants thought another increase (in rates)….was likely to be warranted in the near term, if incoming data left the medium term outlook broadly unchanged”. However, the outlook for 2018 seems a bit dovish,as “a few participants cautioned that further increases in (rates)…while inflation remained persistently below 2% could unduly depress inflation expectations” and a couple of members even suggested the Fed should revise the 2% target to a “gradually rising path approach”. Further, some noted that when considering the timing of more rate hikes, “they would be evaluating incoming information to assess the likelihood that the recent low inflation were transitory and that inflation was on a trajectory consistent with achieving the 2% objective over the medium term.” Elsewhere, some members expressed concerns “about a potential build-up of financial imbalances” and that a sharp reversal in asset prices could hurt the economy." 

 

Na minha visão, desenvolveu-se um ambiente relativamente construtivo, salvo mudanças radicais de cenário e/ou realizações pontuais de lucro, para os ativos de risco neste final de ano. Em especial, os ativos dos países emergentes, entre eles o Brasil, parecem bem posicionados para um bom desempenho nas semanais finais de 2017. 

 

Continuo a ver um pano de fundo de crescimento global sólido, uma inflação que sobe de maneira apenas gradual no mundo desenvolvido e um processo de normalização monetária extremamente gradual e bem comunicada nas principais economias do mundo. Os países emergentes, no geral, apresentam fundamentos mais sólidos hoje do que em outros momentos do passado recentes (como, por exemplo, no “Taper Tantrum de 2013). A China apresenta desaceleração, mas dentro do que já era esperado. Além disso, o processo de reformas da economia chinesa foi retomado e a desalavancagem da economia está ocorrendo de maneira suave e bem administrada. Existem alguns riscos locais e idiossincráticos, como no México (NAFTA), Turquia, Brexit, Política na Alemanha e etc, mas nenhum deles parece forte o bastante para gerar contágio ou mudança definitiva de cenário econômico global. O risco continua a ser um processo de alta mais rápido e acentuada da inflação na mundo desenvolvido e/ou uma desaceleração mais acentuada na China. 

 

No Brasil, as articulações políticas continuam a todo vapor para a aprovação da Reforma da Previdência. Como era esperado, Temer e Cia negociam cargos, recursos e alterações no texto original para que o projeto seja endereçado no Congresso. A mídia, como sempre, critica a postura de diálogo e negociações, adotando um tom alarmista com relação as alterações no texto base e a liberação de recursos. 

 

Acredito que grande parte da recuperação dos ativos locais nos últimos dias tenha sido impulsionada pela recuperação dos ativos de risco globais, em especial, dos demais emergentes. Acredito que pouco da Reforma da Previdência esteja precificado pelo mercado. Assim, qualquer aprovação de fato será vista mais com um “risco positivo” para os ativos locais.devemos ter volatilidade no curto-prazo e bastante reação a “headlines” da mídia, mas grosso modo os ativos do Brasil devem seguir o humor global em relação aos demais países emergentes (já comentado acima). A aprovação de uma Reforma da Previdência possível seria capaz de trazer alguma “blindagem” aos ativos locais a médio-prazo, além de gerar algum descolamento positivos dos ativos do Brasil no curto-prazo e uma over-performance em relação aos seus pares. 

 

Encerro aqui com um comentário do Morgan Stanley, que tem resumido muito bem o cenário de curto-prazo e cuja visão se assemelha em muito com o que tenho descrito neste fórum: 

 

"USD weakness remains our dominant theme. So far, we have played this theme via bullish EM and EUR strategies. We see increasing chances of JPY taking off, following in the footsteps of EUR. Markets do talk and the divergence of the inverse relationship between JPY and Japan's local asset prices including its equity market suggests that the structure within the flow of funds has changed, now working in favour of JPY. This meets a market which is not prepared for these new developments. CFTC data showed that JPY positioning is its shortest since 2013, while volatility is low. Should volatility rise, it could lead to a positioning squeeze, leading to JPY strength. 

 

Bullish risk appetite no longer leads JPY crosses including USDJPY higher. Reasons for this development are multiple. First, the dovish Fed has put the risk parity trade back on the agenda, seeing bonds and equity prices rising likewise. Second, the Fed seems to be aiming for stronger nominal growth in the US economy, trying to boost capex and wages. Globally imposed reflationary strategies will lower the hurdle for Japan to overcome deflation, which may allow the BoJ to adjust its policies earlier. In anticipation of this possible outcome, investors will not be able to hold on to JPY short positions. Markets trade like ‘Abenomics’ is turning successful. 

 

A dovish Fed: Risk continues following its seasonal pattern as investors get positioned for next year. EM real yield stands out and, with rallying equity markets paving the way for local currency debt flows to move back into positive territory, chances of EM currencies rallying meaningfully are high. Our USD framework rests on two pillars, namely US real yields staying low and global funding demand moving up. Fed Chair Yellen seems to be in no rush to give up on her gradualism, fearing a premature tightening pushing underdeveloped inflation expectations lower again, a view which was echoed by the Fed minutes overnight. The Fed hoping to see rising capital goods expenditures pushing productivity growth up, which in turn may open scope for wage increases, has experienced a mild disappointment with yesterday’s October capital goods orders report. Non-defence capital goods orders excluding aircraft – which is seen as a proxy for business investment in big-ticket items – fell 0.5%, compared to expectations for a 0.5% increase and the 2.1% gain recorded in September. 

 

Oil prices broke higher as OPEC insisted that oil markets have found a new balance. However, the Baker Hughes rig count rising (oil: 747 vs. prev. 738; gas: 176 vs. prev 177; total: 923 vs. prev 915) justifies the current aggressive backwardation in the oil forwards curve, suggesting us not getting too bullish on oil currencies. Currently, the US produces 9.7mn bpd and is expected to increase production by 1mn bpd in 2018. Particularly, the current NOK rally should soon run out of steam. Norway, similar to Sweden, sees its housing market topping out, which suggests the weakening wealth effect reducing household consumption and local banks increasing their loan provisions and turning more cautious on lending." 




Data: 22/11/2017

"Christmas rally has started" (From Morgan Stanley)

 

Os ativos de risco apresentaram ontem um movimento clássico e coordenado de “Risk-On”. Os movimentos, com menor magnitude, mas na mesma direção, persistem nesta manhã. Destaque para a alta de quase 2% no Petróleo neste momento. O Morgan Stanley resumiu de maneira muito ponderada o cenário de curto-prazo:

 

Christmas rally has started. After a six day winning streak, the MSCI EM equity index has hit its highest level since March with most of the increase seen in AxJ benefiting from its tech exposure. The Hang Seng has breached 30K hitting its highest level for a decade, causing our equity strategists to look for even more gains to come. 

 

Global liquidity remains ample suggesting that only a minor shift of the news flow towards constructiveness was required to push risky assets up once again. Despite China’s deleveraging strategy, it is important to emphasize that the 7-month increase in the PBoC's balance sheet through end of October was the fastest acceleration in years. Those looking at US yield curve flatness as a potential bearish risk factor may be reminded that during the last 30 years, it has taken at least a year after the initial inversion before the recession set in. The economy actually kept growing as the curve narrowed. 

 

A present from the Fed. The performance of the USD and the risk outlook remain negatively correlated which is a typical finding for a funding currency. Outgoing Fed Chair Yellen underlined the Fed stands ready to increase rates gradually citing dangers of inflation staying too low leading towards a damaging downside adjustment of long-term inflation expectations. Interestingly, 5Y/5Y breakeven inflation has declined by 14bps from its late October high now reaching levels last seen in July. Neither higher commodity prices nor China’s upside inflation surprises helped US inflation expectations, underlining the dominance of US wages and the perceived slope of its Phillips curve driving US inflation expectations. 

 

Low wages = high assets. Yellen's warning about the dangers of subdued inflation suggests that monetary authorities may aim for lower real rates and yields to push US capital expenditure growth, labor market tightness and ultimately wages. In addition, the de-risking of China’s corporate balance sheets does require the assistance of strong global economic growth which can be best granted with the US staying accommodative and the USD offered. This 'goldilocks scenario' has received a strong ‘go ahead’ by the content of the Fed Chair’s remarks. For us to turn bearish on assets we need to see either the emergence of higher US wage inflation or the Fed turning for other reasons towards a more hawkish reaction function. Meanwhile, we underline our bullish EM call. When DM real yield levels fall, EM assets look increasingly attractive. 

 

No Brasil, os jornais continuam dando enfoque a Reforma da Previdência. Segundo a mídia, ainda há resistência ao texto apresentado e ainda não há votos suficientes para a aprovação. A “Reforma” poderia ser ainda mais enxuta do que o previsto anteriormente. Acredito que estes ruídos sejam naturais, que uma reforma branda seja o cenário mais provável, mas que o texto ainda demanda articulação política para angariar os votos necessários. Este tipo de ruído faz parte do processo político e é natural que um jogo de demandas seja feito em busca de cargos e orçamento antes que os votos necessários sejam angariados. Tenho pouca sensibilidade, neste momento, para ter convicção na real probabilidade de aprovação da Reforma da Previdência, mas vejo um esforço e uma articulação grande por parte do Governo que, no passado, sempre levou a resultados positivos.




Data: 21/11/2017

Questões indiossicráticas afetando o humor para EM.

 

Os ativos de risco estão operando próximos a estabilidade esta manhã. Algumas questões indiossicráticas e localizadas voltaram a afetar os países emergentes. Ontem foi o Chile, em reação ao primeiro turno das eleições presidenciais, e hoje é a Turquia, com a aparente pressão do Governo sobre a independência do banco central em um ambiente de inflação alta. 

 

Exceto por essas questões pontuais e localizadas, que podem afetar o humor de curto-prazo e trazer volatilidade a classe de ativos emergentes, o pano de fundo econômico continua construtivo. Os dados de exportações dos primeiros 20 dias da Coréia do Sul mostrou mais um mês de solidez. Vale lembrar que dado a abertura da economia coreana e sua corrente de comércio, as exportações do páis são vistas como uma proxy (um termômetro) do crescimento mundial. Segundo a Goldman Sachs: 

 

"Exports for the first 20 days of November grew 9% from a year ago, up slightly from +7% growth in the previous month. However, exports excluding ships (a better proxy for current external demand, in our view) strengthened firmly to 16%, up from 0% in October. On a per-day basis, exports excluding ships continued growing solidly, up 14% from a year ago. In level terms, they stayed broadly unchanged from their 3-year high recorded in October. Trade balance excluding ships recovered to a surplus of US$2.1bn." 

 

No Brasil, os jornais continuam dando destaque a Reforma da Previdência. O Governo, agora mais próximo ao Presidente da Câmara, vai tentar colocar o tema em pauta até o dia 6 de dezembro, segundo a mídia. Além disso, em breve uma nova campanha de marketing e convencimento para a população e a sociedade geral irá ter como foco e tema central o combate aos privilégios, em uma maneira mais sutil de colocar a sociedade e, consequentemente, o classe política favorável a Reforma.




Data: 21/11/2017

"Reflation" liderado pelos EUA.

 

A semana teve inicio com um movimento leve de “Reflation”, liderado pelos ativos dos EUA, com alta do dólar, abertura de taxas de juros e alta das bolsas. As commodities apresentaram dinâmica divergente, sem tendência definida. Vale destacar a continuidade do movimento de diversificação entre algumas classes de ativos e países específicos. 

 

O Chile foi um destes casos específicos. Após o primeiro turno das eleições mostrarem uma corrida eleitoral muito mais acirrada do que o esperado, o país observou uma forte depreciação de sua moeda e acentuada queda da bolsa. O movimento foi seguido por seus pares, mas em magnitude muito menor do que a apresentada pelo país. 

 

O mercado offshore de BRL mostrou estabilidade da moeda do Brasil, em clara performance relativa melhor do que seus pares. O EWZ – ETF de bolsa do Brasil negociada em NY – apresentou mais um dia de alta. A recuperação dos ativos locais parece uma clara reação a melhora no fluxo de noticias que envolve a Reforma da Previdência. 

 

O cenário econômico para o país segue inalterado e relativamente construtivo. O IBC-Br – espécie de PIB mensal coletado pelo BCB – apresentou alta de 0,4% MoM, dentro das expectativas do mercado. O CAGED apresentou criação superior a 75 mil postos de trabalho em outubro, acima das expectativas. A recuperação do crescimento segue em curso, mesmo que em velocidade ainda gradual. 

 

Mantenho meu cenário central inalterado, com posições construtivas e bem distribuídas entre os principais ativos locais (BRL, Ibovespa e Juros), aliada a posições tomadas em juros nos EUA, vendido em AUD e com pequenos hedges na vol de FX, Rates e Equities nos EUA. Sigo administrando ativamente os tamanhos e instrumentos das posições. 




Data: 21/11/2017

Cenário político turvo na Alemanha. Novas restrições na China.

 

Os ativos de risco estão operando próximos a estabilidade, com leve viés negativo, após as negociações para a formação de um governo de coalização na Alemanha falharem. Não perece que o cenário político no país será um vetor determinante para a economia local e/ou global, mas a incerteza pode trazer alguma volatilidade de curto-prazo. 

 

O Citibank fez um bom resumo das possibilidades de agora em diante: 

 

Chancellor Merkel will brief President Steinmeier about the situation this morning, after which all parties will deliberate internally on the next steps. We pointed the three options: 

 

Grand coalition: SPD would have to make U-turn – First, Merkel could (at least informally) attempt to build a Grand Coalition with the SPD. The centre-left party had chosen opposition after a very weak result in the election. By last night, there was no sign that it might change opinion, but we do not rule it out as splits in the party could emerge under pressure to avoid new elections. CDU and SPD have just formed a regional government in Lower Saxony within one week. Positions are largely aligned, relations good and new elections may make collaboration inevitable anyway. However, some in the SPD may demand that Merkel steps down. 

 

New elections: Complicated process – Germany has had early elections before (1972, 1983, 2005), but each time they took place after a lost confidence vote. That route is closed to Merkel. Under Art. 63 of the German constitution, the Bundestag would first have to elect a new Chancellor upon proposal by the President, which is possible with a relative majority after 14 days of nobody getting an absolute majority. The President can then within 7 days confirm the winner or dissolve Parliament, which would lead to early elections within 60 days. There is no deadline to launch the process, but if the SPD does not open up to a Grand coalition, it could start soon and elections could be held probably in January at the earliest. 

 

Minority government: Unusual but possible – Germany has not had minority federal governments before, and Merkel herself appeared to rule it out after the elections in September. However, the process described above makes it relatively straightforward to form. As the CDU’s programme is not particularly ambitious, Merkel might be able to obtain majorities for some policies such as modest tax cuts (with support from the SPD and FDP), increases in defence spending (FDP, AfD) and euro policies (SPD, Greens). A minority administration might be more stable than it appears as the opposition could only oust Merkel with a “constructive vote of no confidence”, meaning it would have to align on an alternative opposition candidate first, which seems unlikely. In other countries (e. g. Spain, UK), minority governments have been formed amid arguably more challenging political environments than in Germany. We do not rule out such a scenario either." 

 

A China anunciou mais uma rodada de aperto/restrição ao mercado local de crédito/investimentos. As medidas devem ser vistas como positivas a longo-prazo, pois vão na direção de desalavancar a economia e administrar os excessos em setores específicos. No curto-prazo, as medidas podem trazer alguma desaceleração do crescimento e efeitos pontuais mais negativos em alguns mercados e classes de ativos. O Morgan Stanley resumiu a situação da seguinte maneira: 

 

"China’s new regulations plan to streamline oversight of asset-management products sold by financial institutions. The move is aimed at reining in risk and putting an end to practices that take advantage of regulatory loopholes. China’s new regulation has potentially already developed a temporary negative impact on risk appetite. Our Asian economists suggest China will break out of its middle income trap despite getting tougher on its regulation. Indeed, a financial de-risking strategy is required to reduce China’s debt dependence especially on its corporate sector. China will have to learn to grow without further aggregate debt creation, suggesting shifting its growth from investment/manufacturing towards its consumption/service sectors. Financial sector regulation is part of this strategy, but also includes a shift of funds into China’s household sectors via higher wages, higher saving deposit incomes, better social security and a stable RMB boosting households' real disposable income. Investors should not forget that China’s de-leveraging strategy requires support via strong global economic growth and it will function best when the USD remains weak." 

 

No Brasil, os jornais continuam repercutindo a Reforma Ministerial e a possibilidade de votação da Reforma da Previdência na primeira semana de dezembro. De acordo com a mídia, Rodrigo Maia está saindo fortalecido da Reforma Ministerial e parece alinhado com o Planalto em prol da Reforma da Previdência. 

 



Data: 21/11/2017

Brasil: Governo faz esforço final pela Reforma da Previdência.

 

A mídia no final de semana deu ampla cobertura a reforma ministerial que está sendo avaliada e capitaneada por Temer com vistas a Reforma da Previdência. A despeito do feriado prolongado, Temer passou os últimos dias recebendo aliados e trabalhando em prol de uma reforma ministerial que consiga angariar votos para Reforma da Previdência. 

 

Segundo a mídia, o governo hoje teria cerca de 240 votos. A reforma ministerial levaria a 280 votos. Os 308 necessários seriam conseguidos através de uma forte campanha de marketing, capaz de trazer uma pressão do empresariado e da sociedade em torno da Reforma. 

 

A probabilidade de aprovação hoje ainda é baixa e os ativos locais precificam este cenário. Contudo, não há dúvidas que existe um amplo esforço por parte do governo, em várias frentes, em prol da Reforma. Vale lembrar que todas as reformas propostas por este governo apresentaram dinâmica parecida até os momentos finais de aprovação. Começaram como propostas, com baixa adesão. Houve um grande esforço de convencimento e articulação política por parte de Temer e Cia e acabaram ganhando apoio e sendo aprovadas. Isso não significa que esta reforma da previdência seguira o mesmo roteiro, mas acho válido lembrar a dinâmica das últimas reformas, pois as vezes os ruídos da mídia atrapalham as análises mais claras do cenário. 

 

O final de semana trouxe poucos desdobramentos no âmbito externo. O cenário base continua a ser de crescimento global saudável, com inflação subindo de forma gradual e um processo de normalização monetária bem comunicado nas principais economias do mundo. Uma desaceleração da economia mundial já é, de certa forma, esperada. Uma alta gradual da inflação idem. Continuo a ver como riscos ao cenário base uma desaceleração mais acentuada da China e/ou uma aceleração mais rápida e acentuada da inflação nos EUA. Estes são apenas riscos, com baixa probabilidade, mas potencial grande de alteração da dinâmica dos mercados financeiros globais. 

 

Por ora, acredito que o cenário até o final do ano e começo de 2018 ainda seja cautelosamente positivo. O ano de 2018 poderá trazer alguns desafios grandes e uma alta da volatilidade, mas ainda não vejo motivos de curto-prazo para uma alteração de cenário e/ou correção mais acentuada dos ativos de risco. Este cenário, eventualmente irá ocorrer, mas me parece que diante de uma mudança mais clara e concreta do cenário.




Data: 21/11/2017

Sinais de estabilização e diferenciação.

 

Passei o dia visitando alguns clientes institucionais, de tamanhos médios e grandes. Vejo uma propensão a tomar mais risco com os juros mais baixos, especialmente no mercado de renda variável e juros longos (NTN-B), especialmente após a abertura recente de taxas. Há um claro interesse por diversificação em ativos no exterior, mas com um claro receio do risco cambial. 

 

No tocante aos mercados financeiros locais e globais, tivemos mais um dia sem grandes novidades nos cenários. No Brasil, o foco está na Reforma da Previdência. Segundo a mídia, o PSDB irá fechar questão em favor da Reforma. De qualquer maneira, a probabilidade de aprovação de qualquer reforma ainda é baixa e está pouco precificada pelos ativos locais. No tocante ao cenário economico, acha válido citar que as coletas de inflação seguem sugerindo um inflação corrente e perspectiva baixas. Muitos esperavam um “repique” da inflação, que não está se concretizando. No que tange ao crescimento, a recuperação continua, mas o cenário segue de um processo extremamente gradual de recuperação do crescimento. 

 

Neste ambiente, e após a correção recente no preço dos ativos locais, me parece haver uma assimetria ainda mais positiva na parte intermediária das curvas nominais e reais de juros. Ainda vejo uma Taxa Selic em 7%, ou abaixo, e por tempo considerável de tempo. Entendo que teremos mais volatilidade de agora em diante, dando o estágio do ciclo, e que ganhos de capital tendem a ser mais difíceis. Contudo, ainda vejo espaço para uma compressão relevante nas taxas locais de juros de mercado. 

 

Os mercados financeiros globais mostraram sinais de estabilização nos últimos dias, especialmente os mercados EM. A dinâmica do mercado me leva a crer que um ajuste de posições relevante já ocorreu e a posição técnica e os preços estejam mais balanceados. De qualquer maneira, ainda espero uma volatilidade maior nas próximas semanas, especialmente com a proximidade do final do ano. 

 

Vale destacar que a despeito da ausência de tendências claras nos mercados, ou grandes teses de investimentos no momento, já começam a aparecer sinais de diferenciação entre classes de ativos e ativos de países diferentes. Apenas como exemplo, nos últimos dias, vimos uma recuperação das moedas EM, ao mesmo tempo em que o EUR subia e o AUD continuava pressionado. Acredito que na ausência de grandes choques e/ou rupturas, podemos vivenciar um mercado de maior diferenciação. Consigo ver, por exemplo, uma performance positiva das bolsas EM mesmo com o S&P “de lado” ou em leve queda. Obviamente, cenários de volatilidade mais elevada e correções mais acentuadas tendem a virar “risk-off” mais clássicos. Ainda não vejo motivos econômicos para isso, mas a posição técnica em alguns mercados ainda preocupa. 

 

Para finalizar pela semana, ainda vejo o BRL em um grande range, agora um pouco mais largo, entre 3,10-3,35. Ainda vejo espaço para alocações no mercado de renda variável local nos atuais preços. 

 

Continuo seguindo os desdobramentos na China e as taxas de juros nos EUA como riscos ao cenário base. Por ora, ainda vejo um curto-prazo (3 meses) sem grandes desdobramentos nestas frentes. De qualquer maneira, continuo tomado em juros nos EUA, com alguma compra de vol em equities como hedge, e uma posição, nos atuais níveis, menor vendido em AUD. Essas posições foram taticamente reduzidas no meio da semana.




Data: 16/11/2017

Risk-On!

Os ativos de risco estão tendo um dia de melhora generalizada, em um movimento clássico de “Risk-on”. Assim como não houve um trigger específico para a realização de lucros das últimas semanas, também não houve um motivo claro para o movimento de hoje.

Continuo não vendo mudanças substanciais de cenário. Os dados econômicos continuam apontando para um crescimento global robusto e sincronizado. Hoje, o destaque ficou por conta da produção industrial de outubro nos EUA, que apresentou alta sólida e acima do esperado. Os indicadores de emprego mostram um mercado de trabalho robusto e os índices do mercado imobiliário seguem na mesma direção. Como observamos ontem, a inflação dá sinais de aceleração, mas o processo ainda é bastante gradual, o que acaba dando tranquilidade para o processo de normalização monetária no mundo desenvolvido e nos EUA, em especial, ser gradual e bem comunicado.

O processo de desaceleração do crescimento da China está em curso e, por ora, parece ordenado.

Chama a atenção a enorme dificuldade de um processo mais prolongado de realização de lucros no mercado de equities dos países desenvolvidos, especialmente perante aos movimentos já observados em outros mercados, como EM e HY. 

O maior risco, passados os principais eventos na China e nos EUA, continua a ser a posição técnica.

No Brasil, os ativos locais estão seguindo o humor global a risco. O país talvez tenha sido excessivamente punido nas últimas semanas devido a uma posição técnica mais prejudicada. Neste momento, o mercado parece mais balanceado.

Isso não quer dizer que novos movimentos de correção não irão ocorrer, mas que nestes níveis de preço e posição, já existe alguma defesa à cenários menos positivos mas que não gerem rupturas.

Espero um mercado mais volátil daqui para a frente, mas uma mudança definitiva de cenário econômico e para os mercados como um todo irá precisar de uma mudança mais substancial de pano de fundo, ou choque econômico e/ou financeiro. Ainda não vejo sinais claros de que nenhum desses choques já tenham ocorrido.

Sigo comprado em ativos no Brasil, agora bem distribuído entre juros longos, BRL e Ibovespa. Continuo tomado em juros longos nos EUA. Aproveitei os últimos dias para reduzir os hedges comprados em volatilidade, mas sigo buscando hedge assimétricos para o portfólio local.




Data: 16/11/2017

Leve Risk-On!

Os ativos de risco estão apresentando recuperação nesta manhã, após uma quarta-feira de clássico “risk-off”. Não há um claro motivo para a recuperação dos mercados neste momento, mas uma injeção de liquidez por parte do PBoC na China pode estar ajudando a estabilizar o humor global a risco.

Não há nenhuma informação nova no cenário esta manhã. Os jornais no Brasil continuam com informações requentadas e comentando a possível e provável reforma ministerial, mas sem muitos fatos concretos.

Nos EUA, a Reforma Tributária caminha no Congresso, mas alguns ruídos nos últimos dias mostram o quão difícil será sua aprovação. Isto pode estar ajudando na piora do humor dos últimos dias, mesmo que sua implementação seja pouco precificada pelo mercado.

Meus comentários de ontem continuam válidos: https://mercadosglobais.blogspot.com.br/2017/11/risk-off-updated.html.

Deixo agora um breve comentário do DB a respeito do mercado de HY Bonds, que vem sendo foco de grande atenção nos últimos dias:

On this there has been a lot of noise around the HY market in the past week or so as a combination of macro factors along with some notable earnings misses have weighed on the market. iTraxx Crossover and CDX HY have widened by around 25bps and 30bps respectively from their most recent tights, while the price level of the largest USD HY ETF (HYG US) is basically back to the same level as where it started the year, however this overstates the move in the US cash market and even more so in Europe. Looking in more detail at the cash market US HY has widened by around 60bps and EUR HY is 46bps wider from the recent cycle tights only a few weeks back but both are still around 25bps and 100bps tighter on the year respectively. In a broad historic context the recent moves hardly register but in the context of a year that has been headlined by extremely low levels of volatility they are certainly significant. For EUR HY there were two other periods where we saw some sort of correction this year. In March/April (ahead of the French elections) the index widened 27bps in 42 days and then in August/September (after the North Korean escalation) we saw a 29bps widening over 30 days. So the current 46bps of widening in just 12 days has been somewhat more aggressive than anything else we’ve seen this year.

Looking at similar data for the US we have also seen two previous corrections. In March spreads widened 61bps in 20 days and then in July/August we saw 45bps of widening in 15 days. So the current c.60bps widening over 22 days is actually of a similar magnitude to this year’s previous corrections. The moves look even more stark when we focus on single-Bs though. EUR single-Bs have widened by more than 100bps from the most recent tights, more than halving the YTD tightening we had seen. For USD single-Bs the recent widening (65bps) has actually reversed more than 80% of the YTD spread tightening we had seen to the recent tights.

The question from here is whether this recent back-up in spreads is simply going to lead to a fresh buying opportunity or whether it will lead to something more significant. Despite some of the recent profit warnings we think that it is more likely to be the former at the moment. But at the very least the pace of this turn around highlights how quickly market sentiment can change, especially when spreads are so tight. HY was looking very very stretched relative to IG in Europe and this corrects some of that. Overall it certainly provides us with some food for thought as we look to publish our 2018 outlook in the next 10 days.




Data: 16/11/2017

Risk-Off - UPDATED

Neste momento, os mercados continuam mostrando quedas graduais das bolsas no mundo desenvolvido. O EWZ – ETF de bolsa Brasil nos EUA – apresenta leve alta, assim como PBR, ITUB e VALE. O dólar opera em alta, principalmente contra as moedas EM e commodities linked. As commodities continuam pressionadas. As taxas de juros apresentam fechamento ao redor do mundo.

No Brasil, a mídia está dando enfoque total a possível e provável reforma ministerial. Por ora, temos apenas especulações e jogo político. Não há nenhuma informação concreta que podemos tomar a valor de face.

O Core CPI nos EUA apresentou alta de 0,22% MoM e 1,8% YoY, levemente acima das expectativas. O número confirma um cenário de elevação gradual da inflação no país. Se, por um lado, o número afasta o risco de um processo de inflação mais desenfreada no curto-prazo, e a necessidade de um ajuste de política monetária mais agressivo no, por outro lado, confirma as intenções do Fed em manter um processo de normalização monetária, com a redução gradual de seu balanço e um ritmo em torno de 3 a 4 altas de 25bps nas taxas de juros por ano. Este cenário não está totalmente precificado pelo mercado. Assim, é natural que números como o de hoje, acabem dando algum suporte ao dólar e, no longo-prazo, as taxas de juros do país.

Além do Core CPI os números de vendas no varejo, também divulgados hoje, reforçaram um cenário de crescimento robusto da economia norte americana. Os dados ficaram acima das expectativas.

De maneira geral, os números divulgados hoje se somam aos dados divulgados ao redor do mundo nos últimos dias em que confiram um quadro de crescimento global ainda sólido e saudável e uma inflação que se eleva apenas gradualmente no mundo desenvolvido. Este pano de fundo permite que os bancos centrais nas principais economias do mundo mantenham uma postura de gradualismo no processo de normalização monetária.

Este pano de fundo não costuma ser visto como negativo pelos ativos de risco. Muito pelo contrário, costuma ser um cenário bastante positivo para ativos de risco. Mesmo assim, estamos vivenciando um período de maior volatilidade e correções (realizações de lucro) em várias classes de ativos. Já comentei a respeito disso ao longo dos últimos dias. Acredito que estes movimentos sejam naturais, de certa forma esperados, em qualquer ciclo econômico. Uma combinação de posição técnica, preços/valuations e sazonalidade podem explicar parte destes movimentos mais negativos.

De qualquer maneira, é sempre muito difícil acertar o momento que estes movimentos irão começar e quando irão terminar. Parece que estamos no meio deste processo. Nãoi sei precisar se ainda na parte inicial ou já na parte final. Até o momento, os movimentos são fluidos e não há rupturas, por isso ainda vejo este processo como “natural e saudável”. Este ambiente pode se alterar caso a dinâmica ganhe contornos mais negativos nas próximas horas. Caso contrário, os mercados irão se estabilizar e retornar as suas tendências, mais cedo ou mais tarde.




Data: 16/11/2017

Risk-Off!

Os ativos de risco estão abrindo o dia em uma dinâmica clássica de “Risk-Off”. Ao que parece, as bolsas nos países desenvolvidos e as commodities entraram, definitivamente, no processo de realização de lucros que já vínhamos observando em outras classes de ativos, tais como os mercados emergentes.

Não há mudanças claras de cenário e nem informações novas de ontem para hoje. Este processo parece um claro movimento de ajuste de posições, o que costumamos chamar de um processo de ajuste técnico dos mercados.

O grande destaque do dia ficará por conta do Core CPI nos EUA. Neste momento, contudo, acredito que a dinâmica dos ativos de risco está preponderando sobre qualquer informação econômica. Assim, apenas um número muito fora do consenso será capaz de alterar a dinâmica recente dos mercados.

Mantenho a visão descrita ontem (https://mercadosglobais.blogspot.com.br/2017/11/explaining-unexplainable.html):




Data: 14/11/2017

Explaining the Unexplainable

Continuamos passando por um momento em que a dinâmica dos ativos de risco está em dissonância do panorama macro global. Não tenho uma explicação muito concreta ou convicta em relação a esta divergência.

Uma conjunção de vetores pode ser utilizada para explicar a dinâmica dos mercados financeiros globais. A posição técnica do mercado está comprometida (vide o relatório mensal da Merrill Lynch http://www.zerohedge.com/news/2017-11-14/bank-america-clear-sign-irrational-exuberance), os níveis de preço e valuations são menos óbvios nos atuais níveis, e o final de ano induz os investidores a realizações de lucros. Além disso, o processo de redução do balanço do Fed teve início em outubro, assim como a normalização monetária por parte de muitos bancos centrais no mundo desenvolvido.  Não consigo apontar qual foi o trigger para o início deste processo de realização de lucros dos ativos de risco, nem mesmo o que será determinante para seu encerramento, ou se estamos diante de uma mudança gradual de cenário.

Os sinais de cautela estão se acumulando. Nas últimas semanas, vimos realizações de lucros, em maior ou em menor grau, nos ativos emergentes, nos High Yield Bonds, no Nikkei e etc. Estes sinais podem levar a uma correção mais acentuada dos ativos de risco, em um movimento clássico de desalavancagem, ou serem apenas “falsos rompimentos”, levando a correções apenas moderadas nos preços dos ativos.

O cenário econômico segue estável e relativamente construtivo. Hoje vimos dados robustos de PIB na Europa e vendas no varejo saudáveis no Brasil. Os sinais são de recuperação na arrecadação Federal e de continuidade de recuperação da economia do país. A inflação nos EUA, através do PPI, foi o único sinal de alerta ao mercado, mas apresentou pouca repercussão no preço dos ativos, com os juros nos EUA praticamente inalterados.

Eu via alguns riscos ao cenário. O primeiro, do crescimento chinês, que não se realizou. O segundo, na inflação nos EUA, que ainda é uma “nuvem negra” que ronda o mercado. O PPI de hoje elevou a probabilidade, mesmo que de maneira gradual, de dados mais elevados de inflação no país. A redução do balanço do Fed poderia ser visto como um terceiro risco no mercado, mas tem mostrado pouco efeito sobre as taxas de juros no país, que seria de onde viria o primeiro sinal de alerta para os demais ativos de risco.

Eu até acreditava que o mercado poderia apresentar uma realização de lucros pelos motivos já supra citados, mas não imaginava que a magnitude das pioras, especialmente no Brasil e nos demais ativos emergentes, seria tão grande, na ausência dos riscos apontados acima (crescimento na China, inflação nos EUA e/ou redução do balanço do Fed com alta de taxas longas de juros). Por isso, vinha carregando posições compradas em volatilidade em Rates, Equities e FX contra posições compradas em ativos no Brasil. Mantenho este portfólio mas venho administrando ativamente estas posições em termos de tamanho e instrumentos.

Por ora, mantenho meu cenário base inalterado, que será reavaliado após o Core CPI nos EUA amanhã. A dinâmica dos mercados requer cautela redobrada. O price-action está bastante estranho, as correlações estão de difícil explicação no curto-prazo e o cenário macro descolou dos preços e da dinâmica dos mercados. Nestes momentos, toda cautela é necessária. Tentarei manter o book um pouco mais neutro mesmo que por ora os hedges não estejam funcionando como deveriam. 




Data: 14/11/2017

Dados econômicos corroboram cenário ainda construtivo.

Os ativos de risco estão operando sem movimentos relevantes esta manhã. O cenário continua fluido e relativamente estável. Os dados da China (vide abaixo) reduziram mais alguns riscos de curto-prazo e os números de crescimento global seguem robustos (vide PIB da Alemanha). O risco ao cenário continua a ser a inflação nos EUA e o processo de redução do balanço por parte do Fed. Caso os dados de inflação nos EUA nas próximas 48 horas continuam contidos, vejo um cenário mais positivo para os ativos de risco em geral nestas últimas semanas do ano. Caso tenhamos números mais elevados, teremos que conviver com um cenário de maior volatilidade e diferenciação.

O destaque da noite ficou por conta dos dados econômicos na China. Os números mostraram mais uma rodada de leve desaceleração do crescimento e ficaram um pouco abaixo das expectativas do mercado. De maneira geral, contudo, os dados de outubro mostram uma economia ainda com crescimento saudável. Os números de hoje retiram mais um risco de curto-prazo para os mercados, já que afastam a possibilidade de uma desaceleração mais acentuada da economia no curto-prazo.

O “cenário base” com o qual trabalho continua a ser de uma desaceleração gradual da economia chinesa, permeada por uma mudança de composição dos “drivers” de crescimento. Vemos a “velha China” liderada por investimentos, mercado imobiliário, demanda por commodities metálicas e etc, dando lugar a “nova China”, liderada pelo consumo, pela demanda por “health care”, pelo setor de tecnologia e etc. Este pano de fundo deverá trazer impactos não desprezíveis setorialmente nos mercados globais.

A Goldman Sachs fez um breve comentário sobre os números divulgados hoje:

Three factors probably created temporary distortions in October data: 

The shifting holiday effect. The mid-autumn festival is normally in September but was in October this year. This tends to boost September data at the expense of October data, except retail data which tends to be stronger during holidays.

The Party Congress was held in October. Before and during the congress, the level of production and construction restrictions was likely higher than usual and there were also transportation and delivery restrictions in the capital region.

The November 11 Single's Day might have delayed some purchases to November from October as shops were expected to offer large discounts. This distortion is becoming larger with the rapid growth of online sales -- Alibaba's single day sales reached Rmb168 bn this year, up 39.4% from last year. (Note that last year, October retail sales disappointed consensus while November surprised sharply to the upside.) Also, while this shopping spree was initiated by online shops, increasingly traditional stores are being forced into offering discounts on the day to stay in competition.

Na Alemanha, o PIB do 3Q apresentou alta de 0,8% QoQ, acima das expectativas de 0,6% QoQ. O número confirma um crescimento bastante robusto do para os padrões do país.

Nos EUA, a Reforma Tributária avança no Congresso, a despeito dos esperados debates e oposições que são esperadas nos próximos dias e nas próximas votações. Segundo o DB: In the US, the House Ways and Means Chairman Brady appear confident that the House’s version of the tax bill will be passed this week, noting that “we don’t expect major changes” as “a lot of the work’s been done”already. Before that, President Trump is expected to address the full conference of House Republicans this Thursday morning to rally support on tax reform. Elsewhere, the Senate Finance Chairman Hatch said the mark up process of the Senate’s version of the tax bill “leaves us with some work to do in order to make the reforms permanent”, but “we are working to ensure that the reduced (corporate) rates and…reforms designed to bring investments back to the US…remain in place past the 10 year budget window”.

Nos Brasil, o pedido de demissão de Bruno Araujo, do PSDB, Ministro das Cidades, abriu a janela para uma reforma ministerial, visando a aprovação da Reforma da Previdência. A situação ainda é bastante incerta e a probabilidade de aprovação da Previdência ainda é baixa. Contudo, a probabilidade hoje continua maior do que a 2-3 semanas atrás, com os preços do mercado piores, a posição técnica mais limpa e um cenário econômico relativamente inalterado.




Data: 13/11/2017

Brasil: Governo mostra empenho na aprovação da Reforma da Previdência.

Os ativos de risco estão abrindo a semana próximos à estabilidade, com leve alta das bolsas, pequeno fechamento de taxa dos juros nos mercados desenvolvidos, e leve queda do dólar. Destaque para a elevada volatilidade do Bitcoin ao longo das últimas 24 horas. Não tenho opinião sobre este mercado. Por ora, ainda não é um ativo que afeta o humor global a risco, mas ganha atenção da mídia. Pode ser que movimentos mais bruscos venham, em algum momento, a afetar as demais classes de ativos globais. Não é o caso neste momento.

No Brasil, a mídia está dando atenção e destaque ao empenho do Governo na Reforma da Previdência. Além do núcleo central do Governo estar alinhado e trabalhando, novamente, em prol de sua aprovação, o Governo busca agora uma campanha publicitária mais agressiva visando o lema de terminar com privilégios e garantir uma previdência justa a todos. Temer também sinaliza com uma Reforma Ministerial. De maneira geral, a probabilidade de aprovação da Reforma ainda é pequena, porém maior hoje do que a 2-3 semanas atrás. O preço dos ativos locais está hoje pior do que a 2-3 semanas atrás e a dinâmica dos mercados extremamente negativa.

Para não soar repetitivo, encerro aqui com meus últimos comentários sobre cenário:

https://mercadosglobais.blogspot.com.br/2017/11/sem-grandes-novidades.html

https://mercadosglobais.blogspot.com.br/2017/11/brasil-dinamica-terrivel-e-de-dificil.html

https://mercadosglobais.blogspot.com.br/2017/11/air-pockets.html




Data: 13/11/2017

Sem grandes novidades.

O final de semana não trouxe efetivamente nenhuma informação nova ao cenário econômico e/ou político, nem no âmbito  local e nem no âmbito externo.

No Brasil, a mídia continua tentando antecipar o pleito eleitoral do ano de 2018, com suposições de candidatos, alianças e afins. A cobertura da possível Reforma da Previdência continua em segundo plano. Temer sinalizou com uma possível reforma ministerial, com olhos na aprovação da Previdência, e já tendo em vista as possíveis alianças para 2018.

Vejo o cenário local como estável, a despeito da forte piora nos preços dos ativos brasileiros nas últimas semanas. Não vejo nenhum “desequilíbrio” de curto-prazo. Acredito que seja cedo para precificar qualquer cenário político. Meu maior receio continua sendo os desenvolvimentos externos.

O grande destaque da semana, no âmbito econômico, ficará por conta do Core CPI nos EUA e dos dados de atividade econômica na China. Estes são os dois vetores capazes de alterar, de maneira significativa, o cenário econômico global.

O primeiro, trazendo números mais elevados de inflação, levando a uma abertura mais rápida e acentuada da curva de juros nos EUA, e dando combustível a deterioração dos ativos de risco ao redor do mundo. O segundo, na forma de uma desaceleração mais acentuada do crescimento chinês, após o Congresso do partido. Uma desaceleração da economia já é esperada, mas a magnitude desta desaceleração precisa ser observada.

Neste momento, nenhum dos cenários descritos acima são cenários base, mas riscos no horizonte, com probabilidades baixas, mas com impactos relevantes caso ocorram. A inflação nos EUA apresenta probabilidade maior de ocorrência.

Dois outros eventos precisam ser monitorados. A situação na Arábia Saudita é fluida, porém tensa. Tenho quase nenhuma vantagem comparativa para comentar a situação no país. Contudo, desenvolvimentos mais avançados nesta frente podem afetar o preço do petróleo e acabar gerando algum contágio ao redor do mundo. A quantidade de recursos que foi congelado também pode afetar a dinâmica de alguns ativos de risco globais, já que muitos dos indivíduos que estão sendo acusados (e em alguns casos presos) detêm grande quantidade de investimentos ao redor do mundo.

Finalmente, precisamos monitorar o começo do processo de redução do balanço do Fed, que pode estar começando a gerar movimentações em alguns mercados. A piora no mercado de High Yield Bonds, o começo de um processo de steepening da curva de juros são apenas alguns exemplos de final de ciclo que precisamos estar atentos.

Neste ambiente, continuo buscando alocações em ativos no Brasil, com uma postura muito tática nos tamanhos e instrumentos utilizados. Sigo comprado em volatilidade de Rates, Equities e FX, especialmente nos EUA.  




Data: 10/11/2017

Brasil: Dinâmica terrível e de difícil explicação.

Os ativos globais não apresentaram uma mudança drástica dos movimentos verificados pela manhã, exceto por uma aceleração no processo de abertura de taxas nos EUA. Exceto pelos movimentos nos ativos do Brasil, não houve um contágio maior para os demais ativos de risco do leve “air pocket” verificado nos mercados norte americanos. Ainda vejo espaço para a continuidade destes movimentos.

Resta a dúvida se estes são movimentos técnicos, normais, de realização de lucros e ajustes, ou o começo de uma nova tendência, liderada pelo processo de normalização monetária nos EUA.

Como comentei pela manhã (https://mercadosglobais.blogspot.com.br/2017/11/air-pockets-us-equities-bondsbrasil.html) ainda vejo espaço para um processo de abertura de taxas de juros nos EUA, seguida de acomodação/realização das bolsas no país. Dependendo da velocidade destes movimentos, não haveria motivos, neste momento, para contágios maiores nos demais ativos de risco. Este cenário, até agora, está sendo seguido “a risca”, exceto pelos movimentos no Brasil.

Em relação ao Brasil, realmente tenho poucas explicações claras, óbvias ou concretas para os movimentos recentes. e para a perda de correlação em relação a seus pares. O movimento de deterioração ainda me parece técnico, liderado por motivos de posição técnica, preços e sazonalidade. Contudo, a dinâmica continua terrível e de difícil previsibilidade.

O IPCA ficou abaixo das expectativas do mercado em outubro, com alta de 0,42% MoM e 2,70%. O número reforça um cenário de inflação corrente baixa e perspectivas de inflação ainda contidas e abaixo da meta. O número de hoje reforça uma Taxa Selic que chegue, pelo menos, nos 7%, permanecendo neste patamar pelo horizonte relevante de tempo.

O cenário de recuperação cíclica do crescimento e do mercado de trabalho segue inalterado, assim como as contas externas continuam saudáveis. O quadro fiscal preocupa, mas o Governo sinaliza com a possibilidade de implementação da Reforma da Previdência.

Mantenho posições compradas em ativos locais, mas administrando ativamente, mais do que a média dos últimos meses, os tamanhos e instrumentos das posições, visando me defender de cenário extremos e do aumento recente da volatilidade. Continuo complementando o portfólio com compras de volatilidade de Rates, Equities e FX ao redor do mundo. Como é usual nestas posições, a administração dos deltas, tamanhos e instrumentos segue bastante ativa, especialmente nos últimos dias. 




Data: 10/11/2017

 Air Pockets: US Equities & Bonds/Brasil: Previdência de volta ao radar.

 

O destaque desta manhã está por conta de um movimento de queda dos Bonds e Equities nos EUA e parte da Europa, com elevação das volatilidades implícitas dos ativos de risco. Acredito que haja espaço para a continuidade destes movimentos no curto-prazo. Os argumentos para que estes movimentos continuem no curto-prazo, são: nível de preços/valuations, posição técnica e estágio do ciclo econômico.

Contudo, estes movimentos não necessariamente precisam trazer ruptura ou contágio aos demais ativos de risco e/ou ao cenário econômico global. Algumas classes de ativos, como os emergentes, já passaram por reprecificação relevante nas últimas semanas, o que acaba trazendo algum “buffer” ou defesa a esta classe de ativos. Consigo enxergar a continuidade destes movimentos sem rupturas, contágios ou sell-offs mais agressivos, contanto que os movimentos continuem de forma gradual e ordenada. Caso os movimentos se acentuem de maneira mais rápida, será inevitável o contágio para outras classes de ativos. Para uma mudança definitiva de tendência, será necessária uma alta mais consistente da inflação no mundo desenvolvido e nos EUA, em especial.

No Brasil, o Governo está em busca de uma nova rodada de agenda positiva, lançando um plano de investimentos e buscando alinhamento com o Congresso para a Reforma da Previdência. O tom nesta linha melhorou nas últimas 48 horas, mas ainda é cedo para concluir o que sairá deste debate. A grande verdade é que surgiu a possibilidade de um “risco positivo” no cenário que não havia antes. Abaixo, seguem alguns artigos nessa linha:

http://m.folha.uol.com.br/mercado/2017/11/1934231-governo-e-aliados-concordam-em-votar-previdencia-neste-ano-diz-meirelles.shtml?mobile

http://www.valor.com.br/brasil/5188913/previdencia-volta-ao-topo-da-cena-politica

Na China, o governo anunciou a abertura do seu mercado bancário para estrangeiros, em um movimento positivo de reforma e abertura de sua economia.

Nos EUA, a proposta de Reforma Tributária avança, mas as diferenças de propostas ainda são abismais. Segundo o DB:

Before all this late in the US session last night, the Senate has released their version of the draft tax bill which does not stray too much from prior press reports but is still quite different to the House’s bill. In the details, the plans included: i) corporate tax cuts to 20% delayed by one year (vs. Jan. 2018 as per the House’s tax bill), ii) existing mortgage interest deduction for home purchases up to $1m will be retained (vs. a cut to $0.5m) , iii) state and local tax deductions for individuals will be entirely repealed (vs. mostly repealed), iv) seven individual tax brackets will be retained with the top tax bracket reduced 0.9ppt to 38.5% (vs. consolidate to 4 tax brackets and unchanged top tax rate of 39.6%), while v) the standard deductions for individuals ($12k and $24k couples) are the same. Elsewhere, in the mark up of the House tax bill, the House Ways Committee is reportedly considering lifting the one-time tax rate on US companies’ accumulated offshore earnings, from 12% to 14% if the income was held as cash (vs. 10% as per the Senate tax plan). Looking ahead, the two versions of the tax bill will be further debated, negotiated and then somehow reconciled before final voting, which was expected to be before Thanksgivings (23 November). The market is having a lot of doubts about this timetable. 




Data: 09/11/2017

"Air Pockets"

 

O mesmo movimento que trouxe uma rápida e acentuada deterioração dos ativos emergentes na últimas 3-4 semanas parece estar afetando outras classes de ativos. Durante a noite, vimos uma forte queda do Nikkei, no Japão, uma posição bastante consensual entre a comunidade global de “Hedge Funds”.

Este movimento acabou sendo seguido por uma pressão (menos agressiva até o momento) nas bolsas dos EUA, acentuada pelos desenvolvimentos mais negativos no tocante a Reforma Tributária do país. Vale lembrar que não apenas as bolsas apresentam pressões negativas hoje, como o mercado de dívida corporativa, como os High Yield Bonds, começa a apresentar movimentos mais negativos nos últimos dias.

Por ora, estou tratando os movimentos como realizações técnicas normais de lucros, em meio a um ambiente de posição técnica deteriorada, preços/valuations menos atrativos e sazonalidade de final de ano. Ainda não vejo mudanças substancias de cenário econômico.

Contudo, vale lembrar que estamos no início do processo de redução do balanço do Fed, com outros importantes bancos centrais iniciando processos graduais de normalização monetária. Pela primeira vez, em muito tempo, isso pode estar afetando a dinâmica dos mercados financeiros globais.

Meu cenário base continua a ser de que este processo ocorra de maneira gradual e bem comunicada, sem gerar rupturas. Este panorama seria alterado na eventualidade de dados mais fortes de inflação, especialmente nos EUA. Isso não quer dizer que não possamos conviver com movimentos pontuais de realização de lucros e pressão nos ativos de risco, especialmente diante de uma aparente leniência dos investidores, mostrada através de preços/valuations pouco triviais, posição técnica ruim, volatilidades extremamente baixas e proximidade do final de ano. 

Mantenho alocações em ativos no Brasil, administrando tamanhos e instrumentos ativamente, visando me proteger de eventos de cauda e/ou mudanças repentinas de cenário base. Continuo comprado em volatilidade de Rates, Equities e FX nos mercados externos como hedge do portfólio local.




Data: 09/11/2017

Novas realizações de lucros pontuais e localizadas. Nikkei e JPY são a bola da vez!

 

Os ativos de risco estão operando próximos a estabilidade neste momento. O destaque da noite ficou por conta de uma forte queda do Nikkei, no Japão, em mais um claro movimento técnico de correção/realização de lucros dos mercados. Vale lembrar que o mesmo movimento, talvez não pelos mesmos motivos, ocorreu nos ativos emergentes nas últimas 2 a 3 semanas. O Morgan Stanley tratou a queda de seguinte forma:

USDJPY and flows. This morning’s 3.6% fall in the Nikkei, which is correcting as we write, has been a wake-up call that markets are likely to see fragility as investor positioning increases and the global market builds short volatility strategies. Our Japan equity strategists have looked into the technicals here post the Japanese election and note that earnings have been particularly strong in Japan and the recent rally has been supported by foreign purchases since the end of September. USDJPY is still following the real 10y interest rate differential but we think it is foreign investor flows that have increasingly become drivers of the currency. For example, over recent weeks, Japanese investors have reduced foreign asset purchases as bond volatility picked up. Normally that would result in a narrowing of the USDJPY basis but actually it has widened. At the same time, foreign investors were big buyers of Japanese equities, supporting the rally from the end of September. In the past week we saw the dynamic slightly changing with foreigners net selling Japanese equities, suggesting the domestic community may be selling foreign bonds and replacing with domestic equities. Japan’s inflation expectations keep rising, which limits the upside for the JPY. As soon as that inflation dynamic changes, we would no longer sell the JPY. That isn’t the case today.

Na China, o CPI e o PPI ficaram praticamente dentro das expectativas do mercado, com uma leve alta do CPI e estabilidade do PPI nas comparações em relação ao mesmo período do ano anterior. Os números não alteram o cenário para a política monetária no país.

No Brasil, a mídia voltou a dar atenção total e completa ao novo debate em torno da “nova” e mais enxuta Reforma da Previdência. Ainda parece cedo para fazer qualquer prognostico de aprovação das medidas colocadas pelo Governo, junto ao Congresso.




Data: 08/11/2017

EM em foco.

 

Os ativos de risco foram marcados ontem por uma continuidade do movimento de fortalecimento do dólar no mundo, mais concentrado nas moedas emergentes. O BRL, no Brasil, acabou seguindo o humor global a risco. A despeito desses movimentos, vimos alguma estabilização do mercado de Juros Emergentes. O destaque negativo ficou por conta da forte queda do Ibovespa, sem motivos aparentes, já que seus pares emergentes não apresentaram dinâmica similar. Continuo vendo os movimentos recentes como movimentos técnicos, puxados por um mix de posição técnica ruim, preços/valuations menos atrativos e uma sazonalidade de final de ano em que os gestores buscam proteger seus portfólios (seus ganhos) para o encerramento do “ano fiscal”.

O pano de fundo continua a ser de crescimento global robusto, inflação contida ao redor do mundo e normalização monetária gradual por parte dos bancos centrais nas principais economia do mundo. Este pano de fundo costuma ser positivo para ativos de risco e, especialmente, para os ativos emergentes. O risco continua a ser da necessidade de um processo de normalização monetária mais agressiva nos EUA, ou uma desaceleração mais acentuada da China.

No Brasil, a inflação corrente e prospectiva continua baixa e contida. As expectativas de inflação estão ancoradas. O crescimento está em um processo gradual de recuperação, assim como mercado de trabalho. As contas externas seguem saudáveis e as perspectivas de fluxo para este final de ano são positivas. O maior problema do país continua a ser fiscal.

Para os mercados, sigo mais cauteloso no curto-prazo, devido a dinâmica ainda ruim dos mercados locais, mas ainda mantenho um viés construtivo de médio e longo-prazo. Assim, mantenho exposição compradas em ativos locais, mas administrando ativamente os tamanhos e instrumentos das posições com o intuito de proteger de eventuais mudanças de tendência ou realizações de lucros mais acentuadas.

No Brasil, após uma interpretação de que o Governo estaria abandonando o projeto de Reforma da Previdência o Governo coloco a “cavalaria na rua” para desfazer o mal entendido. O Governo entende que hoje há pouco apoio da sociedade, da mídia e, consequentemente, do Congresso, para uma Reforma da Previdência ampla como a proposta anteriormente. Contudo, Temer e Cia. ainda tentarão emplacar medidas individuais, de tramitação mais rápida no Congresso, com o intuito de avançar no processo de ajuste das contas públicas. Neste momento, a imposição de uma idade mínima para aposentadoria parece ser o foco da vez para tentativa de aprovação. Ao que parece, o Governo começou uma campanha um pouco mais agressiva em prol do avanço dessas medidas.

Enquanto isso,a mídia continua tentando adiantar o processo eleitoral de 2018, colocando candidatos em evidências assim como suas plataformas políticas e econômicas. Pelos seus avanços nas pesquisas Jair Bolsonaro é a “bola da vez”. Ao que parece, segundo a mídia, a despeito de sua postura agressiva e questionável em vários temas, Bolsonaro está buscando apoio econômico em nomes liberais, de centro-direita e favoráveis as reformas econômicas em curso e a atual equipe econômica. Já muito bem vista pelo mercado e pela sociedade. Este tipo de postura reduziria o “risco de cauda” no campo econômico em uma eventual vitória de Bolsonaro nas eleições para presidente.

Ainda acho extremamente cedo para antecipar o cenário eleitoral de 2018. Ainda faltam nomes, alianças e um longo caminho até abril de 2018, quando de fato a corrida presidencial ficará mais clara. 




Data: 07/11/2017

Leve dinâmica de "Reflation".

 

Os ativos de risco estão apresentando leve dinâmica de “Reflation”, com pequena alta nas bolsas, fortalecimento do dólar e leve abertura de taxa de juros no mundo desenvolvido, liderados pelos EUA,

A noite foi de poucas novidades relevantes para o cenário.

No Brasil, a mídia está dando destaque a comentários de membros do Congresso e do Presidente Michel Temer, pegando um contexto de piora no cenário para a aprovação da Reforma da Previdência.

Acredito que hoje exista pouco, ou nenhum clima para a aprovação de uma Reforma ampla e agressiva, como proposto anteriormente, mas o Governo deverá fazer um esforço para aprovar medidas individuais que visam melhorar a situação das contas públicas nacionais. O mercado precifica pouco de qualquer aprovação no curto-prazo, mas a ausência de reformas adicionais pode trazer novos rebaixamentos da nota de crédito do país.

No campo micro econômico, contudo, cuja a dependência do Congresso PE menor, está avançando o plano de privatização da Eletrobrás, assim como caminha para um desfecho a negociação da Cessão Onerosa entre a Petrobrás e o Governo.

Meu cenário base segue sem alterações e pode ser visto no detalhe aqui: https://mercadosglobais.blogspot.com.br/. 




Data: 06/11/2017

Primeiros sinais de melhora na dinâmica EM.

 

O destaque do dia ficou por conta da forte alta no complexo de commodities metálicas e no petróleo. Em um ambiente de fechamento de taxas de juros no mundo desenvolvido, esta dinâmica acabou ajudando a descomprimir a pressão negativa nos ativos emergentes, que já vinha ocorrendo, em menor magnitude, desde a manhã desta segunda-feira.

Reforço que não vejo mudanças substanciais de cenário e a melhora da diâmica é um componente importante para que os ativos EM, e no Brasil, voltem a mostrar bom desempenho novamente. Acredito que um dia de melhora ainda seja pouco para confirmar a mudança definitiva de dinâmica dos mercados, mas é um avanço necessário e importante nesta direção.

Mantenho a postura de aumentar cautelosamente as alocações em Brasil, que estão sendo combinadas com posições tomadas de juros nos EUA e compradas em volatilidade em Rates e Equities como hedge das alocações locais. Ainda prefiro os mercados de renda variável e juros nos atuais níveis em detrimento ao mercado de câmbio.

No mercado de juros, após uma forte abertura de taxa de juros, incompatível com a pouca, ou nenhuma, alteração do cenário de inflação, acredito que o mercado tenha criado valor ao longo de toda a curva. Continuo optando pela parte intermediária das curvas nominais e reais. A despeito de um carrego mais positivo na curva real de juros, a elevação da inflação implícita nos últimos dias trouxe valor a curva nominal de juros. A curva continua bastante “steepada” nos vértices mais longos. Ainda acredito no cenário de juros mais baixos por mais tempo, mas entendo que devemos respeitar a dinâmica do mercado, e que esta compressão das taxas será feita ao longo do tempo, dado o nível das taxas atuais e o ciclo de queda da taxa Selic já realizado pelo BCB. Assim, tenho administrado o tamanho e os instrumentos da posição de forma mais ativa.

Continuo vendo um cenário local e global favorável ao mercado de renda variável no Brasil e no mundo. Acredito que haja fluxos reprimidos para esta classe de ativos. Nos últimos dias, vimos movimentos que costumam ser bastante deletérios ao mercado de fundos de ações, com os setores de commodities sustentando bons níveis, mas forte realização de lucros em setores mais voltadas a economia local, como bancos e varejo no geral. Acredito que muito disso seja movimento técnico, normal e todo o ciclo de apreciação das bolsas de qualquer lugar no mundo. A temporada de resultados está sendo dentro do esperado, mas as ações têm reagido de maneira errática e, muitas vezes, não explicada pelos fundamentos. Novamente, vejo esta dinâmica como fruto de questões técnica e pontuais.

No dólar, continuo sem grandes convicções. Ainda vejo o BRL em um range, talvez mais largo do que os 3,10-3,25 que vinha anteriormente. 




Data: 06/11/2017

Descompressão dos ativos EM.

 

Os ativos emergentes estão apresentando alguma descompressão esta manhã, em um ambiente de fechamento de taxas de juros no mundo desenvolvido e bolsas em leve queda. As commodities, no geral, apresentam uma nova rodada de valorização. Assim, meus comentários ao longo do final de semana continuam válidos: 

 

https://mercadosglobais.blogspot.com.br/2017/11/cenario-brasil-externo.html 

 

https://mercadosglobais.blogspot.com.br/2017/11/the-ugly-path-to-beautiful-reflation.html 

 

Os jornais de hoje trazem pouquíssimas informações novas relevantes além daquilo que já foi amplamente comentado nos últimos dias. Há a informação de que o PSDB planeja um desembarque do Governo Temer. A decisão já vinha sendo estudada há meses e seria um passo natural com a aproximação das eleições. Acredito que o PSDB poderia votar a favor de reformas econômicas relevantes, mas busca se descolar do governo já visando o calendário eleitoral. 

 

No campo micro, importante citar o anuncio de uma descoberta de novas reservas de petróleo onshore no México, além da divulgação, por parte da ANP, de números positivos em relação aos barris excedentes da Cessão Onerosa no Brasil. Estes números são fundamentais para que a Petrobras e o Governo cheguem em um acordo em relação a Cessão Onerosa e o Pré Sal. Números elevados são vistos como positivos pois elevam as chances de um acordo, além de ajudar tanto a empresa como as contas públicas do país a longo-prazo.




Data: 06/11/2017

Cenário Brasil & Externo.

 

O final de semana trouxe poucas novidades concretas para os cenários locais e externo. No cenário externo, apenas alguns desenvolvimentos na Arábia Saudita estão sendo foco da mídia, mas nada que deva gerar contágio para o cenário macro global. As questões levantadas ao longo das últimas 24 horas, que não são fundamentais para o panorama global, devem se manter localizadas. 

 

Brasil - No Brasil, na ausência de novidades relevantes no cenário, a mídia continua tentando antecipar o cenário para as eleições presidenciais de 2018. O PT circula a notícia de que Lula poderá ser candidato a presidente e, eventualmente, concorrer pelo menos no primeiro turno. Sua candidatura estaria embasada na possibilidade de recursos caso o ex presidente seja realmente condenado em segunda instância na justiça. 

 

Nas esferas públicas, O Ministro do STF, e Presidente do TSE no ano que vem, Luis Fux declarou que acha contraproducente candidatos a cargos públicos que sejam denunciados na justiça concorrerem nas eleições, jogando um certo “banho de agua fria” na tese do PT. 

 

Os partidos de oposição continuam evitando qualquer prognostico, e evitando nomear candidatos neste estágio o ciclo eleitoral. 

 

As colocações de Henrique Mereilles sobre ser “presidenciável” foram mal vistas no meio político dado o timing das declarações. Além disso, o nome do Ministro da Fazenda começou a circular, em uma série de notícias requentadas, em relação a seu envolvimento com o Grupo JBS. Este panorama ajudou a afetar o nome do Ministro em um momento de humor de mercado já fragilizado. Vejo esses eventos como ruídos de curto-prazo. Acho natural Meirelles ser presidenciável. Em relação a seu envolvimento com a JBS, os fatos são de conhecimento público há tempos e o Ministro mostra um embasamento contratual que deveria dar alguma blindagem a sua situação. 

 

A situação política do país segue fluída. O Planalto está tendo que lidar com alguns obstáculos de curto-prazo, como as declarações do Ministro da Justiça em relação a situação de segurança pública do Rio de Janeiro, além da situação controversa em que se colocou a Ministra da Ação Social. Essas questões devem ser vistas como normais e qualquer Governo (ou até mesmo no setor privado). 

 

É inegável, contudo, que o Governo se mostra mais fragilizado e precisa aglutinar, novamente, sua base aliada em prol de uma nova rodada de implementação de uma agenda positiva de reformas. O Presidente Temer buscará fazer exatamente isso nos próximos dias. 

 

Enquanto isso, não há mudanças substanciais do cenário econômico local. Ainda estamos no meio de uma recuperação cíclica do crescimento. A inflação continua baixa. Tudo indica que o piso da inflação já foi feito, mas as perspectivas de médio-prazo (6 a 18 meses) continuam bastante favoráveis. O mercado de trabalho mostra recuperação gradual, o que ajuda o consumo interno. As contas externas seguem saudáveis. O problema fiscal ainda preocupa no longo-prazo e é por isso que uma Reforma da Previdência ainda é essencial. 

 

Externo – Acreditava que existia uma certa leniência do mercado em relação ao cenário ao longo dos últimos meses, mas não esperava uma deterioração tão acentuada dos mercados emergentes na ausência de uma alta mais agressiva dos juros no mundo desenvolvido e, especialmente, na ausência de dados mais concretos de inflação nos EUA. 

 

Resumidamente, vejo o cenário da seguinte forma: Um curto-prazo ainda de incerteza, especialmente frente a dinâmica tenebrosa dos ativos emergentes. Acredito que grande parte do movimento seja um misto de posição técnica, valuations menos triviais e a sazonalidade do final de ano, em que muitos gestores precisam defender seus PnLs. Acredito que parte dessas questões tenham sido “aliviadas” nos últimos dias/semanas, mas será sempre difícil acertar o momento correto das inversões de movimentos. 

 

Ainda vejo um cenário global saudável e positivo, de crescimento sólido, ajuste apenas gradual da política monetária no mundo desenvolvido e uma inflação ainda relativamente baixa ao redor do mundo. A maioria dos países emergentes mostra fundamentos mais sólidos hoje do que em outros momentos de “stress” de mercado, como em 2013 com o “Taper Tantrum” e 2015 com os ruídos provenientes da China e de outros emergentes, como a crise política no Brasil. 

 

Como risco, o processo de normalização monetária no mundo desenvolvido ainda aparenta ser o principal obstáculo a ser superado nos próximos meses (quiça anos). 

 

Terminamos assim: Precisamos respeitar a dinâmica do mercado. Acho que o momento seja de adicionar alocações em alguns ativos no Brasil, visando o médio-prazo. Essas alocações precisam ter seu tamanho ajustado para o novo nível de volatilidade, stops bem definidos e/ou a utilização de instrumentos que permitam defender o portfólio caso a deterioração continue, como o uso de estruturas de opção com perdas limitadas, especialmente no Ibovespa. Gosto de combinar essas posições com posições tomadas em juros nos EUA e compra de volatilidade de Rates e Equities nos EUA.




Data: 06/11/2017

The ugly path to Beautiful Reflation.

 

Estamos observando mais um dia de forte pressão nos ativos emergentes em geral e no Brasil, em especial. Vou me referir neste comentário ao Brasil, mas acredito que grande parte do que escreverei pode ser refletido na maior parte dos demais países emergentes. 

 

O dia foi marcado pela divulgação dos dados de emprego de outubro nos EUA. Os números mostraram uma criação robusta de vagas de trabalho, uma taxa de desemprego em queda e um crescimento ainda contido dos rendimentos dos trabalhadores. Os números ainda podem estar sofrendo os efeitos das tragédias naturais que afetaram o país ao longo do mês. 

 

De maneira geral, minha leitura continua a ser de um mercado de trabalho sólido, já ultrapassando o pleno emprego. Contudo, a velocidade ainda gradual de aceleração dos rendimentos traz poucas pressões inflacionarias de curto-prazo, o que garante que o processo de normalização monetária no país será gradual. 

 

Dito tudo isso, vejo um cenário ainda construtivo para a economia mundial neste final de ano. Os riscos existem e devem ser monitorados, como uma eventual aceleração mais rápida da inflação. Todavia, por ora, este problema ainda não se materializou. 

 

Então, como explicar a terrível dinâmica dos ativos emergentes nas últimas semanas? Acredito que seja um problema de posição técnica, nível de preços e sazonalidade. O mercado ficou excessivamente otimista com o cenário, as posições foram se acumulando em um momento de final de ano em que o P&L precisava ser defendido. Aliado a isso tudo, cresceu o receio em torno da necessidade de uma política monetária mais apertada no mundo desenvolvido, o que acabou funcionando como trigger para a correção dos ativos emergentes. Alguns problemas pontuais e localizados em alguns países emergentes também não favoreceram o humor do mercado. 

 

Acredito que a última rodada de deterioração seja totalmente explicada pelo técnico do mercado. Acredito que valores foram criados em várias classes de ativos. Ainda vejo um cenário de crescimento global robusto, inflação contida no mundo e normalização monetária gradual nas economias desenvolvidas seja um pano de fundo positivo para as economias emergentes. Vale lembrar que os fundamentos desses países, como o Brasil, continuam positivo, com crescimento ciclicamente mais forte, inflação baixa, juros baixos e contas externas mais robustas. 

 

Acho válido respeita a dinâmica do mercado no curto-prazo, como tenho escrito diariamente neste fórum, mas não vejo motivos claros para alterar a visão de longo-prazo da economia local e/ou global.




Data: 03/11/2017

BoE, Reforma Tributária nos EUA & Beautiful Reflation.

 

A quinta-feira, até o momento, está sendo caracterizada por movimentos de fechamento de taxas de juros no mundo desenvolvido, dólar fraco e leve queda das bolsas. O dia trouxe um batalhão de informações. Na minha visão, estamos diante de movimentos normais de ajuste, mas nenhuma das notícias de hoje deveria ser fundamentalmente importante para o cenário econômico global, ou melhor, para a alteração de um cenário relativamente construtivo, que tenho cunhado como “Beautiful Reflation”. 

 

Talvez a principal informação do dia tenha sido a reunião do BoE na Inglaterra. O Banco elevou os juros em 25bps, como era amplamente esperado. A grande surpresa, contudo, ficou por conta da alteração do “forward guidance”. Se antes o BoE dizia que os juros deveriam subir mais do que o mercado precificava, agora retirou esta parte do texto. Essa sinalização foi lida como uma medida para corroborar a curva local de juros, que precifica cerca de 3 altas de 25bps até o ano de 2020. A decisão de hoje deve ser vista pelo mercado como mais um indício de que os BCs no mundo desenvolvido deverão se manter bastante graduais neste processo de normalização monetária. 

 

No campo econômico, o dado de Produtividade ficou acima das expectativas, com leve surpresa positiva do Unit Labor Cost. O Jobless Claims voltou a cair, e se mantem em nível consistente com uma economia no pleno emprego. Vejo os dados de hoje como corroborando um cenário de crescimento sólido, aumento gradual das pressões inflacionárias, hiato do produto fechado e pleno emprego. 

 

Nos EUA, o texto com os primeiros elementos da Reforma Tributária e Fiscal foi divulgado. Ainda não tive tempo de entrar nos detalhes da proposta. Por ora, a proposta apresentada foi vista como uma leve decepção e alguns pontos. Eu acredito que mais um passo importante foi dado na direção de implementação de uma Reforma, senão drástica e agressiva como vende a administração Trump, mas uma Reforma possível e talvez, inclusive, mas enxuta, realista e condizente com o atual estágio do ciclo econômico da economia dos EUA. 

 

No Brasil, os jornais voltaram a falar na dificuldade enfrentada pelo Governo para implementar uma nova rodada da agenda de reformas. Enquanto isso, as agências de rating começam a sinalizar para uma eventual piora da nota de crédito do pais na ausência de alguma reforma na previdência. Os ativos do Brasil que operam nas bolsas de NY voltaram a mostrar desempenho ruim ao longo do dia de hoje.




Data: 03/11/2017

Dinâmica dos ativos no Brasil continua bastante ruim.

 

O dia foi de pouca movimentação para o cenário e os mercados externos. Nos EUA, como era amplamente esperado, o Fed manteve sua política monetária estável, promovendo apenas pequenas alterações em seu comunicado. O ADP Employment – último indicador antecedente para os dados oficiais de emprego nos EUA – apresentou robusta criação de vagas de trabalho em outubro, enquanto o ISM Manufacturing mostrou leve recuo, mas ainda se manteve em patamar robusto e condizente com um crescimento sólido da economia. Finalmente, a mídia voltou a afirmar que Powell será o escolhido para ser o novo presidente do Fed, anuncia já amplamente esperado pelo mercado. 

 

De maneira geral, o cenário para economia dos EUA segue evoluindo na direção de um crescimento robusto, um hiato do produto fechado e um mercado de trabalho em pleno emprego. A principal consequência disso é que veremos um processo estrutural de aumento dos rendimentos e, mais cedo ou mais tarde, alta na inflação, o que deverá levar a um longo processo de normalização monetária no país. Ainda vejo uma abertura das taxas de juros nos EUA como um processo apenas em seu início. 

 

No Brasil, a dinâmica dos ativos locais continua extremamente ruim, especialmente o mercado de juros e renda variável, onde a posição técnica parece mais comprometida no curto-prazo. Não vejo uma mudança definitiva de cenário para as principais variáveis da economia, mas entendo que a incerteza do cenário externo, a posição técnica e o nível de preços estejam ajudando o movimento de realização de lucros nas últimas semanas. 

 

O mercado parece não apresentar “momentum”, ou “trigger”, para mudança desta dinâmica. Em suma, ainda vejo um curto-prazo mais volátil e incerto, mas ainda não estou preparado para alterar minha visão construtiva de médio-prazo. Acho que o momento seja oportuno de elevar cautelosamente a exposição em alguns ativos, mas mantendo a disciplina de stops ou instrumentos para caso o cenário esteja realmente se alterado (o que não é meu cenário base). 

 

Vale comentar que o mercado de renda variável está reagindo de maneira bastante negativa a temporada de resultados corporativos, mesmo que esta temporada não esteja sendo ruim (pelo contrário, na média, vemos números razoáveis e guidances positivos). O problema me parece, realmente, a falta de fluxos adicionais, em meio a um cenário externo mais incerto, preços menos atrativos e posição técnica mais comprometida. A sazonalidade de final de ano também prejudica a tomada adicional de risco, mesmo que seja sazonalmente um período positivo para os ativos de risco como um todo. 

 

No mercado de juros, a posição técnica e o potencial fim do processo de queda da Taxa Selic, em meio a juros mais elevados no mundo desenvolvido, parece ser o principal impecílio para o bom desempenho do mercado. Ainda há amplo espaço para o mercado descomprimir prêmios de alta de juros em 2018, mas claramente não será um processo linear, tampouco rápido, mas deverá ocorrer ao longo do tempo, conforme o mercado for ganhando confiança na visão de juros mais baixos por mais tempo. Os grandes ganhos no mercado de juros no Brasil, sem dúvida, ficaram para trás. 




Data: 01/11/2017

 "Beautiful Reflation" is Backs!? Governo no Brasil busca agenda de reformar.

Os ativos de risco estão voltando à dinâmica de “Reflation” que havia pausado por algumas poucos dias/semanas no final de outubro. Comentei um pouco sobre isso na tarde de ontem (https://mercadosglobais.blogspot.com.br/2017/10/us-firing-on-all-cylinders.html). Este pano de fundo de “Reflation” não precisa ser necessariamente negativo para os ativos emergentes, e o Brasil, de forma estrutural. Vejo os movimentos recentes como acomodações naturais, saudáveis e, de certa forma, esperados, após praticamente 1 ano de apreciação ininterrupta dos ativos locais (e emergentes). 

Nos últimos dias, venho cautelosamente elevando as exposições aos mercados locais, preferencialmente no mercado de renda variável, na parte intermediária da curva de juros (reais e nominais) e, taticamente, no câmbio (Long BRLAUD). Essas posições vêm sendo combinadas com posições tomadas em juros na parte longa da curva de juros dos EUA.

O cenário de crescimento global robusto e fundamentos mais sólidos da economia local ensejam esta postura. A normalização monetária no mundo desenvolvido e a potencial desaceleração da China são, neste momento, os “ventos contrários” (headwinds) em torno desde cenário ainda construtivo. O ajuste recente de preços e posição técnica dos mercados parece ter incorporado estes vetores de maneira mais justa. Até poucas semanas atrás, os mercados pareciam totalmente leniente a estes riscos. O risco ao cenário base (cautelosamente construtivo) continua a ser a necessidade de um ajuste de política monetária mais rápido e acentuado do que o previsto no mundo desenvolvido (e nos EUA em especial). Neste ambiente, os ativos emergentes ainda teriam espaço para manter a dinâmica ruim por mais tempo.

No Brasil, os jornais voltaram a reportar a disposição do governo em seguir com o ajuste econômico e a Reforma da Previdência, mesmo que de forma mais branda do que as pretensões iniciais. Segundo O Globo:

O governo voltou a estudar quais propostas à reforma da Previdência podem ser feitas por medida provisória e não por emenda à Constituição. Ou seja, um instrumento que precise de menos votos para aprovação. No governo, a estratégia é chamada de “reforma média”. Técnicos acreditam, por exemplo, que dessa forma é possível acabar com a regra 85/95 — o direito a aposentadoria com base na soma da idade com os anos de contribuição para mulheres e homens, respectivamente.




Data: 31/10/2017

US: Firing on all cylinders

A terça-feira foi marcada por um leve retorno do tema de “Beautiful Reflation” no mundo, com o dólar um pouco mais forte ao redor do mundo, leve abertura de taxas de juros nos EUA e bolsas ainda bem suportadas.

Continuo vendo espaço para o tema de “Reflation” continuar, especialmente após mais uma rodada de dados econômicos extremamente positivos e robustos nos EUA. Apenas hoje vimos o Chicago PMI subir de 65,2 para 66,2 pontos, acima das expectativas de 60,0; o Consumer Confidence passar de 120,6 para 119,8, acima das expectativas de 121,3; e o Employment Cost Index subir 0,7% QoQ, confirmando um cenário gradual de elevação do custo do trabalho e da remuneração dos indivíduos.

A velocidade de abertura das taxas de juros nos EUA quem irá determinar se o “Reflation” permanecerá “Beautiful” ou se poderá se tornar “Ugly”. Meu cenário base ainda é de continuidade de um ambiente construtivo, com períodos pontuais de maior volatilidade, pelo menos até que se tenha certeza do novo patamar dos juros nos EUA e nas demais economias desenvolvidas.

Acredito que os números de inflação serão peça chave neste processo. Enquanto a inflação nos EUA permanecer em alta gradual, o cenário poderá se manter construtivo. Caso fique claro que estamos no início de um processo mais acentuado de alta na inflação, poderemos estar diante de um ponto de inflexão extremamente importante para a economia mundial e os mercados financeiros globais.

No Brasil, o destaque ficou por conta das Notas do Copom. Ao deixar o final do ciclo de queda da Taxa Selic em aberto, o BCB acabou sendo lido como um pouco mais dovish pelo mercado, favorecendo um movimento de “bull steepening” da curva de juros. Continuo gostando de posições na parte intermediária da curva real e nominal de juros e já vejo boas assimetrias em algumas estruturas de opção, mais longas, após a queda recente das vols implícitas de juros.

O BRL continua seguindo o humor global a risco, ainda favorável ao dólar no mundo e o Ibovespa acabou afetada pela interpretação mais negativa de alguns resultados corporativos trimestrais.

Nos atuais níveis, já vejo espaço para adicionar alocações táticas em alguns ativos locais, porém combinadas com a manutenção de uma posição estrutural tomada em juros mais longos nos EUA e alguns países do G10.

Vale ressaltar que os indicadores de confiança locais continuam mostrando elevações, o que é condizente com um cenário de recuperação da economia.   




Data: 31/10/2017

PMI na China, Reforma Tributária nos EUA e Cenário político no Brasil.

Os ativos de risco estão operando próximos a estabilidade, sem novidades muito relevantes no cenário.

Na China, o PMI Manufacturing oficial recuou de 52,4 para 51,6 pontos em outubro, levemente abaixo das expectativas de 52,0. O número confirma um cenário de desaceleração moderada da economia chinesa de agora em diante, passado o importante Congresso Chinês.A desaceleração era, de certa forma, esperada e deve ser vista como um “vento a favor” menos positivo a economia global e aos mercados d agora em diante. A magnitude da desaceleração, contudo, quem irá determinar se o cenário continuará relativamente estável e construtivo, o cenário base, ou se desenvolvimentos mais negativos irão se desenvolver, que cenário um cenário alternativo de menor probabilidade no momento.

Nos EUA, a mídia está reportando que a Reforma Tributária no país poderá ser implementada em fases, na forma de “escalonamento”. Deixo aqui a reflexão do estrategista de FX do Morgan Stanley:

EM markets have developed a significant geographical performance split, with LatAm currencies staying offered and AxJ rallying. LatAm trades sensitively to risk and global funding costs and saw its best days when DM bond and equity prices rose simultaneously. Since early September, US bond and equity prices have diverged, setting the scene for a significant LatAm FX decline. However, we call the USD generally lower from here, arguing that strong growth in the rest of the world will see the USD being increasingly used for funding purposes. China provides a good example, with its foreign currency debt not only being 83% USD denominated but rising too as China’s companies seek substitution for rising RMB funding costs.

US economy and reform. Recent US data releases including yesterday’s personal income, consumption and savings data suggest that the US does not need additional stimulus at its current economic state. On the contrary, its sharply declining savings ratio in reaction to bullish wealth effects suggests the economy may be leveraging up again at a fast pace. A fiscal stimulus may increase the pace at which the US private sector grows its leverage. Economic cycles do not die because of age. It is exuberance which turns upswings into downturns. Hence, a disappointing US tax reform momentum is a positive factor for the long-term interpretation of especially EM risk. The US House considering phasing in corporate tax cuts over a 5-year period may be bad news for speculative and hence short-term US equity investors, but it is good news for high yielding LatAm currencies as it helps keep US funding costs low.

The EM risk. The biggest risk for our bullish EM call would be an autonomous rise of US real rates and yields which could come on the back of the Fed changing its reflation-generating framework or US capex picking up, pushing not only demand for capital up but also leading towards a cyclical rebound of US productivity growth. Higher productivity levels would allow the US to live with higher real rates with little internal friction. However, higher US real rates would reduce the US' desire to export capital abroad which ultimately would slow down EM growth, especially for those economic areas which have stayed dependent on foreign funding. Some LatAm currencies such as COP fall into this category, explaining why the region trades sensitively to US yields and risk appetite. Markets may have oversubscribed to these risks in the short term.

No Brasil, a mídia continua reportando dificuldades do Governo com a base aliada e a possibilidade de uma possível super-reforma ministerial. Até mesmo a saída de Henrique Meirelles já está sendo ventilada. Neste ínterim, Temer assinou duas MPs, contrariando o discurso do Presidente da Câmara, para implementar o ajuste fiscal. A situação do país continua fluída, mas sem trigger positivo claro de curto-prazo. Assim, dependeremos mais de uma nova mudança do cenário externo, de preços mais atrativos e/ou de uma clara melhora da posição técnica para que a dinâmica dos ativos locais volte a melhorar. Tampouo vejo espaço para pioras ainda mais rápidas e acentuadas dos níveis de preço.




Data: 31/10/2017

Brasil: Dinâmica ruim continua. Cautela ainda é necessária.

Os ativos locais tiveram mais um dia de dinâmica extremamente ruim. O Brasil está passando por um momento de reavaliação do cenário externo, especialmente no tocante aos mercados emergentes, em um momento de preços/valuations menos triviais, posição técnica já comprometida e baixa disposição a tomada adicional de risco por parte dos investidores com a proximidade do final de ano. Além disso, parece não haver ímpeto no noticiário local, como no passado recente (reformas e afins) para um descolamento, ou over-performance, dos ativos locais em relação aos seus pares. Acredito que a combinação destes vetores esteja levando a dinâmica ruim de curto-prazo.

Não vejo estes vetores se dissipando rapidamente no curto-prazo, mas tampouco vejo eles como extremamente negativos a ponto de gerar uma correção muito mais rápida e acentuada como em eventos/momentos recentes (como nas eleições do Trumo e/ou no momento do vazamento da delação premiada da JBS).

Assim, mantenho uma postura de cautela no curto-prazo, mas sem alterar um cenário relativamente construtivo de médio-prazo para os países emergentes e o Brasil. Acredito que a partir de agora os ganhos serão menos triviais, dependerão mais de postura tática e a composição do portfólio fará diferença fundamental na performance.

Continuo disposto a elevar as alocações em ativos locais, neste momento em patamar baixo devido à dinâmica terrível, a baixa visibilidade do cenário externo e a minha baixa convicção de curto-prazo, vetores já amplamente comentados em textos anteriores. Ainda não acho que seja o momento de estar com posições consideradas elevadas em Brasil, mas mantenho pequena alocação a parte intermediária e longa das curvas reais de juros e pequena alocação, via estruturas de opção, no mercado de renda variável.

Prefiro esperar uma definição mais clara do cenário externo, preços mais atrativos/stressados e/ou sinais mais claros de avanço da agenda de reformas para elevar as alocações de forma mais agressiva. Enquanto isso, manterem postura tática e sem preconceito com a direção dos mercados. Tenho dúvidas de que teremos visibilidade em relação aos vetores citados anteriormente ainda este ano, mas estou mantendo flexibilidade e mente a aberta para qualquer um dos cenários.

Nos EUA, tivemos um dia de certa incerteza, com os investidores voltando a duvidar da capacidade da administração de Trump colocar em prática uma agenda de reformas. As acusações de alguns membros da campanha presidencial do atual presidente também ajudaram a dar um humor mais negativa aos ativos dos EUA, com as bolsas, os yields e o dólar em queda.

Os dados econômicos, como Personal Income e Spending ficaram acima das expectativas, confirmando um cenário de robustez da economia. A mídia já dá como certa a indicação de Powell como presidente do Fed.

Ainda vejo uma economia em pleno emprego, com hiato do produto fechado e um Fed em certo “piloto automático” no processo de normalização monetária. Acredito que alguma Reforma Tributária/Fiscal será implementada. Ainda vejo um  cenário estrutural de abertura de taxas de juros.

Na Europa, a inflação da Alemanha ficou abaixo das expectativas.

Na China, a noite foi de certa incerteza de cenário, com bolsas em queda e juros em alta. O encerramento do Congresso no país pode marcar um ponto de inflexão importante para a economia e qualquer movimento no país precisa ser acompanhado de perto. Vejo um cenário de relativa estabilidade, mas como menos suporte a partir de agora se comparado aquele cenário que prevalece ao longo do ano até agora.  




Data: 30/10/2017

Sem novidades relevantes.

Os ativos de risco apresentam movimentos bastante tímidos esta manhã, com leve dólar fraco, fechamento de taxa dos juros nos países desenvolvidos e pequeno recuo das bolsas globais. Os movimentos indicam alguma perda de fôlego do “Reflation” e/ou uma redução da probabilidade de implementação da Reforma Tributária nos EUA. Acredito que seja cedo para conclusões concretas nesta direção e que a agenda da semana será extremamente importante para a definição do cenário de final de ano, com reunião do FOMC, dados de emprego e de salários nos EUA.

Os jornais do Brasil trazem pouquíssimas novidades em relação aquilo que já foi escrito nos últimos dias. Assim, deixo aqui meus comentários recentes:

https://mercadosglobais.blogspot.com.br/2017/10/baixa-conviccao-noticiario-ainda-com.html

https://mercadosglobais.blogspot.com.br/2017/10/cenario-economico.html

https://mercadosglobais.blogspot.com.br/2017/10/posicoes-e-alocacoes.html




Data: 30/10/2017

Baixa convicção. Noticiário ainda com viés negativo (por parte da mídia) no Brasil.

Mercados – Confesso que estou com baixa convicção neste momento. Vejo poucas mudanças de cenário, mas uma dinâmica “esquisita” em algumas classes de ativos, como os emergentes e o Brasil. A despeito de ver um longo-prazo de recuperação cíclica e, consequentemente, de cenário relativamente construtivo para o país, entendo que alguns vetores de curto-prazo podem manter os ativos em dinâmicsa de acomodação/realização de lucros. Escrevi mais sobre isso aqui: https://mercadosglobais.blogspot.com.br/2017/10/posicoes-e-alocacoes.html e aqui https://mercadosglobais.blogspot.com.br/2017/10/cenario-economico.html.

Ainda vejo como cenário base uma normalização monetária no mundo desenvolvido. Acredito que este processo será estrutural e está apenas em seu começo. Não vejo, neste momento, este processo como um evento de ruptura, mas existia uma certa leniência por parte dos mercados que parece estar sendo ajustada nos últimos dias. Este é o cenário o qual tenho maior convicção.

Quanto ao Brasil e aos emergentes, vejo um cenário mais robusto do que no passado, o que deveria trazer alguma blindagem ao longo do tempo. Contudo, nos níveis de preço, valuation e posição técnica que os ativos atingiram nos últimos meses, movimentos de realização de lucros como os observados nas últimas semanas não podem ser vistos como surpreendentes.

Ficamos assim: Ainda vejo um curto-prazo de cautela e volatilidade, mas um longo-prazo construtivo. Será importante, e também extremamente difícil, prever até onde irá a realização de lucros ou se estamos diante de uma mudança fundamental de cenário, como cheguei a escrever aqui: https://mercadosglobais.blogspot.com.br/2017/10/possivel-mudanca-de-cenario.html.

Por isso, continuo trabalhando com um portfólio mais balanceado e menos direcional, focado em temas específicos, mais tático em algumas classes de ativos e com a busca incessante por hedges.

Brasil - Os jornais do final de semana continuam dando destaque para o cenário político local. O Presidente Michel Temer foi submetido a uma cirurgia e está internado. Há expectativas de que ele terá alta amanhã. As primeiras informações são de que o problema de saúde é brando e não deveria afetar o dia-a-dia do Presidente. No meio do imbrólio político que o país vive, contudo, os investidores deverão se questionar se Temer terá forças (saúde) políticas para continuar tocando uma pauta econômica agressiva.

Em novas aparições na mídia, o Presidente da Câmara Rodrigo Maia continua adotando um tom mais independente do Palácio do Planalto. Eu não iria muito na linha de acreditar que seja um tom duro ou contrário ao Planalto, porém uma postura mais realista e independente. Segundo Maia, não há base no governo nem mesmo para aprovar MPs mais impopulares.

Nova pesquisa do Ibope (vide abaixo) mostra um quadro eleitoral bastante parecido com o que outras pesquisas eleitorais já haviam mostrado, ou seja, Lula ainda na liderança, seguido de Bolsonaro e Marina, dependendo do cenário. Acredito que ainda falta tempo para as eleições trazerem um impacto definitivo nos mercados locais.  A “Variável Lula” ainda será importante, já que o quadro eleitoral será um com a participação de Lula e o quadro será outro sem sua participação direta:

Lula, com 35%, e Jair Bolsonaro (15%) iriam para o segundo turno se as eleições de 2018 fossem hoje. Luciano Huck teria entre 5% e 8%. Lula e Jair Bolsonaro iriam para o segundo turno se as eleições presidenciais fossem hoje. É o que mostra a primeira pesquisa feita pelo Ibope para medir o pulso da corrida presidencial de 2018. Em qualquer cenário apresentado ao eleitor, Lula fica com o mínimo de 35% e o máximo de 36% das intenções de voto. Bolsonaro aparece com 15% quando enfrenta Lula. E cresce para 18% se o ex-presidente for substituído por Fernando Haddad (neste caso, está empatado com Marina Silva). A pesquisa foi feita entre os dias 18 e 22, com 2.002 pessoas em todos os estados brasileiros, com margem de erro de dois pontos percentuais para mais ou para menos.

Cenário mutante  - Marina Silva é a terceira colocada em qualquer cenário com Lula. Tem índices entre 8% e 11%, dependendo dos adversários. Se Lula ficar de fora, Marina lidera, empatada com Bolsonaro.

Terceiro pelotão - Ciro Gomes, Geraldo Alckmin e João Doria surgem embolados num pelotão abaixo, com percentuais entre 5% e 7%. Ciro sobe até 11% quando Lula é substituído por Haddad (que tem a preferência de 2%).

Voto espontâneo  - Quando o Ibope não apresenta ao entrevistado uma cartela com os nomes, ou seja, a citação sobre o candidato é espontânea, Lula aparece com 26% das intenções de voto (no Nordeste, tem 42%) e Bolsonaro, com 9%. A turma seguinte fica muito distante, entre 2% (Marina) e 1% (Ciro, Alckmin, Dilma, Temer, Doria).

O outsider  - Luciano Huck foi testado na pesquisa. E está no patamar do governador e do prefeito de São Paulo: 5% (quando disputa com Lula) e 8% (se Haddad entra na corrida).

Entre zero e 1%  - Henrique Meirelles, que trabalha de forma intensa mas não assumida para ser candidato, vai ter que elevar o Brasil a um crescimento chinês para ter alguma chance. Mesmo quando seu nome era apresentado ao entrevistado, teve entre zero e 1%, dependendo dos adversários.

Os Bolsominions  - A pesquisa permite detalhar quem é o eleitor de Bolsonaro. Eis um perfil: mais masculino que feminino, jovem (a faixa entre 16 e 24 anos forma o maior contingente de seus apoiadores), tem curso superior e mora nas regiões Norte e Centro-Oeste. É também mais evangélico que católico e ligeiramente mais branco que negro.

Nuvens no horizonte  - Henrique Meirelles está preocupado com duas ameaças de apagão para o PIB: a seca, que vai aumentar a tarifa de luz e a inflação; e a possibilidade de falência bilionária da Oi, que pode afetar o balanço de vários bancos, incluindo os privados.

EUA – A semana será bastante relevante com a possível nomeação do novo Presidente do Fed, o avanço da agenda legislativa, e importantes dados econômicos. Ainda vejo a nomeação do Fed como uma distração para o mercado. O cenário econômico continua de importância muito maior, assim como a potencial Reforma Tributária.




Data: 27/10/2017

Cenário Econômico.

Tenho escrito bastante a respeito dos mercados (https://mercadosglobais.blogspot.com.br/), mas muito pouco em torno do cenário econômico.

Nos últimos dias, vimos à confirmação de um crescimento global robusto. Em alguns países, vimos sinais de acomodação, mas nas grandes economias, EUA e Europa, em especial, os dados continuam robustos. Hoje, por exemplo, vimos dados positivos do PIB nos EUA, após Durable Goods Orders forte divulgados ontem. Na Europa, os sinais são na mesma direção, com PMIs em níveis ainda elevados e índices de confiança bastante fortes.

O foco dos próximos dias ficará por conta do avanço (ou não) da agenda legislativa nos EUA e dos dados de inflação e emprego no mesmo país. A dinâmica nestas frentes serão fundamentais para como os ativos de risco se comportaram neste último trimestre do ano. Se a “Beautil Reflation”, que já não está mais tão “Beautiful” nos últimos dias para algumas classes de ativos como os emergentes, irá continuar (ou retornar no caso dos países emergentes) ou teremos um cenário de “Ugly Reflation” liderado pela abertura das taxas de juros globais.

A China segue um cenário de estabilidade. O processo de reformas deverá continuar. Assim, poderemos ver desacelerações graduais do país, mas uma grande mudança de composição da economia. A “velha China” voltada para investimentos está dando lugar a “nova China” voltada para consumo, tecnologia, saúde e etc. Todos os países emergentes que amadureceram passaram por processos semelhantes. Isso deverá ter impactos não desprezíveis nos parceiros comerciais chinesas, assim como em parceiros comerciais e algumas classes de ativos.

O mundo emergente está mais disperso, com histórias boas e outras menos positivas. O preço e a dinâmica dos ativos reflete isso. Não acho que seja o escopo deste fórum tratar de temas e economias menores, exceto quando essas geram contágio para o cenário macro global.

Como comentei nos últimos dias, o Brasil segue com o mesmo pano de fundo de recuperação cíclica da economia que, para se tornar estrutural, depende das reformas econômicas. A inflação parece ter feito seu piso, mas segue abaixo da meta. As perspectivas para 2018 ainda são positivas, de inflação baixa. O crescimento mostra recuperação, mas ainda esperamos um processo apenas gradual de recuperação da economia (em torno de 3% no ano que vem). As contas externas estão saudáveis. Alguma deterioração é esperada, mas em função da recuperação econômica (mais importações) e do nível mais apreciado do câmbio. O quadro fiscal continua a ser o calcanhar de Aquiles do país. Alguma melhora cíclica ocorrerá em 2018, mas melhoras de longo-prazo dependem das reformas.




Data: 27/10/2017

Posições e Alocações.

Estive fora em uma conferência, com acesso limitado ao e-mail. Meus comentários e visões dos últimos dias, contudo, podem ser encontrados aqui: https://mercadosglobais.blogspot.com.br/.

Farei um breve comentário a respeito dos mercados hoje, e tentarei elaborar mais ao longo dos próximos dias.

Estamos vendo uma descompressão da dinâmica negativa dos últimos dias, mas com claros movimentos de diferenciação entre classes de ativos e países/regiões. À medida que o processo de normalização monetária ao redor do mundo prossiga, acho natural esperarmos este tipo de ocorrência.

Hoje, em especial, o mercado parece mais otimista com as indicações de que Powell será o novo presidente do novo, o que está ajudando o rally das bolsas nos EUA e um fechamento de taxa de juros no país. A boa temporada de resultados corporativos nos EUA também é um vento favorável a alta das bolsas.

Continuo acreditando que a escolha do presidente do Fed é apenas uma distração de curto-prazo. O que importa é a direção da política monetária no mundo desenvolvido e os dados econômicos. Continuo favorecendo posições tomadas na curva de juros dos EUA, administrando tamanho e instrumentos da posição.

No Brasil, ainda vejo certa fragilidade no câmbio, em meio a um cenário externo ainda mais favorável ao dólar no mundo. O mercado de juros mostra estabilização, mas de maneira ainda módica. O destaque positivo continua por conta da bolsa local, favorecida pela recuperação cíclica da economia, juros mais baixo, cenário externo favorável para esta classe de ativo e posição técnica ainda saudável.

Reforço que este cenário para os ativos locais deverá prevalecer. Gosto da parte intermediária da curva de juros, mas entendo que a compressão dos prêmios de alta de juros no ano que vem só se realizará ao longo do tempo, e não de forma instantânea. A política monetária local tem tudo para se tornar um driver menos importante para os mercados nos próximos meses, visto meu cenário de juros mais baixos por mais tempo. Acredito que o BRL deverá manter-se em um range, mesmo que mais largo que o anterior. Contudo, neste ativo, o cenário externo será fundamental nos próximos dias. A bolsa ainda parece ser o ativo com mais apelo para alocações devido aos vetores aqui já citados (recuperação cíclica da economia, juros mais baixo, cenário externo favorável para esta classe de ativo e posição técnica ainda saudável).

Para fundos de alocação, ainda vejo sentido posições OW em Renda Variável. Na parcela de renda fixa, gosto de um mix de IRFM-1+ (em torno de 4 anos de duration) com um pouco de inflação curta (IMA-B5), pela carrego de curto-prazo, e um pouco de inflaçã longa (IMA-B5+), pelas taxas longas ainda elevadas. Será cada vez mais importante uma mudança de fundos de renda fixa para multimercados, em busca de um “alpha” mais ativo em um período de CDI mais baixo. A escolha dos gestores em renda variável também será fundamental em um ambiente em que existe discrepância enorme entre o preço e o valuation das ações locais.




Data: 27/10/2017

 Dinâmica extremamente ruim. Cautela prevalece.

Os ativos emergentes e o Brasil, em especial, tiveram um dia de dinâmica extremamente ruim. Acredito que o mercado esteja sendo afetado por um conjunto de fatores, locais e externos, que estão induzindo um movimento clássico de realização de lucros nesta classe de ativos (emergentes no geral).

Ainda vejo um curto-prazo desafiador, o que demanda cautela, como tenho reforçado todos os dias nas ultimas semanas. Até o presente momento, contudo, ainda nao vi mudanças de cenário local, a despeito de já ver sinais claros de mudança no cenário externo (como escrevi aqui: https://mercadosglobais.blogspot.com/2017/10/possivel-mudanca-de-cenario.html?m=1).

Acredito que valor esteja sendo criado em vários ativos e que oportunidades de alocação estão se desenvolvendo. Contudo, as incertezas externas, a posição técnica, a sazonalidade de final de ano e o nível de preços de muitos ativos mostra que cautela ainda é necessária no curto-prazo.

De forma geral, vimos uma forte abertura de taxa de juros, em uma reação mais técnica a percepção de que o BCB está próximo do final do ciclo de queda da Taxa Selic. Acredito que o mercado de juros local ficara com menor apelo, mas aberturas adicionais de taxa trarão pontos interessantes de alocação em busca de compressão dos prêmios de alta de juros a partir de 2018.

O BRL acabou sofrendo com o humor global a risco após uma forte queda do EUR em reação a decisão do ECB. Por ora, o range que vinha chamando a atenção, de 3,05-3,25 esta sendo rompido, muito em função do cenário externo. Nestes níveis, maior atenção é necessária. A despeito de um cenário positivo de contas externas e de baixo risco de hiper desvalorização, o mercado de cambio é global e devera seguir o humor das demais moedas.

O Ibovespa acabou sendo afetado por este humor mais negativo nos mercados de cambio e juros.

Na Europa, o ECB anunciou uma redução do QE para EUR$30b por mês, muito em linha com as expectativas. Seu comunicado, ou fosses guidance, foi lido como mais dovish. no meu. Ponto de vista, o cenário base foi mantido, ou seja, importantes bancos centrais ao redor do mundo estão e um claro processo estrutural de normalização monetária e apenas no inicio deste processo. Isso devera gerar importantes desdobramentos para o mercado nos próximos meses.

Encerro aqui como uma visão de posição. Ainda miro posições aplicadas em juros no Brasil, via o meio da curva de NTNB. Acredito que o Brl esteja em posição mais frágil neste momento, mas nao deveria apresentar uma mega desvalorização como no passado. A bolsa continua sendo o ativo de melhor apelo no atual cenário, mas poderá sofrer os efeitos de curto-prazo citados anteriormente.

Reforço o que escrevi na noite de ontem:

No Brasil, o Copom caiu a Taxa Selic em 75bps como era amplamente esperado e sinalizou para uma nova redução do ciclo de queda. O mercado entendeu o comunicado como indicando uma taxa Selic terminal em 7%, com uma probabilidade mais baixa, neste momento, de juros abaixo deste patamar.

Reforço aqui o que escrevi nos últimos dias. Acredito que o mercado de juros ira perder um pouco de apelo para ganhos de capital no curto-prazo. Ainda vejo espaço para a compressão da parte intermediária da curva, na expectativa de juros mais baixos, por mais tempo, mas me parece cada vez mais claro que os grandes ganhos nesta classe de ativo, neste ciclo econômico, já foram realizados. Uma postura mais tática será requerida neste mercado, mesmo que com a posição "core"ainda aplicada. Estou preferindo a curva real de juros em detrimento aos juros nominais neste momento.

No campo político, Temer superou a segunda denuncia contra ele, mas por um placar bastante apertado. Este cenário já vinha se desenhando nos últimos dias. O placar mostra insatisfação da base com o atual governo e pode ser um pouco mal recebido pelo mercado no curto-prazo. Dificilmente reformas impopulares e/ou menos óbvias serão aprovadas neste governo. Acredito que parte disso já estava precificado, mas em meio a um cenário externo turbulento, preços e posição técnica menos atrativos no curto-prazo, e um calendário de final de ano que desfavorece incremento de risco (ou favorece realizações de lucros), nao me surpreenderia com continuidade de um movimento de acomodação/realização dos ativos locais. 




Data: 26/10/2017

Cenários local e global demandam cautela.

Os ativos de risco continuam no meio de um processo de ajuste a uma nova realidade de política monetária em alguma das principais economias do mundo mas, em especial, nos EUA.

Amanhã será um dia importante, já que a decisão do ECB terá um peso essencial neste processo descrito acima, podendo acentuar os movimentos de curto-prazo, ou trazer alguma acomodação momentânea. Confesso que estou com poucas convicções em relação a decisão do ECB especificamente, mas entendo que ela possa causar movimentos relevantes de curto-prazo.

Trabalho com um cenário base em que o processo de normalização monetária no mundo desenvolvido ira continuar nos próximos meses (quiça anos), independente de movimentos pontuais em reação a decisões especificas como a de amanhã.

Acredito que o processo esteja sendo bem comunicado e, enquanto não houver sinais claros de inflação, tem tudo para ser gradual. Todavia, vários mercados e classes de ativos parecem mais posicionados, ou ainda mal precificados, para este tipo de ajuste, o que pode levar a movimentos relevantes ao longo do tempo.

No Brasil, o Copom caiu a Taxa Selic em 75bps como era amplamente esperado e sinalizou para uma nova redução do ciclo de queda. O mercado entendeu o comunicado como indicando uma taxa Selic terminal em 7%, com uma probabilidade mais baixa, neste momento, de juros abaixo deste patamar.

Reforço aqui o que escrevi nos últimos dias. Acredito que o mercado de juros ira perder um pouco de apelo para ganhos de capital no curto-prazo. Ainda vejo espaço para a compressão da parte intermediária da curva, na expectativa de juros mais baixos, por mais tempo, mas me parece cada vez mais claro que os grandes ganhos nesta classe de ativo, neste ciclo econômico, já foram realizados. Uma postura mais tática será requerida neste mercado, mesmo que com a posição "core"ainda aplicada. Estou preferindo a curva real de juros em detrimento aos juros nominais neste momento.

No campo político, Temer superou a segunda denuncia contra ele, mas por um placar bastante apertado. Este cenário já vinha se desenhando nos últimos dias. O placar mostra insatisfação da base com o atual governo e pode ser um pouco mal recebido pelo mercado no curto-prazo. Dificilmente reformas impopulares e/ou menos óbvias serão aprovadas neste governo. Acredito que parte disso já estava precificado, mas em meio a um cenário externo turbulento, preços e posição técnica menos atrativos no curto-prazo, e um calendário de final de ano que desfavorece incremento de risco (ou favorece realizações de lucros), nao me surpreenderia com continuidade de um movimento de acomodação/realização dos ativos locais.  




Data: 25/10/2017

Reflation: Treasury testa rompimento de nível importante.

O grande destaque do dia fica por conta de mais uma rodada de abertura das Treasuries nos EUA. Neste momento, ela esta testando o rompimento do patamar de 2,40%. Tendo a acreditar que este rompimento deveria ser mais persistente desta vez, mas este tem sido um processo bastante errático ao longo deste ciclo econômico.

Os motivos para a abertura continuam os mesmos: Crescimento sólido nos EUA e no mundo, mudança de política monetária nas principais economias do mundo, possibilidade de uma Reforma Tributaria em um pano de fundo de econômica no pleno emprego com hiato do produto fechado, e especulações em torno do novo presidente do Fed. Exceto pelos indicação do Fed, que vejo apenas como uma distração neste ambiente, acredito que os demais vetores estejam no cenário de maneira mais estrutural.

Continuo com uma posição relevante tomada na parte longa da curva de EUA, mas estou ajustando os tamanhos e instrumentos neste novo nível.

Antes de atualizar os dados desta manha, vale um breve comentário sobre Brasil. Tenho focado meus comentários no cenário externo e deixado um pouco de lado os meandros do cenário local. Esta postura é proposital, por acreditar que não haja mudanças substanciais de cenário. acredito que o imbróglio político seja apenas um ruído que vêm sendo exacerbado pela mídia. O que importa será a manutenção de ma agenda coerente, que nem precisa ser agressiva ou com implementação imediata, da pauta econômica após a denúncia contra Temer passar no Congresso.

Estou em um evento nos EUA e reforço o que tenho escrito aqui. a Reforma da Previdência e fundamental para o pais. Os estrangeiros veem nossa situação fiscal com grande desconfiança e cautela, mas ninguém espera a aprovação de medidas no curto-prazo. A recuperação da economia ajuda o pais a atravessar os próximos 2-3 anos de forma mais confortável neste sentido, mas cria o risco de, novamente, o pais se tornar complacente e não avançar nas reformas estruturais.

Em suma, não parece haver muitas reformas adicionais no preço. Exceto pelo calendário político eleitoral, contudo, parecem haver poucos riscos locais aparentes. Não existe grande disposição dos estrangeiros em alocar dinheiro novo no Brasil neste momento, mas há um enorme espaço para este movimento caso o "dever de casa"seja feito no longo-prazo.

Assim, seguimos em um cenário de crescimento em recuperação gradual, inflação controlado, juros com perspectivas de se manterem baixos por um tempo mais longo, e contas externas saudáveis. Por essa manutenção de cenário que tenho deixado de lado os meandros políticos de curto-prazo.

Com relação ao Copom, acredito que irão cair a Selic em 75bps e sinalizar que o ciclo esta perto do fim. Vejo uma taça terminal entre 6,75% e 7%. Assim, vejo a curva curta de juros mais sem graça, assim como o mercado de opção de juros. Gosto da parte intermediária da curva real de juros, mas também não como ma posição core muito grande. Ainda vejo a bolsa como o melhor ativo para se estar posicionado no Brasil.

É relação ao cenário externo, hoje pela manhã vimos um IFO mais elevado na Alemanha, confirmando um cenário de crescimento global robusto. Na China, o Congresso terminou. Ainda não tive tempo de digerir todas as informações, mas o destaque da mídia ficou por conta da sucesso do atual Premier. Não foi indicado um nome para sua sucesso, o que esta trazendo rumores de que Xi poderá permanecer no poder por um tempo mais longo. Ademais, as reformas econômicas foram o foco do Congresso. Na Australia, os dados de inflação ficaram abaixo das expectativas, colocado forte pressão sobre o AUD. O número apenas reforça a diferenciação cada vez mais evidente entre os BCs ao redor do mundo, e as oportunidade no mercado em meio a este cenário. Sigo vendido no AUDBRL.    




Data: 24/10/2017

Update.

Os ativos emergentes, especialmente FX e Rates, continuam bastante pressionados em um contexto de abertura de taxa de juros no G10, liderados pelos EUA. A posição técnica do mercado e os níveis de preço estão ajudando a exacerbar estes movimentos.

É neste pano de fundo que se insere os movimentos locais, especialmente no BRL. Vinha sempre escrevendo, e reforço agora, que vejo o cambio em um range largo entre 3,05 e 3,25. A banda de cima esta sendo testada neste momento. Eu mantenho a visão de que o cambio nao seja o melhor ativos para se posicionar no Brasil, mas também nao vejo motivos para depreciações acentuadas e persistentes. Assim, tendo a acreditar que este range seja mantido.

Será importante seguir, contudo, os desdobramentos externos, especialmente no tocante aos juros nos G10. O foco de curto-prazo fica por conta do ECB, agenda legislativa nos EUA e indicação do presidente do Fed.

Como comentei no texto a seguir há alguns dias atras, podemos estar em um ponto de inflexão importante do cenário, o que demanda cautela no curto-prazo (https://mercadosglobais.blogspot.com/2017/10/possivel-mudanca-de-cenario.html?m=1).

Por ora, esta se mantendo um cenário de "Reflation", que favorece abertura de taxas de juros no G1, pressão em FX e Rates no geral, mas bom desempenho das bolsas. Escrevi aqui no final da semana passada que este ambiente ainda tinha espaço para continuar, e reforço esta mensagem neste momento.

Voltando ao Brasil, acho que o técnico do mercado esta acentuando o movimento no BRL, tanto em termos de posição, como em termos de exposições no mercado de opção (barreiras, vendas de vol e etc).

Ainda gosto de exposição na curta de juros, mas estou focado na parte intermediária da curva de NTNB. Ainda gosto de uma posição estrutural comprada em bolsa Brasil, mas estou mais focado em temas específicos. Acho que a postura no BRL devera ser tática.

No cenário externo, sigo perseguindo a abertura de taxas longas nos EUA, combinada com uma compra de vol em Rates e equities e uma posição vendida em AUD.  




Data: 24/10/2017

Risk Off.

Os ativos de risco tiveram um dia clássico de "risk-off". O movimento começou com a continuidade de pressão no complexo emergente e acabou gerando contagio nos demais ativos de risco.

Vejo o mercado no meio de um processo de reavaliação de cenário, que poderá ser definido nas próximas semanas. Ainda trabalho com um cenário construtivo de longo-prazo, baseado em um crescimento global saudável, inflação subindo apenas gradualmente no mundo desenvolvido e ajustes apenas moderados de política monetária em alguns países do G10. Contudo, vejo um curto-prazo de maior incerteza, em que a volatilidade poderá se manter mais elevada e movimentos de acomodação e/ou realização de lucros se farão presentes.

Entendo que alguns eventos de curto-prazo, como a definição do novo presidente do Fed, o avanço da agenda legislativa nos EUA, e a temporada de resultados corporativos nos EUA poderão determinar a dinâmica das próximas semanas. Escrevi mais sobre isso aqui https://mercadosglobais.blogspot.com/2017/10/possivel-mudanca-de-cenario.html?m=1 e aqui https://mercadosglobais.blogspot.com/2017/10/mudanca-de-tom.html?m=1.

No Brasil, em meio a um cenário externo menos favorável no curto-prazo, a posição técnica acabou ditando a dinâmica mais negativa, liderada pela depreciação do BRL.  A ausência de avanços concretos na agenda local, e um noticiário menos positivo acabaram atuando como indutores de movimentos mais acentuados.

Não vejo mudança significativa no cenário local, mas entendo que o curto-prazo possa se mostrar um pouco mais desafiador. Ainda vejo o pais no meio de um processo mais longo de ajuste, mas agenda parece estar ficando mais apertada para uma apreciação mais determinante dos ativos locais antes da agenda eleitoral dominar o foco dos investidores.  




Data: 23/10/2017

Final de semana de poucas novidades.

O final de semana foi de poucas novidades relevantes capazes de alterar o cenário base com o qual tenho trabalhado. Ainda vejo um cenário em que o "Reflation" e suas consequências continuam a ser precificados pelos ativos de risco. Isto deveria implicar em juros mais elevados o G10, liderados pelos EUA; um dólar momentaneamente mais forte; uma acomodação dos ativos emergentes; e bolsas globais ainda bem suportadas.

O "Beautitul Relfation" será testado ao longo dos próximos dias, com reuniões de importantes bancos centrais no mundo desenvolvido, assim como pela importância da agenda legislativa dos EUA.

O "Reflation" poderá se tornar mais disruptivo caso a inflação de sinais mais sólidos de elevação, especialmente nos EUA, ou se algum evento exógeno acabe acentuando o movimento.Vejo a indicação do próximo presidente do Fed como uma distração neste cenário, mas um nome visto como hawkish pode causar impacto de curto-prazo. Acredito que os ativos no Brasil devem seguir o humor global a risco, até que algum evento local relevante, positivo ou negativo, afete o cenário.

Voltando ao final de semana, os jornais no Brasil continuam reportando uma certa insatisfação da base aliada com o Governo Temer, o que pode trazer um placar pior para o presidente na segunda denuncia. Além disso, a mídia insiste que passada a denuncia o Governo terá pouca capacidade de agrupamento para implicar uma pauta satisfatória. acredito que poucos avanços na agenda econômica estejam precificados. apenas mudanças drásticas de cenário político seriam capazes de tirar o tom dos mercados externos dos ativos locais.

No Japão, o partido de Abe venceu as eleições. O resultado tira um risco de curto-prazo para os ativos japoneses e mantém, de maneira geral, a política monetária e fiscal do pais praticamente inalterada.

Na Espanha, o Governo local invocou uma cláusula que busca retomar o controle, mesmo que de forma gradual, da Catalunha. O movimento era de certa forma esperado. A situação do pais continua conturbada e indefinida.  




Data: 23/10/2017

Reflation Theme Continues.

Os ativos de risco continuam a operar na direção do que eu tenho cunhado como “Beautifull Reflation”, que vem sendo liderado pelos avanços econômicos, especialmente nos EUA. A perspectiva de avanço na agenda legislativa do país, no tocante a Reforma Tributária/Fiscal, em um pano de fundo de pleno emprego e hiato do produto fechado, são ingredientes que impulsionam o cenário e a dinâmica dos mercados. Acredito que a escolha do próximo presidente do Fed seja apenas uma distração no meio deste cenário.

Diante do exposto, e visto que os ativos parecem precificar ainda pouco do avanço concreto da agenda tributária/fiscal, que deveriam ter consequências talvez drásticas para a política monetária, em um mercado claramente pouco posicionado para este “novo” cenário, vejo espaço para a continuidade dos movimentos recentes no curto-prazo (abertura de taxa de juros, alta do dólar, bom desempenho das bolsas, acomodação de alguns ativos emergentes, em especial FX e Rates).

Enquanto a abertura das taxas de juros nos EUA (e no resto do G10) for gradual, o “Reflation” deverá permanecer ordenado, ou “Beautifull”. Caso o movimento se acelere, poderemos ter este cenário fortemente testado. O cenário só deveria se tornar desordenado, com potenciais rupturas, caso o cenário de inflação mostre potencial de alteração para altas mais acentuadas nos índices de preço.O

s ativos no Brasil se inserem neste contexto e, por hora, devem seguir o humor global a risco. O IPCA-15 divulgado hoje ficou dentro das expectativas do mercado. A despeito de uma elevação em Serviços, a inflação pouco altera o cenário local. Segundo nossa Área Econômica:

>> O IPCA-15 veio abaixo do que esperávamos (+0,34% vs. Icatu: 0,4%). A nossa maior surpresa foi em alimentação (-6bps), enquanto a surpresa para cima em serviços foi compensada pela menor inflação que a esperada em bens (ex-alimentos). O qualitativo piorou na margem, tanto no índice de difusão quanto nas leituras de serviços e núcleos (em termos ajustados sazonalmente). A piora não foi tão forte, mas acende um sinal de alerta. Entretanto, acreditamos que os fundamentos de inflação (enorme slack no mercado de trabalho, CRB em R$ relativamente flat, inércia inflacionária menor) são ainda bastante favoráveis e não muda no nosso case de inflação.

No campo político, as atenções estão voltadas para a votação da segunda denúncia contra Temer no plenário da Câmara. Depois, o Governo tentará impor uma nova fase da agenda econômica. O avanço nesta frente poderia ser um potencial “trigger” para novos movimentos dos ativos locais.  




Data: 20/10/2017

EUA: Agenda legislativa avança.

Na noite de ontem o Congresso dos EUA aprovou o “Bugdet Resolution”, um passo importante para o Orçamento do país, e um avanço para que a Reforma Tributária entre na pauta de discussão do Congresso. Os mercados estão reagindo de acordo, com abertura de taxa das Treasuries, o dólar mais forte no mundo e uma alta nas bolsas. De maneira geral, ainda impera um cenário que tenho chamado de “Beautiful Reflation”.

No final da tarde de ontem a mídia reportou que Powell seria o favorito de integrantes da equipe de Trump para ser nomeado Presidente do Fed. Acredito que Powel dificilmente alteraria a política monetária de curto-prazo e deve ser visto como uma continuidade do cenário atual.

Continuo favorecendo posições tomadas em juros no G10  (e, em especial, nos EUA) com compra de volatilidade de Rates e Equities. Estou sem visibilidade no mercado de FX, mas com pequena posição vendida em AUDBRL.

No Brasil, destaque apenas para uma matéria no Estadão em que afirma que o Congresso pretende adotar uma agenda legislativa própria após a denuncia contra Temer ser superado, ao invés de favorecer a agenda econômica do Governo. Acredito que o mercado precifique hoje poucos avanços nesta frente, o que reduz os riscos de surpresas inesperadas. Segundo o Estadão:

ESTADÃO: BASE REJEITA PAUTA DE TEMER PARA ECONOMIA APÓS DENÚNCIA

Brasília, 19/10/2017 - Confiantes de que a segunda denúncia contra o presidente Michel Temer será rejeitada na próxima quarta-feira pelo plenário da Câmara, governo e deputados já articulam a agenda para o dia seguinte, mas divergem sobre as prioridades. Enquanto o Palácio do Planalto dá preferência para propostas que ajudam a fechar as contas públicas, a maioria impopular, parlamentares buscam impor uma agenda própria, com forte apelo na sociedade, como projetos ligados à área da segurança pública.

Líderes dos principais partidos da base aliada ouvidos pelo Estadão/Broadcast descartam votar matérias consideradas impopulares a menos de um ano para as eleições de 2018, quando eles tentarão renovar seus mandatos. Citam o aumento de alíquota da contribuição previdenciária para servidores e o adiamento do reajuste do funcionalismo público.

Esses pontos devem ser tema de duas medidas provisórias (MP) que o governo pretende enviar à Câmara logo após a votação da segunda acusação formal contra o presidente - por organização criminosa e obstrução da Justiça. A aprovação da reforma da Previdência também é dada como improvável na atual legislatura, mesmo que seja um texto mais enxuto. Juntos, esses partidos contam com, pelo menos, 240 dos 513 deputados.

A pressão da base ocorre em um momento de desgaste entre o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e Temer. Maia tem procurado se descolar do governo e adotado um discurso de que é preciso uma nova agenda para o País. Ao mesmo tempo, almeja protagonismo nas decisões econômicas.

“Para essa pauta de desgaste, vai ser muito difícil ele (Temer) contar com o número suficiente da base para aprovar. Os partidos podem até encaminhar a favor, mas não terá correspondência nas bancadas”, disse o líder do PR na Casa, José Rocha (BA).

Ele defende como pauta principal propostas ligadas à segurança pública. Segundo o parlamentar baiano, Maia se comprometeu a reservar uma semana em novembro para votar no plenário só projetos nessa área, mas a data não foi definida.

Nesta semana, Maia criou uma comissão de parlamentares e juristas para discutir e elaborar projetos de modernização da legislação contra tráfico de drogas e armas. O colegiado será presidido pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), e funcionará inicialmente por 120 dias. “A sociedade verá que a Câmara tem agenda de temas que afetam o dia a dia das pessoas”, disse Maia na terça-feira.




Data: 19/10/2017

Possível mudança de cenário.

Eu entendo que é sempre difícil tentar isolar os efeitos da dinâmica de curto-prazo dos mercados financeiros globais das análises de fundamentos de longo-prazo. Até o momento, vinha trabalhando com um cenário de curto-prazo de maior incerteza e volatilidade, com acomodação nos ativos de risco, mas sem alterar de forma significativa o cenário relativamente construtivo para o longo-prazo, com crescimento global saudável, inflação ainda baixa no mundo desenvolvido e movimentos apenas graduais de normalização monetária nas principais economias do mundo.

Nos últimos dias, talvez nas últimas semanas, alguns sinais me levam a crer que este pano de fundo global possa estar caminhando para dar menos suporte aos ativos de risco, especialmente em um momento de preços elevados e valuations esticados. Ainda acho que seja cedo para ter uma conclusão definitiva em relação a esses vetores, mas precisamos estar atentos a essas alterações. O cenário geralmente não muda de uma hora para outra, mas vai se alterando de maneira gradual, com o acumulo de evidências na mesma direção.

A uma semana atrás, escrevi o seguinte em relação aos EUA e o mundo (https://mercadosglobais.blogspot.com.br/2017/10/tecnico-dinamica-de-mercado-e-cenario.html): Quero levantar aqui uma discussão que, talvez, estejamos em um ponto de inflexão importante da economia dos EUA (e, em menor parte, do mundo). Por mais que os números de hoje não possam ser lidos a valor de face, olhando no contexto geral, parece cada vez mais evidente que o mercado de trabalho esteja no pleno emprego e que as leis econômicas possam voltar a operar em plena normalidade, com uma inflação ascendente de agora em diante, especialmente nos EUA. Isso teria impactos relevantes para política monetária e para os mercados. Por ora, ainda vejo este cenário como gradual e relativamente tranquilo, no que tenho cunhado como “Beautiful Reflation”. Contudo, estarei acompanhando de perto a evolução deste cenário e da dinâmica do mercado para eventuais mudanças de estruturais de cenário.

Nas últimas semanas, vimos sinais cada vez mais claros de que a direção da política monetária no mundo desenvolvido é no sentido de normalização, que alguns chamam de “Quantitative Tightening”. Fed, ECB, BoC, BoE, PBoC e, agora, até mesmo o BoJ parecem caminhar nesta direção. Será a primeira vez em cerca de 10 anos que os principais bancos centrais do mundo entrarão em um processo coordenado de retirada global de liquidez. O processo deverá ser bem comunicado e bastante gradual. Não necessariamente precisará gerar ruptura. Contudo, por ser um evento nunca antes implementado, me parece prudente adotar uma postura mais cautelosa em relação a este caminho.

A China, que foi uma fonte estabilizadora ao longo deste ano, pode se tornar um vetor menos positivo de agora em diante. Ainda não vejo um cenário de ruptura para o país, mas muitos já esperam uma desaceleração do crescimento após o Congresso Político que está em andamento. A transformação de uma economia emergente para uma economia mais madura está gerando uma clara mudança de composição do crescimento. Assim, muitos parceiros comerciais do país, que foram tremendamente afetados positivamente nas últimas décadas por serem fornecedores de matéria prima para o crescimento via investimentos, poderão ser estruturalmente afetados por esta mudança na composição do crescimento. Muitos países emergentes se encaixam nesta definição e poderiam (deveriam) ter um vetor a menos de propulsão nos próximos meses (quiçá anos).

Encerro este comentário reforçando que me parece cedo para ter conclusões mais concretas em relação a estes temas, mas como comentei anteriormente, as mudanças de cenário costumam ocorrer de maneira gradual. Assim, precisamos estar atentos a qualquer sinal de alteração com o desafio de concluir o que é ruído de curto-prazo do que o que é, de fato, mudança de cenário.




Data: 19/10/2017

Mudança de tom.

Os ativos de risco estão apresentando uma clara mudança de tom essa manhã, com as bolsas em queda, o dólar fraco e os juros apresentando fechamento de taxas em G10. Não vi um trigger específico para explicar estes movimentos. Vejo esta dinâmica como natural, até mesmo saudável, diante de um mercado que não apresentava movimentos de realizações de lucros já há bastante tempo. Por ora, estou tratando este processo como, de certa forma, saudável e esperado, mas entendendo que ele possa tornar a dinâmica mais volátil no curto-prazo. Assim, mantenho minha visão mais cautelosa de curto-prazo, sem mudar, pelo menos ainda, meu cenário construtivo de longo-prazo. Escrevi mais sobre isso aqui https://mercadosglobais.blogspot.com.br/2017/10/em-dinamica-ainda-ruim.html, https://mercadosglobais.blogspot.com.br/2017/10/update-cenario-externo-ainda-demanda.html, https://mercadosglobais.blogspot.com.br/2017/10/ruidos-vs-cenario.html.

No Brasil, a CCJ votou de forma a não aceitar a denuncia contra Temer que tramita no Congresso. O processo agora deverá ir ao Plenário na semana que vem. O resultado da votação era esperado e não altera o cenário político local.

Na Espanha, o ruído político envolvendo a Catalunha continua fluido porém sem solução clara.

Na Nova Zelândia, o cenário político apresentou deterioração, com o Labor Party podendo assumir o Governo. O NZD apresenta forte queda neste momento.

Na China, os dados de atividade econômica de setembro ficaram basicamente em linha com as expectativas. Os números confirmam um cenário de estabilidade positiva para a economia do país. Segundo o Citibank:

China’s GDP growth slowed by 0.1 ppt to 6.8%YoY in Q3, in line with market expectations. On a QoQ basis, the seasonally adjusted growth rate edged down from the revised 1.8% in Q2 to 1.7% in Q3.

Industrial production rebounded in Sep as expected. FAI growth further slid to 7.5%YoY Ytd from 7.8% YoY Ytd previously, led by the slowdown in manufacturing and private investment. Retail sales growth recovered mildly by 0.2 ppt to 10.3%YoY.

Our forecast for annual GDP growth at 6.8% is locked in. We expect GDP growth to slow in Q4 and early next year.

Inflation may come in higher than we previously expected but should remain benign.

The PBoC will likely maintain its neutral policy stance, while the replacement of its governor may add uncertainty on policy enforcement.

We believe the USDRMB will show two-way fluctuations around 6.67 toward the year end.




Data: 19/10/2017

Mais do mesmo...

A quarta-feira foi um pouco de “mais do mesmo” para os mercados. Dólar misto, bolsas em leve alta, queda das commodities e abertura de taxas de juros em G10. Os ativos de risco continuam sem tendência definida, enquanto parece haver uma leve tendência de abertura de taxa de juros no mundo desenvolvido. 

Já vivenciamos diversos momentos como este no passado, em que a abertura de taxas no G10 acabou não se concretizando em uma tendência de fato. Por ora, mantenho a visão de que existe espaço para o bom desempenho dos ativos do Brasil enquanto a abertura das taxas de juros em G10 permanecer controlada. No curto-prazo, até que fique claro o tamanho do movimento de abertura das taxas de juros, e diante do desempenho dos ativos locais (e de EM em geral) nos últimos meses, é razoável verificarmos movimentos de acomodação dos ativos locais (e de EM).

Acredito que o processo de alta das taxas de juros em G10 pode continuar, mas não necessariamente se tornará estruturalmente em um processo de ruptura para os ativos de risco. Podemos conviver com maior volatilidade de forma pontual, mas não mudança clara de tendência. Este pano de fundo irá ser drasticamente alterado no momento em que ficar claro que a inflação está de fato em um movimento mais consolidado de elevação.

No cenário econômico, no Brasil, o IBC-Br ficou abaixo das expectativas do mercado em agosto, com queda de 0,38% MoM e alta de 1,64% YoY. O número não altera o cenário de recuperação da economia, mas mostra que este processo ainda está sendo bastante gradual.

Nos EUA, os dados do mercado imobiliário de setembro apresentaram acentuada queda, mas muito afetados pelos desastres naturais que assolaram o país ao longo deste mês.

No cenário político, o Congresso no Brasil segue focado na tramitação da segunda denúncia contra Temer. Até que este processo seja superado, a agenda parlamentar ficará, de certa forma, trancada. Após este evento, podemos ter esperança de que a agenda econômica volte a pauta.

Nos EUA, seguimos à espera do anuncio do próximo presidente do Fed, assim como para o avanço da agenda Tributária/Fiscal.




Data: 18/10/2017

BRL em Foco.

A noite foi de poucas novidades para os ativos de risco e para o cenário econômico global. Hoje pela manhã, destaque para a abertura de taxa das Treasuries. O dólar opera sem tendência definida, as bolsas e as commodities operam próximas a estabilidade. Neste ambiente, persiste a minha visão de um curto-prazo de acomodação, devido as incertezas trazidas pelo processo de normalização monetária no G10 (e abertura de taxas de juros nos EUA) em meio a um cenário estrutural que ainda vejo como construtivo. Para mais detalhes desta visão, ver os comentários mais profundos aqui: https://mercadosglobais.blogspot.com.br/.

Deixo aqui a recomendação do DB em torno do BRL. Eu, particularmente, ainda vejo a moeda se mantendo no range de 3,05-3,25, mas acho razoável mostra as visões mais otimistas que já se alastram no mercado em relação a moeda local:

In a recent report published both as a stand–alone (see BRL – Can flows pick up the baton from carry?) and as a special report in the latest EM Monthly (see Emerging Markets Monthly - Rebalancing Risks) we recommend remaining exposed to the BRL. And while in the latest FX Blueprint we had also favored long BRL positions, back then our argument was mainly driven by the currency's relatively high carry.(see FX Blueprint – People Power). This time however, our recommendation to buy BRL is driven as much by the BRL's relatively high volatility adjusted values as by the improving macro fundamentals of Brazil's economy.

In the week prior to the publication of the EM Monthly, the BRL had very clearly outperformed its peers most likely on the back of a very successful auction held by the Brazilian government aimed at raising fiscal revenues in exchange for rights to operate some of Brazil's electrical plans Yet we believe that the BRL's performance is more than a just a one–off driven by auctions.

We expect FDI flows into Brazil, in particular, to remain strong and possibly strengthen if China delivers on signals it could invest USD20bn in Brazil in 2018. Portfolio inflows have been lackluster (surprisingly so in fixed income), but it the upturn in the economy gains momentum we find foreign investors under-allocated in local equities. In this case, and as monetary easing tends to attract inflows, we believe that BoP could take the baton from carry as a driver of BRL strength – even if carry – once adjusted by vols – remains attractive. Currency strength or stability would reduce demand for hedges and allow the CB to eliminate its “forward” position comfortably.

Funding remains a more difficult choice, in our view. We recommend long BRL/CLP on the view that the CLP’s recent rally on the back of copper prices has is a temporary phenomenon while inflation and that a dovish BCCh could ease rates further unless the peso weakens. If EUR strength resumes into 2018 as we expect we believe USD/BRL could test 3.0 – which also bodes for short USD/BRL. More conservatively in the near term short EUR/USD could be an alternative – or just the middle ground of a basket of USD/EUR. We leave the EUR/USD call aside (again, assuming near-term USD strength retracing into 2018).




Data: 18/10/2017

"Descompressão" no México ajuda os ativos no Brasil.

O destaque do dia ficou por conta da “descompressão” dos ativos no México, após o anuncio de que as negociações em torno do NAFTA irão se estender até 2018. A notícia acabou tirando pressão dos ativos no Brasil, que vinham sofrendo algum contágio dos problemas indiossicráticos no México (e, em menor escala, na Turquia e em outros países emergentes).

Continuamos a ver dados positivos relativos a economia global, com números saudáveis de produção industrial e dados do setor imobiliário nos EUA, além de índices de confiança em patamares robustos na Alemanha.

Sem mudanças substanciais de cenário econômico, o mercado segue focada na escolha do próximo presidente do Fed, assim como no avanço da agenda legislativa dos EUA.

No Brasil, na ausência de novidades locais relevantes, os ativos têm seguido a dinâmica global e fluxos pontuais. Por exemplo, o vencimento de índice futuro (e de opções) está gerando alguma volatilidade no mercado local de ações.

Os dados do setor de serviços vieram um pouco mais baixos dos que as expectativas, o que tira um pouco do ímpeto dos mais otimistas com a recuperação da economia, mas não alteram o fato do crescimento estar claramente em tendência de recuperação.

A segunda denuncia contra Temer está em tramitação no Congresso. Saindo da pauta do Congresso, este tema poderá destravar a agenda política, e trazer um novo esforço de implementação de reformas econômicas. Medidas na direção de avanços na Previdência seriam muito positivas e bem recebidas pelo mercado. Este pode ser um “trigger” importante para que os mercados locais voltem a apresentar uma dinâmica mais positiva. A temporada de resultados corporativos também precisa ser analisada no detalhe para medirmos a real situação da economia real. Este pode ser outro vetor importante para trazer novo ímpeto ao mercado local.

Assim, sigo administrando o tamanho e os instrumentos do portfólio, mas mantendo os mesmos temas de investimentos. São eles: Normalização monetária no G10; juros mais baixos no Brasil; e recuperação da economia e do crescimento local. Nos atuais níveis de preço e volatilidades, a busca por hedges continua, assim como a utilização frequente do mercado de opções para expressar os temas acima referidos. 




Data: 17/10/2017

 Fed e Reforma da Previdência no Brasil.

No final da tarde de segunda-feira, a mídia reportou que John Taylor havia impressionado Trump em sua busca por um novo presidente do Fed. Taylor é visto como um dos candidatos mais “hawkish”, devido a sua defesa à “Curva de Taylor”, um modelo mecânico, mias objetivo para definir a política monetária. O mercado reagiu de acordo, com abertura das taxas de juros, fortalecimento do dólar e pressão sobre os ativos emergentes.

Acredito que qualquer um dos escolhidos para a cadeira de líder do Fed não deverá mudar de forma drástica a política monetária no curto-prazo, mas certamente fará preço nos mercados de forma pontual. Uma coisa são declarações de economistas fora da instituição. Outra coisa é sentar da cadeira de presidente do Fed, liderando um Comitê de PHDs, em busca de consensos.

No Brasil, a mídia voltou a reportar a possibilidade de uma Reforma da Previdência, desidratada, assim que a segunda denuncia contra Temer for finalizada no Congresso. Segundo a Folha de São Paulo:

A equipe econômica e o núcleo político do Planalto pretendem reabrir negociações sobre a proposta após a votação da segunda denúncia contra o presidente Michel Temer –o que deve ocorrer até o fim deste mês.

Segundo o cronograma de integrantes do governo, o novo texto poderia ser levado ao plenário da Câmara ainda em novembro e votado no Senado até o fim do ano legislativo, em 22 de dezembro.

Desde que a proposta foi aprovada em uma comissão da Câmara, em maio, o Planalto sofre pressão de deputados para reduzir os pontos da reforma da Previdência. O aval para a flexibilização do projeto, entretanto, só foi dado na última semana.

O governo aceitou negociações mais amplas com a base aliada por entender que a crise política aberta com as acusações de corrupção contra o presidente inviabilizou a aprovação de regras de aposentadoria mais rígidas.

O Planalto e a Fazenda concordaram em abrir mão de parte da proposta aprovada na comissão, desde que sejam preservados três pilares: idade mínima (65 anos para homens e 62 para mulheres), o tempo de contribuição de pelo menos 25 anos e uma regra de transição.




Data: 16/10/2017

EM: Dinâmica ainda ruim.

Confesso que eu acreditava que após um Core CPI mais baixo do que o esperado em setembro nos EUA (divulgado na sexta-feira), e após as reuniões do FMI, os ativos de risco poderiam voltar a mostrar uma performance mais positiva, após um breve período de acomodação.

Contudo, a dinâmica de curto-prazo ainda se mostra mais negativa, com tom de acomodação sendo reforçado. Opto por respeitar o price-action. Sendo assim, mantenho uma visão mais cautelosa no curto-prazo, mas sem alterar minha visão ainda construtiva de longo-prazo, cenário que tenho desenhando há algumas semanas (2 ou 3), como pode-se ver aqui https://mercadosglobais.blogspot.com.br/2017/10/ruidos-vs-cenario.html, e aqui https://mercadosglobais.blogspot.com.br/2017/10/tecnico-dinamica-de-mercado-e-cenario.html.

Vale lembrar que: Quanto a pressão nos ativos emergentes, e no Brasil, em especial, vejo como movimentos passageiros, pontuais e até esperados em qualquer processo mais prolongado e estrutural de recuperação/apreciação.

Entendo que vimos uma alocação não desprezível para esta classe de ativos nos últimos meses (EM/Brasil), os preços já são menos atrativos do que no passado, e a alta dos juros nos EUA (e no G10 em geral), ajudados pela redução do balanço do Fed, prejudicam esta classe de ativo no curto-prazo, mas não vejo esses vetores como impedimentos decisivos para uma mudança clara de tendência ou de cenário.

O cenário de crescimento global robusto, com inflação subindo (mas ainda em patamares baixos), e bancos centrais em movimentos apenas graduais de normalização monetária, costumam ser positivos para os mercados emergentes. Espero movimentos de consolidação como o de hoje nos mercados emergentes enquanto durar este processo de abertura de taxa de juros nos EUA (e enquanto persistirem as dúvidas em relação ao processo de normalização monetária).

A velocidade de abertura das taxas de juros no G10 costuma ser, muitas vezes, mais importante do que sua direção. Todavia, enquanto estamos no meio do processo, o mercado tende a optar por uma postura mais conservadora. Apenas uma abertura mais rápida e acentuada dos juros nos EUA, puxada por dados de inflação mais elevados, ou por uma mudança clara de dinâmica mais estrutural (pacote fiscal elevado nos EUA com mercado no pleno emprego, reforma tributária e etc) seriam capazes de alterar a tendência e o cenário para os mercados emergentes em geral.

Acho válido tentar avaliar o que está afetando o mercado no curto-prazo, o quanto disso parece pontual e o quanto pode se tornar mais estrutural. Alguns pontos negativos valem ser mencionados:

- Problemas locais em importantes economias emergentes, como México e Turquia;

- Preços e posição técnica mais carregadas (menos positivas) no curto-prazo;

- Consenso positivo com relação a EM e a economia global, o que gera assimetrias ruins no curto-prazo;

- Incerteza no tocante ao processo de normalização monetária no G10.

Do lado positivo:

- Crescimento global robusto;

- Inflação ainda baixa no mundo desenvolvido;

- Processo apenas gradual de normalização monetária no G10;

- Fundamentos emergentes mais sólidos hoje do que no passado recente;

- Posição técnica e valuation ainda atrativos se olhados em prazos mais longos em algumas classes de ativos e regiões específicas.

Net/net mantenho visão estrutural ainda positiva com relação ao Brasil e alguns emergentes em geral, mas ainda vejo um curto-prazo um pouco mais desafiador. Este ambiente demanda postura mais tática e a busca por hedges no curto-prazo.

De maneira geral, mudei pouco minha visão de posicionamento e tenho apenas administrado tamanho e instrumentos das posições. No mercado externo, continuo gostando do tema de “Reflation” através de posições tomadas nos juros dos EUA, comprado em volatilidade de Rates e Equities. Estou com baixa visibilidade no mercado de FX, apenas com pequena posição Short AUDBRL.

No Brasil, estou focado na parte intermediária da curva de NTNB em detrimento a curva nominal de juros. Ainda vejo o BRL se mantendo no range de 3,05-3,25 até que um vetor exógeno (“unknow”) o tire desta banda. Ainda vejo espaço para fluxos positivos para a bolsa local, mas entendo que o mercado subiu muito, e rápido, o que sempre traz a discussão de valuation e, eventualmente, acaba em acomodação/realizações pontuais de preço. Estamos no meio deste processo. Ainda vejo movimentos mais acentuados de realização de lucros, na ausência de mudanças claras de cenário, como oportunidades de alocação em ativos locais.   




Data: 16/10/2017

Eleições na Europa levemente mais negativas para o cenário.

Os ativos de risco estão abrindo com o dólar levemente mais forte no mundo, as bolsas globais praticamente estáveis e as commodities em alta. Os juros nos mercados desenvolvidos apresentam pequenas variações.

O destaque das últimas 24 horas ficou para as eleições na Áustria e na Alemanha. Na Áustria, a extrema direita apresentou vitória, enquanto na Alemanha o partido de oposição a Merkel ganhou terreno. O resultado pode ser visto como levemente negativo para as perspectivas políticas da região. O maior risco para a Europa ao longo deste ano sempre ficou por conta do cenário político. Os eventos deste final de semana são levemente mais negativos para o cenário estrutural da região, mas mudam pouco o curto-prazo cuja o cenário econômico positivo ainda irá dominar as manchetes.

Segundo o Morgan Stanley:

Austria’s General Election saw the social-democrats (26.9%) falling back behind the Conservative ÖVP (31.6%). The ÖVP is likely to form a coalition with the right wing and populist FPOe (26%). Austria’s new government stands against Macron/Merkel EMU reforms. In Germany, the outcome of the local state election in Lower Saxony saw all parties (CDU, FDP, Greens) starting coalition talks on Wednesday losing support. Today at 9.00am (Ldn), the President of Catalonia  Carles Puigdemont will have to clarify whether last week’s announcement was a declaration of independence or not.

Para o Citibank:

Every election is different – This weekend, voters in Austria and in the similar-sized north-German state of Lower Saxony voted for new Parliaments. In Austria, centre- and far-right parties gained more than 2/3 of the vote together and are likely to form a coalition. Some investors may be concerned about a far-right party in power in a Eurozone core country, but should be reassured as the FPÖ is no longer proposing any in/out referendums. In Germany, the traditional centre-left SPD won in Lower Saxony, and far-right and far-left parties together barely exceeded 10%.

Austria: right-shift smaller than headline numbers suggest – The centre-right ÖVP was the winner of the election, ahead of the centre-left SPÖ and the far-right FPÖ (see Figure 1). The comparison with the last election in 2013 (see Figure 1) suggests a widely-reported shift to the right, with ÖVP and FPÖ together gaining 13.1pp. That overstates the gain, however: a large part was at the expense of now defunct right-wing parties, which had gained 9% together in 2013.

Lessons for Italy? – ÖVP-leader Sebastian Kurz can choose between the FPÖ and the SPÖ to form a coalition government. However, we suspect the SPÖ will prefer to enter opposition. The overlapping socially-conservative anti-immigration platforms of the two right-wing parties should facilitate a coalition. The FPÖ has toned down its anti-EU and anti-euro stance materially and abandoned calls for in/out referendums, which should reassure investors. Both parties propose big income tax cuts but are vague on the funding, which suggests that fiscal policy may loosen. The Austrian result will be of interest for Italian politics, where we also see a chance for a centre-right/far-right alliance with good electoral prospects.

Germany: rare centre-left victory – In Lower Saxony, the incumbent SPD/Greens coalition lost its majority, but the SPD – heavily defeated in the national elections three weeks ago – still scored a convincing victory (see Figure 2). This partial victory is likely to stabilize the party’s very pro-EU leader Martin Schulz.

Jamaica and extreme parties losing – Chancellor Merkel’s CDU came second, with a historically weak voting share. Her potential coalition partners in Berlin, FDP and Greens, also lost heavily, which suggests a bad start for the envisaged “Jamaica coalition”. Far-right and far-left parties together mustered only 11% of the vote. The AfD has strongholds in the east and the south of Germany but struggles in the north. At the same time, the party faced local adversities, suggesting that the 6.2% it did receive reflect a solid core vote above the 5% threshold.

The most immediate consequence is that the SPD will now try and form a government in Hanover. If it succeeds, it can use the votes in the upper house of federal Parliament (Bundesrat), to thwart the Jamaica coalition’s policies. For the potential Jamaica coalition, this is an inauspicious start. Still, CDU, CSU, FDP and Greens are scheduled to start talks in Berlin on Wednesday, according to FAZ. A successful conclusion before Christmas remains our base case.

Na China. O CPI de setembro recuou de 1,8% YoY para 1,6% Yoy, dentro das expectativas do mercado. O PPI saiu de 6,3% YoY para 6,9% Yoy, muito acima das expectativas. Os números em pouco alteram o cenário econômico para o pais e, muito menos, as perspectivas para a política monetária de curto-prazo. 




Data: 16/10/2017

Dados positivos na China. Ruídos políticos no Brasil.

O final de semana trouxe, até o momento, apenas duas notícias que merecem menção:

1 - Os dados de credito e agregados monetários na China, em setembro, ficaram acima das expectativas do mercado. Os números reforçam o cenário de solidez da economia, que já haviam sido demonstrados pelos dados de importações divulgados na semana passada.

Assim, é mantido um pano de fundo positivo para a economia global, que se encere entre o "Goldilocks"e o "Reflation", no que tenho cunhado como "Beautiful Reflation".

2 - No Brasil, ocorreu um vazamento de alguns depoimentos de Lúcio Funaro, delator na Lava-Jato, cujos depoimentos foram utilizados para a segunda denúncia contra o Presidente Michel Temer. Sem fazer juízo da causa, ou tomar posição em prol de um, ou outro lado, os depoimentos não trazem nenhuma informação nova, ou prova documental concreta, de nada que já não tenha sido citado na mídia em momentos anteriores.

A mídia continuam trazendo informações de que a segunda denuncia contra Temer terá votação mais apertada, e que parte da base aliada se mostra descontente com o Planalto.

Vejo tudo isso como ruído de curto-prazo. Contudo, também vejo pouco espaço para o avanço de qualquer agenda econômica mais agressiva até as eleições de 2018. Acredito que o mercado tenha pouca coisa precificada neste sentido, o que dá algum conforto em termos de posição técnica e valuation para os ativos locais na eventualidade de um cenário político menos favorável de agora em diante.   




Data: 13/10/2017

Combinação de dados positivos para os ativos de risco.

Os dados econômicos dos EUA divulgados hoje pela manhã, o qual fiz referência nos últimos dias, não poderiam ter sido mais positivos para a manutenção do status-quo dos ativos de risco, ou seja, uma apreciação gradual dos ativos de risco, com foco nos ativos cujos os fundamentos se mostram mais sólidos, a posição técnica mais favorável e os preços/valuations atrativos. Clássico alguns ativos no Brasil dentro dessa descrição.

Assim, mantenho a visão de “Beautiful Reflation” como cenário base. A despeito do Core CPI ter ficado abaixo das expectativas, e colocar em dúvida uma alta de juros por parte do Fed em dezembro, ainda me parece cedo para abandonar minha visão de que no atual nível de crescimento (acima do potencial), com o mercado de trabalho robusto, e o hiato do produto praticamente fechado, ainda é necessário um processo, mesmo que gradual, de ajuste na política monetária dos EUA (e de muitos países/regiões do G10) e, consequentemente, um ajuste nas taxas de juros de mercado. Este ambiente me coloca mais para o “Beautiful Reflation” do que para o “Goldilocks”, neste momento.

Em relação aos dados econômicos dos EUA: Vimos um Core CPI de 0,1% MoM e 1,7% YoYem setembro, abaixo das expectativas do mercado; Vendas no Varejo bastante robustas; e um Consumer Confidence passando de 95,1 para 101,1 pontos, novo pico para este ciclo econômico. Tendo a acreditar que dificilmente teríamos uma combinação de números mais positivos para os mercados.

Os próximos dados de atividade podem ser afetados pelos efeitos dos furacões que assolaram o país, o que os tornará de difícil leitura. Os próximos temas para o mercado, assim, ficarão por conta da indicação do novo membro do Fed e o avanço da Reforma Tributária.

Em relação ao Fed, dos nomes que estão sendo ventilado, apenas Warsh me parece capaz de afetar, mesmo assim apenas pontualmente, os mercados. Uma vez nomeado, se nomeado, acredito que todo eles adotariam um tom conciliador no curto-prazo e dificilmente alterariam a política monetária nos primeiros meses. No tocante a Reforma Tributária, parece consenso hoje que dificilmente ela irá avançar. Assim, qualquer sinal de avanço poderá trazer efeitos significativos e duradouros para os ativos de risco.

O Brasil parece estar no meio deste processo de acomodação dos ativos de risco, sem grandes novidades ou triggers de curto-prazo. O cenário político é fluido, a despeito da pauta do Congresso estar travada com a segunda denúncia contra Temer. Os jornais trazem uma série de notícias, mas tudo me parece ruídos até o momento.

Nos últimos dias vimos uma deterioração nas coletas de inflação, o que levou nosso baseline para o próximo mês para níveis mais elevados. Ainda é cedo para pensar em mudança de tendência, mas os números reforçam a estratégia do BCB em reduzir o ritmo de queda da Taxa Selic e encerrar este ciclo de cortes de taxas. Ainda me parece haver espaço para a compressão dos prêmios de alta de juros na parte intermediaria da curva, mas este processo deverá ser feito de maneira mais gradual de agora em diante.

De maneira geral, ainda vejo espaço para apreciação da bolsa local e vejo o BRL no range entre 3,05-3,25. 




Data: 13/10/2017

China, ECB e MXN. reflation ainda é o cenário base.

Os ativos de risco estão operando em compasso de espera pelo Core CPI a ser divulgado nos EUA esta manhã. Para comentários adicionais sobre este tema, veja aqui: https://mercadosglobais.blogspot.com.br/2017/10/inflacao-eua-e-fmi.html.

Na tarde de ontem, o a moeda do México, o MXN, apresentoudinâmica extremamente ruim, o que acabou afetando o humor para EM em geral. Está dinâmica ruim já perdura por alguns dias. Os desafios do país são localizados (Nafta, eleições) mas são capazes de afetar o humor para EM no curto-prazo, em meio a um pano de fundo de reavaliação do mercado em torno da política monetária no G10.

Na China, os dados de importação e exportação de setembro apresentaram números saudáveis, reforçando o tema de “Reflation” no mundo. Segundo a Goldman Sachs:

Exports: +8.1% yoy in September (GS: +15.0%, Bloomberg consensus: +10.0%). August: +5.6% yoy. Month-over-month exports growth (seasonally adjusted by GS): +0.2% in September, vs. -0.2% mom sa non-annualized in August.

Imports: +18.7% yoy in September (GS: +15.0%, consensus: +14.7%). August: +13.5% yoy. Month-over-month imports growth (seasonally adjusted by GS): +2.4% in September, vs. +3.2% mom sa non-annualized in August.

Na Europa, um artigo da Bloomberg sinaliza que o ECB poderá cortar o QE no ano que vem pela metade. Nas últimas semanas, está ganhando corpo a visão de um corte mais acentuado nas compras do ECB, mas para uma extensão mais longa do programa. Está matéria se encaixa neste contexto.

No Brasil, os ruídos políticos continuam, mas sem desenvolvimentos muito relevantes, por ora. Existe um indisposição do presidente da Câmara com o Planalto, a situação interna do PSDB parece complicada e, agora, os jornais dão conta que o PSB também apresenta situação interna complicada.

Na parte econômica, a agencia de rating S&P alertou o país para a necessidade de implementação da Reforma da Previdência ainda este ano. Caso contrário, um rebaixamento do rating do país poderá ocorrer. Fitch e Moody´s já haviam soltado alerta neste direção.




Data: 13/10/2017

Inflação nos EUA e FMI.

Os mercados financeiros globais não apresentaram movimentos relevantes hoje que se façam necessários comentários adicionais. O que escrevi pela manhã (copia na parte inferior deste texto) continua válido. Contudo, acho válido deixar aqui dois comentários:

EUA – O PPI e o Core PPI divulgados hoje mostraram números mais firmes de inflação, que dão animo ao cenário de “Beautiful Reflation” que tenho trabalhado. Não apenas o número cheio e os núcleos apresentaram sinais mais animadores, mas como a abertura qualitativa do indicamos mostrou avanços em sub-índices importantes para o Core CPI e Core PCE.

Se a inflação se mostra mais firme, um sinal até positivo para a economia e o Fed, ela ainda não mostra sinais mais preocupantes de uma aceleração mais rápida e acentuada, que poderia reverberar sobre os ativos de risco, em forma do receio de um “Fed behind the curve”.

Acho natural que a inflação comece a dar sinais mais claros de firmeza. Ainda não vejo motivos para pânico, mas também não podemos descartar que, em algum momento, o mercado possa se preocupar com um cenário como o citado anteriormente. Para isso, será necessário um número de inflação muito mais alto do que as expectativas, ou uma sequencia de dados mais forte. Na maior parte das vezes, esse ponto de inflexão não ocorre de uma só vez, mas através do acumulo de evidências nesta direção, e na mudança gradual da dinâmica dos mercados. Já vimos um Average Hourly Earnings mais elevado na semana passada, um mercado de trabalho aquecido, talvez já além do pleno emprego, e uma economia com o hiato do produto praticamente fechado. A inflação parece ser o caminho natural deste cenário.

FMI – As reuniões do FMI estão ocorrendo em Washington neste momento. Estou começando a receber os feedbacks na nossa área econômica. Não entrando em maiores detalhes, o cenário consensual parece ser de crescimento global mais forte e sincronizado, situação mais confortável e estável da economia da China, surpresas positivas no tocante a economia da Europa e adjacências, e bom momento das economias emergentes, em especial a maior parte de LatAm. Os riscos continuam concentrados na normalização de política monetária em G10 e os desenvolvimentos na China após o Congresso que ocorrerá em breve no país. De maneira geral, em relação aos emergentes, ainda parece haver espaço para um aumento relevante de fluxos para a região, mas grande parte dos investidores já se mostra otimistas e, consequentemente, com alguma alocação.

Como o consenso de mercado está sendo refletido nos dados econômicos, em um dos momentos da historia de menor variação dos dados econômicos em relação ao consenso, fica mais fácil entender a baixa volatilidade dos mercados globais.

A primeira impressão que eu fico, muito preliminar, do pano de fundo geral (não entrando em detalhe de países e regiões específicas) e que apenas um desvio grande do cenário em relação a este consenso será capaz de reverter a dinâmica e as tendências que prevaleceram ao longo deste ano.

Sobre minha visão de curto e longo-prazo, escrevi mais sobre o tema nos últimos dias aqui: https://mercadosglobais.blogspot.com.br/2017/10/ruidos-vs-cenario.html e aqui https://mercadosglobais.blogspot.com.br/2017/10/tecnico-dinamica-de-mercado-e-cenario.html.

Os ativos de risco continuam em modo de acomodação. As próximas 24 horas serão determinantes para a dinâmica dos mercados no curto-prazo. Eu costumo focar no cenário de prazos mais longos para a estruturação de portfólios, mas é inegável que o PPI a ser divulgado em breve nos EUA, o Core CPI que será anunciado amanhã, e o começo da temporada de resultados corporativos nos EUA, com alguns bancos reportando números hoje e amanhã, serão fundamentais para a direção dos ativos de risco nos próximos dias e, quiçá, nas próximas semanas e meses.

A dinâmica recente, especialmente nos ativos emergentes, demonstra sinais de fadiga. Por ora, vejo estes movimentos apenas como acomodações, mas começo a suspeitar que alguma realização de lucros pontual nos ativos de risco como um todo possa acabar de desenvolvendo.

Por ora, estou mantendo um portfólio mais neutro, ainda aplicado em juros Brasil como principal posição, comprado em Ibovespa e long BRLAUD. Mantenho posição relevante tomada em juros nos EUA e comprado em volatilidade de juros e equities no país. Vou reavaliar este portfólio, sua composição, instrumentos e tamanhos, conforme os dados forem delineando o cenário de curto-prazo.  




Data: 10/10/2017

Sinais de estabilização. 

Os ativos de risco estão revertendo parte das pressões apresentadas ontem, com o dólar mais fraco esta manhã, as commodities em alta e com um leve fechamento de taxa das Treasuries nos EUA. A dinâmica, por ora, confirma que os problemas na Turquia deveria ser pontuais e localizados, e que o “semi” feriado nos EUA, ontem, pode ter exacerbado alguns movimentos devido a liquidez mais baixa.

No Brasil, o Estão traz matéria em que diz que a base de Temer irá tentar votar uma Reforma da Previdência mais enxuta em novembro, após a tramitação da segunda denuncia. Segundo o jornal:

REFORMA MÍNIMA

Base aliada articula proposta com pontos básicos da reforma

Idade mínima

Ficaria em 65 anos para homens e 62 anos para mulheres, como aprovado na comissão especial.

Contribuição

Tempo mínimo pode sofrer “ajustes”. Proposta aprovada na comissão exige ao menos 25 anos de contribuição à Previdência.

Transição

Regra de transição também deve passar por alterações nas mãos dos parlamentares. Atual proposta prevê exigência de idade mínima (que começa em 53 anos para mulheres e 55 anos para homens, subindo aos poucos) e “pedágio” com adicional de 30% sobre o tempo que falta para a aposentadoria.

Próxima gestão

Demais mudanças, como nas regras para servidores, ficariam para próximo governo.

Já o Valor, na pessoa de Raymundo Costa, traz matéria cobrindo as recentes inserções de Jair Bolsonaro entre empresários e agentes do mercado financeiro. Segundo ele, Bolsonaro tem mostrado uma postura mais pragmática, liberal e de centro-direita, se colocando a favor das reformas e adotando um discurso menos polêmico em várias frentes.

Continuo acreditando que falta muito tempo para que as eleições presidências de 2018 tenham impacto relevante sobre os ativos locais. Contudo, é importante acompanharmos a dinâmica do processo deste já. O grande risco, além de uma possível candidatura de Lula, que vejo para o cenário de 2018, é uma polarização grande de candidatos, com um número elevado de nomes, o que poderia tornar a corrida eleitoral perigosa, assim como ocorreu na prefeitura do Rio de Janeiro nas últimas eleições municipais. Contudo, caso os candidatos em pauta migrem para um discurso mais liberal e de centro, pelo menos no tocante a economia, o risco para os mercado acabará sendo bastante reduzido ao longo do processo podendo, inclusive, tornar as eleições um processo menos traumático para os mercados locais.   




Data: 10/10/2017

{Update] Cenário externo ainda demanda cautela.

Hoje foi dia de “semi” feriado nos EUA, com o mercado de equities aberto, mas o mercado de renda fixa (bonds) fechado. Esta condição pode ter deixado os mercados mais ilíquidos e exacerbado alguns movimentos.

Dois vetores afetaram a dinâmica dos mercados hoje. Em especial, os ativos emergentes e, consequentemente, os ativos locais: Um vetor eu vejo como mais estrutural, que é a reavaliação do mercado em relação à política monetária no G10 como um todo e nos EUA, em específico. Esta potencial mudança de cenário está ocorrendo não é de hoje e pode continuar afetando a dinâmica dos ativos de risco no curto-prazo. Comentei mais a fundo sobre isso aqui https://mercadosglobais.blogspot.com.br/2017/10/ruidos-vs-cenario.html e aqui https://mercadosglobais.blogspot.com.br/2017/10/tecnico-dinamica-de-mercado-e-cenario.html.

A meu ver, a dinâmica dos ativos de risco está em linha com o cenário que tenho desenhado neste fórum. Ainda vejo um curto-prazo mais desafiador, até que tenhamos uma definição em relação a política monetária nos EUA no curto-prazo. Este cenário envolve a escolha do novo presidente do Fed, a evolução da Reforma Tributária e Fiscal além dos dados de inflação, com o Core CPI em foco esta semana.

O segundo vetor que afetou os ativos de risco, e que vejo como mais pontual e localizado, ficou por conta da forte depreciação dos ativos da Turquia, após os eventos comentados mais cedo neste fórum. Vejo este vetor como localizado e pontual, podendo gerar ruídos de curto-prazo, mas não devendo gerar um contágio mais espalhado e persistente. Contudo com o pano de fundo que temos desenhado, com um mercado já mais fragilizado há algumas (poucas) semanas, os eventos no país acabam lembrando o porque os Países Emergentes são chamados assim (“Emergentes”), pois apresentam alto potencial de retorno e carrego, mas riscos diversos e recorrentes. 




Data: 09/10/2017

Cenário externo ainda demanda cautela no curto-prazo.

A semana está começando sem grandes novidades e sem grandes movimentações por parte dos mercados financeiros globais. A Treasury, nos EUA, apresenta acomodação, o dólar está levemente mais firme ao redor do mundo, com as bolsas globais em alta e as commotidies, no geral, idem. Assim, continua valendo minha visão dos últimos dias, que pode ser vista aqui: https://mercadosglobais.blogspot.com.br/2017/10/ruidos-vs-cenario.html.

Vale destacar a forte depreciação da TRY, na Turquia. O país entrou em um embate contra os EUA, após ambos cancelarem a emissão de vistos de não imigrantes ao longo do domingo. Pelo o que a mídia está reportando, a medida foi tomada primeiro pelos EUA, após um funcionario da embaixada americana ser preso acusado de espionagem. A Turquia, quase que imediatamente, anunciou a mesma medida, em retaliação aos EUA. Como os fundamentos econômicos da Turquia não são favoráveis, e o risco político elevado, problemas como este acabam sendo exacerbados nos preços dos ativos locais. A questão parece pontual, e não deveria gerar contágio maior para o resto do mundo de forma permanente. Contudo, está manhã, vemos alguns sinais, mesmo que incipientes, até pelo pano de fundo global recente, de pequeno contágio, como o MXN, por exemplo, também apresentando depreciação.

Na China, o país teve mais um mês de elevação das suas reservas internacionais, em mais um sinal positivo de relativa estabilidade local.

Na Alemanha, a produção industrial de setembro apresentou forte alta de 2,6% Mom, após um verão local de dados mais fracos. O número reforça o cenário positivo para o crescimento da Europa.

No Brasil, destaque apenas para visita de Jair Bolsonaro aos EUA, onde está buscando um tom de discurso mais moderado e liberal, em busca de consolidar sua posição nas pesquisas para as eleições presidenciais de 2018. João Doria, por sua vez, sofreu pequena derrota com as recentes pesquisas divulgadas pela mídia. Continuo acreditando que precisamos acompanhar de perto as movimentações para as eleições presidenciais de 2018, mas que ainda seja muito cedo para qualquer uma dessas notícias ter impacto relevante no preços dos ativos locais.




Data: 09/10/2017

Ruídos vs Cenário.

O final de semana trouxe alguns ruídos pontuais, que irei esclarecer abaixo, mas nada que altere o cenário econômico global ou a dinâmica dos mercados.

De forma resumida, ainda vejo o processo de alta das taxas no G10, lideradas pela abertura de taxas das Treasuries nos EUA, como o principal vetor que ditará o tom dos ativos de risco no curto-prazo. Acredito que o processo estrutural possa ser ordenado, mas enquanto o mercado não tiver conforto na velocidade da abertura das taxas, poderemos conviver com um período de acomodação dos ativos de risco. Acredito que estamos no meio deste processo.

No longo-prazo, acredito que este processo tenha tudo para ser ordenado, não inviabilizando o bom desempenho de ativos de risco que apresentam cenário favorável, posição técnica saudável e valuations/preços atrativos. Alguns ativos emergentes e alguns ativos no Brasil se encaixam nestas definições.

Assim, temos um curto-prazo talvez um pouco mais desafiador do ponto de vista da apreciação dos ativos de risco como um todo, o que demanda postura mais tática e a busca por hedges. Como o cenário estrutural de longo-prazo ainda parece saudável e positivo, momentos de depreciação de algumas classes de ativos devem ser vistos como oportunidades de alocação nestas classes.

Vamos a alguns comentários do final de semana:

Posição Técnica – A despeito de pequenos ajustes na posição do USD no mundo, o mercado continua em grande parte vendido em dólar. Este ambiente pode continuar dando suporte ao USD no curto-prazo. Alguns indicadores técnicos mostraram um mercado cada vez mais “short duration” em G10. Isso pode trazer movimentos de realização/acomodação pontuais, mas não necessariamente inviabiliza a continuidade do processo de abertura das taxas de juros nesses países e/ou regiões. Um exemplo recente fica por conta da posições vendida em USD que prevaleceu grande parte do ano, período em que o USD apresentou acentuada desvalorização.

Brasil – Dois ruídos envolvendo o Presidente Michel Temer. Primeiro, um matéria na mídia afirmando que uma empresa de investimentos do Presidente teria supostamente comprado dois terrenos dias depois que, supostamente, um aliado de Temer teria recebido, supostamente, recursos ilícitos. Temer nega os fatos, afirmando que a compra dos terrenos foi feita com recursos lícitos e com comprovação de renda.

Em outro artigo da mídia, afirma-se que Gedel Viera Lima, atualmente preso, estaria disposto a partir para um processo de delação premiada.

Acredito que ambas as notícias sejam ruídos e o mercado deveria interpreta-las como tal. Ainda vejo o cenário externo como muito mais importante para  a dinâmica dos ativos locais no curto-prazo.

EUA – Trump voltou a adotar um tom mais duro e beligerante em relação a Coréia do Norte. Continuo acreditando que, enquanto não houver um conflito militar de fato, este tipo de notícia tende apenas a ter impacto temporário sobre os ativos de risco. 




Data: 06/10/2017

Técnico, dinâmica de mercado e cenário.

Brasil – o IPCA de setembro ficou acima das expectativas, mas sem mudar drasticamente o quadro para a inflação e a política monetária. Segundo nossa Área Econômica:

>> O IPCA foi acima do esperado (0,16% vs. BBG: 0,09%). As surpresas para cima foram em serviços e em alimentos. A despeito disso, o qualitativo do IPCA segue favorável. Os índices de difusão (% de itens em alta) em patamares relativamente baixos (embora tenham subido na margem) e condizentes com nível de inflação abaixo da meta; A inflação de serviços dessaz tem estacionado em patamar próximo de 4%; A parcela dos bens ex - alimentos (produtos industriais ou comercializáveis ex - alimentos) mostrou uma aceleração na leitura dessaz, mas ainda se encontra ao redor de 3%; A alimentação no domicilio rodou próximo da mínima histórica para os meses de setembro; A média dos núcleos dessaz ficou em 3,9% (na média móvel trimestral); A luz da surpresa para cima e da piora na coleta da FGV, estamos puxando a nossa projeção de 2017 para 3% (de 2,85% anteriormente).

Em relação aos mercados, o externo e o técnico continuaram a dar o tom dos ativos locais. Não vejo mudanças substanciais de cenário. Vejo valor na parte intermediária das curvas nominais e reais de juros, assim como na curva longa de juros reais. Acredito que o BRL se manterá no range entre 3,05-3,25 e ainda vejo demanda, em meio a um cenário positivo, para a bolsa local.

EUA – Como era amplamente esperado, os dados de emprego de setembro apresentaram um grande ruído dos desastres naturais que assolaram o país ao longo do mês. A criação de empregos na pesquisa do Payroll foi negativa. Contudo, a Taxa de Desemprego recuou de 4,4% para 4,2% e o Average Hourly Earnings (AHE) subiu 0,5% MoM para 2,9% YoY.

Acredito que não podemos ler os números a valor de face, mas pelo o que entendemos o impacto negativo no Payroll acabou sendo maior do que o previsto e um “payback” deverá ocorrer nos próximos meses.

A pesquisa da Taxa de Desemprego e do AHE também pode ter sido afetada, mas em menor magnitude do que a pesquisa do Payroll.

Acredito que os números de hoje não deveriam alterar o cenário para o crescimento e para a política monetária, e muito menos para a dinâmica dos ativos de risco em geral (minha opinião sobre estes temas foi extensivamente discutida ao longo desta semana: https://mercadosglobais.blogspot.com.br/2017/10/reflation-at-almost-full-speed.html).

Contudo, quero levantar aqui uma discussão que, talvez, estejamos em um ponto de inflexão importante da economia dos EUA (e, em menor parte, do mundo). Por mais que os números de hoje não possam ser lidos a valor de face, olhando no contexto geral, parece cada vez mais evidente que o mercado de trabalho esteja no pleno emprego e que as leis econômicas possam voltar a operar em plena normalidade, com uma inflação ascendente de agora em diante, especialmente nos EUA. Isso teria impactos relevantes para política monetária e para os mercados. Por ora, ainda vejo este cenário como gradual e relativamente tranquilo, no que tenho cunhado como “Beautiful Reflation”. Contudo, estarei acompanhando de perto a evolução deste cenário e da dinâmica do mercado para eventuais mudanças de estruturais de cenário.

Neste meio tempo, continuo favorecendo posições tomadas em juros nas Treasuries, posições compradas em vol de juros e equities nos EUA aliadas a posições aplicadas em juros no Brasil e compradas em bolsa. Continuamos mais táticos no mercado de câmbio e, neste momento, estamos vendidos em AUDBRL. 




Data: 06/10/2017

 Cenário externo e posição técnica ditando a dinâmica de Brasil.

 

A noite foi de poucas novidades relevantes. A toada do mercado continua a ser de abertura de taxas de juros nos EUA e fortalecimento do USD no mundo. Tenho enfatizado este pano de fundo já há algumas semanas. Para não soar repetitivo, minha visão pode ser encontrada aqui: https://mercadosglobais.blogspot.com.br/.

O destaque do dia ficará por conta dos dados de mercado de trabalho nos EUA. Devido às catástrofes naturais que assolaram o país no último mês, o mercado espera uma criação mais baixa de postos de trabalho em setembro. Os rendimentos médios reais podem ficar firmes, devido a questões sazonais. De qualquer maneira, qualquer resultado poderá ser descontado pelo mercado, pois será de difícil leitura. O DB declarou que: The risks for market participants are somewhat asymmetric in that a weak NFP print should be rightfully discounted due to weather-related disruptions while a more robust employment gain would add to policymakers’ confidence that the growth outlook remains very much positive.

No Brasil, os ativos locais devem seguir o humor global a risco. Hoje será divulgado o IPCA fechado de setembro, com o mercado esperando uma alta de 0,09% MoM. Mesmo que com pequenas flutuações em torno deste número, o pano de fundo deverá continuar de inflação baixa e controlada. As coletas de inflação estão rodando acima do “baseline” para o IPCA de outubro, mas ainda em patamar baixo e controlado.

O noticiário político continua sendo fonte de ruído. A base do governo está fazendo “jogo duro” nesta segunda denuncia contra Temer, mas não me parece nada além de ruído pontual. A agenda legislativa está caminhando a passos lentos. A Reforma Política avança, o Refis (muito mais brando do que o esperado) foi aprovado, mas matérias mais relevantes da pauta econômica estão trancadas neste momento. Ainda me parece inviável falar em Reforma da Previdência.

Os ativos locais, em especial o mercado de juros, têm apresentando desempenho bastante ruim nos últimos dias. Isso pode ser explicado por um conjunto de fatores, tais como: posição técnica, nível de preço, influência externa e uma visão de que o BCB esteja próximo do final do ciclo de queda da Taxa Selic, o que tornaria o mercado de juros com menos assimetria. Acredito que todos estes argumentos são válidos e verdadeiros. Vejo o mercado ainda em processo de acomodação. Contudo, acredito que haja espaço para ganhos moderados de capital na parte intermediária da curva. Confesso que prefiro esperar um sinal de melhora na dinâmica para estruturar posições mais relevantes. Por hora, o “price-action” segue bastante ruim e preocupante, mas valor está sendo criado na curva.

O cenário de “Reflation” global deveria continuar a favorecer a bolsa em detrimento aos demais ativos, mas é natural que o mercado não suba em linha reta, sem períodos de realização de lucro. Ainda há amplo espaço para realocação das carteiras para esta classe de ativos, mas o movimento recente. Continuo sem visão estrutural para o BRL. Acredito que o “range” de 3,05-3,25 deverá ser mantido. 




Data: 05/10/2017

Reflation at (almost) full speed...

 

O dia foi de dinâmica interessante para os mercados locais. Vamos primeiro aos fatos econômicos. Depois, tentaremos medir em que sentido a dinâmica de hoje se enquadra no cenário que tenho descrito neste fórum (ou se há, de fato, uma mudança de tendência e/ou cenário):

No campo econômico, nos EUA, vimos mais um recuo semanal do Jobless Claims, que era amplamente esperado. O número apresentou alta ao longo do mês de setembro, com o impacto negativo, mas pontual, das catástrofes naturais que assolaram o país e suas regiões. O número mostra um mercado de trabalho ainda robusto. O Trade Balance e as revisões do Durable Goods Orders levaram os economistas a revisarem, marginalmente, suas expectativas de PIB para o 3Q do ano.

Amanhã teremos a divulgação dos dados de emprego de setembro nos EUA. Devido as catástrofes naturais, o mercado espera uma criação mais baixa de postos de trabalho. Os rendimentos médios reais podem ficar firmes, devido a questões sazonais. De qualquer maneira, qualquer resultado poderá ser descontado pelo mercado, pois será de difícil leitura. O DB declarou que: The risks for market participants are somewhat asymmetric in that a weak NFP print should be rightfully discounted due to weather-related disruptions while a more robust employment gain would add to policymakers’ confidence that the growth outlook remains very much positive.

No Brasil, o dia foi de agenda relativamente esvaziada. Os dados da ANFAVEA apresentaram um quadro de robustez na produção de veículos, o que se encaixa no cenário de recuperação do crescimento. Ainda vemos ruídos emanarem do Congresso, com uma forte queda de braço dentro do PSDB. Este ambiente tem trazido ruído ao processo da denúncia contra o Presidente Temer na Casa. Por ora, vejo os eventos recentes apenas como ruídos.

Observamos hoje mais uma rodada dos mercados precificando um pano de fundo de “Reflation”. Desta vez, contudo, a alta nas taxas de juros dos EUA, mesmo que marginais, trouxeram pressão negativa sobre algumas classes de ativos. O dólar operou em alta no mundo, os ativos emergentes tiveram uma quinta-feira negativa, mas vimos movimentos de alta nas commodities metálicas não preciosas e no petróleo, a despeito da queda do ouro.

Os movimentos hoje foram clássicos de “Reflation”. Tenho insistido que este panorama deve continuar, pelo menos até que este cenário seja testado por números mais negativos de crescimento, ou por algum evento exógeno. Quanto a pressão nos ativos emergentes, e no Brasil, em especial, vejo como movimentos passageiros, pontuais e até esperados em qualquer processo mais prolongado e estrutural de recuperação/apreciação.

Entendo que vimos uma alocação não desprezível para esta classe de ativos nos últimos meses (EM/Brasil), os preços já são menos atrativos do que no passado, e a alta dos juros nos EUA (e no G10 em geral), ajudados pela redução do balanço do Fed, prejudicam esta classe de ativo no curto-prazo, mas não vejo esses vetores como impedimentos decisivos para uma mudança clara de tendência ou de cenário.

Espero movimentos de consolidação como o de hoje nos mercados emergentes enquanto durar este processo de abertura de taxa de juros nos EUA. A velocidade de abertura costuma ser, muitas vezes, mais importante do que sua direção. Mas enquanto estamos no meio do processo, o mercado tende a optar por uma postura mais conservadora. Apenas uma abertura mais rápida e acentuada dos juros nos EUA, puxada por dados de inflação mais elevados, ou por uma mudança clara de dinâmica mais estrutural (pacote fiscal elevado nos EUA com mercado no pleno emprego, reforma tributária e etc) seriam capazes de alterar a tendência e o cenário para os mercados emergentes em geral.

Em relação ao Brasil em especial, o técnico está claramente prejudicando muito mais o mercado de juros do que o mercado de renda variável. O BRL tem seguido o humor global em relação ao USD no mundo, mas tem apresentado performance relativa melhor que seus pares nos últimos meses (até a janela de 3 meses). O mercado continua concentrando suas apostas no mercado de juros o que, em momento como o de agora, acaba afetando de maneira mais preponderante este mercado. Entendo que o cenário de crescimento seja melhor, o mercado de trabalho de recupera, as coletas de inflações estão marginalmente piores nos últimos dias e o BCB está próximo ao fim do ciclo de queda da Taxa Selic. Contudo, ainda vejo espaço, especialmente após a abertura recente de taxas, para ganhos de capitais (mesmo que menos expressivos) na parte intermediária da curva. Os argumentos continuam o mesmo: Inflação ainda baixa, expectativas ancoradas, hiato do produto elevado e prêmios excessivos de altas de juros no ano de 2018.

O que escrevi na carta mensal ainda é amplamente válido: Temos defendido a tese de que o cenário de "Goldilocks" que prevaleceu ao longo de todo o ano, até meados de setembro, poderia estar se tornando um cenário de "Reflation". Este roteiro parece estar sendo seguido à risca nas últimas duas semanas. O "Reflation" não necessariamente será negativo para os ativos de risco, mas pode se tornar pontualmente mais desafiador se a velocidade de abertura de juros for muito acelerada. Este não é o cenário base, mas precisa ser monitorado. Por hora, trabalhamos com uma "Reflation" que tenha apenas o potencial de desestabilizar momentaneamente, e pontualmente, os ativos de risco, e muito mais por questões de posicionamento técnico e preços/valuation. Gostamos das teses de investimentos positivas em relação ao Brasil. Acreditamos que estamos em uma tendência, mas temos o receio de que o mercado esteja taticamente esticado, especialmente vis-à-vis o que vemos do cenário externo. Em linhas gerais, vemos espaço para alguma acomodação no curto-prazo que, de fato, já está ocorrendo desde a última semana de setembro.  




Data: 05/10/2017

Not much news...

 

As últimas 48 horas foram de pouquíssimas alterações no cenário, o que está trazendo uma acomodação dos mercados, mas sem inversão clara de tendências. As bolsas globais continuam bem suportadas, o dólar apresentou leve arrefecimento, assim como as taxas de juros nos EUA, as commodities seguem fundamentos específicos e os ativos emergentes apresentaram recuperação.

Continuo trabalhando como um cenário de “Beautiful Reflation” como o mais provável, ou seja, com um crescimento global sólido, trazendo abertura das taxas de juros no G10 (desta vez liderado pelos EUA). A inflação no mundo desenvolvido sobe gradualmente, o que permite um processo de normalização monetária por parte dos bancos centrais apenas gradual e bem administrada. Este pano de fundo tende a ser positivo para os ativos de risco em geral. Apenas pontualmente, dependendo da velocidade de abertura das taxas de juros nos EUA (e no G10), que poderemos observar pressões pontuais em algumas classes de ativos. Este cenário será alterado caso: (1)A inflação começar a subir de maneira mais rápida e acentuada, (2) O crescimento global ter sinais de fadiga, ou (3) Um evento exógeno impactar o mercado (guerras, conflito militar, deterioração da situação política em alguma região mais relevante do mundo).

Assim, continuo trabalhando com o tema de abertura das taxas de juros nos EUA e com posições compradas (positivas) em ativos no Brasil.

No Brasil, o cenário político continua em foco. O Congresso aprovou o Fundo Eleitoral, em mais um passo da Reforma Política. A denuncia contra Temer, que está em tramitação no Congresso, continua trancando a agenda econômica.

Na Espanha, a situação política da Catalunha é  tensa e indefinida. Por ora, contudo, o problema parece localizado e não está gerando contágio ao resto da região ou do mundo.

Na Austrália, a surpresa negativa das vendas no varejo (queda de 0,6% MoM contra expectativa de alta de 0,3% MoM) está trazendo de volta a tona o debate em relação a real situação da economia do país.




Data: 04/10/2017

Reflation: Acomodação.

 

A noite foi de poucas novidades relevantes no Brasil e no mundo. As taxas de juros nos EUA estão apresentando estabilização/acomodação. O movimento parece estar sendo favorecido após rumores de Powel, membro atual do Fed e visto como de uma ala mais dovish, estaria na frente da corrida para suceder Yellen, em detrimento a um economista mais hawkish, como Warsh.

Acredito que o tema de “Reflation” e, mais especificamente, de abertura das taxas de juros nos EUa, continua válido. Ele será determinado, em última instancia, pelos dados de crescimento e inflação, mais sua velocidade poderá ser influenciada pela escolha do novo presidente do Fed e pela postura do Banco Central Americano no curto-prazo. Por ora, vejo este debate apenas como uma distração de curto-prazo, mas entendo que o mercado poderá reagir pontualmente a este tipo de notícia. Enquanto os dados de crescimento estiverem robustos, sem que a inflação mostre quedas adicionais, acredito que este tema ainda será válido. Os dados recentes reforçam esta tese (tais como o ISM Manufacturing, Vehicle Sales e etc).

No Brasil, o Congresso avançou na Reforma Política e com o Refis, mas a agenda segue relativamente esvaziada, a espera da votação da denuncia contra Temer. Comentei sobre os ativos locais na tarde de ontem, aqui: https://mercadosglobais.blogspot.com.br/2017/10/brazil-great-rotation.html.




Data: 03/10/2017

Brazil: "Great Rotation"!

 

A terça-feira trouxe poucas mudanças para o cenário econômico global. Vimos uma acomodação do movimento de abertura de taxas das Treasuries, o que ajudou a dar algum alívio ao USD e aos ativos emergentes.

No Brasil, além do movimento global, vimos mais uma rodada de notícias positivas, a despeito da surpresa baixista da produção industrial (PIM) de agosto, amplamente natural após 4 altas consecutivas. Apenas para citar alguns exemplos, observamos hoje dados que podem ser considerados positivos da Fenabrave (vendas de veículos); o Índice de Atividade Econômica da FGV; o Índice de Confiança Empresarial da FGV; e os indicadores da CNI. Mesmo a PIM apresentou um quadro qualitativo positivo. Segundo nossa área econômica: 

A PIM ficou abaixo do esperado (-0,8%m/m dessaz vs. BBG: 0% m/m dessaz, +4,0%a/a vs. BBG: 4,8%). Entretanto, houve revisão para cima na série nos meses anteriores (compensando em boa parte a surpresa baixista na divulgação de hoje). O qualititativo veio bom, com a parte mais cíclica (bens duráveis e de capital) apresentando alta (e mantendo a tendência de alta) e o índice de difusão em patamar elevado (% dos itens em alta m/m dessaz), a despeito da queda na margem (que foi muito concentrada). A nossa proxy de investimentos subiu 2% na margem e não alteramos a nossa projeção de crescimento por conta da PIM de hoje.

De maneira geral, mesmo que ainda gradual, a recuperação do país se mostra mais disseminada e consolidada.

No mercado, vimos o que pode ser cunhado de “grande rotação” (“Great Roation”) do mercado de juros para o mercado de renda variável. Acho que o movimento faça sentido no atual estágio do ciclo e nos atuais níveis de preço. Acredito que ainda existe um técnico positivo para o mercado de renda variável e um fluxo reprimido que deveria manter o mercado bem sustentado, apenas como acomodações pontuais.

Contudo, também vejo valor na parte intermediária da curva de juros prefixado, com a visão de compressão de prêmio de risco. Trabalhamos com um cenário de juros baixos por mais tempo, o que deveria favorecer está parte da curva. A curva hoje precifica cortes de 75bps e 50bps nas próximas 2 reuniões do Copom. Acredito que isso seja um piso de queda (ou um teto de taxa) para o curto-prazo. Após essas duas reuniões, o mercado já precifica altas não desprezíveis de taxa ao longo de 2018. Vemos um hiato do produto ainda bastante aberto, com pouquíssimas, ou nenhuma, pressão inflacionária. Assim, existe espaço para o BCB manter a Taxa Selic estável por um tempo relevante de tempo, o que favoreceria está parte da curva. Entendo que o movimento a partir de agora seja menos trivial, mas que ainda exista espaço para posições neste tema de investimentos.

Os movimentos verificados hoje fazem parte de um processo mais estrutural de busca por ativos alternativos aos juros, que foram os “queridinhos” do mercado por quase 2 anos. Pontualmente, podemos vivenciar este tipo de dicotomia, mas ainda acho cedo para afirmar que este tema de investimento tenha se encerrado.




Data: 03/10/2017

Crescimento global robusto e sincronizado. "Beautiful Reflation" segue como cenário base.

 

O destaque do cenário continua marcado por uma recuperação positiva e extremamente sincronizada do crescimento global. Este pano de fundo ficou ainda mais evidente após a divulgação dos PMIs e ISMs ao redor do mundo nas últimas 48 horas.

Os ativos de risco tem reagido de maneira clássica a este cenário, com bom desempenho do mercado de ações, abertura de taxas de juros e alta do dólar. Acredito que este ambiente poderá persistir diante deste cenário. Poderemos ter alguma volatilidade pontual maior, caso a velocidade de abertura das taxas de juros se torne mais acentuada, mas este não me parece ser o cenário base.

Por ora, este ambiente tem gerado alguma pressão sobre os ativos dos países emergentes, dentre eles o Brasil. Acredito que este tipo de movimento seja natural, especialmente após o forte desempenho desta classe de ativo nos últimos meses. De forma geral, na maior parte das vezes, um cenário de crescimento global robusto, com alta gradual de juros no mundo desenvolvido e inflação ainda controlada, não costuma ser estruturalmente negativo para os ativos emergentes. Muito pelo contrário, este cenário costuma ser bastante positivo para esta classe de ativos. Assim, vejo o movimento de pressão atual apenas como uma acomodação em meio a uma tendência ainda positiva de valorização da classe emergente, e do Brasil, em especial.

Entrando em Brasil, os jornais de hoje estão com notícias interessantes, todas elas na direção de melhores perspectivas de crescimento. O Ministro da Fazenda Henrique Meirelles concedeu declarações bastante fortes e incisivas na noite de ontem afirmando que o crescimento atual já é forte e que o mercado irá, cada vez mais, se surpreender com as surpresas no âmbito do crescimento.

O jornal O Globo traz artigo em que afirma que o BCB estaria estudando a redução de compulsório dos bancos, com intuito de aliviar o mercado de crédito. Já o Valor afirma que o BNDES teria R$180bi disponíveis para novos pagamentos ao Tesouro, o que ajuda a abater a dívida federal.

Dentro do que escrevi sobre o Brasil e o mundo, ainda me parece haver espaço para a valorização dos ativos locais. Entendo que após a apreciação dos últimos meses, a velocidade de apreciação poderá ser menor, mas não menos relevante. Neste momento, gosto de manter um portfólio balanceado, entre bolsa, juros na parte intermediária da curva e posição tática no BRL. Mantenho posição relevante tomada em juros longos nos EUA, grande parte através de estruturas de opção, cujas vols baixas permitem grande alavancagem e defesa da posição em caso de movimentos contrários ao cenário base.




Data: 02/10/2017

Reflation prevails!

 

Os ativos de risco estão iniciando a semana na mesma toada em que encerram o mês passado, ou seja, com a abertura das taxas de juros nos EUA dando sustentação ao USD no mundo. As bolsas apresentam leve elevação, com as commodities sem tendências definidas, mas com leve viés negativo esta manhã. 

 

Continuo vendo espaço para a continuidade destes movimentos. Acredito que o “Reflation” seja o cenário mais provável para o curto-prazo, e que só se tornaria “Risk-Off” na eventualidade de uma aceleração muito mais acentuada da abertura das taxas de juros, ou na concretização de algum “risco de cauda” (como conflito militar junto a Coréia do Norte, ou similar) que não esteja totalmente mapeado pelos investidores. 

 

Os dados recentes apontam na direção deste panorama descrito acima. Por exemplo, as Exportações da Coréia do Sul, mostraram nova aceleração em setembro, reforçando um cenário de solidez da corrente de comércio global. No Japão, o Takan – um dos indicadores de confiança mais importantes do país, trimestral e coletado pelo BoJ – apresentou elevação acima das expectativas, mostrando um ambiente de recuperação da economia japonesa. 

 

Brasil – O cenário continua sem novidades relevantes. A mídia continua dando atenção a ruídos pontuais. A pesquisa presidencial do Datafolha pode trazer debate no mercado, mas acho difícil que afeta a dinâmica de maneira persistente nesta etapa do debate político. Ainda gosto de posições favoráveis aos ativos locais, mas vejo espaço para mais movimentos de acomodação no curto-prazo. Acho prudente adotar postura mais tática no atual pano de fundo global, administrando o tamanho e os instrumentos das posições. 

 

Espanha – O “Referendo” de independência da Catalunha ocorreu de forma truncada, com forte repressão do Governo Central da Espanha. O turnover foi baixo, com menos de 40% de votos. Segundo o Governo Catalão, os votos favoráveis a independência da região ultrapassaram os 90%. Agora, existe uma amplitude de possibilidade para o caminho que será seguido pela região. Acredito que o problema vivido pela Espanha é grave, e não pode ser deixado de lado. Por ora, contudo, é apenas uma questão local, que não deveria gerar contágio ao resto do mundo. Segundo o Citibank: 

 

"Unilateral Declaration of Independence? – The Catalan Parliament will hold a referendum-focused session on Tuesday. According to the ‘referendum law’ passed in the Catalan Parliament, a YES vote (no participation threshold) is enough for passing a declaration of independence and kick-start a gradual process to exit Spain (including drafting a constitution and build the new institutions). The law, however, calls for a period of negotiations with Madrid and the international community, implying that a move to declare independence would not have immediate effects in the legal relationship between the region and the rest of Spain. 

 

What Next? – We expect the regional government to try to capitalize on recent events and call snap regional elections. As in the 2015 regional election, the next ballot is likely to be framed as a plebiscite vote over independence, with the ruling ‘Together For Yes’ coalition likely to stick together. Recent polls suggest ‘Together For Yes’ will probably fail to reach a majority and may need support from either the far-left CUP or the leftwing Podemos to remain in power. We expect a pro-independence government to eventually be formed with a secessionist agenda. Attempts to hold a new referendum are likely to follow. 

 

But What If All Goes Wrong? – An alternative scenario would feature the Catalan government pressing ahead by declaring independence in coming days. The move would be challenged immediately at the Constitutional Court, which almost certainly would rule against it. If the Catalan government ignores the ruling, we expect Madrid to trigger article 155 of the Constitution to strip out Catalonia’s autonomy and to call for regional elections. We see the risk that this could trigger a civil rebellion, with possible wide disruptions and violent confrontations. A move by the regional police force to ally with the pro-independence parties could significantly escalate the situation. We assign a non-negligible probability to this scenario." 

 

Posição Técnica – A posição do USD mostra condições para que o movimento de fortalecimento da moeda norte americana continue, pelo menos no curto-prazo. Segundo o JPM: 

 

"Despite positive US cyclical developments, the trend in USD and JPY funding into high beta and policy normalizing reserve currencies (CAD, EUR, GBP) resumed significantly  as reflected in the IMM data in the week to Tuesday 26 Sep. Net notional USD shorts extended to a new cycle low of $-21.1bn, now basically matching the Jan’13 cycle low (-21.5). Meanwhile JPY shorts extended to JPY-890bn. The main beneficiaries were EUR (longs jumped to EUR11bn from 7.8bn the week prior), CAD (longs to CAD7.5bn, a fresh cycle high from, 5.9bn), and GBP. Net GBP contracts are now long (to the tune of GBP300m notional) for the first time since Nov’15. 

 

New highs in overall EM FX overweight positioning in the latest monthly JPM survey (Figure 4), last taken 18-20 September. The increase in overall overweights from August to September now exceeds the range highs seen during the 2010-1H13 era of Fed QE and in fact is a historical series high. The improvement in positioning was quite broad based, with 16 of 26 EM currencies seeing material positioning improvement, and only 3 seeing material positioning deterioration. Timely and full details of EM FX and the overall fixed income positioning survey are available to participating clients (see details here). 

 

The EM positioning remains mostly pro-carry, although there are idiosyncratic exceptions. Perhaps in the current environment it is not surprising that the six most relatively underweight currencies are the lowest yielding EM Asia and EMEA EM currencies (on an absolute, rather than z-score basis, so TWD, SGD, THB, KRW, RON, and ILS), while the most overweight are high yielding ones from all three regions (EGP, INR, IDR, TRY, MXN, RUB). But then there are idiosyncratic exceptions. The seventh most overweight EM currency is MYR despite being among the lowest tier in carry, probably on structural undervaluation rationale. Meanwhile, the seventh most underweight EM currency is ZAR despite being a relatively high carry currency." 

 

China – Os sell-sides reagiram de maneira positiva ao anuncio do corte de compulsório no país, que comentei neste fórum no final de semana. Segundo a média do mercado, o corte representa uma liberação razoável de liquidez na economia, e deveria dar sustentação ao crescimento nos próximos meses.




Data: 02/10/2017

China e Pesquisas Eleitorais no Brasil.

 

O final de semana, até o momento, trouxe algumas informações importantes que merecem ser mencionadas. Vamos a elas: 

 

China – O PMI Manufacturing subiu de 51,7 para 52,4 em agosto, acima das expectativas do mercado, e o maior patamar desde maio de 2012. Além disso, foi confirmado o que já havia sido ventilado ao longo da semana, ou seja, o PBoC irá promover um corte de 50bps no Reserve Requeriment (RRR/compulsório) de instituições financeiras mais ligadas a pequenas e médias empresas. 

 

O PMI reforça a visão de um crescimento saudável no país. O corte do compulsório indica que existe disposição do governo chinês em promover ajustes pontuais para que o cenário de crescimento se mantenha constante. Em conjunto, este fluxo de notícias reafirma um cenário relativamente tranquilo e construtivo para o país, pelo menos no curto-prazo. 

 

EUA – O Secretário de Defesa do país declarou que os EUA estão em conversar diretas com a Coréia do Norte para fins de negociações em torno de seu programa nuclear. As declarações são positivas do ponto de vista geopolítico, já que apontam na direção de “esfriar” as relações claramente esgarçadas entre ambos os países. Ainda parece cedo para acreditar que os testes balísticos e militares da Coreia do Norte irão cessar por completo, mas o caminho do diálogo parece aberto, o que reduz a probabilidade de “eventos de cauda”. 

 

Brasil – A mídia trouxe algum ruído em torno do programa de Refis que está em negociação no Congresso, o que pode levar a uma nova revisão do programa nos próximos dias. 

 

A Folha trouxe mais uma pesquisa Datafolha em relação à corrida presidencial de 2018. Ainda falta bastante tempo para as eleições. Este tipo de pesquisa deve ganhar importância ao longo do tempo, ajuda a balizar a corrida eleitoral, mas deveria ter pouco impacto nos mercados financeiros locais no curto-prazo. 

 

Segundo o Datafolha, o ex-presidente Lula continua na liderança das intenções de voto, inclusive ganhando espaço em relação a seus adversários. Bolsonaro e Marina estão em empate técnico na segunda colocação, com Doria e Alckmin (dependendo do candidato colocado na pesquisa) em terceiro lugar. 

 

A interpretação da pesquisa me parece simples. Lula ainda tem uma base eleitoral forte e sua constante aparição na mídia o torna mais reconhecido em relação aos demais candidatos. Marina ainda tem o chamado “recall eleitoral” das últimas eleições.  Bolsonaro é visto como o candidato radical, que poderia “mudar tudo” e colocar o país nos trilhos. Doria se favorece por ser o “novo na política”, mas sofre por ser desconhecido, e de um partido recentemente afetado pela Lava-Jato. Alckmin tem pouca base eleitoral nacional, e sofre os mesmos efeitos deletérios de ser do PSDB. 

 

As eleições ainda estão bastante abertas e tudo pode acontecer de agora até a concretização do evento. O maior risco para os mercados seria a possibilidade de candidatura de Lula. Caso Lula não seja candidato, existe o risco de polarização ainda maior das eleições, com um número grande de candidatos, que poderia levar dois nomes de polos opostos ao segundo turno. 

 

Interessante notar matérias nos jornais de sábado em que Bolsonaro adota postura mais moderada. As matérias dizem que o pré-candidato irá as EUA em busca de uma imagem de mais centro-direita e liberal. Bolsonaro busca aproximação junto ao mercado financeiro, a fim de consolidar sua posição como forte candidato a disputa presidencial.




Data: 29/09/2017

All about Tax Reform.

 

O dia foi marcado pelo final do mês e do trimestre. Assim, fluxos pontuais podem ter exacerbado alguns movimentos de forma pontual.

Ao contrário do que eu imaginava, mas por motivos que considero relevantes, o mercado reagiu de maneira diferente, e menos simplória, ao Core PCE nos EUA, do que eu imaginei pela manhã. A despeito de uma alta de 0,1% MoM (abaixo do esperado) em agosto, o noticiário em torno da escolha do novo presidente do Fed e, ainda mais importante, o avanço da agenda legislativa do Congresso, com a elevação da probabilidade de implementação de uma Reforma Tributária, acabaram dando suporte as taxas de juros nos EUA.

Ao contrário do cenário do final do ano passado, o cenário atual parece menos propenso a se tornar negativo para algumas classes de ativos, pela ausência de medidas protecionistas mais agressivas. Neste ambiente, o impacto mais direto fica para as taxas de juros nos EUA e suas derivadas, como o USD.

De maneira geral, continuo gostando de posições tomadas em juros nos EUA. Ainda vejo o mercado de opções com vols muito baixas, que permitem exposição e alavancagem com risco/retorno bastante favorável. Não tenho uma visão direcional clara para o USD, mas entendo que se persistir o cenário escrito acima, podemos passar por um período de dólar mais forte no mundo, mesmo que de forma apenas gradual e momentânea.

Além do Core PCE, o Chicago PMI apresentou alta superior as expectativas, saindo de 58,9 para 65,2 pontos. O número apenas reforça o cenário de crescimento saudável do país.

No Brasil, os dados de emprego ficaram basicamente dentro do esperado, mostrando continuidade de um processo gradual de recuperação. Chamou a atenção o arrefecimento dos rendimentos médios reais, mas ainda precisamos de mais evidentes para termos uma opinião mais bem informada sobre esta queda. Por ora, prevalece um cenário de recuperação gradual do mercado de trabalho e do crescimento, que vem sendo corroborada pelos indicadores de confiança do consumo, empresariado, comercio e etc.

Ainda gosto de posições estruturalmente compradas em Brasil, mas confesso que nos atuais níveis, precisaremos de algum trigger, local e/ou externo, para mais uma rodada de valorização. Por isso, talvez uma postura mais tática no curto-prazo seja necessária. As vols implícitas do Ibovespa estão extremamente baixas, o que torna o risco/retorno positivo de exposições compradas. Ainda vejo espaço para o fechamento da parte intermediária da curva de juros, mas acredito que, a partir de agora, o processo será mais lento. O problema de energia, e ausência de chuvas, pode ser um empecilho a este mercado no curto-prazo. Continuo vendo o BRL se mantendo em um range relativamente curto em torno de 3,10-3,20.




Data: 29/09/2017

EUA: Core PCE em Foco.

 

Desde quinta-feira, os ativos de risco operam sem movimentações relevantes. A agenda de hoje pode ser determinante para a dinâmica de curto-prazo dos mercados financeiros globais, com destaque para o Core PCE e para os indicadores de crescimento nos EUA. Ontem, os dados de Estoques e de Balança Comercial foram positivos, o que levou o mercado a revisar as expectativas de crescimento do 3Q deste ano para o país.

Acredito que os ativos de risco podem ter uma reação clássica, e simples, ao Core PCE, que será divulgado hoje as 9h30. Um número abaixo de 0,2% MoM pode trazer de volta o “Goldilocks” aos mercados; um número acima de 0,2% MoM deveria induzir uma aceleração do “Reflation”, com risco de se tornar “Risk-Off”, mesmo que momentaneamente. Um número de 0,2% MoM, pode manter um cenário de “Reflation”, mas com viés positivo, sem grandes rupturas.

No Brasil, o resultado fiscal divulgado ontem fiou muito acima das expectativas. Contudo, a melhora é explicada integralmente por fatores pontuais. As atenções de hoje estarão voltadas para a formação da ptax, com o BCB deixando vender cerca de US$4bi swaps cambiais.

Uma matéria hoje no Valor fala da estiagem e do risco de um choque de oferta na energia. Nossa área econômica vem alertando para este risco há algumas semanas. O problema parece grave e crescente, e ainda pouco precificado pelo mercado:

Estiagem provoca alta generalizada nos custos de energia 

Por Camila Maia e Rodrigo Polito

O atraso do início do período úmido e o aumento das temperaturas devem levar a um aumento generalizado do custo de energia no país, mesmo sem haver risco de abastecimento. A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) deve divulgar hoje o acionamento da bandeira tarifária vermelha, e há chances de que seja no patamar 2, com acréscimo de R$ 3,50 a cada 100 kilowatts-hora (KWh) consumidos. Se o cenário se confirmar, será a primeira vez que ela será acionada.

A falta de chuvas afeta também os consumidores de outra forma. Com os níveis dos reservatórios em baixa, as hidrelétricas são cada vez mais substituídas por outras fontes de energia, o que aumenta o déficit hídrico (medido pelo fator GSF, na sigla em inglês). Ao mesmo tempo, o preço de energia no mercado à vista (PLD) tem se mantido no teto de R$ 533,82/MWh.

A falta de chuvas afeta também os consumidores de outra forma. Com os níveis dos reservatórios em baixa, as hidrelétricas são cada vez mais substituídas por outras fontes de energia, o que aumenta o déficit hídrico (medido pelo fator GSF, na sigla em inglês). Ao mesmo tempo, o preço de energia no mercado à vista (PLD) tem se mantido no teto de R$ 533,82/MWh.

A Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE) prevê que o GSF custará R$ 40,8 bilhões ao país neste ano. A conta considera o PLD médio projetado para o ano - R$ 345/MWh - e o déficit hídrico médio de 30,1%. Desse montante, R$ 27,5 bilhões correspondem ao custo nos contratos do mercado regulado de energia (das distribuidoras), e R$ 13,3 bilhões ao dos contratos no mercado livre.

Parte do prejuízo do GSF vai para as empresas geradoras, que estão expostas ao mercado livre, ou precisam vender menos energia para se proteger. Outra parcela vai para os consumidores, que bancam o GSF de toda a energia em regime de cotas (custo que pode chegar a R$ 1 bilhão por mês) e também o dos geradores do mercado regulado que aderiram ao "seguro" criado pelo governo.

Projeções divulgadas ontem pelo Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) apontam que as chuvas devem ficar em 79% da média histórica em outubro na região Sudeste. No Nordeste, a situação continua sendo mais grave, com previsão que as chuvas cheguem a 31% da média.




Data: 28/09/2017

From Reflation to Risk-Off? Depends on the asset class...

 

Não há mudanças substanciais de cenário econômico nos últimos dias. A perspectiva de normalização monetária em alguns países do G10, impulsionada pelo aumento da probabilidade de uma Reforma Tributária nos EUA, está dando suporte aos yields das Treasuries, ao USD e colocando pressão em algumas classes de ativos, como os Emergentes e algumas commodities.

Ainda vejo a possibilidade de continuidade destes movimentos, favorecidos por uma combinação de cenário, posição técnica e “momentum”, mas ainda não vejo a necessidade de rupturas.

Em especial, alguns ativos atingiram níveis tecnicamente importantes, que serão testados nos próximos dias, como a Treasury 10 anos no patamar de 2,30% e o BRL no nível de 3,20. O rompimento destes níveis pode acabar caracterizando uma mudança de tendência dos mercados, mesmo que por um período apenas de tempo. Caso estes níveis se mostrem um resistência forte, podemos voltar um pouco do “Reflation” para o “Goldilocks”.

EUA – O Durable Goods Orders divulgado ontem ficou acima das expectativas do mercado, mostrando uma economia que cresce a taxas estáveis e relativamente saudáveis. Os dados de curto-prazo serão muito afetados pelos desastres naturais recentes e serão de difícil leitura. Um grupo de estudos do Governo divulgou um relatório com propostas para a Reforma Tributária. Os números ficaram muito em linha com o que vinha sendo ventilado na mídia. Faltam detalhes mais amplos de como será este processo. Ainda há um longo caminho de negociações, mas parece haver disposição política de avançar nesta agenda. Uma Reforma Tributária, com a economia crescendo acima do potencial, e com o mercado de trabalho praticamente em pleno emprego enseja juros mais elevados.

Brasil – O Governo realizou ontem leilão da CEMIG e de Energia. Ambos podem ser considerados bem sucedidos. O BNDES aprovou e já autorizou a devolução de R$33bi ao Tesouro. De maneira geral, a despeito dos ruídos políticos, a agenda econômica caminha de forma positiva.

Os dados de crédito também divulgados ontem mantiveram a tendência de recuperação moderada. É cada vez mais evidente que estamos no meio de um ciclo de recuperação do crédito, mas a velocidade de retomada ainda é bastante gradual. O mesmo Poe ser dito dos indicadores de confiança divulgados recentemente.

A mídia continua reportando que a base aliada de Temer irá “vender caro” a segunda denuncia contra o Presidente. Acredito que este tipo de matéria não passa de ruídos pontuais.

De forma geral, vemos uma agenda carregada de IPOs, falam em R$25bi até o final do ano, e lançamento de dívidas corporativas externas, o que pode prejudicar um pouco o bom desempenho de alguns mercados em favor de outros. Contudo, os lançamentos são sinais de demanda elevada por ativos locais. A posição técnica do mercado ainda não me preocupa sobremaneira, apesar de já ver fundos locais com posições não desprezíveis em algumas classes de ativos.

China – O país anunciou um corte específico de Compulsório. Segundo o Citibank:

The State Council decides on a targeted RRR cut – On 27 September, the State council decided to lower the reserve requirement ratio (RRR) of banks that extend a big enough proportion of their loans to small enterprises, micro-sized and individual businesses and farmers. The details, such as the size of the cut and the criteria of qualified banks, will be announced by the PBoC.

The cut will benefit some medium- and mostly small-sized banks, benefiting those targeted small companies – The cut is to boost lending to small-sized and start-up companies as part of the government’s overall policy to encourage entrepreneurship and innovation. Indeed, the State Council announced this policy together with tax exemptions for small businesses. China’s economic activities have softened in the past two months. In particular, private investment growth fell back again, and rising funding costs was one key reason behind the fall. We expect the move will not only release liquidity to qualified banks but also boost credit to small enterprises, as historically shown.

However, the move does not signal a shift in monetary stance – Despite the recent slowdown, the government does not appear to be at risk of missing its growth target of 6.5% this year. This should allow it to focus more on the deleveraging of both real and financial sectors, while monetary easing would not serve these purposes. We expect the PBoC to maintain its current prudent and neutral stance, largely without across-the-board RRR cuts or interest rate cuts this year. Given its targeted nature, we expect the current move’s market impact to be limited, even though the details are yet to be unveiled.

That said, the recent surge in interbank interest rates warrants close attention and monitoring – The PBoC indicated in its monetary policy report that the repo rates for financial institutions had been quite stable, which should be an important indicator for the funding costs of financial institutions. Indeed, a surge in interbank interest rates could lead to a faster pass-through to overall lending rates. We expect the weighted lending rate to have risen to 5.81%. Given the profit margin of private firms remains at 5.72%, the rising lending rate would make them more cautious in making investment decisions going forward. Thus, we believe the PBoC will continue to keep daily open market operations at a reasonable pace leading to the 19th Party Congress to ensure overall stability of the financial markets  




Data: 27/09/2017

From Goldilocks to Reflation. From Reflation to Risk-off? Not yet, it seems...

 

O destaque desta manhã está por conta de mais um movimento de abertura de taxa das Treasuries nos EUA, que está dando suporte ao USD no mundo. O movimento está seguindo o roteiro do “Goldilocks” para o “Reflation”, liderado pelos EUA, que tenho descrito neste fórum a cerca de 3 a 4 semanas. Por ora, o movimento de abertura de taxas de juros e fortalecimento do USD não está gerando uma pressão negativa mais permanente sobre as commodities e as bolsas globais. 

Este cenário pode persistir, caso os movimentos nos juros e nos USD permaneçam controlados. Este parece ser o cenário base. Contudo, caso os movimentos se tornem mais rápidos e acentuados, o “Reflation” pode acabar, mesmo que momentaneamente, em “Risk-Off”. Neste ambiente, espero a continuidade do movimento de acomodação dos ativos no Brasil, pelo menos no curto-prazo.

Nos últimos dias escrevi incessantemente sobre este cenário. Para não soar repetitivo, para aqueles que buscam mais detalhes sobre o tema, podem encontrar aqui https://mercadosglobais.blogspot.com.br/2017/09/reflation.html.

O fluxo de notícias no Brasil continua relativamente esvaziado, com ruídos políticos, como o novo afastamento de Aécio Neves do Senado e o pedido de recolhimento domiciliar noturno, determinado pelo STF. A denúncia contra Temer conseguiu avançar no Congresso, o que ajuda a destravar a pauta legislativa.




Data: 26/09/2017

Reflation!?

 

A terça-feira foi praticamente sem novidades para o cenário local. O BRL apresentou depreciação em linha com a média de seus pares, a curva de juros teve um dia de desempenho levemente positivo, assim como o Ibovespa.

No curto-prazo, acredito que os ativos locais devem continuar com uma correlação maior com os ativos externos, exceto por novidades relevantes no front local. O cenário político é fluído, mas merece atenção. O cenário econômico me parece estável e confortavelmente construtivo, e só sofrerá alteração na eventualidade de algum choque inesperado.

Em relação a posição técnica, ainda vejo um processo estrutural de alocação para os ativos locais, especialmente para a bolsa, mas também para a parte longa da curva de juros. Ainda existe espaço, em várias classes de investidores, para este aumento de exposição. Contudo, após uma segunda-feira de piora não muito acentuada dos ativos locais, vimos uma piora não desprezível das cotas dos fundos locais. Isso mostra que a posição técnica do “fast money” local já não é tão “leve” como anteriormente, o que requer alguma atenção.

Mantenho uma posição comprada em ativos locais, administrando tamanho e instrumentos. Continuo favorecendo a parte intermediária da curva nominal de juros e a parte longa da curva de NTNB. Gosto de alguns plays na bolsa. Tenho menos convicções no câmbio, onde vejo um mercado de “ranges”. Neste momento, estou com posições mais reduzidas e aproveitando realizações para elevar as alocações.

No cenário externo, continuo vendo o cenário político como importante driver de curto-prazo. No cenário econômico, ainda vejo um bom desempenho da economia global. A inflação mostra sinais incipientes de recuperação (elevação) gradual, até mesmo nos EUA. Neste ambiente, membros do Fed têm mantido um tom considerado mais “hawkish” do que as expectativas, ou do que está precificado no mercado. Hoje ouvimos de Yellen, e de outros membros do Fed, uma mensagem de continuidade do processo de normalização monetária. A mensagem foi muito parecida com aquela emitida após a última reunião do FOMC, mas talvez em dissonância com os preços de mercado. O dólar vem reagindo de forma positiva aos desenvolvimentos nos EUA, mas ainda parece haver algum tipo de atraso na reação do mercado de juros.

As volatilidades implícitas do mercado de juros e bolsa nos EUA continuam nos pisos deste ciclo econômico e, até mesmo, nos pisos históricos, a despeito da elevação das vols de câmbio (vide gráfico). Vejo um excelente risco retorno para se posicionar na ponta tomada da curva de juros dos EUA via opções, com hedge nas opções dos índices de bolsa.

A Reforma do Sistema de Saúde dos EUA foi praticamente abandonada. Novos capítulos desta novela precisarão ser escritos. Agora, a administração Trump busca aliados no partido Democrata para dar andamento na agenda de reformas, especialmente a Reforma Tributária.

O Consumer Confidence de setembro caiu de 122,9 para 119,8 pontos, levemente abaixo das expectativas, mas em patamar ainda robusto e positivo, mesmo com quedas relevantes no Texas e na Florida, regiões muito atingidas pelos desastras naturais recentes.




Data: 26/09/2017

Política Local e Global em Foco.

 

Os ativos de risco estão operando próximos a estabilidade neste momento. Destaque apenas para uma leve elevação do dólar no mundo.

O pano de fundo econômico permanece relativamente inalterado e construtivo, mas o cenário político global apresenta alguns obstáculos de curto-prazo para a continuidade do bom desempenho dos ativos de risco. Ainda não vejo motivos claros para uma mudança de tendência, mas vejo argumentos para uma acomodação dos mercados financeiros globais no curto-prazo.

Entre os obstáculos que existem hoje no mercado, podemos citar a necessidade de negociação para uma coalizão política na Alemanha após as eleições, a disputa interna entre a Espanha e  Catalunha em torno do referendo da região separatista, e a dificuldade do Congresso dos EUA em dar andamento a pauta legislativa. Mais uma vez a proposta de Reforma do Sistema de Saúde parece ter sido preterida pela maioria do Senado.

No Brasil, a pauta do Congresso está “trancada” com a tramitação da segunda denuncia contra Michel Temer. Alguns partidos da base aliada, o chamado “Cetrão” estão fazendo uma jogada política em busca de maior poder de barganha. Esta situação acaba dificultando a agenda do Congresso e o avanço de medidas econômicas importantes para a economia.

De maneira geral, vejo este cenário como momentâneo. Acredito que o Governo tenho condições e capacidade política de gerenciar mais este obstáculo. De qualquer maneira, após o desempenho espetacular dos ativos locais nos últimos meses, não podemos descartar acomodação de curto-prazo. Na ausência de mudanças de cenário, vou olhar correções como oportunidade de alocar risco nos ativos locais, em especial na bolsa e parte intermediária da curva de juros nominais.

Segundo a mídia local, o Governo irá negociar o Refis com o Congresso em busca de votos contra a denuncia de Temer. Esta postura estaria em desacordo com a equipe econômica. Este tipo de artigo pode gerar ruído de curto-prazo, mas dificilmente alterará o cenário econômico estrutural.

Segundo o jornal O Globo:

Pressionado pela segunda denúncia da PGR, por organização criminosa e obstrução de Justiça, e diante da falta de disposição da base de dar quorum para a leitura da peça e sua tramitação, o presidente Michel Temer prepara a liberação de mais dinheiro para programas como o Refis e o Bolsa Família. Contra a vontade da equipe econômica, que desejava preservar a arrecadação prevista de R$ 13 bilhões no Refis, a Casa Civil acertou uma proposta mais flexível, alterando as regras de refinanciamento das dívidas das empresas.

Segundo o “Jornal Nacional”, a nova proposta contempla quatro pontos principais na renegociação das dívidas: para pagamento à vista, desconto de 90% nos juros, 70% nas multas e 25% nos encargos; para pagamentos em até 145 parcelas, desconto de 80% nos juros, 50% nas multas e 25% nos encargos; para pagamento em até 175 parcelas, descontos de 50% nos juros, 25% nas multas e 25% nos encargos. Quem tem dívida de até R$ 15 milhões pode dar entrada de 5% ao invés de 7,5% da proposta original. A medida agrada aliados, especialmente empresários. O prazo de adesão ao Refis termina sexta-feira. Temer deve anunciar ainda um programa complementar ao Bolsa Família, que inclui 3 milhões em microcrédito.




Data: 25/09/2017

Ruídos podem trazer acomodação dos ativos de risco.

 

Ainda estou me inteirando sobre o cenário econômico e político, local e global, dos últimos dias. Por ora, mantenho o que escrevi aqui: https://mercadosglobais.blogspot.com.br/2017/09/update.html

Europa/Alemanha - Deixei de comentar no domingo a noite (https://mercadosglobais.blogspot.com.br/2017/09/eua-e-espanha-em-foco.html) sobre as eleições na Alemanha. A despeito da esperada vitória de Angela Merkel, seu partido ficou aquém do esperado nas eleições. Assim, o evento pode ser classificado como uma “vitoriosa derrotada” para Merkel. Uma “grande coalizão” provavelmente não poderá ser realizada. A busca por apoio político poderá deixar o cenário político alemão um pouco mais conturbado no curto-prazo.

Acredito que este tipo de evento, na maneira como é estruturada a cadeia política da Alemanha (e de muitos países europeus), trazem ruídos de curto-prazo, mas dificilmente alteram a dinâmica econômica. Já vimos processos parecidos inúmeras vezes na Itália e em outros países da região.

Coréia do Norte - A retórica entre a Coréia do Norte e os EUA continua bastante belicosa. Na manhã de hoje, os coreanos emitiram mensagens de que os EUA teriam efetivamente declarado uma guerra contra o país. Pela primeira vez desde a realização do último teste balístico da Coréia do Norte estamos vendo uma reação negativa dos ativos de risco. Reforço o que tenho escrito nos últimos dias. A probabilidade de um confronto direto é hoje muito maior do que no passado recente. Na maior parte das vezes, este tipo de “embate” verbal acaba sendo equacionado através da diplomacia. Contudo, estamos em novos tempos, com lideres, de ambos os lados, imprevisíveis. 

Os ativos de risco devem continuar reagindo de maneira apenas moderada a notícias que se reservam apenas na base de ameaças. Contudo, qualquer confronto direto poderá trazer um efeito muito mais negativo nos ativos de risco. Com as volatilidades implícitas e realizadas de muitos mercados nos lows históricos, e o preço de muitos ativos de risco nos picos deste ciclo econômico, muito pouco de um confronto militar parece estar precificado.

Continuo gostando de posições tomadas na curva de juros dos EUA, mas acredito ser prudente a busca por hedges via compra de volatilidade.

Brasil – A pesquisa Focus desta semana trouxe mais uma onda de revisões baixistas para o IPCA (inflação) de 2017e 2018, e revisões altistas para o PIB.  O Focus está refletindo um pouco o próprio movimento de mercado das últimas semanas.

Continuo vendo um cenário estruturalmente construtivo para o país, mas alguns preços que parecem “esticados” momentaneamente. Realizações de lucros e/ou acomodações devem ser apenas moderadas, exceto na eventualidade de uma mudança repentina de cenário. Em linhas gerais, vejo o mercado “realizando de lado”, ou seja, com acomodações sendo mais prováveis do que realizações rápidas e acentuadas.

Gosto da tese de redução do prêmio de risco da parte intermediária da curva nominal de juros e da tese de juros estruturalmente mais baixos na parte longa da curva de NTN-B. Acredito que ambas as teses levarão algum tempo para se comprovarem, ou seja, vão ocorrer ao longo do tempo, e não de maneira repentina. Gosto da tese de valorização da bolsa local, muito baseado nos juros mais baixos, na recuperação da economia e na mudança estrutural do perfil dos investimentos (migração estrutural para esta classe de ativos), mas acredito que podemos ver alguma acomodação no curto-prazo. Tenho pouca convicção no mercado de câmbio. Ainda vejo o BRL operando em “bandas”.




Data: 25/09/2017

Congresso dos EUA e confrontos na Espanha.

 

O final de semana trouxe algumas notícias que merecem enfoque, mas nada que altere o cenário que descrevi ontem.

EUA - A agencia de notícias Axio vazou o que seria o projeto de reforma tributária que esta sendo estudada por um grupo do governo Trump. Segundo a mídia, o plano em estudo estaria aquém daquele defendido por Trump no inicio de seu mandato, mas de qualquer maneira, um projeto bastante ambicioso. Resta saber se existe apoio político para a implementação destas medidas. O mercado precifica hoje muito pouco de qualquer tipo de reforma nesta direção.

Do lado negativo, membros do Congresso sinalizaram que talvez não haja apoio para o avanço da reforma do setor de saúde, que vem travando a pauta da agenda legislativa.

A situação no pais parece fluida e ainda sem sinais de rupturas ou mudanças de cenário.

Europa - A situação entre o Governo da Espanha e a região separatista do País Basco parece estar se deteriorando de maneira mais negativa, e ganhando contornos que não eram esperados. O Governo da Espanha diz ser ilegal um referendo de independência marcado para começo de outubro, e vem adotando postura agressiva para evitar o andamento do referendo.

Por ora, o problema parece localizado, mas dado o tamanho da economia da Espanha, não pode ser ignorado.

Coreia do Norte - A retórica entre os EUA e o pais continua em tom elevado. Os EUA promoveram exercícios militares aéreos muito próximo do território Norte Coreano, em um claro sinal de força. Por sua vez, a Coreia utilizou seu espaço na ONU para se defender e dar declarações belicosas contra os EUA.

Tudo indica que este embate irá continuar. Os mercados, por sua vez, só deverão reagir na ocorrência efetiva de um confronto direto. 




Data: 25/09/2017

Update.

 

Após um breve período de folga, é hora de pensar no retorno, e voltar ao batente. Vejo o cenário dos últimos 10 dias da seguinte maneira. Feedbacks são muito bem vindos: 

 

Mercados - Os preços dos ativos de risco, em geral, encontram-se nos picos deste ciclo econômico, ou nos picos históricos. A despeito destes níveis, a posição técnica, de forma geral, não parece totalmente comprometida. Podem haver situações de preços "esticados" no curto-prazo, mas o cenário base, e a dinâmica dos ativos de risco, sinalizam que o mais provável, na ausência de novidades relevantes, são realizações de lucro, ou movimentos de acomodação, apenas moderados. Apenas uma novidade muito surpreendente no cenário seria capaz de causar uma piora rápida e acentuada do humor global a risco. 

 

Brasil - O Relatório de Inflação confirmou que as previsões do BCB pressupõe a continuidade do ciclo de queda da Taxa Selic, e sua manutenção em patamares baixos no horizonte relevante de tempo. A curva de juros, neste cenário, ainda apresenta prêmios de risco, mas as oportunidades de ganho de capital devem se concentrar na parte intermediária da curva, em busca de uma extensão do ciclo de queda dos juros e manutenção em patamares baixos. 

 

O quadro politico segue com fluxo de notícias intenso mas, por ora, não vejo nada além de ruídos. A nova denuncia contra Temer está travando a pauta do Congresso, mas deve ser superada. Existe disposição em algumas alas do Congresso em dar continuidade a agenda econômica. Uma Reforma da Previdência ainda não é cenário base, mas alguma medida nesta direção pode ser colocada na agenda, o que seria positivo, por não estar precificado nos ativos locais. 

 

Gosto de manter uma alocação "core" em ativos locais, administrando tamanhos e instrumentos. Gosto de algumas teses: Juros estruturalmente mais baixos, via NTNBs longíssimas e via a parte intermediária da curva nominal de juros. Recuperação da economia, através de compra de bolsa local. No cambio, prefiro adotar postura mais tática do que estrutural.

 

Já vejo alguns preços "esticados" momentaneamente, mas como escrevi no meio da semana, estamos no meio de um processo que parece estruturalmente positivo para o país e seus ativos. O processo de alocação deve ser longo e ainda parece apenas em seu estágio inicial. Assim, sempre será difícil determinar correções pontais. O quadro técnico não parece comprometido. Por isso, e outros, recomendo a busca por assimetrias e hedges, mas sempre mantendo uma posição estruturalmente a favor dos ativos do país. 

 

EUA - O Fed mostrou que, a despeito das surpresas recentes na inflação, deve manter sua postura de normalização monetária. Os dados de crescimento continuam positivos e o mercado de trabalho robusto. O Governo Trump deu os primeiros sinais, mesmo que ainda incipientes, se avanço na agenda legislativa. Muito pouco deste processo está precificado nos mercados atualmente. 

 

A dinâmica do mercado de juros nos EUA apresentou melhora visível e acredito que podemos estar diante do começo de um processo moderado de abertura de taxas de juros no país. Este processo não deveria causar ruptura estrutural nos demais mercados financeiros globais, apenas se a velocidade de abertura de taxas se tornar mais rápido e acentuado. Para isso, serão necessário números mais sólidos de inflação. 

 

Continuo gostando de posições tomadas em juros nos EUA e de hedges via índices e opções de bolsas do país. Acho a assimetria razoável, especialmente com o VIX abaixo de 10%. Não tenho uma visão estrutural para o USD neste momento. 

 

Coreia do Norte - A retórica do pais e dos EUA continua dura. Acho difícil que a Coreia interrompa seus testes balísticos e militares. Contudo, o mercado já provou que apenas um confronto militar direto será capaz de mudar a trajetória positiva dos ativos de risco. Acredito que este cenário hoje é muito mais provável que há alguns meses atras. 

 

Europa - Dados de atividade continuam sólidos. Todos os olhos estão voltados a estratégia do ECB de agora em diante. 

 

China - Após retirar algumas amarras do mercado de câmbio, vimos ma freada no processo de valorização do CNY/CNH. Os dados de atividade mostraram moderação, mas ainda não em magnitude que afete o humor dos investidores. 




Data: 21/09/2017

Bull Market de Brasil & Juros EUA.

 

Após uma semana distante dos mercados, acho que o momento seja oportuno para uma breve avaliação do cenário e dos mercados.

 

Brasil - Cenário sem grandes novidades. A inflação continua surpreendendo positivamente (para baixo), o que tem permitido a manutenção do processo de queda da Taxa Selic. O crescimento mostra sinais mais otimistas de recuperação. As contas externas seguem saudáveis. O quadro fiscal de longo-prazo ainda preocupa, mas a arrecadação federal de agosto mostrou sinais mais animadores, mostrando que a recuperação cíclica da economia devera ajudar até mesmo no front fiscal. 

 

A agenda micro avança de forma positiva, e notícias como um possível acordo entre a Petrobras e a União, em torno da Cessão Onerosa, é um exemplo importante do caminho que esta sedo seguido por esta administração, (não entrando aqui nas questões políticas, que hoje parecem mais ruídos do que motivos de mudanças substanciais de cenário). 

 

O BCB parece disposto a reduzir o ritmo de queda da taxa de juros, no atual estagio do ciclo. A despeito destes sinais, a mensagem é de que os juros poderão se manter baixos por mais tempo, o que não esta totalmente precificado no mercado de juros. Acredito que haja espaço para a extensão do ciclo de corte da Taxa Selic, mesmo que em ritmo mais moderado. Contudo, para a curva de juros, os ganhos de capital devem se concentrar, a partir de agora, nas perspectivas de juros baixos por mais tempo, ou seja, favorecendo a parte intermediária da curva. 

 

O BCB anunciou que deixara vencer cerca de US$4bi de swaps cambiais ao final deste mês. A postura do BC mostra tranquilidade em relação as perspectivas de fluxos, mas pode pressionar o câmbio até a ptax de vencimento do mês, especialmente diante o panorama externo. 

 

O Brasil esta no meio de um "Bull Market" clássico. Isso não significa que movimentos de correção/realização de lucros não irão ocorrer, mas que devem ser rápidos, pouco acentuados e estimulados apenas por eventos totalmente inesperados.

 

A dinâmica do Ibovespa é um exemplo claro deste processo. O mercado esta passando por uma realocação que parece mais estrutural do que cíclica, e ainda parece longe do final, talvez ainda nem no meio deste processo.

 

O cenário externo é um vetor que precisa ser acompanhado de perto para medirmos a probabilidade de eventuais movimentos pontuais de correção. 

 

Gosto das teses de investimentos positivas em relação ao Brasil, acredito que estamos em uma tendência, mas tenho o receio de que o mercado esteja taticamente esticado, especialmente vis-a-vis o que vejo do cenário externo. 

 

EUA - O cenário continua a ser de crescimento moderado, acima do potencial. Os desastres naturais de assolaram o pais e adjacências devem afetar os dados de curto-prazo, mas não a trajetória da economia. O mercado de trabalho segue robusto. A inflação está baixa, mas devem manter trajetória ascendente. 

 

O FOMC de hoje trouxe poucas novidades em relação as expectativas, mas acabou sendo mais hawkish do que o esperado, dado o histórico passado (não recente) deste comitê. O Fed parece convicto na manutenção do processo de normalização monetária, diante do cenário exposto acima. Apenas mudanças substanciais serão capazes de tirá-los do "piloto automatico"de 3 altas de 25bps ao ano nos juros, e na redução previsível de seu balanço, anunciado oficialmente hoje, mas amplamente esperado. 

 

A grande novidade dos últimos dias, ao meu ver, foi a mudança de dinâmica no Congresso, e sua relação com o Governo Trump. Hoje temos sinais mais positivos de cooperação, o que pode colocar a agenda legislativa novamente em sua rota imaginara após as eleições de novembro passado. Neste momento, pouco disso parece precificado,  poderia dar sustentação as taxas das Treasuries e, consequentemente, ao USD. 

 

Quando sai de férias, sinalizei para um possível "Goldilocks"se tornando um cenário de "Reflation". Este roteiro parece estar sendo seguido a risca. O "Reflation"não necessariamente será negativo para os ativos de risco, mas pode se tornar pontualmente mais desafiador se a velocidade de abertura de juros for muito acelerada. Este não é o cenário base, mas precisa ser monitorado. Por hora, trabalho com um cenário de "Reflation"que venha apenas a desestabilizar momentaneamente, e pontualmente, os ativos de risco, e muito por questões de posicionamento técnico e preços/valuation. 

 

Em suma, cenário praticamente inalterado, com alguns detalhes importantes. No Brasil, juros baixos por mais tempo, sinais mais claros de recuperação do crescimento e uma mudança clara de dinâmica por parte dos investidores, em busca de ativos alternativos ao CDI.

 

Nos EUA, a possibilidade de estarmos entrando em uma tendência de abertura de taxas de juros. Este processo deve ser saudável, mas pode causar volatilidades pontuais. 

 

Gosto de estar Long Brasil em geral, mas admito um receio de preços esticados taticamente. Como acertar correções pontuais é sempre muito difícil, o ideal é manter uma posição "core" e buscar assimetrias nos preços de cada classe de ativo em cada momento do tempo. 

 

Gosto de estar tomado em juros nos EUA aliado a compra de hedges via compra de volatilidade, com VIX abaixo de 10% e as vols das Treasuries também baixas para os padrões históricos. Carteira muito parecida aquela que venho frisando há vários meses, porem alterando instrumentos e tamanhos.   




Data: 12/09/2017

Reflation, here we go...(higher UK CPI). Notas do Copom.

Brasil – Notas do Copom Notas sem grandes novidades. Bem dovish, mas em linha com o comunicado. Querem encerrar o ciclo de forma gradual. Não descartam corte de 75bps na segunda reunião a partir de agora, mas cenário base ainda parece ser de cortes de 75bps e 50bps nas próximas duas reuniões do Copom. Interessante que não falam em taxa terminal, fim de ciclo e etc. Dá a impressão que poderiam ir caindo os juros enquanto o cenário permitir. Em suma, cenário de extensão do ciclo de queda da Taxa Selic, e manutenção dos juros baixos por um tempo relevante.

Neste ambiente, acredito que a parte curta da curva de juros ficará bem ancorada, mas já não apresenta um risco/retorno favorável para ganhos de capital. A partir de agora, deveremos ver um movimento mais claro de flattening da curva. Vejo duas oportunidades aqui. Uma, a retirada dos prêmios excessivos de alta de juros a partir de 2018, com a manutenção de uma Taxa Selic mais baixa por um tempo mais prolongado. Isso favoreceria a parte intermediária da curva. Acredito que este será um processo gradual. Ao mesmo tempo, vejo espaço para a redução dos prêmios de risco da parte mais longa da curva, em meio um cenário cíclico mais positivo, o avanço de importantes reformas estruturantes, e um cenário político cujos os “riscos de cauda” tem sido reduzidos. A NTNB 2050, por exemplo, parece ter “ficado para trás” em termos de desempenho se comparada vis-à-vis o movimento recente dos juros curtos, do Ibovespa e do próprio BRL.

Reflation – Após a divulgação dos dados de inflação de agosto mais elevados na China, no final de semana, hoje foi a vez da inflação na Inglaterra. Este é um tema que pode ganhar corpo nos próximos dias e o mercado não me parece posicionado para isso.

Segundo a Goldman Sachs:CPI inflation rose from +2.6%yoy to +2.9%yoy in August: a stronger increase than expected by both us (+2.7%yoy) and consensus (+2.8%yoy). Having dipped over the past few months, CPI inflation is now back to the rate it reached in May 2017. Core CPI inflation also rose by more than expected in August, from +2.4%yoy to +2.7%yoy: a 5½ year high.




Data: 12/09/2017

From Goldilocks to Reflation? [UPDATED]

O destaque desta manhã fica por conta de mais uma rodada de abertura de taxa das Treasuries, nos EUA. Ao contrário de ontem, contudo, até o momento, os demais ativos de risco como as bolsas e o dólar operam sem tendência definidas. Vemos alguma pressão sobre o complexo de commodities. Na noite de ontem, comentei sobre está dinâmica de mercado aqui: https://mercadosglobais.blogspot.com.br/2017/09/from-goldilocks-to-reflation.html.

No Brasil, a mídia está reportando que Polícia Federal (PF) teria um relatório em que vê indícios de atuação ilícita do Presidente Michel Temer no que ficou cunhado pelos meios de comunicação locais como “quadrilha do PMDB na Câmara”. O relatório é preliminar, não implica diretamente em acusação jurídica, mas certamente poderá ser usado pela PGR em uma futura, e próxima, acusação formal ao Presidente Temer e seus aliados. Naturalmente, Temer e o Planalto negam suas atuações, e respondem de forma veemente contra as acusações deste relatório da PF. As acusações podem ser lidas aqui: http://www1.folha.uol.com.br/poder/2017/09/1917648-temer-autorizou-repasses-de-caixa-2-a-chalita-por-telefone-diz-funaro.shtml e aqui, por exemplo, http://g1.globo.com/politica/noticia/pf-ve-indicios-de-organizacao-criminosa-em-investigacao-sobre-pmdb-da-camara.ghtml.

Acredito que este seja mais um ruído pontual. Não vejo motivos para este assunto, em separado, afetar a dinâmica dos ativos locais. Contudo, olhando em um pano de fundo global de abertura de taxas de juros, após uma rápida e acentuada apreciação dos ativos do Brasil, não podemos descartar realizações pontuais de lucros, ou acomodações, dos ativos brasileiros no curto-prazo. Ainda me parece muito cedo e precoce falar em mudança de tendência. Por ora, tratarei as “realizações de lucros” como pontuais e como oportunidade de elevar as alocações nos ativos do Brasil. 




Data: 12/09/2017

From Goldilocks to Reflation?

A despeito da ausência de novidades relevantes no cenário, os ativos de risco operaram em um tom mais clássico de “risk-on”. Desta vez, contudo, as correlações do mercado se mostraram mais claras, com as bolsas em alta, o dólar em alta contra as moedas de G10, e uma abertura de taxa das Treasuries. Na semana passada havia comentado sobre a dicotomia existente entre a dinâmica do dólar e das Treasuries em detrimento as bolsas do país. Hoje, os movimentos me pareceram mais óbvios.

De agora em diante, estarei observando em que medida o cenário Goldilocks poderá se transformar em um cenário de Reflation. Os dados mais elevados de inflação de agosto na China, divulgados nesta madrugada, podem ser vistos como precursores destes movimentos. Neste último, os movimentos são liderados pela abertura de taxa de juros nos países desenvolvidos, o que acaba gerando alguma pressão, mesmo que pontual, sobre ativos mais dependentes de juros baixos, como é o caso dos ativos emergentes e do Brasil. Neste processo, as bolsas e as commodities tendem a liderar os movimentos de apreciação, em detrimento aos demais ativos. O dólar pode acabar se valorizando, especialmente em nos atuais níveis com a atual posição técnica.

Acredito, contudo, que estes movimentos só irão ocorrer de maneira mais tendenciosa caso o Core CPI dos EUA mostra um claro movimento altista, acima das expectativas do mercado. Caso contrário, deveremos voltar as tendências que vigoraram até aqui, com dólar em queda, juros baixos e apreciação dos ativos emergentes. Vale ressaltar que ainda não vejo motivos evidentes de mudanças de tendências, mas movimentos pontuais de ajuste. Repito, o Core CPI será determinante nesta trajetória.

Como o Brasil não é uma ilha isolada do mundo, os movimentos globais deverão afetar a dinâmica local, como foi o caso hoje, com o dólar em alta, os juros mais pressionados porém com o Ibovespa atingindo novos picos recentes.




Data: 11/09/2017

Sem novidades relevantes. Atenção à dinâmica dos ativos de risco.

Na sexta-feira, a agenda econômica foi esvaziada. Assim, o destaque ficou por conta, apenas, para a dinâmica dos ativos de risco. Chamou a atenção a realização de lucros, e reversão (até o momento pontual) da trajetória de alguns ativos. Ainda me parece cedo para afirmar que estamos diante de uma reversão de tendência ou de uma realização de lucros mais acentuada, mas vale manter uma atenção sobre estes pontos.

Por ora, não vejo mudanças de fundamentos que justifiquem movimentos de reversão maiores, mas os níveis de preço e os movimentos, em muitos casos acentuados, dos últimos meses, podem ter deixado a posição técnica momentaneamente prejudica e favorecer movimentos de acomodação.

Dois exemplos podem ser citados aqui. Primeiro, a forte queda do Cobre, que caiu mais de 3% na sexta-feira. Segundo, a reversão da tendência de apreciação do CNH, moeda da China, após o pais anunciar um corte de 20% para 0% nos Reveserve Requirements sobre operações de FX Fowards.

A agenda econômica nos EUA ganhará importância ao longo da semana, com os dados de inflação como PPI e CPI em foco.

No Brasil, o fluxo de notícias segue sem novidades relevantes, o que favorece o Governo e o status-quo. De novidade relevante para os mercados, apenas declarações de Meirelles de que irão retomar as tratativas para a Reforma da Previdência. O Governo tem a intensão de colocar o tema para votação ainda em outubro.

O cenário econômico permanece inalterado e positivo. O crescimento mostra sinais mais consistentes de recuperação, impulsionado pelo consumo. O mercado de trabalho apresenta dinâmica positiva. A inflação está baixa e continua surpreendendo o mercado e o BCB. Este pano de fundo permite que o processo de queda da Taxa Selic continue. As contas externas estão saudáveis. O cenário fiscal demanda cautela, mas há a expectativa de continuidade do processo de reformas.

 




Data: 11/09/2017

"Risk-On". Furacões em Foco. Inflação na agenda Americana.

Os ativos de risco estão abrindo a semana em tom positivo, com claro viés de “risk-on”. A ausência de desenvolvimentos relevantes no campo geopolítico, aliado a um pano de fundo econômico positivo, está dando suporte aos ativos de risco nesta manhã.

Ontem, comentei sobre este tema aqui: https://mercadosglobais.blogspot.com.br/2017/09/sem-novidades-relevantes-atencao.html. Na semana passada, já havia escrito sobre o pano de fundo global no link a seguir: https://mercadosglobais.blogspot.com.br/2017/09/goldilocks-are-back.html.

A agenda do dia será relativamente esvaziada, mas ao longo da semana o destaque ficará por conta dos dados de inflação nos EUA e para as Notas do Copom no Brasil. Com os dados de atividade econômicas globais saudáveis, um mercado de trabalho em franca recuperação nas principais economias do mundo, a inflação baixa no mundo parece o último “conundrum” do cenário.

Em relação aos Furacões que atingiram os EUA nas últimas semanas, são sem dúvida alguma uma enorme tragédia humanitária. Em termos econômicos, os Furacões devem afetar negativamente a atividade no curto-prazo e provavelmente elevar a inflação. No médio e longo-prazos, contudo, os esforços de reconstrução deverão dar sustentação a atividade econômica e ao crescimento. Possivelmente, os esforços de reconstrução das áreas atingidas podem ajudar o Congresso a chegar a chegar a algum consenso do ponto de vista fiscal, liberando recursos e tornando a agenda política mais fluida.

Sobre a relação entre furacões e mercados, a Goldman Sachs escreveu hoje:

We see several potential implications for markets, most of which are modest. Our Commodities strategists expect the overall impact of both hurricanes to be net bearish for oil in the short term. Similarly, companies in sectors that are directly exposed to the regional damage will see some impact on short-term earnings, but the magnitude of the current impact should be modest in the longer term.

The broader macro market impact should be even more modest, as rational markets should 'see through' the anticipated short-term weakness in economic data. However, looking at the historical patterns around natural disasters suggests this may not always occur immediately. Fed officials should have less trouble 'de-noising' the data, although hurricane-related distortions may require slightly more discretion on the margin when interpreting data signals.




Data: 08/09/2017

Copom, Política Brasil e ECB.

 

Mercados – O dia foi marcado pela pressão baixista no dólar ao redor do mundo, ajudado por mais uma rodada de pressão nos yields das Treasuries. As commodities se favoreceram deste ambiente, enquanto as bolsas apresentaram leve apreciação.

 

Não vejo uma explicação boa para está pressão continua nos yields das Treasuries, em meio a um cenário de crescimento robusto e de economia saudável, a despeito da fraqueza da inflação, que aparenta ser uma questão global. Fico com uma certa “pulga atrás da orelha” quando vejo um movimento de forte pressão sobre as taxas de juros, fraqueza da moeda e alta dos metais preciosos. Me impressiona, neste ambiente, a ausência de pressão sobre as bolsas dos EUA. Acredito que, em algum momento, estes ativos precisarão encontrar um equilíbrio melhor, seja com as bolsas apresentando alguma correção, ou com os demais ativos (yields e dólar) apresentando algum ajuste a um cenário ainda em grande parte favorável de crescimento. 

 

Vimos mais um dia positivo para os ativos emergentes, com os ETFs e as ADRs de Brasil com desempenho positivo. Continuo vendo espaço para a rotação das bolsas desenvolvidas para as bolsas emergentes, e o Brasil como um importante favorecido deste processo. 

 

Brasil – Copom: O BCB anunciou um corte de 100bps na Taxa Selic, como era amplamente esperado. O comunicado após a decisão sinalizou para um processo gradual de queda da Taxa Selic de agora em diante, já que estamos em um estágio avançado deste ciclo de queda de juros. Mantidas as condições atuais, o cenário base parece ser de cortes de 75bps e 50bps nas próximas duas reuniões do Copom, com a possibilidade de algum corte adicional de 25bps após isso. 

 

Neste ambiente, acredito que a parte curta da curva de juros ficará bem ancorada, mas já não apresenta um risco/retorno favorável para ganhos de capital. A partir de agora, deveremos ver um movimento mais claro de flattening da curva. Vejo duas oportunidades aqui. Uma, a retirada dos prêmios excessivos de alta de juros a partir de 2018, com a manutenção de uma Taxa Selic mais baixa por um tempo mais prolongado. Isso favoreceria a parte intermediária da curva. Acredito que este será um processo gradual. Ao mesmo tempo,vejo espaço para a redução dos prêmios de risco da parte mais longa da curva, em meio um cenário cíclico mais positivo, o avanço de importantes reformas estruturante, e um cenário político cujos os riscos de cauda tem sido reduzidos. A NTNB 2050, por exemplo, parece ter “ficado para trás” em termos de desempenho se comparada vis-à-vis o movimento recente dos juros curtos, do Ibovespa e do próprio BRL. 

 

Brasil – Político: Em depoimento ao juiz Sergio Moro, Antonio Palocci, ex Ministro da Fazenda, acusado pelo MPF e atualmente preso, confessou que teria agido de maneira não republicana em diversos episódios que, supostamente, envolveria o ex presidente Lula e demais membros do PT. O depoimento de Palocci deve ser visto como mais um enorme obstáculo para o PT e deveria enfraquecer ainda mais o partido e as pretensões políticas do ex Presidente Lula. Este cenário costuma ser visto como positivo pelos mercados financeiros locais. 

 

O cenário político mostra redução dos riscos de cauda, com os últimos eventos envolvendo os delatores da JBS e, agora, novas acusações sobre Lula, de um membro de seu circulo íntimo. Com um cenário externo construtivo, uma recuperação cíclica da economia, o ambiente se mostra bastante propício para a apreciação dos ativos locais. A aproximação do fim do ciclo de corte da Taxa Selic deverá favorecer o Ibovespa, o BRL e parte mais longa curva de juros em detrimento às posições em juros mais curtos e NTNBs, que vinham sendo a maior alocação a risco do mercado até recentemente. 

 

Europa – O ECB manteve sua política monetária inalterada. Draghi sinalizou que o processo de revisão do QE está em curso, mas uma decisão definitiva deverá ser tomada em outubro. A despeito dos comentários sobre a apreciação recente do EUR, o ECB não colocou um peso grande sobre isso, o que favoreceu mais uma rodada de alta da moeda.  




Data: 06/09/2017

Brasil: Inflação Benigna, Cenário Positivo.

 

A quarta-feira foi marcada por uma estabilização do humor global a risco e pela continuidade do movimento de rotação de alocações dos países desenvolvidos para os países emergentes. Os ativos do Brasil têm sido os mais favorecidos por este movimento. 

 

Nos EUA, o Congresso autorizou a liberação de recursos para auxílio aos estragos causado pelo desastre natural do Furacão Harvey, no estado do Texas. Além disso, cresceram as chances de um acordo político que não paralise o país, e que dê condições de manter os pagamentos das obrigações do governo, o que estava em xeque devido as negociações políticas recentes. Estes eventos, aliados a ausência de novidades relevantes no tocante a Coréia Norte, e dados que confirmam um crescimento saudável do país, com o ISM Non-Manufacturing em níveis robustos de 55,3 pontos, deram sustentação aos ativos de risco como um todo. 

 

No Brasil, além do fluxo de notícias mais positivo, comentado esta manhã aqui, https://mercadosglobais.blogspot.com.br/2017/09/brasil-fluxo-de-noticias-positivas.html, o IPCA de agosto ficou abaixo das expectativas do mercado, com alta de 0,19% MoM e 2,46% YoY, contra expectativas de 0,30% MoM e 2,58% YoY.

 

O qualitativo do indicador continua mostrando um quadro extremamente benigno para a inflação corrente e para a inflação prospectiva. O número deu ímpeto as expectativas do mercado em torno de um ciclo de queda da Taxa Selic ainda mais intenso e a manutenção de uma taxa de juros mais baixa por um período mais prolongado de tempo. Continuo vendo espaço para o fechamento das taxas de juros no país, já que a parte intermediária da curva de juros nominais precifica um ciclo de alta de juros a partir de 2018 que não vejo como factível. Diante dos eventos recentes, vejo espaço para a parte longa da curva de juros apresentar um “catch-up” em relação as demais classes de ativos. 




Data: 06/09/2017

Brasil: Fluxo de notícias positivas. Copom em foco.

 

Os ativos de risco estão operando próximos a estabilidade nesta manhã. Ontem, o destaque ficou por conta da pressão sobre os ativos dos EUA, com o dólar, as bolsas e os yields dos país operando em queda. Não há um vetor específicos que explique estes movimentos, mais um conjunto de vetores menores, menos importantes mas que, em conjunto, ajudaram estes movimentos. São eles: os riscos provenientes da Coréia do Norte, a onde de furacões de categorias mais elevadas e potencial destruidor grande, um efeito retardado aos dados mais fracos de emprego divulgados na sexta-feira, entre outros.

Continuo optando por um portfólio relativamente neutro no direcional a risco. Vejo espaço para movimentos de diferenciação. Como tenho comentado neste fórum, vejo espaço para a continuidade de rotação de ativos vistos como com valuations e posição técnica menos atrativos neste momento, em prol de ativos cujo valuation parece mais atraente e a posição técnica idem. Este é o caso, por exemplo, da migração das bolsas dos países desenvolvidos para as bolsas e os ativos emergentes em geral. Dados os riscos geopolíticos e os níveis de volatilidade implícita, gosto de buscar hedges em alguns índices de bolsa dos países desenvolvidos, ou executar as posições “compradas” através de estruturas de opção. As vols implícitas do Ibovespa, por exemplo, se mostram historicamente em níveis extremamente baixos, deixando o risco/retorna da operação comprada via opções bastante atrativa.

No Brasil, o fluxo de notícias deve ser lido como mais positivo. O Senado aprovou ontem a TLP e a revisão da meta fiscal. A mídia está reportando hoje que o BNDES pode devolver cerca de R$130bi ao Tesouro, em operação semelhante à ocorrida recentemente. No campo político, as novas revelações do “Caso JBS” enfraqueceram as denúncias da PGR sobre o núcleo central do Governo. Ainda é esperada uma nova denúncia contra o Presidente Michel Temer, em muito baseada na delação premiada, homologada ontem, segundo a mídia, de Lúcio Funaro. Contudo, é inegável que o Governo saiu fortalecido dos últimos eventos. Na noite de ontem, a mesma PGR denunciou o PT e seus principais integrantes, entre eles os ex Presidentes Lula e Dilma, em conexões com os esquemas de desvio de recursos da Petrobrás.

Hoje à noite teremos a reunião do Copom. O mercado espera um corte de 100bps na Taxa Selic, para 8,25%. O foco deverá ficar por conta do comunicado que o BCB irá divulgar e o tom que pretende adotar. O mercado está dividido entre expectativas de que o BCB tenha grau de liberdade, e não indique claramente os seus próximos passos, e outra parte do mercado que já espera uma indicação de desaceleração do ritmo de corte da Taxa Selic, baseado nos modelos de previsão de inflação do BCB, o nível da taxa atual de juros e o ciclo de corte já realizado. Acredito que haja espaço para que a Taxa Selic atinja níveis próximos, ou pouco abaixo de 7%. O comunicado do BCB irá, em muito, depender de como o BCB pretende encerrar este ciclo de corte de juros,ou com a chamada “escadinha”, reduzindo o ritmo de cortes até encerra-lo, ou continuar em um ritmo mais “agressivo” de 100bps, e encerrar o ciclo de cortes de maneira abrupta. Acredito que isso será bem comunicado, mas tenho pouca vantagem comparativa em tentar antecipar este processo. Continuo vendo espaço para o fechamento das taxas de juros no país, já que a parte intermediária da curva de juros nominais precifica um ciclo de alta de juros a partir de 2018 que não vejo como factível. 




Data: 05/09/2017

Estabilização do humor global a risco. No Brasil, governo se fortalece.

 

Os ativos de risco estão apresentando recuperação em relação ao leve “risk-off” verificado ontem. A ausência de uma reação mais enérgica e beligerante do Ocidente em relação aos últimos eventos na Península da Coréia é um vetor de sustentação dos ativos de risco esta manhã. Vale lembrar que na semana passada tivemos a confirmaço de um cenário econômico global positivo. Os eventos geopolíticos na Ásia são os únicos pontos de preocupação/ruído no curto-prazo. Assim, a ausência de reações mais negativas em resposta aos testes balísticos militares por parte da Coréia do Norte acaba gerando um cenário menos negativo para os ativos de risco.

Comentei sobre o cenário econômico global aqui, https://mercadosglobais.blogspot.com.br/2017/08/the-world-is-fine-thanks.html e aqui, https://mercadosglobais.blogspot.com.br/2017/09/goldilocks-are-back.html.

Sobre a Coréia do Norte, reforço que: Raramente situações como essa chegam ao ponto beligerante. Na maior parte das vezes, situações como essa chegam a um equilíbrio na base da diplomacia. Contudo, não estamos em tempos normais. Os líderes de EUA e Coreia do Norte são de difícil leitura. Acredito que ninguém tenha vantagem comparativa em prever este tipo de evento/situação. A sinalização de Trump, entretanto, coloca o mercado em alerta. Qualquer resposta verbal, ou novo teste balístico por parte da Coreia do Norte, poderá levar a uma reação desproporcional nos ativos de risco, especialmente nos atuais níveis de preço.

Continuo vendo um cenário econômico global relativamente positivo, e espaço para uma tendência de leve apreciação dos ativos de risco. Em especial, vejo espaço para a continuidade de rotação de ativos vistos como com valuations e posição técnica menos atrativos neste momento, em prol de ativos cujo valuation parece mais atraente e a posição técnica idem. Este é o caso, por exemplo, da migração das bolsas dos países desenvolvidos para as bolsas e os ativos emergentes em geral. Dados os riscos geopolíticos e os níveis de volatilidade implícita, gosto de buscar hedges em alguns índices de bolsa dos países desenvolvidos, ou executar as posições “compradas” através de estruturas de opção. As vols implícitas do Ibovespa, por exemplo, se mostram historicamente em níveis extremamente baixos, deixando o risco/retorna da operação bastante atrativa.

No Brasil, no final da tarde de ontem, o Procurador Geral da República anunciou que membros do Grupo da J&F, cujos acordos de delação premiada já foram homologados, e são de conhecimento público, entregaram a PGR novas gravações que não haviam sido disponibilizadas anteriormente. Segundo a PGR, as gravações trazem conversas gravíssimas, que colocam em dúvida a atuação e a postura de membros da própria PGR e do Judiciário como um todo, em todas as instancias. Segundo o Procurador Geral, já foi aberto uma investigação que pode vir a cassar os direitos concedidos aos delatores por terem omitido uma parte vista como relevante em suas delações premiadas.

O efeito prático deste evento é enfraquecer a delação do Grupo J&F e, consequentemente, enfraquecer todas as denuncias cuja base eram essas delações, mesmo que a PGR diga que as provas ainda são válidas. Neste caso, a situação do Presidente Michel Temer e de parte do seu núcleo político obtém uma vitória bastante importante politicamente. Uma eventual segunda denuncia já chegaria ao Congresso desgastada e enfraquecida. O evento de ontem deve ser lido pelo mercado como positivo por favorecer a continuidade do cenário político atual, reduzindo “riscos de cauda” de eventuais novas denuncias no curto-prazo.

Além disso, a mídia está reportando que Marcelo Odebrecht, em depoimento ao juiz Sergio Moro, confirmou que operava uma “conta propina” para membros dos governos do PT nos últimos 12 anos. Segundo a mídia, os depoimentos incriminariam os governos de Lula e Dilma. Sem tentar fazer juízo do caso, mas apenas em uma tentativa de entender a resposta do mercado a este evento, tendo a acreditar que o mercado irá ler este tipo de depoimento como elevando a probabilidade de uma nova condenação de Lula. Consequentemente, isso enfraqueceria o ex presidente em sua corrida presidencial de 2018. Assim, tende a ser lido como positivo pelos mercados financeiros locais.




Data: 04/09/2017

Coréia do Norte: Oops, I Did it Again...

 

O destaque do final de semana ficou por conta da constatação e mais um teste balístico militar por parte da Coréia do Norte. Desta vez, contudo, o teste foi classificado como “bem sucedido”. Os lançamentos teriam testado artefatos nucleares, ou uma possível bomba de hidrogênio, que teria causado um terremoto de cerca de 6,3-6,4 graus na mesma região que outros testes nucleares teriam sido conduzidos no passado. O teste deste domingo foi classificado como o mais poderoso realizado pela Coréia do Norte até o presente momento e seria mais uma confirmação dos imensos avanços atingidos pelo país em seu programa nuclear. 

 

A comunidade internacional foi rápida em condenar os testes. O Conselho de Segurança da ONU foi convocado para um reunião nesta segunda-feira. Por ora, a comunidade internacional ainda busca uma saída diplomática para a situação e os EUA é o único país que fala abertamente em uma possível solução militar para o caso. 

 

Reforço aqui o que tenho escrito neste fórum nas últimas semanas: O lançamento dos mísseis ocorre após uma semana de recuo na retórica entre a Coréia do Norte e os EUA. O evento deve ser visto como uma clara provocação da Coreia do Norte após as últimas declarações de Trump. Agora, ficamos diante de uma situação bastante incerta e delicada. Caso não reaja militarmente, e insista em ações preventivas por meios econômicos e diplomáticos, Trump irá começar a perder credibilidade. Assim, crescem as chances da Coreia do Norte insistir em seu programa nuclear e em suas provocações militares aos seus vizinhos mais alinhados com o ocidente. Caso Trump decida reagir de forma mais agressiva, militarmente, poderemos entrar em um ambiente muito mais hostil e incerto. 

 

Os ativos de risco tem mostrado uma capacidade bastante firme em ignorar este tipo de ruído. Acredito que poderemos ter uma reação negativa de curto-prazo, mas uma mudança de trajetória dos mercados só ocorrerá caso um conflito militar mais abrangente seja concretizado. Caso contrário, qualquer realização de curto-prazo será vista como oportunidade de novas alocações em ativos de risco. 

 

Acredito, contudo, que o mercado embute um risco excessivamente baixo de ocorrência de um evento como esses, dado a magnitude dos movimentos caso eles ocorram. Assim, me parece relativamente barato estruturar hedges nesta direção. As bolsas globais estão no highs recentes (e em alguns casos históricos), as volatilidades implícitas voltaram para níveis historicamente baixos e etc. Reforço aqui que o cenário base ainda é construtivo para a economia global. A probabilidade de ocorrência de um evento negativo no mundo se elevou, mas ainda é baixa, contudo os níveis de preço tornam a estruturação de hedges uma maneira barata de proteger os portfólios. 

 

Um último comentário sobre este tema: Raramente situações como essa chegam ao ponto beligerante. Na maior parte das vezes, situações como essa chegam a um equilíbrio na base da diplomacia. Contudo, não estamos em tempos normais. Os líderes de EUA e Coreia do Norte são de difícil leitura. Acredito que ninguém tenha vantagem comparativa em prever este tipo de evento/situação. A sinalização de Trump, entretanto, coloca o mercado em alerta. Qualquer resposta verbal, ou novo teste balístico por parte da Coreia do Norte, poderá levar a uma reação desproporcional nos ativos de risco, especialmente nos atuais níveis de preço. 

 

No Brasil, ao contrário do que se temia, a fluxo de notícias foi relativamente esvaziado. Não houve “fato novo” no âmbito político. Pelo menos por ora, não há informações novas concretas em torno de novas delações premiadas, ou em relação a eventual nova denuncia contra o Presidente Michel Temer, que venha a alterar o quadro político local de maneira derradeira.




Data: 01/09/2017

Goldilocks are back!

 

A sexta-feira foi marcada por duas divulgações relevantes.

Brasil – O PIB do 2Q apresentou alta de 0,2% QoQ, dentro das expectativas do mercado. Parte relevante da alta moderada do PIB foi explicada pelo Consumo, o que já vinha sendo observado nos números econômicos mensais. Os investimentos ainda se mostram tímidos, mas a recuperação do PIB mostra uma certa disseminação mais abrangente entre os setores, mesmo que ainda tímida.

O número de hoje confirma as expectativas do mercado de uma recuperação da economia e do crescimento de agora em diante, o que em nada altera a dinâmica dos mercados locais. O número não deveria mudar a política monetária de curto-prazo e nem mesmo o otimismo de alguns players na recuperação mais robusta do crescimento.

EUA – Os dados de emprego de agosto ficaram abaixo das expectativas do mercado, com uma criação de emprego mais baixa do que o esperado, uma taxa de desemprego mais elevada, e sem sinais consistentes de pressões salariais. A despeito da fraqueza do indicador, o mês de agosto é visto como um mês de difícil mensuração devido a questões sazonais. 

O número em nada altera a visão de uma economia saudável, um mercado de trabalho robusto mas sem necessidades de um processo de normalização monetária mais rápido do que aquele que vem sendo sinalizado pelo Fed. Tampouco altera as expectativas para a redução do balanço do Fed, cujo mercado espera que seja anunciado na reunião do FOMC de setembro. A continuidade do processo de alta de juros, contudo, continua dependente de dados de inflação mais firmes nos próximos meses.

Mercados – Após um período de consolidação, os ativos de risco aparentem estar voltando para suas tendências que foram regra ao longo de todo este ano. O pano de fundo continua construtivo para os ativos de risco em geral. Salvo mudanças substanciais de cenário e/ou riscos expecíficos (Coréia do Norte, por exemplo) parece que os mercados financeiros globais poderão retomar suas tendências que vinham sendo regra a até poucas semanas atrás (De maneira geral, uma apreciação moderada dos ativos de risco, com algumas diferenciações por questões de posicionamento e valuations. Em grande exemplo disso fica por conta da rotação de bolsas dos países desenvolvidos para alguns mercados emergentes, como o Brasil).

No Brasil, o Copom será o destaque da semana que vem. O mercado já trabalha com uma queda de 100bps na Taxa Selic. A comunicação que será apresentada pelo Comitê será fundamental para o movimento de curto-prazo da curva de juros e do seu “shape” de agora em diante. Ainda vejo espaço para o fechamento das taxas de juros, acredito que a Selic poderá testar níveis abaixo de 7%. A curva está excessivamente inclinada, mas espero que está inclinação só se reduza com o passar do tempo, conforme o mercado for se tornando mais confortável com um cenário de juros mais baixos por mais tempo.

Um risco que precisará ser monitorado, mas hoje é apenas um risco de baixa probabilidade, fica por conta do vazamento de novas informações de delações premiadas e eventuais novas acusações sobre integrantes do atual Governo e da base aliada. Nas últimas semanas, o mercado tem se mostrado confortável com a situação política, dando mais importância a situação cíclica positiva da economia. A postura do mercado deverá seguir assim, exceto por alguma alteração muito maior do cenário.




Data: 01/09/2017

No News is Good News...

 

Os ativos de risco apresentaram uma dinâmica bastante estranha na quinta-feira, o que pode ser explicado por fluxos pontuais de final de mês e de trimestre. Irei evitar fazer uma leitura desta dinâmica para não incorrer em interpretações erradas. O destaque do dia ficará por conta dos dados de emprego de agosto nos EUA. A minha impressão é que apenas números muito fora do consenso de mercado serão capazes de alterar de maneira fundamental a dinâmica dos ativos de risco.

 

Continuo vendo uma economia global saudável, sem riscos aparentes de inflação e com bancos centrais que irão normalizar suas políticas monetárias de maneira apenas gradual. Isso tende a favorecer os ativos de risco de maneira geral. O nível de preço e a posição técnica, contudo, aliados a alguns riscos de curto-prazo (como a situação na Coréia do Norte) estão favorecendo este movimento de consolidação. Comentei um pouco mais a fundo sobre estes tema aqui: https://mercadosglobais.blogspot.com.br/2017/08/consolidacao-continua.html. 

 

O fluxo de notícias para Brasil também continua esvaziada. A despeito do tom alarmista da mídia, a agenda do Congresso avança na direção das reformas e das medidas essenciais para o governo. Uma nova rodada de delações premiadas está sendo apresentada ao STF pela PGR, e novas denuncias contra o Presidente Michel Temer e seu núcleo político deverá ocorrer nos próximos dias. 

 

No campo econômico, os dados de emprego divulgados ontem mostram uma promissora e positiva recuperação do emprego e da renda disponível,  o que já tem mostrado impactos positivos sobre o crescimento da economia. A inflação corrente está baixa. Os dados recentes levaram a uma nova onda de revisões positivas para a inflação deste e do próximo ano. Este ambiente tem ajudado a manter as expectativas de continuidade do ciclo de corte da taxa Selic. 




Data: 31/08/2017

The World is Fine, Thanks!

 

A economia global continua mostrando sinais positivos de que o crescimento permanece saudável e estável, o que está ajudando na estabilização das bolsas globais. Na noite de hoje, foi a vez do PMI Manufacturing da China apontar nesta direção, com uma alta de 51,4 para 51,7 pontos, acima das expectativas do mercado. Na Austrália, vimos dados de crédito e capex que também apresentaram tendências positivas nas divulgações ocorridas esta noite.

 

Na tarde de ontem já comentei a respeito do cenário para os ativos de risco. Para não soar repetitivo, minha visão pode ser encontrada aqui: https://mercadosglobais.blogspot.com.br/2017/08/consolidacao-continua.html. 

 

No Brasil, o governo encontra alguma resistência para a andamento da agenda do congresso, com a votação da TLP e das novas metas fiscais sendo constantemente atrasadas/adiadas. Não acredito que o mercado irá reagir a este noticiário. A despeito dos atrasos, a agenda do congresso tem caminhado na direção mínima necessária para manter o cenário cíclico positivo do país. 

 

Um artigo do Valor Econômico afirma que existe algum desconforto do BCB com a inclinação da curva de juros. O título do artigo aparenta ter mais informações oficiais do que o texto em si. Não há nenhuma cotação literal (nem em “on” nem em “off”) de membros do BCB, mas apenas a constatação de uma curva de juros ainda bastante inclinada: 

 

Risco de Selic a dois dígitos preocupa BC

Por Lucinda Pinto e José de Castro

 

No momento em que o mercado está ajustando suas apostas em uma Selic perto de 7%, o Banco Central tem demonstrado alguma preocupação com as expectativas para a taxa de juros em um horizonte mais longo. Nos encontros privados com representantes do mercado, um tema recorrente tem sido o comportamento das projeções dos contratos futuros de juros, que já apontam uma taxa de dois dígitos a partir de julho de 2019, a despeito do consenso entre os agentes de que a inflação deve permanecer sob controle. 

 

A resposta que o Banco Central tem recebido desses profissionais é que a confiança no cenário de juros baixos depende da evolução das reformas. E essa variável só estará definida após a eleição de 2018. "Hoje, o mercado vê uma queda forte de juros por razões conjunturais, mas não está seguro de que a queda é estrutural", define o economista-chefe da Garde Investimentos, Daniel Weeks. "Se a agenda de reformas não avança, o juro neutro é mais alto e a Selic tem que subir mais no futuro."  

 



Data: 31/08/2017

Consolidação continua.

 

Nas últimas semanas, venho insistindo na tese de que estamos no meio de um processo de consolidação/acomodação dos ativos de risco. A dinâmica dos mercados financeiros globais hoje apenas comprova esta teoria. Esta quarta-feira foi à vez de observamos uma consolidação do USD, com destaque para a queda do EUR após ter falhado no rompimento do 1,20; uma pressão sobre algumas commodities e, consequentemente, dos ativos mais dependentes de commodities. A mesma afirmação pode ser feita sobre as bolsas dos países desenvolvidos nas últimas semanas, assim como para o BRL, por exemplo. 

 

Vale ressaltar, contudo, que acomodação/consolidação não significa propriamente realizações de lucros mais rápidas e acentuadas e nem mesmo mudanças de tendências. 

 

Olhando para frente espero a continuidade destes movimentos de acomodação/consolidação no curto-prazo. Ademais, teremos duas alternativas. (1) O cenário econômico se mantém inalterado, os níveis de preço e posição técnica mostram alívio e as tendências que foram regra nos últimos meses são retomadas ou (2) Algum fato novo ou os dados econômicos apontem para uma mudança de cenário. 

 

O que estarei observando nos próximos dias para ter uma resposta de que caminho os ativos de risco seguirão: Dados econômicos como Core CPE e Payroll nos EUA, dados de crescimento na China, situação geopolítica na Coréia do Norte e situação de política interna nos EUA. Se nenhum desses eventos gerar uma mudança substancial de cenário, poderemos ver a retomada das tendências que vigoraram ao longo de todo este início de ano. Caso o cenário mostre alguma mudança, deveremos rever o cenário e as recomendações de alocação. 

 

O Brasil se insere neste panorama global, mas adicionaria a comunicação do BCB na reunião do Copom da próxima semana, assim como a reação da classe política e dos mercados locais a eventual nova denúncia contra Michel Temer, cuja mídia está afirmando que será baseada na delação premiada de Lúcio Funaro e que poderá ser anunciada até semana que vem. 

 

Continuo focado em um portfólio relativamente neutro no direcional a risco. Gosto de posições aplicadas na parte curta da curva local de juros, majoritariamente via estruturas de opção. A assimetria me parece boa. Também vejo valor na parte intermediária da curva nominal de juros. Venho trabalhando com alguns hedges via calls/spreads de USDBRL. Vejo casos específicos de valor na bolsa local. No cenário externo, continuo vendo espaço par abertura de taxa de juros em alguns países de g10, com hedge em estruturas de opção de bolsa. Gosto da venda do AUD no nível de 0,79-0,80, mas com visão tática e stops mais estreitos. 

 

No cenário econômico, não vejo alterações substanciais de panorama. Os dados de EUA continuam forte, como vimos hoje o ADP Employment com uma criação robusta de vagas de trabalho em agosto, e a revisão do PIB do 2Q para um crescimento saudável de 3% anualizado. No Brasil, vemos um cenário extremamente benigno de inflação corrente, e uma retomada gradual dos indicadores de confiança da inudtsria, comercio, consumidores e afins.




Data: 29/08/2017

Update.

 

Os ativos de risco foram capazes de apresentar recuperação ao longo do dia, após os novos lançamentos balísticos da Coréia do Norte no início da noite de ontem. Favoreceram o movimento de estabilização dos mercados financeiros globais o que foi lido pelo mercado como uma resposta moderada por parte de Trump e Cia, além da divulgação de dados econômicos que reforçaram a visão de uma economia global saudável.

Continuo com a visão de que estamos em meio a um processo de acomodação dos mercados financeiros globais. Vejo riscos que poderiam levar a uma realização de lucros mais rápida e acentuada dos mercados, mas a dinâmica mostra que apenas a concretização desses riscos, e não apenas o aumento da probabilidade de ocorrência, serão capazes de levar os ativos de risco a movimentos mais agressivos de depreciação.

Continuo vendo poucas tendências claras de mercado e optando por posições mais neutras no direcional a risco, e focada em temas específicos.

Dois ativos merecem destaque. Primeiro, o EUR aparentemente falhou tecnicamente o rompimento da barreira de 1,20, o que está trazendo alguma realização na moeda. Segundo, continuamos a ver uma dinâmica extremamente robusta do Ibovespa. As evidências anedóticas apontam para uma demanda bastante grande por esta classe de ativos, o que tem impedido realizações mais acentuadas. Aparentemente, precisaremos de uma mudança muito brusca de cenário para frear este movimento de apreciação da bolsa local.

No Brasil, a agenda legislativa está intensa, com uma série de medidas de interesse do governo na pauta de votação dos próximos dias. A mídia continua criando ruídos em torno do cenário político, mas de fato não há informações novas que venham a alterar o quadro cíclico da economia. O déficit fiscal primário de julho ficou acima das expectativas, mas este tema ficou em segundo plano após as recentes revisões anunciadas pelo governo.

 



Data: 29/08/2017

Coréia do Norte lança novos mísseis e torna cenário incerto e perigoso.

 

Os ativos de risco operam, neste momento, sobre pressão, liderados por uma queda nas bolsas globais. O movimento teve início após a Coréia do Norte promover mais uma sequencia de lançamentos de mísseis balísticos. Alguns desses mísseis, segundo a mídia, sobrevoaram território japonês e teriam caído em águas do país. reforço o que escrevi neste fórum no domingo:

 

O lançamento dos mísseis ocorre após uma semana de recrudescimento da retórica entre a Coréia do Norte e os EUA. O evento deve ser visto como uma clara provocação da Coreia do Norte após as últimas declarações de Trump.

Agora, ficamos diante de uma situação bastante incerta e delicada. Caso não reaja militarmente, e insista em ações preventivas por meios econômicos e diplomáticos, Trump irá começar a perder credibilidade. Assim, crescem as chances da Coreia do Norte insistir em seu programa nuclear e em suas provocações militares aos seus vizinhos mais alinhados com o ocidente. Caso Trump decida reagir de forma mais agressiva, militarmente, poderemos entrar em um ambiente muito mais hostil e incerto.

Acredito que podemos estar no meio de uma correção um pouco mais acentuado dos ativos de risco, puxada pelas incertezas trazidas pelo cenário geopolítico, mas ajudada por preços menos atrativos e posições técnicas esticadas.

Confrontos geopolíticos/militares podem afetar o crescimento global através do aumento da incerteza que, consequentemente, afeta o cenário para o consumo e os investimentos. Os gasto militares aumentam, o que pode ser visto como um fator que tende a atenuar o efeito deletério sobre o crescimento. De qualquer maneira, o aumento da incerteza deveria gerar, pelo menos no curto-prazo, menos crescimento e mais volatilidade nos ativos de risco.

Os analistas soltaram relatórios sobre os impactos do furacão Harvey sobre a economia dos EUA. Com comentei no final de semana: Eventos naturais como esse tendem a ter impactos pontuais nos dados econômicos, pois irão distorcer momentaneamente parte das estatísticas econômicas da região. Para os mercados, o impacto maior deverá ficar por conta dos derivados de petróleo e das curvas futuras dos mesmos. Em termos econômicos, eventos como esse tendem a mostrar um crescimento de curto-prazo pior, mais fraco, mas uma retomada relativamente rápida nos meses subsequentes. Assim, não há mudança de cenário para o país.

Os economistas estão estimando um impacto de US$30bi na economia, ou cerca de 0,2% do PIB. Este efeito negativo seria totalmente revertido no trimestre subsequente.

No Brasil, a mídia está especulando sobre a eventual nova denuncia da PGR sobre o Presidente Michel Temer, que pode ser anunciada em breve (próxima semana). Além disso, o Governo retornou suas negociações em torno do Refis e da Reforma da Previdência, mas nada de fundamentalmente novo.




Data: 28/08/2017

Coréia do Norte & Furacão.

 

O final de semana trouxe apenas duas notícias, até o momento, no cenário externo, que merecem destaque.

 

Um enorme furacão atingiu a região do Texas nos EUA, e a cidade de Houston, a quarta maior do país. O furacão afetou uma parte relevante das operações de refino de petróleo da região (e todo o país), além de uma parcela menor das plataformas de extração de petróleo.

 

Eventos naturais como esse tendem a ter impactos pontuais nos dados econômicos, pois irão distorcer momentaneamente parte das estatísticas econômicas da região. Para os mercados, o impacto maior deverá ficar por conta dos derivados de petróleo e das curvas futuras dos mesmos. Em termos econômicos, eventos como esse tendem a mostrar um crescimento de curto-prazo pior, mais fraco, mas uma retomada relativamente rápida nos meses subsequentes. Assim, não há mudança de cenário para o país. 

 

Na noite de sexta-feira para sábado, no hemisfério norte ocidental, a mídia reportou que a Coreia do Norte promoveu o lançamento de 3 mísseis balísticos de curto alcance (leia-se, segundo a mídia, cerca de 250km) na região oceânica entre as Coreias e o Japão. 

 

O lançamento dos mísseis ocorre após uma semana de recrudescimento da retórica entre a Coréia do Norte e os EUA. O evento deve ser visto como uma clara provocação da Coreia do Norte após as últimas declarações de Trump. 

 

Agora, ficamos diante de uma situação bastante incerta e delicada. Caso não reaja militarmente, e insista em ações preventivas por meios econômicos e diplomáticos, Trump irá começar a perder credibilidade. Assim, crescem as chances da Coreia do Norte insistir em seu programa nuclear e em suas provocações militares aos seus vizinhos mais alinhados com o ocidente. Caso Trump decida reagir de forma mais agressiva, militarmente, poderemos entrar em um ambiente muito mais hostil e incerto. 

 

Não há noticias relevantes no Brasil. Seguimos em um cenário cíclico positivo, marcado por uma estabilização/recuperação do crescimento, uma inflação corrente e perspectiva baixa, a expectativa de continuidade do ciclo de queda da Taxa Selic e contas externas saudáveis. A situação fiscal ainda demanda cautela, mas o governo atua na direção que parece correta (a despeito das dúvidas se serão viáveis). Ainda existem riscos políticos. Os níveis de preços já são menos atrativos do que anteriormente, mas na ausência de ruptura, ainda deverá haver demanda pelos ativos locais. 

 

No cenário externo, o mundo continua crescendo a taxas saudáveis. A inflação continua baixa. Estes dois vetores permitem que os bancos centrais das principais economias do mundo sejam graduais no processo de normalização monetária. Isso tem ajudado a manter a condições financeiras bastante frouxas e positivas. De qualquer maneira, existem riscos que precisam ser monitorados, como a estabilidade financeira em alguns setores da economia e do mercado, uma possível aceleração da inflação no mundo desenvolvido, ou uma desaceleração mais acentuada de alguma economia relevante, como a China. Estes riscos, hoje, ainda apresentam probabilidades baixas, mas impactos relevantes caso ocorram. A posição técnica e os níveis de preço de algumas classes de ativos já começam a se mostrar como uma restrição a continuidade do processo de apreciação dos ativos de risco. 

 



Data: 25/08/2017

Update.

A sexta-feira foi de poucas novidades no cenário. Yellen e Draghi trouxeram poucas informações adicionais para a política monetária de curto-prazo. Comentei sobre a eventual reação dos mercados a este discursos aqui: https://mercadosglobais.blogspot.com.br/2017/08/yellen-draghi-em-foco.html. 

Os dados econômicos globais continuam mostrando um crescimento saudável do mundo, como observamos com a divulgação do IFO na Alemanha e no Durable Goods Orders.

A situação entre EUA e Coréia do Norte mostrou arrefecimento nos últimos dias, mas é um risco que precisamos aprender a conviver ao longo do tempo. A situação política interna dos EUA ainda é uma fonte de preocupação e, aliada a preços e posição técnica, parece estar ajudando no processo de consolidação das bolsas dos EUA, e impedindo a abertura das taxas de juros no país, mesmo em um ambiente de crescimento saudável e mercado de trabalho robusto.

O dia foi, exceto pelo movimento do BRL, de dólar fraco no mundo. O mercado estava claramente preocupado com uma possível sinalização por parte de Yellen. Na ausência de comentários em torno da política monetária dos EUA, o mercado pôde continuar sua dinâmica de enfraquecimento do dólar, fechamento de taxas de juros, bom desempenho das commodities e dos mercados emergentes em geral.

No Brasil, vimos um pouco de consolidação. Impressiona o movimento do BRL nos últimos dias, que ficou muito aquém de seus pares. Tudo indica que algum fluxo pontual esteja afetando a moeda local, ou a perspectiva de queda na taxa de juros começa a fazer um efeito mais deletério na moeda. Eu mantenho minha visão de que o BRL deverá se manter em um range em torno de 3,1-3,3 no horizonte de curto-prazo.

O mercado de juros foi o destaque da semana, com as perspectivas de inflação baixa e as sinalizações do BCB apontando para a continuidade de queda da Taxa Selic. A curva apresentou movimento de steepening hoje. As inflações implícitas se consolidaram nos atuais níveis. Ainda vejo espaço para o fechamento dos vértices curtos/intermediários. Vejo boas assimetrias em algumas estruturas de opção.

O Ibovespa fechou estável com movimentos relevantes entre setores e empresas. Vejo oportunidades específicas de investimentos, mas que fogem a este fórum. 




Data: 25/08/2017

Yellen & Draghi em Foco.

Os ativos de risco estão operando próximos a estabilidade neste momento, a espera dos discursos de Yellen, do Fed, e de Draghi, do ECB. O cenário base é para que ambos não tragam novidades relevantes para a política monetária de curto-prazo em suas falas. 

Já se espera que o Fed anuncie o início da redução do seu balanço na reunião do FOMC de setembro, e que o ECB faça o mesmo em setembro ou outubro. A probabilidade de uma nova alta de juros por parte do Fed, contudo, até o final deste ano, gira em torno de 30%-35%. Há apenas uma alta de 25bps precificada na curva do EUA até o final de 2018.

O discurso de Yellen será sobre estabilidade financeira, e todas as atenções estarão voltadas para sua visão em relação às condições financeiras correntes, vistas pelo mercado como bastante frouxas (por alguns como excessivamente frouxas), e qual a postura que os Bancos Centrais, e o Fed em especial, precisam tomar diante de um pano de fundo como este.

No curto-prazo, a situação política dos EUA parece estar sendo um obstáculo maior  para o bom desempenho dos ativos de risco do que o cenário para a política monetária. Venho afirmando, e mantenho minha visão, de que estamos no meio de um processo natural e saudável de consolidação dos ativos de risco e, mais especificamente, das bolsas dos EUA/Europa.

Caso Yellen e Draghi não tragam novidades capazes de dar ímpeto a uma rodada adicional de realização de lucros, desta vez puxada por uma abertura de taxa de juros, queda das bolsas e, consequentemente, pressão sobre os ativos EM e as commodities, poderemos ter alguma estabilização, ou até mesmo recuperação das bolsas dos EUA/Europa. O obstáculo principal,  em torno da política nos EUA, contudo, deverá evitar uma tendência mais sustentável no curto-prazo até que os impasses no país sejam devidamente administrados.

No Brasil, os ativos locais continuam reagindo ao avanço da agenda legislativa/econômica em meio a um pano de fundo cíclico positivo para a economia. Continuo vendo uma inflação baixa, uma leve recuperação do crescimento, perspectivas de juros mais baixos e contas externas saudáveis. O risco continua a ser na esfera política, agora com os rumores de uma nova acusação da PGR sobre o Presidente Michel Temer.  




Data: 24/08/2017

 Brasil: Reformas e Política.

 

Neste momento, os ativos de risco operam próximos a estabilidade, sem novidades relevantes. A agenda do dia terá apenas o Jobless Claims, nos EUA, como destaque. Minha visão do mercado pode ser encontrada no link a seguir, para não soar repetitivo: https://mercadosglobais.blogspot.com.br/.

No Brasil, a Reforma Política foi fatiada e avança na Câmara. A TLP deverá ir ao plenário ainda na manhã de hoje. Em suma, mesmo de maneira mais atabalhoada, a agenda legislativa caminha na direção correta.

Os jornais de hoje trazem algumas matérias que podem ter efeito relevante sobre as eleições de 2018. Segundo a Folha, um delator, de um suposto esquema de propina em obras do PSDB em São Paulo, teria afirmado que irá comprovar o pagamento de ilícitos em obras na região. A matéria pode ser encontrada aqui: http://www1.folha.uol.com.br/poder/2017/08/1912488-neo-delator-promete-extratos-de-propina-do-psdb.shtml. Se confirmada as acusações trazidas pela matéria, colocará o PSDB e seus membros no estados de São Paulo no meio das investigações, dificultando ainda mais a campanha a cargos eletivos, até mesmo para presidente da república, de alguns membros do partido.

Ainda na Folha, o jornal afirma que existe hoje um debate se João Doria, prefeito de São Paulo, poderia se filiar ao DEM para concorrer a presidência da república pelo partido: http://www1.folha.uol.com.br/colunas/monicabergamo/2017/08/1912441-dem-se-divide-sobre-entrada-de-doria-no-partido-para-disputar-presidencia.shtml.

O Valor econômico traz artigo sobre as reuniões de Carlos Vianna ontem, em São Paulo. De maneira geral, uma mensagem neutra. O BCB continua seu ciclo de queda da Taxa Selic. Com a inflação ainda baixa, um hiato do produto aberto e com uma recuperação apenas gradual do crescimento, ainda existe espaço para a continuidade do ciclo de queda da Taxa Selix. Segundo o jornal:

O Banco Central não se impõe compromisso de sinalizar o fim do atual ciclo de alívio monetário. A autoridade monetária pode julgar, a depender dos cenários, terminar o processo sem necessariamente desacelerar a magnitude dos cortes. Essa foi uma das mensagens dadas pelo diretor de Política Econômica do Banco Central, Carlos Viana, que se reuniu ontem com economistas na capital paulista. A fala de um diretor nessa ocasião é incomum, já que nesses encontros o BC apenas coleta informações e impressões do mercado, as quais servem de subsídio para o Relatório Trimestral de Inflação (RTI).

Segundo relatos, Viana explicou que o BC "não tem compromisso com 'escadinha'". Ou seja, não é obrigado a reduzir o ritmo de corte dos juros à medida que o fim do ciclo estiver mais próximo. Finalizado o ciclo, Viana considerou que "em algum momento" será preciso normalizar as condições monetárias, uma vez que a taxa real de juros ex-ante - diferença entre o juro nominal de um ano e a estimativa da Focus para o IPCA 12 meses à frente - já está em terreno expansionista.

Viana disse que há dois caminhos para essa normalização: queda do juro neutro (em um cenário de reformas) ou alta da meta Selic. "O que não quer dizer que você terá que subir os juros em 500 pontos-base", disse o diretor, referindo-se ao orçamento de corte de juros já promovido pelo Banco Central. Em outubro de 2016, o Comitê de Política Monetária (Copom) reduziu a Selic de 14,25% ao ano para 14%. E desde o fim de julho a taxa básica de juros da economia está em 9,25%

Nos EUA, Trump continua se mostrando um grande gerador de ruídos. O DB resumiu bem o último imbróglio no país:

The latest threat from President Trump in which he vowed to shut down the government should Congress not fund the border wall, in addition to the talk about ending NAFTA, seemed to undo much of the optimism around the tax reform talk and resulted in risk assets taking a few chips off the table yesterday. A NY Times report suggesting a rift in the relationship between Trump and Senate Majority Leader Mitch McConnell seemingly didn’t help either although McConnell has since issued a statement saying that he and Trump are working towards a unified agenda. Notwithstanding all of the noise and bluster, developments and headlines out of Washington continue to be the main driver for markets for the time being as investors by and large appear fairly relaxed around the general central bank message for now.

Back to the debt ceiling, the federal government has until sometime between late-September and mid-October in order to avoid a technical default by raising the ceiling and it feels like the story has plenty of room to run until then when Congress returns to Washington in early September. Previous experience in 2011 and 2013 showed that the debates became important fiscal turning points so it’s not to be underestimated. So the next six weeks have the potential to be interesting.




Data: 23/08/2017

Brasil: Riscos existem, mas a agenda econômica avança.

 

A quarta-feira foi bastante movimentada no Brasil, com algumas vitórias importantes para o Governo. A TLP foi aprovada pela Comissão Especial e irá a plenário em breve. Alguns avanços da PEC da Reforma Política também avançaram. O Governo anunciou um ambicioso programa de privatizações, além da liberação de cerca de R$15bi do PIS/PASEP. 

 

A despeito dos ruídos políticos, a agenda econômica avança, mesmo que de maneira mais conturbada do que o imaginado anteriormente. Os riscos existem e os preços estão se tornando menos atrativos, mas mantido o cenário base (local e externo) ainda deve haver demanda para os ativos locais. A inflação baixa consolida as expectativas de continuidade do ciclo de queda da Taxa Selic, sem perspectivas de elevação da taxa no horizonte relevante de tempo. 

 

Mantemos recomendações na parte curta da curva de juros nominais, administrando instrumentos e tamanho. Trocamos nossa exposição às NTNBs pela parte intermediária da curva nominal de juros. Nossa área econômica promoveu mudanças substanciais de expectativa para o IPCA, o que torna os juros nominais mais atrativos do que os juros reais. Mantemos um hedge via call/spreads de USDBRL e alguns plays específicos no mercado de renda variável. 

 

O IPCA-15 ficou abaixo das expectativas do mercado, consolidando um cenário de inflação extremamente baixa no curto-prazo, com perspectivas ainda bastante positivas para os próximos 12 meses. Segundo nossa área econômica:

 

>> O IPCA veio abaixo do esperado (+0,35% vs. BBG: 0,4%). Surpresas para baixo em alimentos, administrados e serviços; 

>> O qualitativo veio relativamente bom. Os índices de difusão subiram na margem, mas seguem em patamar relativamente baixo. A inflação de serviços dessaz desacelerou na margem e na média móvel trimestral se encontram em torno de 4%; 

>> A inflação da média dos núcleos acelerou rapidamente na margem (para 4,8% anualizada), mas na média móvel trimestral ficou em 3,6%. Vale mencionar que é um segmento mais ruidoso; 

>> Para o final do mês o IPCA deve ficar entre 0,30% e 0,35%. Com a informações mais recentes, o IPCA do ano está caminhando para 3,2%.

 

As contas externas mostraram um quadro de tranquilidade, com o déficit em conta corrente tranquilamente financiado pelo investimento estrangeiro direto. O destaque positivo do mês ficou por conta da conta de capital, com fluxos relevantes para renda fixa e bolsa. 

 

Os ativos externos estão passando por um processo de consolidação. Mantenho minha visão inalterada. De maneira geral, eu continuo vendo poucas teses claras de alocação/investimentos estruturais nos atuais níveis de preço/valuations, mesmo com um cenário base ainda construtivo. Os riscos (positivos e negativos) ainda existem, são crescentes e mal precificados pelos mercados financeiros globais. Assim, continuo optando por temas específicos de investimentos, por posições mais táticas e pela busca constante de hedges para eventuais cenário alternativos. 

 

Só adicionaria que a despeito de não ver motivos para “rompimentos” dos mercados externos, nem para o lado positivo, nem para o lado negativo, não estou gostando muito da dinâmica das bolsas dos EUA no curto-prazo. 

 

Os PMI/ISM globais mostraram um cenário de crescimento saudável e estável, sem mudanças substanciais de panorama para a economia global.  




Data: 23/08/2017

Novos sinais de fragilidade externa. Brasil: Oposição é dura, mas comprometimento com reformas continua.

As bolsas globais apresentaram forte recuperação na terça-feira puxadas pela ausência de novidades relevantes em um cenário base que continua a ser visto como positivo/construtivo. Em linhas gerais, por ora, exceto por ruídos pontuais, tais como a retórica entre EUA e a Coréia do Norte, e os problemas enfrentados por Trump em sua administração, segue um pano de fundo de crescimento global saudável, inflação baixa no mundo desenvolvido e condições financeiras globais frouxas.

De maneira geral, eu continuo vendo poucas teses claras de alocação/investimentos estruturais nos atuais níveis de preço/valuations, mesmo com um cenário base ainda construtivo. Os riscos (positivos e negativos) ainda existem, são crescentes e mal precificados pelos mercados financeiros globais. Assim, continuo optando por temas específicos de investimentos, por posições mais táticas e pela busca constante de hedges para eventuais cenário alternativos.

Nesta manhã, os mercados já mostram sinais de fragilidade novamente, com uma leve queda das bolsas e das commodities e alta do dólar. Neste momento, estes movimentos ainda são tímidos.

No Brasil, o destaque da terça-feira ficou por conta de uma forte alta do Ibovespa, liderada pelo anuncio da privatização (ou desestatização) da Eletrobrás, que acabou dando suporte as ações de empresas “públicas”. O movimento global de alta das bolsas também ajudou o movimento de ontem no Brasil.

Não sou especialista no mercado de renda variável. A bolsa local não parece “cara” tampouco “barata”, mas muito depende do cenário de cada um para o crescimento do país e, consequentemente, para a recuperação dos resultados corporativos (sem contas as expectativas de Taxa Selic, eleições de 2018 e etc). O que tenho visto, no geral, é um aumento do otimismo do mercado em relação ao crescimento da economia nos próximos anos, mas, em especial, em 2018. Ainda parecem haver casos específicos de oportunidades de investimentos no Ibovespa, mas acho difícil, da minha posição de “não especialista”, afirma que a bolsa local esteja “barata”.

No final da tarde de ontem, o BRL e o mercado de juros apresentaram forte deterioração, seguindo o fato da Comissão Especial da TLP ter sido encerrada por seu presidente (diga-se, um membro da oposição). Já existem articulações para colocar o tema em pauta na Comissão Especial (e no Plenário) ainda hoje. A TLP é um dos pontos fundamentais da agenda econômica deste Governo. É notório que desde a delação premiada da JBS ter se tornada pública, as articulações do Governo se tornaram mais difíceis. Contudo, pouco importa o caminho que seja percorrido para a aprovação de temas importantes, contanto que a agenda continue caminhando na direção correta. A aprovação (ou não) da TLP continuará tendo um impacto relevante sobre o preço dos ativos locais nos próximos dias.

Continuo recomendando alocações na parte curta da curva de juros de Brasil, majoritariamente via estruturas de opção, mas administrando tamanho e instrumentos. Nos atuais níveis de preço, encerramos nossa recomendação de compra de inflações implícitas na parte intermediária a curva. Trocamos o hedge via inflação implícita por call/spreads de dólar no final da semana passada.

Os jornais de hoje estão reportando os planos do governo para novas privatizações e medidas adicionais de ajuste do setor público. Além disso, existe a expectativa de que o BNDES faça um novo pagamento ao Tesouro Nacional. De maneira geral, as notícias apontam para um esforço adicional do Governo em seu projeto de ajuste econômico. A despeito da forte oposição enfrentada no Congresso e em setores da sociedade, este Governo continua mostrando comprometimento com o ajuste econômico.

No cenário externo, dois eventos merecem ser destacado essa manhã.

Primeiro, o PMI Manufacturing na Área do Euro subiu de 56,6 para 57,4 pontos em agosto, novo pico deste ciclo econômico e acima das expectativas do mercado. O número reforça o cenário de crescimento global saudável e uma excelente performance da região como um todo.

Segundo, Trump declarou na noite de ontem que, eventualmente, poderá encerrar o NAFTA. Segundo a mídia: "Personally, I don't think we can make a deal ... I think we'll end up probably terminating NAFTA at some point," he said at a rally in Arizona of the efforts to tweak the three-nation deal with Mexico and Canada. "I personally don't think you can make a deal without a termination but we're going to see what happens, OK? You're in good hands, I can tell you," he added.

As declarações de Trump seriam vistas como mais uma medida de pressão sobre seus parceiros comerciais, se não fossem as recentes medidas adotadas pelos EUA em relação ao comércio exterior. Na última semana, a “Administração Trump” deu início a um processo formal de investigações contra a China em torno de “Intellectual Property” e, agora, adota um tom mais agressivo em relação ao NAFTA.

A postura recente reforça que este novo Governo dos EUA irá adotar uma política comercial/externa muito mais dura e favorecendo os EUA em detrimento ao mundo. No atual ciclo econômico e com um pano de fundo geopolítico tenso, o impacto dessas medidas ainda parece muito pouco precificado pelo mercado.  




Data: 22/08/2017

Sinais de estabilização mais encorajadores.

Os ativos de risco estão mostrando sinais de estabilização, mas ainda sem força suficiente para uma recuperação mais sustentável, pelo menos por hora. O destaque desta manhã fica por conta de um leve movimento de dólar forte no mundo, liderado por uma abertura de taxa das Treasuries. As commodities continuam bem suportadas, enquanto as bolsas na Europa apresentam recuperação mais robusta vis-à-vis um movimento ainda tímido de alta dos futuros das bolsas dos EUA.

No Brasil, as notícias são mistas, mas a agenda será determinante. A votação da TLP na Comissão Especial hoje será tomada pelo mercado como um parâmetro para a agenda reformista deste governo. Caso seja aprovada, como o Governo promete (por 18 votos a 8) será visto como um sinal positivo pelos mercados. Caso a agenda legislativa fique travada e a Comissão não vote hoje, ou o Governo perda esta batalha, será visto como um sinal de perda de apoio da base e dificuldades na implementação de uma agenda de reformas.

A mídia está reportando que o MME irá desestatizar a Eletrobrás, o que seria mais um sinal extremamente positivo na agenda microeconômica deste governo, além de abrir mais um flanco de arrecadação às contas públicas. As ações da empresa chegaram a operar em alta de 20% no after-market de ontem.

Alguns blogs locais estão reportando que um acusado pela Operação Lava-Jato de ser operador do PMDB teria fechado um acordo de delação premiada, envolvendo o núcleo duro do governo e do PMDB em atos não republicanos e, segundo ele, ilícitos. Algumas grandes empresas nacionais também estariam envolvidas nas acusações deste personagem. Caso confirmada a informação, e comprovada às acusações, seria mais um grande obstáculo para a manutenção da governabilidade de Temer e Cia.

Em entrevista a Folha, Meirelles garante que a agenda de reformas será um importante vetor nas eleições de 2018: http://www1.folha.uol.com.br/mercado/2017/08/1911805-mensagem-reformista-deve-ganhar-a-proxima-eleicao-diz-meirelles.shtml.




Data: 21/08/2017

Sinais de fragilidade continuam.

Os ativos locais apresentam uma dinâmica extremamente ruim nesta segunda-feira, especialmente o BRL e a curva de juros, com steepening e alta das inflações implícitas.

O mercado mostra um quadro técnico ainda ruim e um certo receio em torno da agenda política desta semana, com a votação da TLP agendada para amanhã na Comissão Especial. A dinâmica de hoje mostra que estamos no meio de uma correção técnica, puxada por um news flow menos favorável. A continuidade deste movimento será determinada pela agenda política e pelo cenário externo. Caso as reformas não avancem, destaque aqui para a TLP amanhã, o movimento de correção técnica, natural e saudável, poderá ganhar entornos mais negativos e preocupantes.

Além disso, o indiciamento de Romero Jucá, pela PGR, na Operação Zelotes, também ajudou a dar um tom mais negativo para os ativos locais. Jucá é um dos principais articuladores do Governo no Congresso e um dos principais defensores da agenda de reformas. Vale lembrar que, de acordo com a mídia, Jucá foi indiciado no processo, mas ainda não condenado. Ele terá a oportunidade de defesa e, eventualmente, de comprovar (ou não) sua inocência. O ponto aqui é apenas alertar para o fato de um dos principais articuladores do Governo na agenda de reformas econômicas, que são vistas como importantes e positivas pelo mercado, foi atingido por mais uma acusação (e não condenação) por parte da PGR. Isso, além de outros ruídos, poderia enfraquecer as articulações do Governo no processo de aprovação das reformas.

Finalmente, a mídia está reportando que um dos acusados de ser operador do PMDB e pessoa próxima ao núcleo do atual Governo está prestes a fechar um acordo de delação premiada.

No cenário externo, vimos sinais de estabilização do humor, mas ainda vejo sinais de fragilidade dos ativos de risco.

Em suma, por ora, os movimentos de curto-prazo ainda me parecem correções técnicas, movimentos pontuais de realização de lucros. Contudo, nos atuais níveis de preço e de posição técnica, a dinâmica de mercado importa bastante. Assim, correções pontuais podem se transformar em realizações de lucros mais acentuadas.




Data: 21/08/2017

Sinais de estabilização, mas dinâmica ainda me parece frágil.

 

Os ativos de risco estão mostrando, novamente, sinais de fragilidade neste início de semana. Vale apontar, contudo, para alguma diferenciação dos movimentos, com as bolsas globais fracas e o dólar levemente mais forte, porém com as commodities ainda operando majoritariamente em alta.

 

No Brasil os jornais estão mantendo o foco nos desafios fiscais que o país enfrentará nos próximos anos, assim como na “batalha” corrente que ocorre no PSDB, um dos principais partidos da base aliada do atual Governo.

No cenário externo, a mídia está reportando a repercussão do novo passo adotado pelos EUA em sua nova e mais agressiva “guerra comercial” contra seus parceiros, neste caso, a China.




Data: 21/08/2017

Update.

 

O final de semana trouxe poucas novidades relevantes para o cenário. Assim, em que estágio nos encontramos: 

 

Brasil – O país segue em uma recuperação econômica cíclica. A inflação corrente está baixa, e permanecerá assim nos próximos 12 a 18 meses. O crescimento mostra sinais, mesmo que incipientes e erráticos, de recuperação. As contas externas continuam saudáveis. A situação das contas públicas ainda é o maior e o mais preocupante problema do país. O BCB deverá seguir o seu ciclo de queda da Taxa Selic, levando ela a, pelo menos, 7,5%, e sem perspectivas de elevação de taxas no horizonte relevante de tempo. 

 

O quadro político ainda é instável e requer cautela. A agenda das próximas semanas será fundamental para medir o apoio que o atual governo ainda tem do Congresso, e o quanto isso será suficiente para aprovar uma agenda mínima de reformas. O destaque da semana ficará por conta da votação da TLP. 

 

Em suma, vejo um pano de fundo relativamente estável no curto-prazo, mas com riscos crescentes e preocupantes de longo-prazo, especialmente devido a uma situação fiscal sem perspectivas de melhora, na ausência de reformas estruturantes que dependem da boa vontade do Congresso e da boa articulação do Governo. 

 

EUA – Os dados econômicos continuam apontando para um crescimento sólido, acima do potencial. O último exemplo disso foi a divulgação do Michigan Confidence na sexta-feira, que superou as expectativas do mercado e se manteve nos níveis mais elevados deste ciclo econômico. O mercado de trabalho se mostra bastante robusto, como pudemos confirmar com a divulgação de mais um Jobless Claims extremamente baixo e positivo na quinta-feira. A inflação, por sua vez, não mostra sinais consistentes de aceleração. Este ambiente permite que o Fed seja gradual no seu processo de normalização monetária. A redução do balanço deverá ser anunciada na reunião do FOMC de setembro, mas uma nova alta de juros ainda depende de dados mais positivos de inflação. 

 

Aqui, assim como no Brasil, o quadro político se mostra conturbado. Trump adota uma postura beligerante para quase todos os temas importantes da agenda do país, sejam eles econômicos, fiscais, geopolíticos comerciais e etc. Na sexta-feira, um dos mais importantes assessores de Trump, e um dos mais radicais, foi demitido do cargo. Sua saída deveria sinalizar para alguma mudança mais relevante na Casa Branca mas, por ora, enquanto o próprio presidente não alterar sua postura, será difícil acreditar no avanço da agenda legislativa do país. 

 

China – O país está passando por um processo natural de desaceleração. Até o momento, podemos classificar este processo como esperado e saudável, após as inúmeras medidas adotadas nos últimos meses visando evitar s excessos da economia e de alguns setores específicos. Contudo, qualquer sinal adicional de desaceleração mais intensa poderá ser recebida de forma mais negativa pelos ativos de risco. Por ora, este não é o cenário base, mas um cenário alternativo, com probabilidade ainda baixa, mas que poderia trazer impactos relevantes aos mercados financeiros globais. 

 

Coréia do Norte – Na última semana, vimos um recrudescimento da retórica entre EUA e a Coreia do Norte. Contudo, está agendada para está semana um exercício militar entre os EUA e seus aliados na Ásia na Península das Coréias. Podemos esperar novos ruídos provenientes da região. A situação aparenta tranquilidade, mas pode ganhar contornos mais negativos a qualquer momento. 

 

Mercados – Continuo vendo poucas teses estruturais de investimentos e buscando, assim, alocações mais táticas e em temas específicos. Ainda gosto de alocação na parte curta da curva de juros do Brasil, majoritariamente via estruturais de opções cujo risco/retorno me parece favorável para o nosso cenário base de Taxa Selic. Aproveitamos a deterioração da semana passada para destravar parte das nossas inflações implícitas na parte intermediária da curva, manteno exposição as NTN-Bs com um pouco de inflação implícita. No cenário externo, mantemos exposição as taxas de juros longas de alguns países do G10, buscando hedges em alguns índices de bolsa. Mantemos pequena exposição vendida em AUD e put/spreads de Vale, buscando “surfar” a desaceleração corrente da China. 

 

Não vejo motivos econômicos para uma realização de lucros muito mais acentuada do que aquela observada nos ativos de risco nos últimos dias. Contudo, algum “estrago” já foi feito no técnico do mercado nos últimos dias. Assim, a dinâmica de curto-prazo será essencial para medirmos se a correção será, como tem sido regra neste ciclo, rápida, pontual e pouco acentuada, ou se uma correção técnica maior está por vir.




Data: 18/08/2017

Risk-Off. 

 

Os ativos de risco apresentaram um forte movimento de “risk-off” ao longo da quinta-feira, liderados por uma rápida e acentuada queda das bolsas dos EUA. 

 

Não há mudanças substanciais de cenário econômico, mas um isolamento cada vez maior do presidente dos EUA em relação à classe política e a sociedade, o que está gerando um ruído maior em torno da possibilidade de implementação de uma agenda econômica e reformista no país.

Ontem, o movimento foi iniciado com rumores em torno da possível demissão de um dos assessores mais importantes da Casa Branca, aquele responsável pelo estudo, implementação e “meio de campo” entre uma Casa Branca ainda inexperiente, e o mercado financeiro e empresarial. Mesmo após os rumores terem sido negados, o mercado seguiu uma trajetória de deterioração.

Como tenho insistido neste fórum nas últimas semanas, vejo um cenário econômico global relativamente construtivo e saudável. Ainda vejo o cenário da mesma maneira, com um crescimento saudável, uma inflação baixa no mundo desenvolvido e condições financeiras globais ainda frouxas. Contudo, via poucas teses estruturais de investimentos, devido a preços pouco atrativos, uma posição técnica comprometida e valuations não “esticados”. Assim, via (e vejo) uma correção dos ativos de risco como natural e, até mesmo saudável na atual conjuntura. Por exemplo, uma queda entre 3% e 5% do S&P500 nos EUA se enquadraria neste perfil de realização de lucros, assim como uma alta de 2% a 3% no dólar, e assim por diante.

Por ora, parece que estamos no meio deste processo de acomodação dos mercados financeiros globais. Neste momento, não vejo motivos para movimentos muito mais agressivos do que estes comentados acima. Contudo, algum estrago técnico já foi feito nos mercados financeiros globais, e na posição técnica neste quinta-feira, o que pode manter os ativos de risco ainda voláteis e instáveis no curto-prazo. De qualquer maneira, estarei observando eventuais oportunidades de alocação no meio deste processo.

No Brasil, os ativos locais estão seguindo o humor global a risco e devem permanecer assim no curto-prazo. A mídia continua reportando uma série de ruídos e pressões políticas em torno do atual governo, mas sem novidades fundamentalmente novas. O foco deverá ficar para a aprovação (ou não) da TLP na semana que vem e para o andamento da agenda econômica de uma forma geral. Agora, a aprovação das novas metas fiscais também entrou no jogo político entre Congresso e Governo. 




Data: 17/08/2017

Brasil: Ruídos políticos continuam.

 

Os ativos de risco estão operando neste momento sem grandes tendências. A agenda do dia será um pouco mais agitada, com destaque para o Jobless Claims nos EUA. 

 

No Brasil, a Folha traz matéria em que afirma que a base aliada do Governo irá dificultar o ajuste da meta fiscal. O artigo pode ser visto aqui: http://www1.folha.uol.com.br/mercado/2017/08/1910549-aliados-ameacam-dificultar-ajuste-no-orcamento-e-pressionam-temer.shtml.

 

Por ora, o mercado deverá ler esta notícia como apenas um ruído pontual, que faz parte de todo o processo político o qual o país está passando. Eu continuo a ver a situação fiscal como preocupante. O avanço das medidas estruturantes de ajuste é essencial para a manutenção de um ambiente construtivo para o país e seus ativos. A situação cíclica da economia ajuda este processo (recuperação do crescimento, inflação baixa e juros em queda), mas não irá evitar cenários mais desastrosos no longo-prazo caso as reformas não avancem. 

 

Em uma nota um pouco mais técnica, após o anuncio da isonomia de impostos para fundos exclusivos fechados, o mercado começa a discutir opções à medida. Os artigos a seguir do Valor comentam sobre o tema: http://www.valor.com.br/financas/5083396/especialistas-buscam-opcao-fundo-exclusivo e http://www.valor.com.br/financas/5083178/come-cotas-deve-atingir-os-mais-ricos. 

 

Finalmente, Andreia Sadi, do Globo, traz informação de que a eventual delação de Lucio Funaro poderá contaminar o Congresso e as articulações do Governo. Segundo ela: 

 

"Governo admite que delação de Funaro contaminará Congresso 

 

Interlocutores do presidente Michel Temer já trabalham com a expectativa de a delação de Lucio Funaro ser fechada no curto prazo, nas próximas semanas. Diante disso, o governo avalia que a delação "contaminará" o ambiente político no Congresso em meio a discussões sobre reformas. 

 

Auxiliares do presidente admitiram ao blog que a expectativa no governo é de que a delação de Funaro atingirá o grupo político de Temer, tendo como personagens principais o ex-ministro Geddel Vieira Lima, o ministro Eliseu Padilha e o ex-assessor de Temer José Yunes. 

 

Diante deste cenário, afirmam, as revelações do operador do PMDB, que atuava, prioritariamente, junto ao deputado cassado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), podem complicar a articulação do governo em busca de votos para derrubar uma eventual segunda denúncia da Procuradoria Geral da República contra Temer. 

 

Além disso, afirmam, também "tumultuará", nas palavras de um interlocutor do presidente, o ambiente na discussão das reformas, principalmente na votação das mudanças na Previdência. 

 

Funaro também deve revelar operações que atingirão parlamentares, por exemplo, como foi a campanha de Cunha à presidência da Câmara, em 2015. 

 

Um ex-aliado de Cunha disse ao blog que Funaro era conhecido nos bastidores do Congresso por ser responsável pelas operações financeiras junto a políticos quando acionado pelo ex-deputado, hoje preso pela Lava Jato. 

 

Por isso, conclui, se um dos dois tiver provas de pagamentos a políticos para oferecer aos investigadores, seria ele- e não Cunha."

 



Data: 17/08/2017

Update

 

Os ativos locais seguiram o humor global a risco. Como era previsto, o mercado já havia digerido a revisão da meta fiscal de 2017 e 2018, e pouco se incomodou com a revisão das metas de 2019 e 2020 (vale lembrar que eu considero as revisões preocupantes e o cenário delicado, mas entendo a reação dos mercados no curto-prazo). Ainda existe uma ampla disposição dos investidores em dar o benefício da dúvida a este governo e a este congresso.

 

No congresso, a votação da TLP na Comissão Especial ficou agendada para a semana que vem. Se o cronograma for cumprido, será uma vitória importante para o governo e a base aliada. 

 

EUA – As manifestações e os embates entre grupos de extrema direita e extrema esquerda no final de semana tomaram proporções muito maiores do que o imaginado anteriormente e, olhando de hoje, com razão, principalmente devido a reação tímida de Trump em relação aos eventos. 

 

Ao longo do dia, Trump foi obrigada e se desfazer de dois grupos de apoio empresarial, após uma onda de executivos abandonarem os postos que haviam assumido como conselheiros e pontes entre o Governo Trump e o setor produtivo da economia. Trump hoje está uma situação sem apoio do congresso, com uma agenda econômica “travada” e, agora, perde o apoio de importantes setores da economia. 

 

As Minutas do Fed trouxeram poucas novidades para o cenário. Existe um debate intenso em relação as surpresas baixistas de inflação no curto-prazo, e um dúvida de como irá reagir a economia em um ambiente de mercado de trabalho robusto, mas ainda sem sinais claros de inflação. O anuncio do começo da redução do balanço do Fed deverá ser feito na reunião do FOMC de setembro. Uma nova alta de juros pode ser anunciada em dezembro, mas condicionada a números melhores de inflação. 

 

Mercados – O dia foi de dólar fraco, fechamento de taxa de juros nos EUA, queda no petróleo, porém alta nas commodities metálicas. O mercado mostra poucas tendências claras no curto-prazo e continua a operar dentro de alguns “ranges”. Continuo com visibilidade baixa para os ativos de risco. 




Data: 16/08/2017

Brasil, mostra a tua cara! Ajuste fiscal mostra-se de difícil execução.

Os ativos de risco estão abrindo em tom levemente positivo, na ausência de notícias relevantes. Reforço o que comentei na noite de ontem: Na ausência de mudanças substanciais de cenário, ou de ruídos pontuais, o mercado deverá seguir o roteiro do “Goldilocks”. Lembrando, crescimento global saudável, inflação ainda baixa no mundo desenvolvido e condições financeiras frouxas. Isso deve favorecer a busca por ativos de risco. De maneira geral, vejo teses específicas de investimentos, mas pouca visibilidade de grandes tendências. O cenário macro global parece construtivo/positivo, mas existem riscos crescentes, com probabilidades ainda baixas, porém impactos relevantes nos preços dos ativos. No Brasil, é verdade que existem avanços relevantes ocorrendo na economia, e o cenário cíclico parece positivo e sem perspectivas de mudanças substanciais no curto-prazo. Contudo, também vejo preços menos óbvios e, em algumas classes de ativos, uma posição técnica comprometida. Os riscos do cenário também me parecem elevados, mesmo que o curto-prazo dê ares de tranquilidade ao ambiente local.

No Brasil, o governo anunciou na noite de ontem a revisão da meta fiscal. O déficit primário do governo central deverá ficar em R$159bi para 2017 e 2018. Estes números já vinham sendo ventilados e, aparentemente, já haviam sido digeridos pelo mercado. Já vinha comentando neste fórum que via a revisão da meta de 2018 com preocupação, por mostrar as elevadas dificuldades do país em promover ajustes cíclicos em problemas estruturais. De qualquer maneira, os R$159, por mais que eu veja como negativos, já havia sido assimilado pelo mercado.

O que mais me surpreendeu na revisão de ontem foi a alteração das contas públicas de 2019 e 2020. O déficit de 2019 foi revisado de R$65bi para R$139bi e 2020 de superávit de R$10bi para déficit de R$65bi. As medidas de ajuste adicional apresentadas são bastante positivas e mostram o enorme esforço que a equipe econômica está exercendo para ajustar as contas públicas nacionais. Contudo, mostram o tamanho do problema existente, e como medidas paliativas estão se tornando escassas e menos potentes. Por exemplo, o aumento da contribuição social do servidor público, de 11% para 14%, uma medida de bastante apelo popular e apela junto à mídia, só irá arrecadar cerca de R$2bi. O que estou dizendo aqui é que existe um esforço positivo de ajuste, mas um esforço por si só não é suficiente para resolver os problemas estruturais da economia.

Vejo duas saídas para este problema. Um esforço conjunto da classe política para promover reformas estruturantes, como a Reforma da Previdência, ou um surpresas muito grande de crescimento nos próximos anos, que ajudará a arrecadação de maneira surpreendente.

Em suma, achei as revisões de 2018, 2019 e 2020 extremamente preocupantes e negativas. Tenho enorme dúvida se o mercado continuará leniente, dando o benefício da dúvida a este governo e a este Congresso ou se, em algum momento, irá abandonar este “namoro”. Na dúvida, mantenho recomendações de neutralidade, com exposição a parte curta da curva de juros, majoritariamente via estruturas de opção e comprado em inflação implícita na parte intermediária da curva. Recentemente, adicionamos uma pequena call/spread de USDBRL taticamente.

A agencia de rating S&P manteve o Rating e Outlook do país estáveis na noite de ontem, mas tirou a nota de crédito de “credit watch”, ou seja, não veem necessidade de revisões da nota no curtíssimo-prazo (3 meses). Acho desnecessário comentar uma medida como esta logo após as revisões apresentadas pelo governo e o quanto isso afeta a credibilidade, já abalada desde a crise de 2008, nas agencias globais de rating.




Data: 15/08/2017

 "Goldilocks are back!". Riscos ainda existem...

O destaque do dia ficou para mais uma rodada de dados positivos nos EUA e sinais mais animadores de crescimento no Brasil. A combinação de dados mais positivos, com o recrudescimento dos ruídos geopolíticos ajudaram a dar sustentação aos ativos de risco.

Nos EUA, as vendas no varejo de julho ficaram bem acima das expectativas do mercado e após revisões altistas para os números de junho. O Empire Manufacturing de agosto, uma das prévias para o ISM, também superou as expectativas. De maneira geral, os números continuam apontando para um crescimento robusto da economia do país (e do mundo).

Na ausência de mudanças substanciais de cenário, ou de ruídos pontuais, o mercado deverá seguir o roteiro do “Goldilocks”. Lembrando, crescimento global saudável, inflação ainda baixa no mundo desenvolvido e condições financeiras frouxas. Isso deve favorecer a busca por ativos de risco, no geral.

No cenário externo, tenho optado por manter exposição apenas a tese de abertura de taxas de juros em alguns países de G10. Após um “spike” do VIX de 8% para 17%, o índice encontra-se agora abaixo de 12%, nível que já começa a ser razoável voltar a montagem de alguns hedges. Mantido o cenário atual, contudo, é razoável supor que o VIX teste novamente, mesmo que pontualmente, níveis abaixo de 10%. Sigo levemente vendido em AUD, e com PS de Vale, na tentativa de “surfar” essa desaceleração do crescimento da China. Não espero uma ruptura proveniente da China, mas um cenário de desaceleração gradual, com algum ajuste de preços dos ativos mais dependentes da demanda da China.

No Brasil, as vendas no varejo ficaram muito acima das expectativas em junho, mostrando sinais um pouco mais consistentes de recuperação da economia. Caso a recuperação do crescimento se mostre mais sustentável, uma boa parte dos problemas do país será resolvido de maneira mais fácil, como o problema da baixa arrecadação e dos elevados déficits fiscais. O número de hoje é um bom início desta longa jornada, mas não um sinal definitivo.

Após uma série de “balões de ensaio” em torno da tolerância do mercado ao déficit fiscal primário de 2017 e 2018 a mídia está repostando que o déficit será de R$159bi em ambos os anos. Chegou-se a especular um número de R$170bi para ambos os anos. Até poucos dias atrás, o mercado já havia digerido a revisão de 2017, mas “olhava torto” para a revisão do déficit de 2018. Após ventilarem um déficit de R$170bi, o anúncio de R$159bi deve até ser visto com bons olhos por um mercado anestesiado...(não que eu concorde, mas a dinâmica tem sido essa).

Mantenho alocação na parte curta da curva local de juros, majoritariamente em estratégias de opção cujo risco retorno me parecem ainda favoráveis caso nosso cenário base de queda de juros (-100/-75/-50) seja concretizado. Continuo vendo uma boa assimetria na parte intermediaria da curva de inflação implícita, mas reduzimos um pedaço da posição, por nível de preço, nos últimos dias.

De maneira geral, vejo teses específicas de investimentos, mas pouca visibilidade de grandes tendências. O cenário macro global parece construtivo/positivo, mas existem riscos crescentes, com probabilidades ainda baixas, porém impactos relevantes nos preços dos ativos. No Brasil, é verdade que existem avanços relevantes ocorrendo na economia, e o cenário cíclico parece positivo e sem perspectivas de mudanças substanciais no curto-prazo. Contudo, também vejo preços menos óbvios e, em algumas classes de ativos, uma posição técnica comprometida. Os riscos do cenário também me parecem elevados, mesmo que o curto-prazo dê ares de tranquilidade ao ambiente local.




Data: 15/08/2017

Risco geopolítico menos agudo.

O recrudescimento da retórica entre EUA e a Coréia do Norte estão ajudando a dar sustentação aos ativos de risco. Segundo a mídia internacional, a Coréia do Norte teria desistido, pelo menos neste momento, de atacar a ilha de Guam. Neste ambiente, observamos uma recuperação dos ativos de risco, mas, em especial, vimos uma forte alta das bolsas e uma abertura das taxas de juros em G10.

No Brasil, todo o foco da mídia e do mercado está voltado para a definição da meta fiscal de 2017 e 2018, além do andamento da agenda econômica no Congresso. A mídia especula um déficit fiscal entre R$159 e R$170 para ambos os anos. Ainda há incerteza em torno da leitura do relatório da TLP esta semana na Comissão Especial. A Reforma Política foi adiada devido às pressões do “Centrão”. Enfim, a situação política de curto-prazo tornou-se mais nebulosa. Ainda não parece haver motivos de ruptura, mas as incertezas cresceram.

Na tarde de ontem, Dudley, importante membro do Fed nos EUA, sinalizou para a manutenção de um processo de normalização monetária no país, mesmo diante de dados mais fracos de inflação. Suas declarações ajudaram a dar suporte as taxas das Treasuries e consequentemente, ajudaram a dar algum suporte ao dólar no mundo.

O presidente norte americano assinou no final da tarde de ontem o requerimento oficial em que pede investigações em torno da postura da China em relação a “Intellectual Property”. A medida é a primeira ação concreta dos EUA com relação as relações comerciais junto a China e pode marcar o início de um processo mais longo e estrutural de relações comerciais mais conturbadas dos EUA com seus principais parceiros comerciais.

Na Alemanha, o PIB do 2Q apresentou alta de 0,6% QoQ, basicamente em linha com as expectativas. O número confirma uma economia que cresce a taxas robustas e saudáveis.

Na China, seguindo os dados mais fracos de atividade econômica divulgados no domingo a noite, os dados de concessões de crédito de julho também surpreenderam para baixo, reforçando um quadro de desaceleração da economia. segundo a Goldman Sachs:

M2: 9.2% yoy in July (6.3% SA ann mom) vs. GSe: 9.8% yoy, Bloomberg consensus: 9.5% yoy. June: 9.5% yoy (12.3% SA ann mom estimated by GS). 

New CNY loans: RMB 825.5 bn in July (RMB loans to the real economy: RMB 915.2 bn) vs. GSe: RMB 850 bn, consensus: RMB 800 bn. Outstanding CNY loan growth: 13.2% yoy in July (14.3% SA ann mom, estimated by GS); June 12.9% yoy (12.1% SA ann mom).

Total social financing (TSF, flow, before adding local government bond net issuance): RMB 1220 bn in July vs. GSe: RMB 1100bn, consensus: RMB 1000 bn, June: RMB 1780 bn. According to the PBOC, TSF stock growth (not adjusting for local government bond issuance) was 13.2%yoy in July. There was RMB 754 bn issuance of local government bonds in July compared with RMB 461 bn in June, according to WIND data. After including this local government bond net issuance, we estimate adjusted TSF stock growth at 14.8% yoy in July, higher than 14.2% in June. The implied month-on-month growth of adjusted TSF was 21.1% SA ann, higher than 9.7% in June.




Data: 15/08/2017

Coréia do Norte, Fiscal Brasil e Crescimento na China.

O final de semana não trouxe uma escalada adicional de acusações e ameaças entre EUA e Coréia do Norte, o que está ajudando a dar sustentação aos ativos de risco neste começo de semana. 

A despeito da ausência de novidades nesta frente, tampouco houve qualquer sinal de que a situação entre os dois países esteja resolvida em definitivo. As informações a respeito do tema continuam espaças, na base dos rumores e, muitas vezes, desencontradas. Do lado americano, vimos declarações de que uma guerra nuclear não está na eminência de ocorrer e que a diplomacia ainda está sendo favorecida. Contudo, ouvimos rumores de que há preparativos militares para eventuais atuações nesta frente. Do lado coreano, existem rumores da possibilidade de novos testes balísticos, assim como a informação de preparativos militares para potenciais ataques.

No Brasil, os jornais de hoje dão como certa a revisão da meta fiscal de 2017 e 2018 para R$159bi. A semana será importante e decisiva no campo político, com importantes temas da pauta econômica, como a MP da TLP precisando avançar no Congresso. Falei sobre este tema e ruídos nesta frente no sábado pela manhã: https://mercadosglobais.blogspot.com.br/2017/08/brasil-fiscal-em-foco.html.

Os EUA devem iniciar hoje o primeiro processo formal de uma batalha contra o que considera práticas abusivas da China em relação a "Intelectual Property". Será a primeira medida mais agressiva na direção de uma política comercial mais restritiva, sinalizando para a manutenção do que foi prometido na campanha de Trump. O text do FT trata do tema: https://www.ft.com/content/e5b3141e-8043-11e7-a4ce-15b2513cb3ff.




Data: 15/08/2017

Brasil: Fiscal em foco.

O sábado amanhece com certo recrudescimento da retórica entre EUA e Coréia do Norte, não sei se pelo calendário do final do semana, ou por um esforço de ambas as partes. De novidade, há apenas um artigo na Bloomberg que relata um telefonema do premier chinês para Trump, pedindo um caminho diplomático para a situação. Segundo o artigo, China e EUA têm uma relação bastante próxima e estão dialogando sobre este tema.

No Brasil, os mercados locais foram negativamente afetados na tarde de ontem por rumores de que a TLP não teria condições de ser aprovada. Por ser uma das mais importantes medidas reformistas deste governo, o mercado logo fez uma ponte para prever dificuldades ainda maiores para a aprovação de qualquer tipo de reforma. Segundo analistas políticos que estão em constante contato com a ala política em Brasília, a informação não procede.

Os jornais de hoje, contudo, continuam afirmando que a meta fiscal de 2017 será revisada para R$159bi. Ainda existem informações desencontradas sobre a revisão da meta de 2018, com artigos falando em revisão para R$149b e outros falando em R$170bi. Uma coisa é certa, tudo indica que a meta fiscal de ambos os anos será revisada.

Mesmo com a revisão, o governo pretende anunciar o congelamento do aumento do funcionalismo público e de alguns benefícios do setor. Três artigos que valem a leitura sobre este tema:

https://oglobo.globo.com/economia/centrao-quer-alivio-no-refis-dificulta-aprovacao-da-meta-fiscal-21698741

http://www1.folha.uol.com.br/mercado/2017/08/1909327-salario-de-servidor-sera-congelado-e-governo-preve-poupar-r-98-bi.shtml

http://opiniao.estadao.com.br/noticias/geral,sem-dinheiro-para-a-meta,70001933522 

Minha opinião sobre este tema pode ser encontrada aqui: https://mercadosglobais.blogspot.com.br/2017/08/brasil-revisao-da-meta-fiscal-de-2018-e.html. 




Data: 11/08/2017

Long weekend...

O dia foi marcado pela divulgação do Core CPI nos EUA. O número apresentou alta de 0,1% MoM, abaixo das expectativas do mercado, marcando o quinto mês consecutivo de surpresas negativas na inflação.

Os membros do Fed já vinham alertando para um certo desconforto no front inflacionário. O número de hoje apenas confirma esta tendência. De qualquer maneira, acredito que o anuncio de uma redução do balanço está mais ligado ao bom andamento da atividade econômica, do emprego e das condições financeiras. Assim, a reunião do FOMC de setembro ainda me parece o momento ideal para o anuncio, já muito bem comunicado e sinalizado.

A expectativa de mais uma alta de 25bps nas taxas de juros este ano, contudo, parece mais incerta diante da sequência de dados mais baixos de inflação. Todavia, o mercado embute uma probabilidade em torno de 35% de mais uma alta de 25bps este ano, e um caminho extremamente gradual de alta de juros em 2018 e 2019 (menos de 3 altas de 25bps em cerca de 2 anos). Assim, as surpresas baixistas de inflação já parecem bem precificadas. 

A retórica de Trump em relação a Coréia do Norte se manteve dura. Trump indicou que está preparado para agir militarmente caso o país ameace os EUA, seus territórios ou qualquer um de seus aliados.

Vamos para o final de semana na seguinte situação. Se a Coréia do Norte resolver testar novos mísseis, ou promover qualquer ação militar concreta, poderemos abrir segunda-feira com uma nova rodada de pressão sobre os ativos de risco. Caso nada ocorra no final de semana, ficará a impressão que a Coréia do Norte “deu um passo para trás” temendo a reação dos EUA. Os mercados, assim, reagiriam com otimismo na segunda-feira.

Não alterei minha visão e minhas alocações. Comentários adicionais podem ser vistos no link a seguir: https://mercadosglobais.blogspot.com.br/.  




Data: 11/08/2017

Still risk-off mood....

Os ativos de risco estão dando continuidade ao movimento de realização de lucros (risk-off) que teve início na terça-feira após as declarações de Trump em torno da Coréia do Norte. Não há novidades relevantes em torno do que já tenho escrito neste fórum ao longo de toda a semana. Os comentários podem ser lidos no link a seguir: https://mercadosglobais.blogspot.com.br/.

No Brasil, o principal foco de atenção continua a ser sobre o extremo desafio fiscal que assola o país, não apenas no curto-prazo, mas estruturalmente. Os jornais de hoje voltaram a afirmar que será necessário revisar a meta de 2017 e 2018. O jornal O Globo fala em uma meta de R$159bi para ambos os anos. O artigo pode ser visto aqui: http://g1.globo.com/politica/blog/cristiana-lobo/post/planejamento-propoe-deficit-de-r-159-bilhoes-para-2017-e-2018.html.

Na agenda do dia, o destaque ficará para o Core CPI nos EUA. Um número acima de 0,2% MoM poderá trazer de volta a tona o debate em torno da necessidade de um avanço mais rápido do processo de normalização monetária no país, trazendo ainda mais incerteza ao cenário e, provavelmente, uma nova rodada de pressão sobre os ativos de risco. Um número em linha não deverá afetar o curto-prazo. Um número abaixo de 0,2% MoM pode vir a tirar alguma pressão do cenário.




Data: 10/08/2017

"Risk-Off!"

O dia foi marcado por um movimento quase que generalizado de “risk-off”, com os mercados ainda digerindo a situação geopolítica global. Reforço aqui o que escrevi pela manhã:

Os ativos de risco estão dando continuidade ao movimento de realização de lucros (risk-off) que teve início na terça-feira após as declarações de Trump em torno da Coréia do Norte. Acredito que este evento seja um “trigger” para uma acomodação/realização de lucros dos ativos de risco no curto-prazo. Na ausência de um avanço beligerante nos próximos dias, contudo, o movimento de “risk-off” deve ser visto como pontual e passageiro, sem desdobramentos maiores para o cenário de médio e longo-prazo. Este cenário será alterado, contudo, caso a situação geopolítica piore de maneira demasiada, ou se outros vetores afetarem os mercados financeiros globais, tal como um Core CPI muito acima das expectativas nos EUA amanhã ou dados muito mais fracos de crescimento na China (que serão divulgados no início da semana que vem).

Mantenho posições neutras, focadas em temas específicos. Aproveitamos o dia para zerar as posições de compra de volatilidade em índices de bolsa dos EUA, que vinhamos carregando há cerca de 1 mês. O VIX saiu de próximo a 8% para 16% neste momento. O índice ainda pode subir mais, testar patamares próximos ou acima de 20%, mas eventos deste tipo são raros. O risco/retorno, nos atuais níveis, me parece ruim. As vols no mercado de FX ainda não reagira, na mesma magnitude do que as vols de bolsa (assim como as vols de Rates pouco reagiram a este ambiente).

No Brasil, também observei poucas alterações no cenário que preocupante que tenho descrito nos últimos dias. A situação pode, eventualmente, avançar na direção correta, e/ou os preços dos ativos locais podem reprecificar os riscos correntes e prospectivos. Contudo, hoje, ainda vejo prêmios de risco baixos, riscos elevados, e uma posição técnica comprometida.

Reforço que não estou adotando uma postura direcional negativa, apenas focando em temas específicos, levando em consideração cenário macro, nível de preços, e posição técnica.

Assim, ficamos da seguinte maneira. Zeramos a compra de volatilidade em bolsa dos EUA. Reduzimos a compra de inflação implícita na parte intermediária da curva local, mas mantemos uma posição ainda mediana. Mantemos exposição a parte curta da curva de juros nominais no Brasil, majoritariamente via estruturas de opção. Adicionamos um pequeno call/spread de USDBRL. Mantemos posição tomada em juros longos em alguns países do G10. Temos pequenas posições vendidas em AUD e put/spreads de Vale, mas cuja alocação a risco é bastante pequena. 




Data: 10/08/2017

Brasil: Revisão da meta fiscal de 2018 é preocupante. Reformas são imprescindíveis!

Os ativos de risco estão dando continuidade ao movimento de realização de lucros (risk-off) que teve início na terça-feira após as declarações de Trump em torno da Coréia do Norte. Acredito que este evento seja um “trigger” para uma acomodação/realização de lucros dos ativos de risco no curto-prazo.

Na ausência de um avanço beligerante nos próximos dias, contudo, o movimento de “risk-off” deve ser visto como pontual e passageiro, sem desdobramentos maiores para o cenário de médio e longo-prazo. Este cenário será alterado, contudo, caso a situação geopolítica piore de maneira demasiada, ou se outros vetores afetarem os mercados financeiros globais, tal como um Core CPI muito acima das expectativas nos EUA amanhã.

No Brasil, a Bloomberg anunciou ontem, através de fontes, e a Folha de São Paulo afirma hoje, nesta matéria (http://www1.folha.uol.com.br/mercado/2017/08/1908638-governo-deve-rever-meta-fiscal-de-2017-e-2018-ate-a-proxima-semana.shtml) que o governo irá rever as metas fiscais de 2017 e 2018. Acredito que a revisão da meta de 2017 já tenha sido assimilada pelo mercado. A matéria afirma, contudo, que o governo pretende revisar a meta de 2018 para R$170bi, superior ao déficit de 2016 e de 2017.

Entendo que existe um esforço imenso deste governo e desta equipe econômica para colocar o país de volta aos trilhos. Entendo que tudo ao alcance da equipe econômica está sendo feito para evitar cenários desastrosos para o país. Contudo, vejo com extrema preocupação a situação das contas públicas na ausência de reformas estruturantes. Vejo como extremamente negativo as revisões das metas, especialmente a de 2018.

O mercado vinha, até o momento, dando um benefício da dúvida a este Governo e a este Congresso, mas isso não irá vigorar desta forma para sempre. O momento de aprovar reformas é agora, com uma base política ainda forte e um governo que tem capacidade de articulação. Na atual conjuntura, não vejo disposição política e nem uma aglutinação em torno da Reforma da Previdência, o que me preocupa sobremaneira. Minha opinião pode mudar com o passar do tempo e as articulações do governo. Vejo uma assimetria grande (para o lado negativo) caso a Reforma da Previdência não seja aprovada.

Pode até ser que o governo ventilar a revisão da meta de 2018 seja uma maneira de pressionar o Congresso pela Reforma, esperando uma reação dos mercados locais aos números apresentados. Pode ser uma estratégia, ou pode ser o governo “jogando a toalha” nas reformas, ou simplesmente uma realidade dura e negativa da situação fiscal do país. 




Data: 09/08/2017

Riscos locais e externos.

Após um dia de pressão relativamente generalizada nos ativos de risco, as bolsas dos EUA foram capazes de se recuperar da pequena queda apresentada pela manhã. O foco do mercado permaneceu no cenário geopolítico, com as trocas de mensagens entre EUA e Coréia do Norte ainda bastante ativas.

Continuo a ver este problema geopolítico como um “risco de cauda”, que geralmente é de difícil mensuração e de difícil previsibilidade e posicionamento. De qualquer maneira, os atuais níveis de preço dos ativos globais, de maneira geral, também pouco me atraem. Na ausência de novidades relevantes, o cenário mais provável e de ranges para os ativos de risco ao redor do mundo.

Em outras palavras, neste momento, tenha pouca visibilidade em grandes temas de investimentos. Assim, tenho concentrado alocação em temas específicos e buscando proteções que julgo assimétricas. Por ora, a alocação a risco ainda é baixa, até que a visibilidade se torne mais clara.

Vale mencionar o leilão de Treasury 10yrs nos EUA, que apresentou demanda baixa. Será extremamente importante acompanhar os desenvolvimentos nesta frente. Mesmo com a inflação corrente baixa, o Fed indica que irá anunciar o começo do processo de redução de seu balanço, mais cedo do que tarde. Mesmo que os juros curtos permaneçam ancorados, o cenário de oferta e demanda por bonds mais longos será essencial para as taxas de juros no país.

No Brasil, o dia foi de “bear steepening” da curva de juros e alta do dólar. O mercado mostra um técnico já comprometido. Confesso que vejo um otimismo por parte dos investidores com relação ao quadro político local que não estou vendo na prática. Acredito que a aprovação da Reforma da Previdência é fundamental para a manutenção de um cenário construtivo para o país. Na atual conjuntura, tenho baixíssima visibilidade para afirmar que a Reforma será aprovada.

Assim, mantenho alocações em temas em que a visibilidade parece mais clara, como a parte curta da curva de juros. Não vejo grandes assimetrias no BRL e nas taxas longas de juros. Gosto das inflações implícitas na parte intermediária da curva como um hedge barato nos atuais níveis.

O IPCA de julho ficou levemente acima das expectativas, mas com um qualitativo ainda bastante positivo. O número em nada altera o cenário para a política monetária de curto-prazo.

O mesmo vale para o CAGED, cuja criação de postos de trabalho em julho superou as expectativas do mercado. 




Data: 09/08/2017

Globasl risk-off/Brasil: governo sofre resistência para promover reformas.

Os ativos de risco estão dando continuidade ao movimento de realização de lucros (risk-off) que teve início ontem após as declarações de Trump em torno da Coréia do Norte. No início da noite de ontem, a Coréia do Norte respondeu a Trump de forma rápida, agressiva e ameaçadora. Declarações de um membro do Governo norte coreano diziam que o país estava pronto para atacar a Ilha de Guam, território norte americano no Pacífico onde fica a cede de uma base militar dos EUA.

Mantenho aqui o que escrevi na tarde de ontem. Ficamos na seguinte situação: Raramente situações como essa chegam ao ponto beligerante. Na maior parte das vezes, situações como essa chegam a um equilíbrio na base da diplomacia. Contudo, não estamos em tempos normais. Os líderes de EUA e Coreia do Norte são de difícil leitura. Acredito que ninguém tenha vantagem comparativa em prever este tipo de evento/situação. A sinalização de Trump, entretanto, coloca o mercado em alerta. Qualquer resposta verbal, ou novo teste balístico por parte da Coreia do Norte, poderá levar a uma reação desproporcional nos ativos de risco, especialmente nos atuais níveis de preço.

No Brasil, os jornais continuam dando foco a situação calamitosa das contas públicas nacionais, e as dificuldades em encontrar saídas estruturais para o problema. Segundo o Valor:

O governo trabalha em uma combinação de corte de despesas, elevação de receitas e mudança de meta por conta da necessidade de se cobrir um buraco no orçamento de 2018 que há algumas semanas era estimado entre R$ 70 bilhões e R$ 80 bilhões e que números mais recentes apontam para algo entre R$ 40 bilhões e R$ 50 bilhões, segundo fontes da área econômica. Essa deficiência considera a meta atual de R$ 129 bilhões definida para o ano que vem, cuja revisão está em discussão no governo. Além do rombo fiscal, o governo ainda estava enfrentando dificuldades em manter a despesa dentro do limite do teto de gastos. Com alta de despesas da Previdência superior a R$ 40 bilhões e do gasto com pessoal, entre outras obrigatórias, o teto estava sendo superado em mais de R$ 10 bilhões. O adiamento dos reajustes de servidores, medida também em discussão no governo, se insere nesse contexto. O governo em tese teria um espaço adicional para subir as despesas além do limite do ano que vem por conta do contingenciamento deste ano, mas se a meta for revista e permitir um desbloqueio, o espaço de 2018 se diminui.

Temer afirmou que o aumento do IR, que chegou a ser ventilado no inicio da semana, está fora de cogitação neste momento. O aumento do imposto sobre lucro e dividendos das empresas ainda é uma medida em estudo.

Além das soluções “tampões” de curto-prazo, existe um esforço par aprovar a Reforma da Previdência. Ao que me parece, ainda há uma chance de aprovar algumas medidas propostas pelo texto original, mas o calendário está se tornando excessivamente curto.

No tocante a TLP, matéria do Estadão já fala em mudanças na Taxa para atender as pequenas e médias empresas. Caso confirmada esta alteração, seria mais uma “desfiguração” de uma medida vendida como essencial para a economia. Segundo o Estadão:

Em meio às investidas do Congresso para mudar o desenho da nova taxa de juros que balizará os empréstimos do BNDES, o governo deve acenar com mudanças para que pequenas e médias empresas (MPMEs) tenham regras diferenciadas de financiamento. A estratégia é tentar vencer as resistências para a aprovação da chamada Taxa de Longo Prazo (TLP), medida essencial para que o Tesouro reduza o custo com subsídios. Os parlamentares temem que a iniciativa resulte em crédito mais caro para as empresas.




Data: 09/08/2017

"Fire and Fury".

A terça-feira apresentou 3 eventos que merecem comentário:

1 – O JOLTS Job Openings nos EUA subiu de 5.702 para 6.163 em junho, maior nível deste ciclo econômico. O número confirma um mercado de trabalho sólido e robusto, e uma economia que já opera no pleno emprego. O número de hoje, aliado aos recentes dados do mercado de trabalho, dão conforto ao Fed em seguir no processo gradual de normalização monetária.

2 – A BTA emitiu cerca de US$17,5 bilhões em bonds (dívida corporativa) em USD. A emissão ajudou a dar um tom altista para as taxas de juros nos EUA (aliada ao JOLTS já comentado acima). Esta emissão pode ser considerara grande e foi bem digerida pelo mercado. A emissão mostra uma demanda ainda grande por este tipo de ativo, mas também me faz lembrar de alguns excessos existentes no mercado atualmente.

3 – No final da tarde, o Presidente dos EUA Donald Trump escreveu em sua conta no Tweeter: North Korea "best not make any more threats to the U.S. They will be met with fire and fury like the world has never seen." Assim, ficamos na seguinte situação: Raramente situações como essa chegam ao ponto beligerante. Na maior parte das vezes, situações como essa chegam a um equilíbrio na base da diplomacia. Contudo, não estamos em tempos normais. Os líderes de EUA e Coreia do Norte são de difícil leitura. Acredito que ninguém tenha vantagem comparativa em prever este tipo de evento/situação. A sinalização de Trump, entretanto, coloca o mercado em alerta. Qualquer resposta verbal, ou novo teste balístico por parte da Coreia do Norte, poderá levar a uma reação desproporcional nos ativos de risco, especialmente nos atuais níveis de preço.

Neste ambiente, sigo com alocações em temas específicos, buscando fugir de “riscos de cauda”, ou apostar neles.

No Brasil, o foco segue centrado no debate em torno das contas públicas nacionais. Na ausência de reformas estruturantes, aumentos de impostos serão inevitáveis. Não acho que está seja uma solução definitiva, e nem positiva, para o país. Seguimos vendo um steepening da curva de juros e um aumento das inflações implícitas. Estes movimentos me parecem fazer sentido enquanto não houver um caminho claro para as contas públicas.

Continuo gostando de alocações na parte curta da curva de juros local, concentrada em algumas estruturas de opção. Vejo como uma boa assimetria as inflações implícitas na parte intermediária da curva (comprado e inflação implícita). Vejo espaço para um “rebound” tático do dólar no mundo. Gosto de posições tomadas em taxas em G10, com hedge em compra de vol para os atuais riscos do cenário externo. 




Data: 08/08/2017

Desaceleração na China e Impostos no Brasil.

O destaque da noite ficou por conta dos números de importação e exportação de julho na China. Ambos ficaram abaixo das expectativas do mercado, apontando para alguma desaceleração da economia do país e do mundo. Por ora, os números de hoje devem ser vistos como flutuações normais dos dados econômicos em meio a um ciclo de crescimento ainda saudável. Qualquer sinal de desaceleração mais acentuada da economia do país, contudo, poderá ser lida de maneira diferente e mais preocupante.

Segundo o Morgan Stanley: Export growth softened to 7.2% YoY in July from an elevated level of 11.3% YoY in June (Consensus and MSe: 11.0% YoY), dragged mainly by slower DM demand. That said, the YTD growth was still robust at 8.3% YoY, as compared to -8% in 2016. Meanwhile, imports growth moderated to 11.0% YoY in July (vs. 17.1% YoY in June; Consensus: 18.0% YoY; MSe: 17.4% YoY), dragged by steel, iron ore and auto. The faster pace of growth deceleration in imports than exports led to wider trade surplus, to US$46.7bn in July (vs. US$42.8bn in June).

No Brasil, em entrevista a Rede TV, o Presidente do BCB afirmou que mantidas as condições atuais o Copom poderá manter o ritmo de queda da Taxa Selic na próxima reunião de política monetária em 100bps. A afirmação está em linha com a precificação do mercado, mas talvez um pouco menos incisiva do que a quase certeza que o mercado trabalha hoje. As digitais de queda de 100bps, por exemplo, operam próximas a 75%-80% de probabilidade. Acredito que, olhando de hoje, com o cenário que temos de inflação e crescimento, a probabilidade de manutenção deste ritmo é elevada e deverá ser considerado o cenário base, mas riscos existem em torno deste cenário.

A mídia continua especulando em torno da situação fiscal do país. Segundo “fontes” o governo estuda mais um pacote de medidas, grande parte de aumento de impostos, visando não revisar a meta fiscal de 2018. O mercado deverá olhar com bons olhos, no curto-prazo, o esforço realizado por este governo para evitar a deterioração adicional das contas públicas. Contudo, a alta sucessiva de impostos é corrosiva a longo-prazo. A ausência de medidas estruturais, como a Reforma da Previdência, colocará o país em situação extremamente delicada no futuro. 




Data: 07/08/2017

Onu, Córeia do Norte e ruídos no Brasil.

O destaque do final de semana ficou por conta da decisão por parte da ONU em aprovar novas e pesadas sanções à Coréia do Norte, em resposta aos recentes novos testes militares do país. A medida teve o apoio da China e da Rússia, que são países vistos como aliados da Coreia do Norte e que, normalmente, atuam de maneira a atenuar as medidas cautelares contra o país. A Coréia do Norte reagiu verbalmente às medidas, prometendo um “mar de fogo” contra os EUA e seus aliados. No curto-prazo, assim, ficamos com um cenário de incerteza. Do lado negativo, temos uma Coréia de Norte cada vez mais avançada em seu programa nuclear. Do lado positivo, os EUA conseguiram cooptar China e Rússia em favor de uma solução diplomática para a questão. A situação na região é tensa e indefinida, mas uma solução militar, a despeito das recentes trocas de acusações, ainda é um “risco de cauda”.

No Brasil, o final de semana foi marcado por ruídos de curto-prazo. Já comentei sobre o tema no sábado. Os comentários podem ser lidos no link a seguir, no texto, “Brasil: Ruídos.”: https://mercadosglobais.blogspot.com.br/.

Continuo vendo um cenário econômico global estável e relativamente construtivo, sem um “trigger” específico para realizações de lucro e/ou correções mais acentuadas das tendências recentes. Contudo, ainda vejo uma posição técnica comprometida e níveis de preços e valuations pouco atrativos na maior parte dos ativos de risco globais.

Continuo vendo espaço para o fechamento da parte curta da curva de juros no Brasil, mas administrando tamanho e instrumentos da posição mais ativamente os atuais níveis. Ainda vejo a nível das inflações implícitas na parte intermediária da curva de como um excelente hedge para o cenário local. Mantenho recomendação tomada na parte longa das curvas de juros de alguns países de G10, aliadas a compra de volatilidade em algumas classes de ativos, tais como bolsa e juros nessas regiões. Não tenho uma convicção estrutural no mercado de global de FX e bolsa, mas vejo espaço para um “rebound” de curto-prazo no dólar, baseado na posição técnica, valuation e cenário econômico.




Data: 07/08/2017

 Brasil: Ruídos.

O retorno do recesso parlamentar no Brasil trouxe de volta o foco da mídia ao cenário político local. Este sábado, os jornais estão com uma série de notícias em torno de temas variados que, em sua maior parte, giram em torno do quadro político local.

A primeira vista, as notícias tendem a ser vistas como negativas. De forma geral, por ora, vejo o noticiário como ruídos de curto-prazo, amplamente normais na atual conjuntura em que vivemos. Assim, não vejo motivos para alterar o quadro local, especialmente o cenário da economia. De qualquer maneira, como tenho insistido neste fórum nas últimas semanas, vejo os ativos locais, em sua maioria, sem grandes assimetrias para alocações relevantes no atual momento e nos atuais preços.

Vamos as notícias do dia:

- O Estadão e a Folha afirmam que a meta fiscal de 2017 será revisada de R$139bi para algo em torno de R$150bi. Há um esforço da equipe econômica para não revisar a meta de 2018. Novas altas de impostos poderiam ser anunciadas. Acredito que este tema, a despeito de preocupante do ponto de vista econômico, já tenha sido superado/digerido pelo mercado. Caso a meta de 2018 não seja revisada e o governo acene com medidas adicionais de aperto fiscal, a equipe econômica sairá fortalecida, em um sinal positivo para os ativos locais (pelo menos será essa a leitura dos mercados).

- O Broadcast traz a seguinte notícias: A equipe econômica trabalha para neutralizar as novas investidas do Congresso Nacional para mudar o desenho para a nova taxa de juros que baliza empréstimos do BNDES. Depois do relatório favorável à proposta, não se esperava dentro do governo maior resistência dos parlamentares, como tem ocorrido nos últimos dias nos bastidores. A pressão acendeu o sinal amarelo, porque a criação da Taxa de Longo Prazo (TLP) é uma medida prioritária para reduzir o custo do Tesouro Nacional com subsídios. O mercado trabalha com o cenário de aprovação da TLP, que é um dos pilares mais importantes da agenda econômica. Acho que este tipo de pressão é natural do jogo político e apenas um ruído pontual. A não aprovação, contudo, seria uma grande derrota do governo.

- Em relação a Reforma da Previdência, em entrevista ao Estadão Michel Temer diz que a Reforma da Previdência será a reforma possível e não a reforma ideal. Acredito que o governo esteja focado na idade mínima e na equalização da contribuição previdenciária do setor público ao setor privado. Se isso conseguir avançar, já será um grande avanço. Outros veículos de comunicação dizem que “a fatura” da reforma da previdência será elevada e que a incerteza da aprovação ainda é grande.

- O jornal O Globo e a Folha trazem uma transcrição, supostamente retirada de um aparelho de celular do ex deputado Eduardo Cunha, em que o nome do presidente Michel Temer é citado, supostamente envolvido em recebimento de recursos ilegais. Vale ressaltar que tudo ainda não passa de suposições e não há acusações formais contra o presidente neste momento. A coluna Radar, da Folha, assim como site O Antagonista afirmam que a delação premiada de Eduardo Cunha avança e que o presidente Michel Temer seria o grande destaque das tratativas e das acusações. 




Data: 04/08/2017

EUA: Pleno Emprego.

O destaque do dia ficou por conta dos dados de emprego de julho nos EUA. Os números ficaram acima das expectativas do mercado, e confirmam um mercado de trabalho saudável e robusto. É bastante provável que o país esteja muito próximo, ou já além, do pleno emprego.

Os dados de rendimentos dos trabalhadores apresentaram uma elevação levemente acima das expectativas. Por um lado, o número pouco altera o cenário de curto-prazo para crescimento e política monetária. Por outro lado, deverá dar confiança ao Fed de que a continuidade do processo de normalização monetária ainda é necessária.

O mercado já espera a anuncio da redução do balanço do Fed para o mês de setembro e precifica em torno de 50% de probabilidade de uma alta de 25bps nas taxas de juros até o final do ano. A curva continua excessivamente leniente em relação a altas adicionais de juros nos anos de 2018 e 2019, o que me parece um risco para os próximos meses.

Na semana que vem, os dados de inflação (PPI e CPI) serão fundamentais para o cenário de curto e médio prazo dos ativos de risco.

Vale ressaltar que um importante membro da equipe econômica de Trump sinalizou para medidas que visam a repatriação de recursos corporativos de volta aos EUA, nos planos de reforma tributária/fiscal que estão sendo discutidas. Esta medida poderia ter impactos relevantes no mercado global de câmbio. Por ora, o mercado embute baixíssimo prêmio para qualquer avanço na agenda legislativa, econômica e tributária no país, já que Trump e cia. têm mostrado pouca capacidade de gestão política.

Ainda acho que seja cedo para afirmar que estamos diante de uma inversão completa de tendências para os ativos de risco, e prefiro esperar dos dados de inflação na semana que vem para ter maior certeza nesta frente. Enquanto isso, acredito que a posição técnica pode sim favorecer um “rebound” tático do dólar no mundo e dar alguma sustentação, mesmo que ainda frágil, às taxas de juros nos EUA. Continuo vendo o nível de preços das bolsas dos EUA como “esticados”, com valuations poucos atrativos. Uma correção me parece saudável, mas ainda não vejo um trigger claro para este evento (pode ser por simples mudança de dinâmica, mas ainda não há este sinal).

No Brasil, o dia foi de poucas novidades para o cenário, e pouca movimentação para os preços dos ativos locais. Minha maior convicção continua a ser na curva de juros, na parte curta da curva. Contudo, vejo uma Taxa Selic terminal, olhando de hoje, em 7%. Ainda existe espaço para fechamento de taxas, mas a assimetria está cada vez pior. Tenho dificuldades em alongar a duration da recomendação, diante das incertezas políticas, especialmente no tocante ao cenário fiscal. Contudo, tenho a entendimento que na ausência de novidades relevantes, o movimento recente de flattening da curva possa continuar.

O mesmo argumento é válido para o BRL e o Ibovespa. Não vejo grandes assimetrias nos atuais níveis, mas a manutenção de um cenário externo tranquilo (que será testado semana que vem com os dados de inflação nos EUA), e na ausência de novidades relevantes no cenário local, podem continuar a se apreciar. Aqui, vale comentar que já vejo uma quantidade não desprezível de locais vendidos em dólar e comprados em Ibovespa. Não acredito que o técnico seja excessivamente ruim, mas tampouco o mercado está totalmente desalocado. 




Data: 04/08/2017

Brasil: Benefício da dúvida.

Os ativos de risco operam próximos a estabilidade, na expectativa da divulgação dos dados de emprego de julho nos EUA.

Acredito que na atual conjuntura, a divulgação da Taxa de Desemprego e do Average Hourly Earnings (AHE) sejam até mais importantes do que o Payroll. Qualquer número mensal de criação de vagas de trabalho superior a 125-130 mil postos de trabalho será lida como positiva/construtiva. Um número muito mais baixo do que este pode trazer o receio de uma desaceleração mais preocupante da economia. Todavia, a combinação da Taxa de Desemprego e ao AHE poderá ser determinante para a política monetária de curto-prazo. Se os sinais de pressões inflacionárias permanecerem ausentes, prosseguirá um ambiente positivo para os ativos de risco, já que estará mantido o cenário de “Goldilocks”. Caso haja um sinal mais acentuado de pressões inflacionárias de salário, o mercado poderá ser obrigado a rever os próximos passos do Fed.

No Brasil, a despeito dos desafios fiscais de curto- prazo e estruturais, o mercado continua a dar o benefício da dúvida a esta equipe econômica. A simples intenção e disposição em promover reformas, mesmo que elas não sejam implementadas da forma ideal, ou de maneira suficiente para reverter o quadro fiscal, tem sido lida de forma positiva pelos investidores. Acredito que este quadro persistirá (não que eu concorde veementemente com isso) enquanto o cenário externo permanecer construtivo, e a equipe econômica sinalizando apoio às reformas e trabalhando em prol delas.

Os jornais de hoje trazem novamente este quadro. A Reforma da Previdência original já foi abandonada. Meirelles e Cia. acenam com uma “reforma” mais enxuta e menos agressiva. Além disso, a meta fiscal de 2017 e 2018 certamente será alterada nos próximos dias. Ao mesmo tempo em que sinaliza à reforma da previdência, o governo busca apoio para a reforma tributária, ou uma simplificação tributária, e ainda será necessário avançar na reforma política antes das eleições de 2018 ganharem corpo.




Data: 04/08/2017

Update.

A quinta-feira foi marcada por alguns desdobramentos mais negativos nos EUA. Primeiro, o ISM Non-Manufacturing de julho ficou abaixo das expectativas do mercado, no menor nível em 11 meses, porém em patamar que ainda indica expansão da economia. Acredito que, nos atuais níveis, é natural esperar alguma acomodação dos indicadores de confiança, que não permaneceram nestes patamares indefinidamente. Os ciclos econômicos mostram variações em torno das tendências nos níveis atingidos pela maior parte dos indicadores de confiança do país. De qualquer maneira, o número veio depois de vendas de veículos mais fracas e de um construction spending mais fraco, ambos divulgados no início da semana, o que ajudou a ascender um sinal de alerta nos investidores.

No final da tarde, a mídia do país divulgou que as investigações em torno da possível intervenção da Rússia nas eleições presidenciais devem ganhar novos contornos nos próximos dias, o que ajudou a piorar o humor a risco em torno dos ativos do país.

De maneira geral, vimos um fechamento de taxa de juros e uma levíssima fraqueza das bolsas. Por ora, vejo os eventos/sinais citados acima como ruídos de curto-prazo, normais nesta fase do ciclo econômico. Contudo, sinais adicionais nesta direção poderão levar os investidores a rever de maneira mais incisiva o cenário de crescimento para o país.

Nesta linha, os dados de emprego que serão divulgados amanhã ganham importância dobrada. Acredito que na atual conjuntura, a Taxa de Desemprego e o Average Hourly Earnings (AHE) sejam até mais importantes do que o Payroll. Qualquer número mensal de criação de vagas de trabalho superior a 125-130 mil postos de trabalho será lida como positiva/construtiva. Um número muito mais baixo do que este pode trazer o receio de uma desaceleração mais preocupante da economia. Todavia, a combinação da Taxa de Desemprego e ao AHE poderá ser determinante para a política monetária de curto-prazo. Se os sinais de pressões inflacionárias permanecerem ausentes, prosseguirá um ambiente positivo para os ativos de risco, já que estará mantido o cenário de “Goldilocks”. Caso haja um sinal mais acentuado de pressões inflacionárias de salário, o mercado poderá ser obrigado a rever os próximos passos do Fed.

No Brasil, os mercados leram a vitória de Temer na votação de ontem como neutra, e seguiram o humor global a risco. Assim, vimos uma realização de lucros no Ibovespa, um BRL estável e mais uma rodada de fechamento de taxa de juros, que continua se favorecendo de um cenário de baixa inflação, recuperação lenta e gradual do crescimento e um banco central que indica continuidade do ciclo de queda da Taxa Selic.

Continuo mantendo o foco em temas específicos de mercado. Não vejo grandes assimetrias no BRL e no Ibovespa nos atuais níveis, em termos de macro alocação. O mercado de juros deve continuar ancorado pela política monetária, mas tenho o temor que esteja entrando em uma dinâmica de excesso dado o tempo ainda até a próxima reunião do Copom.

De qualquer maneira, mantidas as condições atuais, “the pain trade is up!”. Os dados de amanhã poderá dar novo ímpeto à apreciação dos ativos de risco, ou levar o mercado a repensar as tendências recentes.  




Data: 03/08/2017

Brasil: Primeira batalha política superada. Cenário fiscal ainda é um problema.

Os ativos de risco estão operando próximos a estabilidade essa manhã, sem grande novidades relevantes. Destaque para uma leve queda nas bolsas da Europa e para um fortalecimento do dólar contra o AUD e NZD, mas os movimentos, no geral, estão sendo tímidos.

No Brasil, Temer venceu a sua primeira batalha de sobrevivência das acusações apresentadas pela PGR. O placar da votação, contudo, a despeito de favorável, foi muito aquém (263 votos a favor do arquivamento da denúncia) do que estava sendo ventilado na tarde de ontem (280 a 290 votos). Assim, acredito que possa haver alguma decepção por parte dos ativos locais na abertura do dia de hoje.

Passado este obstáculo, o governo deverá focar, novamente, na agenda de reformas. Os jornais de hoje já dão destaque à equipe econômica, que irá buscar o diálogo, novamente, em torno da Reforma da Previdência. Olhando pelo placar de ontem, me parece extremamente difícil que a proposta original seja aceita, ou que mesmo com algumas alterações o governo seja capaz de aprovar a Reforma. Acredito que Meirelles e Cia terão que partir para um “Plano B”, buscando aprovar medidas menos agressivas, que talvez não precisem de aprovação do Congresso e/ou apenas de maioria simples na Câmara.

As contas públicas nacionais continuam a ser o grande vilão do cenário local. Na ausência de reformas estruturais relevantes a situação irá se deteriorar a cada novo dia, colocando o país novamente em situação delicada em poucos anos.

No cenário externo, o destaque de ontem ficou por conta de declarações de alguns membros do Fed, na linha de que o aperto do mercado de trabalho ainda vislumbra a continuidade do ciclo de normalização monetária nos EUA. Segundo o DB:

Away from the markets, two Fed Chiefs have updated the market on their latest thinking. San Francisco Fed Chief Williams has said overnight that inflation should close in on the Fed's 2% target "within the next year or two", while Cleveland’s Fed Chief Mester sees it approaching that level "over the next year", but wanted to see more data (on Fed's preferred measure, the PCE deflator, inflation is 1.4% currently). On balance sheet unwind, Williams acknowledged that to keep the economy on a sustainable path of growth, we need to gradually reduce the monetary stimulus and that it will be appropriate to start unwinding the balance sheet this autumn, noting the normalisation process should take four years. On the interest rates outlook, both reiterated the gradual path FOMC has communicated is appropriate and Williams thought the ‘new normal’ interest rate is around 2.5%. 




Data: 02/08/2017

Brasil: Situação fiscal exige cautela.

A noite foi de poucas novidades relevantes. Nessa manhã, destaque para mais uma rodada de alta do EUR, para uma leve abertura de taxa dos juros nos EUA e para uma pequena realização de lucros nos preços das commodities metálicas não preciosas.

No Brasil, a mídia dá como certa a revisão da meta fiscal para este e para o próximo ano. O debate agora já não está centrado na possibilidade de mudança da meta, mas na magnitude que será a mudança. Tenho escrito neste fórum que, enquanto o cenário externo permanecer tranquilo, os ativos locais teriam uma tendência a superar este tipo de notícia. Contudo, começo a me perguntar em que momento o mercado poderá começar a “punir” os ativos locais diante das incertezas fiscais de curto e longo-prazos?

As contas públicas continuam a ser um grande problema para o país, que nem mesmo os avanços cíclicos da economia estão sendo capazes de acobertar. Na ausência de reformas estruturas, como da Previdência, a situação tende a piorar exponencialmente a cada novo ano, na ausência de uma aceleração sustentável do crescimento. O governo ainda batalha pela sua sobrevivência, mas acena para a possibilidade de retornar o debate da Reforma da Previdência vencida a primeira batalha por sua sobrevivência. Será este cenário crível? Os próximos dias serão fundamentais nesta frente. 




Data: 01/08/2017

Brasil: Contas externas saudáveis e recuperação lenta do crescimento.

Os ativos de risco apresentaram movimentos interessantes, na ausência de mudanças significativas de cenário. Destaque para o fechamento de taxas de juros em G10, após uma rápida e acentuada reversão das Treasuries no final da manhã. Confesso que não vi um “trigger” específico para o movimento de hoje. O mesmo comentário vale para a forte queda no preço do petróleo. Por outro lado, vimos um movimento quase que generalizado de fortalecimento do dólar no mundo, que em muito deve ser explicado por uma posição técnica já comprometida. Tendo a acreditar que estes movimentos sejam acomodações/realizações de lucros normais após o desempenho recente destas classes de ativos.

Nos EUA, o ISM Manufacturing recuou de 57,8 para 56,3 pontos, praticamente em linha com as expectativas. O número continua mostrando uma economia saudável, com crescimento relativamente estável. A queda de 1,3% MoM no Construction Spending de junho gerou algumas revisões marginais de PIB, ajudada também pelas prévias de vendas de veículos de julho, mas nada que altere de forma fundamental o cenário para o país.

No Brasil, o destaque ficou por conta das Notas do Copom. A mensagem do BCB é que mantidas as condições atuais deveremos ter uma nova queda de 100bps na Taxa Selic na próxima reunião do Copom. O parágrafo 24 resume bem esta visão: Debateu-se a conveniência de se sinalizar flexibilização adicional de mesma magnitude da adotada nesta reunião, versus uma flexibilização mais moderada. Concluíram por sinalizar, para a próxima reunião do Copom, uma possível flexibilização de mesma magnitude da adotada nesta reunião, mas que dependerá da permanência das condições descritas no cenário básico do Copom e de estimativas da extensão do ciclo. De forma geral, a magnitude da flexibilização continuará dependendo da evolução da atividade econômica, do balanço de riscos, de possíveis reavaliações da estimativa da extensão do ciclo e das projeções e expectativas de inflação.

Continuo gostando de exposição a parte curta da curva de juros, agora majoritariamente via estruturas de opção. Ainda gosto de manter exposição a parte intermediária da curva de inflação implícita. Continuo administrando tamanho e instrumentos, mas mantendo exposição a estas duas teses de investimentos.

Nos últimos dias, vimos um claro movimento de steepening da curva de juros e abertura das inflações implícitas. Acredito que o movimento faça sentido diante das condições atuais de política monetária, inflação, mas, principalmente, diante dos desafios das contas públicas nacionais no curto e no longo-prazo.

No campo econômico, segue um cenário de recuperação extremamente lenta do crescimento, contas externas saudáveis (vide superávit de $6,3Bi na balança comercial de julho) e desafios fiscais enormes.




Data: 01/08/2017

"The pain trade is up!"

O destaque da manhã está por conta de mais uma rodada de apreciação das bolsas ao redor do mundo. Os dados econômicos globais, especialmente relativos ao crescimento, continuam apontando para uma economia global robusta, o que ajuda a dar suporte aos ativos de risco.

Na Coréia do Sul as exportações de julho – um número visto como uma boa Proxy de crescimento global dado a abertura da economia do país e a elevada corrente de comércio – subiu de 13,6% YoY para 19,5% YoY, acima das expectativas de 15,9% YoY.

Na Austrália, o RBA manteve a política monetária inalterada, como era amplamente esperado. O RBa promoveu apenas uma pequena alteração no comunicado, para mostrar um leve desconforto adicional com o nível e a recente apreciação do AUD: "an appreciating exchange rate would be expected to result in a slower pick-up in economic activity and inflation than currently forecast".

No Brasil, os jornais de hoje dão como certa a possibilidade de revisão da meta fiscal para este ano. O número que está sendo ventilado é de R$159bi, contra uma meta de R$139bi. Os jornais também falam em medidas adicionais de ajuste, como a retirada das isenções fiscais para aplicações em LCI e LCA, por exemplo.

Além disso, existe algum foco da mídia na votação para denúncia sobre Michel Temer no Congresso. Existe uma mobilização para obter quorum para a seção. Hoje, a expectativa é que Temer saia vitorioso desta batalha. O placar da votação é visto por muitos como um indicativo da força que o Governo manterá após este evento.

Ainda na agenda de hoje, teremos as Notas do Copom, em que poderá se solidificar a expectativa de manutenção do ritmo de queda da Taxa Selic em 100bps na próxima reunião do Copom, e uma taxa de juros terminais para este ciclo de corte abaixo de 8%.

Continuo vendo com preocupação o quadro fiscal estrutural do país. Contudo, entendo que este governo esteja fazendo tudo que está ao seu alcance para atingir a meta deste ano. O cenário de hoje já é de uma forte contração fiscal. O impulso para a economia já está sendo bastante contracionista. As opções para o “atingimento” da meta são escassas, e uma revisão parece ser o cenário mais provável. Tendo a acreditar que, mantidas as condições atuais, os mercados financeiros locais tendem a dar pouco peso a está revisão, mas movimentos de steepening da curva de juros e alta das inflações implícitas são possíveis.

Minha visão segue inalterada. No Brasil, tenho poucas convicções direcionais e estruturais no Ibovespa e no BRL. Continuo gostando da parte curta da curva local de juros, mas focado em estruturais de opções que julgo assimétricas. Continuo gostando de exposição à parte intermediária da curva de inflação implícita.

No cenário externo, ainda vejo espaço para a abertura das taxas de juros longas em alguns países de G10. Vejo espaço para alguma exposição comprada em volatilidade em algumas classes de ativos. Estou sem visão clara em FX, buscando alguns casos específicos de alocação.

De maneira geral, ainda vejo um cenário global relativamente tranquilo e construtivo. Por ora, não há motivos para grandes preocupações e/ou rupturas. Contudo, vejo preços na maior parte dos ativos de risco pouco atrativos e posições técnicas que se deterioram a cada novo dia.




Data: 31/07/2017

Update

O dia trouxe poucas novidades relevantes para o cenário econômico, mas uma dinâmica de mercado que mostra um pouco o viés do mercado (que pode ter sido extrapolada por fluxos de final de mês).

Na Europa, os dados mais positivos de inflação e taxa de desemprego deram sustentação adicional ao EUR. A moeda atingiu novo pico para este ciclo econômico, acima de 1,18.

Nos EUA, destaque para uma grande rotação que está ocorrendo entre alguns setores da bolsa local, com queda do setor de tecnologia, muito em função de algum desapontamento de resultados e valuations menos atrativos, em favor do setor financeiro.

No Brasil, ainda segue a máxima de “No News Is Good News”. Um cenário externo ainda tranquilo, com um momento cíclico da economia favorável, continua induzindo a apreciação dos ativos locais.

Na Ásia, a despeito do arrefecimento do PMI Manufacturing da China em julho, vimos mais uma rodada de elevação nos preços das commodities metálicas não preciosas.

Minha visão segue inalterada. No Brasil, tenho poucas convicções direcionais e estruturais no Ibovespa e no BRL. Continuo gostando da parte curta da curva local de juros, mas focado em estruturais de opções que julgo assimétricas. Continuo gostando de exposição a parte intermediária da curva de inflação implícita.

No cenário externo, ainda vejo espaço para a abertura das taxas de juros longas em alguns países de G10. Vejo espaço para alguma exposição comprada em volatilidade em algumas classes de ativos. Estou sem visão clara em FX, buscando alguns casos específicos de alocação.

De maneira geral, ainda vejo um cenário global relativamente tranquilo e construtivo. Por ora, não há motivos para grandes preocupações e/ou rupturas. Contudo, vejo preços na maior parte dos ativos de risco pouco atrativos e posições técnicas que se deterioram a cada novo dia.




Data: 31/07/2017

Desaceleração na China, Inflação na Europa, Imposto no Brasil e Posição Técnica.

O destaque da noite ficou por conta de uma leve desaceleração dos PMIs na China. O PMI Manufacturing passou de 51,7 para 51,4 em julho, levemente abaixo das expectativas de 51,5 pontos. O número mostra uma economia ainda saudável, porém com sinais marginais de arrefecimento. Acredito que o dado de hoje pouca altera o cenário econômico global. Uma desaceleração da economia chinesa já era de certa forma esperada, após a sequencia de medidas adotadas no país visando administrar a liquidez e evitar os excessos e a evolução de “bolhas” em setores e mercados específicos.

Na Europa, o CPI de julho ficou dentro das expectativas do mercado, mas com o Core CPI levemente acima das expectativas. Na semana passada, os números de algumas importantes economias da região já haviam apontando nesta direção. Comentei, naquela ocasião, que: Na minha visão o destaque do dia ficou por conta dos dados econômicos na Europa. Além dos dados de PIB robustos, já comentados neste fórum mais cedo, os números de inflação de importantes economias da região, como a Alemanha, apresentaram surpresa positiva. Ainda é cedo para “cantar vitória” no tema inflacionário, mas o simples avanço dos indicadores de preço, mesmo que de forma gradual, mantém vivo o cenário de “Reflation”.

No Brasil, com a volta do recesso parlamentar, a mídia retornou o debate em torno da denuncia contra Temer, além de manter um foco na possibilidade de revisão da meta fiscal deste ano. Comentei um pouco sobre isso no sábado. Não vejo alterações em torno destes temas. Comentários adicionais podem ser vistos aqui: https://mercadosglobais.blogspot.com/.




Data: 31/07/2017

Ruídos Locais e Externos.

Os jornais deste sábado trazem alguns ruídos locais e externos.

No Brasil, a reportagem de capa da Revista Época traz o que seriam as provas da delação premiada da JBS. Vejam aqui:

http://epoca.globo.com/politica/noticia/2017/07/provas-da-jbs-trecho.html. Segundo a matéria, existem provas documentais, o qual a reportagem teria tido acesso, que implicam inúmeros políticos, de diversos partidos. Muitos dos nomes citadas ocupam posição de destaque no atual Governo e no Congresso. Em especial, a matéria dá destaque ao que seriam repasses a um suposto “operador” do atual Presidente Michel Temer.

Acredito que este seja mais um ruído de curto-prazo. A primeira semana de agosto será decisiva para o Governo. Segundo consta, na mídia e pelos analistas políticos, Temer tem maioria para evitar que a denuncia contra ele tenha andamento. Contudo, é natural esperar que o retorno do recesso parlamentar marque também o retorno dos ruídos políticos.

Tenho a sensação que para os mercados financeiros locais, diante dos avanços que estão sendo atingidos por está equipe (não entrando aqui no mérito de acusações, alegações e eventuais atos ilícitos), a manutenção do atual Governo, neste momento, será mais bem percebida do que a eventual troca de comando do país. Reforço que está é uma avaliação de reação dos mercados e ativos locais, e não uma avaliação jurídica. Não estou aqui fazendo juízo de valor e/ou analisando acusações, apenas tentando entender a reação dos mercados e ativos do Brasil diante das incertezas políticas.

A Folha de São Paulo traz nova matéria em torno das dificuldades do governo em atingir a meta fiscal deste ano. Vejam aqui: http://www1.folha.uol.com.br/mercado/2017/07/1905398-pressionado-por-rombo-governo-ja-admite-elevar-meta-fiscal-deste-ano.shtml. Acredito que, a despeito de ver com preocupação o quadro fiscal do país, o mercado já assimilou relativamente bem esta questão. O mercado está vendo o esforço que tem sido feito pela equipe econômica para atingir a meta, e o quão difícil será promover novas altas de impostos e/ou cortes de despesas. Assim, por mais que eu veja com extrema preocupação o quadro fiscal de longo-prazo, na ausência de reformas, tendo a acreditar que, enquanto o cenário externo estiver tranquilo, os ativos locais tendem a superar este tipo de notícia, exceto com movimentos localizados, como steepening da curva de juros e aumento das inflações implícitas.

No cenário externo, a Coreia do Norte testou mais um míssivel balístico intercontinental (ICBM) na tarde de ontem. Segundo reportagem da Bloomberg, o líder norte coreano afirma que já tem poder de atingir todo o território norte americano após os últimos testes do país.

Os eventos na Coreia do Norte podem ser vistos como “eventos de cauda”. É natural esperar alguma reação da comunidade internacional, mas especialmente dos EUA, nos próximos dias. As relações diplomáticas podem esquentar, especialmente entre EUA, Japão, Coréia do Sul (os mais afetados pelos eventos) vs China e Coreia do Norte. Devemos acompanhar os eventos atentamente. Sanções podem ser anunciadas, a diplomacia tentará ser utilizada e, em último caso, em um evento extremo, o poderia militar poderia ser utilizado.  




Data: 28/07/2017

Reflation still a good bet!

Na minha visão o destaque do dia ficou por conta dos dados econômicos na Europa. Além dos dados de PIB robustos, já comentados neste fórum mais cedo, os números de inflação de importantes economias da região, como a Alemanha, apresentaram surpresa positiva. Ainda é cedo para “cantar vitória” no tema inflacionário, mas o simples avanço dos indicadores de preço, mesmo que de forma gradual, mantém vivo o cenário de “Reflation”.

Nos EUA, O PIB do 2Q ficou levemente abaixo das expectativas, mas com um qualitativo bastante positivo. Os Estoques surpreenderam para baixo pelo segundo trimestre consecutivo, adicionando um risco altista para o 3Q.  O Consumo ficou bem acima das expectativas, assim como os Investimentos vierem mais fortes. O Employment Cost Index (ECI) apresentou alta de 0,54% QoQ, contra expectativas de 0,60% QoQ.

Ainda não há sinais consistentes de pressões inflacionárias, mas os números de hoje em nada alteram o cenário traçado pelo Fed. Acho válido ressaltar que os mercados financeiros colocam hoje pouquíssimo prêmio para um cenário de aceleração, mesmo que gradual, da inflação, além de expectativas quase nulas em torno da reforma tributária/fiscal nos EUA. A curva de juros precifica cerca de 50% de chance de mais 1 alta de 25bps nos juros este ano e menos de 3 altas de 25bps até 2019. A posição técnica de dólar apresentou mais uma rodada de adição de posições vendidas na moeda americana nesta semana.

Continuo gostando de posições tomadas em algumas taxas de juros no G10. Estou sem visão direcional para o dólar no mundo, mas olhando alguns casos específicos.

No Brasil, o mercado de juros continua seguindo o roteiro que tracei aqui após o Copom, com steepening da curva e abertura de inflação implícita. Ainda vejo espaço para a continuidade destes movimentos, mas as assimetrias começam se reduzir. Continuo sem visão direcional “top down” no BRL e no Ibovespa.

No cenário econômico, vejo poucas mudanças. Ainda existe um grande esforço para que a meta fiscal seja atingida este ano. Tivemos alguns sinais um pouco menos favoráveis para a inflação de curto-prazo, mas nada que altere o longo-prazo para a política monetária.

Quanto aos números divulgados hoje, nossa área econômica comenta o seguinte:

>> A taxa de desemprego ficou abaixo da esperada (13% vs. BBG: 13,3%) e caiu 0,2pp após ajuste sazonal (para 12,9%). Após ajuste sazonal, a taxa de participação ficou estável. Dessa maneira, a boa notícia partiu do forte incremento da população ocupada (quase 400mil, no trimestre encerrado em junho). Entretanto, isso decorreu às custas do enfraquecimento do mercado formal vis-à-vis ao informal. Em termos fiscais, isso tende a ser uma má notícia. Salários reais seguem estáveis na margem. No ano/ano crescem 3% (boa parte por conta da desaceleração da inflação em 12 meses). A massa salarial segue relativamente forte, sugerindo retomada do consumo.   




Data: 28/07/2017

Sinais de fadiga. Cenário macro ainda positivo. Técnico e valuations preocupam.

Os ativos de risco estão dando sinais de fadiga. Ainda não vejo um cenário para uma alteração completa de dinâmica dos mercados financeiros globais, mas acredito que uma realização de lucros seja saudável e necessária.

Reforço o que tenho insistido neste fórum há algum tempo. O cenário econômico continua favorável (crescimento sólido, inflação baixa no mundo desenvolvido, condições financeiras frouxas e resultados corporativos robustos), contudo, os movimentos recentes de apreciação trouxeram alguns efeitos colaterais que não podem ser ignorados, como preços “esticados”, valuations com pouca “gordura”, uma posição técnica pior, e uma leniência excessiva (vide os índices de volatilidade como VIX, MOVE e etc). Assim, vejo uma realização de lucros dos ativos de risco como um cenário possível, cada vez mais provável, que seria natural e saudável, porém não muito acentuado na ausência de novidades relevantes.

Um resultado na Amazon muito abaixo das expectativas divulgado na tarde de ontem deverá ser o foco do mercado ao longo do dia de hoje.

Para este ambiente, tenho recomendado algumas posições de compra de volatilidade, tanto em índices de bolsas nos EUA como no mercado de Treasuries.

No Brasil, os ativos locais reagiram à decisão do Copom dentro do roteiro que descrevi ontem cedo: Espero que o mercado apresente um relevante fechamento de taxa na parte curta da curva, com um “Bull Steepening” da mesma, ou seja, um fechamento ao longo de toda a curva, mas com a parte curta/intermediária apresentando fechamento de taxa superior a parte longa da curva. Eu continuo mantendo recomendação para alocação na parte curta da curva, com a compra de inflação implícita na parte intermediária da curva, estratégia que venho mantendo já há bastante tempo e ainda me parece pertinente.

Continuo vendo valor no mercado local de juros, mas opto por recomendações mais leves, menos agressivas, taticamente, apenas por questões de nível. Continuo vendo assimetria na parte intermediária da curva de inflação implícita e recomendando posições compradas em inflação implícita. Mantenho viés neutro no BRL e no Ibovespa, sem ver grandes assimetrias “top down” nessas alocações.

Os jornais de hoje trazem poucas novidades relevantes no Brasil. 

Nos EUA, tivemos ontem mais uma rodada de dados econômicos positivos, com destaque para o Durable Goods Orders, Jobless Claims e Trade Balance. As divulgações levaram o mercado a revisar para cima as expectativas de alta do PIB para o segundo trimestre deste ano, que será divulgado na manhã de hoje.

No campo político, o Congresso acelerou a agenda legislativa, mas ainda não há sinais concretos de que exista uma saída razoável para o Health Care Bill. Enquanto isso, um grupo de trabalho paralelo já estuda as possíveis medidas econômicas, fiscais e tributárias que irão à pauta nos próximos meses. Neste momento, as expectativas de avanços nesta agenda são extremamente baixas e pouquíssimo disto está precificado nos ativos do país.

Na Europa, os dados do PIB dos segundo trimestre divulgados esta manhã ficaram basicamente dentro das expectativas do mercado, que já eram expectativas positivas. Os números apontam para a manutenção de um crescimento saudável e robusto na região. 

Com este pano de fundo de dados econômicos mais sólidos, começa a voltar a tona alguns plays do que ficou conhecido como “Reflation”. Acredito que estes movimentos podem continuar e, eventualmente, ganhar corpo (condicionados a manutenção de dados positivos), especialmente frente a uma posição “leve” nesta direção. Vale ressaltar que será importante determinar qual país ou região estará liderando este movimento, pois este vetor será determinante para sabermos se o Reflation será conduzido com um dólar fraco ou um dólar forte, e se poderá ocorrer com um “risk-on”, crescimento forte com inflação baixa, ou “risk-off”, crescimento forte mas com a inflação começando a surpreender para cima.

Continuo sem visão estrutural para o dólar no mundo. Mantenho alocações tomadas em taxas de juros em alguns países de G10, via mercados futuros e via opções com compra de volatilidade. Acredito que compra de volatilidade de índices de bolsa seja um hedge com boa assimetria neste momento.




Data: 27/07/2017

Brasil: Selic volta a um dígito. Espaço maior para cortes adicionais.

Na ausência de novidades relevantes no cenário, os ativos de risco operam próximos a estabilidade neste momento. Na agenda do dia, destaque para o Durable Goods Orders nos EUA. Vale a pena ficar de olho no Congresso Americano. A agenda legislativa começa a caminhar de maneira mais fluida, o que pode destravar a pauta para as negociações em torno de reformas econômicas, fiscais e tributárias ao longo do segundo semestre do ano.

No Brasil, como era amplamente esperado, o BCB cortou a Taxa Selix em 100bs. O comunicado após a reunião deverá ser lido como “dovish” pelo mercado. O BCB deixou em aberta a possibilidade de manutenção do ritmo de corte de juros em 100bps, pelo menos na próxima reunião do Copom. Olhando do cenário atual, com as previsões de inflação apontadas pelo Copom, existe espaço para o corte da Taxa Selic abaixo de 8% neste ciclo econômico, e com alguma antecipação dos cortes.

Espero que o mercado apresente um relevante fechamento de taxa na parte curta da curva, com um “Bull Steepening” da mesma, ou seja, um fechamento ao longo de toda a curva, mas com a parte curta/intermediária apresentando fechamento de taxa superior a parte longa da curva. Eu continuo mantendo recomendação para alocação na parte curta da curva, com a compra de inflação implícita na parte intermediária da curva, estratégia que venho mantendo já há bastante tempo e ainda me parece pertinente.

 A Folha de São Paulo traz matéria de capa em que afirma que a base aliada do governo não vê a possibilidade de aprovação da Reforma da Previdência neste mandato.

http://www1.folha.uol.com.br/mercado/2017/07/1904664-aliados-de-temer-querem-que-reforma-da-previdencia-fique-para-2019.shtml. Acredito que a possibilidade de aprovação da Reforma, no atual cenário, seja remota. Contudo, acredito que existe um “plano B” dentro do Governo para avançar em alguns pontos importantes da agenda econômica, mesmo que na ausência de uma Reforma da Previdência ampla. Como o mercado tem mostrado, enquanto o cenário externo estiver tranquilo, e a o ambiente cíclico da economia local favorável (inflação baixa, juros em queda, estabilização do crescimento, contas externas saudáveis e etc), o mercado mostra disposição em “ignorar” este tipo de “risco de cauda”. O risco retornará a agenda quando estas condições anteriores eventualmente vierem a desaparecer. As reformas econômicas e, em especial, a Reforma da Previdência, é um evento fundamental e indispensável para o sustentabilidade do país no longo-prazo.




Data: 26/07/2017

Fed, Markets and Beyond. 

 

O destaque do dia ficou por conta da reunião do FOMC, nos EUA. Na minha opinião, tanto a decisão, quanto o comunicado, ficaram estritamente em linha com as expectativas. O Fed fez um “market to market” da atividade, mercado de trabalho e inflação, e sinalizou para o anúncio do começo da redução do seu balanço na reunião de setembro. Todos esses vetores já eram amplamente esperados pelo mercado.

De qualquer maneira, observamos uma reação dos ativos de risco como se a decisão tivesse sido mais “dovish” do que as expectativas. Como tenho escrito neste fórum, o mercado está em uma clara dinâmica de “risk-on”, baseado em um pano de fundo de crescimento global saudável/robusto, uma inflação baixa no mundo desenvolvido e condições financeiras globais frouxas. Enquanto não houver uma mudança definitiva deste cenário, fica difícil de ver uma alteração relevante na dinâmica do mercado e na postura dos investidores. Por isso, tenho insistido que “the pain trade is up”, em uma analogia ao fato de que os ativos de risco, no geral, devem continuar se apreciando, na ausência de novidades relevantes (não que eu esteja nesta mesma ponta). Neste momento, a posição técnica, os níveis de preço e o valuation dos ativos tem importando pouco nesta equação.

Para não insistir neste tema, coloco aqui o link do texto deste mês do famoso e reconhecido investidor Howard Marks. Neste texto, Marks toca em muitos dos temas que tenho apontando neste fórum nas últimas semanas, como valuations “esticados”, leniência excessiva, posição técnica comprometida em alguns mercados, e etc, mostrando alguns sinais preocupantes (que já apontei neste fórum outras vezes), como a emissão de bonds de 100 anos na Argentina, a forte captação de fundos de Private Equity, entre outros. Obviamente, Marks escreve de forma muito mais formal, explicativa e detalhada do que meus breves comentários. Dado sua experiência, sua reputação e seu comprovado desempenho ao longo do tempo, acredito que o texto seja um “must read” para qualquer investidor atual:

https://www.oaktreecapital.com/docs/default-source/memos/there-they-go-again-again.pdf

Encerro por hoje reafirmando que não mantenho posições negativas no portfólio, mas continuo focado em temas específicos, tentando sair um pouco dos “plays” de “risk-on”/”risk-off” ou da busca de grandes tendências com correlações elevadas. 




Data: 26/07/2017

Brasil: Situação fiscal demanda cautela.

 

O destaque desta manhã fica por conta da alta no preço das commodities metálicas não preciosas. Os demais ativos de risco operam em compasso de espera para a decisão do Fed.

No Brasil, os jornais estão dando ampla cobertura às dificuldades que o Governo está enfrentando para fechar as contas públicas deste ano, e cumprir a meta fiscal estabelecida. As opções são cada vez menores e mais arriscadas, como receitas extraordinárias incertas, altas impopulares de impostos e, agora, ganha corpo, a possibilidade de alteração da meta fiscal.

Acredito que a alteração da meta seja extremamente negativa, pois mostra certa perda de poder político de Meirelles e equipe. Além disso, traz novamente a tona um quadro fiscal preocupante e insustentável no longo-prazo, na ausência de reformas estruturantes. De qualquer maneira, tenho dúvidas se os ativos locais irão reagir fortemente a este tipo de “news flow”. Enquanto os mercados externos estiverem tranquilos/construtivos, é difícil de ver uma reação de ruptura dos ativos locais. Podemos observar alguma under-performance em relação aos pares, steepening de curva, aumento de inflação implícita, e etc. De qualquer maneira, este tema voltou ao foco do mercado e deverá ser tratado com a devida cautela.

No cenário externo, destaque para Austrália cujos dados de inflação de junho ficaram abaixo das expectativas do mercado. Membros do RBA voltaram a afirmar que o país segue o seu ciclo próprio de ajuste monetário e não deveria reagir aos demais bancos centrais globais. Neste momento, observamos alguma pressão no AUD e um fechamento de taxa dos juros do país.




Data: 25/07/2017

Reflation and Technicals:

 

Os ativos de risco voltaram a operar com uma dinâmica de “Reflation”, ajudado por um quadro técnico favorável. Alguns eventos de hoje estão ajudando a rodada de reprecificação dos ativos de risco, que podem continuar nesta direção nos próximos dias:

- O IFO na Alemanha atingiu um novo pico deste ciclo econômico, mostrando uma atividade sólida e perspectivas positivas de crescimento;

- O Consumer Confidence nos EUA apresentou uma inesperada elevação em julho, ficando próximo ao pico deste ciclo econômico. A abertura qualitativa do indicador mostrou um quadro de aperto adicional do mercado de trabalho, que se mostra já no pleno emprego;

- Trump está prestes a atingir sua primeira vitória no Congresso, conseguindo um avanço, mesmo que ainda incerto, para a resolução do impasse do Health Care Bill.

Aliado a tudo isso, temos um quadro técnico relativamente saudável para as posições em prol do “Reflation” e as vésperas da reunião do FOMC. Apenas a título de exemplo, a posição técnica do dólar é a mais “vendida” deste ciclo econômico, ou desde 2013, as vésperas do “Taper Tantrum”. A posição “comprada” em títulos de Treasury 10 anos no mercado futuro também é a maior deste ciclo.

De maneira geral, não estou alterando minha visão central, e nem mesmo as principais recomendações de alocação. Continuo focado em temas específicos, vendo pouco prêmio em “plays” de risco. Entendo que “the pain trade is up”, e que podemos seguir na toada de apreciação dos ativos de risco como um todo, enquanto não houver um “trigger” que altere está dinâmica. Contudo, não acho que faça sentido “continuar nesta dança” e prefiro focar em temas específicos.

Mantenho recomendação tomada em taxas de juros longos em alguns países de G10. Gosto de exposição a parte curta da curva de juros no Brasil e compra de inflação implícita na parte intermediária da curva. A única alteração relevante de recomendação nos últimos dias fica por conta de uma pequena compra de volatilidade, como um hedge que julgo ser assimétrico nos atuais níveis.

Não tenho visão estrutural para o dólar no mundo, mas entendo que a posição técnica, nos atuais níveis de preço, pode trazer alguma realização de lucros (alta do dólar) em algum momento dos próximos dias. A posição técnica da Treasury 10 anos, aliada aos níveis que estão sendo testados, podem levar a mais uma rodada de alta de taxas no curto-prazo. A reunião do FOMC amanhã será determinante para isso.

No Brasil, os ativos locais seguiram basicamente o humor global a risco, como já vem sendo regra nas últimas semanas. A situação fiscal do país voltou ao foco recentemente, com a alta de impostos e o burburinho em torno da necessidade de medidas adicionais para o cumprimento da meta fiscal deste ano.

A situação fiscal do país é preocupante não é de hoje, e as soluções são duras. Reformas estruturantes, alta de impostos, ou algum tipo de default (oficial ou “oficioso”). Isso era verdade há um mês, era verdade há uma semana e continua a ser verdade hoje. O mercado apenas “escolhe” o que olhar, e ao que dar peso maior, em cada momento do tempo.

De forma geral, mantenho minha visão de não ver grandes assimetrias no BRL, na curva longa de juros e no Ibovespa (como índice, como um todo). Entendo que existam bons “cases” micro, a bons preços, mas o meu foco aqui é macro alocação. Por ora, não vejo cenário de rompimento dos ativos locais nem para o lado negativo, e nem para o lado positivo. Até por isso, a estratégia tem sido focar em temas específicos, e assimetrias que julgo serem mais claras.

De forma geral, contudo, vejo pouco prêmio para eventuais “eventos de cauda” nos ativos locais, por mais as probabilidades de ocorrências sejam baixa. Assim, optei por exposição na parte intermediária de inflação implícita, onde consigo ver vários cenários (positivos ou negativos) em que possam ocorrer reprecificações relevantes nesta classe de ativos.  




Data: 25/07/2017

Brasil: Notícias mais negativas.

 

O destaque desta manhã fica por conta da alta no preço das commodities metálicas não preciosas. As bolsas da Europa operam em leve alta, com o dólar praticamente estável e os juros nos países desenvolvidos apresentando leve abertura de taxas.

Na Alemanha, o IFO – um dos indicadores de confiança mais importantes de toda a Europa – apresentou mais um mês de alta, atingindo um novo pico para este ciclo econômico. O número continua apontando para um crescimento saudável e robusto no país. Segundo o Morgan Stanley: Above consensus and our expectations, the Ifo headline business climate increased by 0.8 points to 116.0 in July. This print marks another all-time high. The index now stands at 2.0 SD above its LTA. The headline print continues to point to a strong outlook for the remainder of 2017. The headline number was driven by both current conditions as well as expectations. In detail, current conditions improved by 1.3 points to 125.4, which also marks a new record high. In other words, current conditions are now standing at 2.2 SD above LTA. Expectations increased by 0.5 points to 106.8, and continue pointing to an optimistic outlook for the rest of the year.

No Brasil, os jornais de hoje trazem notícias um pouco menos animadoras. Existe a possibilidade do retorno da “Bandeira Vermelha” na energia elétrica, o que poderia adicionar alguns bps na inflação até o final do ano.

Além disso, mesmo com a alta de impostos já anunciada, ainda existe o risco do descumprimento da meta fiscal deste ano. Existe hoje dentro do governo um debate se não é o caso de rever a meta deste ano. Vale lembrar que quando a meta foi estabelecida, existia quase que um consenso que o “rombo” esperado era elevado e seria, de certa forma, fácil atingir a meta deste ano. A realidade está se mostrando mais dura do que o previsto. Isso pode trazer a tona os riscos da ausência de reformas econômicas e fiscais estruturantes.

Segundo matéria de O Globo: O Planalto pressiona a Fazenda a permitir rombo fiscal maior este ano, para liberar recursos a órgãos públicos. O ministro Henrique Meirelles resiste.

BRASÍLIA- O risco real de paralisação completa da máquina pública por falta de recursos (o chamado shut down) levou o governo a começar a discutir uma revisão da meta fiscal de 2017, que hoje é de déficit primário de R$ 139 bilhões. A medida, no entanto, é polêmica. Ela têm o apoio da ala política, mas não do ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, para quem um aumento do rombo nas contas públicas agora seria um golpe na credibilidade de política econômica. Os interlocutores da Fazenda destacam que, embora tenha feito avanços importantes na área fiscal ao fixar um teto para os gastos públicos, o governo não conseguiu aprovar a agenda mais crucial — a reforma da Previdência — e, portanto, não teria condições de arcar com os custos de alterar a meta, algo que lembra os tempos do PT, num momento de fragilidade política do próprio presidente Michel Temer. Segundo interlocutores próximos a Meirelles, a própria permanência do ministro no cargo poderia ficar condicionada à preservação dos R$ 139 bilhões.

— Se a reforma da Previdência já tivesse sido aprovada, a conversa poderia até ser outra. Mas, sem a reforma, que está cada vez mais distante, mexer na meta é muito ruim — disse um interlocutor do governo, lembrando que o compromisso fiscal é uma bandeira de Meirelles.

Em artigo no Valor: A bandeira tarifária, mecanismo que cobra valor adicional nas contas de luz para sinalizar ao consumidor a necessidade de acionamento de usinas mais caras, pode voltar ao primeiro patamar da cor vermelha em agosto, após dois meses. Esse patamar gera um acréscimo na tarifa de R$ 3,00 a cada 100 quilowatts-hora (kWh) consumidos. A possibilidade de acionamento do primeiro patamar da bandeira vermelha se deve à ausência de chuvas no mês de julho, fato que influencia as previsões para a primeira semana de agosto, período de referência para a definição da bandeira tarifária. Especialistas e empresas consultados pelo Valor consideram a possibilidade de o preço de liquidação de diferenças (PLD) - preço de energia no mercado de curto prazo - para a primeira semana de agosto, superar o valor de R$ 422 por megawatt-hora (MWh), que configura o primeiro patamar da bandeira vermelha. A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) anunciará na sexta-feira a cor da bandeira de agosto.




Data: 24/07/2017

Update

 

Os ativos de risco voltaram a dar sinais de realização de lucros. Nesta manhã, vejo mais uma rodada de queda nas bolsas da Europa e de alta no dólar contra as moedas emergentes. No geral, contudo, os movimentos ainda são bastante tímidos. Assim, continua valendo o que escrevi no domingo pela manhã, que copio na parte final deste e-mail.

O único destaque relevante ficou conta do Flash PMI na Europa. O numero ficou abaixo das expectativas, mas em patamar ainda consistente com um crescimento saudável. Acredito que seja natural flutuações dos indicadores de confiança em torno dos atuais níveis. Chegamos a patamares extremamente elevados historicamente. Estes níveis não costumam ser sustentáveis indefinidamente. O mais importante, neste momento, é medir a magnitude e a sustentabilidade das eventuais correções.




Data: 24/07/2017

A narrativa continua sendo: "As long as the music is playing, you’ve got to get up and dance."

 

Na sexta-feira observamos uma leve realização de lucros nos ativos de risco. Destaque para a queda das bolsas na Europa, para a queda no preço do petróleo e para o movimento de dólar forte contra moedas emergentes. Acredito que estes movimentos sejam normais, naturais e saudáveis diante da apreciação verificada ao longo dos últimos meses. Não vejo os movimentos de sexta-feira como mudanças de tendências ou de narrativa por parte dos ativos de risco (ou uma mudança de postura por parte dos investidores).

Continuo vendo um pano de fundo relativamente tranquilo, em que impera o que ficou cunhado como “Goldilocks” (crescimento saudável, inflação baixa e condições financeiras frouxas). Contudo, mantenho minha postura mais cautelosa frente a níveis de preços menos atrativos, valuations idem e uma posição técnica que se deteriora a cada novo dia. Por ora, contudo, ainda não vejo um trigger claro para a mudança de tendência ou de narrativa por parte dos mercados financeiros globais.

Alguns indicadores técnicos que me chamam a atenção, e valem ser citados como, são: Uma posição técnica vendida em dólar nos níveis mais altos deste ciclo; a alta das bolsas nos EUA cada vez mais concentrada em poucas empresas; níveis de P/E dos principais índices norte americanos nos níveis pré “estouro da bolha” de 2001; sell-sides com títulos como “Better Than Goldilocks”; VIX e MOVe em pisos históricos, e etc.

Fazer o “market timing” de reversões de tendências e/ou de correções de curto-prazo é sempre muito difícil. Afirmar que algumas classes de ativos estão em “níveis de bolha” também é sempre muito difícil. Como já falou muito bem Keynes: “The market can stay irrational longer than you can stay solvent.” E como completou o ex CEO do Citigroup antes da crise de 2008: "As long as the music is playing, you’ve got to get up and dance." Acredito que o momento seja de manter o foco em temas específicos, sempre buscando hedges e posições que podem parecer assimétricas. Não acho que seja o momento de “continuar dançando” e nem mesmo de “apostar contra as tendências”, mas certamente este momento chegará.

O WSJ traz dois artigos importantes hoje. Acho que não são capazes de alterar a narrativa dos mercados, mas podem ter alguma atenção no curto-prazo.

Primeiro, o Congresso nos EUA aprovou medidas que visam manter uma postura dura com relação a Rússia e evitam tirar poder de manobra de Trump em relação ao tema: vejam aqui: https://www.wsj.com/articles/u-s-lawmakers-reach-deal-on-new-sanctions-against-russia-1500761321

Segundo, o Premier chinês autorizou os órgãos reguladores em continuar investigando os deals fechados por alguns dos maiores conglomerados do país. Podemos ler a matéria completa aqui: https://www.wsj.com/articles/chinas-latest-clampdown-on-overseas-investing-has-president-xis-approval-1500802203

Acredito que esta medida na China seja positiva do ponto de vista de longo-prazo, pois evita os excessos em alguns setores da economia. Contudo, no curto-prazo, a medida poderá gerar volatilidade na bolsa local, reduzir o crescimento e gerar alguns ruídos em torno do setor corporativo. Os policy makers parecem estar se aproveitando de um momento de crescimento mais positivo para implementar medidas extremamente importantes de longo-prazo, mas cujos efeitos de curto-prazo podem trazer volatilidade e incertezas.

No Brasil, os jornais estão focados no aumento dos combustíveis após o anuncio da alta de impostos, mas sem novidades para o cenário econômico. Como já escrevi aqui, nossa área econômica espera um impacto da ordem de 60bps na inflação deste ano. Por ora, este aumento deverá ter pouco impacto sobre a política monetária, mas precisaremos acompanhar os efeitos secundários sobre a inflação nos próximos meses.

As contas externas de junho, divulgadas na sexta-feira, confirmaram um quadro de tranquilidade. A conta corrente continua sendo amplamente financiada por IED, fluxos que são vistos como de longo-prazo.




Data: 21/07/2017

Brasil: Aumento de impostos.

 

No Brasil, o governo anunciou o tão esperado aumento de impostos sobre combustíveis. Se, por um lado, a medida já era esperada, por lado, a magnitude do aumento foi superior as expectativas. Segundo cálculos da nossa área econômica, o impacto no IPCA deve ser entre 60bps e 70bps. Como a equipe já incorporava algum aumento de imposto para este ano, a previsão de IPCA para 2017 deverá se elevar de 3,2% para 3,5%. 

Considerando apenas os efeitos de primeira ordem, a medida deverá ter pouco impacto para política monetária de curto-prazo. Contudo, a postura do governo traz à luz as dificuldades encontradas pelo país para atingir as metas fiscais, em um pano de fundo de restrição via teto do endividamento, pouco espaço para cortes adicionais de gastos e fraco crescimento da economia (e, consequentemente, da arrecadação). Assim, o mercado retoma a discussão de que novos aumentos de impostos podem ser necessários nos próximos anos, na ausência de reformas fiscais mais estruturais e relevantes, como a Reforma da Previdência.

Na Austrália, um membro do RBA veio a público desfazer um mau entendido em relação as Minutas da última reunião de política monetária, apontando para um cenário de estabilidade dos juros que, agora, ficou entendido como mais dovish do que a mensagem que havia sido entendida no momento de divulgação das Minutas.. Neste momento, o AUD opera sobre pressão e os juros no país apresentam fechamento de taxas.




Data: 20/07/2017

Brasil: Desinflação continua acentuada.

 

No Brasil, o IPCA-15 de julho ficou abaixo das expectativas, confirmando um cenário de forte desinflação no país. O número ajudou a dar ímpeto ao movimento de fechamento de taxas de juros, mesmo com as especulações de aumento de impostos. Observamos um movimento claro de elevação das inflações implícitas e steepening da curva. 

 

Continuo recomendando alocação na parte curta da curva nominal de juros, mas concentrado em estruturas de opção. Continuo gostando bastante das inflações implícitas na parte intermediária da curva. Além da assimetria positiva, com pouco prêmio nos anos posteriores a 2018, a posição pode se favorecer de cenário de ajuste fiscal via impostos, ou se proteger de eventuais “cenários de cauda” para o Brasil (não que este seja o cenário base). 

 

O mercado de renda variável parece estar passando por um momento em que está digerindo uma janela de IPOs, o que está impedindo que o Ibovespa siga o movimento global de alta das bolsas e o bom desempenho do BRL e do mercado de juros. 

 

Na Europa, o ECB, na figura de Mario Draghi, deu uma aula de política monetária. Ele conseguiu manter a volatilidade do mercado de juros baixa, sem movimentos relevantes entre a abertura e o fechamento. O ECB, assim, conseguiu manter as taxas de juros de mercado em níveis cerca de 20 a 30bps superiores ao que eram antes de Sintra, evitando um aperto adicional das condições financeiras, mas evitando uma reversão dos movimentos de abertura de taxa atingidos após as sinalizações recentes.

 

Contudo, por sinalizar despreocupação com a alta recente do EUR, apontando condições financeiras ainda frouxas, Draghi acabou favorecendo uma alta adicional da moeda. Acredito que esta não era sua intensão, mas os atuais níveis ainda não parecem incomodar o ECB. 

 

Nos EUA, o Jobless Claims se manteve nos níveis mais baixos da história, mostrando um mercado de trabalho extremamente robusto. Um leilão de TIPs de 10 anos apresentou a menor demanda em cerca de 9 anos, o que acabou afetando o mercado de Treasury durante a tarde. 

 

Ainda acredito que vale o meu comentário de ontem. Após os recentes dados de inflação mais baixos no mundo desenvolvido, o mercado deixou de lado a teoria do “Consenso de Sintra”, em prol de um cenário em que não há pressa para dar continuidade ao processo de normalização monetária nos países de G10.

 

Concordo que dificilmente existe espaço para um discurso por parte dos bancos centrais que cause ruptura nos mercados, na ausência de dados de inflação mais robustos. Contudo, acho difícil que os principais BCs do mundo abandonem totalmente a disposição em dar continuidade ao processo de normalização monetária, mesmo que de forma gradual, em um ambiente em que as condições financeiras apresentaram afrouxamento adicional nas últimas duas semanas, em especial nos EUA. 

 

Acho que faça sentido os bancos centrais reduzirem medidas extraordinárias como QE e seus balanços, frente a um cenário de crescimento mais robusto e com riscos de cauda reduzidos. A inflação baixa, contudo, permite que os juros se mantenham baixos e que o processo de normalização monetária caminha de forma gradual.  




Data: 20/07/2017

Brasil: Solução via imposto. Inflacionário!

Os ativos de risco estão operando próximos a estabilidade. Destaque apenas para um leve movimento de dólar forte, especialmente contra moedas emergentes e aquelas mais dependentes de commodities. O movimento parece mais um ajuste de posições antes do ECB do que uma mudança clara de tendência.

No Brasil, os jornais de hoje estão dando como certa a implementação do PIS/Cofins em combustíveis. As matérias ainda estão desencontradas em relação a maginitude desta elevação. Contudo, ontem ventilava-se uma elevação de cerca de 10 centavos por litro. Hoje se ventila uma elevação entre 20 e 30 centavos, em busca de uma arrecadação de R$10 bilhões este ano e R$20 bilhões ano que vem. A medida teria impacto relevante na inflação de curto-prazo, mas pouco impacto sobre a política monetária. Assim, reafirmo o que escrevi na tarde de ontem:

A mídia está dando como certa o aumento de impostos de combustíveis. Acredito que a estratégia do governo seja correta, diante das dificuldades de caixa da União e de um cenário inflacionário benigno. Confesso, inclusive, que se estivesse na posição deles elevaria o imposto de forma superior ao que está sendo ventilado. O mercado já assimilou bem a alta de impostos, e o governo ganharia “gordura” de arrecadação em um momento delicado para as contas públicas.

Este é um dos motivos que vejo grande assimetria nas inflações implícitas da parte intermediária da curva. A parte curta já precifica uma inflação baixa nos próximos 18 meses, mas vejo vários cenários possíveis em que a inflação seja mais alta após este período, ou que pelo menos o mercado precifique uma inflação mais elevada à frente. Necessidade de aumento de imposto, recuperação da economia com fechamento do hiato, possíveis problemas fiscais, e etc. O ganho pode ser auferido tanto em cenários de “catástrofe”, quanto em cenários positivos, mas com necessidades de ajustes.

No Japão, como era amplamente esperado, o BoJ manteve sua política monetária inalterada, promovendo apenas algumas mudanças em seu comunicado. A medida não muda em nada o cenário para o país. Segundo o Morgan Stanley: In the quarterly Outlook Report, the BoJ lowered its median forecast for price change, mainly in FY 2017-18 (F3/18-19), versus previous levels from the April report(Exhibit 2). Downward revision margins in FY 2017-18 were on track with media reports and did not offer any new surprises. These reductions constitute mark-to-market adjustments reflecting recent sluggish inflation, and the BoJ maintains its fundamental story of a moderate upward trend in prices driven by improvements in the output gap and the rise in mid-to-long-term inflation expectations. Upward revisions of the real GDP forecast, meanwhile, show that the BoJ is becoming even more bullish about economic prospects. The +1.8% growth rate for FY 2017 (vs. +1.6% previously and our +1.6% estimate) indicates that the BoJ might be using a fairly strong value as the Apr-Jun GDP (due out on August 14) forecast.

Na China, a medida oficial de fluxo mostrou um cenário de relativa estabilidade, com fluxos levemente negativos, porém em patamares confortáveis. Segundo o mesmo Morgan Stanley: June outflows still subdued: FX-denominated outflows (adjusted for forward contract positions) edged up to US$5.3bn in June (vs. US$4.0bn in May) due to increased net outward FDI (US$2.6bn in June vs. US$0.3bn in May). On the other hand, RMB-denominated outflows eased to US$14.7bn in June (vs. US$17.1bn in May). As a result, our estimated total cross-border outflows (sum of FX settlement and RMB settlement) edged down to US$20bn in June (vs. US$21bn in May), significantly lower than the average monthly outflows of US$55bn in 4Q16.

Na Austrália, os dados de mercado de trabalho voltaram a se mostrar robustos em junho, ficando dentro das expectativas do mercado, que já eram expectativas positivas. A despeito dos números positivos, o AUD apresenta leve queda neste momento. Segundo a Goldman Sachs: On face value, Australia’s June labour market report printed in line with solid consensus forecasts (Jobs: +14k, BBG: +15k; unemployment rate: 5.6%; BBG: 5.6%), but there are several reasons we would characterize it as compositionally to the stronger side of expectations. Firstly, jobs growth was skewed to full-time positions (+62.0k), contributing to the fastest annual growth since mid-2011 in trend terms (+2.1%yoy). Secondly, annual growth in hours worked rose to its equal fastest pace since 3Q2011. Thirdly, while the unemployment rate was unchanged at 5.6%, this was on higher-than-expected rates of participation – with the participation rate rising no less than +40bp in the past 5 months. And finally, jobs growth was regionally broad-based. Overall, today's update is adding to evidence that the Australian labour market is in good health. The momentum is consistent with alternative measures of labour conditions and we note that leading indicators suggest this momentum will be sustained. 




Data: 19/07/2017

Still, "no news is good news!".

A quarta-feira foi mais um dia em que valeu a máxima de que “no news is good news”. Não há alteração no cenário que tenho descrito neste fórum nos últimos dias. Na ausência de novidades relevantes no cenário, a sazonalidade do verão no hemisfério norte, aliado a um ambiente ainda construtivo (crescimento global saudável, inflação baixa e liquidez abundante), deverá continuar favorecendo os ativos de risco.

Vale ressaltar, contudo, que os próximos 7 dias serão fundamentais. Teremos as decisões do BoJ, ECB e Fed, além da decisão do Copom no Brasil. Após os recentes dados de inflação mais baixos no mundo desenvolvido, o mercado deixou de lado a teoria do “Consenso de Sintra”, em prol de um cenário em que não há pressa para dar continuidade ao processo de normalização monetária nos países de G10.

Concordo que dificilmente existe espaço para um discurso por parte dos bancos centrais que cause ruptura nos mercados, na ausência de dados de inflação mais robustos. Contudo, acho difícil que os principais BCs do mundo abandonem totalmente a disposição em dar continuidade ao processo de normalização monetária, mesmo que de forma gradual, em um ambiente em que as condições financeiras apresentaram afrouxamento adicional nas últimas duas semanas, em especial nos EUA. 

Diante do exposto, continuo focado em temas específicos e evitando exposição direcional. O movimento do mercado não me surpreende. Me deixa incomodado, obviamente, mas não me anima em adicionar recomendações direcionais relevantes. Posição técnica e nível de preços me incomodam nos atuais níveis.

No Brasil, a mídia está dando como certa o aumento de impostos de combustíveis. Acredito que a estratégia do governo seja correta, diante das dificuldades de caixa da União e de um cenário inflacionário benigno. Confesso, inclusive, que se estivesse na posição deles elevaria o imposto de forma superior ao que está sendo ventilado. O mercado já assimilou bem a alta de impostos, e o governo ganharia “gordura” de arrecadação em um momento delicado para as contas públicas.

Este é um dos motivos que vejo grande assimetria nas inflações implícitas da parte intermediária da curva. A parte curta já precifica uma inflação baixa nos próximos 18 meses, mas vejo vários cenários possíveis em que a inflação seja mais alta após este período, ou que pelo menos o mercado precifique uma inflação mais elevada à frente. Necessidade de aumento de imposto, recuperação da economia com fechamento do hiato, possíveis problemas fiscais, e etc. O ganho pode ser auferido tanto em cenários de “catástrofe”, quanto em cenários positivos, mas com necessidades de ajustes.

Estamos em uma janela bastante ativa de IPOs e emissões de papéis de dívida corporativa. Até o momento, as emissões estão sendo bem recebidas pelo mercado.

Nos EUA, a temporada de resultados corporativos continua, com bastante divergência entre empresas e setores. A agenda legislativa segue travada, mas a Casa Branca ainda busca superar o Health Care Bill para poder dar foco a agenda econômica. No cenário atual, o mercado precifica pouquíssimos avanços em ambas as frentes.




Data: 19/07/2017

Short term, no news is good news! Long term is less obvious.

Estive fora, em um evento externo, nos últimos 2 dias. Assim, o comentário de hoje se estende um pouco.

A sazonalidade do verão no hemisfério norte continua a favorecer uma baixa liquidez e movimentos menos acentuados. Na ausência de novidades relevantes no cenário, este pano de fundo deverá prevalecer.

Na Europa, a Bloomberg traz um artigo em que especula sobre os potenciais próximos passos do ECB, cuja reunião será amanhã. Segundo o artigo:

The ECB’s Frankfurt-based staff are examining scenarios for the future path of quantitative easing ahead of a Governing Council decision that is expected to take place in September or later, according to euro-area officials familiar with the matter. The people asked not to be named as the work is confidential. The analysis doesn’t mean a stimulus change is imminent. The staff’s preliminary work, which will be refined in coming weeks, includes the announcement of a tapering path, an extension of asset purchases at a reduced pace and a combination of strategies, two of the people said. Draghi himself will have the opportunity to set the stage for the September policy meeting when he attends the Kansas Federal Reserve’s symposium in Jackson Hole, Wyoming, on August 24-26.

Não vejo pressa, neste momento, para a retirada de liquidez por parte dos bancos centrais em G10 e, assim, nenhuma ruptura de curto-prazo, principalmente devido a uma inflação corrente baixa. Contudo, acredito que este processo de normalização monetária está em andamento, e deverá prevalecer nos próximos meses. O recente afrouxamento das condições financeiras, especialmente nos EUA, deve ser um vetor importante na função de reação do Fed.

No Brasil, os jornais trazem poucas novidades relevantes. O IPO do Carrefour Brasil saiu no preço mínimo, a despeito dos rumores de uma demanda elevada. A mídia continua ventilando possíveis medidas de arrecadação, dado o cenário ainda preocupante das contas públicas. O processo de privatização das hidrelétricas pretende arrecadar R$30bi. De qualquer maneira, a meta fiscal deste ano ainda está em risco a possibilidade de aumento de impostos é real e crescente.

No que tange a política monetária, o mercado se prepara para a reunião do Copom na semana que vem. Com a inflação corrente baixa, as expectativas de inflação contidas e em queda, uma inflação prospectiva baixa (pelo menos para 2017 e 2018) e uma recuperação econômica lenta e gradual, as expectativas hoje favorecem amplamente um corte de 100bps. A dúvida, neste momento, é qual a comunicação que o BCB irá tomar após esta reunião.

De maneira geral, acredito que precisamos diferenciar o cenário para os mercados de curto-prazo, do cenário de médio e longo-prazo. No curto-prazo, temos um ambiente de crescimento saudável, inflação baixa, condições financeiras frouxas e sem nenhuma ruptura ao redor do mundo. A posição técnica se deteriora e os preços dos ativos não me parecem atrativos nos atuais níveis e com o valuation atual. De qualquer maneira, na ausência de novidades relevantes, o mercado deverá permancer em compasso de espera, o que favorece, de maneira geral, ativos de risco e ativos de “carrego” (carry), como os ativos emergentes, bonds HY, HG, FX e etc.

No médio-prazo, diria do terceiro para o quarto trimestre do ano, poderemos ter uma conjunção de vetores menos positivos. A China aperta suas condições financeiras e administra o crescimento de excessos e bolhas em setores específicos. Passo o Congresso do Partido, em outubro/novembro, poderemos observar uma desaceleração da economia. Os bancos centrais em G10 paercem determinados em normalizar sua política monetária. Uma inflação mais elevada poderia dar ímpeto a este movimento. O ECB é hoje o grande comprador marginal de bonds. Um tapering poderia ter impactos ainda não mapeados ou totalmente precificados ao redor dos mercado. Nos EUA, a agenda legislativa está travada e própria sobrevivência de Trump poderá ser questionada. Entre outros argumentos.

Assim, continuo focado em temas específicos, e com dificuldade em recomendar posições direcionais de curto-prazo em ativos de risco. Continuo favorecendo a parte curta da curva de juros no Brasil, neste momento via estruturas de opção que se favorecem da extensão do ciclo de queda da Taxa Selic, no ritmo atual de 100bps de corte, com a possibilidade de redução do ritmo para 75bps após a reunião da semana que vem. Por assimetria, gosto da inflação implícita na parte intermediária da curva. Implícitas a 42%-4,3% me parecem com baixíssimo prêmio para um cenário de Brasil de médio-prazo. Ainda mantenho recomendação tomada em juros em G10. Continuo sem visão clara direcional  em FX e/ou nas bolsas globais. Acredito que “the pain trade is up”, mas acho que a posição técnica e os níveis de preços estão pouco atrativos.

Vou finalizar este texto com comentário do estrategista de FX do Morgan Stanley, um dos mais respeitados na área:

Extreme positioning. The USD has fallen to its lowest level since September 2016. The market is now the most USD bearish since April 2009 when our positioning tracker records began, warning us not to jump on the bandwagon of universal USD weakness. Differentiation seems warranted and hence we remain confident on our bullish USDJPY strategy. Tactically, it is important that the US 10-year yield has bounced from its 2.25% 200-day MA support and Asian equity markets are turning green. Today’s US data releases, such as building permits and housing starts, are both expected to register growth after recent weakness. Markets expecting permits to come in at 2.8%M (prev -4.9%) and housing starts at 6.2%M (prev -5.5%) and strong US earnings reports should help USDJPY too. Meanwhile, the Trump administration seems to be focusing on the tax reform with proposals likely turning more concrete in early September. Our point is that US headlines can hardly turn more negative from here. Expectations have reached a low point as expressed by bearish USD positioning. From a contrarian point of view, selected USD longs seems warranted.

Trading post QE. Moving away from QE and trying to normalise central bank balance sheets should, in the long-term, run against yielding assets and cause a repricing of risk. However, consolidating central bank balance sheets must be understood within the broader context of the combined commercial and central banks' balance sheets. It is the aggregate which counts and investors should not forget what brought QE into fashion. First, it was an emergency measure aimed at stabilising bearish expectations. Second, the central bank money bump was in reaction to commercial banks reducing their own balance sheets. The aim was to stabilise the aggregate of commercial and central banks' balance sheets.

History does not repeat itself, but it does rhyme. Experience makes us wiser and hence investors and policymakers should look into the rearview mirror to avoid making the same mistake twice. The 1936/37 Fed reserve requirement increased tightened conditions too fast, pushing the economy back into recession. This experience may be taken into account when tapering followed by central banks' balance sheet reduction are ahead. Caution will prevail. Against this measured approach stands the capital misallocation risk. Experience of the NASDAQ and subprime bubbles show that capital misallocation can store significant future deflationary potential. A repeat of the creation of another capital misallocation related deflation shock should be avoided, too. DM central banks seem to have entered a challenging run prone to mistakes. Yesterday, it was the former BoE’s Blanchflower suggesting that the Fed was making a big policy error by raising rates.

US real yield has declined, pushing real yields globally lower which should work in favour of equity markets, suggesting that the EM inflow will intensify. Only a few weeks ago, it appeared that the simultaneous rise of bonds and equities – what is nowadays called the risk parity trade – was complete. Likewise, investors preferring growth relative to value and the FANG trade all seem to be back on the agenda, seeing the KRW benefiting. S&P revising Mexico’s outlook to stable from negative has added to the risk bullish tone this morning.

Reflation, reflation. Simultaneously, reflation signs have returned, not only expressed by rising breakeven rates. The commodity markets also saw industrial material prices breaking higher. China’s steel price has recovered losses seen from its March high, iron ore has marched higher once again, and the outperformance of the CSI 300 is due to China’s material stocks pressing higher. It is only oil which continues to lag the trend as it deals with persistent signs of overcapacity. Overnight, Ecuador became the first OPEC member to publicly defy the cartel's agreed-upon production caps. While the country's increased output should not affect prices, as the amount it agreed to cut is very small compared to the size of global oil consumption, the move may prompt other small OPEC nations to follow suit which, in combination with rising North American shale energy supply, should keep oil offered relative to other commodities. 




Data: 19/07/2017

 "The pain trade is up!"

O dia foi de poucas novidades para o cenário econômico.

No cenário externo, a indefinição da agenda legislativa nos EUA favoreceu mais uma rodada de fechamento de taxas de juros e queda do dólar. O mercado de renda variável passa pela temporada de resultados, o que está promovendo uma forte rotação entre setores e empresas, com os índices de bolsa mantendo-se nos picos históricos. 

Assim, as condições financeiras não apenas se mantém frouxas, como apresentam afrouxamento adicional. Acredito que o Fed não está se sentindo confortável com este pano de fundo.

No Brasil, com o cenário político mais calmo, e a situação cíclica da economia bem definida, os ativos locais estão seguindo o humor global a risco. A perspectiva de cortes adicionais da taxa selic ajudam a ancorar a curva de juros.

Na ausência de novidades relevantes, este ambiente deverá prevalecer neste período de sazonalidade favorável. Eu continuo mantendo o foco em temas específicos, vendo os níveis atuais dos ativos de risco com cautela, mas entendendo que o pano de fundo favorece a continuidade das tendências recentes no curto-prazo. Vejo, no geral, assimetrias de risco muito menores em posições "compradas em ativos de risco" mas o "pain trade" ainda é de valorização dos mercados.




Data: 18/07/2017

Update.

Estou com acesso limitado ao computador, mas segue um resumo da noite.

O destaque da noite ficou por conta das Minutas do RBA na Australia. O documento foi lido como mais hawkish do que as expectativas, o que está dando forte suporte ao AUD e as demais moedas de G10. As Minutas são mais um sinal claro de conforto dos BCs desenvolvidos com o cenário corrente de crescimento, e um desconforto com as condições financeiras frouxas.

Na Inglaterra, o CPI de junho ficou bem abaixo das expectativas, também seguindo uma tendência global nos últimos dias. O número de hoje reduz a urgência de ajustes de curto-prazo, ou de qualquer processo de ruptura proveniente deste vetor (inflação/juros).

Nos EUA, à mídia está reportando que o Congresso irá abandonar a nova proposta para o Health Care Bill. Assim, o quadro político seguirá paralisado, e as expectativas de reformas econômicas devem continuar baixas, como já estão nos atuais níveis de preço.

Na China, os dados de preços dos imóveis foram positivos em junho. O Governo continua sua batalha em prol da redução da alavancagem da economia. Agora, estão lutando por uma redução dos retornos dos WMP, produto muito difundido e popular no país.

No Brasil, com o recesso político, a mídia da atenção para algumas questões econômicas.

A segunda rodada de repatriação está surpreendendo negativamente as expectativas. O Congresso aprovou a LDO com uma flexibilização do Teto dos Gastos. Do lado positivo, o IPO do Carrefour Brasil está com demanda forte, de 2x a oferta.

Sem novidades relevantes no cenário, deveremos continuar com baixa liquidez e a continuidade dos movimentos recentes.




Data: 17/07/2017

China: Dados positivos. PBoC mais hawkish.

Os ativos de risco estão operando próximos a estabilidade. O destaque da noite ficou por conta dos dados econômicos de junho na China. Os números mostraram uma economia ainda robusta, com crescimento acima das expectativas do mercado. O PIB do 2H, por exemplo, apresentou alta de 6,9% YoY, acima das expectativas de 6,8% YoY. Os dados de produção industrial, vendas no varejo e fixed asset investment, apresentaram expansão superiores às expectativas.

Por um lado, os números de hoje reafirmam um cenário de crescimento sólido e saudável, não apenas da economia chinesa, mas de toda a economia global. Contudo, por outro lado, os números de hoje abrem espaço para os policy makers chineses manterem uma política monetária e fiscal mais apertadas, visando administrar o eventual surgimento de excessos e bolhas na economia. Nesta frente, a National Financial Work Conference realizada ao longo deste final de semana manteve um tom mais hawkish que já vem sendo regra nos últimos meses. Segundo o Morgan Stanley:

Bottom line: The latest National Financial Work Conference, chaired by President Xi, confirms continued policy focus on reining in leverage and financial risks, including a pledge to continue with economic deleveraging (particularly in SOEs), and establishing a Financial Stability Development Committee to enhance policy coordination and close regulatory loopholes. We think it indicates that policymakers will maintain a hawkish bias on regulatory requirements and keep monetary conditions relatively tight to slow broad credit growth.

Highlights of the conference: The conference (held every five years) sets the key reform and regulatory framework for China’s financial industry. The past four had a special role in boosting financial developments over the past 20 years, such as establishing AMCs and recapitalization of the big four banks in 1997, creating a banking regulator and shareholding reforms for state-owned banks in 2002, promoting bond financing and launching a sovereign wealth fund in 2007, and further liberalizing the capital account in 2012 (Exhibit 1). However, during the latest (held on July 14-15), the focus has shifted from boosting developments to reining in financial risks and leverage. Whereas the Premier chaired the past four conferences, the President chaired the latest one, suggesting that top leaders have put a higher priority on risk management in the financial system.

The three key tasks listed by President Xi are to make the financial sector serve the real economy better, contain financial risks, and deepen financial reforms.

No Brasil, os jornais do final de semana trouxeram pouquíssimas novidades relevantes. 




Data: 14/07/2017

EUA: Inflação baixa, crescimento OK, Fed sem pressa = Risk On!

O “Consenso de Sintra” parece ter ficado para trás. Da mesma maneira rápida e inesperada com que atingiu os mercados financeiros globais, ele perdeu validade, pelo menos no curto-prazo.

A bateria de números econômicos divulgados hoje nos EUA mostrou um quadro de crescimento abaixo do esperado, com uma inflação que ainda surpreende para baixo, sem sinais consistentes de aceleração. As vendas no varejo apresentaram quedas, abaixo das expectativas de elevação. A produção industrial surpreendeu levemente para cima, enquanto o Michican Confidence caiu marginalmente, mas com as expectativas de inflação apresentando elevação.

A sazonalidade do verão no hemisfério norte, aliada a aparente ausência de riscos no curto-prazo está favorecendo um cenário de “risk-on” clássico. Este pano de fundo deverá se manter, até que alguma novidade relevante apareça no cenário.

Eu não acredito que os bancos centrais nas principais economias do mundo tenham abandonado a disposição em dar continuidade ao processo de normalização monetária, mas os dados recentes, em especial nos EUA, reduzem os “riscos de cauda” de um processo de ruptura ao longo do caminho.

No Brasil, o IBC-Br apresentou queda de 0,5% MoM, abaixo das expectativas de alta de 0,2% MoM. O número apenas confirma um cenário de crescimento fragilizado. Ainda trabalhamos com um processo de estabilização do crescimento, com uma recuperação extremamente lenta e gradual da economia.

Seguimos em um cenário cíclico favorável, com inflação extremamente baixa, expectativas de inflação contidas e perspectivas de cortes de juros. O crescimento mostra sinais de estabilização, mesmo que sem sinais claros de recuperação sustentável. As contas externas estão tranquilas, mas o fiscal ainda preocupa. O quadro político deverá oscilar entre momentos de euforia e momentos de maior preocupação.

O pano de fundo global, aliado aos avanços positivos conquistados na agenda econômica e política, estão ajudando o bom desempenho dos ativos locais. Tenho afirmado que não vejo grandes assimetrias nos mercados de BRL, Renda Variável e Juros Longos. Minha visão de curto-prazo se mostrou errada, pois o alinhamento dos vetores locais e externos está ajudando a dar ímpeto aos movimentos positivos de todos os ativos locais.

Continuo optando por manter recomendações e alocações mais neutras e menos direcionais, focada em temas específicos. No Brasil, ainda gosto de exposição a parte curta da curva de juros e da compra de inflação implícita na parte intermediária da curva. Não tenho um cenário claro para o BRL. Ainda acredito que ele se manterá em um grande “range” no curto-prazo, talvez entre 3,1-3,3. Estou sem visão direcional no Ibovespa. No cenário externo, tenho pouca visibilidade no mercado global de FX, mas ainda gosto de posições tomadas em taxas de juros em alguns países de G10, administrando tamanho e instrumentos. 




Data: 14/07/2017

Agenda do dia será determinante.

Os ativos de risco estão operando a espera do Core CPI, do Retail Sales e do Michigan Confidence nos EUA. A agenda de hoje será extremamente importante para a dinâmica de curto-prazo dos mercados financeiros globais.

De maneira simples, acredito que mais um Core CPI baixo, diria abaixo de 0,2% MoM, dará a impressão de uma inflação inexistente, o que permite ao Fed ser ainda mais gradual em seu processo de normalização monetária. Com o crescimento saudável e o mercado de trabalho robusto, deveremos ficar diante de mais uma rodada de busca por ativos de risco, no que ficou conhecido como “risk-on”.

Um número um pouco mais “parrudo” de Core CPI, digamos acima de 0,2% MoM, poderá confirmar a visão do Fed de que o arrefecimento recente da inflação é temporário, e o cenário de elevação gradual dos índices de preço ainda é válido. Neste ambiente, o mercado irá lembrar que existe um consenso no G10 de que a política monetária precisa ser gradualmente normalizada. Assim, poderem observar uma nova rodada de abertura de taxas de juros que, dependendo da velocidade e da magnitude, poderá ter impactos relevantes sobre os ativos de risco como um todo.

No Brasil, o “clima” mudou bastante ao longo da semana. Além de um pano de fundo externo mais positivo para os mercados emergentes, o Governo conseguiu vitórias importantes, que colocam Temer de volta ao “jogo político”. A Reforma Trabalhista foi aprovada por um placar elástico, Lula foi condenado em primeira instância, Gedel Viera Lima, grande aliado de Temer, teve sua prisão “relaxada” para domiciliar e, agora, o relatório a favor da denuncia de Temer foi derrotado na CCJ.

Em suma, a despeito de todos os ruídos políticos, a pauta econômica avança. Os passos são naturalmente mais lentos do que anteriormente, mas a equipe econômica continua trabalhando e firme em sua função. Além disso, o Governo mostrou novos sinais de articulação política ao longo dos últimos dias.

Continuo favorecendo os temas de normalização monetária no G10, mas sabendo que a agenda de hoje poderá ser determinante para o curto-prazo. Precisamos estar preparados para ajustar tamanhos e instrumentos da posição após os dados desta manhã. No Brasil, nos atuais níveis, continuo confortável com a recomendação ao tema de cortes adicionais da Taxa Selic, que deveriam se reverter em taxas curtas mais baixas. Não vejo grandes assimetrias no BRL e Ibovespa nos atuais níveis.




Data: 13/07/2017

Crescimento global segue positivo. Números robustos na China.

O destaque da noite ficou por conta dos dados de exportação e importação da China. Os números ficaram acima das expectativas do mercado, mostrando expansão das contas externas e uma economia que ainda cresce a taxas robustas e saudáveis. Os números divulgados hoje confirmam um cenário positivo para o crescimento global e para a economia da China como um todo. Abaixo, cortesia do Morgan Stanley, seguem os detalhes da divulgação:

Exports growth picked up to 11.3% YoY in June (vs. a downwardly revised 8.3% in May; Consensus: 8.9%; MSe: 8.8%) on a broad basis, led by DM demand and higher value-added manufactured exports. This brings H1 growth to 8.5% YoY, on track to reach our estimated 9% growth for the full year. Meanwhile, imports growth rose for the second consecutive month to 17.2% YoY in June (vs. downwardly revised 14.5% in May; Consensus: 14.5%; MSe: 14.4%). While stronger external demand has boosted processing imports, domestic demand has likely held steady, reflected by stronger ordinary goods import growth. As a result, the trade surplus edged up to US$42.8bn in June from US$40.5bn in May.

No Brasil, a mídia continua dando atenção ao anuncio de condenação ao ex-presidente Lula, divulgada na tarde de ontem, em primeira instância, pelo juiz Sergio Moro. No campo político, o presidente Michel Temer ainda luta pela sua permanência no cargo, mas não há novidades relevantes nesta frente.

A agenda do dia será importante, com Jobless Claims, PPI e Retail Sales nos EUA. 

Acho válido voltar um pouco no tema do discurso de Yellen ontem, que acabou sendo interpretado como dovish pelo mercado, dando ímpeto a um forte movimento de “risk-on” ao redor do mundo. O Morgan Stanley fez uma análise um pouco diferente do discurso, mostrando que Yellen tentou ser o mais neutro possível em relação aos sinais recentes, mas acabou sendo interpretada de forma diferente. Abaixo, segue a análise do Morgan Stanley:

Treasuries posted good 7-year-led gains Wednesday, and another rate hike this year was priced down to 50/50 after a surprisingly strong reaction to prepared testimony from Fed Chair Yellen that was short and seemingly deliberately bland in sending no new messages about the policy or economic outlook that weren't reiterations of the June FOMC statement and press conference and FOMC minutes released last week. Indeed, particular areas of the testimony headline writers and investors seemed to be keying in on, including saying inflation was only "partly" depressed by transitory factors and the current neutral real fed funds is not far from current levels, were repeated almost directly from the minutes and press conference. The testimony noted that it "appears that the recent lower readings on inflation are partly the result of a few unusual reductions in certain categories of prices"; last week, the minutes said "inflation was running somewhat below the Committee's 2 percent objective in April, partly because of factors that appeared to be transitory." Her observations in the testimony on the path to a neutral policy setting were directly repeated from her June press conference (and many other similar comments over the years). Testimony: "Because the neutral rate is currently quite low by historical standards, the federal funds rate would not have to rise all that much further to get to a neutral policy stance. But because we also anticipate that the factors that are currently holding down the neutral rate will diminish somewhat over time, additional gradual rate hikes are likely to be appropriate over the next few years to sustain the economic expansion and return inflation to our 2 percent goal." Press conference: "Because the neutral rate is currently quite low by historical standards, the federal funds rate would not have to rise all that much further to get to a neutral policy stance. But because we also expect the neutral level of the federal funds rate to rise somewhat over time, additional gradual rate hikes are likely to be appropriate over the next few years to sustain the economic expansion."

There were some notable comments from Chair Yellen in response to questions but nothing really surprising. Raising the inflation target is "not a subject of discussion" for the Fed. "Special factors partly account" for recent weakness in inflation after core PCE reached as high as 1.8% and headline nearly 2% early in the year, it's "premature to reach the judgement that we're not on the path to 2% inflation over the next couple of years," and it remains "prudent" to continue removing policy accommodation "as long as our forecast is that we're heading back to 2%." But "there could be more going on there" with recent inflation weakness than just "transitory" factors, so the Fed will "watch very carefully," and inflation developments "will be a factor in our future decisions about rate increases." First up before the next rate hike is likely to be announcement of balance sheet reduction, which she expects "relatively soon," but the "exact timing of this I don't think matters a great deal." On financial conditions and asset prices, she said she's "not trying to opine on whether they're correct" but is focused on whether losses would have important risks of broader spillovers to financial stability, which she said she doesn't see as a serious concern.

If the near word-for-word repeats of policy and economic guidance from prior Fed communications were intended by Fed Chair Yellen to send no new signals, it didn't work. The 5-year yield opened slightly lower and dropped another 5 bp between the 8:30 release of the testimony and the 9:00 intraday low, only partially reversed into the start of the actual hearing at 10:00, didn't move much during the hearing, but then saw a bit more unwind after a half bp tail at the 10-year auction. Result at the 3:00 close was a 3 to 4 bp rally on the day, with the 2-year yield down 3 bp to 1.35%, 3-year 3 bp to 1.54%, 5-year 4 bp to 1.88%, 7-year 4 bp to 2.14%, 10-year 3.5 bp to 2.33%, and 30-year 3 bp to 2.89%. Our desk saw good macro-led buying in the belly of the Treasury curve and receiving in swaps that seemed to be short covering to a significant extent.




Data: 12/07/2017

Risk On!

O dia foi de forte desempenho dos ativos de risco. 

No cenário externo, o discurso de Yellen, já comentado mais cedo (copio o texto abaixo), dirimiu os riscos de uma retirada mais rápida e coordenada de liquidez global no curto-prazo. Continuo vendo espaço para um ajuste da curva longa de juros nos EUA, mas entendo que o mercado irá demandar números que confirmem o cenário atual mas, em especial, apontem para uma inflação mais elevada. Nesta linha, o Core CPI de sexta-feira ganha importância redobrada.

A despeito dos movimentos recentes, ainda acredito que o tema de normalização monetária no mundo desenvolvido será o grande destaque dos próximos meses. Este cenário não implica necessariamente em uma guinada nos ativos de risco, mas em alguns ajustes de preços ao longo do tempo. Exceto por uma mudança no cenário econômico, nos dados de curto-prazo, ainda dou um peso relevante a recente mudança de discurso dos BCs ao redor do mundo. Assim, mantenho recomendação de tomar taxas de juros nos EUA, nos vértices mais longos, administrando o tamanho e os instrumentos para tal. Utilizamos o movimento recente para reforçar essa recomendação. Reavaliaremos a posição após os dados de inflação.

No Brasil, o cenário de hoje parece o inverso daquele observado no final da semana passada. O Governo conseguiu uma importante vitória na Reforma Trabalhista. A situação de Temer parece um pouco mais tranquila (mesmo que não totalmente resolvida) após intensas articulações políticas e, na tarde hoje, o juiz Sergio Moro proferiu sentença condenando o ex-presidente Lula no que ficou conhecido como o “Caso do Triplex”.

A condenação em primeira instância é apenas um passo no processo jurídico. Para que Lula se torne inelegível nas próximas eleições presidenciais, a segunda instância precisará condena-lo até a data limite de indicação dos candidatos. Esta data será no meio de agosto.

Os ativos locais reagiram de forma bastante positiva à decisão. O mercado vê uma condenação de Lula como reduzindo suas chances de se eleger presidente novamente. Dado o perfil de esquerda das políticas econômicas propostas pelo PT, a redução da probabilidade de reeleição é vista como reduzindo as chances de medidas heterodoxas e populistas, que são vistas como negativas pelos investidores.

Continuo vendo o tema de redução mais agressiva da Taxa Selic como o cenário de maior convicção, com os preços ainda atrativos, no Brasil. Diante das diversas incertezas do cenário local e externo, tenho pouca convicção nos demais ativos locais. Mantenho recomendação à parte curta da curva de juros, majoritariamente via estruturas de opção, buscado um ciclo de queda da Taxa Selic superior ao que está precificado. Combinamos essa recomendação com posições tomadas na inflação implícita na parte intermediária da curva. Nos atuais níveis de preço, vejo pouca assimetria no BRL e nos vértices mais longos da curva da curva de juros. Contudo, se o cenário externo se mantiver tranquilo, não podemos descartar a continuidade da boa performance dos ativos locais durante a sazonalidade do verão no hemisfério norte.

As vendas no varejo de maio ficaram abaixo das expectativas do mercado, confirmando o cenário de que a recuperação será extremamente lenta e gradual.  Segue comentário da nossa área econômica:

As vendas no varejo vieram piores que as expectativas de mercado (restrito: -0,1%m/m dessaz vs. BBG: +0,3%m/m dessaz e 2,4%a/a vs. BBG: 3%a/a / ampliado: -0,7%m/m dessaz vs. BBG: +0,2%m/m dessaz e +4,5%a/a vs. BBG: +6,1%a/a). Depois das mudanças metodológicas no começo do ano houve uma mudança de nível das séries do varejo (isto significou maiores variações ano/ano nos meses recentes). O consumo apresentou um bom desempenho no mês na variação ano/ano (0,9%). Mantemos nosso cenário de atividade inalterado após a divulgação da PMC. Trabalhamos com uma queda de 0,3%t/t dessaz no segundo trimestre.




Data: 12/07/2017

Yellen, Reforma Trabalhista e China.

Os ativos de risco estão mostrando uma certa estabilização em relação as tendências recentes. Neste momento, observamos um fechamento de taxas de juros no mundo desenvolvido, as bolsas apresentam elevação na Europa e estabilidade nos EUA. O dólar opera praticamente estável, mas as commodities apresentam alta generalizada, lideradas pelo petróleo.

A agenda do dia terá o discurso de Yellen como destaque nos EUA. Espero que ela mantenha o tom dos discursos recentes do Fed e das Minutas do FOMC. Assim, devemos esperar a sinalização para uma redução do balanço da instituição, em breve, e para a continuidade de um processo gradual de alta de juros. Yellen deve mostrar certo otimismo com a retomada da economia, dizer que estão acompanhando de perto o arrefecimento recente da inflação, mas acreditam que fatores pontuais estejam segurando os preços no curto-prazo. Uma tendência de alta gradual dos índices de preço deverá ser retomada mais cedo ou mais tarde.

A Bloomberg reportou na noite de ontem que Gary Cohn deverá ser indicado para o cargo de Presidente do Fed pelo Presidente Americano. Cohn era um executivo de alta patente do banco Goldman Sachs. Seu perfil é um perfil executivo e de mercado, e não um perfil teórico e acadêmico, como nos últimos anos (talvez nas últimas décadas) foi favorecido em cargos de diretoria do Fed. A mudança de perfil seria bastante relevante, mas o mercado precisará de tempo para digerir esta notícia. 

No Brasil, a Reforma Trabalhista foi aprovada. A vitória do governo era esperada, mas o placar da decisão foi mais elástico, mais favorável ao governo do que se previa anteriormente. A decisão do senado era de certa forma esperada. O placar ainda mostra um certo controle do governo e do PMDB em assuntos chave para a economia. Contudo, vale lembrar que a Reforma Trabalhista sempre foi vista como um tema de aprovação mais fácil, especialmente no Senado, em que os interesses empresariais tem um poder de articulação maior. Em suma, Temer e Cia conseguem uma vitória importante, porém esperada. Temer deverá conseguir respirar um pouco no curto-prazo, mas sua situação deverá continuar delicada.

Na China, os números de agregados monetários ficaram levemente acima das expectativas, mas nos níveis mais baixos deste ciclo econômico. Os números mostram que o governo continua em um processo de aperto das condições monetárias, visando administrar o risco de bolhas em setores específicos. Contudo, este processo deverá ser bastante gradual, na tentativa de evitar “paradas súbitas” da economia.




Data: 12/07/2017

Update.

Estive ausente da mesa durante o dia, visitando alguns clientes, mas acho válido comentar alguns desenvolvimentos desta terça-feira:

Brasil – O dia foi marcado por uma relevante alta do Ibovespa. O dólar apresentou leve apreciação e o mercado de juros pequeno fechamento de taxa. Acredito que o quadro técnico do mercado esteja ajudando a dinâmica de curto-prazo. Na bolsa, em especial, uma classe de ativo que poucos investidores detém, e muitos já apresentam posições “vendidas”/negativas, por exemplo, está surpreendendo positivamente nos últimos dias, na ausência de notícias adicionais que possam gerar ruptura do cenário local e/ou externo.

O bom desempenho nominal e relativo dos ativos locais, se comparados a seus pares, nos últimos dias, está, sem dúvida, me surpreendendo. Vejo sinais mais preocupantes de curto-prazo que justificam posições mais cautelosas. Mantenho recomendação para posições na parte curta da curva de juros, neste momento concentrada em estruturas de opção, e compra de inflação implícita na parte intermediária da curva. Acredito que o dólar (BRL) deverá se manter em um range em torno de 3,20-3,30 no curto-prazo, mas meu viés é um pouco mais negativo no médio-prazo, por questões locais e externas.

Não houve mudança no quadro econômico. No quadro político, estamos a espera da votação da Reforma Trabalhista no Senado e do andamento do inquérito relacionado ao presidente Temer na CCJ. Acredito que o mercado espera a aprovação da Reforma Trabalhista. A derrota do Governo seria uma surpresa negativa. Quanto ao Presidente, a situação é delicada e indefinida. Acho que seja indiferente para o mercado se o Presidente será Temer ou Rodrigo Maia, enquanto a equipe econômica continuar como está. Se houver qualquer risco de mudança da equipe econômica, e da direção da política econômica, podemos entrar em uma dinâmica explosiva (negativamente falando).

EUA – O dia foi marcado pela divulgação dos e-mails do filho do Presidente Trump. Neles, Trump Jr. troca mensagens em busca de um “dossiê” que poderia deixar a imagem de Hillary Clinton abalada. O intermediário deste “dossiê” seria uma advogada russa, que trabalharia em nome do governo russo.

Sem entrar em muitos detalhes, o evento de hoje é mais uma “lambança” da atual administração. De maneira geral, este tipo de evento reduz a probabilidade de andamento das reformas econômicas, fiscais e estruturais prometidas por Trump e Cia.

Acredito, contudo, que após os eventos do início do ano, o mercado coloque muito pouco das reformas nos atuais preços dos ativos dos EUA. Assim, o cenário econômico, ou seja, os dados, devem continuar mais importantes do que um ambiente político de maior incerteza.

Fed – Membros do Fed voltaram a sinalizar para a redução do balanço da instituição, que poderá ocorrer “em breve”. Em relação a alta de juros, contudo, há sinalização é de que muitos gostariam de ver sinais mais claros de aceleração dos índices de preço antes de dar continuidade ao processo de alta de juros. De qualquer maneira, a curva curta precifica um cenário extremamente gradual de alta nos Fed Funds, com cerca de 50% de probabilidade de mais uma alta de 25bps este ano e cerca de 2 altas de 25bps até o final de 2018.

Petróleo – O dia foi de forte alta da commodity, após dados positivos de estoques (queda de estoques). De maneira geral, o Petróleo segue em um range de $40-$50, com volatilidade elevada dentro desta banda. Nestes níveis, a despeito da vol de curto-prazo, o petróleo deverá ter pouco impacto sobre o quadro econômico e a política monetária das principais economias do mundo.

China – O país está no meio de um processo para desalavancar a economia e alguns setores. Me espanta a matéria abaixo do WSJ, que narra como um dos maiores conglomerados do país vendeu parte de seus ativos – suspeita-se que por pressão do governo – mais irá financiar grande parte da venda para o comprador!




Data: 10/07/2017

Consolidação. Cenário inalterado.

Os ativos de risco estão dando sinais mistos esta manhã. As taxas de juros nos EUA apresentam leve fechamento de taxa, em um movimento clássico de consolidação, após uma abertura rápida e acentuada nas últimas 2 semanas. Este movimento está ajudando a dar um tom mais positivo para os demais ativos de risco mas, em especial, as moedas e os ativos emergentes em geral. As commodoties continuam mostrando direções opostas, com as agrícolas apresentando nova rodada de alta e as metálicas ainda sobre pressão. Em geral, as bolsas globais operam em alta neste momento.

Não vejo grandes mudanças de cenário nos últimos dias. Assim, mantenho minhas recomendações em torno de dois temas principais. Primeiro, para o processo de normalização monetária no mundo desenvolvido. Neste caso, acredito que o risco deva ser concentrado em posições tomadas em taxas de juros em G10. A despeito da alta das vols implícitas nas últimas semanas, os níveis ainda parecem atrativos para adicionar posições utilizando este instrumento. Além disso, acho válido posições menores e mais pontuais em alguns pares de moedas. Estou, neste momento, favorecendo [venda de AUD + compra de vol]. Segundo, a despeito dos ruídos recentes no Brasil, ainda vejo espaço para o fechamento das taxas curtas de juros. Acho válido mesclar a posições com alguns hedges, tais como compra de inflação implícita na parte intermediária da curva e estruturas altistas de dólar (venda de BRL).

No Brasil, as notícias do final de semana talvez tenham sido mais mistas do que as expectativas no final da sexta-feira, que haviam se tornado bastante nebulosas/negativas. Ainda vejo sinais inequívocos de deterioração da situação corrente (vide comentário abaixo de sábado pela manhã), mas talvez o processo de deterioração ainda não tenha chegado a um ponto de ruptura. 

A “queda de braço” ente um quadro cíclico positivo (inflação cadente, estabilização do crescimento, contas externas tranquilas e queda das taxas de juros) e perspectivas estruturais e políticas nebulosas (dívida/PIB crescente, contas públicas negativas, crise políticas), deve continuar mantendo os ativos locais dentro de alguns ranges, sem tendências claras de curto-prazo.

No cenário externo, a reunião do G20, trouxe poucas novidades, exceto por confirmar uma postura vista como pouca produtiva pela nova administração dos EUA.

Na China, o CPI e o PPI ficaram estáveis em junho, levemente abaixo das expectativas. Não há sinais claros de problemas inflacionários no país, mas o PBoC deverá manter uma postura apertada em termos fiscais e monetárias visando evitar excessos na economia e em setores específicos. Vejam abaixo os detalhes do número, cortesia do Citibank:

CPI unchanged at 1.5%YoY — Jun CPI came in slightly lower than market/our estimates (Citi/Cons: 1.6%YoY). 2Q average CPI inflation remained flat at 1.4%YoY.

Sequentially, headline CPI inflation further fell from -0.1% MoM to -0.2%MoM in June. Specifically, food prices fell 1% MoM, non-food prices rose 0.1%MoM and services inflation increased 0.3%MoM.

Food price disinflation continued but moderated from -1.6%YoY in May to -1.2% YoY in Jun. Within food, disinflation in pork and egg continued, at -16.7%YoY and -9.3%YoY (vs. -12.8%YoY and -14.4%YoY in May). These items dragged overall CPI down 0.56ppt. Vegetable prices reversed from -6.3% YoY in May to 5.8%YoY in Jun and fruit prices rose 9.9%YoY, off a low year-ago base.

Non-food inflation slowed to 2.2%YoY, influenced likely by oil price changes. Specifically, the inflation of transportation, healthcare & medical services decelerated by 1ppt and -0.2 ppt to 0.1%YoY and 5.7%YoY respectively.

Service price inflation inched up to 3%YoY in June.

PPI steadies at 5.5%YoY — Negative MoM growth continued, at -0.2% vs. -0.3% in May. In 2Q, average PPI slowed to 5.8%YoY from 7.4%YoY in 1Q. Capital-goods inflation stayed at 7.3%YoY. By industry, goods price increases in raw materials and mining & quarrying slowed to 10%YoY and 18.3%YoY from 11.1%YoY and 22.7% YoY in May. Manufacturing goods price increase rose from 4.6%YoY to 5.4%YoY.

A situação corrente do Brasil parece ter se deteriorado bastante nos últimos dias. Vejamos:

- O Governo Temer parece passar por seu pior momento, com o seu apoio se esvaindo a cada novo dia, segundo a cobertura da mídia e de analistas políticos. 

- Rodrigo Maia é o nome mais cotado para uma eventual sucessão, mas a revista Veja de hoje traz reportagem dizendo que o atual presidente da Câmara será citado em uma possível (e, de acordo com a mídia, provável) delação premiada de Eduardo Cunha. Vale lembrar que Maia já é investigado em outros inquéritos relativos a Lava-Jato.

- Neste ínterim, o atual (e novo) presidente do BNDES deu declarações contrárias a TLP, avanço imenso apresentado pela atual equipe econômica à atuação do BNDES no “crédito subsidiado”. Sua postura acabou levando ao pedido de demissão de dois diretores da instituição, ambos vistos como economistas ortodoxos e profissionais alinhados com o mercado.

- A Folha de SP de hoje retornou o tema da possível delação de Palocci e afirma que o ex-ministro da fazenda iria acusar o seu sucessor de entregar informações sigilosas ou privilegiadas ao sistema financeiro nacional.

- No cenário externo, um ambiente que até pouco tempo atrás era visto como construtivo, mostra que poderá tomar um caminho ainda sem rupturas, mas em direção a uma menor liquidez global. O Brasil foi um dos países que mais se favoreceu da ampla liquidez global desde a crise de 2008. É natural esperar alguma reação quando, e se, este processo de normalização comece de fato.

Em termos gerais, temos alguns componentes mais negativos no curto-prazo, que ainda se confrontam com um quadro cíclico mais positivo da economia, com inflação baixa, corte de taxas de juros, recuperação (ou estabilização) do crescimento e contas externas tranquilas.

O quadro fiscal ainda é um problema grande e crescente. À medida as perspectivas de reformas estruturais de esvaziam, crescem os riscos de longo-prazo para o país, tornando-o mais frágil a qualquer mudança de curto-prazo do cenário externo ou das demais variáveis.

Assim, mantenho uma recomendação levemente mais negativa para o curto-prazo. A exposição à parte curta da curva de juros foi integralmente trocada por estruturas de opção. Mantemos pequena exposição comprada em dólar via estruturas de opção. Ainda achamos haver uma assimetria grande na inflação implícita da parte intermediária da curva, onde a maior parte da alocação a risco está concentrada no momento. 




Data: 07/07/2017

Update

EUA – Os dados de emprego divulgados há pouco em nada alteram a recente comunicação do Fed e, consequentemente, em nada alteram a as perspectivas para a política monetária do país. 

O Fed mudou de postura. Nos atuais níveis de emprego, não importando volatilidades pontuais dos dados econômicos, eles pretendem manter a normalização monetária em “piloto automático”. Nesta linha, os dados de hoje apenas reforçam a visão central do comitê, mesmo que os dados de rendimento tenham ficado abaixo das expectativas. O Fed está olhando o cenário prospectivo como positivo, e vendo a atual conjuntura como favorável a continuidade do processo de alta, mesmo que gradual, da inflação. Suas ações serão, por ora, guiadas por este cenário, e os números de hoje reforçam este ambiente.

A reação de curto-prazo do mercado pode ser guiada por ajustes de posições, após uma rodada recente de alta de taxas de juros, pressão nas commodities e etc. Não acredito que os números de hoje sejam capazes de alterar as tendências que tenho sinalizado neste fórum recentemente.

Brasil – O IPCA de junho ficou levemente abaixo das expectativas, confirmando um quadro de forte desinflação. O Presidente do BCB concedeu entrevista ontem a Miriam Leitão e suas declarações foram condizentes com a continuidade do ciclo de queda da Taxa Selic, de forma ainda acelerada. A curva de juros não precifica este cenário e ainda apresenta um prêmio de risco (de alta de juros) relevante para o ano de 2018.

O quadro político segue instável, mas na ausência de mudanças na equipe econômica pouco deve alterar o cenário para a política monetária e/ou para a curva curta de juros.




Data: 07/07/2017

Brasil: A mídia afirma que a situação de Temer chegou ao insustentável.

 

Os ativos de risco estão operando a espera dos dados de emprego nos EUA, a serem divulgados na manhã de hoje. Destaque para mais uma rodada de forte queda no preço do petróleo, que está levando consigo o demais complexo de commodities, em especial as metálicas não preciosas. 

 

Em relação aos dados que serão divulgados hoje, reforço minha visão de que os dados de emprego de junho a serem divulgados hoje serão esmiuçados no detalhe. Acredito que mais importante do que o headline do Payroll ou da Taxa de Desemprego, será importante entender os movimentos do Average Hourly Earnings. Um número mais sólido/robusto, poderá acentuar as tendências recentes. Apenas um número excepcionalmente fraco será capaz de reverter os movimentos dos últimos dias. Assim, vejo uma certa assimetria, com o mercado mais sensível a dados mais fortes. 

 

No Brasil, os jornais de hoje estão reportando que a situação do Presidente Temer parece ter ficado insustentável e sua queda é apenas uma questão de tempo. Rodrigo Maia será o nome mais cotado para sua substituição. Além da queda de Temer, existe reportagem mostrando que a contagem para a Reforma Trabalhista ficou mais apertada e hoje o governo venceria por apenas 1 voto. 

 

Confesso que já há algum tempo não tenho convicção de qual seria o melhor cenário político para o avanço (ou não) das reformas econômicas e para os preços de mercado, se com a permanência de um Governo Temer claramente enfraquecido, ou com sua substituição, cujo nome ainda não existe ou poderá ser tão fraco quanto à situação da atual administração. 

 

Assim, tenho mantido um viés de acreditar que o quadro cíclico da economia pouco se altera em qualquer dos cenários, exceto por mudanças drásticas de direção da política e da equipe econômica.

 

De maneira geral, mantenho meu cenário base inalterado. Os ativos de risco continuam reagindo à possibilidade de menor liquidez global de agora em diante. A dinâmica do mercado tem muito mais a ver com a posição técnica e estas perspectivas, do que com o cenário econômico de curto-prazo, que segue relativamente inalterado. 

 

Espero que esta dinâmica continue, até que os ativos de risco encontrem um novo ponto de equilíbrio, seja por preço, por posição técnica e/ou por mudança de cenário. Por ora, podemos esperar mais volatilidade e, possivelmente, mais movimentos como os de hoje. 

 

Finalizo aqui com um trecho de um texto postado ontem por Ray Dalio, um dos mais influentes gestores da atualidade: 

 

Central bankers have clearly and understandably told us that henceforth those flows from their punch bowls will be tapered rather than increased—i.e., that the directions of policy are reversing so we are at a) the end of that nine-year era of continuous pressings down on interest rates and pushing out of money that created the liquidity-fueled moves in the economies and markets, and b) the beginning of the late-cycle phase of the business/short-term debt cycle, in which central bankers try to tighten at paces that are exactly right in order to keep growth and inflation neither too hot nor too cold, until they don’t get it right and we have our next downturn. Recognizing that, our responsibility now is to keep dancing but closer to the exit and with a sharp eye on the tea leaves. 

 

As you know, looking ahead, we don’t project a big debt bubble bursting any time soon (because of the balance sheet repairs that have taken place), though we do see an increasingly intensifying “Big Squeeze”.




Data: 06/07/2017

Liquidez global dita o rumo dos ativos de risco.

 

Os ativos de risco continuam reagindo a possibilidade de menor liquidez global de agora em diante. A dinâmica do mercado tem muito mais a ver com a posição técnica e estas perspectivas, do que com o cenário econômico de curto-prazo, que segue relativamente inalterado.

 

Espero que está dinâmica continue, até que os ativos de risco encontrem um novo ponto de equilíbrio, seja por preço, por posição técnica e/ou por mudança de cenário. Por ora, podemos esperar mais volatilidade e, possivelmente, mais movimentos como os de hoje. 

 

Nos EUA, o ADP Employment apresentou sal´vel alta de 158 mil vagas, o Jobless Claims se manteve em baixos 248 mil e o ISM Non-Manufacturing apresetou robusta alta para 57,4 pontos. Os números de hoje estão alinhados com a continuidade do processo de normalização monetária sinalizado pelo Fed, e que tem sido fonte de ruídos nos mercados financeiros globais. 

 

Os dados de emprego de junho a serem divulgados amanhã serão esmiuçados no detalhe. Acredito que mais importante do que o headline do Payroll ou da Taxa de Desemprego, será importante entender os movimentos do Average Hourly Earnings. Um número mais sólido/robusto, poderá acentuar as tendências recentes. Apenas um número excepcionalmente fraco será capaz de reverter os movimentos dos últimos dias. Assim, vejo uma certa assimetria, com o mercado mais sensível a dados mais fortes. 

 

Mesmo após os movimentos recentes, as condições financeiras nos EUA permanecem bastante frouxas. 

 

No Brasil, confesso estar bastante surpreso com a boa performance dos ativos locais. Não tenho uma visão, ou viés, negativo com o país, mas acreditava que os ativos locais poderiam seguir mais de perto o humor global a risco. Nos últimos dias, ou nas últimas semanas, temos observado, na verdade, uma “over-performance” em relação a nossos pares. Sigo com posições neutras no país.




Data: 06/07/2017

Emprego nos EUA ditará a dinâmica dos ativos de risco.

Após uma breve correção das tendências recentes verificadas no inicio desta semana, os ativos de risco aparentam estar retomando a trajetória que começa a virar uma nova tendência de mercado. Neste momento, as taxas de juros voltaram a apresentar abertura de taxas, o que está colocando leve pressão nas bolsas. O dólar opera sem tendência definida, e sem movimentação relevante. Nas commodities, o petróleo e as metálicas não preciosas apresentam alta, enquanto as agrícolas apresentam queda, revertendo uma pequena parte do movimento recente.

O destaque do dia ficará por conta da divulgação do ADP Employment e do Jobless Claims. Acredito que o mercado será bastante sensível a dados mais positivos no tocante ao mercado de trabalho dos EUA.

No Brasil, poucas novidades relevantes. A mídia afirma que a defesa de Michel Temer no Congresso enfrenta resistência, e sua situação estaria se complicando ainda mais. Confesso que já há algum tempo não tenho convicção de qual seria o melhor cenário político para o avanço (ou não) das reformas econômicas e para os preços de mercado, se com a permanência de um Governo Temer claramente enfraquecido, ou com sua substituição, cujo nome ainda não existe ou poderá ser tão fraco quanto a situação da atual administração.

Assim, tenho mantido um viés de acreditar que o quadro cíclico da economia pouco se altera em qualquer dos cenários, exceto por mudanças drásticas de direção da política e da equipe econômica.

Mantenho minhas recomendações e posições centrais praticamente inalteradas, mas promovemos alguns ajustes nos últimos dias. Reduzimos exposição à parte curta da curva de juros no Brasil, colocando parte dos ganhos no bolso. Além disso, trocarmos algumas estruturas de opção de juros. Alteramos a posição em juros nominais por juros reais, e aumentamos a compra de inflação implícita na parte intermediária da curva. Continuamos levemente vendidos em BRL via estrutura de opção. Adicionamos uma venda de [AUD+compra de vol]. Mantivemos exposição tomada nos juros dos EUA e comprada em puts de S&P.




Data: 05/07/2017

Commodities & Fed.

O dia foi marcado por três eventos relevantes. Primeiro, a queda superior a 4% no preço do petróleo. A notícia de que a Rússia se opõe a qualquer debate para cortes adicionais de produção pela OPEP foi um vetor determinante para a dinâmica de hoje. O anuncio de que a Volvo pretende implantar motores elétricos em todos os seus veículos até 2019 foi outro vetor que ajudou a colocar pressão no preço do petróleo.

Entendo que a volatilidade diária no preço do petróleo afeta o humor de curto-prazo dos mercados, mas enquanto se mantiver relativamente estável, acima de $40 (WTI), difícil ver impactos adicionais do preço para o cenário econômico.

Segundo, as commodities metálicas apresentaram uma nova rodada de queda de preços. Em alguns casos, níveis técnicos importantes estão sendo testados. A queda de preços parece ser fruto de questões de oferta, além das expectativas de redução da liquidez global, e não um sinal mais preocupante em relação ao crescimento da economia mundial.

Finalmente, as Minutas do FOMC confirmaram o que já vinha sendo amplamente comentado por membros do Fed nas últimas semanas. Vi as Minutas como levemente mais hawkish do que o que poderia se imaginar. O consenso parece migrar, cada vez mais, para a visão de necessidade de continuidade no processo de normalização monetária. As vozes discordantes parecem cada vez menos atuantes.

O comitê continuou dando um “play down” nos dados correntes de inflação baixa, se mostra confiante na recuperação da economia e preocupado com os efeitos negativos que os níveis atuais de emprego podem trazer a longo-prazo em termos de inflação e estabilidade financeira.

O comitê parece bastante desconfortável com o afrouxamento das condições financeiras. Não me lembro de ter lido documento como este em que se gastou tanto tempo neste tema e comentando preços de ativos de risco.

A Coréia do Norte voltou ao radar dos investidores. Este é um risco que precisa ser monitorado, mas de difícil mensuração e posicionamento.

No Brasil, o dia foi de poucas, ou nenhuma, novidade relevante. 

Continuo com postura mais cautelosa no curto-prazo, não tendo alterado de forma significativa as recomendações de alocação.




Data: 05/07/2017

Rate Normalization! / Brasil: Crise deflacionária!?

Os ativos de risco estão dando sequencia aos movimentos que já começam a mostrar sinais mais claros de uma nova tendência para os ativos de risco. As taxas de juros no países desenvolvidos abrem taxas; as commodities metálicas apresentam novos sinais de fragilidade, assim como as bolsas globais; o dólar opera em alta, especialmente versus as moedas emergentes.

Na agenda do dia, destaque para as Minutas do FOMC nos EUA. Amanhã teremos o ADP Employment e o Jobless Claims. Finalmente, na sexta-feira, os dados oficiais do mercado de trabalho para junho, tais como o Payroll, Taxa de Desemprego e os números de rendimentos. Está agenda será determinante para a dinâmica dos ativos de risco no curto e médio prazo.

No Brasil, a situação do presidente Michel Temer parece a cada dia mais complicada. A mídia informa que a contabilidade do governo para barrar a denuncia no Congresso continua complicada, ou seja, desfavorável ao presidente.

Os jornais de hoje reportam que o Banco Central do Brasil (BCB) deverá cortar a Taxa Selic em 100bps na próxima reunião do Copom. Artigos no Valor Econômico, de Cristiano Romero, e do Correio Braziliense, de Vicente Nunes, tratam deste tema. Segundo fontes, a crise política atual seria deflacionária e a indicação adequada seria um corte de juros mais profundo do que o imaginado na última reunião do Copom.

Repito aqui o que tenho escrito desde a última reunião do FOMC.

Ainda parece cedo para prever uma reversão completa das tendências que prevaleceram no primeiro semestre. Contudo, com a posição técnica muita mais “leve”, “limpa” e pouco consensual na direção da normalização monetária e nos conhecidos “reflation trades” e “Trump trades”, e um sinal cada vez mais claro por parte dos Bancos Centrais no G10 na direção de políticas monetárias menos expansionistas, podemos estar diante do começo de novas tendências para os ativos de risco neste segundo semestre do ano.

É importante lembrar que há quase uma década os investidores não se veem diante de um movimento coordenado de aperto monetário, com consequente (talvez esperado) aperto das condições financeiras. Muitos dos atuais investidores, traders e portfolio managers nunca vivenciaram um período com esse pano de fundo. Além disso, precisamos ter em mente que não existe experiência histórica que indique o melhor caminho para a normalização de taxas de juros vinda de níveis tão baixos, e com os balanços dos Bancos Centrais tão anabolizados.

O movimento por parte dos BCs será extremamente gradual e bem comunicado. É bastante provável que movimentos de “stop-and-go” venham a ocorrer, ou seja, momentos de aperto monetário sendo seguidos de alívio, mesmo que na comunicação, em reação a movimentos mais acentuados de correção dos ativos de risco (vamos lembrar que o Fed foi obrigado a fazer uma enorme pausa entre a primeira alta de 25bps nas taxas de juros e a segunda elevação, após uma reação negativa dos ativos de risco e uma “mini crise” na China e nos mercados emergentes). 

Os ativos de risco como um todo continuam em níveis historicamente elevados, com as volatilidades realizadas e implícitas em níveis nunca antes observados. O processo de normalização monetária não necessariamente irá causar reverberações negativas ao redor do mundo. Ainda podemos experimentar um momento prolongado de estabilidade econômica e financeira.

Todavia, a história mostra que momentos como o atual requerem cautela e posições mais neutras, frente a preços menos atrativos, além da busca por hedges, que ainda se mostram baratos nos atuais níveis.




Data: 04/07/2017

Brasil: Cíclico Positivo vs Incerteza Política.

 

Hoje é dia de feriado nos EUA. Assim, a liquidez será prejudicada. Não olharia a dinâmica dos ativos de risco ao longo do dia como sinalização alguma.

 

A Coréia do Norte anunciou hoje que promoveu mais um teste balístico, avançando em seu programa nuclear.

 

Segundo o WSJ: North Korea said it successfully test-launched an intercontinental ballistic missile, claiming a major advance for the isolated nation in its attempts to threaten the U.S. with a nuclear weapon. If fired at a more standard trajectory, the missile that Pyongyang launched on Tuesday could have flown for more than 4,160 miles, said David Wright, a physicist at the Union of Concerned Scientists. That is far enough to qualify as an ICBM. The distinction between an intermediate-range and intercontinental ballistic missile is an important one because the U.S. has forbidden North Korea from conducting an ICBM test, though it is unclear what the U.S. would do in response to a possible declaration from Pyongyang of a successful ICBM test. 

 

O avanço do programa militar norte coreano é um risco que precisa ser monitorado, mas, neste momento, “apenas” um “risco de cauda”. O avanço do programa militar deve ser visto como uma “moeda de troca” da Coréia do Norte em suas negociações junto ao ocidente. De qualquer maneira, não podemos descartar os riscos que o avanço militar do país representa para a estabilidade geopolítica mundial. 

 

Na Austrália, o RBA manteve a política monetária estável. Ao contrário do que alguns esperavam, o BC do país manteve sua comunicação neutra. Como parte do mercado esperava uma sinalização mais hawkish, a decisão de hoje está colocando pressão no AUD e nas taxas de juros do país. Vejo a economia da Austrália em uma fase do ciclo econômico ainda muito anterior aos demais países do G10. Assim, falar em normalização monetária neste momento me parece extremamente prematuro. 

 

No Brasil, continuamos a viver em uma “queda de braço” entre um cenário cíclico ainda positivo para a economia e um ambiente político de incerteza.

 

Na economia, a inflação continua baixa. A pesquisa Focus do BCB mostrou novas revisões baixistas para o IPCA e para o PIB nos anos de 2017 e 2018. Com uma inflação corrente baixa, uma inflação prospectiva baixa e expectativas de inflação contidas, além de expectativas cedentes de crescimento, abre-se espaço para que o BCB mantenha um ciclo de queda da Taxa Selic, talvez no mesmo ritmo de 100bps que vinha sendo regra. Além disso, ainda existe espaço na curva curta de juros para quedas adicionais de taxa, já que o mercado ainda apresenta prêmios relevantes de alta ao longo de 2018. 

 

No campo político, o governo Temer havia conseguido algumas vitórias na semana passada, com a decisão de reconduzir Aécio Neves – ex-presidente do principal partido aliado do governo – ao cargo de senador, além da libertação do ex-deputado ligado a Temer. Ontem, contudo, a justiça decretou a prisão de um importante membro do núcleo duro deste governo, assessor direto do presidente até poucos meses atrás.

 

A Folha traz hoje artigo em que afirma que o governo não teria os votos necessários para manter Temer no cargo: Contas preliminares feitas pelos articuladores de Michel Temer na Câmara apontam que o governo ainda não tem os votos necessários para derrotar na CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) a denúncia de corrupção feita contra o presidente. Mapas de votação feitos por líderes governistas mostram que o governo tem assegurados apenas 30 votos a favor de Temer entre os 66 integrantes da comissão. Há 21 indecisos que têm demonstrado insatisfação com o Planalto e ameaçam se posicionar contra o presidente. Temer precisa de 34 votos para garantir que a CCJ recomende o arquivamento da denúncia, que depois ainda precisará ser votada em plenário. 

 

Na minha visão, o cenário base deverá ser de continuidade desta “queda de braço” entre o cíclico positivo da economia e um quadro político de incerteza. Sendo assim, o cenário externo deverá desempatar este quadro ao longo do tempo. Enquanto o cenário externo estiver favorável, o país tem espaço para navegar esta travessia de forma relativamente tranquila. Havendo mudança do cenário externo, perspectiva que vejo como crescendo, como tenho repetido neste fórum dia-após-dia, poderemos ter momentos mais tortuosos pela frente.




Data: 03/07/2017

"Reflation" is Backs!. Brasil: "Cresce apoio a ideias próximas à esquerda, aponta Datafolha"

 

Os ativos de risco estão abrindo a semana com viés positivo, dando continuidade ao movimento de “risk-on”/”reflation” que acabou virando uma pequena tendência nos últimos dias. 

 

A agenda econômica está ajudando a dar um humor mais positivo aos mercados financeiros globais, com os números de confiança e crescimento se mantendo em patamares sólidos ou apresentando sinais de aceleração da atividade econômica global. 

 

No Japão, o Tankan – o indicador de confiança trimestral, coletado pelo BoJ, e o mais importante do país – apresentou mais uma rodada de avanço, ficando acima das expectativas do mercado e mostrando uma economia se não robusta, em processo de expansão. As eleições regionais em Tóquio trouxeram uma inesperada derrota ao partido ao atual primeiro ministro. O resultado das eleições foi surpreendente e inesperado. Segundo o Morgan Stanley: 

 

Gov. Koike extended an olive branch to PM Abe. In a post-victory press conference, she used a number of the key Abenomics phrases, such as “visibility” (in Japanese, “Mieru-ka"), and defined a policy priority strategy that focuses sharply on the key issues of Abenomics, aging, child care, abandoned housing, etc. In addition, she was extremely careful to avoid criticizing the LDP. When asked whether the recent scandals had hurt the LDP in the election, Gov. Koike said only, “That is for the LDP to analyze.”

 

In short, the good scenario for the economy and markets is that the Tokyo Assembly election result triggers a pro-reform Cabinet reshuffle, and returns focus to economic issues. The bad scenario is the LDP becomes paralyzed, and few reform actions are taken. Which scenario emerges will depend heavily on PM Abe’s own decisions over the next few weeks. 

 

Note also that the latest polls shows a drop of PM Abe’s support rates, but support ratios remain far from levels that would be dangerous to his continued tenure as PM. [*] Thus, the risk is not so much that PM Abe leaves office, but that he stays but can accomplish little. 

 

Na China, em linha com o que já havia mostrando o PMI Manufacturing oficial, o Caixin PMI Manufacturing subiu de 49,6 pontos, para 50,4 pontos, acima das expectativas de 49,8. Assim como no Japão, o número mostra uma economia relativamente estável e saudável. 

 

Na Austrália, o PMI Manufacturing subiu 0,2pts para 55 pontos, acima das expectativas do mercado. O numero se manteve em patamar considerado positivo. 

 

Os dados de exportação da Coreia do Sul apresentaram pequena retração na margem, mas se mantiveram em patamar elevado. Por ser uma economia bastante aberta, com uma corrente de comércio elevada, os dados de exportação do país costumam se olhados como uma Proxy para a saúde da economia mundial. Assim, vemos sinais de acomodação, mas em níveis ainda saudáveis. 

 

No Brasil, o Governo de Michel Temer conseguiu algumas vitórias nos últimos dias, em especial devido a decisões do STF, como a soltura do ex deputado ligado ao presidente e acusado de recebimento de propina. Além disso, Aécio Neves, ex presidente do principal partido aliado do governo, foi reconduzido a seu cargo de Senador. De qualquer maneira, nenhuma das medidas parece que irá alterar o quadro político local de maneira definitiva no curto-prazo. 

 

A situação econômica continua ciclicamente tranquila, devido à inflação baixa e as expectativas de queda na taxa de juros. Contudo, as contas públicas ainda preocupam. A expectativa do anuncio de aumento de impostos cresce a cada novo dia. A mídia afirma que o governo irá cancelar o esperado aumento da bolsa família, que seria de 4,5%, devido a ausência de espaço fiscal para a medida. 

 

No jornal Folha de São Paulo de hoje, uma pesquisa mostra que os pensamentos mais a esquerda voltaram a dominar a mente dos eleitores. Vejam o link abaixo: 

 

http://www1.folha.uol.com.br/poder/2017/07/1897913-cresce-apoio-a-ideias-proximas-a-esquerda-aponta-datafolha.shtml 

http://www1.folha.uol.com.br/poder/2017/07/1897882-numa-sociedade-pautada-por-medos-bandeiras-da-direita-registram-refluxo.shtml 

http://www1.folha.uol.com.br/poder/2017/07/1897924-e-tudo-farinha-do-mesmo-saco-diz-vendedora-que-votou-em-aecio.shtml




Data: 03/07/2017

Reflation, Trump Trades and Trump Fears Back in Vogue.

 

A sexta-feira marcou o final do primeiro semestre do ano para os mercados financeiros globais. O período foi marcado por algumas decepções por parte do mercado, como a ausência de uma aceleração do crescimento global, que apenas se manteve saudável, porém relativamente estável. A inflação no mundo desenvolvido não acelerou como muitos esperavam. E, finalmente, a agenda econômica de Trump nos EUA não decolou. 

 

Com este pano de fundo, vimos uma abrupta mudança de postura por parte dos investidores ao longo deste período, que abandonaram temas consensuais, como o “dólar forte”, “a abertura de taxas de juros no mundo desenvolvido”, e o que ficou com a alcunha dos “Trump Trades”, em favor de temas como “alta das bolsas”, “carry trades”, “compra de ativos emergentes” e etc.

 

Nas últimas semanas, começamos a observar o retorno de alguns dos antigos temas que marcaram o final de 2016 e o início de 2017. Não vimos uma mudança drástica nos dados econômicos, que continuam apontando para um crescimento saudável, porém sem grandes acelerações, uma inflação contida no mundo desenvolvido, e uma agenda legislativa ainda com poucos avanços nos EUA.

 

Contudo, após a reunião dos bancos centrais em Sintra, voltou a tona a discussão da normalização monetária por parte dos bancos centrais no G10. No final da semana, Trump e Cia. deram sinais de que pretendem apertar o diálogo junto à China, retomando a discussão de uma postura mais dura nas relações comerciais entre os EUA e seus principais parceiros. O FT debate um pouco deste tema no artigo a seguir: https://www.ft.com/content/4bd30636-5d72-11e7-9bc8-8055f264aa8b. Além disso, a China dá sinais de que pretende manter uma política monetária e fiscal mais apertada, o que deverá contratar um crescimento mais brando de agora em diante. 

 

Ainda parece cedo para prever uma reversão completa de tendências nos mercados financeiros globais. Contudo, com as posição técnica muita mais “leve”, “limpa” e pouco consensual na direção da normalização monetária e nos conhecidos “reflation trades” e “Trump trades”, e um sinal cada vez mais claro por parte dos bancos centrais no G10, podemos estar diante do começo de novas tendências para os ativos de risco neste segundo semestre do ano.

 

É importante lembrar que a quase uma década os investidores não se veem diante de um movimento coordenado de aperto monetário, com consequente (talvez esperado) aperto das condições financeiras. Muitos dos atuais investidores, traders e portfolio managers nunca vivenciaram um momento com este. Sem contar que não existe experiência histórica para a reversão de taxas de juros vinda de níveis tão baixos, e com os balanços dos bancos centrais tão anabolizados. O movimento por parte dos BCs será extremamente gradual e bem comunicado. É bastante provável que movimentos de “stop-and-go” venham a ocorrer, ou seja, momentos de aperto monetário sendo seguidos de alívio, mesmo que na comunicação, em reação a movimentos mais acentuados de correção dos ativos de risco (vamos lembrar que o Fed foi obrigado a fazer uma enorme pausa entre a primeira alta de 25bps nas taxas de juros e a segunda elevação, após uma reação negativa dos ativos de risco e uma “mini crise” na China e nos mercados emergentes). 

 

Os ativos de risco como um todo continuam em níveis historicamente elevados, com as volatilidades realizadas e implícitas em níveis nunca antes observados. O processo de normalização monetária não necessariamente irá causar reverberações negativas ao redor do mundo. Ainda podemos experimentar um momento prolongado de estabilidade econômica e financeira.

 

Todavia, a história mostra que momentos como os atuais requerem cautela, posições mais neutras frente a preços menos atrativos, e a busca por hedges que ainda se mostram baratos.   




Data: 30/06/2017

"Rate Normalization"

 

Para não soar repetitivo, segue o link para os comentários da semana. Nestes comentários, falo um pouco mais sobre o porquê continuo vendo a mudança de postura dos bancos centrais de G10 como o principal vetor determinante para a dinâmica dos ativos de risco, não apenas no curto-prazo, mas talvez uma mudança mais estrutural: http://mercadosglobais.blogspot.com/. 

 

A sexta-feira confirmou um cenário propício para o “rate normalization”, que tenho chamado de uma evolução do “reflation”, pela ausência temporária de sinais claros de inflação no mundo. 

 

O destaque do dia ficou por conta da alta nas commodities, liderada pelo Petróleo e pelas commodities agrícolas. As taxas de juros em G10 voltaram, a abrir com o dólar relativamente misto. 

 

Nos EUA, o Chicago PMI apresentou forte elevação, saindo de 59,4 para 65,7, enquanto o Personal Income e Spending ficaram dentro das expectativas em maio, apontando para um crescimento em torno de 2,5%-3,0% anualizado no segundo trimestre do ano. 

 

No Brasil, o dia foi de otimismo para a bolsa e o mercado de juros, a despeito de leve alta do dólar. 

 

Estamos entrando em um período de recesso político, o que pode acabar acalmando o noticiário. Enquanto isso, a inflação segue baixa e o crescimento fragilizado. O anuncio da bandeira amarela em energia deverá colocar alguns bps na inflação de curto-prazo, mas pouco altera o cenário baixista para a inflação este ano. Uma alta de impostos deverá ser necessária para o cumprimento da meta fiscal. As contas externas seguem tranquilas. 

 

Mantenho minhas recomendações de alocação inalteradas. Focado na parte curta da curva de juros no brasil (até Jan19), com compra de inflação implícita na parte intermediária da curva, e estruturas de opção altistas de dólar. No cenário externo, posições tomadas em juros nos EUA, com hedges via puts de S&P. 

 

Continuo bastante surpreso com a continuidade do processo de repressão das volatilidades implícitas do mercado, mesmo vendo um cenário menos trivial de agora em diante. Acredito que, em algum momento, teremos uma reversão rápida e acentuada deste ambiente, mas é sempre difícil acertar este timing: “markets can remain irrational longer than you can remain solvent”.




Data: 30/06/2017

Economic Goldilocks. Rate Normalization. Higher Vol. / Brasil: Eleições 2018 ganham corpo no debate político.

 

Os ativos de risco estão operando próximos a estabilidade neste momento. A agenda do dia será um pouco mais agitada, com Personal Income, Personal Spending e Core PCE, nos EUA, como destaque. 

 

Na China, PMI Manufacturing de junho subiu de 51,2 para 51,7 pontos, acima das expectativas de 51,0 pontos. O número mostra uma economia estável e saudável. Com este pano de fundo, continua mantido o cenário global de crescimento saudável, com flutuações em torno da tendência. Ainda não há sinais claros de aceleração da inflação, mas sim um processo gradual de elevação, de normalização.

 

A despeito de este ambiente ser considerado positivo em termos econômicos, o que ficou com a alcunha de “goldilocks”, o mercado passou a ler isso como um entrave à continuidade de apreciação dos ativos de risco, de uma forma geral. Isso ocorre, basicamente, pelo movimento coordenado dos bancos centrais no G10 na direção de dar continuidade ao processo de normalização monetária, ou seja, de redução do excesso de liquidez no mundo. 

 

Assim, fica mantido um ambiente econômico relativamente estável, de crescimento saudável, inflação contida (mesmo que ascendente) e um processo gradual de normalização monetária. Contudo, no curto-prazo, o mercado continuará a dar atenção, foco, a postura dos bancos centrais. Como os ativos de risco, de maneira geral, apresentavam um quadro de valuation pouco trivial, posição técnica comprometida, e volatilidade excessivamente baixa para os padrões históricos, é natural esperar que esta “nova ordem” global dos bancos centrais traga algum ajuste, mesmo que pontual. Ainda estou na fase de identificar se este ajuste será apenas pontual ou se poderemos entrar em uma tendência mais prolongada de baixos retornos, ou retornos negativos dos ativos de risco. 

 

No Brasil, não há novidades relevantes no cenário. O quadro político segue, de certa forma, paralisado. O quadro econômico continua estável, com inflação baixa, crescimento fragilizado, contas públicas preocupantes e contas externas tranquilas. 

 

Estive nas últimas 24 horas com alguns analistas políticos, e todos eles já estão voltando suas atenções para as eleições presidenciais de 2018. Cresce, de forma acelerada, o debate em torno dos candidatos e possíveis vitoriosos neste pleito. Existe um receio crescente, que me surpreende pelo timing adiantado, de que Lula possa ser candidato e, neste cenário, um candidato extremamente competitivo, com chances reais e concretas de vitória. Ainda não surgiu um nome forte capaz de supera-lo, caso as eleições fossem no curto-prazo. A maior chance de enfraquece-lo seria, neste momento, a sua inelegibilidade, por condenação na justiça em segunda instância, o que ainda não ocorreu. 




Data: 29/06/2017

Reflation -> Rate Normalization -> Higher Vol -> Risk Off?

Os ativos de risco basicamente mantiveram a trajetória que comentei pela manhã, com a diferença de uma queda nas bolsas globais e uma piora na percepção para os ativos de risco mais dependentes de liquidez, como algumas moedas e ativos emergentes em geral.

O tema de normalização monetária coordena (“rate normalization”)  que comentei pela manhã, e o DB chamou de “Sintra Pact”, continua e, na minha visão, continuará a ditar a dinâmica dos ativos de risco. Enquanto não houver uma clareza maior em relação ao nível que as taxas de juros nos países desenvolvidos podem atingir (não as taxas básicas, oficiais, mas as taxas de mercado) e como será o processo de redução do balanço dos principais bancos centrais ao redor do mundo, estamos propensos a realizações de lucros, um ambiente de maior volatilidade e incerteza.

Por ora, o cenário econômico segue relativamente estável e construtivo, no que o mercado deu a alcunha de “goldilocks”. Este cenário econômico costuma ser um ambiente favorável aos ativos de risco. Contudo, no curto-prazo, o mercado em que já via preços “esticados”, uma posição técnica comprometida e uma volatilidade excessivamente baixa, ou seja, uma certa complacência por parte dos investidores, será norteado pelo debate em torno do processo de normalização monetária.

Não estou promovendo alterações em minhas alocações, apenas administrando tamanhos e instrumentos.

No Brasil, o CMN reduziu a meta de inflação de 2019 para 4,25%, dentro das expectativas, mas também reduziu a meta de 2020 para 4,00%, o que não era totalmente esperado. A decisão deve ser vista como positiva, pois mostra comprometimento da equipe econômicas com um processo estrutural de inflação mais baixa no país.

O déficit do governo central, em maio, foi superior as expectativas. Um pagamento pontual explica a diferença das expectativas para o realizado. De qualquer maneira, como o governo já vem sinalizando, dificilmente o país será capaz de atingir a meta fiscal sem um aumento de imposto, ainda este ano. O favorito, no momento, é a CIDE e o PIS/Cofins de gasolina e derivados.

Tenho adotado postura mais cautelosa no curto-prazo. Os eventos recentes apenas reforçam minha visão. Por ora, estou vendo este momento de realização/acomodação como um evento normal diante de preços “esticados”, posição técnica comprometida e cenário menos óbvio. Contudo, precisaremos acompanhar no detalhe o efeito concreto que a mudança de postura por parte dos bancos centrais terá para o desempenho estrutural dos ativos de risco como todo.

Acho prudente manter alguns hedges para a posição aplicada na parte curta da curva local de juros, como estruturas de dólar (altista) e a compra de inflação implícita na parte intermediária da curva. Mantenho viés tomador na curva de juros dos EUA. Acredito que as vols implícitas estejam baixas para adicionar a este tema via o mercado de opção. O mesmo vale para proteção dos portfólios via estruturas de opção (puts) no mercado de renda variável dos EUA.




Data: 29/06/2017

"The “Sintra pact” is here"!

Os ativos de risco estão dando continuidade aos movimentos verificados ontem. Destaque para a abertura das taxas de juros nos países desenvolvidos. As bolsas mostraram leve altas, assim como as commodities. O dólar opera em queda e os mercados emergentes aparentam estabilização.

Os movimentos recentes podem ser caracterizados como uma alternância, talvez evolução, ao “reflation”. Na ausência de dados concretos de inflação mais elevada, contudo, o “reflation” parece ter dado lugar ao “rate normalization”. Caso os números econômicos continuem mostrando uma economia global saudável, sem sinais claros de desaceleração mais acentuada, com um mercado de trabalho em recuperação no mundo desenvolvido, e uma inflação ascendente, mesmo que gradualmente, parece que será suficiente para ao principais bancos centrais do mundo mantenham a postura recente visando uma normalização monetária.

Tenho explorado bastante este tema em meus últimos comentários, já que vejo essa mudança de postura como bastante relevante para o cenário econômico global e para os mercados financeiros. Continuo alocado neste tema através de posições tomadas nas taxas de juros dos EUA, tendo adicionado recentemente posições via opções, cujas vols implícitas se mostravam historicamente baixas, tornando a alocação atrativa do ponto de vista de risco/retorno. A estratégia não vinha sendo acertada, como alertei aqui há algumas semanas atrás, mas começa a fazer sentido novamente. Mantenho minha visão e as recomendações de alocação inalteradas neste momento.

O DB resumiu bem está mudança de postura por parte dos principais BCs ao redor do mundo: 

Global co-ordination, the “Sintra pact” is here – the final change emerging is a co-ordinated shift by developed world central banks in a more hawkish direction, all apparent in rhetoric from the ECB, Fed, Bank of Canada, Bank of England and likely others in coming weeks (let’s call it “the Sintra pact”). This global co-ordination was implicitly confirmed by Draghi’s little-cited comment in the central banker Sintra panel yesterday where he noted the importance of G20 central bank co-ordination in keeping market volatility low. The implicit message here is that if all central banks sound hawkish at the same time then monetary policy divergence, and therefore FX volatility, will stay low. The problem with this “convergence” story however is that the Fed is already in a tightening flight mid-air with other central banks just about to take off the runway. With the next big question for the market the timing of a Fed "landing", hawkish co-ordination in such an environment can do serious damage to the dollar.

No Brasil, a CCJ do Senado aprovou o texto base da Reforma Trabalhista, que agora irá ao Plenário. A expectativa é para a aprovação da Reforma. Está deverá ser a última grande Reforma deste governo, já que a Previdência dificilmente sairá da Câmara, pelo menos na forma como é hoje.

Hoje pela manhã, o CMN deverá anunciar a meta de inflação. Existe uma expectativa grande re revisão da meta de 4,5% para 4,25% em 2019.

Continuo recomendando alocações na parte curta da curva nominal de juros (até o Jan19) aliada a hedges via estruturas de dólar e comprado em inflação implícita na parte intermediária da curva.




Data: 28/06/2017

"Risk-on"! Sazonalidade ajudando...

Fed (EUA), ECB (Europa), BoC (Canadá), BoE (Inglaterra)...”and counting”.

Os bancos centrais das principais economias do mundo continuam sinalizando para uma mudança clara de postura. Hoje foi a vez do BoE, na Inglaterra, alertar para a eventual necessidade de normalização monetária no país.

Um membro do ECB tentou minimizar a fala de Draghi ontem, mostrando certo desconforto por parte da instituição no tocante a abertura das taxas de juros e alta do EUR. Fico bastante intrigado com esta postura. Como um movimento relativamente tímido para um cenário mais amplo (alta de 15bps nas taxas de juros e 1,3% no EUR) pode gerar, de maneira tão rápida, uma resposta/reação por parte do ECB? Fica claro o receio da instituição em evitar movimentos acentuados, o que acaba colaborando para a compressão global das volatilidades. Este cenário vem sendo regra há alguns meses (talvez anos), mas é insustentável a longo-prazo. O timing para a mudança de dinâmica é impreciso, e se posicionar para isso é bastante difícil.

O dia foi marcado por um movimento mais coordenado de “risk-on”. Membros do ECB, na Europa, tentaram aliviar um pouco o discurso de Draghi realizado ontem, o que ajudou a acalmar o mercado global de taxas de juros. Consequentemente, vimos um bom desempenho dos ativos mais sensíveis as taxas de juros. Os estoques de petróleo vieram menos ruins do que o imaginado, o que ajudou a estabilizar o preço da commodity. De maneira geral, os eventos de hoje ajudaram a estabilizar o humor global a risco.

Vale a pena ressaltar que estamos próximos de um final de mês, final de trimestre e final de semestre. Neste período, fluxos pontuais acabam, mesmo que temporariamente, distorcendo alguns preços, e tornando alguns movimentos pontualmente mais acentuados.

Acredito que o tema de menor liquidez global continuará ditando a dinâmica dos ativos de risco nos próximos dias, semanas e meses. Como escrevi ontem:

Dei (e continuo dando), bastante peso a sinalização do Fed, que agora foi reforçada pelo ECB, dois dos principais bancos centrais do mundo, cuja política monetária foi propulsora da expansão dos balanços, da liquidez global e do afrouxamento das condições financeiras.

Por isso, tenho adotado postura mais cautelosa no curto-prazo. Os eventos recentes apenas reforçam minha visão. Por ora, estou vendo este momento de realização/acomodação como um evento normal diante de preços “esticados”, posição técnica comprometida e cenário menos óbvio. Contudo, precisaremos acompanhar no detalhe o efeito concreto que a mudança de postura por parte dos bancos centrais terá para o desempenho estrutural dos ativos de risco como todo.

Na ausência de novidades bombásticas no Brasil, os ativos locais estão seguindo o humor global a risco.  




Data: 28/06/2017

"Taking the punch bowl away"/ Brasil: CIDE e Defesa de Temer.

 

Os ativos de risco estão dando continuidade aos movimentos verificados ontem. A abertura de taxas de juros nos países desenvolvidos está colocando alguma pressão nas bolsas. O dólar opera sem tendência definida, assim como as commodities. 

 

A agenda econômica do dia será relativamente esvaziada. 

 

No Brasil, os jornais estão dando destaque à defesa realizada pelo Presidente Michel Temer em cadeia nacional. O cenário base segue de manutenção deste governo, enfraquecido, e sem poder de avançar nas principais reformas estruturantes para o país. Pelo menos, a equipe econômica deverá ser mantida o que, no mínimo, evita uma agenda mais populista e heterodoxa. 

 

Neste ambiente, a dinâmica dos mercados externos acaba sendo bastante importante para a direção dos ativos locais. Por isso, tenho concentrado esforços na parte curta da curva de juros, onde o cenário cíclico de baixa inflação corrente, expectativas de inflação contidas, recuperação lenta do crescimento, hiato do produto aberto e mercado de trabalho fragilizado, deverá manter o Banco Central em um caminho de corte da taxa Selic, que ainda não me parece totalmente precificada pela curva de juros. 

 

Os jornais falam também da possibilidade de implementação da CIDE para fins de cumprimento da meta fiscal deste ano. Na ausência de receitas extraordinárias adicionais, com uma expectativa minguante de recuperação da arrecadação, irá restar ao governo o aumento de impostos. Na atual conjuntura política, a equipe econômica é obrigada a buscar impostos viáveis, sem o aval co Congresso, cuja arrecadação seja relevante e imediata (ou quase imediata).




Data: 27/06/2017

"Taking the punch bowl away"

 

Hoje foi o primeiro dia, em muito tempo, que observarmos movimentos um pouco mais acentuados nos ativos de risco. Não houve uma tendência clara, como “risk-on” ou “risk-off”, mas a dominância de alguns temas não menos importantes. Interessante observar que mesmo após o movimento de hoje, as volatilidades implícitas dos ativos de risco continuam bastante deprimidas para os padrões históricos (vide gráfico abaixo).

Como tenho alertado desde a última reunião do FOMC, nos EUA, parece existir uma mudança clara de postura por parte do Fed, que agora é ecoado por outros dos principais bancos centrais ao redor do mundo. Este tema foi resgatado hoje com um discurso de Draghi na Europa. O discurso do ECB, visto como mais hawkish, segue um relatório do BIS – considerado o banco central dos bancos centrais – que foi divulgado nos últimos dias, e confirma os sinais de que existe uma disposição dos principais banqueiros centrais ao redor do mundo em retirar as políticas monetárias de exceção. Mesmo que este processo seja gradual, os investidores precisarão se adequar a essa nova ordem.

Escrevi na semana passada o seguinte: Acredito que o Fed tenha colocado “uma pulga atrás da orelha” do mercado, de certa forma se desvinculando de dados de curto-prazo, e mantendo uma visão prospectiva positiva para a economia, o que pressupõe a manutenção do processo de normalização monetária. O processo de comunicação da redução do balanço do Fed parece adiantado, e um anúncio oficial poderá ocorrer mais cedo do que tarde. Como este processo nunca foi testado anteriormente, pelo menos nas proporções atuais, é natural alguma cautela por parte dos investidores, especialmente se levarmos em conta o atual nível dos ativos de risco, a posição técnica de alguns mercados, e os níveis deprimidos das volatilidades realizadas e implícitas. Como já diz o ditado: “Tress don´t grow to the sky”.

Dei (e continuo dando), bastante peso a sinalização do Fed, que agora foi reforçada pelo ECB, dois dos principais bancos centrais do mundo, cuja política monetária foi propulsora da expansão dos balanços, da liquidez global e do afrouxamento das condições financeiras.

Por isso, tenho adotado postura mais cautelosa no curto-prazo. Os eventos recentes apenas reforçam minha visão. Por ora, estou vendo este momento de realização/acomodação como um evento normal diante de preços “esticados”, posição técnica comprometida e cenário menos óbvio. Contudo, precisaremos acompanhar no detalhe o efeito concreto que a mudança de postura por parte dos bancos centrais terá para o desempenho estrutural dos ativos de risco como todo.

Mantenho minhas posições praticamente inalteradas. Tenho administrado apenas tamanhos e instrumentos. Lembrando, assim, que continuo vendo valor na parte curta da curva de juros nominais no Brasil, e um bom risco/retorno em algumas estruturas de opção. Mantenho uma postura de administrar o tamanho e os instrumentos da posição. Diante das incertezas do cenário, me parece difícil que o mercado embarque em um movimento rápido e acentuado de precificar um ciclo muito maior de corte de juros “a valor presente”, mas acredito que, à medida que o tempo passe, e a inflação e o crescimento baixo se concretizem, na ausência de problemas adicionais no campo político e/ou externo, o ciclo de queda da Taxa Selic poderá continuar, em nível superior ao precificado na curva neste momento.

Acho prudente manter alguns hedges para a posição, como estruturas de dólar (altista) e a compra de inflação implícita na parte intermediária da curva. Mantenho viés tomador na curva de juros dos EUA. Acredito que as vols implícitas estejam baixas para adicionar a este tema via o mercado de opção. O mesmo vale para proteção dos portfólios via estruturas de opção no mercado de renda variável dos EUA.

No campo econômico, os indicadores de confiança no Brasil mostraram arrefecimento, o que já parece ser um efeito direto da crise política que se instaurou no país. As coletas de inflação continuam baixas. A conta corrente mostrou superávit. As contas externas continuam saudáveis, o que dá algum conforto ao cenário de câmbio para o país.

Nos EUA, o Consumer Confidence atingiu o maior patamar deste ciclo econômico, superando as expectativas do mercado. Continuo vendo um cenário de crescimento saudável, sem sinais claros e óbvios de aceleração ou desaceleração da economia. O ambiente político continua nebuloso, com o “Health Care” sendo novamente adiada no Congresso para depois do recesso de 4 de julho.  




Data: 27/06/2017

Bancos centrais menos dovish / PGR apresenta denúncia contra Temer.

 

Os ativos de risco continuam mostrando certa estabilização, porém sem grandes tendências claras. As bolsas na Europa e nos EUA apresentam queda, as commodities sobem, o dólar opera em baixa, mas as taxas de juros no mundo desenvolvido apresentam abertura de taxas. 

 

Destaque para a alta do EUR, que sobe 0,65% neste momento, após um discurso de Draghi esta manhã. Está ganhando corpo a interpretação de bancos centrais menos expansionistas de agora em diante, o que está ajudando o EUR essa manhã, e dando suporte as taxas de juros no mundo desenvolvido. Já tratei deste tema, em relação ao Fed, neste fórum nas últimas semanas. retornaremos ao tema sempre que necessário. 

 

Nos EUA, o debate em torno do “Health Care” continua. Os sinais são de que a nova proposta apresentada dificilmente passará pelo Congresso, o que deverá manter a agenda legislativa ainda emperrada por algum tempo. Isso acaba atrasando, ou até inviabilizando, a agenda econômica de Trump. Segundo o DB:

 

"The headlines were largely dominated by the finding that an additional 22 million Americans would be left without insurance in a decade under the proposal, compared to 23 million in the House plan that passed in May. The CBO also found that the bill would lower the deficit by $321bn over the same period which compares to a $119bn reduction under the House bill. Significantly, following the CBO findings 3 Republican senators announced that they would block the bill from advancing. As a reminder, Majority Leader Mitch McConnell can only afford a maximum of two dissenters. McConnell is still aiming for a vote on the measures before the July 4th recess so it’ll be worth keeping an eye on how things progress." 

 

No Brasil, a PGR apresentou sua denuncia contra o presidente Michel Temer, por corrupção passiva. Ainda existe a expectativa de que Temer será denunciado por obstrução de justiça e formação de quadrilha. 

 

A primeira vista, não há fatos novos na denuncia, mas existem trechos da gravação que foram recuperados e antes estavam inaudíveis.

 

A denúncia apresentada era esperada. Difícil ver a concretização do fato como vetor para alterar o cenário político local. Continuamos em uma zona cinzenta em que o governo só tem forças para lutar por sua sobrevivência. Como não existe consenso (e bom senso) para um nome novo, de coalizão, para assumir o cargo tampão até as eleições de 2018, também não é possível, neste momento, vislumbrar qualquer outro cenário que não seja com Temer enfraquecido no poder. O cenário é ruim, de fragilidade política, mas é o cenário possível e provável na ausência de fatos novos. 

 

A ponta menos negativa desta equação é a manutenção de uma equipe econômica que, se não aprova reformas econômicas essenciais, também evita que coloquem em prática medidas populistas e heterodoxas, o que pode ser visto como positivo. 

 

A recuperação da gravação de Temer mostrou uma passagem em que o presidente afirma que foi influenciado pelo delator a colocar Henrique Meirelles como Ministro da Fazenda. A fala pode enfraquecer um pouco Meirelles. Contudo, vale lembrar que não existe nenhuma acusação formal contra o Ministro. Meirelles é visto como um profissional competente, trabalhador e correto, em todas as suas passagens pelo setor público e privado. Até que provem o contrário, acho difícil que a crise política afete o Ministro. Caso Meirelles seja afetado, a situação já delicada poderá entrar em uma dinâmica tenebrosa. A equipe econômica é o último pilar de sustentação deste governo e do país.  




Data: 27/06/2017

Brasil: Inflação baixa, crescimento baixo, expectativas de inflação cadentes.

 

O dia basicamente manteve os movimentos verificados pela manhã. O petróleo apresentou alguma volatilidade intraday maior, mas os demais ativos de risco permanecem em ranges bem definidos. 

 

No Brasil, a pesquisa Focus mostrou uma nova rodada de revisões para baixo do IPCA (inflação) e do PIB para este ano e para 2018. As coletas de inflação seguem baixas, sinalizando para uma deflação no mês de junho, talvez ainda mais acentuada do que o esperado até pouco tempo atrás. Os indicadores de confiança começaram a mostrar arrefecimento, no que já pode ser visto como uma reação as incertezas políticas recentes. 

 

O dia foi marcado por um forte movimento positivo do BRL e do Ibovespa. Vejo estes movimentos como uma reação a busca global por yields, depois de mais um número negativo na economia dos EUA (mais detalhes abaixo). Além disso, já vejo uma posição técnica relativamente “esticada” nesta direção, com muitos investidores locais “vendidos” em BRL e em Ibovespa. Isso pode ter ajudado a estender o movimento de hoje. 

 

Continuo vendo espaço para o fechamento de taxa da curva curta de juros. Ainda vejo muito prêmio de alta de taxas ao longo de 2018 e vejo espaço para mais cortes da Taxa Selic ao longo de 2017. Além do cenário baixista para a inflação e o crescimento, o BCB praticamente contratou uma surpresa inflacionária grande para os próximos meses, caso nossa área econômica esteja certa (e na maior parte das vezes costuma estar!). Continuo sem visão direcional nos demais ativos, optando por utiliza-los como hedges para a posição em juros. 

 

Nos EUA, o Durable Goods Orders ficou abaixo das expectativas, com um qualitativo também ruim. O número reduz marginalmente as expectativas para o PIB e coloca ainda mais peso em medidas fiscais para uma retomada mais sustentável do crescimento do país. 

 

Nesta frente, o Congresso continua debatendo a possibilidade de votação para o “Health Care Bill”, que ainda pode ocorrer está semana. Este seria um passo importante, talvez primordial, para o avanço da agenda econômica/fiscal. 

 

O número fraco de hoje ajudou os investidores a induzir mais uma rodada de busca por yields, o que favoreceu os ativos emergentes em geral.

 

O cenário econômico segue relativamente inalterado e construtivo, o que ficou cunhado como “goldilocks”. Contudo, vejo preços pouco atrativos no momento, uma posição técnica talvez comprometida, e não consigo enxergar com clareza grandes tendências de longo-prazo. 




Data: 26/06/2017

Sinais mais positivos.

 

Os ativos de risco estão dando sinais mais positivos neste começo de semana. Neste momento, o petróleo sobe 1%, o dólar apresenta queda generalizada, porém concentrada contra EM, as bolsas sobem ao redor do mundo e as taxas de juros apresentam abertura de taxas no mundo desenvolvido. Os movimentos podem ser classificados como de leve “risk-on”. 

 

Continuo vendo um cenário econômico global relativamente estável. Estava um pouco mais cauteloso com a dinâmica dos ativos de risco. O mercado mostrou estabilização desde sexta-feira, o que me traz algum conforto. Prefiro manter uma postura neutra, voltada para temas específicos, neste momento, com a busca de alguns hedges, por ver o mercado sem grandes tendências claras e com preços pouco atrativos. Mantenho posição aplicada na curva curta de juros no Brasil e tomado na curva de juros nos EUA. Como hedge, mantenho estruturas altistas de dólar (BRL) e compra de inflação implícita na parte intermediária da curva. Assim como puts de S&P. 

 

Ao longo do final de semana, o Banco Central da Itália conseguiu organizar uma espécie de “bail-out” de dos bancos regionais, evitando a quebra de ambos e a necessidade de um “bail-in”. Este movimento acabou trazendo alívio aos mercados da região, que na sexta-feira já esperavam a “quebra” dos dois bancos e a necessidade de algum tipo de “bail-in”, com default de parte dos bonds de ambas as instituições. O modelo de resgate adotado acabou sendo mais brando do que o imaginado, evitando perdas maiores para os investidores das duas instituições e evitando uma corrida bancária no país. De qualquer maneira, este episódio lembra ao mercado como existem ainda “esqueletos” ao redor do mundo, muitos ainda fruto da crise de 2008 nos EUA e de 2011/12 na Europa. 

 

Na Alemanha, o IFO – um dos mais importantes indicadores de confiança de todo a Europa – apresentou nova alta, atingindo um novo pico histórico. O número mostra uma economia saudável e um cenário econômico praticamente inalterado. Segundo o Morgan Stanley: "Above consensus and our expectations, the Ifo headline business climate increased by 0.5 points to 115.1 in June. This marks a new all-time high, after already breaking historical records last month. The index now stands at 1.9 SD above its LTA. The headline print underlines the strong outlook for the remainder of 2017. The headline number was driven by both current conditions as well as expectations. In detail, current conditions improved by 0.9 points to 124.1, which also marks a new record high. In other words, current conditions are now standing at 2.1 SD above LTA. Expectations increased slightly by 0.3 points to 106.8, and continue pointing to an optimistic outlook for the rest of the year. Sentiment in manufacturing remained at cyclical highs. The strong manufacturing sentiment was complemented by an improvement in retail and wholesale, while construction sentiment corrected somewhat." 

 

No Brasil a Revista Isto É publicou em seu site na internet, na noite de ontem, que o juiz Sergio Moro irá condenar o ex presidente Lula por cerca de 22 anos de prisão, por corrupção passiva e lavagem de dinheiro, referente as investigações do Triplex no Guarujá. Se confirmada a condenação, seria o primeiro passo para uma possível inelegibilidade de Lula. Para deixar de ser “Ficha Limpa” e se tornar inelegível, Lula precisaria ser condenado em segunda instância. Não há prazo para a sentença de Moro e nem para a confirmação (ou não) em segunda instância. Os mercados financeiros locais tendem a ver uma possível condenação como positiva, pois reduzem os riscos de medidas econômicas drásticas após as eleições presidenciais de 2018, já que Lula ainda se mostra um candidato bastante competitivo segundo pesquisas rrecentes.




Data: 26/06/2017

Poucas novidades. Cenário inalterado. Ainda mantendo cautela.

 

O final de semana, até o momento, trouxe poucas novidades relevantes ao cenário econômico global. 

 

No Brasil, a mídia está reportando que a Polícia Federal terminou a perícia nas gravações realizadas pelos delatores da JBS, e que continham diálogos com o Presidente Michel Temer. Segundo os periódicos deste final de semana, as gravações não foram editadas e poderão ser usadas como prova nas investigações. Ainda de acordo com a mídia, a PGR deve apresentar as denuncias contra o Presidente de maneira “fatiada”, em 3 ou 4 passos. Assim, de acordo com a teoria da mídia, o desgaste do Presidente seria maior, pois precisaria levar cada uma das denúncias à votação no plenário do Congresso. 

 

Algumas matérias afirmam que o setor elétrico poderá sofrer uma onda de privatizações, que poderiam trazer cerca de R$30 bilhões de receitas a união. 

 

O Governo continua confiante na aprovação da Reforma Trabalhista no plenário. As demais reformas seguem em compasso de espera e com sua probabilidade de aprovação cada vez mais comprometida por um calendário que se torna, a cada dia, mais apertado. 

 

Nos EUA, após o anuncio de um novo pacote para o setor de saúde, Trump já ve dificuldades em sua aprovação que, a princípio, estaria agendada para a semana que se avizinha. Sem a aprovação deste tema, o avanço do pacote fiscal se torna cada vez mais difícil. 

 

Diante dos fatos acima, mantenho minha visão praticamente inaltera em relação a semana passada: 

 

"Mesmo com a aparente estabilização dos ativos de risco ao longo da sexta-feira, ainda vejo sinais de fragilidade, especialmente no tocante a dinâmica do petróleo. Como comentei ao longo da semana passada, a dinâmica de curto-prazo no petróleo, após a acentuada queda recente e nos atuais níveis, poderá continuar ditando a direção do humor global a risco. A decisão do Fed na semana passada ainda reverbera no mercado, e assim deverá permanecer nos próximos dias, semanas...quiçá meses e anos. 

 

Desde que a delação da JBS veio a público, e após as últimas sinalizações do Fed, vimos um movimento de sustentação do USDBRL e uma clara tendência de steepening da curva de juros. Acho que estes movimentos fazem sentido e podem continuar no curto-prazo. 

 

A curva local de juros precifica quedas de 85bps, 50bps e 30bps nas próximas 3 reuniões do Copom, com juros terminais em torno de 8,5%. Acredito que ainda haja espaço para o fechamento das taxas curtas, especialmente porque existe um prêmio de risco elevado (de altas de juros) ao longo de 2018, com a Selic atingindo novamente 10% no início de 2019. 

 

De qualquer maneira, mantenho postura neutra, com exposição as taxas curtas, porém protegido via opções altistas de dólar e com compra de inflação implícita na parte intermediária da curva."




Data: 23/06/2017

Mantendo cautela a despeito dos sinais de estabilização.

A semana está se encerrando com movimentos mais suaves dos ativos de risco, sem movimentos relevantes ou tendências muito claras, pelo menos até o momento.

Mesmo com a aparente estabilização dos ativos de risco ao longo da sexta-feira, ainda vejo sinais de fragilidade, especialmente no tocante a dinâmica do petróleo. Como comentei ontem, a dinâmica de curto-prazo no petróleo, após a acentuada queda recente e nos atuais níveis, poderá continuar ditando a direção do humor global a risco. A decisão do Fed na semana passada ainda reverbera no mercado, e assim deverá permanecer nos próximos dias, semanas...quiçá meses e anos.

No tocante ao cenário econômico, as prévias dos PMIs, especialmente na Europa e nos EUA, mostraram um quadro de moderação do crescimento. Os atuais níveis ainda são considerados saudáveis, condizentes com um crescimento razoável da economia global. A moderação nos últimos meses é de certa forma esperada, dado a alta rápida e acentuada verificada desde de fins de 2016. A partir de agora, contudo, o mercado irá esmiuçar o “hard data” em busca de sinais mais concretos de sustentação do crescimento. Caso isso não aconteça, o mercado será obrigado a rever o cenário de “goldlocks” que vinha sendo regra nos últimos meses.

No Brasil, o IPCA-15 ficou levemente acima das expectativas, mas em um patamar ainda muito favorável e com um qualitativo positivo. O número de hoje em nada deveria alterar a política monetária do BCB. Segundo nossa área econômica:

>> O IPCA veio acima do esperado (+0,16% vs. BBG: 0,11%). A nossa surpresa foi majoritariamente em administrados (combustíveis e energia elétrica), enquanto a média dos núcleos ficou 2bps acima. O qualitativo segue bom. Os indicadores de difusão (geral e de serviços) vieram em patamares bastante baixos (após ajuste sazonal). A média dos núcleos dessaz ficou em 3,1% anualizada (na média móvel trimestral dessaz). Serviços dessaz @ 4,4% (taxa anualizada) e serviços subjacentes @ 3,6%. Aparentemente a inflação de serviços subjacentes encontrou um certo piso para desaceleração (rigidez para baixo nos preços de serviços).

Desde que a delação da JBS veio a público, e após as últimas sinalizações do Fed, vimos um movimento de sustentação do USDBRL e uma clara tendência de steepening da curva de juros. Acho que estes movimentos fazem sentido e podem continuar no curto-prazo.

A curva local de juros precifica quedas de 85bps, 50bps e 30bps nas próximas 3 reuniões do Copom, com juros terminais em torno de 8,5%. Acredito que ainda haja espaço para o fechamento das taxas curtas, especialmente porque existe um prêmio de risco elevado (de altas de juros) ao longo de 2018, com a Selic atingindo novamente 10% no início de 2019.

De qualquer maneira, mantenho postura neutra, com exposição as taxas curtas, porém protegido via opções altistas de dólar e com compra de inflação implícita na parte intermediária da curva. 




Data: 23/06/2017

Sinais de estabilização. Cautela ainda é necessária.

Os ativos de risco estão dando sinais de estabilização, com uma leve alta no preço do petróleo (0,4% neste momento) dando suporte as bolsas e a um movimento de dólar fraco no mundo. Ainda vejo este movimento com desconfiança e manter uma postura cautelosa neste momento.

Na agenda do dia, destaque para o IPCA-15 no Brasil e para as prévias dos PMI nos EUA e no mundo.

No cenário externo, na Europa, a prévia do PMI da Área do Euro se manteve em níveis saudáveis, condizentes com um crescimento positivo da região. O PMI Manufacturing subiu de 57,0 para 57,3, acima das expectativas de 56,8, e o PMI Services passou de 56,3 para 54,7 pontos, abaixo das expectativas de 56,1 pontos. Os números de hoje pouco alteram o cenário relativamente construtivo para o crescimento da região, assim como a direção da política monetária, que ainda permanecerá expansionista, porém em trajetória lenta e gradual de normalização.

No Brasil, no início da noite de ontem, os EUA anunciaram que estão suspendendo toda a importação de “carne fresca” do país. O efeito prático da medida é pequeno, mas sem dúvida uma medida que poderá gerar um efeito em cascata para outros países, além de afetar negativamente a imagem do Brasil em um momento já delicado. A medida tende a ser baixista para a inflação, pois irá gerar uma sobreoferta do produto internamente. Além disso, reduz as exportações e afeta negativamente o crescimento. Esses efeitos tendem a ser bastante pequenos, mas caso a medida acabe gerando contágio para outros países e/ou outros produtos, poderá majorar estes efeitos.

Os jornais de hoje trazem duas entrevistas de dois influentes gestores locais, Luiz Sthulberger e Armínio Fraga. Ambos alertam para os problemas do país e os riscos que o Brasil enfrenta na ausência de reformas. Ambos já apresentam um viés menos positivo (talvez até mais negativo) com o cenário local e externo, há algum tempo (meses), se comparados à média do mercado. Precisamos, assim, dar algum desconto a suas visões. Contudo, os dois são reconhecidos por acertarem cenários de longo-prazo mesmo que, por vezes, errem o timing de seus calls. As entrevistas devem reverberar sobre o mercado e os investidores locais ao longo do dia de hoje.




Data: 22/06/2017

Trading the Fed and Oil.

Não há mudanças significativas no cenário econômico global (nos EUA, o Jobless Claims se manteve nos lows históricos, o Bloomberg Consumer Confidence nos picos históricos, e o Leading Indicator mostrou novo avanço), mas precisamos levar em conta alguns vetores para entender (e tentar prever) a direção dos mercados financeiros globais no curto-prazo, e potencias impactos mais estruturais.

Primeiro, há a aparente mudança de postura por parte do Fed, já tratada aqui neste fórum incessantemente desde a semana passada. Segundo, existe a volatilidade recente no preço do petróleo. Ambos são capazes, individualmente, ou em conjunto, de alterar de maneira significativa a dinâmica dos ativos de risco.

A postura do Fed poderá ter impacto mais estrutural sobre os mercados financeiros globais, enquanto o petróleo parece ser uma questão pontual. Como vimos hoje, a simples estabilização de seu preço, mesmo que ainda em bases frágeis (subindo neste momento menos de 1%, após acentuada queda recente), foi capaz de dar um tom mais otimista para os ativos de risco em geral.

Acredito que o Fed tenha colocado “uma pulga atrás da orelha” do mercado, de certa forma se desvinculando de dados de curto-prazo, e mantendo uma visão prospectiva positiva para a economia, o que pressupõe a manutenção do processo de normalização monetária. O processo de comunicação da redução do balanço do Fed parece adiantado, e um anúncio oficial poderá ocorrer mais cedo do que tarde. Como este processo nunca foi testado anteriormente, pelo menos nas proporções atuais, é natural alguma cautela por parte dos investidores, especialmente se levarmos em conta o atual nível dos ativos de risco, a posição técnica de alguns mercados, e os níveis deprimidos das volatilidades realizadas e implícitas. Como já diz o ditado “Tress don´t grow to the sky”.

Sobre o petróleo, reforço o que escrevi ontem: Sou pouco entendido no assunto. Tendo a acreditar que o mercado de commodities apresenta movimentos de curto-prazo muito mais acentuados do que as mudanças de fundamentos representam. De qualquer maneira, com o WTI novamente próximo aos $40, e nos níveis mais baixos em cerca de 10 meses, o movimento começa a incomodar os demais ativos de risco. Tenho pouca sensibilidade a este mercado para emitir uma opinião concreta sobre sua direção, mas no curto-prazo a direção dele poderá ser determinante para o humor global a risco.

Vale a pena comentar a medida adotada na China, com intuito de medir os riscos a estabilidade financeira de alguns grandes conglomerados locais. Este artigo do FT resume bem a questão: https://www.ft.com/content/23c8ba54-5710-11e7-9fed-c19e2700005f. Este é um caso típico de “short term pain, for long term stability”. O governo chinês continua em uma cruzada para evitar bolhas em mercados específicos, visando desalavancar a economia e evitar problemas futuros mais agudos. O país apresentou clara estabilização neste início de ano. Alguma desaceleração do crescimento já é esperada para o segundo semestre. Contudo, como tudo na China é superlativo, qualquer desaceleração mais acentuada (e na china qualquer desvio de 0,2%, 0,3% no PIB faz preço) pode causar impactos maiores no preço dos ativos de risco.

No Brasil, o Relatório de Inflação ficou dentro do esperado (vide e-mail anterior). Na minha visão, o BCB manteve a porta aberta para a queda de 100bps ou 75bps na próxima reunião do Copom. Pelas previsões do BCB e do mercado, ainda existe um espaço razoável para a queda da Taxa Selic, o que não me parece totalmente precificado pelo mercado. Vale destacar que as expectativas de IPCA do BCB para os próximos 3 meses ainda são cerca de 40bps acima do que nossa área econômica estima, o que contrataria uma surpresa inflacionária ainda bastante grande no curto-prazo.

Continuo vendo um cenário econômico de goldilocks, mas os vetores citados acima me mantém mais cauteloso no curto-prazo, optando por posições em temas específicos, e fugindo, por ora, de temas maiores ou mais correlacionados (“dólar forte ou fraco”, , “abertura/fechamento de juros”, “alta/queda das bolsas” e etc).

Continuo vendo valor na parte curta da curva de juros nominais no Brasil, e um bom risco/retorno em algumas estruturas de opção. Mantenho uma postura de administrar o tamanho e os instrumentos da posição. Diante das incertezas do cenário, me parece difícil que o mercado embarque em um movimento rápido e acentuado de precificar um ciclo muito maior de corte de juros “a valor presente”, mas acredito que, à medida que o tempo passe, e a inflação e o crescimento baixo se concretizem, na ausência de problemas adicionais no campo político e/ou externo, o ciclo de queda da Taxa Selic poderá continuar, em nível superior ao precificado na curva neste momento. Acho prudente manter alguns hedges para a posição, como estruturas de dólar (altista) e compra de inflação implícita na parte intermediária da curva.

Mantenho viés tomador na curva de juros dos EUA. Acredito que as vols implícitas estejam baixas para adicionar a este tema via o mercado de opção. O mesmo vale para proteção dos portfólios via estruturas de opção no mercado de renda variável dos EUA.




Data: 22/06/2017

Brasil: Relatório de Inflação.

 

Os ativos de risco estão abrindo a quinta-feira sem tendência definida. Ainda há sinais de instabilidade nos ativos de risco, com as bolsas dos EUA e da Europa apresentando queda. As commodities estão estáveis no momento, mas ainda há sinais de fragilidade no petróleo e no complexo de metais não preciosos, o que requer cautela para o humor global a risco. O dólar operam em leve queda ao redor do mundo, mas com movimentos bastante tímidos neste momento.

O dia será de agenda um pouco mais agitada do que o começo da semana. Nos EUA teremos o Jobless Claims. No Brasil o Relatório de Inflação (RI).

No Brasil, nossa área econômica espera que o RI mostre revisões baixistas nas projeções de inflação para os anos de 2017 e 2018. No primeiro caso, é esperada uma inflação abaixo do centro da meta, ao redor de 3,8%. No segundo caso, uma inflação em torno do centro da meta, em cerca de 4,5%. Esses números seriam inferiores as últimas estimativas oficiais apresentadas pelo BCB em seus últimos documentos oficiais. Se estas previsões foram confirmadas, deverá passar a impressão de que ainda existe amplo espaço (cíclico) para a queda da Taxa Selic, mesmo diante das incertezas políticas e dos problemas estruturais que afetam a taxa de juros de equilíbrio de longo-prazo, os juros estruturais da economia, e a taxa terminal para este ciclo de ajuste.

Os jornais de hoje trazem poucas novidades relevantes no campo político. A derrota do governo na Comissão do Senado para a aprovação do texto da Reforma Trabalhista ainda está reverberando na mídia. O Governo tenta, agora, se reorganizar, ao mesmo tempo em que gasta esforços na defesa do presidente perante a classe política, a sociedade e ao poder judiciário.




Data: 22/06/2017

Cautela ainda necessária. Foco deve ser em temas específicos.

 

O dia foi de poucas novidades econômicas concretas, mas com uma dinâmica que manteve os sinais de instabilidade iniciadas desde a última reunião do FOMC (e os sinais recentes do Fed).

 

O destaque absoluto ficou por conta de mais uma rodada de queda no preço do petróleo. Sou pouco entendido no assunto. Tendo a acreditar que o mercado de commodities apresenta movimentos de curto-prazo muito mais acentuados do que as mudanças de fundamentos representam. De qualquer maneira, com o WTI novamente próximo aos $40, e nos níveis mais baixos em cerca de 7-8 meses, o movimento começa a incomodar os demais ativos de risco. Tenho pouca sensibilidade a este mercado para emitir uma opinião concreta sobre sua direção. 

 

No Brasil, o destaque ficou por conta do bom desempenho da curva curta de juros, as vésperas da divulgação do Relatório de Inflação. A curva apresentou movimento de steepening, com as inflações implícitas subindo marginalmente. Acredito que estes movimentos fazem sentido, diante de um cenário cíclico extremamente favorável a continuidade do processo de distensão monetária, mas com elevados riscos estruturais provenientes do impasse político atual.

 

O Relatório de Inflação deverá mostrar um cenário de inflação mais baixa para 2017 e 2018 se comparadas as últimas estimativas do BCB. As expectativas devem ser bem abaixo do centro da meta para 2017 e em torno da meta em 2018. 

 

Continuo vendo valor na parte curta da curva de juros nominais, e um bom risco/retorno em algumas estruturas de opção. Mantenho uma postura de administrar o tamanho e os instrumentos da posição. Diante das incertezas do cenário, me parece difícil que o mercado embarque em um movimento rápido e acentuado de precificar um ciclo muito maior de corte de juros “a valor presente”, mas acredito que, à medida que o tempo passe, e a inflação e o crescimento baixo se concretizem, na ausência de problemas adicionais no campo político e/ou externo, o ciclo de queda da Taxa Selic poderá continuar, em nível superior ao precificado na curva neste momento. Acho prudente manter alguns hedges para a posição, como estruturas de dólar e compra de inflação implícita na parte intermediária da curva. 

 

Nos EUA, destaque para o Existing Homes Sales, que apresentou alta em maio, acima das expectativas, e superior aos dados de housing divulgados na semana passada. É interessante observar que parte da fraqueza do setor imobiliário esteja relacionada a uma aparente ausência de oferta, o que já coloca pressão altista nos preços. Segundo o Morgan Stanley: 

 

"The housing market continues to struggle with record low numbers of homes for sale and labor shortages and other supply-side restraints preventing a stronger pickup in new home construction.

 

Listings in the affordable price range are scarce, homes are coming off the market at an extremely fast pace, and the prevalence of multiple offers in some markets are pushing prices higher. 

 

The average number of days a home was listed in May before being sold was down to 27 days from 29 in April and 32 a year ago, low in the six years the NAR has tracked it. 

 

Lack of supply versus stronger demand -- looking at mortgage purchase applications rising to a seven-year high in May and increasing further to an eight-year high so far in June -- has meant higher prices. The median existing home sales price hit a record high $252,800 in May, up 5.8% year/year. That's now 9.7% above the July 2006 housing bubble peak. 

 

Vale a pena deixar registrado que cresceu no mercado o debate em torno da postura recente adotada pelo Fed, e que venho explorando neste fórum desde a semana passada. Ainda não é um consenso no mercado quais serão os efeitos de uma possível, e cada vez mais provável, redução do balanço, mas cresce a visão de que poderá trazer efeitos negativos, mesmo que pontuais e localizados, sobre os ativos de risco em geral. 

 

Como este processo nunca ocorreu no passado, não há base de comparação. Além disso, muitos ativos de risco estão em picos históricos ou cíclicos, além das volatilidades estarem em pisos históricos.

 

Mantenho viés tomador na curva de juros dos EUA. Acredito que as vols implícitas estejam baixas para adicionar a este tema via o mercado de opção. O mesmo vale para proteção dos portfólios via estruturas de opção no mercado de renda variável dos EUA.     




Data: 21/06/2017

Cautela.

 

Os ativos de risco continuam operando com viés mais negativo. Vejo a mudança de postura por parte do Fed (já extensivamente comentada neste fórum nos últimos dias), assim como a pressão em algumas commodities (em especial o petróleo), como os principais vetores de sustentação deste viés mais pessimista. A deterioração recente da posição técnica, mostrada há alguns dias atrás pela emissão dos papéis de 100 anos na Argentina, também pode ser um vetor que esteja ajudando a dar um clima mais pessimista no curto-prazo. 

 

De maneira geral, o quadro macroeconômico segue inalterado, o que me faz acreditar que o movimento recente será pontual, e não uma mudança drástica de tendência. 

 

Por exemplo, as exportações dos primeiros 20 dias de junho, na Coréia do Sul – um país com corrente de comércio elevada, que costuma ser visto como proxy para o crescimento e a demanda global – apresentou recuperação em relação ao mês anterior, subindo elevados 24,4% YoY e 25,4% MoM (vs. 3,4% YoY e -16,2% MoM em maio). 

 

Por ora, contudo, ainda acho necessário adotar uma postura mais defensiva e tática no curto-prazo, a espera de preços mais atrativos e/ou um sinal mais claro de estabilização do humor global a risco. 

 

No Brasil, o governo sofreu uma inesperada e preocupante derrota em uma comissão do Senado, onde o texto da Reforma Trabalhista não foi aprovado. A vitória era amplamente esperada, mesmo que com pequena margem. 

 

A derrota não significa o fim da tramitação da Reforma Trabalhista. O que importa, no final das contas, é a aprovação, por maioria simples, no plenário da Casa. De qualquer maneira, a derrota é um sinal amarelo (talvez vermelho) para as reformas pendentes. Falta articulação e apoio político a este governo desde que a delação da JBS se tornou pública. Dificilmente temas polêmicos serão aprovados neste ambiente. 

 

A investigação apresentada até o momento sobre o presidente Michel Temer pela Polícia Federal (PF) aponta para indícios de corrupção passiva. À primeira vista, contudo, não existem provas adicionais aquelas já apresentadas e amplamente divulgadas na mídia nas últimas semanas. A mídia está, neste momento, apenas “requentando” notícias já amplamente divulgadas. Na opinião de um leigo no assunto, as acusações e provas parecem frágeis, na ausência de provas concretas ainda não apresentadas. Não à toa, a PF pediu tempo ao STF para concluir as investigações. 

 

No campo econômico, acumulam-se evidências de um processo desinflacionário bastante agudo e uma recuperação apenas lenta e gradual do crescimento. Ontem, o CAGED mostrou um mercado de trabalho ainda instável, a despeito dos sinais incipientes de recuperação. A arrecadação federal continua mostrando um quadro preocupante, em linha com um crescimento baixo. O número reforça a urgência de reformas estruturantes para o quadro fiscal do país.




Data: 20/06/2017

Cenário externo requer cautela no curto-prazo.

 

Na semana passada escrevi sobre a interpretação de que a sinalização do Fed havia sido mais hawkish do que as expectativas do mercado na decisão do FOMC. Ontem vimos Dudley reforçar está visão. Hoje, outros membros do Fed deram declarações na mesma linha. A mudança de postura do Fed me parece clara e coordenada. O Comitê parece cada vez mais sensível aos atuais níveis de emprego e os riscos que isso traz as perspectivas de inflação. Para colocar mais uma pitada de complexidade ao fato, alguns membros do Fed se mostram preocupados com o risco a estabilidade financeira, com os juros ainda extremamente baixos, e os níveis que alguns ativos de risco atingiram.

 

Nesta linha, alertei ontem para a emissão dos papéis de 100 anos da Argentina. Este tipo de operação, na maior parte das vezes, demonstra alguma leniência por parte dos investidores e, em muitos casos, costuma marcar um ponto de inflexão dos mercados (mesmo que pontual). Vide o e-mail enviado na tarde de ontem abaixo.

 

O cenário econômico ainda pode ser classificado como “goldilocks”. Contudo, a mudança de postura por parte do Fed não pode ser ignorada. Além disso, a emissão da Argentina mostra uma busca incessante, talvez exagerada, por yields, o que aponta para uma deterioração do quadro técnico. 

 

Acredito que o momento seja de manter os portfólios menos direcionais, em busca de temas mais específicos de investimento. Como venho afirmando nas últimas semanas, ainda vejo valor na parte curta da curva local de juros, mas tenho administrado tamanho e instrumentos. Além disso, acho indispensável a manutenção de hedges, como estruturas altistas de dólar e compra de inflação implícita na parte intermediária da curva. 

 

A despeito do movimento externo nos últimos dias, com as commodities em queda e o dólar mais forte, ainda se mostra relativamente barato a alocações de alguns hedges para uma potencial deterioração do preço dos ativos, mesmo que pontual.

 

Quanto ao Brasil, muitos se mostravam surpresos com o bom desempenho dos ativos locais após os últimos eventos políticos. Na minha visão, grande parte disso se devia a um cenário externo construtivo. Este cenário começa a dar sinais, pelo menos no curto-prazo, de alguma deterioração. Como o Brasil não é uma ilha isolada, é razoável supor que uma piora do humor global deva afetar os ativos locais. 

 

Reafirmo que ainda não estou com um viés direcional pessimista, mas claramente menos otimista após os eventos recentes, já sinalizados desde a semana passada. O momento requer cautela, hedges e um posicionamento que permita adicionar risco em temas de maior convicção caso o mercado apresente uma realização mais acentuada.




Data: 20/06/2017

Sem novidades.

 

Os ativos de risco estão operando sem grandes movimentações neste momento. A agenda do dia será esvaziada. 

 

No Brasil, a Polícia Federal concluiu a fase preliminar de investigação sobre o Presidente Michel Temer. A PF viu indícios de corrupção passiva, mas pediu mais tempo ao STF para concluir as investigações. 

 

A partir de hoje, o juiz Sergio Moro poderá proferir a primeira sentença de Lula nas investigações da Lava-Jato. A condenação em primeira instância ainda não afeta a elegibilidade do ex presidente, mas é um passo grande na direção de torna-lo inelegível. Caso seja condenado em segunda instância, não seria mais considerado “ficha limpa”, tornando qualquer candidatura a cargo executivo impossibilitada.




Data: 19/06/2017

Goldilocks -> Relaftion

Brasil – A pesquisa Focus do BCB trouxe novas revisões baixistas para a inflação e o PIB, para os anos de 2017 e 2018. 

O presidente do BCB voltou a dar um tom de tranquilidade em relação ao cenário corrente para a política monetária.

Segundo os sinais emitidos por Ilan, os vetores cíclicos para a queda da taxa Selic parecem se sobrepor, de maneira cada vez mais clara, as incertezas que o cenário pode apresentar.

Como comentado no final de semana, o noticiário político parece trazer menos novidades relevantes, o que ajuda a acalmar os ânimos dos investidores.

Neste ambiente, o dia foi de bom desempenho da curva de juros, a despeito da pressão verificada no exterior, com a abertura de taxa das treasuries e a alta do dólar no mundo. Interessante observar o movimento continuo de queda das inflações implícitas, que estão reagindo a uma inflação corrente baixa, as expectativas de inflação baixa até fins de 2018 e aos sinais de que a meta de inflação será reduzida em breve.

Externo – A semana começou com alguns sinais de “reflation” (alta nas taxas de juros, alta nas bolsas, alta nas commodities metálicas não preciosas, queda nas commodities metálicas preciosas e etc), exceto pela queda no preço do petróleo. De maneira geral, prevalece um ambiente de “goldilocks”, como tenho comentado neste fórum nas últimas semanas. As bolsas dos EUA atingiram novas máximas históricas, o dólar apresentou alta generalizada, ajudado pela abertura das taxas de juros nos EUA.

O discurso de Dudley – importante membro do Fed – ajudou a dar ímpeto a estes movimentos. Dudley manteve o tom apresentado por Yellen na semana passada. O Fed parece cada vez mais sensível aos níveis do mercado de trabalho, mantido as demais variáveis constantes. Dudley acredita que a recuperação econômica será mantida e a inflação voltará a subir. O nível do emprego tem sido cada vez mais apontando como determinante neste processo. 

Além disso, no final da semana passada, O Tesouro Americano apresentou algumas propostas para a “desregulação” bancária. Caso colocada em prática, as medidas seriam capazes de estimular o crescimento, induzir a inflação e dar suporte as taxas de juros no país.

Segundo o Deutsche Bank: 

Last week’s Treasury report on core principles for regulating the United States financial system contain reform recommendations that are significant both to our macro outlook and to valuation of a broad spectrum of financial instruments. From a macro perspective, implementation of the Treasury’s recommendations could strengthen the credit impulse, contribute to more rapid growth and drawdown of remaining labor market slack, and help boost inflation toward the Fed’s target. These effects would be supportive of our macro view for moderately higher yields and a higher term premium. From a pricing perspective, the primary effect of these measures is to essentially remove Treasury holdings as a “binding constraint” on the balance sheet. This should cause compression of liquidity premium in the pricing of assets that have been distorted by high balance sheet costs relative to low asset returns.

Macro implications 

Our colleagues in Global Economics have observed a number of parallels between the current economic environment and that during the middle portion of the 1960s. The narrative goes that during this period, unemployment declined to well under 4%, relative to concurrent estimates of NAIRU of 5.6-5.7%. However, core PCE remained stubbornly low for an extended period. Ultimately, however, inflation turned up significantly. The apparent catalyst was fiscal stimulus, which drove the structural deficit from 0.7% of potential GDP to a nadir of 3.9% of potential GDP from 1965 to 1968.

From this perspective, dramatically declining expectations of the viability of fiscal stimulus suggest that the parallels might end there. To the extent that fiscal stimulus is not viable in the current political environment, inflation might be left to rise over time given further tightening of labor markets, with the Fed mechanistically pushing short rates higher to their current long term estimate of 3%.

We note, however, that the more powerful credit impulse which might be unleashed by the Treasury’s suggestions for financial reform could constitute a catalyst for more robust growth and a more rapid erosion of remaining slack in the labor market. This could push inflation up towards target and allow the Fed “space” to raise rates in a fashion more consistent with the dots than with current market pricing. This would support our core views for a recovery of inflation, moderate increases in market yields, and a restoration of the term premium.

Portfólio – Minha visão permaneceu inalterada nos últimos dias. Continuo vendo um cenário relativamente construtivo para a economia global, que vem sendo erradamente expressado (até o momento) via juros tomados nos EUA. Nos atuais níveis de preço, existem hedges extremamente baratos para serem incorporados ao portfólio.

Mantemos um viés positivo para a parte curta da curva de juros local. Temos administrado tamanho e os instrumentos da posição. Continuo gostando de hedges para qualquer eventual deterioração do cenário local, via estruturas de opção de dólar, e na inflação implícita, na parte intermediária da curva. 




Data: 19/06/2017

Goldilocks...

Os ativos de risco estão operando sem tendência definida. As bolsas da Europa e EUA operam em alta neste momento. As taxas de juros nos EUA apresentam leve fechamento de taxas, enquanto o dólar apresenta leve alta. As commodities operam sem direção única.

Por ora, o cenário externo continua benigno, no que ficou cunhado como um cenário de “goldilocks”. O crescimento global segue estável, com uma inflação no mundo desenvolvido ainda controlada e uma inflação emergente, grosso modo, cadente. Os bancos centrais das principais economias do mundo, a despeito de um processo de normalização monetária, ainda mantêm as condições financeiras globais frouxas.

Os riscos existem, e precisam ser monitorados, mas a probabilidade de ocorrência, neste momento, parece baixa. Vejo como riscos uma eventual desaceleração do crescimento chinês no segundo semestre do ano, a necessidade de uma aceleração no processo de normalização monetária nas economias desenvolvidas e/ou problemas idiossincráticos em países específicos, que possam levar a contágio para países ou regiões mais relevantes (Itália, Brexit e etc).

A agenda da noite foi relativamente saudável. No Japão as exportações de maio apresentaram recuperação, mostrando uma economia global ainda robusta. As exportações saíram de 4,1% YoY para 7,5% YoY. O número traz algum alívio após uma rodada de dados um pouco menos positivos no tocante ao crescimento global.

Na China, os dados de preços de imóveis apresentaram alta em maio, também seguindo uma sequência de quedas nos meses anteriores. O número sugere alguma estabilização do setor, o que pode ser visto como um alívio de curto-prazo, dado a importância da economia da China para o mundo e do setor imobiliário para o crescimento chinês.

No Brasil, a mídia voltou a falar sobre a possibilidade de aprovação da Reforma da Previdência. O processo poderia ser feito de maneira “fatiada”, assim como a tramitação da Reforma Trabalhista está ocorrendo.

Além disso, segue o que comentei no domingo pela manhã (reproduzido abaixo). Não há informações novas no campo político, mas continua um embate de versões entre delatores e delatados.

 




Data: 19/06/2017

Poucas novidades.

 

O final de semana, até o momento, trouxe poucas novidades no cenário local e externo. 

 

No Brasil, a mídia continua focada na cobertura do que parece ser uma guerra aberta de versões entre delatores e delatados, no âmbito das investigações de corrupção no governo e no congresso como um todo. Por ora, não há nada de fundamentalmente novo daquilo que já foi reportado no passado e/ou, até mesmo, divulgado oficialmente em delações premiadas já tornadas públicas. 

 

No campo econômico, ventila-se que o governo trabalha em uma agenda positiva, que não dependa da aprovação do congresso para ser colocada em prática. Muitas das medidas que estão sendo ventiladas não passam de "requentamento" de medidas já em estudo ou em tramitação. Abaixo deste texto, copio uma lista descrita pelo Estadão. 

 

No cenário externo, Trump continua no centro de polêmicas, com rumores de que estaria sendo investigado por obstrução de justiça. Pessoas do seu entorno negam a versão, mas o mercado e a mídia ainda especulam medidas nesta direção. 

 

Voltado ao Brasil, segue  alista descrita do Estadão: 

 

EM ESTUDO 

* Reforma do PIS-Cofins

* Revisão da Lei do Bem, que estabelece incentivos fiscais para pesquisa e desenvolvimento 

* Prorrogação do Repetro, que suspende a cobrança de tributos federais na importação de equipamento para o setor de óleo e gás 

* Permissão para que créditos tributários das empresas possam ser usados para pagar dívidas com a Previdência. 

* Construção de sistema que permitirá a emissão da nota fiscal eletrônica de serviços. 

* Aperfeiçoamento da lei de recuperação judicial. 

* Regulamentação do distrato, quando uma pessoa compra um imóvel na planta e desiste. 

* Marcos regulatórios para os setores de gás e de biocombustíveis. 

* Normas para atuação das agências reguladoras. 

* Criação da Taxa de Longo Prazo (TLP), em substituição à Taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP)




Data: 19/06/2017

Update.

 

Os ativos de risco mostraram sinais de acomodação, após a reação de ontem aos sinais emitidos pelo Fed, e já comentados neste fórum na noite de ontem. 

 

A agenda econômica dos EUA se manteve, na melhor das hipóteses, mista. O Michigan Confidence - um dos indicadores mais importantes de confiaança do país - apesentou moderação superior as expectativas, mas com uma elevação nas expectativas de inflação. Acho natural, e até mesmo esperado, que os indicadores de confiança ("soft data") apresentem acomodação nos atuais níveis, os mais elevados da história recente. A manutenção destes indicadores em patamares robustos e elevados, contudo, ainda é sinal de uma economia saudável. 

 

Os dados do setor imobiliário voltaram a decepcionar, com queda expressiva e inesperada. O setor hoje ainda é um importante pilar de crescimento, mas sua importância para a economia se reduziu sobremaneira após a crise de 2008. 

 

Em suma, a despeito da volatilidade normal dos indicadores econômicos, continuo a ver um cenário de crescimento relativamente estável em torno de 2%-2,5%, uma inflação apenas gradualmente ascendente em meio a um mercado de trabalho robusto. O Fed deverá manter um processo gradual de normalização monetária, enquanto este cenário persistir, algo que não está totalmente precificado pelo mercado. 

 

No Brasil, o destaque ficou por conta de uma extensa entrevista do presidente do BCB. Ilan foi extremamente dovish, na minha visão, dando um enorme peso ao fatores cíclicos da economia, com a inflação baixa e o cenário de recuperação lenta do crescimento, além de dar algum "play down" na importância de curto-prazo para a Reforma da Previdência, sinalizando que outras reformas também são importantes. 

 

A Petrobrás anunciou mais uma rodada de queda no preço da gasolina, reduzindo as expectativas de inflação em cerca de 5bps. 

 

No campo político, não há novidades concretas. A mídia ventilando a possibilidade de uma série de novas delações premiadas, além de atividades suspeitas de todas as esferas da República.

 

Neste pano de fundo, repito o que tenho escrito nas últimas semanas. Continuo focado na parte curta da curva de juros no Brasil, onde ainda vejo uma assimetria relevante para a continuidade do processo de queda da Taxa Selic. Ainda trabalho com hedges locais e em busca de hedges externos, em que as vols baixas apresentam oportunidade de comprar seguros baratos.




Data: 16/06/2017

Fed em Foco.

Os ativos de risco tiveram uma quinta-feira de dinâmica interessante, talvez em um efeito retardado aos sinais emitidos pelo Fed e por Yellen ontem (comentei mais cedo sobre isso e copio o texto abaixo). 

O dia foi marcado por uma forte apreciação do dólar no mundo, sustentado pela abertura das taxas de juros nos EUA. As commodities apresentaram queda, assim como os ativos emergentes em geral tiveram um dia de pressão (negativa) generalizada. Após operar grande parte do dia em queda não desprezível, os índices de bolsa nos EUA acabara o dia apenas com leve queda.

O dia foi de agenda mista de dados nos EUA. A produção industrial apresentou queda superior as expectativas, mas os indicadores de confiança, o Philly Fed e o Empire Manufacturing ficaram acima das expectativas, mantendo as esperanças elevadas de que o crescimento do país deverá se manter em níveis saudáveis (talvez não excepcionalmente robusto, porém satisfatório).

Em especial, o Jobless Claims apresentou queda, permanecendo nos níveis mais baixos em cerca de 45 anos. Este indicador é extremamente importante, pois o Fed dá sinais de que, "ceteris paribus", ou seja, com um crescimento "ok", e uma inflação que não caio dos atuais níveis, dará mais importância aos números de emprego do que a movimentos vistos como pontuais na inflação e/ou no crescimento.

Em suma, mantido um pano de fundo de crescimento em torno de 2%, com uma inflação migrando aos 2%, mesmo que de forma extremamente gradual, os atuais níveis do mercado de trabalho terão relevância maior na função de reação de Yelle e cia.

O processo de normalização monetária por parte do Fed, neste cenário, deverá continuar gradual. Uma aceleração deste processo só será necessário caso a inflação comece a acelerar de forma mais sustentável. 

A reação do mercado hoje faz sentido diante de uma posição técnica talvez comprometida e um mercado que esperava um Fed mais preocupado com os indicadores recentes de inflação. Continuo focado em temas específicos, como a parte curta da curva de juros no Brasil, e buscando hedges para possíveis eventos extraordinários e/ou movimentos externos mais acentuados. Ainda está barato adicionar hedges nesta direção, com as volatilidade implícitas em lows históricos.

Sobre o Fed, escrevi mais cedo o seguinte:

Na noite de ontem aproveitei para analisar com calma a decisão do Fed e o discurso de Yellen.

Fiquei com a impressão que o Fed foi mais hawkish, ou menos dovish, do que se poderia imaginar, especialmente via-a-vis os dados recentes de inflação. Yellen deu um grande "play down" na baixa inflação recente, além de mostrar confiança na retomada da economia.

Mais importante do que isso, o Fed sinalizou que a comunicação do processo de redução do balanço já está avançada, e o começo efetivo deste processo de redução pode ocorrer mais cedo do que tarde.

O mercado le essa interpretação como um sinal de que o próximo passo poderá ser o anúncio efetivo da redução do balanço, deixando a próxima alta de juros apenas para o final do ano. Este cronograma favoreceria um steepening da curva de juros. Ainda é bastante incerto como o mercado irá reagir a este processo, nunca antes testado.

De forma geral, uma decisão esperada. Contudo, mantida as condições atuais, o Fed deverá dar continuidade ao processo de normalização monetária. Não é preciso que o crescimento avance muito mais, ou que a inflação acelere acentuadamente. O Fed parece cada vez mais sensível ao mercado de trabalho, dado o mais constante.




Data: 14/06/2017

Still a goldilocks scenario.

Estou fora da mesa em reunião com clientes, mas dado a importância do dia de hoje, acho válido tecer alguns comentários antes do feriado. Estarei com acesso restrito nos processos dias, então as atualizações e comentários podem ser prejudicados.

Na China, os dados de atividade econômica e agregados monetários de maio apresentaram um quadro de relativa estabilidade do crescimento. Vimos algum arrefecimento nos números referentes a investimentos, que precisam ser monitorados, mas nada que altere o pano de fundo de um crescimento relativamente estável nos próximos meses.

Nos EUA, o Core CPI ficou abaixo das expectativas, o terceiro mês consecutivo que isso acontece. As vendas no varejo também surpreenderam para baixo o consenso, mas já existiam algumas casas esperando números mais fracos. 

O Fed, por sua vez, elevou as taxas de juros em 25bps, como era amplamente esperado. O comunicado após a decisão apenas fez uma "marcação a mercado" dos números de crescimento, emprego e inflação. Yellen adotou um tom de relativa neutralidade, dando um certo "play down" nos dados recentes mais fracos de inflação.

De maneira geral, os números de hoje apenas reforçam o cenário de "goldilocks" que vem prevalecendo ao longo dos últimos meses. Existia um risco deste pano de fundo ser testado por dados mais fortes e/ou por um Fed mais duro vis-á-vis os preços  e a posição do mercado. Isso não aconteceu. Muito pelo contrário, os números recentes apenas reforçam o ambiente de crescimento estável/saudável, sem grandes acelerações ou desacelerações, com uma inflação contida. Neste cenário, os bancos centrais podem se dar ao luxo de agir com extrema cautela e gradualismo no processo de normalização monetária.

O Brasil acaba se favorecendo deste pano de fundo externo. Não há novidades relevantes no cenário local. A atividade mostra sinais ambíguos, mas parece certo que a recuperação continuará extremamente lenta e gradual. A inflação continua surpreendendo para baixo. As contas externas seguem tranquilas. É imperativo a aprovação de reformas estruturantes, como a Previdência, para o ajuste das contas públicas.

O quadro cíclico de inflação baixa e crescimento frágil não será alterado pelo vetor fundamental da aprovação ou não das reformas. o cenário externo dá certo suporte, ou tempo, para que o impasse político seja solucionado. A agenda legislativa está avançando. Os passos são lentos, os obstáculos são maiores, mas alguns avanços estão sendo conquistados.

Net/net, continuo vendo espaço para a queda da Taxa Selic e não vejo este cenáario totalmente precificado pela curva curta de juros. Ainda acho prudente trabalhar com hedges locais e externo. o cenário base continua a ser de "goldilocks", mas o mercado oferece uma oportunidade impar de adicionar hedges baratos ao portfólio.




Data: 13/06/2017

Estabilização do humor externo. Brasil: governo supera mais um obstáculo.

Os ativos de risco estão dando sinais de estabilização, após uma breve correção nos índices de bolsa dos EUA e da Europa. Ainda vejo a agenda econômica desta semana como determinante para a dinâmica dos ativos de risco durante o verão no hemisfério norte, período sazonalmente marcado por volatilidades mais baixas e liquidez idem.

Hoje, destaque para o PPI. Amanhã teremos o Core CPI, Retail Sales e decisão do FOMC. Está agenda é capaz de testar o ambiente atual de “goldilocks” ou manter o ambiente tranquilo para as próximas semanas.

No Brasil, destaque hoje para as Vendas no Varejo. O mercado já espera um número negativo, mas vemos riscos baixistas para esta divulgação.

No final da tarde de ontem, o PSDB anunciou que, por ora, permanecerá na base do governo. A decisão foi tomada visando manter a agenda de reformas e em busca de apoio do PMDB para as eleições de 2018. A posição do PSDB será reavaliada diariamente.

Passado o processo no TSE e, agora, com menos uma pressão iminente do mais importante partido aliado de sua base, o Governo Temer ganha tempo de reação, reduzindo, marginalmente, o “risco de cauda” de curto-prazo.

Já é amplamente esperado que a PGR irá abrir um inquérito contra Temer. O Governo já trabalha para barrar as investigações na Câmara, onde a PGR precisaria de maioria para dar andamento ao inquérito/processo.

Enquanto isso, a equipe econômica continua trabalhando em torno das reformas e de uma mínima agenda econômica. A mídia reporta que existe pressão de alas do governo para uma agenda positiva, visando o ajuste da tabela do IR, um novo Refis, entre outras medidas. A Fazenda é contrária a algumas dessas medidas, mas trabalha na direção de uma agenda que visa o emprego, a renda e uma recuperação do crescimento.

A pesquisa Focus realizada pelo BCB mostrou recuo das expectativas de inflação para 2018. As expectativas para o PIB voltaram a cair. O ambiente continua extremamente propício a queda da Taxa Selic, em um movimento que ainda não me parece totalmente precificado pelo mercado.

Continuo gostando de posições aplicadas na parte curta da curva nominal de juros. Existem estruturas de opção com bom risco/retorno para este cenário. Acho imprescindível manter hedges via estruturas altistas de dólar e compra de inflação implícita na parte intermediária da curva. No externo, gosto de posições tomadas na Treasury, mas com hedges via puts de S&P.  




Data: 12/06/2017

 Semana traz riscos que precisam se monitorados.

Os ativos de risco estão abrindo a semana sem tendência definida. As bolsas dos EUA e da Europa apresentam queda, mas as taxas de juros nos EUA abrem e o dólar opera sem tendência definida. O mesmo vale para as commodities.

Nos EUA, cresce o debate na mídia e nos relatórios de sell-side em torno de uma possível correção de preços em alguns setores específicos do mercado, como Tech. Os argumentos estão centrados em um cenário de valuations esticados e expectativas não realistas de crescimento de lucros.

Na Europa, problemas no setor financeiros voltaram a afetar a Espanha, após o sexto maior banco do país ser obrigado a sofrer intervenção. O JMP comenta sobre o tema:

While the market’s view of POPSM was that of a fairly idiosyncratic situation, mainly as a result of unresolved legacy issues, we think it was a complete surprised for everyone how quickly everything unfold with the ECB promptly declaring PoNV and putting the bank under resolution. We were baffled by one of the shortest sell-off we can remember, in particular in the context of the resolution of the sixth largest bank in the country and the de-facto write-off of all subordinated debt (€2bn). However, the market attention has now shifted towards other small Spanish banks where coverage ratios look vulnerable. We highlight banks such as Liberbank, Cajamar and Ibercaja where some Tier 2 bonds dropped more than 10pts over the last few sessions. We think there is an element of “missed opportunity” after some investors reflect on pretty impressive short trades over the last few months; namely POPSM subordinated debt and Vicen & Venban capital structure. Having said that, we do think there could be some substance with banks such as Liberbank potentially having to strength its balance sheet further. Conversely, we think Cajamar and, in particular, Ibercaja are stronger institutions where the market could be overreacting. 

We have run two distinct scenarios where a very conservative approach adjusts coverage ratios in line with those of POPSM. An alternative scenario, and arguably more realistic, calculates provision shortfall as a function of peers’ coverage ratios. We look at the results of our analysis in the context of reported Total Capital ratios and the 2017 SREP. We think the impact for Liberbank could be close to 400bps or very close to the current market capitalisation on an absolute basis. This may spell some question marks over the equity market access of the institution, in our view. However, with a pretty concentrated ownership structure (five investors owned approximately two-thirds of all ordinary shares), equity market access is a function of the underlying financial flexibility of these shareholders. We think there could be some negative momentum on valuation if the bank doesn’t take decisive action to dispel concerns around the book value of troubled assets, in particular if market concerns are magnified in the press.

Conversely, the capital position of Cajamar and, in particular, Ibercaja is more solid with enough capital to absorb potential losses while still being 2017 SREP compliant, in our view. We think the market has overreacted and while negative monument could last some time, we think this could ultimately prove an attractive entry point. We must emphasize that our analysis is simplistic in the sense of emphasizing the low coverage ratios of problematic assets and there may be additional losses in other lines in the balance sheet.

Reforço meu comentário de sexta-feira: Continuo vendo um cenário relativamente construtivo para a economia global, que vem sendo erradamente expressado (até o momento) via juros tomados nos EUA. Nos atuais níveis de preço, existem hedges extremamente baratos para serem incorporados ao portfólio. Elencaria Puts de S&P e Puts de Tsy como dois exemplos disso. Acho prudente ter proteções como essa para a próxima semana.

Mantenho um viés positivo para a parte curta da curva de juros local, mas trocando risco do mercado futuro para opções ao longo da sexta-feira (muito por risco/retorno e pelos riscos desta semana). Continuo gostando de hedges, via estruturas de opção de dólar, e na inflação implícita na parte intermediária da curva.

No Brasil, os jornais de hoje estão reportando que o PSDB deverá continuar em cima do muro e não irá decidir sobre saída (ou não) do governo na reunião agendada para hoje. O Governo mira agora seus esforços para a possível denuncia de Janot e uma nova batalha no Congresso para frear a investigação. Além disso, a mídia dá conta, desde o final de semana, de medidas que possam ser anunciadas visando estimular o emprego, a renda e o crescimento.




Data: 12/06/2017

Brasil: O TSE é um risco a menos, mas o cenário segue incerto.

Como era amplamente esperado, o TSE manteve o mandato de Michel Temer. O processo no TSE era apenas o primeiro passo em um longo e tortuoso caminho para este governo buscar uma reafirmação. A solução para os problemas políticos enfrentados por Temer e Cia está longe de ser encontrada, mas retirar o TSE do caminho é um passo importante nesta caminhada.

A mídia agora volta as suas atenções para a possível abertura de inquérito sobre as possíveis atitudes não republicanas de Temer, segundo as acusações da PGR. O governo terá que se articular no Congresso, em busca de apoio para a sobrevivência, já que a abertura do inquérito depende de maioria na Câmara dos Deputados.

Enquanto o inquérito não é aberto, a mídia continua trazendo a tona possíveis novas evidências contra o atual presidente e o seu entorno. Além disso, o fantasma de novas delações premiadas, que poderiam incriminar ainda mais o núcleo duro do governo, estão circulando na mídia diariamente.

Neste ambiente, Temer precisa concentrar seus esforços em sua defesa, deixando os interesses do país um pouco de lado. Este trabalho, contudo, está sendo exercido pela equipe econômica, capitaneada por Henrique Meirelles, como uma espécie de primeiro ministro informal.

Esta equipe econômica continua apresentando credencias que são bem vistas pelo mercado. A Reforma da Previdência é um passo essencial para colocar o país de volta na rota da recuperação econômica, mas outras medidas periféricas continuam avançando. 

Neste sábado, os jornais estão reportando que o governo buscará uma nova rodada de agenda positiva, focada no busca pelo emprego, o consumo e o crescimento. Não há detalhes sobre o caráter destas medidas.

De maneira geral, o cenário político continua incerto e nebuloso, mas me parece difícil fazer um “case” muito otimista ou muito pessimista no momento. O cenário externo terá um peso importante sobre a dinâmica dos ativos locais nos próximos dias. O mercado de juros local me parece mais defendido pela ancora da política monetária e de um quadro cíclico extremamente favorável à queda das taxas de juros. As incertezas sobre o crescimento e as reformas estruturantes continuam deixando o cenário para o câmbio e a bolsa um pouco mais incerto.




Data: 12/06/2017

Brasil: Inflação surpreende/ Externo: Hedges baratos.

Brasil – Destaque absoluto para a divulgação do IPCA de maio. A inflação apresentou alta de 0,31% MoM e 3,60% YoY, muito abaixo das expectativas de 0,47% MoM e 3,765 YoY. Nossa área econômica classificou o número da seguinte maneira:

O qualitativo do IPCA veio favorável, com a inflação de serviços (e a subjacente de serviços) abaixo das mínimas históricas (desde 2001). A inflação de serviços subjacentes dessaz ficou em apenas 3,1% na média móvel trimestral anualizada, enquanto serviços como todo em 5,9%. Na ponta dessaz, serviços ficaram em 4,7%. A média móvel trimestral da média dos núcleos ficou em 3,3% (taxa anualizada). A difusão dessaz de serviços rodou em patamar bastante baixo. Em suma, o cenário de desinflação prossegue e vemos um IPCA agora mais próximo de 3,25% para o ano.

O número de hoje mantém viva a chances de um corte de 100bps na próxima reunião do Copom. Acredito que esta probabilidade hoje seja superior a 50% (o mercado precifica probabilidade inferior a 30%). No mínimo, o número de hoje, aliado ao cenário de recuperação lenta do crescimento, pressupõe a continuidade do ciclo de queda de juros nas próximas reuniões do Copom. 

Em sinalizações recentes na mídia, e em reuniões com o mercado, membros do BCB sinalizaram que não estão presos a nenhum cenário específico de corte na próxima reunião, mas que veem um ambiente cíclico ainda propício a continuidade de queda da Taxa Selic. Aquela má interpretação do Comunicado após o último Copom, que critiquei neste fórum, parece já ter sido desfeito. Escreve o seguinte sobre este tema no início da semana:

Na semana passada, escrevi o seguinte sobre a decisão: Na minha humilde visão, acredito que este BCB esteja fazendo um excelente trabalho na condução da política monetária, mas sua comunicação, muitas vezes, peca pela excessiva transparência. Como não estamos em um país desenvolvido, mas, muito pelo contrário, em um país emergente, os 45 dias entre as reuniões do Comitê de Política Monetária trazem inúmeras informações novas. Assim, o excesso de sinalização pode acabar colocando o BCB em situação delicada, forçando-o a promover mudanças de postura repentinas às vésperas das reuniões. Este BCB já cometeu este erro no passado, se comprometendo com um ritmo de ajuste de juros, e pode se ver em situação semelhante novamente. Em suma, o foward guidance do livro texto, mesmo usado na melhor dos intensões aqui no Brasil, talvez não seja a melhor postura a ser tomada.

No interim entre o comunicado da semana passada e as Notas de hoje, observamos uma forte reação negativa dos ativos locais. A crise política explica parte do movimento, mas a comunicação do BCB, na minha opinião, ajudou a piorar o quadro. O BCB parece ter compreendido que, talvez, sua comunicação não tenha sido adequada, e procurou melhora-la nas Notas divulgadas hoje. Acredito que ele tenha conseguido desfazer a sensação ruim que tinha ficado após a reunião da semana passada.

Em termos gerais, o cenário base é que o Copom caia 75bps a Taxa Selic na próxima reunião. Contudo, o BCB não está totalmente preso a este cenário. A despeito da incerteza política, cujo efeito é ambíguo sobre o cenário para política monetária, o pano de fundo cíclico da economia, com inflação baixa e recuperação lenta do crescimento, ainda justificam a manutenção de um ciclo de queda das taxas de juros. O BCB afirma, como é esperado no atual estágio do ciclo, que é natural esperar quedas mais moderadas de agora em diante. Na minha visão, falar em fim de ciclo e/ou em taxa terminal de juros, neste momento, me parece prematuro.

Externo – O mercado leu as eleições na Inglaterra como um evento local e que, possivelmente, vislumbra uma política fiscal mais frouxa. O grande prejudicado neste processo acabou sendo a GBP.

Nos EUA vimos um sell-off não desprezível no Nasdaq. Não parece haver um evento específico que justifique o movimento, mas o forte desempenho de Tech neste início de ano, e valuations longe de barganhas, parecem ter ajudado o movimento de realização.

A semana que vem terá uma espécie de “Super Wednsday” com a divulgação do Core CPI, Retail Sales e decisão do FOMC.




Data: 09/06/2017

UK: Oops, They Did It Again!

Quando o cenário parecia convergir novamente para um ambiente de riscos mais controlados, as eleições gerais no Reino Unido trouxeram uma nova e inesperada surpresa aos mercados. O partido de Theresa May, a atual Primeira Ministra, perdeu sua maioria no Parlamento. As pesquisas eleitorais mostravam, até poucas semanas atrás, ampla vantagem para o partido de May, mas os números vinham convergindo conforme a data das eleições foram se aproximando. De qualquer maneira, as pesquisas ainda apontavam vitória por uma margem entre 3% a 5% para May e seu partido.

A derrota nas eleições realizadas ontem deverá levar a um Parlamento mais fragmentado e rachado. Este pano de fundo deverá enfraquecer os poderes do Reino Unido nas negociações para o Brexit, e manter o cenário político mais incerto.

Por ora, observamos uma queda de quase 2% no GBP, que está pressionando levemente o EUR. Até o presente momento não há sinais claros e óbvios de contágio do resultado para os demais ativos de risco. As bolsas sobem nos EUA e na Europa como um todo, as commodities operam sem tendência definida, e as taxas de juros estão estáveis nos EUA. O dólar apresenta movimento misto e não acentuado, exceto pelo GBP.

Na China, O CPI saiu de 1,2% YoY para 1,5% YoY em maio com o PPI recuando de 6,4% YoY para 5,5% YoY, ambos praticamente dentro das expectativas. Os números divulgados hoje em nada alteram o cenário econômico do país.

No Brasil, os jornais estão reportando que o TSE deverá inocentar Temer no processo em curso para a cassação da chapa das eleições presidências de 2014. A cassação é vista como um alívio temporário para o governo. Passado este evento, de acordo com a mídia, o Planalto terá que se defender das acusações da PGR, que provavelmente pedirá a abertura de inquérito sobre o presidente, além de administrar possíveis novas acusações, e o surgimento de novos delatores.

Enquanto isso, a pauta do Congresso avança a passos lentos. As reformas econômicas mais importantes foram adiadas. Neste momento, é extremamente difícil falar em Reforma da Previdência. O fim do processo no TSE é importante. Passada esta incerteza, o governo precisa recompor sua base e mostrar que tem condições de levar o país até as eleições do ano que vem.




Data: 08/06/2017

"Goldilocks" is back!

A narrativa do dia seguiu, grosso modo, o roteiro que descrevi hoje cedo. O ECB manteve a política monetária estável, mas alterou o comunicado para mostrar um pano de fundo mais balanceado para o crescimento, como era amplamente esperado. A área técnica do Banco apresentou revisões altistas para o PIB, porém baixistas para a inflação até 2019, mas dentro de uma expectativa que já vinha sendo ventilada no mercado.

Os ativos de risco pouco reagiram à decisão. Vimos alguma pressão no EUR, mas em um movimento natural de correção. Existia um risco de o ECB ser mais duro em seu discurso, o que acabou não ocorrendo.

De maneira geral, a decisão confirma que a liquidez global deverá continuar ampla, com movimentos apenas graduais por parte dos principais bancos centrais no mundo, como Fed, ECB e BoJ. Em um ambiente de crescimento estável e inflação contida, a liquidez ainda ampla, mesmo que caminhando em direção mais restritiva, ainda dá conforto aos investidores na busca por ativos de risco de uma forma geral.

Eu vejo um risco da curva de juros dos EUA estar precificando um cenário excessivamente dovish vis-à-vis o mercado de trabalho próximo ao pleno emprego. O Jobless Claims divulgado hoje voltou a mostrar um quadro de robustez do emprego no país.

De qualquer maneira, não vejo cenários claros de ruptura, porém de ajustes pontuais, que podem ser feitos pelo Fed ao longo do processo. A alta de juros em março, inesperada até poucos dias antes da reunião do FOMC, foi um exemplo disso. Além disso, existem instrumentos de hedge para cenários de reprecificação da curva de juros dos EUA, cujas volatilidades implícitas estão historicamente baixas, ou seja, existem instrumentos baratos para se alocar hedges nesta direção. O movimento recente dos ativos de risco mostra que a preocupação neste sentido deverá ocorrer se, e apenas, quando a inflação der sinais de vida.

Saindo do cenário dos bancos centrais, os números mais positivos de crescimento global mas, principalmente, os bons números de importação e exportação da China, também dão um alento para o cenário de “goldilocks” que está prevalecendo. Reforço que riscos existem e devem ser monitorados. Com as vols baixas, existem inúmeros hedges baratos para se proteger de eventos inesperados. Todavia, por ora, o cenário base continua a ser relativamente construtivo para ativos de risco e carry, o que favorece os ativos EM e, até mesmo, os ativos no Brasil.

No Brasil, “segue o jogo” do TSE. Vejo um mercado bastante dividido e incerto quanto ao melhor cenário político daqui para frente. Na minha opinião, a incerteza é o pior dos cenários. Assim, quanto antes os problemas forem superados, melhor. Se o TSE retirar Temer, seria um longo processo de embate jurídico. Se Temer ficar, deverá se defender da PGR e do STF, mas tem um apoio político ainda relativamente sólido. 




Data: 08/06/2017

Cenário externo continua positivo, evitando uma deterioração maior no Brasil.

 

Complementando o comentário de hoje cedo, que foi prejudicado por problemas técnicos, as informações que temos do cenário externo nas últimas horas reforçam um quadro de uma economia global que cresce de forma relativamente estável e saudável (vide exportações e importações da China, produção industrial na Alemanha, PIB na Área do Euro) e bancos centrais que sinalizam para um processo apenas gradual de retirada de liquidez da economia.

 

A reunião do ECB será em algumas horas e deverá reforçar este quadro. O BoJ, segundo artigos recentes, pretende também melhorar a sua comunicação, mas na direção de mostrar uma postura gradual no seu processo de normalização monetária. O Fed deverá elevar os juros na semana quevem e sinalizar para a continuidade do processo de normalização monetária, com mais uma alta (além das duas que terão sido concretizas na próxima semana) este ano e o anuncio dos detalhes do projeto de redução de seu balanço.

 

No Brasil, o cenário externo continua contribuindo para uma volatilidade mais baixa, mesmo que em um ambiente de incerteza. O quadro cíclico da economia também ajuda, com a inflação extremamente baixa, contas externas robustas e um crescimento que se recupera a passos lentos. A robustez da equipe econômica garante algum conforto para os investidores estrangeiros. 

 

O cenário político, contudo, se mostra conturbado. Mesmo que Temer sobreviva ao TSE, as acusações em cima dele devem se acumular, pelo o que sinaliza a mídia e a PGR. O PSDB, um dos principais pilares de sustentação do governo, acena com a ruptura, mesmo que mantendo uma postura pro reforma.

 

Tendo a acreditar que o mercado possa reagir positivamente a uma possível vitória de Temer no TSE. Segundo esta narrativa, Temer teria condições de recompor sua base em torno do mínimo possível de reformas para que o país possa sobreviver até as eleições do ano que vem. Contudo, os riscos não estarão totalmente dissipados.

 

Por isso, ainda tenho preferência por posições mais neutras em Brasil, aplicadas na parte curta da curva de juros, comprado em estruturas de opção de dólar como hedge e comprado em inflação implícita na parte intermediária da curva.




Data: 08/06/2017

Externo saudável. Sem luz no fim do túnel no Brasil.

 

Os ativos de risco estão operando próximos a estabilidade, em um dia de agenda cheia.

 

Algum destaque para a abertura de taxa dos juros dos países desenvolvidos, primeiro na expectativa da decisão do ECB na Europa e,segundo, após um artigo da Bloomberg afirmar que o BoJ, no Japão, poderia alterar seu comunicado na próxima reunião. O mercado leu o artigo como uma possibilidade do BoJ já sinalizar para um "exit strategy" de sua atual política monetária. 

 

Na Europa, o consenso espera a manutenção da política monetária, mas com alterações na comunicação do ECB. Espera-se uma revisão altista dos dados de crescimento e a sinalização de riscos mais balanceados. 

 

Nos EUA o destaque ficará por conta do Jobless Claims. 

 

Na China, os dados de exportação e importação ficaram acima das expectativas, mostrando um crescimento local e global estável e saudável. Segundo o Morgan Stanley: 

 

May trade growth rose more than market expectations: Exports growth advanced to 8.7% YoY in May (vs. 8.0% YoY in April; Consensus: 7.2% YoY; MSe: 8.5% YoY), led by stronger exports to Euro Area and Korea. The exports growth trend has been largely in line with the Morgan Stanley Global Trade Leading Indicator (MSGTLI), which tends to lead China’s export growth by 4-5 months and is still elevated. Meanwhile, imports growth rebounded unexpectedly to 14.8% YoY in May (vs. 11.9% YoY in April; Consensus: 8.3% YoY; MSe: 9.0% YoY). The key driver was stronger processing imports on better external demand, while imports for domestic demand also remained largely stable. As a result, the trade surplus edged up to US$40.8bn in May from US$38.0bn in April. 

 

No Brasil, ainda não há luz no final do túnel. O episódio reportado pela mídia em que o presidente atual utilizou um avião privado de um hoje delator está sendo visto como um fato novo, e que traz mais fragilidade ao governo.

 

O Valor está reportando que o PSDB deverá abandonar o governo na reunião convocada para segunda. O partido apoiaria reformas econômicas mais brandas, mas não daria apoio irrestrito ao governo atual.




Data: 07/06/2017

Petróleo em foco. Sem definições no Brasil.

O destaque ficou mais uma vez por conta de uma forte queda no preço do petróleo, após números de estoques que mostraram forte acumulo na última semana. Ao contrário do que poderia se esperar, contudo, o mercado de juros e renda variável, nos EUA, apresentou desempenho positivo.

Nesta linha, a divulgação do testemunho do ex diretor do FBI ao congresso dos EUA foi lido pelo mercado como positivo pois, aparentemente, não demonstra obstrução de justiça por parte de Trump. Por esta narrativa, o testemunho reduziria o risco de cauda de um possível processo de impeachment do presidente Trump.

No Brasil, o processo do TSE foi interrompido e será retomado amanhã. Ainda há muitas incertezas em torno do processo, mas existe uma crescente expectativa de que o processo será encerrado ainda está semana. Além disso, cresce o entendimento de que Temer poderá ser absolvido.

Continuo vendo um cenário local extremamente nebuloso. O mercado deu sinais de que a permanência de Temer possa ser positiva, pois poderia trazer alguma tranquilidade, lhe dando tempo para recompor a base e dar andamento às reformas. Contudo, o MPF, PF e Judiciário continuam mostrando diversas acusações contra o presidente e aliados próximos, o que demonstra que a instabilidade política deverá ser recorrente em qualquer dos cenários trazidos pelo TSE.

Neste ambiente, continuo favorecendo um portfólio relativamente neutro em Brasil, aplicado na parte curta da curva, porém com hedge via estrutural de opção no dólar e comprado em inflação implícita na parte intermediária da curva.




Data: 07/06/2017

Sem novidades relevantes.

 

Os ativos de risco estão operando próximos a estabilidade, seguindo uma noite sem muitas novidades. Após rápida e acentuada recuperação durante a terça-feira, o petróleo voltou a operar em queda, reagindo a números de estoques divulgados no início da noite de ontem.

 

A agenda econômica deverá permanecer esvaziada ao longo desta semana nos EUA. Algum destaque está sendo dado ao quadro político no país, onde o ex chefe do FBI irá testemunhar em uma sessão do Congresso.

 

No Brasil, o julgamento do TSE teve início e está, mas dentro do cronograma. O relator deverá ler o seu voto apenas hoje e será seguido pelo voto dos demais juízes.




Data: 06/06/2017

Brasil: Que diferença uma boa comunicação do BCB faz...

O dia foi marcado pela divulgação das Notas do Copom, referentes a reunião da semana passada, onde foi decidido a queda de 100bps da Taxa Selic. Na semana passada, escrevi o seguinte sobre a decisão:

Na minha humilde visão, acredito que este BCB esteja fazendo um excelente trabalho na condução da política monetária, mas sua comunicação, muitas vezes, peca pela excessiva transparência. Como não estamos em um país desenvolvido, mas, muito pelo contrário, em um país emergente, os 45 dias entre as reuniões do Comitê de Política Monetária trazem inúmeras informações novas. Assim, o excesso de sinalização pode acabar colocando o BCB em situação delicada, forçando-o a promover mudanças de postura repentinas às vésperas das reuniões. Este BCB já cometeu este erro no passado, se comprometendo com um ritmo de ajuste de juros, e pode se ver em situação semelhante novamente. Em suma, o foward guidance do livro texto, mesmo usado na melhor dos intensões aqui no Brasil, talvez não seja a melhor postura a ser tomada.

No interim entre o comunicado da semana passada e as Notas de hoje, observamos uma forte reação negativa dos ativos locais. A crise política explica parte do movimento, mas a comunicação do BCB, na minha opinião, ajudou a piorar o quadro.

O BCB parece ter compreendido que, talvez, sua comunicação não tenha sido adequada, e procurou melhora-la nas Notas divulgadas hoje. Acredito que ele tenha conseguido desfazer a sensação ruim que tinha ficado após a reunião da semana passada.

Em termos gerais, o cenário base é que o Copom caia 75bps a Taxa Selic na próxima reunião. Contudo, o BCB não está totalmente preso a este cenário. A despeito da incerteza política, cujo efeito é ambíguo sobre o cenário para política monetária, o pano de fundo cíclico da economia, com inflação baixa e recuperação lenta do crescimento, ainda justificam a manutenção de um ciclo de queda das taxas de juros. O BCB afirma, como é esperado no atual estágio do ciclo, que é natural esperar quedas mais moderadas de agora em diante. Na minha visão, falar em fim de ciclo e/ou em taxa terminal de juros, neste momento, me parece prematuro.

Nos EUA, um fato não usual parece ter ocorrido, com uma forte apreciação do JPY afetando o humor para os ativos de risco. Geralmente, a correlação é inversa, ou seja, a piora do humor global nos ativos de risco acaba afetando o JPY.

Os dados econômicos, com o JOLTs Job Openings atingindo o maior patamar deste ciclo econômico, continuam mostrando um mercado de trabalho robusto, mesmo que o qualitativo deste número não tenha sido tão positivo como o “headline”.  




Data: 06/06/2017

Commodities: Mais uma rodada de queda.

A despeito de uma agenda esvaziada durante a noite, os ativos de risco estão abrindo a terça-feira em tom mais negativo. As commodities voltaram apresentar queda, em um movimento liderado pelo petróleo, mas que vem sido seguido, de perto, pelas commodities metálicas não preciosas. Nesta mesma linha, observamos hoje um fechamento de taxa de juros nos EUA e um movimento de dólar forte no mundo. O JPY, contudo, apresenta forte apreciação. Em suma, um dia clássico, mesmo que ainda tímido de “risk-off”.

Não vi nenhuma novidade que justifique estes movimentos. Contudo, as perspectivas de uma desaceleração da economia da China, após a divulgação de um ISM Manufacturing mais fraco, além dos sinais de um pico de curto-prazo no crescimento da Ásia como um todo podem estar dando sustentação a este quadro.

No Brasil, o foco da agenda ficará por conta do processo de cassação da chapa Dilma-Temer que retomará os trabalhos no início da noite de ontem. Neste momento, parece extremamente difícil prever o resultado desta fase do processo (Cassação? Pedido de vistas? Separação da chapa?).

Confesso que já tive mais certeza de qual seria o melhor cenário para o avanço das reformas no país. Acredito, agora, que o cenário de incerteza reinante no momento talvez seja o pior dos cenários possíveis. A manutenção do atual governo, com a retirada da incerteza de uma cassação, pode ajudar a recompor a base aliada e dar sustentação a Temer e Cia. A cassação da chapa poderá eleger um novo governo, com o mesmo perfil do atual, abrindo espaço para a retomada das discussões em torno das reformas econômicas. A manutenção do atual cenário, em que o governo apenas tem a preocupação em se defender de acusações, sem poder de discussão e diálogo com a base, torna as reformas econômicas inviáveis.

Ontem, a pesquisa Focus do BCB mostrou recuo das expectativas para o IPCA de 2017 e manutenção das expectativas para o IPCA de 2018. Já existe um movimento de revisão para baixo do PIB deste ano. Por ora, a despeito de uma leve alta do dólar, o cenário pouco mudou para a política monetária no país.

Acredito que a curva local de juros já tenha atingido um nível, na parte curta da curva (até Jan19) que justifique posições pelo menos medianas. Continuo gostando da inflação implícita na parte intermediária da curva e de estruturas de opção de dólar como hedge para as posições aplicadas na parte curta da curva.




Data: 06/06/2017

 Semana começa tranquila.

Os ativos de risco estão abrindo a semana com tom de relativa tranquilidade e estabilidade. Destaque para uma leve recuperação no preço das commodities, liderada por uma alta do Minério de Ferro esta noite.

No México, as eleições regionais afastaram, temporariamente, o risco de vitória de partidos extremistas nas eleições gerais, o que está ajudando o movimento de quase 2% de apreciação do MXN.

Na Austrália, os “business indicators” do 1Q mostraram um quadro de crescimento menos negativo do que se temia as vésperas da divulgação do PIB no país, o que também está ajudando a dar suporte a moeda do país (AUD). Segundo a Goldman Sachs:

Today's business indicators report was broadly stronger than expected - featuring solid and broad-based growth in profits (to an around decade high in the non-mining sector) and sales volumes, both at the corporate and unincorporated level. In concert with a larger than expected ~+40bp boost to 1Q2017 GDP from the inventory cycle, today's update has stronger implications for 1Q2017 GDP and we have revised up our tracking estimate by +10bp to +0.4%qoq to reflect this. To be clear, wages growth in the economy remains weak - however, we have argued that a major positive income shock which has clearly buoyed non-mining profitability and sentiment will filter through to wages over 2Q2017. In turn, just as the RBA has signaled greater conviction in its forecast solid recovery in growth, we remain of the view that the market has adopted an overly negative stance on the recent local economic news flow. We believe the market is under-estimating the probability of a rate hike in the medium term (GS: +25bp in November 2017).

No Brasil, os jornais trazem poucas novidades em relação ao que já discuti neste fórum durante o final de semana.




Data: 06/06/2017

Brazil: It´s not getting better...

Uma nova onda de atentados terroristas, realizados na forma de “Lobo Solitários”* atingiram Londres, a capital da Inglaterra. Os eventos devem trazer uma pitada de incerteza adicional às eleições gerais agendadas para esta semana.

A despeito da enorme tragédia humana que estes ataques terroristas causam na sociedade, este tipo de evento tem apresentando um padrão de trazer poucos impactos aos mercados financeiros globais.

No Brasil, a situação política apresentou deterioração ao longo do final de semana. O tempo passa, as acusações sobre o atual governo crescem – mesmo que sem condenações concretas – e o atual presidente dá sinais de que pretende permanecer no cargo e lutar, até a última instância, por seu mandato.

Na atual conjuntura, sem uma solução para este impasse, ou para esta crise política, a agenda legislativa avança a passos lentos, sem que as principais matérias necessárias para a recuperação dos melhores fundamentos econômicos para o país sejam pautadas. O aumento da incerteza afeta negativamente a confiança dos consumidores e empresários que, consequentemente, pressionam negativamente o crescimento. Por ora, a relativa tranquilidade do cenário externo esta dando algum espaço para que a deterioração dos preços dos ativos locais seja contida, mas não podemos contar com este ambiente “ad aeternum”. A inflação deverá continuar baixa, as reservas internacionais dão conforto à equipe econômica e as contas externas se mostram sólidas. Contudo, a classe política precisa entender que a trajetória da dívida/PIB, em um país sem crescimento, traz efeitos nefastos para a economia, para a sociedade e para os mercados financeiros locais. As reformas econômicas são imperativas.

De maneira geral ainda vejo um alto grau de incerteza no curto-prazo. Ainda vejo um cenário de afastamento do atual governo, com a eleição indireta de um candidato de bom senso, de consenso e com perfil reformista como a melhor opção na atual conjuntura. Contudo, este nome ainda não surgiu no cenário. Empurrar com a barriga um governo enfraquecido, sem capacidade de mobilização da base em torno das reformas me parece ser, talvez, o pior dos cenários possíveis, exceto pelas eleições diretas, que me parecem incostitucionais.  




Data: 06/06/2017

Brasil: Incertezas aumentam.

O fluxo de notícias deste início de final de semana está intenso. De maneira geral, os rumores que circulam no mercado mantém o cenário político extremamente incerto e nebuloso.

Nesta manhã, o ex deputado Rocha Loures – aquele que foi filmado em uma “ação controlada” da Polícia Federal recebendo uma mala com R$500 mil – foi preso. O ex deputado é visto pelos investigadores como uma pessoa muito próxima ao Presidente Michel Temer. Ele é acusado de ser um agente que defenderia o atual Presidente em relações não republicanas. A prisão de hoje eleva o clima de incerteza para o atual governo, pois aumenta a chance de que Loures acerte um acordo de elação premiada, podendo envolver a cúpula do atual governo. Vale lembrar que os fatos ainda estão em fase de investigação. A PGR apresentou seus argumentos e suas acusações, mas os envolvidos terão a oportunidade de defesa. Por ora, os acusados negam atividades ilícitas.

A grande mídia está especulando a possibilidade de delação premiada dos ex Ministros da Fazenda Antonio Palocci e Guido Mantega. O primeiro, com grandes laços no Governo Lula. O segundo, figura de confiança do Governo Dilma. A eventual concretização dessas delações poderia implicar de forma definitiva os últimos governos petistas nos escândalos recentes, reduzindo drasticamente as chances de uma candidatura petista competitiva para as eleições presidenciais de 2018.

A mídia especula, ainda, que o empresário, já preso a quase 1 ano, Lúcio Funaro, também estaria negociando um acordo de delação premiada. Segundo a mídia, Funaro teria estreitos laços com a cúpula do PMDB, e poderia trazer a tona novos episódios, além de provar atos que estão sendo investigados. De acordo com o que está sendo reportado hoje na mídia, Funaro teria condições de implicar de forma ainda mais concreta o envolvimento da cúpula do atual governo em relações espúrias entre o meio empresarial e o meio político.




Data: 02/06/2017

EUA: Sinais dúbios.

 

O destaque do dia ficou por conta dos dados de mercado de trabalho dos EUA para o mês de maio. O número mostrou uma desaceleração da criação mensal de vagas, mais uma queda na taxa de desemprego (totalmente explicada pela queda da taxa de participação) e uma alta gradual do Average Hourly Earnings. 

O mercado reagiu com mais um movimento de queda do dólar no mundo, sustentada pelo fechamento de taxas nos EUA. Os principais índices de bolsa do país apresentaram alta, atingindo novos picos históricos.

O número de hoje mostra uma economia saudável, e em nada altera o cenário para uma alta de 25bps por parte do Fed na reunião do FOMC deste mês. Acho natural, no atual nível de emprego, que haja uma desaceleração na criação mensal de vagas de trabalho. Assim como acho natural e esperado alguma moderação nos indicadores de confiança. A aparente ausência de pressões de salários indica que ainda possa haver algum espaço no hiato do produto. Eu vejo a economia muito próxima do pleno emprego e acredito que uma alta na inflação, mesmo que gradual, é uma questão de tempo.

A está altura do ciclo econômico parece evidente que os mercados financeiros globais continuarão a ver este ambiente de crescimento saudável, com uma criação ainda positiva de emprego, e sem pressões inflacionárias aparentes, como um ambiente propício aos ativos de risco em geral. 

Vale lembrar, contudo, que desde a última alta de juros promovida pelo Fed houve um forte afrouxamento das condições financeiras nos EUA. Persistindo este ambiente, e levando em conta as indicações de membros do Fed, é natural esperar que o processo de normalização monetária seja ainda mais rápido do que o imaginado anteriormente. Isto não significa, contudo, que o processo precise causar rupturas. O mercado hoje precifica 2 altas de juros de 25bps apenas em outubro de 2018 e menos de 2,5 altas de 25bps até o final de 2019. Na ausência de algum choque econômico, e mesmo diante de uma inflação controlada, este cenário me parece excessivamente pessimista.

No Brasil, a Produção Industrial de abril superou as expectativas do mercado com alta de 0,6% MoM e -4,5% YoY. A surpresa, contudo, em pouco altera o cenário nebuloso para o crescimento do país. Nossa área econômica resumiu de forma pertinente este quadro:

>> A PIM veio acima do esperado (+0,6%m/m dessaz vs. BBG: +0,1%m/m dessaz e -4,5%a/a vs. BBG: -5,5%a/a). Entretanto, a dinâmica de retomada da atividade industrial tem sido hesitante, ora subindo ora caindo, ficando mais ou menos de lado quando comparamos ano nível de produção do começo de 2016. A média móvel trimestral anualizada da taxa de crescimento da PIM mostrou contração de 2,7%. A produção de bens duráveis (segmento leading de ciclo) tem mostrado alguma tendência de retomada ao longo dos últimos meses. A nossa proxy mensal de investimentos mostrou queda em abril (e -8,7%a/a). O ainda elevado nível de estoques na indústria, o alto patamar de incerteza e o baixo nível de confiança industrial (FGV) sugerem a continuidade da dinâmica rastejante da produção industrial.

Não estou adicionando risco no momento. Estou observando com atenção o movimento da curva curta de juros no Brasil. Já vejo valor, por acreditar na continuidade de um processo de queda gradual da Taxa Selic, mas a dinâmica do mercado, aliado ao quadro técnico, me fazem esperar atentamente o momento oportuno para posições mais agressivas. Estou utilizando o BRL como hedge tático do book de juros, mesma postura na compra de inflações implícitas na parte intermediária da curva. 

No cenário externo, gosto de algumas posições direcionais via opções, cujas vols implícitas estão excessivamente baixas, na compra do dólar, porém extremante seletivo. Ainda gosto de posições tomadas nos juros dos EUA.




Data: 02/06/2017

Commodities sell-off!

 

A manhã está sendo marcada por mais uma rodada de forte queda nas commodities. Neste momento, por exemplo, o Petróleo cai 2,5% e o Cobre recua 1,7%. A despeito destes movimentos, as bolsas do EUA operam em alta, os juros estáveis e o dólar apresenta movimento misto. Não vi informação nova que justifique o movimento das commodities, mas o aumento do receio em relação a desaceleração da China, e a possibilidade de condições financeiras “menos frouxas” nos EUA, pode estar dando ímpeto a correção das commodities.

 

Os dados de emprego de maio, nos EUA, serão o destaque da agenda do dia e poderão determinar a dinâmica de curto-prazo dos ativos de risco. 

 

No Brasil, os jornais já falam abertamente na possibilidade de “desembarque” de parte do PSDB da base governista. A despeito da aparente reação do governo nos últimos dias, com o fluxo de notícias menos negativo no campo político, a situação ainda se mostra extremamente delicada e incerta.




Data: 01/06/2017

Sinais de desaceleração na Ásia. Copom opta pelo conservadorismo.

 

A agenda econômica na Ásia trouxe os primeiros sinais um pouco mais concretos de desaceleração da região. Após um começo de ano bastante positivo, os investidores podem começar a questionar a sustentabilidade do crescimento mais saudável apresentado no primeiro trimestre deste ano.

 

Na China, o Caixin Manufacturing PMI recuou de 50,3 para 49,6 pontos em maio, abaixo do patamar de 50 pontos que determina se a economia está em expansão ou em contração. Nos últimos meses e, em especial, nos últimos dias, o PBoC promoveu um forte aperto das condições monetária no país, elevando as taxas de juros de mercado de curto-prazo e ajudando a estabilizar o CNY. É natural esperar que está postura traga alguma desaceleração para a economia, mas resta saber qual a magnitude deste freio imposto pelo policy makers. 

 

Na Coréia do Sul, as exportações de maio – um número considerado importante para medir a saúde da economia global devido a elevada corrente de comércio do país – apresentou queda sequencial em torno de 4,2% MoM dessaz, saindo de mais de 20% YoY para 13,4% YoY. O número ainda se encontra em patamar saudável, mas a desaceleração requer atenção especial. 

 

Seguinte este fluxo de números, o Minério de Ferro apresentou mais uma forte queda, em um sinal de que a demanda possa estar desacelerando em um ambiente em que há uma entrada de ofertas previstas para os próximos meses/anos com a entrada em vigor de novas plantas de projetos passados. 

 

No Brasil, o Copom anunciou na noite de ontem uma queda de 100bps na Taxa Selic, como era amplamente esperado pelo mercado. Ao contrário do que eu imaginava (um comunicado em aberto e flexível para as próximas decisões), o BCB optou por sinalizar claramente a necessidade de cortes mais moderados nas próximas decisões (75bps), mesmo sinalizando que a crise política possa ter como efeito um menor crescimento. Neste cenário, a antecipação do corte de juros não é mais viável, segundo o comunicado, e a taxa de juros terminal do ciclo deveria ser maior do que a anteriormente prevista. 

 

Na tarde de ontem, a curva precificava queda de 100bps para esta reunião, 75bps e 50bps para as reuniões subsequentes. Já existia uma prêmio de risco elevado (altas de juros) para o ano de 2018. Acredito que a curva possa apresentar uma abertura de taxas hoje, pelo técnico do mercado e pela sinalização, na minha visão, muito mais hawkish por parte do BCB. 

 

Ainda vejo um cenário cíclico extremamente favorável a queda da Taxa Selic, com uma inflação desabando, uma recuperação muito lenta e gradual do crescimento e uma taxa de câmbio estável. De qualquer maneira, este BCB já deu inúmeras amostras de conservadorismo. Assim, precisamos respeitar sua postura e sua sinalização.




Data: 31/05/2017

Update.

 

No tocante aos mercados financeiros globais, destaque para mais um dia de forte queda no preço do petróleo, que voltou ao patamar de $48, após queda de quase 3% nesta quarta-feira. Na China, o PBoC promoveu mais um short squeeze no CNY. Após forte elevação das taxas de juros de mercado e de curto-prazo, a moeda do país apreciou cerca de 1%, movimento extremamente relevante para a volatilidade diária histórica da moeda.

No Brasil, o dia foi de forte queda da bolsa, apreciação do BRL e bom desempenho  do mercado de juros. Está se tornando cada vez mais difícil de tentar explicar os movimentos diários dos ativos locais. Fluxos pontuais e a posição técnica do mercado estão imperando na atual conjuntura.

No tocante ao cenário econômico, a taxa de desemprego de abril apresentou o primeiro recuo em cerca de 3 anos. A despeito da modesta recuperação, os sinais ainda são de um mercado de trabalho extremamente fraco e sem sinais consistentes de recuperação. Segundo nossa área econômica:

>> A taxa de desemprego veio abaixo do esperado (13,6% vs. BBG: 13,8%), mas ficou estável em 13,2% após ajuste sazonal. A população ocupada caiu ligeiramente no mês, enquanto a taxa de participação caiu (de 61,58% para 61,55%) – após ajuste sazonal. Isso contribuiu para manter a taxa de desemprego dessaz estável. Na margem, os reajustes nominais têm sido mais fracos (dessaz). Em 12 meses, a massa salarial real e o rendimento real tem crescido em patamar relativamente saudável. Boa parte disso se deve a rápida desaceleração do IPCA em 12 meses. A expectativa de lenta e gradual recuperação da economia brasileira (caso não tenha um forte headwind advindo da incerteza política) deve manter a taxa de desemprego em níveis bastante elevados nos próximos meses. Esperamos elevação adicional da taxa de desemprego dessaz nos próximos meses.

Nos EUA, o Chicago PMI saiu de 58,3 para 59,4 pontos, acima das expectativas de 57,0. O número é condizente com uma recuperação do crescimento neste segundo trimestre do ano. O Beige Book – análise qualitativa divulgada pelo Fed – mostrou um mercado de trabalho extremamente robusto, compatível com a minha visão de hiato do produto fechado e pleno emprego.




Data: 31/05/2017

China PMI, Europe Inflation and Brazil Political Scenario.

 

Os ativos de risco estão operando sem um viés claro neste momento. Na noite de hoje, a divulgação do PMI Manufacturing oficial da China ficou levemente acima das expectativas em maio, ficando estável em 51,2 pontos, acima das expectativas de 51 pontos. O número, de maneira geral, confirma um cenário de estabilidade do crescimento do país, a despeito do recente aperto das condições financeiras verificadas e induzidas pelo PBoC com o intuito de evitar novas rodadas de depreciação do CNY e impedir o desenvolvimento de “bolhas” em mercados específicos. 

 

Na Europa, o CPI Estimate saiu de 1,9% YoY para 1,4% YoY, levemente abaixo das expectativas de 1,5% YoY. A despeito das expectativas do começo de um processo de normalização monetária na região, os sinais de inflação ainda são escassos e divergentes. 

 

No Brasil, o Valor Econômico afirma que o PSDB fechou um acordo com o Governo Temer para apoiar o Governo e as Reformas enquanto este não sofrer nenhuma derrota jurídica. Caso Temer seja cassado pelo TSE, o PSDB afirmou que irá “desembarcar” do Governo. Neste cenário, o principal partido da base aliada se comprometeu a apoiar (e votar) a Reforma Trabalhista já nos próximos dias (talvez na próxima semana). 

 

A Folha de São Paulo vai além da Reforma Trabalhista e já afirma que o Governo retomou a contagem de votos para  Reforma da Previdência e poderia vota-la ainda no primeiro semestre, antes do encerramento do processo no TSE. 

 

O mesmo jornal voltou a reportar que Palocci trabalha na sua delação premiada, onde iria mirar esforços no setor financeiros (alguns bancos), empresarial e no ex presidente Lula.




Data: 30/05/2017

Brasil: Sem soluções fáceis, mas com yields atrativos. Até quando?

 

Exceto por questões idiossincráticas que estão afetando a dinâmica de países/ativos específicos, como o caso do MXN e do ZAR hoje, o cenário externo continua relativamente estável e tranquilo.

Nos EUA, os dados de Personal Income, Personal Spending e Core PCE ficaram praticamente dentro das expectativas. O Consumer Confidence de maio apresentou leve recuo, mas se manteve em patamar historicamente robusto.

Os números confirmam as expectativas de uma aceleração do crescimento do país neste segundo trimestre do ano, e uma inflação que sobe (apenas) gradualmente para a meta estabelecida pelo Fed, de 2%. Mantido este cenário, tudo indica que o Fed poderá elevar as taxas de juros em 25bps na reunião do FOMC de junho, cenário que está praticamente precificado na curva de juros. A curva, contudo, ainda trabalha com menos de 2 altas adicionais de 25bps até o final deste ano, e menos de 4 altas de 25bps até o final de 2018. Se o cenário atual se mantiver constante, tendo a acreditar que haja espaço para um aperto das taxas de juros de maneira um pouco mais acelerada do que está.

No Brasil, na ausência de novidades relevantes, o mercado continua seguindo fluxos pontuais. Hoje o dia foi de realização de lucros na curva de juros, mas bom desempenho do BRL e do Ibovespa, em movimentos contrários aqueles apresentados ontem.

A situação do governo continua delicada. O Congresso acena com a possibilidade de continuidade das reformas, mas de maneira mais desidratada do que o previsto anteriormente. Ao que tudo indica, enquanto o cenário externo estiver tranquilo, não os problemas locais será “relevados” pelos investidores.

A curva local precifica uma queda de praticamente 100bps no Copom desta semana, uma queda adicional de 75bps na reunião seguinte e cerca de 75bps adicionais de queda divididos nas duas reuniões subsequentes.

Nossa área econômica espera um IPCA de 3,65% este ano e 4,26% em 2018. O BCB teve uma surpresa baixista em torno de 50bps na inflação do primeiro trimestre deste ano. A recuperação da economia se mostra extremamente lenta e gradual. O dólar, a despeito da alta recente, se encontra praticamente no mesmo patamar da última reunião do Copom. Assim, a despeito das incertezas políticas, o quadro cíclico da economia ainda parece favorecer a manutenção de um processo de queda da Taxa Selic. Ainda parece haver “gordura”, ou prêmio de risco excessivo na parte curta da curva local de juros.

O cenário de incerteza doméstico, contudo, demanda a busca por hedges. A inflação implícita na “barriga da curva” e estruturas de opção de alta do dólar podem fazer sentido em um portfólio ainda aplicado em juros locais. As vols implícitas nas opções de BRL já caíram bastante. Não estão baixas, ou baratas, mas a busca por hedges parece ser prudente no atual cenário. 




Data: 30/05/2017

Brasil: Minirreforma da Previdência.

 

Na ausência de novidades relevantes no cenário, os ativos de risco operam próximos a estabilidade neste momento. A agenda do dia será importante, com Core PCE e Consumer Confidence nos EUA.

 

No Brasil, os jornais continuam reportando a possibilidade de avanço de uma Reforma da Previdência “fatiada” e “desidratada”, mas que seria melhor do que não efetuar nenhuma mudança na legislação. Segundo o jornal O Globo: 

 

"O fatiamento da reforma de Previdência começa a ganhar força no Congresso, em conversas reservadas entre técnicos, especialistas e parlamentares da base do governo, diante da instabilidade na política. Uma das alternativas seria redesenhar a proposta para focar nos servidores públicos, como uma forma de ajudar a resolver a crise fiscal nos estados e manter o apoio do setor produtivo, que defende as mudanças para consolidar a retomada da economia. Para os defensores dessa proposta alternativa, ao retirar do texto trabalhadores do setor privado que seriam alvo de polêmica, como rurais, idosos e deficientes de baixa renda que ganham Benefício de Prestação Continuada (BPC-Loas), a reforma ganharia o apoio de algumas bancadas, como a do Nordeste, e de boa parte do PSDB, um dos principais aliados do governo. Derrubaria também o argumento da oposição de que os mais pobres serão atingidos. Exceção seria a fixação de idade mínima de 65 anos para o funcionalismo, via alteração constitucional. Nesse caso, a medida poderia ser estendida para os aposentados do INSS, uma vez que alterações de idade para aposentadoria, em qualquer dos regimes, depende de mudança na Constituição. Para o especialista em contas públicas Raul Velloso, a crise que fragilizou o presidente da República pode obrigar o governo a reduzir o alcance da reforma — apesar do discurso contrário dos ministros. Segundo ele, a solução alternativa de fazer primeiro a reforma dos servidores públicos é “inteligente”."

 

Para O Estado:

 

Com o agravamento da crise política no País, líderes de partidos da base aliada na Câmara dos Deputados começaram a defender uma reforma da Previdência mais “enxuta”. Nas conversas, os parlamentares já discutem aprovar apenas o aumento da idade mínima para a aposentadoria, considerado um dos pilares da proposta. As outras mudanças seriam encaminhadas só a partir de 2019, quando o País terá um novo presidente eleito pelo voto direto. Outra opção cogitada por lideranças no Congresso é uma “minirreforma” da Previdência, como antecipou o Estadão/Broadcast na semana passada. Alguns estudos já foram encomendados para verificar a viabilidade de aprovar medidas por outros caminhos que não uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) - que precisaria de 308 votos na Câmara e 49 no Senado. Uma saída seria fazer algumas mudanças por medida provisória (MP) ou projeto de lei, que precisam de menos votos.

 

Ainda segundo a mídia, o processo que corre no TSE sobre a Chapa Dilma-Temer poderá sofrer adiamento devido à elevada probabilidade de algum pedido de vistas por parte de algum dos julgadores. Devido à complexidade do tema, este caminho seria natural, e até mesmo esperado, nesta fase do processo.




Data: 29/05/2017

Brasil: Mercado de juros mostra maturidade.

 

A segunda-feira foi de feriado nos EUA e na Inglaterra, o que manteve os mercados externos sem grandes novidades.

No Brasil, tivemos mais um dia de bom desempenho do mercado de juros, a despeito de uma leve realização de lucros nos mercados de câmbio e renda variável.

A expectativa de um IPCA bastante benigno no próximo mês, após o reajuste da gasolina e a bandeira verde para a energia elétrica, estão sem dúvida ajudando a ancorar o mercado local de juros.

O Copom se reúne nesta semana, com decisão agendada para quarta-feira à noite. Olhando de hoje, o cenário mais provável parece ser o anuncio de corte de 100bps na Taxa Selic. O comunicado após a decisão deverá manter um grau maior de flexibilidade, dada as incertezas políticas recentes, cujo impacto imediato se faz sentir sobre a aprovação das reformas econômicas em curso.

Pelo lado cíclico da economia, ainda vejo um forte vetor desinflacionário, e uma recuperação do crescimento ainda mais lenta e gradual do que o imaginado anteriormente (devido as novas incertezas políticas). Sem uma alta mais rápida, acentuada e persistente do dólar (desvalorização do Real), não me parece haver argumentos para o BCB alterar sua trajetória de queda da Taxa Selic no curto-prazo. O debate em torno da taxa de juros de equilíbrio, e da taxa de juros terminais para este ciclo, ainda é importante, mas, no curto-prazo, o processo de queda da Taxa Selic parece, de certa forma, “blindado”. O mercado parece estar reagindo a este cenário, em um ambiente em que a posição técnica mostrou forte recuperação após o sell-off recente. 

A pesquisa Focus do BCB divulgada hoje mostrou leve alta nas expectativas de inflação de 2018. O movimento parece, até o momento, normal e natural diante das novas incertezas do cenário. 




Data: 29/05/2017

Brasil: Reforma da Previdência via Medida Provisória.

 

Em um dia de feriado nos EUA, e de agenda esvaziada durante a noite, os ativos de risco operam próximos a estabilidade neste momento. 

 

No Brasil, o jornal O Globo traz matéria em que afirma que o Governo já trabalha com alternativas à Reforma da Previdência. Segundo o artigo, algumas das mudanças poderiam ser feitas através de Medida Provisória, com efeito imediato, porém com abrangência muito menor: 

 

"Diante do receio de que a crise política inviabilize a aprovação da reforma da Previdência, a equipe econômica já pensa em alternativas para conter o crescimento das despesas com benefícios. São medidas que poderão entrar em vigor imediatamente, por meio de medida provisória (MP) ou projeto de lei. Entre elas estão a elevação do tempo mínimo de contribuição na aposentadoria por idade nas áreas urbana e rural, atualmente em 15 anos, e a redução do valor da pensão por morte, que hoje é integral, independentemente do número de dependentes. 

Também faz parte do cardápio o fim da fórmula 85/95 (soma de tempo de contribuição e idade para mulheres e homens, respectivamente), que entrou em vigor em dezembro de 2015 e permite o benefício integral. Outra possibilidade avaliada seria tornar proporcional o valor da aposentadoria por invalidez, que hoje é integral (a exceção seriam os acidentes de trabalho). Até a fórmula de cálculo do valor da aposentadoria — baseada atualmente em 100% das maiores contribuições — pode ser alterada via MP. 

MEDIDAS NÃO ALCANÇARIAM SERVIDOR PÚBLICO 

O problema é o alcance limitado desses mudanças em comparação à Proposta de Emenda Constitucional (PEC) 287 — que altera as regras de aposentadoria para todos os brasileiros, com exceção dos militares — e que teve sua tramitação prejudicada pela crise política. As propostas alternativas valeriam apenas para os trabalhadores do setor privado (INSS) e comprometeriam dois grandes objetivos da proposta enviada ao Congresso: a fixação de idade mínima para aposentadoria e a convergência do regime previdenciário no país. 

Estas questões poderiam ser enfrentadas futuramente, em uma espécie de fatiamento da reforma. Porém, em um primeiro momento, admitem fontes envolvidas nas discussões, poderia aumentar o fosso entre os dois regimes — INSS e regimes próprios de servidores públicos de União, estados e municípios."




Data: 29/05/2017

Brasil: Batalha Campal!

 

No Brasil, os jornais do final de semana trouxeram uma onda de especulações dos bastidores do que estaria sendo negociado em Brasília. Não acho prudente entrar em detalhes de cada um dos rumores, mas segue abaixo uma manchete que resume um pouco o tom da mídia nestes últimos dias: 

 

"BASTIDORES: Acordão para manter Lula e Temer longe de Moro nasce em Brasília – Estadao 27/5 

Ideia é de utilizar uma eventual eleição presidencial indireta para “anistiar” parte do mundo político e colocar o Congresso como contraponto à Lava Jato e ao Ministério Público." 

 

De concreto, Temer continua a dar sinais de que lutará para se manter no cargo, e dar continuidade a sua agenda de reformas, até a última gota de esperança. O Presidente voltou a escrever um texto na Folha de São Paulo neste domingo mantendo está postura. 

 

Em uma direção que pode ser lida como preocupante pela sociedade e pelos mercados financeiros locais, e não estou aqui fazendo juízo do fato, mas apenas tentando entender a leitura do mercado, Temer substituiu o Ministro da Justiça. De acordo com a mídia, o Ministro anterior era visto como de pouca personalidade, incapaz de conter os avanços da Polícia Federal (PF). Os analistas políticos da grande mídia já falam abertamente na possibilidade de mudanças na cúpula da PF. 

 

Na atual conjuntura, parece que apenas o julgamento do TSE será capaz de promover mudanças no governo. Os pedidos de impeachment dificilmente serão acatados pelo Presidente da Câmara, e a renúncia se mostra cada vez mais distante. Mesmo no TSE, o processo pode se prolongar por muito mais tempo do que o desejado. 

 

Enquanto o Governo se concentra em manter-se no poder, os presidentes da Câmara e do Senado continuam buscando o caminho da serenidade, tentando manter a agenda legislativa em andamento. Cresce no mundo empresarial e nos mercados financeiros a leitura de que uma agenda reformista, com este ou com outro governo, é o único caminho possível para o país. Esta interpretação, de certa forma, tem ajudado a dar tranquilidade aos mercados locais. 

 

Em suma, na minha visão, gostaria de ter uma visibilidade melhor do cenário político de curto-prazo. A despeito de continuar acreditando em uma saída possível para esta crise política, que não seja extremamente danosa ao país, as incertezas trazidas por esta guerra travada entre Legislativo vs Executivo vs Judiciário não deveria ser bem vista pelos investidores, pelo menos no curto-prazo. Os mercados locais devem continuar extremamente sensíveis ao fluxo de notícias e ao quadro técnico (vide textos anteriores). 

 

No que diz respeito ao quadro técnico do mercado, o JPMorgan fez uma boa análise sobre o tema: 

 

The flows into EM bonds and equities continued this week, little affected by either Brazil's political crisis or concerns about China's shadow banking system. 

The Brazilian political crisis failed to deter overall flows into EM as offshore investors viewed it as buying opportunity. 

The outstanding shares of the EWZ ETF, the biggest offshore Brazilian equity ETF, rose steeply to the previous historical highs seen at the beginning of 2013, implying that foreign investors’ cumulative buying since the beginning of 2016 has fully reversed the selling of the previous three years.

Data by the Bovespa exchange on net open contracts on Brazilian equity futures are also consistent with the idea that the recent equity market correction in Brazil was rather driven by domestic investors and that foreign investors acted as a cushion, instead absorbing domestic investors' selling. 

Foreign ownership of Brazilian fixed income stands at well below its mid-2015 peak, and thus, we think it has a lot more room to increase from here relative to Brazilian equities. 

A daily extrapolation of BRL net spec positions suggests that BRL has likely shifted from overbought to oversold territory as a result of last week’s correction. 

Bid-offer spreads of Brazilian assets spiked sharply on May 18th, showing once again how vulnerable market liquidity is to bouts of volatility and uncertainty. 

The flows into EM bonds and equities continued this week, little affected by either Brazil's political crisis or concerns about China's shadow banking system.




Data: 26/05/2017

Brazil: No News is Good News?

Os ativos de risco tiveram um dia de relativa estabilidade, as vésperas de um feriado nos EUA. Destaque para uma recuperação superior a 1,5% no Petróleo, após acentuada queda na quinta-feira. Reafirmo o que escrevi neste fórum sobre o tema ontem: 

Não sou especialista no tema, mas ainda me parece razoável supor que o petróleo permaneça durante algum tempo em um range em torno de $45-$55 (as vezes um pouco abaixo, as vezes um pouco acima deste patamar). Se confirmado este cenário, a despeito dos sustos de volatilidade, não me parece haver efeitos econômicos relevantes e/ou impactos secundários nos ativos de risco.

Ainda nos EUA, O PIB do 1Q apresentou pequena revisão para altista e acima das expectativas do mercado. O Durable Goods Orders, contudo, ficou abaixo das expectativas e levou a mais uma revisão baixista para o PIB do 2Q. Continuo não vendo mudanças substanciais provenientes do mercado externo.

No Brasil, tivemos mais um dia de forte desempenho dos ativos locais. Eu atribuo uma grande parte do movimento recente a posição técnica do mercado. Se, antes da eclosão da crise política o mercado local estava excessivamente aplicado em juros (e levemente vendido em dólar), o que favoreceu uma onda de stops, passado o evento, o mercado se mostrou mais saudável, abrindo espaço para o bom desempenho recente, com forte alocação dos investidores estrangeiros ao mercado local.

Mas o técnico não explica a totalidade do movimento dos últimos dias. A visão de que existem saídas viáveis para a crise política, que não necessariamente sejam catastróficas para o país, também ajudaram na melhora do humor dos ativos locais.

A despeito da baderna da oposição na tentativa de obstruir a pauta do Congresso, Rodrigo Maia e Eunicio de Oliveira continuam tentando dar ares de normalidade a agenda legislativa.

A queda no preço da gasolina e do diesel, e a possibilidade de bandeira verde na energia elétrica ajudaram a ancorar a curva de juros, com a probabilidade de uma queda de 100bps no Copom da semana que vem se consolidando.

Ontem escrevi o seguinte: Eu ainda vejo valor na parte curta da curva de juros local. Gosto de ter umas opcionalidades para uma eventual catástrofe no mercado de câmbio. Existem oportunidades seletivas no mercado de renda variável. Vejo valor em posições tomadas nos juros dos países desenvolvidos nos atuais níveis.

Hoje reduzimos substancialmente, porém taticamente, as alocações nos ativos locais, mantendo apenas posições marginais. Ainda vemos uma saída para esta crise, e fundamentos relativamente saudáveis de curto-prazo. Contudo, a melhora acabou sendo muito rápida. Nada impede que novas rodadas de incerteza e volatilidade afetem os ativos locais.




Data: 26/05/2017

Update.

 

Os ativos de risco operam com leve viés negativo neste momento, mas os movimentos ao redor do mundo são bastante tímidos. A Bloomberg reportou que China teria alterado o modelo de fixing do CNY, o que foi posteriormente confirmado pelo país. Segundo o Citibank: 

 

"Reports today suggest that the PBoC have changed the formula used to set the daily USDCNY mid-point fix in order to dampen the effect of excessive volatility in the spot market. This confirms recent signs, and also suggests officials' reduced tolerance for market volatility in a politically sensitive year. 

 

This should help contain the pace of deterioration in market sentiment towards the renminbi. We do not view this shift as a regime change, and we anticipate that for the most part the USDCNY fixings will remain consistent with established pattern. We expect global FX moves will continue to feed through to the fixing as usual.

 

At this stage, we do not expect excessive pressure for depreciation vs. USD. In the short run, we expect investors would prefer short USDCNH exposure rather than look to short the renminbi." 

 

A agenda do dia terá como destaque nos EUA o Durable Goods Orders e o Michigan Confidence. 

 

No Brasil, a Folha de São Paulo afirma que Temer irá usar todos os instrumentos para alongar sua permanência no cargo. Sua defesa tentará prolongar a decisão do TSE. Enquanto isso, aliados, segundo o mesmo jornal, testem a hipótese de Tasso na presidência e Nelson Jobim na Justiça em uma eventual eleição indireta. Meirelles permaneceria na Fazenda. 

 

No início da noite de ontem a Petrobrás anunciou uma queda no preço da Gasolina e do Diesel. Segundo consta, a concorrência das importações foi o principal motivo por trás da decisão.




Data: 25/05/2017

Petróleo em Foco.

O destaque do dia ficou por conta da queda de mais de 5% no preço do Petróleo, em uma dinâmica clássica de “buy the rumor, sell the fact” após o anuncio, por parte da OPEP, de que irão estender o acordo de corte de produção. O evento era amplamente esperado. Não sou especialista no tema, mas ainda me parece razoável supor que o petróleo permaneça durante algum tempo em um range em torno de $45-$55 (as vezes um pouco abaixo, as vezes um pouco acima deste patamar). Se confirmado este cenário, a despeito dos sustos de volatilidade, não me parece haver efeitos econômicos relevantes e/ou impactos secundários nos ativos de risco.

Nos EUA, a balança comercial e o Wholesale Inventories levaram a uma pequena revisão das expectativas do PIB do 2Q. O Jobless Claims, por sua vez, se manteve nos níveis mais baixos deste ciclo econômico. Os números de hoje não alteram o cenário base para a economia do país. 

O dia foi de dinâmica menos volátil para os ativos locais, em um claro sinal de que a posição técnica parece mais saudável. Um estudo quantitativo das cotas dos fundos locais, assim como a análise qualitativa dos mesmos, aponta na mesma direção.

Não vi nenhuma novidade relevante no cenário político. As incertezas permanecem. Há saídas viáveis, que talvez não sejam tão catastróficas para o país, mas nada impede que o caminho até lá seja longo e tortuoso. Resumindo, mantenha o portfólio líquido, busque distorções e eventuais hedges para as carteiras. Isso não é uma estratégia simples nos atuais níveis de volatilidade do mercado e, especialmente, após a ocorrência de um clássico “Black Swan”.

Eu ainda vejo valor na parte curta da curva de juros local. Gosto de ter umas opcionalidades para uma eventual catástrofe no mercado de câmbio. Existem oportunidades seletivas no mercado de renda variável. Vejo valor em posições tomadas nos juros dos países desenvolvidos nos atuais níveis.




Data: 25/05/2017

Cenário de incerteza permanece, mas agenda legislativa avança.

 

Neste momento, os futuros das bolsas dos EUA atingem o maior patamar da história (pegando o S&P500 como parâmetro). As Taxas de Juros no país apresentam leve fechamento de taxas, enquanto o dólar opera sem tendência definida e as commodities, em geral, apresentam leve movimento de queda.

 

Na agenda do dia, destaque para o Jobless Claims nos EUA.

 

No Brasil, os jornais de hoje afirmam que FHC e Nelson Jobim já sinalizaram que não tem interesse em suceder Temer no caso de uma vacância do cargo de Presidente.

 

A Folha de São Paulo afirma que FHC, Lula e Sarney estão na linha de frente das articulações para buscar uma saída viável a esta crise política, com o menor custo possível ao país.

 

A mesma Folha afirma que o clima no TSE é pela cassação da Chapa Dilma-Temer, um cenário que vem se desenhando nos últimos dias e vem sendo incessantemente comentado neste fórum. 

 

No Congresso, a despeito da baderna promovida pela oposição ao longo do dia, a pauta legislativa avança, “aos trancos e barrancos”, porém na direção necessária. No final da noite de ontem a Câmara aprovou 6 MPs, após a oposição abandonar o plenário em um movimento de crítica ao fato do Planalto ter pedido o apoio do exército para controlar a baderna em Brasília. 

 

De maneira geral, acordamos hoje com o mesmo cenário de ontem. Parece-me haver uma solução para esta crise que não seja necessariamente catastrófica para o país. Esta solução passa pela saída de Temer, por eleições indiretas e pela eleição de um presidente de consenso, de bom senso e com caráter reformista. Infelizmente, até o presente momento, este nome ainda não apareceu de forma clara para a sociedade e para o Congresso, já que todos os nomes que estão sendo ventilados estão, aos poucos, sendo descartados, ou apresentando características que podem se tornar problemas no futuro. Mesmo em um ambiente de extrema incerteza, fragilidade do governo e baderna, a pauta legislativa avança, o que mostra que ainda existe a conscientização pela maioria dos parlamentares da necessidade de manter o país nos trilhos. 




Data: 24/05/2017

Brasil: País em chamas!

 

No cenário externo, o destaque ficou por conta das Minutas do FOMC. O texto trouxe poucas novidades em relação aquilo que vem sendo amplamente dito por membros do Fed. A desaceleração deste início de ano parece temporária, assim como o arrefecimento da inflação. Caso o cenário de crescimento mais robusto ao longo do ano se concretize, a inflação deverá retomar uma tendência gradual de alta, permitindo ao Fed dar continuidade ao processo de normalização monetária no país.

Os analistas, no geral, esperam mais 2 altas de 25bps na taxa básica de juros e o anuncio da redução do balanço da instituição. O mercado precifica cerca de 80% de probabilidade de uma alta de 25bps na reunião do FOMC de junho e menos de 2 altas completas de 25 este ano. Até o final de 2018, o mercado precifica menos de 4 altas de 25bps.

Segundo o economista David Greenlaw, do Morgan Stanley: The tone of the policy discussion reinforced the likelihood of a hike at the June meeting. There was some discussion about core inflation continuing to run below target  but the consensus seemed to be that the recent pattern would reverse.  The FOMC still seems on track to change balance sheet policy at the end of this year.  There was a new section at the end of the minutes that outlines an approach that seems to have the most support (see text below with key sections are underlined).  Reading between the lines, it seems that something like $10 bil of MBS and Treasuries combined would be allowed to run-off for the first three months, $20 bil for the second three months, $30 bil for the third three months with a final limit of $40 bil/mo.  It would probably take about 3 years to achieve a “normal” sized balance sheet under such an approach.

Os ativos de risco continuam reagindo de forma positiva ao cenário externo que temos observado e descrito neste fórum.

No Brasil, as incertezas persistem. O dia foi de violentas, mas não necessariamente volumosas, manifestações em Brasília, contrárias ao Presidente Temer. Se o Congresso não está literalmente em chamas, como alguns Ministérios, a situação é extremamente tensa, com a oposição utilizando da força física para barrar o avanço da pauta legislativa.

Ainda não parece haver um consenso em torno de um nome para assumir o país em caso de vacância da Presidência. O atual Presidente, por sua vez, insiste em permanecer no seu cargo, mesmo com a governabilidade abalada.

Como diria um sábio amigo, a única coisa que podemos ter certeza é que muitas surpresas ainda estão por acontecer.

Continuo esperando um mercado extremamente volátil, mesmo observando que existe uma saída não tão traumática para a situação do país. 




Data: 24/05/2017

Brasil: Solução via TSE ganha força.

 

Na noite de ontem a Moody´s reduziu o rating da China em um grau. A medida teve pouco impacto sobre o preço dos ativos. Segundo o Citibank:

 

Moody’s downgraded China’s sovereign credit rating, but outlook was changed from negative to stable — The rating is downgraded by one notch from Aa3 to A1 today, a first since 1989, on China’s rising debt problem and slowing economic growth. The rating agency was concerned over the lack of progress in China’s SOE and financial system, rising economy-wide debt levels and large contingent liabilities associated with various levels of the government. However, the short-term outlook has been changed from negative to stable, as the risks are balanced at the A1 rating level. 

 

No Brasil, os jornais de hoje estão dando força a tese de que a cassação da Chapa Dilma-Temer no TSE poderá ser a saída mais honrosa para Temer, além de ser um processo que poderá ser relativamente rápido e pouco traumático ao país. Assim, nos bastidores de Brasília, já começaram as articulações para possíveis nomes para uma eleição indireta.

 

De acordo com a mídia esta manhã, os nomes mais cotados seriam o de Rodrigo Maia, Nelson Jobim e Tasso Jereissati. Meirelles e Carmen Lucia também são citados, mas são nomes que apresentam pontos contrários maiores do que os demais. 

 

Como tenho insistido neste fórum, vejo uma solução rápida como positiva (ou menos catastrófica) e indispensável para o bom andamento do país. O Congresso dar sinais de que não pretende eleger um aventureiro, mas sim uma pessoa de consenso, bom senso e reformista é um caminho que deveria ser aplaudido pelos mercados locais. De novo, não acho que a crise esteja estancada. Ainda precisamos de conclusões concretas para ela. As reformas ainda estão em perigo e o novo presidente precisará de uma habilidade impar para recompor a base aliada. De qualquer maneira, o cenário que começa a tomar forma é muito menos traumático do que aquele que surgiu na semana passada.  




Data: 23/05/2017

Brasil: Há luz no fim do túnel.

No Brasil, o cenário político ainda é de muita incerteza. Uma nova operação da Polícia Federal na manhã de hoje prendeu um assessor direto do Presidente Michel Temer, complicando ainda mais a situação do Governo. 

Existe, neste momento (e, aqui, precisamos frisar o caráter temporário desta interpretação, já que os eventos têm atropelado qualquer conclusão mais concreta), a visão de que Temer não irá renunciar, e que o impeachment também parece ser um caminho difícil, já que Rodrigo Maia, um grande aliado do Presidente, precisaria acatar um dos pedidos em suas mãos (o que parece improvável no curto-prazo). Assim, o peso da decisão recairá sobre o julgamento da Chapa Dilma-Temer no TSE. 

Muitos já veem a condenação da Chapa como uma saída politicamente honrosa para Temer e menos traumática para o país. A mídia tem reportado que já existem trabalhos de bastidores com o intuito de alinhar um nome de consenso, de bom sendo e com caráter reformista para conduzir o país até as eleições de 2018.

Os ativos locais reagiram de forma positiva aos sinais emitidos pelo Congresso nas últimas horas. Como comentei pela manhã, estamos longe de superar está crise, mas se o Congresso decidir por manter um caráter reformista a este governo – que agora classifico como “tampão” – será um grande alívio para a sociedade, para a economia e, consequentemente, para os mercados. Enquanto a situação do Presidente continua delicadíssima, começam a surgir cenários possíveis para o futuro do país no curto-prazo e, muitos deles, menos negativos do que se previa anteriormente. A permanência do Presidente já não necessariamente vislumbra a não aprovação das reformas (pelos sinais do Congresso). As eleições indiretas, dada à postura do Congresso, deveriam eleger alguém de consenso, de bom senso e reformista. Eleições diretas parecem cada vez mais difíceis de serem colocadas em prática. Repito, a situação ainda é delicada, estamos longe de superar está crise, mas as soluções possíveis começam a ganhar contorno e, muitas delas, não são uma catástrofe para o país como se imaginou em um primeiro momento.

Acho importante chamar a atenção para a posição técnica do mercado. Desde o início desta crise política, os locais reduziram substancialmente suas posições em DI, Dólar e Ibovespa (segundo dados da BM&F), enquanto os estrangeiros tomaram a outra ponta, comprando ativos brasileiros. Olhando de hoje, fica claro que a posições técnica estava muito ruim e concentrada. Os últimos dias parecem ter levado a um quadro muito mais saudável para os ativos locais.

No campo econômico, o IPCA-15 de maio ficou levemente acima das expectativas, com alta de 0,24% MoM e 3,77% YoY, levemente acima das expectativas. A despeito da surpresa altista, o quadro de desinflação ainda persiste. Vemos alguns sinais um pouco piores no qualitativo do númro, especialmente em Serviços, mas nada que mude o quadro estrutural (positivo) para a inflação. Se não acontecer uma piora adicional do risco país, com o BRL controlado, ainda existe amplo espaço para o BCB manter o ciclo de corte da Taxa Selic. Talvez, não seja possível antecipar o ciclo de corte como era imaginado até poucos dias atrás, mas não há dúvida que o cenário ainda enseja um processo cíclico de corte de juros no país.

Os dados das contas externas de abril confirmaram um quadro de tranquilidade para esta rubrica, com um superávit na conta corrente, FDI ainda robusto e, neste mês, com uma entrada não desprezível na conta portfólio (renda fixa, em especial). 

Os fundamentos mais robustos, com o inflação baixa e contas externas saudáveis deve ajudar o país a atrasar o atual momento de maneira mais suave do no passado. Isso não significa que a situação esteja resolvida, ou que períodos de instabilidade dos mercados financeiros locais não acontecerão, mas dão alguma tranquilidade para que uma solução seja encontrada para o impasse político local.

No cenário externo, as prévias dos PMIs de maio confirmaram o bom momento da economia global. Os números mantem um cenário relativamente positivo nesta frente. Vale a pena ressaltar, contudo, que os PMIs – como grande parte dos indicadores de confiança ao redor do mundo – encontram-se nos patamares mais elevados deste ciclo econômico (e, em muitos casos, da história). É natural esperar que, mais cedo ou mais tarde, estes indicadores mostrem algum arrefecimento. O importante, contudo, é que os níveis se mantenham condizentes com um crescimento global saudável e que o “hard data” mostra uma expansão decente.




Data: 23/05/2017

Brasil: Situação ainda é delicada, mas soluções começam a surgir.

 

A despeito de algum arrefecimento no preço das commodities, e do ruído causado pelas explosões, em um aparente atentado terrorista em um show para adolescentes em Manchester, na Inglaterra, os ativos de risco operam em tom relativamente positivo. 

 

Os PMIs na Europa mantiveram-se nos níveis mais elevados deste ciclo econômico, superando as expectativas do mercado e confirmando um cenário de crescimento saudável na região. O Morgan Stanley classificou os números de hoje da seguinte forma: Stable at a six-year high: Today's composite PMI, at an unchanged 56.8, marginally better than the consensus, suggests that the recovery remains well supported. Employment growth looks strong, courtesy of improved optimism about future prospects. While moderating slightly, overall new order growth continues to be robust, and pipeline price pressures remain elevated, with only a mild easing in input cost inflation. 

 

Este números apenas ratificam o cenário que tenho descrito neste fórum para a economia mundial, ou seja, vejo um quadro de crescimento global relativamente saudável, com uma inflação contida no mundo desenvolvido e a necessidade de ajuste monetário apenas gradual. Enquanto perdurar este ambiente, eventos como este na Coreia do Norte serão vistos como pontuais, como ruídos de curto-prazo. Caso este ambiente se altere, seja com uma desaceleração mais acentuada do crescimento, ou com uma inflação mais elevada no mundo desenvolvido, seremos obrigados a reavaliar o cenário global. 

 

No Brasil, a defesa do Presidente Temer apresentou um parecer de um dos peritos mais respeitados do país afirmando que as gravações feitas das falas do presidente estão comprometidas, e não poderão ser usadas como prova no inquérito. Já a PGR garante que as gravações não serão a maior prova contra Temer, mas irão focar as acusações na mala de dinheiro recebida pelo deputado dito seu assessor pessoal. 

 

No inicio da noite de ontem, após o Presidente do Senado já ter dado sinais de que pretendia manter a agenda legislativa intacta, foi a vez do Presidente da Câmara adotar postura semelhante. A sinalização dos dois deve ser vista como positiva pelo mercado, pois mostra que o Congresso não está disposto a colocar o país em uma aventura. Estamos longe de superar está crise, mas se o Congresso decidir por manter um caráter reformista a este governo – que agora classifico como “tampão” – será um grande alívio para a sociedade, para a economia e, consequentemente, para os mercados. 

 

Enquanto a situação do Presidente continua delicadíssima, começam a surgir cenários possíveis para o futuro do país no curto-prazo e, muitos deles, menos negativos do que se previa anteriormente. A permanência do Presidente já não necessariamente vislumbra a não aprovação das reformas (pelos sinais do Congresso). As eleições indiretas, dada à postura do Congresso, deveriam eleger alguém de consenso, de bom senso e reformista. Eleições diretas parecem cada vez mais difíceis de serem colocadas em prática. Repito a situação ainda é delicada, estamos longe de superar está crise, mas as soluções possíveis começam a ganhar contorno e, muitas delas, não são uma catástrofe para o país. 

 

Na noite de ontem, a casa de rating S&P rebaixou o outlook da nota de crédito do país. Aliada a forte reação negativa dos mercados locais na semana passada, este tipo de posicionamento pode ser visto até como um alerta aos parlamentares de que o país não pode mudar a sua agenda. Que é imprescindível manter os trilhos da recuperação.




Data: 22/05/2017

Congresso acena com bom senso. Situação ainda é delicada.

 

Enquanto o imbróglio envolvendo o presidente Michel Temer continua sem solução, os ativos locais permanecem sobre pressão.

Neste momento, há uma guerra de versão na mídia. A defesa de Temer tenta descredenciar o áudio utilizado como prova para incriminar o presidente. Já a acusação afirma haver provas suficientes para que o inquérito seja estabelecido, e o Presidente investigado.

Do lado positivo, o Presidente do Senado tenta dar um ar de normalidade ao cenário, mantendo a agenda da Casa, e marcando para amanhã, na CAE, a leitura do texto da Reforma Trabalhista. 

Caso (e se) o Congresso efetivamente se coloque como um pilar de sustentação para as reformas econômicas em curso – e isso é um grande “se” neste momento – seria um grande amortecedor de choques para o país. De qualquer maneira, a Reforma da Previdência, grande bastião do atual Governo, está com a agenda prejudicada e sem sinal de retomada.

No tocante ao BCB, Illan manteve um discurso tranquilizador, nos mesmos moldes daquele já proferido na semana passada (vide tópicos abaixo). 

Esse ambiente de inflação baixa e expectativas ancoradas nos torna menos vulneráveis aos impactos de choques. 

Com expectativas de inflação ancoradas o Comitê pode se concentrar em evitar possíveis efeitos secundários de ajustes de preços relativos que possam ocorrer ao longo do tempo. 

Deve-se buscar identificar os efeitos primários desses choques, aos quais a política monetária não deve reagir. 

Isso se aplica tanto ao choque de oferta favorável nos preços de alimentos, ocorrido nesse início deste ano, quanto a efeitos advindos do mercado de câmbio.

Finalmente, o cenário externo segue tranquilo e favorável. As bolsas dos EUA recuperaram grande parte das perdas verificas na semana passada. As commodities mostraram sinais mais consistentes de estabilização e os fluxos para ativos EM parecem ter retornado.




Data: 22/05/2017

Brasil: Cenário de incerteza persiste.

 

A despeito de mais um teste balístico por parte da Coréia do Norte, os ativos de risco estão abrindo a semana em tom positivo. Minha visão em relação ao tema continua a mesma. Vejo um quadro de crescimento global relativamente saudável, com uma inflação contida no mundo desenvolvido e a necessidade de ajuste monetário apenas gradual. Enquanto perdurar este ambiente, eventos como este na Coreia do Norte serão vistos como pontuais, como ruídos de curto-prazo. Caso este ambiente se altere, seja com uma desaceleração mais acentuada do crescimento, ou com uma inflação mais elevada no mundo desenvolvido, seremos obrigados a reavaliar o cenário global. 

 

No Brasil, o Presidente Michel Temer dá novos sinais de que pretende se agarrar ao cargo e lutar até o último momento por seu mandato. Enquanto as investigações avançam, e  STF não julga o requerimento pedindo suspensão do inquérito, Temer tenta reagrupar sua base aliada e manter a agenda parlamentar em andamento. 

 

Neste momento, vejo a decisão do STF como evento que irá delinear o futuro do Presidente. Tenho enormes ressalvas na capacidade de Temer em reagrupar a base e manter o país no caminho das reformas, mas não podemos duvidar totalmente de um governo que passou por diversas crises e vem entregando uma agenda intensa e reformista. De qualquer maneira, continuo a ver a situação do país como extremamente delicada e sem uma saída fácil.




Data: 22/05/2017

Governo segue fragilizado.

 

O final de semana se encerra sem uma luz no final do túnel. Temer cancelou um jantar com aliados no inicio da noite por falta de quorum. O plenário do STF irá julgar na quarta-feira um pedido da defesa de Temer visando cancelar o inquérito sobre o presidente até que uma perícia mais minuciosa seja feita nas gravações apresentadas no processo. Enquanto isso, a base aliada espera algum sinal para decidir se permanece ao lado do governo ou desembarca de vez do atual projeto. 

 

O final de semana se encerra sem uma luz no final do túnel. Temer cancelou um jantar com aliados no inicio da noite por falta de quorum. O plenário do STF irá julgar na quarta-feira um pedido da defesa de Temer visando cancelar o inquérito sobre o presidente até que uma perícia mais minuciosa seja feita nas gravações apresentadas no processo. Enquanto isso, a base aliada espera algum sinal para decidir se permanece ao lado do governo ou desembarca de vez do atual projeto. 

 

O cenário está constantemente em mutação, e teremos que avaliar a situação a cada novo evento. 

 

Não pretendo comentar neste fórum todos os eventos políticos locais, que tem se mostrado extremamente dinâmicos, com ares de novela mexicana, ou de seriado de suspense norte americano. 

 

Em termos gerais, Michel Temer concedeu novo pronunciamento ontem, reforçando que permanecerá no cargo e lutará por sua inocência nos eventos investigados. Enquanto isso, sua base aliada se esvazia, com partidos da base rompendo com o governo e outros partidos estudando medidas na mesma direção. A OAB aprovou requerimento para o pedido de impeachment do presidente. 

 

O analista político da XP Investimentos, um dos melhores analistas atualmente na cobertura do cenário político local, Richard Back, resumiu de forma perfeita o cenário que o país se encontra: A certeza na incerteza é que falar em "Reforma da Previdência" neste ambiente é impossível. Falar em permanência de Temer vai se tornando improvável. Falar em queda de Temer sem alternativa óbvia é precipitado. É oficial: estamos em um beco sem saída. Ao menos por ora. 

 

Repito, com o risco de parecer uma “vitrola quebrada” que vejo a renuncia, com eleições indiretas, como o cenário menos traumático para o país neste momento. Empurrar um governo tampão com a barriga é um cenário que considero ruim. Abrir brecha para eleições diretas é um cenário péssimo. 

 

O Ministério Público parece estar adotando uma estratégia de tentar limpar o ambiente político para que as eleições de 2018 sejam menos afetadas por eventos não republicanos. Não entrarei no mérito da legalidade dos métodos utilizados. Estou apenas fazendo uma análise da situação corrente. 

 

O avanço das investigações só tende a favorecer os outsiders nas eleições de 2018. João Dória seria um desses nomes. Lula, Aécio, Serra e afins são cada vez mais dragados para o mesmo ralo, inviabilizando suas carreiras políticas futuras. Eles são investigados, nenhuma deles ainda foi de fato condenado, mas a mídia e a sociedade tende a “condenar” carreiras e imagens mesmo sem condenação da justiça, ou antes dela. 

 

Acredito que teremos um ambiente de elevada volatilidade nos mercados nos próximos dias. Meu viés é de manter uma posição aplicada na curva curta de juros, mas buscar hedges nos demais mercados. Esta não será uma tarefa simples, pois as vols já subiram drasticamente, a atuação do BCB pode mascarar os movimentos de curto-prazo no BRL, por exemplo, e o cenário externo ainda se mostra construtivo para o crescimento global e os ativos de risco em geral.




Data: 19/05/2017

Brasil: Temer ganha sobrevida. Incertezas persistem.

Os ativos de risco estão, desde ontem, apresentando sinais de estabilização do redor do mundo (ex Brasil). A divulgação do dados econômicos robustos nos EUA ajudaram a acalmar os ânimos dos investidores, assim como a estabilização do preço do petróleo. Ainda vejoum cenário relativamente construtivo para o cenário econômico global. Existe um risco, que classifiquei neste fórum como “ruído” no inicio da semana, em torno do cenário político dos EUA. Mantenho a mesma visão. Acredito que a agenda econômica de Trump deverá sofrer forte desgaste e atraso, mas enquanto o crescimento estiver robusto, o mercado será capaz de ver através destes ruídos políticos. Este ambiente soferá alteração estrutural, contudo, caso o crescimento dê sinais de arrefecimento e/ou a inflação leve o Fed a uma postura mais acelerada no processo de normalização monetária.

No Brasil, as gravações da delação premiada de um dos maiores grupos empresariais do país (e do mundo) se tornaram públicas ontem. Confesso que, referente as gravações, no tocante as acusações ao presidente Temer, achei as gravações menos incriminadores do que a forma como a mídia havia reportado o caso. O Governo teve uma interpretação semelhante e irá lutar, com todas as forças, para se defender do caso.

Os jornais de hoje afirmam que existe a possibilidade da gravação ter sido editada e que Temer já consulta advogados para acusar o delator de estar promovendo uma “armação” contra o presidente. Enquanto isso Meirelles afirma aos investidores que as reformas econômicas continuam e que ele se manterá no cargo mesmo na eventualidade de uma mudança de governo (não sei como ele pode ter esta certeza, mas está no papel dele para acalmar os ânimos). Por outro lado, Lula já articula em busca de eleições diretas no caso de vacância da presidência, ao contrário do que rege a legislação, em que eleições indiretas precisam ser convocadas.

Acredito que com as revelações públicas, o governo Temer deva ganhar alguma sobrevida. Isto não necessariamente será positivo, pois o estrago sobre seu governo foi grande. Os mercados locais ainda devem mostrar fragilidade, especialmente aqueles ativos cuja posição técnica é ruim, como mercado de juros.

Reforço que a melhor saída para o país seria uma renuncia rápida, com a eleição de um nome de consenso nacional que mantenha a equipe econômica e as reformas econômicas em curso (FHC? Pedro Parete? Nelson Jobim?). Contudo, Temer afastou ontem esta possibilidade no curto-prazo.

O cenário mais provável, agora, é que Temer lute para se manter no cargo, tente recompor sua base e superar essa crise. As reformas já foram prejudicadas (atrasadas) mas podem ser retomadas. O cenário de incerta não deverá ser bem visto pelo mercado, mesmo que possamos ver alguma estabilização dos ativos ao longo do dia de hoje devido a interpretação descrita acima.




Data: 19/05/2017

Brasil: Risk Off!

 

O dia foi de forte pressão sobre os ativos do Brasil, como era amplamente esperado. A situação política continua tensa e incerta. Temer declarou que não irá renunciar. Agora, estamos a espera das gravações que possivelmente envolvem o presidente em atos não muito republicanos.

Na minha visão, para o país e os mercados locais, a melhor opção é uma renuncia rápida, com a convocação de eleições indiretas e a eleição de um nome de consenso que manteria as reformas econômicas em curso (FHC? Henrique Meirelles? Pedro Parente?).

Vejo como probabilidade baixa a manutenção de Temer e a retomada da confiança em seu governo e a base para as reformas econômicas. O estrago parece já ter sido feito.

Quanto mais tempo Temer insistir em permanecer no cargo, pior para o país. A governabilidade ficou abalada e sua permanência apenas traz mais incerteza ao cenário.

O Banco Central anunciou uma ração diária de venda de swaps cambiais, após as intervenções realizadas hoje. O Tesouro Nacional anunciou leilões de recompra de papeis. 

Tenho um certo receio do quadro técnico do mercado, especialmente no mercado de juros. Novas rodadas de abertura de taxas de juros podem ocorrer. A dinâmica deverá melhorar apenas com a resolução do quadro político, ou quando os preços atingirem níveis de stress e o quadro técnico melhorar.




Data: 18/05/2017

All Bets Are Off. Stay Close To Home.

 

No final da tarde de ontem, o jornal O Globo divulgou em sua página da internet o que seria o vazamento da delação premiada (totalmente inesperada e fora do radar) de um dos maiores grupos empresariais do país. Além das relação nada republicanas com centenas de políticos, a delação, segundo a reportagem, apresentará uma gravação em que o atual Presidente Michel Temer compactua com um possível favorecimento ao ex Deputado e agora réu e preso pela Lava-Jato Eduardo Cunha.

As alegações são gravíssimas. Segundo a mídia de hoje pela manhã, para aliados, Temer não nega o encontro e nem mesmo sua postura em relação ao tema. O Planalto divulgou uma nota em que confirma a reunião mas repudia a postura de Temer.

O clima político esquentou e a situação de Temer ficou extremamente delicada. A agenda de reformas econômicas deverá ficar em segundo plano. A Reforma da Previdência deverá sair da pauta “a perder de vista”.

Pela reação da mídia e pelos sinais da base aliada, a situação do Governo é de insustentabilidade. Segundo a constituição, no caso de vacância do presidente, o presidente da Câmara do Deputados assume o cargo por um período curto de tempo, para convocação de eleições indiretas. Neste cenário, o Congresso quem elege o presidente, mas qualquer brasileiro poderá ser candidato. Como Rodrigo Maia também é investigado pela Operação Lava-Jato, existe uma zona cinzenta em torno da possibilidade de assumir, mesmo que temporariamente o cargo. O melhor cenário seria um processo rápido e a eleição de um nome de consenso, aliado com as reformas em curso. A realidade, contudo, deverá ser muito mais dura, envolta com incertezas e volatilidade.

Com este quadro de extrema incerteza, o mais improvável e inesperado dos riscos se concretiza no país, tornando o cenário um tanto quanto incerto. Minha visão construtiva precisa ser reavaliada. Por ora, o melhor a ser feito e esperar um maior claridade em torno do cenário político e/ou preços de mercado atrativos a ponto de justificar posições relevantes.

All Bets Are Off. Stay Close To Home.     




Data: 17/05/2017

[UPDATED] Mercados Globais - Risk-Off. Risco Político nos EUA. Ruído pontual...

 

Quando parece que o cenário está perfeito para o bom desempenho dos ativos de risco, surge um novo risco, talvez inesperado e imponderável, no campo político dos EUA.

Como comentei neste fórum pela manhã, a falta de experiência de Trump em um cargo público, suas decisões e postura pouco usuais e, em muitas vezes, totalmente questionáveis, estão tornando a sua administração um tanto quanto difícil e polêmica.

O cenário para o crescimento global ainda me parece construtivo. O que precisamos acompanhar é quanto tempo levará este ruído político nos EUA, quanto isso atrapalhará a agenda reformista da nova administração e o impacto disso nas expectativas dos agentes econômicos. Este é o principal canal de impacto negativo para a economia e os mercados financeiros.

Hoje, por exemplo, o S&P500 está tendo sua maior queda desde setembro de 2016, liderada pelo setor de Financials (que neste momento cai próximo a 3,5%). Não há dúvida que o posicionamento técnico, e a perda de confiança dos investidores na agenda do Governo Trump, estão sendo os principais responsáveis por esta dinâmica.

Neste momento, o mercado apresenta um “price-action” (uma dinâmica) bastante ruim. Tendo a respeitar os sinais do mercado, especialmente em um tema que tenho pouco conhecimento. Com as informações que temos até o momento, vejo os problemas na administração dos EUA como pontuais, ruídos de curto-prazo. Meu viés é de aproveitar realizações como a de hoje para adicionar risco ao portfólio. Os próximos dias podem trazer este tipo de oportunidade.

Os ativos que mais me atraem, neste momento, são o tomado em juros nos EUA, especialmente se a Treasury 10 anos for abaixo de 2,2%; o mercado de juros e o de renda variável no Brasil. Tenho convicção menor no dólar no mundo e prefiro optar por postura mais tática. Ainda vejo o BRL em um “range” em torno de 3,0-3,2.




Data: 17/05/2017

Risk-Off. Risco Político nos EUA. Ruído pontual

 

Os ativos de risco estão abrindo o dia com viés negativo e um claro movimento de “risk-off”. Na noite de ontem, a mídia dos EUA divulgou a informação de que a Trump teria pedido/exigido ao Diretor (agora demissionário) do FBI para encerrar as investigações em torno de um dos membros da nova administração do governo. A acusação se soma ao vazamento da notícia de que Trump teria dado informação confidencial de um aliado (especulasse que Israel) para uma comitiva da Rússia que esteve na Casa Branca na semana passada.

 

Nesta linha, os meios de comunicação ventilam que metade da população já quer o impeachment do atual presidente.

 

Por ora, vejo estes desdobramentos como ruídos de curto-prazo. As eleições no país foram extremamente apertadas, com uma vitória de Trump no Colégio Eleitoral mas uma derrota no Voto Popular. Assim, é natural que o país ainda esteja dividido em em relação a atual adiministração. Além disso, Trump é uma figura extremamente polêmica, que ainda precisa aprender a governar um país.

 

O risco, na minha visão, seria os ruídos atuais afetarem as expectativas dos agentes econômicos e, consequentemente, as perspectivas de crescimento. Além disso, ainda existe o risco de um Congresso dividido impedir, ou prejudicar, a agenda reformista do atual governo.

 

No Brasil, a mídia afirma que o governo continua articulando em torno de votos para a Reforma da Previdência. Agora, estão em busca de recursos para afagar os aliados com medidas e emendas.




Data: 16/05/2017

Cenário tranquilo e favorável.

 

Sem mudanças relevantes no cenário central, os ativos de risco estão mostrando certa acomodação nos atuais níveis. Ainda vejo um cenário externo razoavelmente construtivo, com um crescimento global saudável/sólido, uma inflação ainda contida no mundo desenvolvido e bancos centrais optando pelo gradualismo na condução do processo de normalização monetária.

Este pano de fundo tende a ser positivo para os ativos de risco e, em especial, para os países com fundamentos sólidos (ou em vias de recuperação), com valuations atrativos, posição técnica favorável e yields elevados. O Brasil se enquadra em praticamente todos estes aspectos e, assim, tem apresentado desempenho positivo nos últimos dias.

Os riscos existem e precisam ser monitorados. Por ora, contudo, a percepção é que a probabilidade de disseminação de algum destes riscos é baixa. Para citar alguns deles: (1)potencial alta mais acentuada dos juros nos países desenvolvidos, (2) desaceleração mais acelerada da China e/ou um aperto mais pronunciado da liquidez no país, (3) Riscos geopolíticos (Coréia do Norte e afins).

Confirmando este cenário, hoje, observamos um forte avanço da Produção Industrial de abril nos EUA, com alta de 1% MoM, acima das expectativas do mercado (0,4% MoM).. Na Alemanha, o ZEW – um dos principais indicadores de confiança do país e de toda a Europa – subiu de 19,5 para 20,6 pontos em maio, abaixo das expectativas (22,0) mas em patamar compatível com um crescimento robusto do país.

No Brasil, segue um cenário de forte desinflação, recuperação lenta e gradual do crescimento, contas externas favoráveis e perspectivas de recuperação do quadro fiscal com a aprovação das reformas econômicas propostas pelo atual governo.

Existem sinais incipientes de recuperação da economia, com o IBC-Br divulgado ontem e o CAGED divulgado hoje. Esta recuperação, contudo, promete ser extremamente lenta e gradual.

O cenário atual é condizente com uma antecipação do ciclo de queda da Taxa Selic. O mercado já migrou para uma queda de 125bps na próxima reunião do Copom. Os economistas promoveram revisões relevantes para a política monetária dos próximos meses, com muitas casas esperando juros terminais abaixo de 8%. Ainda há, todavia, um diferencial grande entre as expectativas dos economistas para a Taxa Selic e as expectativas do mercado. Em outras palavras, se os economistas estiverem corretos, ainda existe espaço para novas rodadas de fechamento de taxas de juros de mercado.  




Data: 16/05/2017

Petróleo em destaque.

 

O destaque da noite ficou por conta da acusação que foi vazada na mídia de que Trump teria dado informação confidencial sobre o Estado Islâmico a uma delegação Russa que visitou a Casa Branca na semana passada. Como presidente do país, parece que Trump tem o poder de tornar informação confidencial em informação pública, mas o vazamento deste episódio está trazendo um grande constrangimento a uma administração cercada de problemas. 

 

Na agenda do dia, destaque para os dados de housing nos EUA e para Industrial Production do país. 

 

Em relação à dinâmica de mercado, destaque para mais uma rodada de alta no preço do petróleo após a confirmação, ontem, de uma extensão do corte de produção dos países membros da OPEP. Não sou especialista no tema, mas me parece que o petróleo deveria se manter um grande range ao longo dos próximos meses. O nível de $45-$55 parece um bom o seu preço. Neste patamar, a despeito de uma elevada volatilidade, não deveria ser um tema de grande destaque para o cenário econômico global. 

 

No Brasil, a pesquisa Focus divulgada ontem pelo BCB mostrou novo recuo nas expectativas de inflação, o que deu conforto adicional ao mercado para precificar uma antecipação do ciclo de queda da Taxa Selic. O discurso de Ilan – Presidente do BCB – na sexta-feira, também foi interpretado como uma indicação de que, mantida as condições atuais, o BCB está viesado em acelerar o processo de queda da Taxa Selic. 

 

Interessante observar, contudo, que o mercado está lendo as declarações do BCB de maneira literal, ou seja, não há um grande movimento de extensão do ciclo de corte da taxa de juros, mas uma antecipação deste. A curva de juros já precifica uma queda de praticamente 125bps na próxima reunião do Copom, mas com quedas subsequentes muito inferiores a esta (-80bps/-50bps nas duas reuniões seguintes grosso modo). 

 

Os jornais de hoje estão ventilando a possibilidade do governo “descontingenciar” parte do orçamento, com o intuito de conseguir recursos em troca da Reforma da Previdência. A medida depende de alguma receita extraordinária. 

 

Na direção de uma agenda voltada ao crescimento, assim como a liberação dos recursos do FGTS, o governo começa a ventilar a possibilidade de uma correção da tabela do Imposto de Renda. A contrapartida poderia ser a taxação da distribuição de dividendos. A medida ainda está em estudo e não foi oficializada. 




Data: 15/05/2017

Sinalizações de afrouxamento na China. Novos ruídos no Brasil.

 

Final de semana, até o momento, de mudanças marginais no cenário. Alguns ruídos no cenário local e externo e apenas uma sinalização concreta mais importante no cenário externo, proveniente da China. Vejamos abaixo:

 

China – Segundo a Goldman Sachs, o relatório trimestral de política monetária divulgada ontem aponta para uma política monetária levemente mais frouxa no curto-prazo. Se confirmada esta visão, será em linha com o que tenho descrito neste fórum recentemente, ou seja, a desaceleração da economia vista nos últimos PMIs foi induzida pelo policy maker local e não causada por um movimento mais preocupante da economia.

 

Este pano de fundo me dá algum conforto, dado que a desaceleração não é fruto de nenhum “evento de crédito” inesperado. Como o governo quem está administrando a desaceleração do mercado de crédito e, consequentemente, da economia, eles podem reverter o processo se concluírem que a desaceleração chegou a níveis satisfatórios. Isso não quer dizer que não existam riscos. Eles existem, são reais e precisam ser monitorados. Um erro do policy maker poderia ter consequências catastróficas para o mundo. Em um pano de fundo de crescimento global ainda saudável, estes riscos, no curto-prazo, me parecem controlados, mas não totalmente dissipados. 

 

Para a Goldman Sachs:

 

"The last Q4 policy report released in Feb underscored a hawkish PBOC stance, as we discussed at that time. Market interest rates have risen significantly since then (e.g., by c.70bp/50bp for 7-day repo rate/5-year bond yield). In contrast, the latest Q1 policy report strikes a more neutral tone, in our view. Probably in response to the rapid series of reported regulatory tightening by other policy agencies in the last several weeks (e.g., see here, here and here) and market worries about potential over-tightening, the report suggests the need to improve coordination of financial policy as well as the "timing" and "rhythm" of regulatory measures. The report says this would help "stabilize market expectation" and "strike a balance between deleveraging and ensuring basic stability in liquidity conditions". 

 

In our view, following the measured moderation in interbank rates in the past week and solid bank loan data for April, the report's language further strengthens the signal that the PBOC has incrementally turned less hawkish to factor in regulatory tightening by other policy agencies and reduce the risk of an excessively tight overall policy stance. 

 

The report also emphasizes the PBOC's efforts to try to smooth out interbank volatility, and points out that what it refers to as the "most representative" interbank rate, DR007, has broadly moved in the 2.6%-2.9% range in recent months. DR007 is the 7-day repo interest rate that covers only depository institutions (see here for details).The report also emphasizes the PBOC's efforts to try to smooth out interbank volatility, and points out that what it refers to as the "most representative" interbank rate, DR007, has broadly moved in the 2.6%-2.9% range in recent months. DR007 is the 7-day repo interest rate that covers only depository institutions (see here for details). 

 

The weighted average lending rate for general bank loans (excluding bill financing) rose to 5.69% in Mar '17, up 19bp from Dec '16. Given the rough historical pattern that it takes a few months for market rates to feed through to bank lending rates (see here), the latter may continue to rise in the coming months reflecting the jump in market rates since late last year."

 

Brasil – Os veículos de comunicação passaram os últimos dias repercutindo as imagens da delação premiada dos marketeiros das últimas campanhas presidenciais do Brasil. Parte do que é descrito no vídeo já havia sido “vazado” na imprensa ao longo das últimas semanas. As declarações, caso provadas, colocam o antigo governo e seu partido em situação ainda mais delicada. A delação deverá ser usada como alvo para novos inquéritos e investigações, mostrando que a Operação Lava-Jato continua forte e atuante (e longe de um desfecho). 

 

Alguns jornais continuam especulando sobre uma possível delação premiada de um ex Ministro da Fazenda, atualmente preso acusado pela Operação Lava-Jato. Segundo a mídia, ele poderia complicar ainda mais a situação de pessoas já investigadas mas, além disso, envolver grandes grupos empresariais e, até mesmo, o sistema financeiro nacional. 

 

Não há grandes novidades em torno da Reforma da Previdência. O Governo continua sua batalha em busca de votos favoráveis a Reforma.

 

Coréia do Norte – O país promoveu mais um teste balístico neste final de semana, em uma primeira afronta ao novo presidente da Coréia do Sul. A Bloomberg reportou que o país sinalizou que poderia negociar junto aos EUA, na hora e no momento adequado. 

 

Vejo as provocações do país como ruídos de curto-prazo.




Data: 12/05/2017

What we learned this morning?

 

Nas últimas horas recebemos informações importantes do cenário econômico global. Descrevo as principais delas abaixo. De maneira geral, vejo os dados divulgados essa manhã como confirmando o cenário base com o qual temos trabalhado. Leia-se, um crescimento global ainda saudável, mas em um pano de fundo de inflação contida.

 

Como veremos abaixo, vejo este ambiente como positivo/construtivo para os ativos de risco em geral, mas, em especial, para os ativos emergentes com os fundamentos sólidos ou em vias de recuperação. 

 

China – Os agregados monetários de abril ficaram acima das expectativas. Os números divulgados hoje deveriam dirimir os receios do mercado em torno de uma desaceleração mais acentuada da economia do país no curto-prazo, reduzindo uma incerteza que gerou elevada volatilidade e pressão nas commodities nas últimas semanas. 

 

Como comentei no início da semana: Vejo a desaceleração recente como, de certa forma esperada mas, principalmente, induzida pelas medidas restritivas adotadas pelo governo ao longo dos últimos meses. Este pano de fundo me dá algum conforto, dado que a desaceleração não é fruto de nenhum “evento de crédito” inesperado. Como o governo quem está administrando a desaceleração do mercado de crédito e, consequentemente, da economia, eles podem reverter o processo se concluírem que a desaceleração chegou a níveis satisfatórios. Isso não quer dizer que não existam riscos. Eles existem, são reais e precisam ser monitorados. Um erro do policy maker poderia ter consequências catastróficas para o mundo. Em um pano de fundo de crescimento global ainda saudável, estes riscos, no curto-prazo, me parecem controlados, mas não totalmente dissipados. 

 

EUA – As vendas no varejo ficaram praticamente em linha com as expectativas, se consideradas as revisões altistas do mês anterior. O número mostra um crescimento ainda um pouco abaixo das expectativas, mas um cenário de econômica relativamente saudável. 

 

O Core CPI apresentou alta de 0,1% MoM, levando a alta para 1,9% em relação ao mesmo período do ano passado. O número vem após uma queda de 0,1% MoM no mês anterior.

 

A despeito de um mercado de trabalho extremamente robusto, como mostrou o Jobless Claims ontem, uma economia próxima ao pleno emprego, ainda parece um “conundrum” a baixa reação da inflação, mostrando ainda algum espaço no hiato do produto.

 

A leitura é de que os números recentes devem ser vistos como positivos (“Goldilocks” / “Sweet Spot”), já que mostram um crescimento robusto e um mercado de trabalho sólido. As pressões inflacionárias são crescentes, porém ainda não excessivas. Assim, o Fed poderá dar continuidade ao seu processo de normalização monetária, porém de forma gradual e bem comunicada. Este cenário poderá ser revertido quando (e se) a inflação começar a dar sinais mais preocupantes de alta rápida e acentuada. 

 

No atual estágio do ciclo econômico dos EUA, com a taxa de desemprego em 4,4% existe um risco crescente da inflação começar a dar sinais mais claros de aceleração. Este é um risco que precisa ser monitorado e devidamente “hedgeado” nos portfólios. A dinâmica dos ativos de risco, entretanto, tem mostrado que o mercado irá ser reativo a este cenário, e não proativo, ou seja, enquanto o crescimento estiver sólido, mas a inflação controlada, o Fed deverá manter postura gradual e, assim, manter as condições financeiras frouxas, desenvolvendo um pano de fundo positivo para os ativos de risco em geral. 

 

Canadá – O país vem sendo foco de alguma atenção, após problemas localizados no setor imobiliário. Uma agencia de classificação de risco rebaixou o rating de 6 importantes bancos locais esta semana, o que ajudou a colocar uma pressão maior nos ativos do país. 

 

Tenho pouca capacidade analítica sobre este tema, pelo menos por ora. Devemos acompanhar os próximos desdobramentos locais. Até o momento, o problema se mostra localizado e contido. 

 

Brasil – A Petrobrás anunciou um forte resultado no primeiro trimestre do ano. A divulgação confirma que o atual governo está atingindo avanços extremamente positivos não apenas na agenda macroeconômica, mas também na agenda microeconômica. Vejo este como mais um sinal positivo para os fundamentos de longo-prazo do país.  




Data: 12/05/2017

Update.

 

Os ativos de risco estão abrindo o dia em tom mais negativo, com movimentos ainda tímidos, porém com correlação elevada e um viés de “risk-off”. Não vi nenhuma mudança de cenário que justifique o movimento de hoje. 

 

Ontem, nos EUA, o PPI de abril apresentou forte alta, muito acima das expectativas do mercado. Os dados econômicos no país continuam apontando para um cenário de crescimento saudável, mercado de trabalho no pleno emprego e hiato do produto fechado. Este ambiente deveria levar o Fed a novas altas de juros, mantendo um processo de normalização monetária mais rápido do que o mercado precifica neste momento, dando suporte as taxas de juros no país e ao dólar no mundo.

 

No Brasil, as Vendas no Varejo ficaram muito abaixo das expectativas, confirmando que a recuperação do crescimento será lenta e gradual. O cenário de inflação cadente e crescimento pífio justifica a postura do BCB em antecipar o ciclo de queda da Taxa Selic.

 

Hoje, os jornais trazem poucas novidades relevantes. O governo continua trabalhando na busca de votos para a Reforma da Previdência. Os sinais são de que eles devem conseguir algo entre 320 e 330 votos. Existe algum ruído em torno da Reforma Trabalhista, que pode sofrer mudanças marginais no Senado. O Governo também trabalha para acelerar a tramitação desta reforma no Senado. 

 

Na agenda do dia, destaque para o Core CPI nos EUA e para o discurso de Ilan – Presidente do BCB – no encerramento do Seminário de Metas de Inflação. 




Data: 11/05/2017

Brasil: Inflação abaixo da meta, Taxa de Juros e Reforma do Setor Elétrico.

 

Os ativos de risco estão operando próximos a estabilidade. Destaque para mais uma rodada de alta no preço do petróleo, que está dando suporte as commodities metálicas não preciosas neste momento. A aparente estabilização, com sinais um pouco mais consistentes e de menor fragilidade, estão ajudando a dar suporte aos mercados emergentes em geral, com moedas como o MXN, TRY e ZAR apresentando desempenhos positivos. 

 

Na agenda do dia, o destaque ficará por conta das Vendas no Varejo no Brasil e para o PPI nos EUA. 

 

No Brasil, os jornais de hoje dão destaque ao IPCA de abril divulgado ontem, e já comentado neste fórum na tarde de quarta-feira. Cresce, no mercado e na mídia, a probabilidade do BCB antecipar o ciclo de queda de juros, com uma potencial queda da Taxa Selic superior a 100bps na próxima reunião do Copom. 

 

Artigo da Folha de São Paulo: http://www1.folha.uol.com.br/mercado/2017/05/1882944-com-inflacao-abaixo-da-meta-bc-podera-acelerar-reducao-dos-juros.shtml 

 

O Valor Econômico traz uma matéria sobre a ampla reforma que o governo pretende colocar em prática no setor elétrico: http://www.valor.com.br/brasil/4964844/governo-prepara-ampla-reforma-do-setor-eletrico 

 

Além de uma agenda macroeconômica positiva, este governo vem avançando de forma extremamente rápida e positiva na agenda microeconômica, em uma direção que deverá criar ambiente para o avanço da economia e dos investimentos no país. 




Data: 10/05/2017

Update

 

A confirmação de uma forte queda nos estoques de petróleo nos EUA na última semana ajudou a dar sustentação ao complexo de commodities, após uma alta superior a 3% no petróleo.

O dia foi de agenda econômica relativamente esvaziada no âmbito externo. As declarações do Rosengren, do Fed, contudo, reforçaram o cenário que venho descrevendo neste fórum, ou seja, uma economia com crescimento saudável e com o mercado de trabalho robusto, já no pleno emprego, com o hiato do produto praticamente fechado. Este ambiente reforça a necessidade de continuidade do processo de normalização monetária no país.

No Brasil, o IPCA de abril ficou praticamente dentro das expectativas, com alta de 0,14% MoM e 4,08%. O Número mostrou um quadro qualitativo positivo, que justifica uma antecipação do ciclo de queda da taxa Selic, cenário que tem sido sinalizado pelo BCB. Segundo nossa área econômica:

>> IPCA veio ligeiramente abaixo da mediana de mercado (+0,14%vs. BBG: +0,16%). O qualitativo do IPCA permaneceu relativamente bom; O índice de difusão dessaz (% dos subitens em alta) ficou em 57,7%, abaixo da média histórica (62,6%) e condizente com um quadro inflacionário bastante benigno (níveis parecidos com 2005/2006); O núcleo de serviços dessaz ficou em 3,3% na média móvel trimestral anualizada; O desempenho do grupo serviços como um todo piorou, mas tendo em vista o comportamento do núcleo e a evolução do mercado de trabalho, esperamos que haja uma desaceleração no segmento como um todo.

No cenário político, o mercado voltou a mostrar uma confiança maior na possibilidade de aprovação da Reforma da Previdência. Não acho válido discorrer sobre cronograma e probabilidade de aprovação, mas acho justo dizer que o Governo está em um crescente em relação a estratégia de negociação junto a sua base. A campanha publicitária de explicação da Reforma junto à população também ajuda este processo político.

Em relação aos ativos locais, o BRL continua seguindo o humor global em relação ao dólar no mundo. Por ora, conseguiu manter a banda de cima do “range” recente, nos 3,20. Passada a Reforma da Previdência, existe espaço para que a banda de baixo seja novamente testada (3,00-3,05). As vols implícitas apresentaram alguma estabilização, após forte pressão nos últimos dias.

A curva de juros precifica quedas em torno de 115bps/80bps/45bps/20bps nas próximas 4 reuniões do Copom. Frente ao cenário da nossa área econômica de inflação baixa e recuperação lenta e gradual do crescimento, vemos espaço para uma antecipação do ciclo de queda da Taxa Selic. Assim, vemos prêmio da curva local de juros. A parte intermediária da curva, a meu ver, apresenta um prêmio relevante frente ao cenário binário da Previdência.  O FRA dos anos de 2019 (10,20%), 2020 (10,60%) e 2021 (10,80%) nos atuais níveis me parecem refletir está cautela.

No Ibovespa, estamos observando resultados corporativos trimestrais melhores do que o esperado e, principalmente, uma visão mais construtiva por parte das empresas para os próximos trimestres. O técnico do mercado também me parece favorável, já que poucos players apresentam posições relevantes nesta classe de ativo.




Data: 10/05/2017

Brasil: Agenda Positiva.

 

Os ativos de risco estão apresentando alguma realização de lucros dos movimentos recentes. Neste momento, destaque para um fechamento de taxas das Treasuries, que está ajudando o movimento de enfraquecimento do dólar no mundo. A divulgação de uma forte queda nos estoques de petróleo no final da tarde de ontem está ajudando a dar sustentação ao preço do petróleo.

 

Na agenda do dia, as atenções estarão voltadas para a divulgação do IPCA de abril no Brasil.

 

No inicio da noite de ontem, a Comissão Especial da Câmara aprovou o texto base da Reforma da Previdência, rejeitando praticamente todos os destaques do texto. A Reforma irá agora para o Plenário, mas ainda sem data para votação. O Governo continua sua batalha em busca de votos favoráveis. A ideia é buscar o fechamento de questão por parte do PMDB, em busca do mesmo movimento por parte de sua base governista. 

 

Ao mesmo tempo em que luta em favor da Previdência da Câmara, o governo busca agilizar a Reforma Trabalhista no Senado. 

 

O Valor Econômico de hoje traz um artigo em que afirma que o Governo irá lançar um pacote de investimentos ao redor de R$60bi. Segundo o texto:

 

"Em busca de uma agenda positiva para se contrapor às reformas impopulares em tramitação no Congresso, o governo deu contornos finais ao "Avançar", plano que substituirá o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e prevê investimentos de R$ 59 bilhões até o fim de 2018. A ideia é transmitir mensagem de que a economia saiu do "modo de espera" e está em processo de retomada. 

 

Mesmo com as restrições orçamentárias, os recursos serão exclusivamente públicos e devem ficar livres de eventuais contingenciamentos. Assessores presidenciais ressaltam que uma das principais diferenças do Avançar é a transparência nas informações. Não haverá a contabilização de desembolsos feitos por investidores privados em concessões de infraestrutura, aportes de estatais e nem créditos de bancos públicos. Esse dinheiro, segundo eles, inflava os balanços do programa adotado nas gestões dos ex-presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rouseff. 

 

Mais de um terço dos investimentos (R$ 22,7 bilhões) vão para a área de transportes - rodovias, ferrovias, portos e aeroportos. Serão ações como construção ou duplicação de 2,3 mil quilômetros de estradas, dragagem de pelo menos seis portos e 1,2 mil quilômetros de trilhos. 

 

Todas as obras deverão ser entregues, ainda que parcialmente (em trechos), até dezembro de 2018. Um exemplo é o eixo norte da transposição do rio São Francisco, que teve um lote relicitado no início deste ano. Os aportes do Avançar também englobam outros três eixos: R$ 15,7 bilhões para habitação, saneamento básico e mobilidade urbana; R$ 13,5 bilhões para defesa; e R$ 7,4 bilhões para saúde, educação, recursos hídricos, cultura, turismo e esporte." 

 

Na China, o CPI ficou levemente acima das expectativas, enquanto o PPI, ambos de abril, ficou abaixo do consenso esperado pelo mercado. Os números de hoje pouco alteram a postura do PBoC. Segundo o Morgan Stanley:

 

"PPI softened for the second consecutive month: PPI slipped more than expected to 6.4% YoY in April (vs. 7.6% YoY in March; Consensus and MSe: 6.7% YoY). Besides a higher comparison base, the key drag was sequentially weaker commodity prices (-1.5% MoM in April vs. -0.1% MoM in March), particularly prices in oil and ferrous metal-related products. On the other hand, non-commodity PPI held up relatively well in April at 2.6% YoY (vs. 2.7% YoY in March), and its sequential growth edged down to -0.1% MoM (vs. 0.2% MoM in March) partly on seasonality. 

 

CPI rebounded modestly, led by higher core inflation: Headline CPI came in largely in line with consensus at 1.2% YoY in April (vs. 0.9% YoY in March; Consensus: 1.1% YoY; MSe: 1.2% YoY). The key driver was higher core inflation (2.1% YoY in April vs. 2.0% YoY in 1Q17 and 1.9% in 4Q16), supported by a better job market and higher income growth. That said, food prices were still declining, though at a milder pace in April (-3.5% YoY vs. -4.4% YoY in March)."




Data: 09/05/2017

Brasil: Sensação mais construtiva com Reforma da Previdência.

 

Dia de poucas novidades para o cenário econômico local e global.

Nos EUA, os JOLTs de março confirmou um mercado de trabalho robusto e uma economia no pleno emprego. Os membros do Fed vem dando declarações nesta direção, o que reforça um cenário de continuidade do processo de normalização monetária no país. 

Este cenário está dando algum a abertura das taxas de juros no país e, consequentemente, ajudado a dar suporte do dólar no mundo. Acredito que este movimento faça sentido e possa continuar, em maior ou menor grau, ao longo dos próximos dias.

Os movimentos recentes se diferenciam de um “Reflation” clássico pela fragilidade ainda demonstrada pelas commodities. Os sinais de desaceleração da China, aliados as perspectivas de melhor liquidez global, estão mantendo o complexo de commodities metálicas e petróleo sob pressão.

Em relação a China, vejo a desaceleração como, de certa forma esperada mas, principalmente, induzida pelas medidas restritivas adotadas pelo governo ao longo dos últimos meses. Este pano de fundo me dá algum conforto, dado que a desaceleração não é fruto de nenhum “evento de crédito” inesperado. Como o governo quem está administrando a desaceleração do mercado de crédito e, consequentemente, da economia, eles podem reverter o processo se concluírem que a desaceleração chegou a níveis satisfatórios. Isso não quer dizer que não existam riscos. Eles existem, são reais e precisam ser monitorados. Um erro do policy maker poderia ter consequências catastróficas para o mundo. Em um pano de fundo de crescimento global ainda saudável, estes riscos, no curto-prazo, me parecem controlados, mas não totalmente dissipados.

No Brasil, o mercado começa a mostrar uma confiança maior na possibilidade de aprovação da Reforma da Previdência. Neste momento, a Comissão Especial da Câmara está votando os destaques do texto base. Por ora, a Comissão ocorre sem surpresas. Não acho válido discorrer sobre cronograma e probabilidade de aprovação, mas acho justo dizer que o Governo está em um crescente em relação a estratégia de negociação junto a sua base. A campanha publicitária de explicação da Reforma junto à população também ajuda este processo político.

Em relação aos ativos locais, o BRL continua seguindo o humor global em relação ao dólar no mundo. Por ora, conseguiu manter a banda de cima do “range” recente, nos 3,20. Passada a Reforma da Previdência, existe espaço para a banda de baixo seja novamente testada (3,00-3,05). As vols implíticas apresentaram alguma estabilização, após forte pressão nos últimos dias.

A curva de juros precifica quedas em torno de 110bps/75bps/45bps/20bps nas próximas 4 reuniões do Copom. Frente ao cenário da nossa área econômica de inflação baixa e recuperação lenta e gradual do crescimento, vemos espaço para uma antecipação do ciclo de queda da Taxa Selic. Assim, vemos prêmio da curva local de juros. A parte intermediária da curva, a meu ver, apresenta um prêmio relevante frente ao cenário binário da Previdência.  O FRA dos anos de 2019 (10,20%), 2020 (10,60%) e 2021 (10,80%) nos atuais níveis me parecem refletir está cautela.

No Ibovespa, estamos observando resultados corporativos trimestrais melhores do que o esperado e, principalmente, uma visão mais construtiva por parte das empresas para os próximos trimestres. O técnico do mercado também me parece favorável, já que poucos players apresentam posições relevantes nesta classe de ativo. 




Data: 09/05/2017

Brasil: governo tentará votar Previdência até o final deste mês.

 

Os ativos de risco estão operando ainda com um viés construtivo, sustentados pelo pano de fundo de “Goldilocks” descrito neste fórum na sexta-feira passada. Ontem, vimos o VIX – índice de volatilidade da bolsa dos EUA – atingir (e fechar) no menos patamar desde 1993. A volatilidade de outros ativos também sofreu forte pressão ao longo do dia, como foi o caso da vol implícita do BRL, por exemplo. 

 

Hoje pela manhã, estamos vendo novos sinais de estabilização das commodities, mas a dinâmica ainda se mostra frágil e demanda cautela. As taxas de juros nos EUA voltaram a abrir, com a Treasury de 10 anos testando novamente o patamar de 2,4%. O movimento me parece fazer todo sentido frente a um mercado de trabalho robusto, próximo ao pleno emprego e com o hiato do produto da economia praticamente fechado. Neste ambiente, o dólar voltou a apresentar alta. 

 

No Brasil, a pesquisa Focus divulgada na manhã de ontem pelo BCB trouxe poucas novidades. As expectativas de inflação permanecem ancoradas. O que chamou a atenção, contudo, foi a alta das expectativas para 2018, que subiram 9bps. Ainda é cedo para tirar conclusões maiores em torno deste movimento. Será importante monitorar este vetor nas próximas semanas. 

 

O jornal O Globo de hoje afirma que o governo está traçando uma estratégia para votar a Reforma da Previdência até o final deste mês. Além disso, o Valor econômico afirma que o governo aposta na rejeição de todos os destaques da Reforma da Comissão Especial. 

 

Enquanto isso, o governo continua trabalhando intensamente, junto a sua base, para conquistar votos favoráveis a Reforma. Concomitantemente a este movimento, deu-se início a uma campanha publicitária mais agressiva para mostrar a necessidade de aprovação da manteria e a importância deste avanço para o país.




Data: 08/05/2017

China: Mais sinais de desaceleração. Impacto deve ser pontual.

 

Os ativos de risco estão operando próximos a estabilidade neste momento. Ainda vejo alguma fragilidade no complexo de commodities que, a despeito da estabilização, ainda apresenta grande dificuldade em uma recuperação mais sustentável. O EUR opera sobre pressão, e as bolsas mostram alguma realização de lucros após o forte rally de sexta-feira.

 

Na China, as exportações e importações de abril ficaram abaixo das expectativas do mercado, mas em patamar consistente com um crescimento ainda saudável. Vale lembrar que alguma desaceleração da economia chinesa já era de uma maneira ou de outra, esperada pelo mercado. O governo local adotou uma série de medidas restritivas nos últimos meses, visando administrar os excessos em alguns setores da economia. A desaceleração do crescimento era apenas uma questão de tempo. Agora, resta saber qual será a magnitude desta desaceleração. Enquanto essa resposta não for clara, poderá existir algum receio por parte dos mercados financeiros globais, afetando os ativos mais dependentes da demanda do país. Vejo este impacto como pontual e ainda trabalho com um cenário relativamente construtivo para a economia global no curto-prazo.




Data: 08/05/2017

Brasil: Negociação em torno da Reforma da Previdência avança.

 

O final de semana foi de poucas novidades até o momento.

 

Na França, o segundo turno das eleições ocorrem, com as pesquisas apontando imensa vantagem de Macron nas intenções de voto. Mantida as expectativas, o evento deve ter pouco impacto sobre os ativos de risco.

 

Na China, as reservas internacionais de abril mostraram mais um mês de alta, confirmando um quadro de menor pressão de saída de recursos do país após as diversas medidas adotadas pelo governo nos últimos meses.

 

No Brasil, os jornais continuam dando destaque para as negociações em torno da Reforma da Previdência. A coluna Painel, da Folha de São Paulo, noticiou que os partidos da base aliada estão tentando organizar um anuncio conjunto de fechamento de questão em torno da Reforma, o que seria uma maneira de dar tranquilidade aos deputados (a votação seria uma pressão do partido e todos da base estarem no “mesmo barco”, sem brecha para reclamações em relação aos demais aliados).

 

Além disso, os jornais noticiam que o presidente Temer tomou a liderança das negociações, e autorizou seus articuladores a utilizarem “toda a tinta da caneta” (ou seja, tudo que puderem em relação a cargos e emendas parlamentares) para angariar apoio.

 

Parece que a estratégia começa a surtir efeito, com alguns deputados duvidosos começando a demonstrar mais tranquilidade em apoiar a Reforma. 




Data: 05/05/2017

Goldilocks? You better hedge the inflation risk...

 

O destaque do dia ficou por conta da divulgação dos dados de emprego de abril nos EUA. Os números mostraram uma criação robusta de empregos (211 mil vagas), mais uma inesperada queda na Taxa de Desemprego (de 4,5% para 4,4%) e uma alta esperada no Average Hourly Earnings (de 0,3% MoM, mas após revisão baixistasdo mês anterior).

Os números confirmam uma economia ainda bastante saudável, com um mercado de trabalho no pleno emprego e um hiato do produto praticamente fechado, dentro do que tenho descrito neste fórum já há algum tempo.

A leitura é de que os números devem ser vistos (ou já foram vistos) como “Goldilocks”, já que mostram um crescimento robusto, um mercado de trabalho sólido. As pressões inflacionárias são crescentes, porém ainda não excessivas. Assim, o Fed poderá dar continuidade ao seu processo de normalização monetária, porém de forma gradual e bem comunicada. Este cenário poderá ser revertido quando (e se) a inflação começar a dar sinais mais preocupantes de alta rápida e acentuada. 

No atual estágio do ciclo econômico dos EUA, com a taxa de desemprego em 4,4% existe um risco crescente da inflação começar a dar sinais mais claros de aceleração. Este é um risco que precisa ser monitorado e devidamente “hedgeado” nos portfólios. A dinâmica dos ativos de risco, entretanto, tem mostrado que o mercado irá ser reativo a este cenário, e não proativo, ou seja, enquanto o crescimento estiver sólido, mas a inflação controlada, o Fed deverá manter postura gradual e, assim, manter as condições financeiras frouxas, desenvolvendo um pano de fundo positivo para os ativos de risco em geral.

Os ativos no Brasil voltaram a seguir a dinâmica externa, na ausência de novidades relevantes e concretas no cenário. Deveremos conviver ainda com um período de incerteza em relação a Reforma da Previdência. Continuo confiante na aprovação, mas realista com o impacto de uma potencial derrota do governo. Nos últimos dias, vimos um esforço redobrado do governo, e do próprio presidente, na condução da comunicação da Reforma junto a base aliada e a população. Resta esperar para saber se terá impacto positivo nos próximos dias.

No final da tarde, foi divulgado amplamente pela mídia aberta o depoimento de um ex diretor da Petrobras, preso pela Operação Lava-Jato, que concedeu declarações parecidas aquelas já delineadas por um empreiteiro também investigado. Ambos colocam as últimas gestões do governo federal (não a atual) no centro das investigações. A mídia negativa em torno do tema pode ser lida como aumentando o risco de condenação dos envolvidos, e reduzindo a possibilidade de eleição (ou reeleição) de partidos vistos como mais à esquerda, e contrários as reformas econômicas em curso.




Data: 05/05/2017

EUA: Dados de Emprego em Foco / Brasil: Novos Ruídos na Previdência.

 

Os ativos de risco estão operando sem tendência definida, e com movimentos tímidos, a espera da divulgação dos dados de emprego nos EUA.

 

Acho que para a divulgação de hoje, o Average Hourly Earnings (AHE) ganha uma importância até superior ao “headline” do Payroll e da Taxa de Desemprego. Se estes dois números vierem próximos a expectativas (exemplo, Payroll na faixa de 130k a 230k) o AHE quem deverá determinar a dinâmica do mercado no curto-prazo. Um AHE muito elevado irá confirmar o que já mostrou o ECI e o ULC, ou seja, que existe uma clara trajetória ascendente de pressões salariais. Neste contexto, é natural esperar que o Fed dê prosseguimento ao seu processo de normalização monetária. Este cenário poderia levar uma abertura de taxa de juros mais acentuada no país, trazendo consequências aos demais ativos de risco. O cenário base, contudo, ainda é de um mercado de trabalho saudável, com pressões salariais altistas porém não acentuadas, o que mantém um pano de fundo relativamente construtivo para o cenário econômico global.

 

No Brasil, os jornais de hoje continuam especulando em torno da possível data para a votação da Reforma da Previdência na Câmara. Existem novos rumores de que a votação poderia ficar para o segundo semestre do ano. Na minha visão, é muito difícil, neste momento, acreditar em tudo que sai na mídia. A verdade é que, hoje, o governo não tem conforto que já tenha os 308 votos favorável ao texto da Reforma. Assim que tiver conforto neste número, colocarão o tema para votação. 

 

Existe uma proposta de um no Refis para ser aprovada pelo Congresso. Segundo a mídia, existe um desconforto da equipe econômica em torno desta proposta, pode reduziria em demasia a dívida de muitas empresas, prejudicando a arrecadação do governo e as contas públicas.  




Data: 04/05/2017

Commodities Rout!

 

Os ativos de risco estão passando por um turbulento momento em que dois vetores distintos atingem o cerne do mercado, afetando o cenário construtivo paras algumas classes de ativo, com os países emergentes. Vamos aos fatos:

Primeiro, observamos sinais de desaceleração da China. Os últimos PMIs do país mostram uma desaceleração do crescimento Chinês. Além disso, medidas adicionais as já implementadas nos últimos meses estão sendo tomadas, com o objetivo de evitar a dinâmica de bolha em alguns mercados e, em especial, restringir o mercado de crédito off-balance-sheet. Estas medidas tendem a afetar bastante o mercado de commodities que, em alguns casos, já se via diante de estoques crescentes (e um quadro técnico aparentemente ruim).

Segundo, voltou à tona o debate em torno da continuidade do processo de normalização monetária nos EUA. Este processo reduziria a liquidez dos mercados financeiros globais e tenderia a apertar as condições financeiras globais. Este vetor seria mais um “vento contrário” aos mercados emergentes e as commodities, por exemplo.

Como o Brasil não é uma ilha. Muito pelo contrário, é um país emergentes ainda muito dependente das commodities e das condições financeiras globais, os ativos locais estão sentindo os efeitos maléficos desses vetores citados acima.

A história mostra que os movimentos de correção nas commodities tendem a ser rápidos e acentuados, mesmo que pontuais. Assim, é sempre muito difícil tirar conclusões concretas em relação a dinâmica do mercado e, muito menos, acertar os pontos de inflexão do mercado.

Com relação a China, uma desaceleração já era esperada. A economia apresentou recuperação do 1Q, mas as medidas de restrição monetária impostas pelo governo apontavam na direção de um crescimento mais brando nos próximos 3 a 6 meses. Por ora, este cenário está se concretizando, mas ainda não há nenhum sinal mais alarmista nesta frente. Eu, particularmente, tenho uma grande preocupação em relação aos riscos de longo-prazo da economia da China, mas ainda vejo um curto-prazo relativamente estável no país.

É interessante lembrar, pegando o Minério de Ferro como exemplo, que ninguém esperava que esta commodity atingisse o patamar de US$90 há 6 meses atrás, e muito menos que permaneceria neste nível por algum tempo. O mercado trabalhava com um preço de US$60-US$65 para o médio-prazo. Agora, com o Minério voltando ao patamar visto como sustentável a médio-prazo, o mercado questiona até onde irá a queda (está analogia vale para o Cobre, Petróleo e afins).

Refleti sobre este aspecto apenas para dizer que o mercado financeiro tende a exagerar os movimentos, mesmo com mudanças apenas marginais de cenário. Temos que tentar ter o sangue frio para diferenciar mudanças efetivas e estruturais de cenário, de mudanças apenas pontuais de preço.

Nos EUA, continuo vendo um cenário em que o mercado de trabalho se encontra no pleno emprego e com o hiato do produto fechado. O Fed está em um ciclo claro, que deverá ser gradual e prolongado, de normalização monetária (alta de juros e redução de balanço). Com a inflação ainda baixa, este processo deverá ser gradual e bem administrado. Apenas uma sequência mais clara de pressões inflacionárias poderá tornar este processo menos trivial, ou mais acelerado.

Sou da teoria que precisamos respeitar a dinâmica do mercado, especialmente diante de vetores que temos pouco controle. É notório que um menor crescimento da China, e a perspectiva de juros mais elevados nos EUA, tendem a ser menos construtivos para os mercados emergentes.

Assim, será cada vez mais importante a escolha dos ativos corretos na busca por alpha. Ainda vejo o Brasil bem posicionado (condicionado a aprovação das reformas econômicas) para lidar com este “novo” ambiente. É natural, contudo, esperar períodos de maior volatilidade e incerteza. De maneira geral, vejo os eventos recentes apenas como mudanças marginais de cenário. 




Data: 04/05/2017

Brasil: Governo obtém vitória na Comissão Especial da Previdência. PSDB fecha questão a favor da Reforma.

 

O destaque da noite ficou por conta do anuncio de que o Congresso Americano irá votar hoje a proposta de “Repeal and Replace” para o Obamacare. Segundo a mídia, Trump teria angariado os votos necessários para uma vitória nesta batalha. Caso o Congresso avance nesta direção, será um passo extremamente importante para que a agenda econômica de Trump volte aos trilhos, e comece a ser implementada.

 

Os ativos de risco reagiram de maneira clássica, com abertura de taxa de juros nos EUA e alta das bolsas. As commodities metálicas continuam sobre pressão, ainda digerindo o cenário que comentei na tarde de ontem:  A combinação de estoques mais elevados, sinais de que a atividade econômica da China tenha feito seu pico deste ciclo adicionadas e medidas de restrição ao crédito no país acabaram afetando o humor deste complexo e, consequentemente, da maior parte dos ativos dependentes de commodities metálicas (AUD, Mineradoras e afins).

 

No Brasil, a Comissão Especial da Câmara aprovou o texto base da Reforma da Previdência. A votação dos destaques foi encerrada após a invasão do plenário e só deve ser retomada na semana que vem. Existe uma articulação do “baixo clero” para a Reforma da Previdência só vá ao plenário após a aprovação da Reforma Trabalhista no Senado. Contudo, não há a confirmação destes boatos. Além disso, Renan Calheiros conseguiu manobrar para que a Trabalhista tramite em 3 Comissões do Senado, o que deverá demandar cerca de 45 dias. 

 

Nesta frente, o Governo já articula a retirada de Renan da liderança do PMDB no Senado, o que aliviaria o humor no Senado. 

 

Na madruga de ontem, após reunião com Temer, o PSDB fechou questão a favor da Reforma da Previdência, em mais uma importante sinalização para a pauta econômica do atual governo. 

 

Em suma, aos trancos e barrancos, mesmo com forte articulação da oposição, o governo está conseguindo imprimir a sua agenda, mesmo que as vezes com atrasos e, outras vezes, precisando negociar de maneira mais aberta. Acredito que este processo faça parte do ambiente democrático e ainda trabalho com um cenário construtivo para o país e seus ativos. Entendo, contudo, que deveremos conviver com alguma incerteza e volatilidade dos ativos locais no curto-prazo.




Data: 03/05/2017

Brasil: Recuperação Lenta e Gradual.

 

O dia foi bastante intenso para o cenário econômico local e global. Vamos aos fatos e seus potenciais desdobramentos: 

 

Brasil – A Produção Industrial apresentou queda de 1,8% MoM e alta de 1,1% YoY, abaixo das expectativas de -1% MoM e + 2% YoY. A abertura do número mostrou um quadro qualitativo ruim. Segundo nossa área econômica: 

 

>> A produção industrial veio abaixo do esperado (-1,8%m/m dessaz vs. BBG: -1%m/m dessaz e 1,1% a/a vs. BBG: 2%a/a). O segmento leading de ciclos, bens duráveis, apresentou queda acentuada em março (-8,5%m/m dessaz) e tem apresentado elevação no nível de estoques (segundo a FGV). O qualitativo da pesquisa foi ruim, com as categorias de uso encolhendo igual ou mais que o headline; O índice de difusão (% dos itens em alta) foi relativamente baixo (39,1%); O desempenho da produção industrial tem sido volátil (ora expandindo 8,5% anualizada na média móvel trimestral em fevereiro, ora contraindo -8,1% em março). O índice de confiança industrial tem se elevado, mas patamar ainda é condizente com a fraqueza no segmento. A elevação dos estoques em duráveis e bens de capital reforça a continuidade dessa fraqueza; Por enquanto, estamos trabalhando com um crescimento do PIB de 0,7% no primeiro trimestre de 2017 (em boa parte puxado pela expansão da agricultura e da indústria extrativa), mas há muitas fragilidades nos dados (por exemplo, o mercado de trabalho segue piorando) atrapalhando uma retomada mais substancial da economia. 

 

De maneira geral, o número de hoje reforça um quadro de recuperação extremamente lenta e gradual da economia.

 

As coletas de inflação continuam mostrando um pano de fundo de inflação contida. Somados um quadro de crescimento pífio e inflação baixa, o cenário continua extremamente propício para o BCB promover uma antecipação do ciclo de queda da Taxa Selic. 

 

No campo político, as especulações em torno da Reforma da Previdência continuam. A Comissão Especial, até o momento, não votou o texto base hoje. Existem rumores de que a votação possa ser adiada para amanhã. Além disso, a mídia segue ventilando para um potencial atraso na votação da Reforma no plenário. O rumor do momento é que o plenário da Câmara só votaria após o Senado apreciar a Reforma Trabalhista. 

 

EUA – O FOMC manteve a política monetária inalterada na reunião de hoje, como era amplamente esperado. O comunicado após a decisão, na minha visão, acabou sendo mais hawkish do que as expectativas. O Fed sinalizou que a fraqueza recente da atividade e da inflação são transitórias e que pretende manter seu processo de normalização monetária. 

 

O ADP Employment apresentou a criação de 177 mil postos de trabalho em abril, dentro das expectativas. O número confirma que o mercado de trabalho se apresenta robusta e próximo ao pleno emprego.

 

Commodities – O dia foi marcado por uma forte queda das commodities metálicas, lideradas pelo Cobre. A combinação de estoques mais elevados, sinais de que a atividade econômica da China tenha feito seu pico deste ciclo adicionadas e medidas de restrição ao crédito no país acabaram afetando o humor deste complexo e, consequentemente, da maior parte dos ativos dependentes de commodities metálicas (AUD, Mineradoras e afins).  




Data: 03/05/2017

Brasil: Agenda econômica avança no Congresso.

 

Os ativos de risco estão operando sem tendência definida, com alguma “Tensão Pré FOMC”. O destaque fica para uma leve alta do dólar no mundo. O petróleo apresenta leve recuperação, após dados mais positivos de estoques divulgados no final da tarde de ontem. A bolsa dos EUA apresenta leve queda, refletindo a divulgação do resultado, abaixo do esperado, da Apple na tarde de ontem. 

 

Hoje, o FOMC se reúne e divulga sua decisão de política monetária as 15h00. O consenso de mercado espera a manutenção do status quo. O Comitê deve apenas fazer uma “marcação a mercado” no seu comunicado no tocante ao cenário econômico. Se houver alguma surpresa, ela deve ficar para uma sinalização mais explícita em torno do que o Fed tem em mente, em relação a timing e a condução do processo para a redução do seu balanço. O cenário base, contudo, é de uma decisão sem surpresas. 

 

No Brasil, o calendário político avança. A Comissão Especial da Câmara deverá votar o texto base da Reforma da Previdência hoje ou amanhã. A votação em plenário deverá ficar para a segunda quinzena deste mês. Assim, o governo ganha tempo para explicar as mudanças recentes no relatório para a sua base.

 

Ontem, a Câmara aprovou a MP das concessões. Segundo o Valor Econômico:

 

"Após diversos adiamentos em meio à tramitação da reforma trabalhista no plenário, a Câmara dos Deputados aprovou ontem a medida provisória das concessões, que estabelece condições para a prorrogação e a relicitação de contratos de parceria nos setores rodoviário, ferroviário e aeroportuário. A proposta foi editada em meio à dificuldade das empreiteiras investigadas na Operação Lava-Jato em obter crédito e realizar os investimentos prometidos. A votação dos destaques não tinha sido concluída até o fechamento desta edição. 

 

O resultado foi bem recebido por parlamentares da base de apoio ao governo no Congresso, já que a MP tem vigência até amanhã e precisava ser encaminhada ao Senado para votação ainda hoje. Se a MP não for votada nas duas Casas do Congresso até 4 de maio, perderá a validade e os negócios firmados durante sua vigência terão que ser regulados por um projeto de decreto legislativo. As regras são restritas aos empreendimentos federais que fazem parte do Programa de Parcerias de Investimentos (PPI). 

 

Ao Valor, aliados do Palácio do Planalto no Congresso destacaram a importância do resultado como um aceno de que a base governista está reaglutinada em torno da aprovação da pauta econômica do presidente Michel Temer, inclusive da reforma da Previdência. Ao editar a medida provisória, o governo alegou a necessidade de conseguir novos investimentos no setor de infraestrutura de transportes. Além disso, o texto prevê que serão objeto de relicitação os contratos no setor rodoviário, ferroviário e aeroportuário que não estiverem sendo atendidos ou cujos contratados não estejam conseguindo manter as obrigações contratuais ou financeiras."




Data: 02/05/2017

Brasil: Reforma da Previdência será o Foco da Semana.

 

Os ativos de risco estão operando próximos a estabilidade, sem movimentos relevantes neste momento. A agenda dia será esvaziada em termos econômicos.

 

No Brasil, os jornais de hoje estão com informações desencontradas em torno da Reforma da Previdência. Enquanto a Folha de São Paulo fala em adiar novamente a votação do texto base na Comissão Especial, agendada para esta semana, os demais veículos de comunicação afirmam que a ordem no Governo é apressar as votações, colocando o texto na Comissão Especial até quinta-feira desta semana, no máximo, e mantendo o cronograma para ir ao plenário na segunda semana de maio.

 

Os ativos locais devem permanecer extremamente sensíveis aos noticiário em torno da Reforma da Previdência.




Data: 02/05/2017

Cenário Externo Permanece Construtivo.

 

Os ativos de risco voltaram a dar sinais mais positivos, com o tema de “Reflation” predominando sobre a dinâmica dos ativos de risco. Destaque para mais um dia de alta das bolsas e das commodities metálicas, abertura de taxas de juros nos países desenvolvidos, porém com o dólar misto e o petróleo em queda. O EWZ – ETF de bolsa Brasil operada nos EUA - fechou em alta em torno de 0,8%. 

 

Nos últimos dias, vimos os PMIs globais mostrando uma economia mundial ainda saudável e robusta. A despeito da queda dos números em países como China e EUA, o patamar dos PMIs continua condizente com um crescimento positivo e favorável. Como tenho insistido neste fórum: Vale atentar, contudo, que nesta fase do ciclo econômico, com a maior parte dos indicadores de confiança em picos históricos (ou deste ciclo econômico) é natural esperar alguma acomodação/ volatilidade em torno destes níveis. 

 

A manutenção de um patamar considerado robusto, sem quedas mais acentuadas e/ou generalizadas, parece ter dado ímpeto ao cenário construtivo para a economia global nos últimos dias. Além disso, os resultados corporativos trimestrais apontam na mesma direção, ou seja, crescimento positivo e aumento dos lucros do setor corporativo. Finalmente, o PIB do 1Q nos EUA, assim como alguns indicadores antecedentes do setor, confirmou um ambiente mais positivo para os investimentos/capex nos EUA, o que pode ser um vetor extremamente relevante de suporte ao crescimento ao longo dos próximos meses. 

 

A mídia dos EUA reportou hoje que o Congresso do país fechou um acordo de US$1T de orçamento para que o governo continue funcionando até setembro. Ainda não tive detalhes em torno deste pacote, mas retira um “risco de cauda” do curto-prazo. 

 

Trump manteve sua postura de comentar sobre todo e qualquer tema. Hoje, declarou que está estudando a divisão dos bancos de investimentos e bancos comerciais no país, além de declarar que pode vir a se encontrar com o líder da Coréia do Norte, caso exista algum momento que permite tal encontro.

 

No Brasil, os jornais de hoje apenas repercutiram a pesquisa eleitoral para presidente da república divulgada pelo Datafolha ontem, na Folha de São Paulo. Como comentei aqui ontem: Minha opinião pessoal é que ainda falta muito chão para o período eleitoral e o mercado não deveria reagir a este tipo de informação no curto-prazo. Acredito que ainda existem eventos importantes nos próximos 6 meses que podem determinar de forma mais clara a direção das eleições. De qualquer maneira, a pesquisa mostra uma força ainda grande de Lula (o que não deveria ser novidade para ninguém). Os demais partidos “convencionais”, e seus candidatos, apresentam uma clara tendência de perda de popularidade, como é o caso dos candidatos do PSDB (Aécio e Alckmin) e até mesmo do Rede (Marina Silva). Cresce o apoio de candidatos radicais e menos conhecidos, como Jair Bolsonaro. Este fenômeno não é novo e nem mesmo local. Existe uma tendência global ao radicalismo e ao “anti establishment” e as pesquisas no Brasil apontam nesta mesma direção. Contudo, ainda não sabemos quem será candidato em 2018, quem poderá ser candidato e se novos nomes aparecerão com força política cada vez maior.




Data: 02/05/2017

Cenário Político no Brasil, PMI na China e Coréia do Norte.

 

Brasil – Os jornais do final de semana se concentraram em 3 eventos locais.

 

Primeiro, repercutiram as manifestações de sexta-feira. A conclusão geral, já comentada neste fórum, é de que as manifestações foram pontuais, isoladas, violetas e concentrada em um grupo restrito de pessoais, que não representa os anseios da sociedade. Do ponto de vista político, a aparente fragilidade das manifestações retira um risco do curto-prazo, que seria de um movimento generalizado contra o atual governo e as reformas econômicas em curso.

 

Segundo, as negociações em torno da Reforma da Previdência continuam. Segundo a mídia, o governo conseguiu mapear os “infiéis”. Com um panorama de sua base mais claro, poderá promover uma pressão política maior em cima de seus aliados. A perda de cargos e de orçamento será utilizada como “moeda de troca”, e MPs podem ser liberadas para angarias mais aliados. Até mesmo a Agência Estado, que vem dando enfoque no “Placar da Previdência”, até o momento muito contrário ao Governo, divulgou artigo comentando a possibilidade de uma organização maior que consiga reverter parte dos votos. 

 

Finalmente, a Folha de São Paulo divulgou pesquisa eleitoral para as eleições de 2018. Minha opinião pessoal é que ainda falta muito chão para o período eleitoral e o mercado não deveria reagir a este tipo de informação no curto-prazo. Acredito que ainda existem eventos importantes nos próximos 6 meses que podem determinar de forma mais clara a direção das eleições. De qualquer maneira, a pesquisa mostra uma força ainda grande de Lula (o que não deveria ser novidade para ninguém). Os demais partidos “convencionais”, e seus candidatos, apresentam uma clara tendência de perda de popularidade, como é o caso dos candidatos do PSDB (Aécio e Alckmin) e até mesmo do Rede (Marina Silva). Cresce o apoio de candidatos radicais e menos conhecidos, como Jair Bolsonaro. Este fenômeno não é novo e nem mesmo local. Existe uma tendência global ao radicalismo e ao “anti establishment” e as pesquisas no Brasil apontam nesta mesma direção. Contudo, ainda não sabemos quem será candidato em 2018, quem poderá ser candidato e se novos nomes aparecerão com força política cada vez maior. 

 

China – O PMI Manufacturing de abril apresentou queda de 51,7 para 51,2 pontos, abaixo das expectativas do mercado. O número sai do maior patamar em 5 anos para um nível ainda condizente com um crescimento saudável. É natural esperar algum arrefecimento do crescimento do país. O governo adotou uma postura mais restritiva nos últimos meses e isso deverá impactar a economia ao longo dos próximos meses. O cenário base ainda é de um crescimento relativamente saudável, mesmo que com algum arrefecimento na margem. 

 

Coréia do Norte – O país promoveu mais um teste balístico na sexta-feira. Aparentemente, o teste foi mal sucedido e era de um míssil de médio alcance. Por um lado, as consecutivas falhas nos testes balísticos mostra uma Coréia militarmente enfraquecida, que não teria condições de ameaçar os países ocidentais, e nem mesmo seus vizinhos mais próximos. A ausência de armamentos mais potentes reduz o risco de uma guerra nuclear mais generalizada e o poder de defesa de EUA, China e Japão. Por outro lado, os consecutivos testes balísticos aumentam a tensão na região, e podem levar a uma reação mais concreta por parte da nova administração dos EUA.




Data: 28/04/2017

Manifestações no Brasil e Reflation nos EUA.

 

Brasil – O destaque do dia ficou por conta do reflexo das “manifestações” e da “greve geral” marcada para hoje. Na minha visão, existia o risco das manifestações se tornarem um evento grande e representativo, contrário ao atual governo, e contrário as reformas econômicas em curso. 

 

Até o presente momento, os focos de manifestação foram poucos e pequenos. Em muitos casos, foram focos agressivos, representados por uma parcela extremamente pequena da população. Não vi, até agora, nenhum evento específico que sugere uma mobilização maior da população contra o caminho que está sendo tomado pelo país, a despeito dos problemas ainda existentes no campo político (à medida que as investigações da Operação Lava-Jato avançam). 

 

Na ausência de uma oposição maior as reformas, vejo um ambiente menos hostil à classe político e, especialmente, na Câmara dos Deputados, para a aprovação da Reforma da Previdência. Não estou afirmando que a Reforma tenha que ser dada como “líquida e certa”. Contudo, se ontem existia o risco de uma oposição e uma mobilização grande da população contra as reformas, este risco foi dirimido ao longo do dia. 

 

Os ativos locais parecem ter entendido a situação no mesmo contexto com o que foi descrito acima, já que abriram sobre pressão, mas apresentaram recuperação ao longo do dia. 

 

Vejo o técnico do mercado local mais positivo do que no passado recente. A aprovação da Reforma da Previdência ainda é imperativa para manter o país na rota da recuperação econômica. Neste momento, me parece existir um prêmio de risco relevante nos ativos locais fruto do risco da não aprovação da reforma. 

 

A curva de juros apresentou forte steepening nas últimas semanas e o BRL apresenta desempenho relativo muito pior do que os seus pares. O Ibovespa apresenta desempenho absoluto positivo, mas visto diante dos novos picos atingidos em vários países do mundo, e diante de um quadro de clara recuperação do setor corporativo, me parece que o Ibovespa poderia estar em níveis ainda mais elevados não fosse o risco da Reforma da Previdência. 

 

EUA – O PIB do 1Q ficou levemente abaixo das expectativas (0,7% QoQ Anualizado vs 1,0% esperado). A composição do número, contudo mostra um quadro mais construtivo. A queda nos Estoques e no Consumo explicam boa parte da fraqueza deste primeiro trimestre, enquanto os Investimentos apresentaram forte recuperação. 

 

Diante de indicadores de confiança em picos históricos e com estoques mais ajustados, tudo indica que teremos uma recuperação robusta do crescimento neste segundo trimestre. 

 

O Employment Cost Index apresentou alta de 0,8% QoQ, acima das expectativas de 0,6% QoQ. O número confirma um cenário em que a economia dos EUA está no pleno emprego e com o hiato do produto praticamente fechado. 




Data: 28/04/2017

Resultados Corporativos em Foco. Sinais Positivos no Brasil e nos EUA.

 

Os ativos de risco estão operando com leve viés de “reflation”. O destaque, contudo, fica por conta do movimento de dólar mais fraco no mundo, liderado pela alta do EUR, e um bom desempenho das commodities. Eu ainda acredito que o cenário de “reflation” faça sentido, e deva prevalecer ainda por alguns meses.

 

A agenda do dia terá como destaque o PIB nos EUA, cujas expectativas já são de um número baixo e decepcionante, provavelmente abaixo de 1% QoQ anualizado. Existe uma grande expectativa, ainda, de aceleração da economia ao longo do ano. Vale lembrar que nos últimos anos, o PIB do 1Q no país tem uma clara tendência de ser o mais baixo do ano, o que já gera um debate em torno da sazonalidade deste período. 

 

Antes de entrar no cenário macroeconômico, gostaria de chamar a atenção para os excepcionais resultados corporativos que foram divulgados na noite de ontem nos EUA. Empresas da chamada “Nova Economia”, como Amazon, Google e Intel, no geral, apresentaram resultados muito fortes, positivos e muito acima das expectativas. Além disso, o anuncio do aumento de buybacks continuou a pleno vapor. Os resultados recentes deveriam dirimir o receio do mercado em torno de um eventual valution “esticado” por parte da bolsa dos EUA. Os resultados recentes mostram que existe a possibilidade de surpresas positivas nos earnings, ou seja, crescimento de lucros, mesmo que o P/E do S&P500 já esteja na banda de cima de seu valor histórico. 

 

O mesmo vale para o Brasil. Os resultados corporativos recentes mostram uma clara recuperação da saúde das empresas. Além disso, o setor varejista, por exemplo, aponta para a mesma direção observada em indicadores econômicos )como as Vendas no varejo e a ABRAS), ou seja, sinais de que a economia já tenha feito o seu piso e existe uma tendência de recuperação do crescimento. O setor bancário, em outro exemplo, também mostra recuperação da carteira de crédito e das perspectivas de melhora de resultados.  Há evidencias cada vez mais claras de que o ponto de inflexão da economia já foi feito. Além disso, a queda nas taxas de juros deverá ajudar setores mais alavancados (uma parte relevante da bolsa local) da bolsa local. Em suma, vejo se desenhar um cenário bastante positivo para o mercado local de renda variável. 

 

No campo econômico, o destaque fica por conta dos dados de inflação de março na Europa. O Core CPI passou de 1% YoY para 1,2% YoY e o CPI subiu para 1,9%. Os números foram acima das expectativas e em linha com um cenário de “reflation” global. A alta da inflação está dando ímpeto a alta do EUR está manhã. 

 

Ainda na região, o PIB da Espanha continuou surpreendendo positivamente, com alta de 0,8% QoQ. O país tem sido um dos destaques positivos de recupeação na Europa, mostrando dados robustos de crescimento. O mesmo não pode ser dito da França, com um PIB de apenas 0,3% QoQ e problemas estruturais maiores. 

 

No Japão, a produção industrial apresentou uma alta de 2,1% MoM, mas os indicadores de inflação voltaram a recuar. O país apresenta um cenário de crescimento mais positivo, mas sem qualquer sinal de uma alta mais sustentável da inflação. 




Data: 27/04/2017

Brasil: Importante e positiva vitória do Governo.

 

Os ativos de risco estão operando próximos a estabilidade neste momento. Destaque apenas para mais uma rodada de queda no preço do petróleo, ainda seguindo uma dinâmica ruim após a divulgação dos estoques nos EUA no início da semana.

 

A agenda econômica dos EUA será relevante hoje, com Durable Goods Orders e Jobless Claims, para delinearmos o cenário de crescimento de curto-prazo da economia do país. 

 

No Brasil, o governo conseguiu ontem uma importante vitória ao aprovar a Reforma Trabalhista por 296 votos a favor e 177 votos contrários. 39 deputados faltaram a sessão. O placar é um importante termômetro para a Reforma da Previdência. Apesar de não ter atingido o número necessário de 308 votos para a Previdência, ainda há tempo de negociações e pressão sobre a base. Além disso, dos 39 deputados ausentes, o governo só precisaria do apoio de 12 destes membros, mantendo os demais dos 296 votos a seu favor.

 

Acredito que a aprovação de ontem será vista como uma grande vitória do Governo, e mais um passo importante e positivo para o país. Vale lembrar que a menos de duas semanas o cronograma da Reforma Trabalhista era muito mais distendido. O Governo aprovou o caráter de urgência e ainda aprovou no plenário a proposta, em tempo bastante reduzido e sem grandes dificuldades. A Reforma da Previdência, obviamente, é um tema muito mais polêmico, que demanda esforço maior e negociações mais intensas.

 

De qualquer maneira, acho importante não esquecermos a “floresta” olhando muito as “arvores”. Os avanços conquistados por esse Governo em pouco mais de 1 ano foram extraordinários, mesmo frente a todas ad dificuldades políticas impostas pela Operação Lava-Jato e seus desdobramentos. A inflação cai a passos largos, com a credibilidade do BCB retomada; aprovaram o Teto dos Gastos e a Reforma Trabalhista; o ambiente microeconômico melhorou de forma impar, o que está trazendo de volta os investimentos ao país; as estatais estão com uma governança melhor e os resultados começam a refletir isso; a Petrobras adotou uma política de preços de combustíveis mais transparente, e etc.

 

No Japão, como era amplamente esperado, o BoJ manteve a política monetária inalterada, mesmo revisando um pouco para o lado mais positivo seu cenário de crescimento.

 

Nos EUA, a administração de Trump negou os rumores de que poderia se retirar de forma abrupta do NAFTA. O caminho parece ser de uma negociação mais dura e favorável aos EUA, mas não de saída imediata.  




Data: 27/04/2017

Reforma Tributária nos EUA e Reforma Trabalhista no Brasil.

 

O dia foi de bastante volatilidade para os ativos de risco ao redor do mundo. Os ativos locais, basicamente, seguiram o humor global a risco. 

 

A despeito da ausência de dados econômicos relevantes para o cenário de longo-prazo, os investidores focaram as atenções para o anuncio dos “guidelines” da “Reforma Tributária” proposta por Trump e sua equipe nos EUA. Grande parte do que foi anunciado já havia sido ventilado na mídia nos últimos dias. Sem entrar nos detalhes do anuncio, caso efetivado, seria um enorme incentivo ao setor corporativo, aos investimentos e um alívio ao consumidor. Contudo, o “plano” carece de detalhes, e ainda existe uma grande interrogação no tocante ao apoio que Trump terá no Congresso. 

 

Existe a possibilidade do “Health Care/Obamacare” (Repeal and Replace) ser novamente votado até o final desta semana, o que abriria espaço para o avanço da Reforma Tributária. De qualquer maneira, após uma primeira reação positiva ao anuncio (alta da Bolsa e do USD, e abertura de taxas de juros) os ativos acabaram revertendo grande parte destes movimentos. 

 

Ainda vejo um cenário positivo para o crescimento dos EUA e do mundo. O avanço de uma agenda econômica robusta seria uma “cereja neste bolo”. O mercado de trabalho dos EUA me parece muito próximo ao pleno emprego e o hiato do produto fechado. Acho natural a volatilidade de curto-prazo na Bolsa, USD e Treasury, após a rápida e acentuada reação positiva ao primeiro turno da eleição presidencial da França. 

 

No Brasil, todas as atenções estão voltadas ao Congresso Nacional. A Câmara discute neste momento a Reforma Trabalhista. O Governo precisa de maioria simples para aprovar o projeto (cerca de 257 votos). Ventila-se que o Governo tenha cerca de 270-280 votos para a aprovação, o que seria positivo, mas insuficiente para aprovar a Reforma da Previdência. O placar de hoje será fundamental para a dinâmica dos ativos no curto-prazo. 




Data: 26/04/2017

Governo atinge uma vitória, mas acaba derrotado no final da noite.

 

Os ativos de risco estão abrindo sem tendência definida essa manhã, na ausência de notícias relevantes para o cenário externo. Na agenda do dia, nos EUA, existe a expectativa de que Donald Trump irá anunciar as linhas gerais de seu “plano de reforma tributária”, mas a agenda ainda não foi oficializada. 

 

No Brasil, continuamos a mercê do quadro político. Por um lado, o Governo conseguiu uma vitória na tarde de ontem, aprovando na Comissão Especial o texto base da Reforma Trabalhista, por 27 votos a 10. A Reforma deverá ir agora para plenário, ainda hoje. 

 

Por outro lado, o governo sofreu uma derrota na votação dos destaques para o socorro aos Estados. O destaque referente ao aumento da alíquota de contribuição previdenciária foi retirado do texto. Segundo a Folha:

 

"O texto previa aumento de 11% para, pelo menos, 14% na contribuição previdenciária dos servidores, com o objetivo de reequilibrar as contas dos Estados em calamidade financeira. Os deputados, no entanto, retiraram essa exigência do projeto. 

A exigência foi imposta pela União, em troca de socorro federal a esses governos. 

A votação indica dificuldade do governo em conseguir mobilizar sua própria base para aprovar um tema ligado à Previdência. 

Segundo o relator do projeto de socorro na Câmara, Pedro Paulo (PMDB-RJ), a mudança não desfigura o projeto original e a exigência pode ser restabelecida em votação no Senado. Ele observou, porém, que isso demonstra "sensibilidade" dos deputados a assuntos relacionados à Previdência. 

Logo após a derrota do governo, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), interrompeu a votação do projeto, que ainda não está concluída. 

Antes disso, dois destaques que tentavam reduzir as contrapartidas dos Estados à ajuda federal foram rejeitados. 

Maia alegou quórum baixo para prosseguir com a votação. Porém, a votação que acabou derrubando a contribuição previdenciária teve 430 votos (de um total de 513 deputados). 

Para manter o texto original, que criava a contribuição, o governo precisava de 257 votos. Só conseguiu 241, ou seja, 16 a menos do necessário. Outros 185 deputados votaram a favor da mudança. 

Governistas queixavam-se, após a votação, de que os deputados da base aliada não ajudaram na rejeição da proposta. Chamou a atenção a baixa adesão entre deputados do PSB, partido que ameaça deixar o governo, e do PR. 

"A Previdência deu um sinal de que o assunto é delicado e tem que ter atenção especial. Querendo fazer uma aprovação, terá que recompor a base [do governo] especificamente nesse tema", disse Pedro Paulo."




Data: 25/04/2017

Reflation is Back!

 

Passado o “risco de cauda” das eleições na França, os ativos de risco retomaram (com razão, como tenho demonstrado neste fórum) a trajetória dos “Reflation Trades”. Destaque para a abertura das taxas de juros nos países desenvolvidos e para o bom desempenho das bolsas ao redor do mundo. Após uma elevada volatilidade de curto-prazo, as commodities parecem ter encontrado um suporte e voltaram a mostrar desempenho positivo. 

 

Continuo com uma visão construtiva para o cenário econômico global, baseado em um crescimento saudável, uma inflação que sobe apenas gradualmente no mundo desenvolvido e condições financeiras ainda bastante frouxas nos mercados globais. 

 

No cenário econômico, nos EUA, o New Home Sales de março apresentou surpreendente e positiva alta de 5,8% MoM para 621k, muito acima das expectativas de queda de 1,4% MoM e 584k. O Consumer Confidence de abril caiu de 124,9 para 120,3 pontos, levemente abaixo das expectativas de 122,5. O indicador continua em patamar historicamente elevado e condizente com um crescimento robusto da economia. 

 

Os indicadores de confiança (“soft data”) continuam em patamares saudáveis, condizentes com um crescimento robusto da economia. O primeiro trimestre do ano foi de crescimento mais fraco (“hard data” / PIB), mas tudo indica que o crescimento prospectivo será melhor nos próximos trimestres. Vale atentar, contudo, que nesta fase do ciclo econômico, com a maior parte dos indicadores de confiança em picos históricos (ou deste ciclo econômico) é natural esperar alguma acomodação/ volatilidade em torno destes níveis. 

 

Existe uma grande expectativas para o anuncio da Reforma Tributária por parte de Trump. A mídia está ventilando a possibilidade do “imposto corporativo” (Corporate Tax) cair para 15%, o que seria um enorme estímulo ao setor. Além disso, os resultados corporativos trimestrais continuam mostrando uma tendência positiva. 

 

No Brasil vejo os ativos locais reagindo a um misto de posição técnica e reflexo da dinâmica externa. A abertura das taxas de juros nos EUA está dando suporte ao dólar no mundo, o que acabou afetando a dinâmica do BRL e do próprio mercado local de juros, cuja a posição técnica se mostra bastante desafiadora (muitos players locais já extremamente alocados nesta classe de ativos). O Ibovespa, por sua vez, um mercado cuja posição técnica me parece “leve”, acabou seguindo o bom humor das bolsas globais. 

 

O cenário para o mercado de juros, exceto por um erro político grave, continua extremamente positivo. A inflação de curto-prazo está muito baixa, as perspectivas de inflação continuam positivas (baixas) e, consequentemente, as expectativas de inflação seguem trajetória descendente. No tocante ao crescimento, a recuperação se mostra lenta e gradual. Há muito tempo não se tem um cenário tão favorável para uma queda estrutural das taxas de juros no país. 

 

A conta corrente de março apresentou superávit de US$1,4Bi, muito acima das expectativas de US$450mm. Grande parte da surpresa se deve a uma forte balança comercial neste início de ano. As contas externas do país mostram uma dinâmica muito favorável e confortável para o mercado de câmbio.




Data: 25/04/2017

Brasil: Governo faz ofensiva para aprovar as reformas.

 

Os ativos de risco voltaram a apresentar uma dinâmica condizente com o “reflation trade”, com destaque para a abertura das taxas de juros nos países desenvolvidos e um bom desempenho das bolsas ao redor do mundo. O movimento me parece fazer bastante sentido, frente a dados econômicos que ainda mostram um crescimento global saudável e, aparentemente, em aceleração; uma inflação contida mas gradualmente ascendente no mundo desenvolvido; e “riscos de cauda”, até o momento, controlados. 

 

O dólar opera com desempenho misto. Trump voltou a declarar que pode impor tarifas sobre alguns setores/produtos específicos, alguns importantes itens da pauta de exportação de países como Canadá e Nova Zelândia. Assim, as moedas desses países estão apresentando desempenho negativo nesta manhã. A abertura de taxa de juros nos EUA também está ajudando a dar um suporte ao dólar no mundo. 

 

No Brasil, os jornais estão focados na aprovação da Reforma Trabalhista e da Previdência. A executiva nacional do PSB fechou questão contra as duas reformas. Conduto, os deputados do partido irão recorrer a decisão. Ao que parece, p PSB está dividido. O governo aparenta ter o apoio de cerca de 10 a 15 deputados da bancada, mas a executiva nacional está mantendo uma postura mais rebelde e contra o governo. 

 

A despeito deste ruído, o governo parece estar fazendo uma ofensiva forte a favor das reformas, exonerando ministros para que votem a favor delas e pressionando a base pelo apoio de sua bancada.




Data: 24/04/2017

Brasil: Inflação baixa, expectativas ancoradas e demanda por investimentos.

Os ativos de risco passaram o dia basicamente digerindo o resultado do primeiro turno da eleição para presidente da França, sem desdobramentos diferentes dos já comentados pela manhã.

Chamaria a atenção para o movimento da Treasury, que “devolveu” grande parte da abertura de taxas observado durante a noite e pela manhã de hoje. Na minha visão, a dinâmica do mercado mostra um quadro técnico ainda complicado. As bolsas da Europa e dos EUA apresentaram desempenho bastante positivos. Nos EUA, em especial, a temporada de resultados e um quadro técnico mais “leve” parecem estar ajudando o mercado a permanecer próximo aos picos históricos, a despeito de volatilidades pontuais.

No Brasil, as coletas de preço continuam apontando para uma inflação extremamente baixa no curto-prazo. Nesta direção, a pesquisa Focus mostrou novo arrefecimento das expectativas para o IPCA de 2018, um importante componente na tomada de decisão de política monetária por parte do BCB.

No que tange o cenário microeconômico, o leilão de energia promovido pelo ANEEL mostrou uma forte demanda por parte dos investidores, o que é bastante positivo para o governo e para o país. O leilão de hoje confirma que regras mais claras, mesmo com menos incentivo do BNDES, coloca o Brasil em posição de destaque para atrair investimentos para infraestrutura.

O relatório de dívida federal do país mostrou um quadro em que o investidor estrangeiro ainda não voltou de forma mais agressiva a comprar papéis do país. Uma posição que já representou cerca de 21% (R$500bi) da dívida pública local, hoje encontra-se em 13% (R$400bi). Este pano de fundo mostra que existe amplo espaço para fluxos para o país, caso o governo continue perseguindo, e sendo bem-sucedido, nas reformas econômicas.




Data: 24/04/2017

Redux: The world economy is fine, thanks!

 

Os ativos de risco estão apresentando um movimento clássico de “risk-on”. O primeiro turno das eleições para presidente da França terminou com um resultado considerado de baixo risco para o cenário, com a extremista Le Pen enfrentando o liberal, pro Reformas e pro Europa Macron no segundo turno. As pesquisas de intenção de votos para o segundo turno colocam Macro com ampla vantagem, em torno de 70% vs 30% de Le Pen. Vale ressaltar que as pesquisas do primeiro turno, mesmo com uma disputa bastante acirrada entre os 4 principais candidatos, acabaram ficando dentro do que realmente foi o resultado efetivo, dando maior credibilidade as pesquisas e maior tranquilidade para o segundo turno. 

 

A eleição presidencial na França era um dos (senão o principal) risco para o cenário econômico global este ano. Passado o evento, mantenho minha visão mais construtiva/otimista para o cenário global e os ativos de risco em geral. Riscos ainda existem, e precisam ser monitorados (Coréia do Norte, China e etc) mas me parecem de baixa probabilidade neste momento. 

 

Na Alemanha, o IFO subiu 0,6 pontos para 112,9, acima das expectativas do mercado e no maior nível desde 2011. O número confirma um ambiente favorável para o crescimento do país e da Europa como um todo (vide números divulgados na sexta-feira e comentados abaixo). 

 

Na China, em um ambiente de crescimento mais saudável, o governo está priorizando a administração de eventuais bolhas em setores específicos, o que está afetando o humor no mercado local de ações. Segundo a Bloomberg:

 

"A selloff in Chinese stocks deepened, with the benchmark gauge slumping the most in four months, amid concern authorities will step up measures to crack down on leveraged trading. The Shanghai Composite Index fell 1.4 percent at the close, the biggest one-day loss since Dec. 12. Industrial companies and material producers led losses. The ChiNext small-cap gauge slipped 1.6 percent to 1,809.91, its lowest closing level since September 2015. China’s authorities are taking advantage of a strengthening economy to reduce financial-system risk by tightening the screws on leverage. The banking regulator said late Friday it will strengthen a crackdown on irregularities in the financial sector, echoing comments by the securities watchdog just days earlier, while the top insurance official is being investigated on suspicion of “severe” disciplinary violations. The Shanghai Composite has slumped almost 5 percent since closing at a 15-month high on April 11, the biggest loss among global gauges."

 

No Brasil, os jornais de hoje estão reportando que o governo não irá mais autorizar mudanças no texto da Reforma da Previdência. As negociações foram ao limite, O momento,agora, é de negociação para a aprovação. A estratégia será votar a Reforma Trabalhista ainda está semana para testar a base aliada. Eventuais dissidentes serão mapeados e cobrados por apoio. Segundo a mídia, neste momento, ainda não há os votos necessários para a aprovação do texto. Por isso, o cronograma poderá atrasar em 1 ou 2 semanas. O foco do governo, contudo, é aprovar o texto como está, mesmo que um atraso de poucas semanas seja necessário.




Data: 24/04/2017

Brasil: Mais ruídos de curto-prazo...

 

Os jornais dos últimos dias estão repercutindo alguns eventos políticos locais. Abaixo, aponto cada um desses eventos, com alguns comentários sobre eles:

 

- O governo já admite adiar a votação da Reforma da Previdência em 1 ou 2 semanas. Segundo fontes, a ideia seria ter mais tempo para explicar o novo texto a sua base e ter margem de votos para uma vitória no plenário da Câmara. 

 

Mais um adiamento da votação é sem dúvida uma notícia negativa de curto-prazo. O atraso sinaliza que o governo ainda não tem confiança na vitória. Acredito, contudo, que o conservadorismo por parte do governo seja positivo para que uma vitória seja alcançada, sem problemas maiores para a Reforma da Previdência. A estratégia de colocar para votação a Reforma Trabalhista antes da Previdência é uma maneira de testar a base e pressionar aliados. 

 

- A mídia voltou a dar atenção a potencial reunião entre membros do PMDB, inclusive Michel Temer, junto a operados financeiros e executivos da Odebrecht para o acerto de propina, segundo delatores, em um contrato com a Petrobrás. Os delatores afirmam que Temer teria dado o aval, a benção, para a operação. A mídia afirma, ainda, que existem extratos confirmando a transferência de recursos. 

 

Este episódio não é novo e já foi amplamente reportado pela mídia. A novidade, agora, são as delações, as possíveis provas e a menção nominal ao nome de Michel Temer. O atual Presidente confirma a reunião, mas nega peremptoriamente a tratativa de valores.

 

Acredito que este é mais um ruído de curto-prazo e um constrangimento ao atual presidente. O argumento de defesa será sempre de negar a tratativa de valores. Além disso, como presidente do PMDB à época, Temer tinha entre suas atribuições tratar de doações legais a campanhas do partido. Neste caso específico, parece que a palavra dos delatores será confrontada com a palavra de Temer. A situação, contudo, pode ser tornar mais problemática para membros da cúpula do PMDB, cujas provas podem ser mais contundentes. 

 

- Os veículos de comunicação afirmam que uma série de pessoais públicas, tais como Silvio Santos, Ratinho e Luciano Hulk irão apoiar a Reforma da Previdência em suas mídias sociais. Parte deste esforço será capitaneado pelo marqueteiro Nizan Guanaes. Este é mais um esforço positivo por parte do governo para mostrar a população a importância da Reforma. 

 

- Ainda repercutindo os depoimentos de Antônio Palocci e Leo Pinheiro, a mídia coloca Lula em uma situação extremamente delicada.




Data: 24/04/2017

The world economy is fine, thanks!

 

A sexta-feira foi marcada por mais uma rodada de ajustes de posições, as vésperas do primeiro turno da eleição para presidente da França. Este é um dos, senão o principal, risco monitorado pelos investidores para este ano. Por isso, acredito que caso o resultado fique em linha com o que apresentam as pesquisas, há espaço para uma nova pernada de apreciação dos ativos de risco. Não entrei em detalhes deste embate ao longo do processo, pois tenho pouca vantagem comparativa na análise. Além disso, as pesquisas eleitorais mostraram, no passado recente, serem de pouco poder preditivo, após as surpresas no Brexit e nas eleições para presidente dos EUA. Assim, somos meros observadores neste assunto. 

 

Prefiro basear minhas análises nos fundamentos econômicos. Como tenho tentado demonstrar neste fórum, ainda vejo um cenário construtivo para economia global. Minha opinião é baseada em um crescimento saudável do mundo, uma inflação contida nos países desenvolvidos e condições financeiras bastante frouxas. Isso não quer dizer que não existam riscos. Eles existem, são poucos triviais e devem ser monitorados. Todavia, neste momento, ainda vejo um ambiente relativamente estável, que não justifica uma mudança de visão. 

 

Este cenário foi reforçado pelos números econômicos divulgados hoje. 

 

- Na Europa, a prévio do PMI apresentou alta, superando as expectativas do mercado. Segundo o Morgan Stanley: Another very healthy gain: Overshooting the consensus, the composite PMI rose by 0.3pt to 56.7, a fresh six-year high. Euro area firms report stronger demand and look optimistic about the year ahead, with expectations of future activity levels moderating only slightly from last month's record high. Employment is growing at the fastest rate since July 2007 and incoming new business printed the second strongest monthly gain since April 2011. Pipeline price pressures remain elevated. We've recently upgraded our expectations for 2017 GDP growth by 40bp to 1.8%Y and those for 2018 GDP growth by 10bp to 1.7%Y; 

 

- Nos EUA, os dados do mercado imobiliário superaram as expectativas em março. Para o JP Morgan: Existing home sales increased 4.4% to 5.71mn saar in March. This was a stronger outcome than expectations, even including a small downward revision to the February data, and the March figure was a new high for the cycle to date. Existing home sales increased 5.6% saar in 1Q, and we think that overall real residential investment (covering brokers’ commissions related to sales as well as other aspects of the housing market) increased a solid 10% saar during the quarter. Some of the recent changes in the housing data have been mixed, but in general, the latest numbers look relatively solid. Apart from the sales data, we see a number of signals that appreciation continues at a solid rate. In the existing home sales report, the median sale price was up 6.8% oya in March. 

 

- Na Coreia do Sul, uma economia bastante aberta cuja a corrente de comércio é vista como uma boa proxy para o crescimento global, as exportações dos primeiros 20 dias de abril mantiveram trajetória positiva e robusta. Segundo a Goldman Sachs: Per-day exports for the first 20 days in April rose 19.2% from a year ago, the sharpest growth since August 2011. Seasonally adjusted, per-day exports continued the third month of positive growth at 2.8% month-on-month, the strongest since February 2015. Positive work-day effects (+1 day) helped headline exports rise a sharper 28.4%, compared with 14.8% in the previous month. If we strip out volatile ship exports, which increased 131.7%, according to preliminary data by the customs office, underlying momentum measured by per-day exports excluding ships (better proxy for the current global demand for Korean goods due to the long order-delivery gaps for ship exports) moderated to year-on-year growth of 13.2% from 13.7% in March. 

 

Nesta tarde Trump afirmou que deverá anunciar seus planos referentes aos cortes de impostos já na próxima semana. Vale lembrar que nas últimas semanas o mercado ficou bastante decepcionado com as ações (ou falta delas) do governo americanos no tocante a agenda econômica. Esta divulgação será importante para medir o quão viável é o projeto econômico deste novo governo. Com as expectativas do mercado bastante baixas, me parece haver uma certa assimetria para este anuncio. 

 

No Brasil, enquanto o governo continua travando uma batalha para aprovar a Reforma da Previdência, a Reforma Trabalhista deverá avançar com mais celeridade, funcionando como um grande teste ao governo. A despeito do atraso da Previdência, esta estratégia me parece ser uma postura tática inteligente por parte de Temer e Cia. 

 

Ao longo do dia de ontem, os depoimentos de um ex Ministro da Fazenda, preso na Operação Lava-Jato, e um empreiteiro envolvido nas investigações da mesma Operação, colocaram o ex presidente Lula em situação bastante delicada. Acredito que este evento seja de pouca relevância no curto-prazo, mas de extrema importância para o médio-prazo. Caso o ex presidente se torne inelegível, as opções da esquerda no Brasil serão bastante reduzidas, retirando um grande “risco de cauda” para as eleições de 2018.   




Data: 20/04/2017

 Brasil: Inflação tranquila e favorável/ Externo: "All about French Elections!"

 

Os ativos de risco estão apresentando um movimento clássico de “risk-on” nesta quinta-feira, com destaque para a alta das bolsas, e para a abertura de taxa de juros no mundo desenvolvido.

Na minha visão, o movimento de hoje em nada se deve ao cenário econômico. Como tenho afirmado neste fórum há alguns dias, a despeito da volatilidade dos ativos de risco, vi poucas mudanças concretas de cenário. A proximidade das eleições na França me parece ser o vetor mais claro afetando a dinâmica dos mercados financeiros globais no momento.

Hoje, as últimas pesquisas de intensão de votos mostraram um cenário um pouco mais favorável para os candidatos considerados mais “pro Euro, pro mercado”, o que ajudou a dar ímpeto ao movimento de recuperação dos ativos de risco. 

Nos EUA, no que tange a economia, o Jobless Claims se manteve em patamar condizente com um mercado de trabalho muito próximo ao pleno emprego. O Philly Fed arrefeceu de 32,8 para 22,0 pontos, mas amplamente normal para esta fase do ciclo econômico, e mantendo-se em patamar ainda saudável. A mídia reportou ainda que o governo continua trabalhando para um novo acordo em torno da questão referente ao “Health Care/Obamacare” mas, em paralelo, ainda continua trabalhando com afinco nas questões econômicas, como corte de impostos e um programa de infraestrutura.

No Brasil, os ativos locais continuam mostrando uma imensa “under performance” em relação aos seus pares e aos demais ativos de risco ao redor do mundo. A turbulência política envolvendo as reformas econômicas ainda parece estar afetando os investimentos no Brasil, além de um quadro técnico desfovarável para algumas classes de ativos (como o mercado de juros, por exemplo). 

A despeito desse “mau humor” local, ainda vejo um cenário extremamente construtivo para o país. O IPCA-15 apresentou alta de 0,21% MoM e 4,41% YoY, abaixo das expectativas. O qualitativo do número continua favorável. O número de hoje corrobora um cenário de continuidade do ciclo de queda da Taxa Selic, com um corte de, no mínimo, 100bps em cada das próximas duas reuniões do Copom, como os diretores do BCB tem afirmado. Nossa área econômica classificou o número da seguinte maneira:

O qualitativo da inflação de serviços segue favorável

>> A inflação de serviços veio abaixo do esperado (Serviços: +0.44% vs. AE: +0,49% e Serviços Subjacentes: +0,31% vs. BBG: +0,41%);

>> Após ajuste sazonal, a média móvel trimestral de serviços acelerou para 5,5% (taxa anualizada) – em boa parte em função da passagem aérea;

>> Por sua vez, a inflação do serviços subjancentes (que exclui entre outros subtens a passagem aérea) manteve em 2,8% (taxa anualizada);

>> O índice de difusão  de serviços (após ajuste sazonal) seguiu relativamente confortável;

>> A desaceleração do IPCA tem sido disseminada.

O CAGED apresentou queda de 63 mil postos de trabalho em março, sem ajuste sazonal, muito abaixo das expectativas. O número dá força a tese de uma recuperação apenas lenta e gradual da economia e para a necessidade de um suporte da política monetária.

Reafirmo que mantenho uma visão construtiva para os cenários local e externo. No cenário externo, o mundo cresce a taxas saudáveis, com uma inflação ainda contida no mundo desenvolvido e as condições financeiras frouxas. No Brasil, as reformas estão avançando, a inflação está em estágio avançado de queda, os juros estão caindo e o ambiente é favorável aos países emergentes. Sou comprador de ativos do Brasil.




Data: 20/04/2017

Brasil: Governo obtém vitória importante. Mercados externos apresentam recuperação.

 

Os ativos de risco estão apresentando recuperação nesta manhã, com alguns sinais de retomada dos movimentos de “reflation”, mesmo que ainda bastante incipientes. Neste momento, observamos uma alta nas bolsas e nas commodities, uma abertura de taxas de juros nos países desenvolvidos e um dólar mais fraco no mundo. 

 

No Japão, os dados de importação e exportação de março apresentaram recuperação, mostrando uma economia global ainda saudável e robusto. Em especial, as exportações passaram de 11,3% YoY para 12% YoY em valor, mostrando uma atividade global robusta durante o mês. 

 

Na China, os outflows de recursos do país, em março, se mantiveram em níveis baixos, reflexo de um cenário de crescimento mais favorável e riscos em torno da estabilidade financeira do país mais controlados. 

 

No Brasil, após a “lambança” realizada pelo Presidente da Câmara dos Deputados na terça-feira, no tocante a votação do pedido de urgência para a Reforma Trabalhista, a casa aprovou com margem confortável, na quarta-feira a noite, a aceleração dos trabalhos. Não vou chamar o ocorrido na terça-feira como uma derrotada do Governo, pois acho que ocorreu um erro grave por parte do Presidente da Câmara. 

 

A Reforma da Previdência continua em debate, mas agora com um cronograma estabelecido. É bem verdade que ela sofreu uma grande desidratação. Acredito que a Reforma, como está, não será suficiente para resolver os problemas fiscais e da previdência do país a longo-prazo. Novas reformas e outras medidas serão necessárias em um futuro não muito distante. Contudo, mantido o cenário externo, na minha visão, favorável, acredito que a Reforma em pauta será suficiente para dar conforto aos investidores e manter o país na rota da recuperação.




Data: 19/04/2017

Fasten your seat belt, but the scenario is still the same.

 

Os ativos de risco tiveram uma quarta-feira de pressão, quase que generalizada, ao redor do mundo. Não houve um vetor específico que explique o movimento, mas a aproximação do primeiro turno das eleições na França pode ser uma boa desculpa para a tensão de curto-prazo, aliada a uma rodada de alta de juros nos EUA, que acabou colocando pressão mais no dólar ao redor do mundo e nos ativos emergentes em geral. A forte queda no preço do petróleo também não ajudou o humor do dia.

Fundamentalmente, a despeito da volatilidade de curto-prazo, ainda não vi mudanças substanciais de cenário.

A eleições na França é um evento, de certa forma, binário, de difícil mensuração, como ficou provado no Brexit e nas eleições norte americanas;

A alta nas taxas das Treasuries me pareceu um movimento normal, dentro de um pano de fundo de forte fechamento de taxas nos últimos dias. As taxas de 10 anos ainda estão em torno de 2,20%, ou seja, vejo amplo espaço para abertura de taxas sem que isso cause um aperto expressivo das condições financeiras e um problema maisor para os países emergentes;

A queda do petróleo me parece um movimento forte, porém natural, dentro deste novo “range” da commodity. Não sou especialista neste tema, apenas um espectador, mas me parece que o patamar em torno de US$50 ainda é um nível que pode ser considerado normal, sem impactos secundários para o mundo.

Como comentei recentemente, o primeiro turno das eleições na França irá ocorrer no próximo domingo. Nos últimos dias, ocorreu um movimento de “fechamento de gap” nas pesquisas eleitorais entre os 4 principais candidatos ao cargo. Por um lado, o avanço de Melenchon reduz o risco de vitória de Le Pen. Contudo, com as pesquisas mostrando os 4 candidatos com intensões de voto entre 18% e 22%, cresceu o risco de um segundo turno entre dois extremistas.

Com a memória do Brexit e das eleições dos EUA muito fresca no mercado, é natural esperar alguma volatilidade, e compra de hedges por parte do mercado ao longo desta semana. Acredito que há um prêmio de risco alto em algumas classes de ativos derivada do risco binário das eleições na França. Caso as eleições transcorram sem maiores problemas, acredito que poderemos ter uma rodada positiva para os ativos de risco.

O Brasil tem, em grande parte, seguido o humor global a risco, e ainda afetado pelo debate em torno das Reformas. O mercado local me parece bastante dividido entre aqueles que esperam a aprovação da Reforma da Previdência, e aqueles que não acreditam em sua aprovação, ou veem o texto atual como insuficiente para o bom andamento dos fundamentos do país.

Em termos de posição, vemos o mercado bastante aplicado na parte curta da curva de juros, um mercado totalmente dividido entre comprados e vendidos em dólar (BRL) e sem grandes posições direcionais no mercado de renda variável.

Minha visão é mais construtiva com o cenário local e o cenário externo. A volatilidade de curto-prazo é desconfortável mas compreensível. O primeiro obstáculo a ser superado será o primeiro turno das eleições na França e, ao longo dos próximos dias, o debate em torno da reforma da Previdência. Irei reavaliar minha visão com o decorrer do tempo. 




Data: 19/04/2017

Brasil: Erro causa derrota ao governo. Ativos de Risco mostram recuperação.

 

Os ativos de risco estão apresentando recuperação nesta manhã, com alguns sinais de retomada dos movimentos de “reflation”, mesmo que ainda bastante incipientes. As taxas de juros nos EUA apresentam abertura de taxas, o dólar está em alta e as bolsas apresentam queda. A agenda do dia será relativamente esvaziada no lado econômico, deixando o foco por conta dos resultados corporativos trimestrais. 

 

No Brasil, os jornais estão dando foco ao cenário político. Por um lado, a Câmara aprovou o texto base da Lei de Recuperação Fiscal dos Estados e o Governo atingiu avanços significativos nas negociações para a Reforma da Previdência. Por outro lado, contudo, o Governo sofreu uma derrota inesperada na votação da urgência para a Reforma Trabalhista.

 

Alguns jornais estão reportando a derrota do Governo neste quesito como problemática e preocupante, como deveria ser em uma situação normal. Todavia, ao que tudo indica, a derrota do Governo foi causada por um erro estratégico, ou um erro primário/amador, na forma como o Presidente da Câmara conduziu as votações.

 

Na noite de ontem, escrevi que:

 

A Câmara dos Deputados acabou de rejeitar o projeto de urgência para a Reforma Trabalhista. À primeira vista, a derrota do governo seria um sinal de alerta, especialmente para a Reforma da Previdência. Contudo, a maneira com que Rodrigo Maia conduziu a votação foi bastante estranha, mostrando um certo amadorismo ou, talvez, segundas intensões. Apenas o tempo dirá. Vejamos a cobertura do jornal O Globo sobre o tema:

 

Segundo uma primeira matéria postada no site do Globo.com:

 

"A votação do requerimento de urgência aconteceu em meio a protestos dos partidos de oposição, contrários a pontos da reforma trabalhista. Durante a sessão, Rodrigo Maia se levantou por alguns minutos da cadeira de presidente e a deputada Luiza Erundina (PSOL-SP) sentou-se no lugar dele e, conduzindo a sessão, disse: "Com a palavra, o deputado Rogério Marinho, relator dessa desgraça", o que gerou reações de diversos deputados. Ao retornar à mesa da presidência, Maia tentou convencer Erundina a deixar o lugar e encerrou a a votação. Deputados ouvidos pelo G1 avaliaram que Maia deveria ter dado mais tempo para que os demais deputados presentes à Câmara pudessem votar, garantindo, assim, os 257 votos necessários."

 

Já em uma atualização logo posterior do mesmo jornal, a parte final do texto acima foi suprimida e substituída pela seguinte explicação de Maia:

 

"Após o requerimento ser rejeitado, Rodrigo Maia disse que encerrou a votação em um momento equivocado e que poderia ter esperado outros cerca de 50 deputados que estavam na Câmara votarem. Ele acrescentou, no entanto, que, se um novo requerimento de urgência for apresentado, não haverá problema em submetê-lo ao plenário. "Ela [a votação] aconteceu com um quórum baixo e eu encerrei a votação num momento equivocado. Se a maioria dos líderes apresentar novo requerimento, é uma decisão que pode ser tomada, que pode ser pautada a qualquer momento, não há nenhuma prejudicialidade", afirmou." 




Data: 18/04/2017

Volatilidade maior (esperada) antes das eleições na França.

 

Eu tive um pequeno problema técnico pela manhã, o que impediu o envio deste relatório em seu horário usual. Devido a importância de alguns eventos desde então, acho válido um breve resumo e avaliação do cenário. 

 

- No Brasil, as Notas do Copom confirmaram uma postura dovish por parte do BCB. As Notas, na minha visão, trazem de volta à tona a possibilidade de uma queda superior a 100bps nas próximas reuniões do Copom, reduzindo o risco de uma queda de “apenas” 75bps. Riscos em torno deste cenário existem, mas a probabilidade de uma antecipação ainda maior do ciclo de queda de juros, após das Notas do Copom, se mostram maiores do que o imaginado anteriormente. 

 

Diante deste cenário, ainda parece haver amplo espaço para um fechamento da curva local de juros. No que tange a política monetária, a parte curta da curva parece mais defensiva do que o resto da curva. Contudo, acredito que passada a Reforma da Previdência e as eleições na França, há espaço para uma queda do prêmio de risco país, que favoreceria a parte mais longa da curva. 

 

Falando em Reforma da Previdência, o relator atrasou a leitura do texto na Comissão Especial da Câmara, aparentemente para efetuar os últimos ajustes no texto, desta vez para alterar a idade mínima de aposentadoria para as mulheres (ventila-se 62 anos). Esta alteração já era, em parte, esperada. 

 

O Governo parece estar adotando uma estratégia de deixar o texto da Reforma totalmente preparado para apresentação na Comissão Especial, no plenário da Câmara e no Senado. Me parece que a ideia é ter um texto consensual, para facilitar a aprovação e evitar alteração ao longo da tramitação do processo. Ainda é esperado a aprovação de uma Reforma em torno de 70% da proposta original, mas ainda me parece existir algum prêmio de risco nos ativos locais em torno deste tema. 

 

- Nos EUA, os dados econômicos voltaram a decepcionar, trazendo de volta o fantasma sazonal de um primeiro trimestre do ano bastante fraco. Ainda há a expectativa de uma aceleração do crescimento do país, sustentado por expectativas elevadas, condições financeiras frouxas e um mundo que cresce a taxas saudáveis. 

 

Os resultados corporativos, até o momento, estão, na média, superando as expectativas do mercado,  o que deveria ser um pilar de sustentação as bolsas do país. 

 

- Na França o primeiro turno das eleições está se aproximando. O primeiro turno das eleições na França irá ocorrer no próximo domingo. Nos últimos dias, ocorreu um movimento de “fechamento de gap” nas pesquisas eleitorais entre os 4 principais candidatos ao cargo. Por um lado, o avanço de Melenchon reduz o risco de vitória de Le Pen. Contudo, com as pesquisas mostrando os 4 com intensões de voto entre 18% e 22%, cresceu o risco de um segundo turno entre dois extremistas.

 

Assim, com a memória do Brexit e das eleições dos EUA muito fresca no mercado, é natural esperar alguma volatilidade, e compra de hedges, por parte do mercado ao longo desta semana. Acredito que há um prêmio de risco alto, especialmente na Treasury, em torno do cenário político/geopolítico global. Caso as eleições na França transcorram sem maiores problemas, acredito que poderemos ter uma rodada positiva para os ativos de risco. 




Data: 17/04/2017

Sinais alentadores da economia global. "Riscos de Cauda" reduzidos...

 

O começo da semana trouxe novas notícias alentadoras para o cenário econômico global, o que confirma minha tese de que, a despeito da volatilidade causada pelas incertezas políticas/geopolíticas, o cenário econômico global continua saudável.

Na China, os dados de atividade econômica de março e do 1Q mostraram uma economia crescendo a taxas saudáveis/robustas, além de acima das expectativas do mercado. Em especial, o PIB do 1Q apresentou alta de 6,9% YoY acima das expectativas de 6,85 YoY. O Retail Sales se manteve em 10,9% YoY, acima das expectativas de 9,7% YoY enquanto a Industrial Production subiu 7,6% YoY contra expectativas de 6,3% YoY e o FAI apresentou alta de 9,2% YoY YTD.

Os números de hoje são condizentes com uma economia global robusta. É razoável supor que alguma acomodação irá ocorrer nos próximos meses, após a implementação de medidas específicas para evitar “bolhas” em alguns setores da economia. Nesta linha, inclusive, já observamos uma desaceleração nos agregados monetários chineses. De qualquer maneira, o “risco de cauda” proveniente da China foi reduzido no curto-prazo, a despeito dos desafios de longo-prazo ainda existentes.

No Brasil, após as revisões das Vendas do Varejo promovidas pelo IBGE, o IBC-Br – uma espécie de PIB mensal coletado pelo BCB – apresentou alta de 1,3% MoM em fevereiro, após alta de 0,62% MoM em janeiro. O indicador, agora, apresenta queda de 0,73% YoY.

O número de hoje reforça o cenário de que a economia do país pode já ter passado pelo o seu pior momento e, de agora em diante, poderemos conviver com um cenário de recuperação gradual do crescimento. Não vejo os ativos locais precificando devidamente as chances de uma recuperação, mesmo que gradual, da economia.

A pesquisa Focus divulgada semanalmente pelo BCB mostrou mais um recuo das expectativas de inflação para 2017 e 2018. Este movimento ajuda a manter uma dinâmica favorável da curva de juros, pois dá tranquilidade ao BCB em seu processo de cortes da Taxa Selic.

Nos EUA, o Empire Manufacturing saiu de 16,4 para 5,2, abaixo das expectativas de 15,0 pontos. A abertura do indicador, contudo, apresentou um quadro mais otimista do que o “headline”. Além disso, este é um indicador bastante volátil, de difícil leitura mensal.

O NAHB Housing Market Index caiu de 70 para 68 pontos. O número continua em patamar historicamente elevado e próximo aos picos deste ciclo econômico.

O cenário geopolítico ainda é fonte de preocupação. EUA, China e Rússia estão tentando adotar um tom e uma postura mais conciliadora e diplomática, mas a Coreia do Norte, em especial, é um país de extremos e de difícil leitura. Tendo a acreditar que teremos que conviver com um cenário mais incerto nesta frente ao longo dos próximos anos. Períodos de maior volatilidade pontuais devem ocorrer, mas apenas uma “guerra declarada” deveria alterar “de fato” o cenário econômico.

Levando todos esses vetores em conta, ainda vejo um ambiente bastante construtivo para os ativos de risco, para os ativos EM e para o Brasil, em especial. Não é que não existam riscos. Eles existem, e aos montes (eleições na França, Coreia do Norte, aprovação das reformas econômicas no Brasil e etc), mas ainda vejo estes riscos com probabilidade baixa de concretização e, em algumas classes de ativos, prêmios de risco excessivamente elevados, como no caso das Treasuries nos EUA, por exemplo.

Voltando ao Brasil, vale a pena destacar que o BRL apresentou uma “under performance” bastante significativa nas janelas mais curtas (menos de 3 meses), muito em função da postura do BCB nas rolagens de swaps, como pela incerteza política. Caso esses dois vetores sejam superados, existe um espaço significativo para um bom desempenho da moeda no curto-prazo. Vejo um quadro técnico também positivo nesta classe de ativo, ao contrário do mercado de juros.

Ainda trabalho com um cenário de alta estrutural da bolsa do país. Vejo a correção recente como uma oportunidade de alocação nesta classe de ativo.

Mantido o cenário atual, tendo a acreditar em algum flattening da curva local de juros. Continuo favorecendo a parte intermediária das curvas nominais e reais.




Data: 17/04/2017

Brasil: Governo prioriza agenda de reformas para combater a "crise política".

 

Os ativos de risco estão iniciando a semana ainda em tom de cautela. Observamos um fechamento de taxa de juros no mundo desenvolvido, liderado pelos EUA e que está ajudando a colocar pressão baixista no dólar. Provavelmente, a queda do Core CPI de março, divulgado na sexta-feira, com os mercados financeiros globais fechados devido ao feriado, ainda estão reverberando na dinâmica de hoje. As bolsas dos países desenvolvidos operam com pequenas quedas. 

 

No Brasil, os jornais de hoje começam a tirar o foco das investigações da Operação Lava-Jato, após a divulgação dos vídeos das delações premiadas dos executivos da Odebrecht, e começam a dar atenção maior a agenda de Reforma.

 

A postura do governo, liderada por Michel Temer está sendo, novamente, essencial para superar mais uma “crise” política. Em reunião no Palácio da Alvorada na noite de ontem, Temer se reuniu com Henrique Meirelles e os principais personagens para a Reforma da Previdência, para fechar o texto final da relatoria. Segundo o jornal O Globo:

 

"Às vésperas da apresentação do relatório da reforma da Previdência às bancadas da Câmara — o que ocorrerá em um café da manhã na terça-feira, no Palácio da Alvorada —, o presidente Michel Temer se reuniu ontem com ministros e parlamentares envolvidos na elaboração do texto para dar os retoques finais ao projeto. Ainda há pontos a acertar, mas a equipe econômica venceu a disputa pelo período de transição: em 20 anos, todos terão de se aposentar aos 65 anos. Apesar do desgaste causado pelas delações da Odebrecht, que culminaram em diversos pedidos de inquérito contra integrantes do governo, Temer e os deputados fizeram questão de afirmar que isso não deve atrapalhar o calendário da Previdência.

 

Presidente da comissão especial que trata do assunto na Câmara, o deputado Carlos Marun (PMDB-MS) afirmou que o plenário da Câmara votará o texto na primeira ou segunda semana de maio e que, em seguida, há disposição do Senado em dar celeridade à votação do projeto. Ele disse ainda que a comissão deve votar o relatório no próximo dia 28, após pedido de vista já esperado para a sessão amanhã." 




Data: 17/04/2017

Governo reage a "crise" no Brasil. Ameaça militar da Coréia do Norte acaba frustrada.

 

No Brasil, na quinta-feira a noite, o BCB anunciou a rolagem dos swaps cambiais deste mês. Mantido o ritmo da rolagem anunciada, ela será integral. Nos últimos meses o BCB vinha fazendo rolagem apenas parcial dos swaps. 

 

Os jornais de hoje apontam que o governo está reagindo a "crise" política da mesma forma que lidou com este tipo de problemas desde a posse de Temer, ou seja, tentando avançar e acelerar as reformas. 

 

Já há articulações para cancelar o recesso parlamentar, para dar tempo hábil de tramitação da Reforma da Previdência. Além disso, o governo está acelerando a Reforma Trabalhista. 

 

A mídia passou o final de semana repercutindo as delações dos executivos da Odebrecht. Os vídeos trazem nomes de políticos e empresários possivelmente envolvidos no escândalo, mas, em grande parte, personagens que já eram suspeitos anteriormente, dado que grande parte das delações havia vazado à imprensa ao longo dos últimos meses. Reforço que, até o momento, o Governo reage da melhor maneira possível, dentro deste pano de fundo.

 

Temer convocou sua base para acelerar as reformas. Em especial, vão acelerar a Reforma Trabalhista e usá-la como vitrine/teste para a Reforma da Previdência. Por ora, o cronograma da Previdência está mantido. Os jornais já falam em pedido de urgência da Reforma Trabalhista, que poderia ir a plenário em menos de 2 semanas. 

 

No cenário externo, a Coreia do Norte promoveu uma grande parada militar para celebrar o primeiro "ditador" do clã atualmente no poder. A parada, realizada no sábado, apresentou um arsenal novo e potente, nunca antes visto no país. Ainda no final de semana, após a parada militar, o país fez uma tentativa frustrada de teste balístico. Segundo a mídia internacional, o foguete explodiu logo após o lançamento. 

 

A situação geopolítica global continua tensa. Contudo, EUA, China e Rússia parecem adotar um tom mais diplomático entre eles, o que deve ser visto como positivo, reduzindo o risco de uma escala militar entre as 3 potências. A falha do teste na Coreia do Norte também deveria dirimir o risco em torno do poderio militar do país. Contudo, ainda há riscos que precisam ser monitorados. Tendo a acreditar que teremos que conviver com um mundo mais incerto nesta frente, dado o novo perfil do governo dos EUA. 

 

Nos EUA, em um divulgação totalmente inesperada, o Core CPI caiu 0.1%, muito abaixo das expectativas de alta de 0.2%. O número foi divulgado na sexta-feira, dia de feriado na maior parte do mundo. Os ativos de risco não tiveram oportunidade de reagir a divulgação.  Alguns vetores pontuais influenciaram o indicador (como uma questão referente a telecomunicações), mas fica claro que a inflação ainda não é um problema para o Fed. 

 

As vendas no varejo do país ficaram dentro das expectativas. A despeito da queda do headline, o Core Control Group, que é input para o PIB, apresentou sólida alta de 0.5% MoM. 

 

Os números recentes reforçam um cenário extremamente construtivo para ativos de risco e os mercados emergentes (EM) em geral. A economia global cresce a taxas saudáveis, a inflação continua contida, às condições financeiras estão frouxas e não há motivos para uma retirada mais acelerada de liquidez por parte dos bancos centrais. 




Data: 17/04/2017

Brasil: Governo reage a "crise"/EUA: Core CPI apresenta queda em março.

 

No Brasil, o BCB anunciou a rolagem dos swaps cambiais deste mês. Mantido o ritmo da rolagem, ela será integral. Nos últimos meses o BCB vinha fazendo rolagem apenas parcial dos swaps. 

 

Os jornais de hoje apontam que o governo está reagindo a "crise" política da mesma forma que lidou com este tipo de problemas desde a posse de Temer, ou seja, tentando avançar e acelerar as reformas. 

 

Já há articulações para cancelar o recesso parlamentar, para dar tempo hábil de tramitação da Reforma da Previdência. Além disso, o governo está acelerando a Reforma Trabalhista. 

 

Nos EUA, em um divulgação totalmente inesperada, o Core CPI caiu 0.1%, muito abaixo das expectativas de alta de 0.2%. Alguns vetores pontuais podem ter influenciado o indicador, mas fica claro que a inflação ainda não é um problema para o Fed. 

 

As vendas no varejo do país ficaram dentro das expectativas. A despeito da queda do headline, o Core Control Group, que é input para o PIB, apresentou sólida alta de 0.5% MoM. 

 

Osnúmeros recentes reforçam um cenário extremamente construtivo para ativos de risco e os mercados emergentes (EM) em geral. A economia global cresce a taxas saudáveis, a inflação continua contida, às condições financeiras estão frouxas e não há motivos para uma retirada mais acelerada de liquidez por parte dos bancos centrais.




Data: 13/04/2017

Fasten your seat belt, but the scenario is still the same.

 

A despeito da volatilidade dos ativos de risco durante a semana, alguns indicadores nas últimas horas me deram um alento para manter o pano de fundo que venho trabalhando inalterado. 

 

- Trump está adotando uma postura muito mais conciliadora do que aquela qpresentada na campanha eleitoral, especialmente frente a desafios polêmicos, como as negociações comerciais e os riscos geopolíticos. A migração para um perfil mais político deve ser visto com bons olhos neste momento, pois reduz os riscos de cauda de eventos inesperados. 

 

- A despeito da derrota do Governo dos EUA, no “Health Care Bill” e do pouco avanço da agenda econômica, os dados continuam mostrando um cenário de economia saudável. Em especial, o Bloomberg Confort Index saiu de 50,2 para51,0 pontos. Este é um índice semanal. A alta e a manutenção dos picos históricos é um sinal positivo para o crescimento prospectivo, mesmo diante das incertezas do cenário. Nesta mesma linha, o Michigan Confidence subiu de 96,9 para 98,0 pontos em abril, se mantendo próximos aos picos deste ciclo econômico. 

 

- Os sinais saudáveis de crescimento não se restringem aos EUA. Os fortes números de exportações e importações da China divulgados esta noite apontam na mesma direção. 

 

- Dito isso, acho razoável supor que flutuações em torno da tendência serão normais de agora em diante, dado o nível que muitos desses indicadores atingiram nos últimos meses. De qualquer maneira, ainda há amplo espaço para o “hard data” mostrar recuperação após um primeiro trimestre relativamente morno se comparado ao “soft data”.

 

- A temporada de resultados corporativos dos EUA começou e, até o momento, os bancos, na média, apresentaram resultados satisfatórios/positivos.

 

- No Brasil, a incerteza política está causando uma clara e justificável “under performance” dos ativos locais se comparado a seus pares. A Reforma da Previdência precisa avançar para a próxima rodada de apreciação dos ativos do Brasil. Ainda vejo este como o cenário base.

 

- O pano de fundo continua positivo para os ativos emergentes em geral. O mundo está crescendo a taxas saudáveis, a inflação sobe apenas gradualmente, as condições financeiras estão frouxas e muitos países EM apresentaram melhoras substanciais de fundamentos. 




Data: 13/04/2017

Trump, Treasury, USD, China e Delações.

 

Os ativos de risco estão estendendo os movimentos verificados no final da tarde de ontem, após as declarações de Trump (que afirmou que o dólar está muito forte, além de sinalizar que gosta da política de juros baixos e pode manter Yellen no cargo de Presidente do Fed). O destaque desta manhã fica por conta de um forte fechamento das taxas de juros nos EUA, e para a continuidade do enfraquecimento do dólar no mundo. Em relação às taxas de juros, o rompimento do patamar de 2,25% da Treasury de 10 anos, em especial, parece estar ajudando na parte técnica na aceleração do movimento de fechamento de taxas.

A agenda do dia nos reservas o PPI e Jobless Claims nos EUA. Ainda vejo a economia do país relativamente saudável. Acredito que existem vetores técnicos e ruídos pontuais que estejam afetando a dinâmica do mercado de juros no país, mas ainda vejo um cenário de taxas mais elevadas no futuro não muito distante.

Na China, as exportações e as importações surpreenderam positivamente o mercado, confirmando o bom momento da economia do país e um cenário positivo para o crescimento global. As exportações passaram de -1,3% YoY para 16,4% YoY e as importações saíram de 38,1% YoY para 20,3% YoY. É provável que os efeitos calendário do Ano Novo Lunar ainda estejam afetando o indicador em março mas, e qualquer maneira, são números bastante positivos, que corroboram a tese de um crescimento global mais sólido e bem suportado no curto-prazo.

Ainda vejo a economia da China em uma situação confortável no curto-prazo. Espero alguma desaceleração nos próximos meses, induzida pelas medidas de ajuste monetário (aperto) anunciadas nos últimos meses, mas ainda é provável que o crescimento se mantenha saudável, sem riscos iminentes de uma crise mais aguda nos próximos meses, como muitos temiam até pouco tempo atrás. Os desafios de longo-prazo, contudo, ainda continuam.

No Brasil, o Copom anunciou uma queda de 100bps na Taxa Selic, para 11,25%, como era amplamente esperado. O comunicado, na minha visão, foi bastante neutro, mostrando que o Comitê continuará bastante dependente dos dados em suas próximas decisões.

Frente ao cenário que nossa área econômica trabalha, de inflação contida nos próximos meses, recuperação gradual do crescimento e aprovação de uma reforma da previdência que seja em torno de 70% do texto original, acredito que o cenário base seja de pelo menos mais uma queda de 100bps, e uma taxa de juros terminal entre 8% e 9%. Alguns players esperavam uma queda mais agressiva já nesta reunião, ou uma indicação mais dovish por parte do BCB. Isso pode ter algum efeito de curto-prazo na dinâmica do mercado de juros. Contudo, dado o cenário que se apresenta, ainda há espaço para fechamento de taxas de juros no Brasil. 

Os jornais de hoje estão repercutindo as delações da Odebrecht. Praticamente tudo que foi divulgado já havia sido, de uma forma ou de outra, vazado na mídia nos últimos meses.

De mais importante, o Presidente Michel Temer é citado 2 vezes. Primeiro por Marcelo Odebrecht, em uma suposta reunião do Palácio do Jaburu, para o pedido de apoio ao PMDB. Marcelo afirma, contudo, que não tratou de valores ou de apoio financeiro diretamente com o atual Presidente, e que isso teria sido acertado com seus assessores. Do lado do Presidente, existe a defesa de que como vice-presidente, na época, é natural e republicano pedir apoio financeiro para a campanha, mas isso não se trata de nenhuma ilegalidade.

Em outro episódio, narrado por um dos executivos do grupo, e negado veementemente pelo atual Presidente, o executivo afirma que esteve no escritório de Michel Temer em SP em reunião para combinar o apoio de US$40mm para o grupo do PMDB. Neste momento, será a palavra de um, contra a palavra do outro. Michel Temer tem imunidade pelo cargo e não houve pedido de abertura de inquérito contra ele. 

As delações devem causar constrangimento político mas, por hora, parecem ter pouco impacto imediato sobre o andar das reformas.   




Data: 12/04/2017

The Market is losing faith...

 

Os mercados financeiros globais entraram em modo de realização de lucros. Os últimos dias foram marcados por pressão nas bolsas e nas commodities, fechamento de taxa de juros e alguma pressão sobre os ativos emergentes.

Até o momento, contudo, não vi novidades relevantes que justifiquem uma mudança de tendência ou do cenário de crescimento global, que ainda me parece saudável. Flutuações da economia em torno da tendência, especialmente nesta fase do ciclo econômico, e após alguns meses de recuperação, me parecem naturais, e até mesmo esperadas.

Alguns vetores, justificáveis, ajudaram a mudar a dinâmica dos ativos de risco. De mais relevante, a agenda do Congresso dos EUA parece paralisada, o que acabou afetando as expectativas de uma agenda econômica de incentivos fiscais, e o anuncio de um pacote de estímulo a infraestrutura. Ainda parece cedo para julgar em definitivo a direção da agenda econômica do governo, mas a falta de coordenação política surge como uma restrição que precisa ser monitorada.

Alguns riscos geopolíticos ascenderam no cenário, com os eventos na Síria e na Coreia do Norte. Nas últimas horas, contudo, aliados e até desafetos (China vs EUA, Rússia vs EUA) apresentaram um discurso muito mais ameno, e alinhado, em relação a estes dois países.

O Brasil, por sua vez, sofre os efeitos deste pano de fundo global e o aumento da incerteza política. Reforço aqui a minha visão para o país. Acredito que o Brasil esteja no meio de um processo estrutural, longo e não linear de recuperação, em meio a um pano de fundo global ainda bastante favorável para os países emergentes com fundamentos em vias de recuperação e em processo de reformas. Os riscos políticos existem e teremos que conviver com eles ao longo dos próximos meses.

Acredito que a Reforma da Previdência tenha avançado de forma positiva nos últimos dias. Vejo a “Lista de Fachin”, e a publicação das delações premiadas dos executivos da Odebrecht, como ruídos de curto-prazo. É inegável que a Operação Lava-jato esteja mudando drasticamente o cenário político local, com reverberações ainda incertas para as eleições de 2018. Assim, o foco deverá permanecer nas reformas de curto-prazo, com o objetivo de desviar o foco da mídia.

As vendas no varejo, divulgadas na manhã de hoje, mostram um quadro de crescimento totalmente diferente daquele apresentado nos últimos meses. O IBGE revisou drasticamente para cima os números de janeiro. Se, antes, o cenário era de patamar baixo, nos lows históricos, sem sinais de recuperação, agora, o cenário parece ser de recuperação, com um claro ponto de inflexão já tendo ocorrido.




Data: 12/04/2017

"A Lista de Fachin": Noise, but not a game changer!"

 

Após a elevada volatilidade verificada ao longo da terça-feira, os ativos de risco apresentaram uma maior estabilidade durante a noite e, neste momento, operam próximos a estabilidade. O destaque fica por conta de mais uma rodada de alta no preço do Petróleo, que reage a rumores de uma extensão no corte de produção por parte da OPEP, e pela divulgação na queda dos estoques nos EUA. 

 

Na agenda do dia, o destaque ficará por conta das vendas no varejo no Brasil e para a decisão do Copom. Espero que o Copom caia a Taxa Selic em 100bps e sinalize que ainda existe espaço para um ciclo de queda de juros razoável, provavelmente levando a taxa de juros para próximo de 8%, quiçá abaixo deste patamar. 

 

No Brasil, os jornais de hoje estão repercutindo o vazamento do que ficou conhecido como “A Lista de Fachin”, ou seja, o pedido de abertura de inquérito para investigar quase 100 políticos, com ou sem cargos neste momento. Reforço que os nomes dos possíveis investigados são os mesmos que já vinham sendo ventilados há meses na mídia. As investigações devem durar bastante tempo devido às limitações do sistema jurídico brasileiro e aos processos legais cabíveis, o que dá tempo ao governo para colocar sua agenda de reformas adiante. Não vejo os vazamentos de ontem como uma novidade ao cenário local, apenas como mais um ruído de curto-prazo.




Data: 11/04/2017

Volatilidade elevada mas poucas mudanças de cenário.

 

A terça-feira foi novamente marcada por uma elevada volatilidade dos ativos de risco, fruto de ruídos com potencial de impacto relevante no cenário econômico global (classificaria os eventos até mesmo como binários), mas com probabilidades de ocorrência ainda baixas.

No cenário externo, a Coréia do Norte ameaçou retaliar qualquer atuação militar dos EUA ou da sua vizinha Coréia do Sul. As ameaças, vindas de um país com poderia bélico relevante e liderada por um presidente pouco convencional acabaram dando um tom mais negativo. A possibilidade de um confronto militar na região é crescente, dado a postura da Coréia do Norte em manter testes balísticos e frente a um novo presidente dos EUA menos propenso a aturar desaforos de países considerados inimigos. Por ora, o confronto não passou das ameaças, mas é um problema que deve ser monitorado nos próximos dias. Não sou especialista no tema, mas acredito que teremos que conviver com um mundo mais instável, com ameaças constantes e atuações mais agressivas da parte dos EUA.

A explosão de algumas bombas próxima ao ônibus de uma equipe alemã de futebol, no caminho para um jogo decisivo também acabou ajudando a dar um tom mais negativo nos mercados. A atuação de “lobos solitários” ao redor do mundo, na execução de atentados terroristas, pontuais e localizados, infelizmente, virou uma rotina no mundo em que vivemos. A despeito de ser uma tragédia humanitária, a um grande risco para a população civil, estes atentados tendem a ter efeitos apenas pontuais nos ativos de risco.

Os dados econômicos dos EUA continuam mostrando um mercado de trabalho robusto. O JOLTs Job Opening saiu de 5625 para 5743 em fevereiro, acima das expectativas de 5650.

No Brasil, o esforço do governo na Reforma da Previdência parece surtir efeito e a Reforma parece caminhar para um desfecho de apoio da maior parte da base aliada na Câmara. É verdade que algumas concessões tenham sido feitas e medidas adicionais no futuro terão que ser implementadas, mas eu vejo o avanço da Reforma como um passo positivo e importante no processo de reconstrução do Brasil.

No final da tarde, o Estadão vazou alguns inquéritos de investigação (contra Parlamentares, Ministros, Governadores, entre outro), que teriam sido pedidos pelo Ministro do STF Edson Fachin. Os nomes dos possíveis investigados são os mesmos que já vinham sendo ventilados há meses na mídia. As investigações devem durar bastante tempo devido as limitações do sistema jurídico brasileiro, o que dá tempo ao governo para colocar sua agenda de reformas adiante. Não vejo os vazamentos de hoje como novidades ao cenário local, apenas como mais um ruído de curto-prazo.    




Data: 11/04/2017

Brasil: Inflação baixa e avanço da Reforma da Previdência.

 

Os ativos de risco estão operando próximos a estabilidade neste momento. A agenda do dia será relativamente esvaziada. 

 

No final da tarde de ontem, nos EUA, Yellen – presidente do Fed – participou de um evento onde trouxe poucas novidades ao cenário. Ela apenas reforço que o Fed está muito próximo de atingir os seus objetivos e isso enseja uma retirada gradual de estímulos da economia. 

 

No Brasil, as coletas de inflação continuam baixas, assim como os últimos dados dos IGPs, o que corrobora um cenário de inflação extremamente baixa no curto-prazo. As expectativas de inflação, neste pano de fundo, também se encontram ancoradas, como mostrou a pesquisa semanal Focus divulgada pelo BCB na manhã de ontem. Este cenário dá tranquilidade para o BCB dar continuidade ao ciclo de queda da Taxa Selic, provavelmente com uma queda de 100bps na reunião desta semana seguida de, pelo menos, mais uma queda de 100bps na reunião seguinte do Copom. 

 

Os jornais de hoje afirmam que o Governo chegou a um acordo com o Relator sobre a regra de transição para a Previdência. Além disso, as últimas alterações do texto teriam reduzido a resistência ao texto da Reforma. Na minha visão, estamos na fase mais delicada e aguda das negociações. Alterações no texto são naturais e fasem parte do processo democrático. É notório que a Reforma ideal não será aprovada, porém a Reforma possível. Ainda vejo a Reforma como suficiente para manter o país na rota da recuperação, mas insuficiente para resolver todos os problemas estruturais nas contas públicas. Novas reformas e novas medidas serão necessárias no futuro não muito distante. 

 

Ao mesmo tempo em que a Reforma da Previdência avança, a Reforma Trabalhista também ganha corpo na comissão especial. O Relator já fala abertamente em alterar mais de 100 pontos das leis trabalhistas. Vejo a Reforma Trabalhista como extremamente importante para facilitar o crescimento do país.




Data: 10/04/2017

Previdência avança. Riscos geopolíticos contidos. Postura mais conciliadora de Trump.

 

Os ativos de risco estão operando próximos a estabilidade neste momento. Não observamos uma escalada de ataques dos EUA na Síria durante o final de semana, como alguns poderiam estar temendo. O governo americano sinalizou que sua postura em relação ao país permanecerá a mesma. Os ataques da semana passada, assim, foram sinais de alerta ao Governo de Assad de que a utilização de armas químicas não serão toleradas e, caso utilizadas, serão fortemente combatidas. 

 

No tocante a Coréia do Norte, uma fragata de navios foi enviada à região, em um claro sinal de alerta ao governo norte coreano de que os EUA estão dispostos a atuar isoladamente na região caso o país continue desrespeitado os acordos prévios, ou seja, se voltarem a promover testes balísticos e/ou seu programa de armamentos nucleares os EUA poderão promover ataques ao país, assim como ocorreu na Síria. 

 

Vejo os dois eventos acima como riscos a estabilidade geopolítica global, mas de certa forma pontuais, localizados e de baixa probabilidade de escalada. A despeito de serem problemas humanitários gigantescos, deveriam ter pouco impacto estrutural nos mercados financeiros globais. 

 

A reunião entre Trump (EUA) e Xi (China) acabou sendo muito mais suave do que o imaginado nas vésperas do evento. Trump finalizou o summit dando declarações muito mais políticas do que aqueles que vinham sendo proferidas antes da reunião. Além disso, a China sinalizou que está disposta a abrir seu país a setores específicos da industria dos EUA, em um sinal de avanço na relações entre ambos os países. Trump parece adotar um tom mais suave, percebendo que a realidade da vida pública enseja relações mais diplomáticas do que o dia-a-dia de um empresário privado. Os sinais recentes reduzem os riscos de uma onda protecionista mais aguda nos EUA. 

 

No Brasil, os jornais continuam repercutindo a reforma da Previdência (detalhes abaixo). De maneira geral, o tom da mídia é menos negativo. O Governo parece mais confiante na reversão dos votos contrários a Reforma após os ajustes apresentados na semana passada. Além disso, foi dado início a uma clara campanha em favor da Reforma da Previdência, o que deveria ajudar a comunicação junto à população e junto aos parlamentares. 

 

O fluxo de notícias do final de semana foi relativamente esvaziado, à medida que não trouxe informações adicionais ao cenário econômico, político ou geopolítico, local e/ou externo. 

 

O destaque ficou por conta das entrevistas de Michel Temer e Henrique Meirelles ao jornal Folha de São Paulo de sábado. Ambos aproveitaram a oportunidade para defender as reformas em curso, em especial, a Reforma da Previdência. As entrevistas são um claro esforço do governo de melhorar a comunicação junto à população. 

 

Inclusive, Meirelles afirmou que o governo irá dar inicio a uma campanha de marketing na grande mídia, nesta segunda-feira, dia 10 de abril, com o intuito de explicar a população os meandros da Reforma da Previdência. Segundo ele, a propaganda estava suspensa devido a decisão de um juiz, mas, agora, já foi autorizada. 

 

As declarações e a postura do governo estão em linha com a minha visão de que, só agora, nos últimos dias, teve início uma campanha mais incisiva e agressiva para convencer os parlamentares e a população da importância da Reforma da Previdência. A campanha de marketing, aliada as negociação do governo junto, ao Congresso deve, aos poucos, angariar apoio à Reforma. 

 

O processo será longo, tortuoso e não linear, mas ainda é esperado que uma Reforma decente seja aprovada. É natural que o texto original sofra alterações (além dos 5 pontos já explicitados pelo Relator, a idade mínima para mulheres, e a aposentadoria de algumas classes específicas devem sofrer alterações), o que faz parte do processo democrático e do jogo político. A Reforma deverá manter o Brasil nos trilhos da recuperação, mas demandará reformas adicionais ao longo do tempo, ou seja, não será a “salvadora” da pátria, mas não deverá prejudicar cenário relativamente construtivo para o país, na minha visão.




Data: 10/04/2017

Reforma da Previdência: Governo começa campanha de apoio.

 

O fluxo de notícias do final de semana foi relativamente esvaziado, à medida que não trouxe informações adicionais ao cenário econômico, político ou geopolítico, local e/ou externo. 

 

O destaque ficou por conta das entrevistas de Michel Temer e Henrique Meirelles ao jornal Folha de São Paulo de sábado. Ambos aproveitaram a oportunidade para defender as reformas em curso, em especial, a Reforma da Previdência. As entrevistas são um claro esforço do governo de melhorar a comunicação junto à população. 

 

Inclusive, Meirelles afirmou que o governo irá dar inicio a uma campanha de marketing na grande mídia, nesta segunda-feira, dia 10 de abril, com o intuito de explicar a população os meandros da Reforma da Previdência. Segundo ele, a propaganda estava suspensa devido a decisão de um juiz, mas, agora, já foi autorizada.

 

As declarações e a postura do governo estão em linha com a minha visão de que, só agora, nos últimos dias, teve início uma campanha mais incisiva e agressiva para convencer os parlamentares e a população da importância da Reforma da Previdência. A campanha de marketing, aliada as negociação do governo junto, ao Congresso deve, aos poucos, angariar apoio à Reforma. 

 

O processo será longo, tortuoso e não linear, mas ainda é esperado que uma Reforma decente seja aprovada. É natural que o texto original sofra alterações (além dos 5 pontos já explicitados pelo Relator, a idade mínima para mulheres, e a aposentadoria de algumas classes específicas devem sofrer alterações), o que faz parte do processo democrático e do jogo político. A Reforma deverá manter o Brasil nos trilhos da recuperação, mas demandará reformas adicionais ao longo do tempo, ou seja, não será a “salvadora” da pátria, mas não deverá prejudicar cenário relativamente construtivo para o país, na minha visão.




Data: 07/04/2017

US Strikes Backs...

 

Os ativos de risco tiveram uma noite movimentada. Os EUA realizaram ataques militares estratégicos, pontuais e localizados, em alvos militares na Síria. O anuncio dos ataques afetou o humor global a risco, com um rápido e acentuado movimento de “risk-off” no meio da madrugada. Desde então, contudo, os mercados financeiros globais apresentaram recuperação importante. Os ativos de risco ainda apresentam movimentos negativos, mas muito menos intensos do que aqueles verificados na madrugada. 

 

A Síria é um país economicamente irrelevante, que convive com uma guerra civil há vários anos. Os ataques norte americanos foram uma resposta às evidências que o governo de Assad teria utilizado armas químicas contra civis. A guerra no país é um desastre humanitário, mas de pouco impacto para os ativos de risco. Contudo, EUA e Rússia adotam postura estratégica antagônica neste embate, com os EUA apoiando os dissidentes, e a Rússia apoiando o governo de Assad, ainda no poder. É apenas por isso que os ataques de hoje ganham relevância, pela incerteza de como ficará a relação entre EUA e Rússia, em uma fase preliminar de um Governo Trump ainda permeado por incertezas. 

 

Em uma nota positiva, por outro lado, o primeiro encontro entre Trump (EUA) e Xi (China) foi marcado por trocas de palavras amistosas. 

 

No Brasil, os jornais continuam repercutindo os avanços (ou a falta deles) no tocante a Reforma da Previdência. Não existem novidades muito relevantes. O Governo parece ter iniciado, apenas nos últimos 2 a 3 dias, uma campanha mais agressiva de comunicação junto à base aliada e a população, o que tem causado ruídos maiores. Vejo estes ruídos como naturais, parte do processo democrático. É verdade que algumas concessões estão sendo feitas, e a Reforma não será da maneira transformacional como a proposta inicial (será a melhor possível), mas as concessões serão importantes para que a essência do texto original seja mantida, e uma Reforma satisfatória acabe aprovada.




Data: 06/04/2017

Brasil: Reforma da Previdência - Updated.

A despeito da estabilização dos mercados externos, os ativos locais mantiveram o humor negativo.

O relator da Reforma da Previdência anunciou alterações ao texto original, com intuito de tornar a aprovação da proposta mais fácil. Em artigo do O Globo, Eliseu Padilha afirmou que as alterações podem custar R$68 bi aos cofres públicos em 10 anos.  A Reforma ainda está sendo o principal driver dos ativos locais no curto-prazo, e assim deve permanecer por algum tempo.

Acredito que seja cedo para medir os efeitos das alterações propostas pelo relator. Vejo as mudanças como um caminho natural para a aprovação da Reforma. O processo de negociação em curso faz parte do ambiente democrático, e assim deve ser visto pelo mercado. É evidente, contudo, que os atrasos da Comissão da Reforma, e os ruídos em torno do texto original, causam ansiedade. Contudo, alterações no texto já eram esperadas. O foco deverá permanecer na essência do que será aprovado. Ainda acredito na aprovação de uma Reforma suficiente para manter o país na rota da recuperação (e suficiente para acalmar os ânimos dos investidores), mas insuficiente para o longo-prazo. Novas reformas precisarão ser feitas no futuro.

Vejo os ativos locais mais voláteis no curto-prazo, mas ainda mantenho viés construtivo para as 3 classes de ativos locais (juros, câmbio e bolsa).

No cenário externo, crescem os ruídos geopolíticos, com a Síria e a Coréia do Norte desafiando a nova administração dos EUA. Ambos parecem ser problemas políticos graves, porém localizados e, por ora, sem risco de contágio.

O cenário econômico continua inalterado. O Jobless Claims caiu de 259 mil para 234 mil na última semana, se mantendo em níveis historicamente baixos, ou seja, em linha com um mercado próximo ao pleno emprego.




Data: 06/04/2017

Brasil: Reforma da Previdência em Foco.

 

Após o rápido e acentuado sell-off dos ativos de risco na tarde de ontem, os mercados financeiros globais apresentaram estabilização durante a noite e operam próximos a estabilidade neste momento. Na agenda do dia, destaque apenas para o Jobless Claims nos EUA. 

 

No Brasil, os jornais de hoje estão repercutindo as negociações em torno da Reforma da Previdência. É natural, nesta fase do ciclo de negociações da Reforma, que aumentem os ruídos, a pressão e os rumores em torno de mudanças no texto original. Apenas a pouco tempo, diria questões de dias, o Governo começou a se empenhar de forma mais incisiva junto a sua base para que o texto seja adequado para angariar votos favoráveis, mas não perder a sua essência. Assim, ainda trabalho com um cenário de que uma Reforma da Previdência suficiente será aprovada. Não acredito que a Reforma resolverá todos os problemas fiscais do país. Provavelmente novas reformas serão necessárias no futuro. Mas o que será aprovado será suficiente para manter o país em um trilho mais construtivo no curto-prazo. 

 

Segundo o Valor, o governo estudo alterar a meta fiscal para 2018.

 

Segundo O Globo:

 

"O governo desistiu da regra de transição prevista na proposta de emenda constitucional (PEC) 287, que adota a idade como linha de corte para enquadrar os trabalhadores na reforma da Previdência. Pelo texto original, ficariam na fase de transição homens acima de 50 anos e mulheres com mais de 45 anos. Agora, todos serão afetados pelas mudanças, e será considerado na transição o tempo de contribuição dos segurados para o regime de aposentadoria. Uma das hipóteses em discussão com o relator, deputado Arthur Maia (PPS-BA), é fixar idades mínimas progressivas, começando com 57 anos (homens) e 55 anos (mulheres), até chegar aos 65 anos, o patamar previsto na reforma. Ou seja, a partir da promulgação da PEC, ninguém poderá se aposentar antes dessas idades. Arthur Maia vai incluir no relatório uma tabela com o escalonamento das idades, de acordo com a data de nascimento. Os detalhes ainda dependem de simulações, mas, para evitar prejuízo à economia almejada pelo governo com a reforma, provavelmente, quem nasceu perto de 1973 (no caso das mulheres) e 1968 (no dos homens) já teria de cumprir a idade mínima de 65 anos para se aposentar. O cálculo vai considerar também o tempo de contribuição, de 35 anos para os homens e de 30 para as mulheres, seguindo a lógica do fator previdenciário. Com isso, o pedágio que a PEC propunha para a transição — adicional de 50% sobre o tempo de contribuição que falta para que os trabalhadores com mais de 50 anos (homens) ou 45 anos (mulheres) possam se aposentar pelas regras atuais — também acaba. O mecanismo seria uma forma de compensar a não exigência de idade mínima para esses segurados. Segundo interlocutores, a decisão do governo facilita a votação da PEC, pois a regra de transição é um dos principais alvos da resistência dos parlamentares e despertava críticas desde que o texto chegou ao Congresso, em dezembro. Os deputados alegaram que a medida seria injusta com quem está logo abaixo da linha de corte por idade."

 

Para a Folha:

 

"O relator da reforma da Previdência, deputado Arthur Oliveira Maia (PPS-BA), pretende alterar a proposta do governo para o cálculo de pensões por morte e garantir o piso de um salário mínimo. A decisão já foi repassada a deputados da base e confirmada pela Folha com parlamentares envolvidos nas negociações para aprovação da reforma, prioridade de Michel Temer no Congresso. O texto original prevê que a pensão por morte será de 50% do valor da aposentadoria que o segurado recebia, acrescida de 10% para cada dependente. Isso significa que o benefício poderia ser de apenas 60% do salário mínimo no caso de uma pessoa viúva sem dependentes. A decisão do relator é manter a fórmula de cálculo proposta por Temer para quem tem benefícios maiores, mas garantir o salário mínimo."  




Data: 05/04/2017

Wild Ride!

O dia começou com um cenário de tranquilidade e com uma agenda econômica favorável nos EUA, o que transpareceu em um movimento de “risk-on” para os ativos de risco e, em especial, para os ativos no Brasil. No meio da tarde, após as Minutas do FOMC, mas não necessariamente devido as Minutas, os ativos de risco sofreram uma forte invertida de direção, e passaram a operar com movimentos de clássico “risk-off”.

Os dados econômicos divulgados no EUA reforçaram o cenário de uma economia saudável com o mercado de trabalho robusto, provavelmente muito próximo do pleno emprego. O ADP Employment apresentou a criação de 263 mil postos de trabalho em março, acima das expectativas de 185 mil. O ISM Non-Manufacturing recuou de 57,6 para 55,2 pontos, abaixo das expectativas do mercado. A despeito da queda, o número permanece em um patamar condizente com um crescimento saudável da economia. É natural esperar alguma acomodação dos PMIs/ISMs devido aos níveis historicamente elevados. O importante, contudo, é a manutenção de patamares que ainda mostrem expansão da atividade econômica, o que foi o caso do ISM Non-Manufacturing.

As Minutas do FOMC reafirmaram o que já vinha sendo amplamente ventilado por membros da instituição, ou seja, a economia encontra-se muito próxima dos objetivos do Fed, o que demandará a continuidade de um processo de normalização monetária. A instituição deixou claro o que tem em mente para o cronograma de redução de seu balanço, de certa forma em linha com o que o mercado vinha especulando. O Fed deverá optar por uma estratégia passiva de redução do balanço, preferindo não promover a venda de ativos, mas cessando os reinvestimentos.

Como explicar o movimento negativo do final da tarde?

No Brasil, uma pesquisa do Broadcast apontou forte rejeição do Congresso a Reforma da Previdência. No cenário externo, tivemos uma inversão de dinâmica no petróleo, após a divulgação dos estoques semanais, além de um comentário nas Minutas do FOMC a respeito dos elevados níveis das bolsas norte americanas. Além disso, o Congresso dos EUA ainda parece disfuncional, sem que haja um consenso de como será a agenda econômica daqui para a frente.

Entendo que existam incertezas no cenário local e externo que podem manter os ativos de risco mais voláteis no curto-prazo.

No Brasil, o foco deverá permanecer na Reforma da Previdência. Ainda confio na fala do Ministro da Fazenda Henrique Meirelles:

Broadcast - O governo vai ceder e modificar os pontos que os parlamentares não concordam, como a regra de transição? Meirelles - Estamos estudando aqui tudo o que seja razoável e que preserve os ganhos fiscais da reforma da Previdência. Isso que é importante.

Broadcast - Mas o governo aceita criar uma regra de transição para homens com menos de 50 anos e mulheres com menos de 45 anos? Meirelles - Desde que se preserve os ganhos fiscais com a reforma da Previdência.

Broadcast - O atraso no cronograma da votação pode trazer problemas ao governo? Meirelles - Não. É um processo contínuo. O relatório deve ser apresentado no prazo, segundo nossas previsões. Mas depende do relator.

No cenário externo, ainda vejo o movimento de hoje como uma correção natural ainda em meio a um cenário construtivo para a economia global.
 




Data: 05/04/2017

Reflation slowly coming back...

 

Os ativos de risco estão dando sinais de retomada da tendência de “reflation”, com mais uma rodada de alta no preço das commodities metálicas e do petróleo, e com uma leve abertura de taxa de juros no mundo desenvolvido. 

Ainda parece cedo para afirmar que estes movimentos serão o início de uma nova pernada na direção do “reflation”, mas continuo trabalhando com um  de crescimento global saudável e alta gradual da inflação nas economias desenvolvidas. Esta tese está embasada em condições financeiras ainda frouxas, um cenário fiscal menos restritivo e um ciclo de endividamento das famílias já bem administrado.

A agenda do dia nos reserva o ADP Employment, o ISM Non-Manufactuing e as Minutas do FOMC, todos nos EUA.

Os PMIs Services na Europa apresentaram desempenho misto em março, especialmente em relação as suas prévias. A despeito de quedas em alguns países, os indicadores permaneceram em níveis considerados robustos e positivos, condizentes com um crescimento ainda saudável destas economias.

No Brasil, os jornais de hoje repercutem o andamento (ou o atraso) do julgamento da chapa Dilma-Temer no TSE. A conclusão geral é de que o desfecho de ontem não poderia ter sido melhor para o governo. Temer e Cia. ganharam tempo para governo e, especialmente, um fôlego adicional para negociar a Reforma da Previdência sem o peso do TSE nas costas.

Um artigo do O Globo afirma que o Planalto decidiu negociar de forma mais incisiva a Reforma da Previdência, mesmo que para isso tenha que atrasar sua tramitação. O Planalto pretende angariar 85% dos votos da Câmara. Acredito que estamos chegando a um momento crucial para a Reforma e as articulações políticas. Atrasos nunca são positivos. Contudo, acredito que este governo será capaz de articular a aprovação de um texto razoável que, se por um lado, não resolverá definitivamente o problema da previdência no país, por outro lado, representará um avanço extremamente importante para as contas públicas.

Segundo O Globo: Diante da persistência das dificuldades em ganhar apoio para a reforma da Previdência no Congresso e do medo dos parlamentares em aprovar medidas polêmicas às vésperas das eleições de 2018, o Palácio do Planalto decidiu atrasar um pouco mais a tramitação da proposta. Numa estratégia coordenada pela Casa Civil, os líderes dos partidos começaram no início desta semana a contar os votos da base aliada, e o relator, deputado Arthur Maia (PPS-BA) foi orientado a só apresentar o parecer depois de ouvir todas as bancadas novamente e pontuar os principais pontos de resistência. O objetivo é fechar um texto que seja consenso, inclusive com os senadores. Com isso, a Proposta de Emenda Constitucional (PEC) 287 somente chegará ao plenário da Câmara em maio, e não mais neste mês, conforme se previa anteriormente. META É OBTER APOIO DE 85% Reservadamente, fontes do governo admitem que está em curso um processo intenso de negociação da Casa Civil com os parlamentares da base — o que inclui liberação de emendas e nomeações em cargos em troca de apoio à reforma. Porém, não há detalhes ou definição, por enquanto, sobre como esse processo se daria, uma vez que os pleitos de cada um serão colocados nessa nova rodada de debates com as bancadas. A meta do Palácio do Planalto, para ter um certo conforto, é conseguir 85% dos 411 votos das bancadas, ou cerca de 350 adesões. Ainda assim, isso seria uma margem apertada. São necessários 308 votos em dois turnos para aprovar na Câmara as mudanças no regime de aposentadoria.

Na noite de ontem o BCB divulgou uma errata ao Relatório de Inflação, revisando para baixo, em cerca de 70bps, a inflação do cenário de referência de seus modelos para 2018. O BCB afirma que o “erro técnico” não afeta a mensagem de política monetária. Errar é humano. Reconhecer o erro é louvável. Só acho que o BCB demorou um pouco demais para divulgar a errata, além de ter cometido um erro “bobo” em um momento em que a instituição se mostra como um importante pilar de reconhecimento deste governo. Não acredito que os novos números mudem de forma significativa a política monetária vigente e nem a precificação de mercado. Também acho pouco provável que este deslize afete a imagem do BCB.




Data: 04/04/2017

Brasil: "Green Shoots"

 

No Brasil, a despeito da produção industrial de fevereiro ter ficado abaixo das expectativas do mercado, com alta de 0,1% MoM contra expectativas de 0,7% MoM, começamos a ver sinais incipientes de recuperação da economia, como os dados de vendas de veículos da Fenabrave divulgados ontem e as consultas do SCPC divulgados hoje.

Ainda trabalhamos com um cenário de recuperação extremamente lenta e gradual da economia, mas vemos com otimismo os sinais recentes para a economia do Brasil.

Em relação a produção industrial de fevereiro, divulgada hoje pela manhã, nossa área econômica ponderou o seguinte:

>> PIM @ +0,1% m/m dessaz (vs. BBG: +0,6%m/m dessaz) e -0,8%a/a (vs. BBG: +0,3%a/a); Ainda que o indicador geral tenha vindo mais fraco, a abertura mostrou sinais melhores em bens duráveis e de capitais (segmentos mais cíclicos); O índice de difusão (percentual de segmentos em alta mensal) ficou em patamar relativamente elevado; Na média móvel trimestral, a PIM cresceu 10% em termos anualizados (na série dessaz); Nossa proxy de investimentos mostrou crescimento na margem em fevereiro; Até o momento, os números mais recentes de atividade têm vindo aquém do esperado (principalmente serviços), colocando risco para baixo na nossa visão de crescimento para o primeiro trimestre. 

O julgamento da Chapa Dilma-Temer no TSE foi adiado, em um cenário que já vinha se desenhando há algum tempo. O julgamento no TSE é um risco que precisa ser devidamente monitorado. Acredito que os mercados locais só irão reagir, de fato, a um desfecho negativo, mais perto da decisão do colegiado. Olhando de hoje, um cenário de maior probabilidade parece ser de um processo extremamente lento, que permita ao Governo Temer continuar governando e implementando a agenda de reformas. 

Os ativos locais tiveram mais um dia de bom desempenho. O destaque, novamente, ficou por conta da performance do BRL. A moeda local vem mantendo uma dinâmica positiva desde o vencimento dos swaps cambiais na Ptax do final do mês passado. O mês de abril promete um bom fluxo para o Real, com uma safra agrícola recorde. O cenário externo construtivo, com os juros nos EUA não mais apresentando abertura de taxas de maneira acentuada, e com um crescimento global positivo, são vetores que acabam dando suporte a moeda no curto-prazo.

Sou construtivo com ativos no Brasil. Neste momento prefiro o mercado de renda variável ao demais ativos locais, mas acho fundamental manter uma posição estrutural em juros reais e nominais, na parte intermediária da curva. A sazonalidade de abril, aliada a um cenário externo tranquilo, pode continuar ajudando o bom desempenho do BRL no curto-prazo.

No cenário externo, o resto da semana será importante, com ADP Employment, Minutas do FOMC, Payroll e um encontro entre Trump (EUA) e Xi (China).

O cenário de crescimento global saudável continua. O quadro político nos EUA demanda atenção, mas a direção do governo dos EUA parece correta. Resta apenas ao governo tomar o caminho necessário da articulação política para implementar a agenda de reformas. 




Data: 04/04/2017

Risk-Off.

 

A despeito da ausência de novidades relevantes no cenário, os ativos de risco estão abrindo o dia em tom negativo, com um movimento clássico de “risk-off”. Neste momento, as bolsas globais apresentam queda, o dólar sobe contra as moedas EM e dependentes de commodities, e as taxas de juros dos países desenvolvidos apresentam fechamento de taxas. 

 

Eu vejo o movimento de hoje como a continuidade de um processo de acomodação/realização de lucros que teve início a cerca de 2/3 semanas com um aparente “topo” das bolsas nos EUA. No curto-prazo, o mercado irá demandar dados econômicos positivos, e a sinalização de uma agenda política, nos EUA, mais clara, antes de retomar uma tendência mais bem definida. Por ora, não vejo motivos para alterar a visão de um cenário global ainda relativamente construtivo, mas sabendo que o curto-prazo poderá reservar uma volatilidade maior em relação às últimas semanas.

 

No Brasil, os jornais de hoje trazem poucas novidades relevantes. Os ativos locais podem sentir um pouco os efeitos negativos da dinâmica externa, mas ainda trabalho com um cenário positivo para o país a médio-prazo.

 



Data: 03/04/2017

Economia global segue robusta.

 

O destaque do dia ficou por conta da divulgação dos PMIs Manufatureiros nas principais economias do mundo. Os números confirmaram o bom momento da economia global, apontando para um crescimento que se mantém saudável e robusto.

Nos EUA, por exemplo, o ISM Manufacturing caiu apenas marginalmente de 57,7 para 57,2 pontos (dentro das expectativas do mercado), mas com avanços importantes nos índices de Emprego e Preços. A abertura do indicador é coerente com a manutenção de um cenário de “reflation” no mundo.

A despeito destes dados, a divulgação de vendas de veículos mais fracas em março levou o mercado a reprecificar, nos EUA, o cenário de crescimento de curto-prazo, com reflexos na bolsa (queda) e nas taxas de juros (fechamento de taxas). É razoável supor, também, que o cenário político mais incerto, e os reflexos de um novo trimestre nos fluxos, ainda estejam “sujando” a dinâmica destes mercados.

Ainda trabalho com um cenário positivo para a economia global. Nos atuais níveis de alguns indicadores de confiança, em picos históricos, é razoável supor que alguma acomodação ocorra nos próximos meses. Por ora, contudo, ainda não vejo motivos concretos para acreditar em uma desaceleração mais acentuada da economia mundial. O crescimento aparenta ter “momento”, as condições financeiras seguem frouxas e os indicadores de confiança se encontram em níveis que pressupõem aceleração do crescimento.

Nos EUA, a economia parece estar no pleno emprego e com o hiato do produto fechado, como mostra a alta cada vez mais clara, mesmo que gradual, dos indicadores de inflação.

No Brasil, a pesquisa Focus mostrou poucas novidades para as expectativas de curto-prazo, mas um otimismo recuo nas expectativas do IPCA para 2019 e 2020. As expectativas ancoradas dão conforto ao BCB para prosseguir com um corte de 100bps na próxima reunião do Copom e garantem um cenário de juros estruturalmente mais baixos no país.

O BRL manteve uma dinâmica positiva desde o vencimento dos swaps cambiais na Ptax do final do mês passado. O mês de abril promete um bom fluxo para a moeda local, com uma safra agrícola recorde. O cenário externo calmo, com os juros nos EUA não mais apresentando abertura de taxas de maneira acentuada, e com um crescimento global positivo, acabam dando suporte a moeda no curto-prazo. 




Data: 03/04/2017

Brasil: Julgamento do TSE em foco.

 

Os ativos de risco estão operando próximos a estabilidade neste momento, sem tendências claras relevantes. Apenas alguns movimentos específicos, como a depreciação do ZAR, na África do Sul, após a demissão do Ministro das Finanças, chama a atenção, porém sem maiores contágios para os ativos de risco em geral. 

 

Mantenho minha visão praticamente inalterada. Sou construtivo com ativos no Brasil. Neste momento prefiro o mercado de renda variável ao demais ativos locais, mas acho fundamental manter uma posição estrutural em juros reais e nominais, na parte intermediária da curva. A sazonalidade de abril, aliada a um cenário externo tranquilo, podem ajudar o bom desempenho do BRL no curto-prazo. 

 

No cenário externo, teremos uma semana importante, com os dados de emprego nos EUA, além da reunião entre Trump (EUA) e Xi (China). De maneira geral, ainda vejo um ambiente construtivo para os mercados financeiros, mas com alguns riscos que precisam ser monitorados. 

 

No Brasil, os jornais de hoje estão dando algum destaque ao julgamento da chapa Dilma-Temer no TSE, e seus potenciais resultados. Ainda não há um feeling concreto, com probabilidade elevada, de qual será o resultado do julgamento, já que uma série de caminhos podem ser tomados como, por exemplo, pedido de vistas, separação da chapa, inelegibilidade tanto de Dilma quanto de Temer, necessidade de novas eleições, porém com Temer elegível e assim por diante. 

 

O julgamento no TSE é um risco que precisa ser devidamente monitorado. Acredito que os mercados locais só irão reagir, de fato, a um desfecho negativo mais perto da decisão do colegiado. 

 

O Valor Econômico traz um interessante Editorial sobre a reforma que está sendo feita no crédito direcionado. O artigo afirma, entre outras: 

 

"O governo começou a implementar uma bem vinda e urgente agenda de revisão do sistema dual de crédito com o anúncio, na sexta-feira, da criação de uma nova taxa para remunerar os empréstimos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). 

De uma só vez, a Taxa de Longo Prazo (TLP), que deve ser instituída nos próximos dias por medida provisória (MP), promete resolver as duas principais distorções provocadas pelo sistema hoje vigente, com a Taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP). Uma delas é tapar o ralo financeiro da política parafiscal, em que subsídios são concedidos a empresas e setores econômicos sem a devida transparência orçamentária. O outro é extinguir a proteção que esses mesmos segmentos econômicos gozam nos ciclos de aperto monetário. 

A nova TLP será formada pela variação do índice oficial do regime de metas de inflação, o IPCA, e uma taxa de juros mensal prefixada com base no rendimento real oferecido pelo mais importante instrumento de captação de recursos de longo prazo do governo, as Notas do Tesouro Nacional - Série B (NTN-Bs). 

O novo instrumento acaba com o desvão parafiscal porque, a partir de agora, recursos públicos eventualmente aportados no BNDES serão remunerados por uma taxa equivalente ao custo de captação do Tesouro. No sistema anterior, o governo concedia uma subvenção oculta. As empresas que tomavam empréstimos do BNDES pagavam a TJLP, hoje em 7% ao ano, enquanto que o custo de captação do Tesouro fica perto de 12,25% ao ano, a taxa Selic vigente. Essa diferença, que nesse caso é de 5,25 pontos percentuais, é o que os especialistas chamam de subsídio implícito. Ele representa um custo anual aos contribuintes de cerca de R$ 23 bilhões, considerado o crédito de R$ 433 bilhões do Tesouro ao BNDES." 

 

No Japão, o Tankan – um indicador de confiança coletado pelo BoJ trimestralmente e o mais importante do país – apresentou alta em seus principais índices em março, confirmando o bom momento da economia do país e um crescimento global saudável. 

 

Na Austrália, as vendas do varejo apresentaram recuo de 0,1% MoM em fevereiro, abaixo das expectativas de alta de 0,3% MoM. O numero mostra um ciclo econômico ainda frágil e está colocando pressão no AUD esta manhã. 

 

Nos EUA, em uma ampla entrevista ao FT, Trump afirmou que poderá agir de forma isolada e mais incisiva para lidar com os problemas causados pela Coreia do Norte. Na minha visão, Trump está mantendo sua postura dura, mas só deverá atuar efetivamente caso a situação continue a piorar, com novos testes militares por parte da Coreia do Norte e/ou novas investidas do país contra acordos pregressos. 

 

Na China, o Citibank soltou um relatório ontem chamando a atenção para as reformas, positivas, que estão sendo implementadas pelo país: 

 

"Two Big Announcements, One Clear Message 

State council announced establishment of 7 new Free Trade Zones (FTZ) and one new administrative district with the status of Shenzhen — On March 31st the State Council announced to expand the Shanghai FTZ experiment to another 6 provinces and Chongqing Municipality. On April 1, the State Council announced to establish a new administrative district with the status of Shenzhen and Shanghai Pudong new area in Hebei Province. We think these two announcements send a clear signal toward deepening economic reform and accelerating China's services trade liberalization. 

Establishment of 7 new FTZs could promote further opening up of China’s inland provinces & facilitate fast reform in services — Adding the first FTZ established in Shanghai in 2013 to the three provincial-level FTZs in Tianjin, Fujian & Guangdong, China has now a total of 11 FTZs, covering not only coastal regions but also the west and northeast areas for the first time. Considering the geographic advantage and industry structure, the 7 new FTZs will have differentiated focuses: Liaoning to deepen SOE reform; Zhejiang to establish the international maritime service and oil storage base; Henan to build international transport logistics channel and reduce transportation costs given it is in the center of China's transport hub; Hubei to engage in innovation and industrial upgrading; Chongqing to strengthen its role with "One Belt One Road (OBOR)” and “Yangtze River Delta Economic Zone” strategy; Sichuan to coordinate the development between inland and coastal areas; and Shaanxi to modernize agricultural cooperation mechanisms and broaden China's economic cooperation and cultural exchanges with OBOR countries. Despite the various strategic focuses, the common aim is to accelerate reforms and open the inland economy wider to boost the OBOR initiative. 

Meanwhile, financial reform in Shanghai FTZ is set to continue and support financing for OBOR — In accordance with the latest State Council document on SFTZ, the foreign financial institutions and enterprises are encouraged to tap into China's bond market and use asset securitization products to finance OBOR projects. SFTZ will have a new focus to become the financial center of the OBOR program. In addition, the concept of a free trade port area was first introduced to SFTZ and Zhejiang FTZ, further facilitating international trade and making international trade and re-export trade convenient in FTZs. 

Establishment of Xiong-An new district will promote the Beijing-Tianjin-Hebei comprehensive urbanization plan & ease the 'big city disease' in Beijing — The new district covers the three counties (Xiong Xian, Rong Cheng & An Xin) in Hebei Province near Baiyangdian Lake, …"

 



Data: 03/04/2017

Mais do mesmo. Poucas novidades...

 

O final de semana trouxe poucas novidades relevantes para o cenário. 

 

No Brasil, tivemos mais uma rodada do que seria o vazamento de potenciais envolvidos na delação premiada da Odebrecht, mas sem nenhuma informação adicional que altere a equação política atual. O vazamento de trechos de algumas delações premiadas, assim como especulações em torno da mesma, virou rotina na mídia local. Após os depoimentos ao TSE, vejo uma probabilidade baixa do envolvimento explícito do atual presidente nas delações em questão. O envolvimento de importantes membros do governo, contudo, é um risco que precisa ser monitorado, mas que pode ser equacionado ao longo do tempo. 

 

Em um artigo da Folha de São Paulo, existe a indicação de que as Reformas da Previdência e Trabalhista podem ficar para o segundo semestre deste ano, após o recesso parlamentar. Obviamente, um atraso no cronograma não é positivo. Contudo, a agenda parece ter ficado apertada para este primeiro semestre. Acredito que, contanto que a Reforma da Previdência seja aprovada sem alterações em sua espinha dorsal, o timing da aprovação pouco importa para o longo-prazo. Ainda vejo um cenário de incerteza no curto-prazo, que pode trazer períodos de volatilidade pontuais. Ainda trabalho com um cenário de aprovação da Reforma da Previdência, e um cenário construtivo para o Brasil. 

 

Na América Latina, problemas políticos afetaram a Venezuela e o Paraguai. A despeito das questões em ambos os países serem graves, não vejo motivos para contágio para o resto da região ou dos mercados financeiros globais. 

 

Na China, o PBoC anunciou uma elevação de juros em alguns instrumentos monetários locais. A medida é um complemento ao ajuste de juros já realizado após a decisão do Fed de elevar a taxa básica da economia em 25bps. O PBoC tem adotado uma postura mais restritiva, com o objetivo de frear o avanço excessivo em setores específicos. A economia do país se mostra resiliente, mas alguma acomodação/desaceleração, induzida por uma postura mais apertado por parte do PBoC, pode ser espera nos próximos meses. O crescimento do país, contudo, deve continuar saudável. 

 

Na Coreia do Sul, um bom termômetro da economia global, as exportações de março permaneceram robustas, mostrando um cenário de robustez da economia mundial. Segundo o Citibank: 

 

"Better-than-expected exports continued in Mar — Recovery of exports continued in Mar, expanding 13.7%YoY and 1.4%MoM albeit at a slower pace than a month ago (20.2%YoY, 8.8%MoM). We saw both exports volume (5.9%YoY) and unit price (7.3%YoY) increases. In particular, export volume’s YoY increases have remained for three months. Imports also increased 26.9%YoY and 5.6%MoM (vs. Feb: 23.9%YoY, 6.0%MoM) on the back of higher oil price and demand for capital goods such as semiconductor manufacturing equipment. Readings on Mar exports and imports are better than the market’s and our expectations (Fig 1). Meanwhile, trade surplus narrowed to US$6.55bn in Mar from US$7.06bn a month ago." 

 

"Recovery of exports was broad based — The major 13 exportables continued YoY expansion for four months on the back of an upswing in eight items such as semiconductor (41.9%), flat panel display (19.5%), petrochemicals (36.3%), petro-products (63.3%), general machinery (17.6%) and auto (4.1%). Shipbuilding (13.9%) shifted to expand for the first time in five months along with delivery of 25 ships including LNG carriers. However, computer (-3.4%) became sluggish as parts for monitor declined despite upswing in SSD (Solid-State-Drive). Auto parts (-3.4%) and iron & steel (-10.6%) also shifted to contract on the back of an increase of overseas inventory and a high base a year ago, respectively. Wireless communication device (-26.4%) remained sluggish on the back of a high base a year ago and delayed release of a new model."




Data: 31/03/2017

Agenda carregada. Cenário inalterado.

O dia foi de agenda econômica carregada no Brasil, mas sem novidades que alterem o cenário base. Na verdade, os números de hoje apenas corroboram o cenário de uma recuperação extremamente lenta e gradual da economia.

A Taxa de Desemprego apresentou mais um mês de elevação em fevereiro, mostrando que o mercado de trabalho ainda demandará tempo para se recuperar, em linha com as nossas expectativas. Observamos alguma recuperação dos rendimentos dos trabalhadores, o que acende uma ponta de esperança para a recuperação deste setor da economia (consumo).

O IBC-Br – uma espécie de PIB mensal coletado pelo BCB – apresentou queda de 0,8% YoY, superior às expectativas de queda de 0,5% YoY. O número mostra uma economia fragilizada e coloca um risco baixista para o PIB deste início de ano.

Finalmente, a Confiança de Serviços medida pela FGV apresentou alguma melhora em março, o que aponta para uma recuperação da atividade econômica ao longo dos próximos meses. Vale lembrar, contudo, que observamos fortes avanços em alguns indicadores de confiança desde a finalização do processo de impeachment, mas estes ainda não estão se traduzindo em recuperação dos indicadores “hard data” da economia.

Os ativos locais tiveram uma sexta-feira de leve otimismo. O destaque ficou por conta do câmbio (BRL). Após passar toda a manhã sobre forte pressão altista com o vencimento dos swaps cambiais, a moeda local apresentou forte reversão no início da tarde, com fluxos pontuais e a expectativas de uma sazonalidade positiva para a moeda em abril. Vale lembrar o estoque de swaps está na casa de US$18bi. Se o cenário para Brasil e EM se mantiver construtivo, existe a expectativa de fortes fluxos para o país, com um poder cada vez menor do BCB de administrar este fluxo, o que pode acabar fazendo efeito positivo na moeda.

Nos EUA, o Core PCE ficou em 1,8% YoY em fevereiro, mantendo o cenário de alta gradual da inflação. O Chicago PMI subiu de 57,4 para 57,7 pontos, acima das expectativas de 56,9 pontos. O número confirma o bom momento da economia.

Em novas aparições públicas, membros do Fed mostraram um cenário de política monetária mais gradual do que a impressão que havia ficado nos últimos dias. Em especial, parece que o Fed caminha para um cenário em que a redução de seu balanço será utilizada como substituta a altas de juros o que, no limite, acaba colocando alguma restrição sobre as altas de juros.

Trump deverá assinar decretos relativos a “trade” em instantes. Sua reunião com o Premier chinês deverá ser atentamente observada nos próximos dias.




Data: 31/03/2017

Crescimento Chinês, Inflação na Europa e TJLP no Brasil.

 

O Manufacturing PMI Oficial da China subiu de 51,6 para 51,8 pontos em março, levemente acima das expectativas de 51,7 pontos e atingindo o maior patamar desde 2012. O número de hoje confirma o bom momento da economia chinesa e da economia global como um todo, dando ímpeto a visão de “reflation” no mundo, que ainda me parece intacta, mesmo diante dos ruídos em torno da política econômica dos EUA.

Na Europa, após números fracos de inflação na Alemanha e Espanha ontem, o CPI da Área do Euro foi confirmado hoje abaixo das expectativas, saindo de 2% YoY para 1,5% YoY, abaixo das expectativas de 1,8% YoY em março. O número de hoje dá fôlego as sinalizações do ECB de que ainda é cedo para mudar a política monetária da região, que deverá permanecer bastante acomodatícia ao longo dos próximos meses. O ciclo econômico que a Área do Euro vivencia hoje ainda me parece bastante distinto daquele apresentado pelos EUA, o que terá reflexos no diferencial de política monetária entre os dois países/regiões.

Na África do Sul o presidente do país demitiu seu Ministro das Finanças. O Ministro era bem visto e reconhecido pelo mercado financeiro. Sua saída está causando uma undeprformance dos ativos do país, o que deve continuar até que o cenário político se torne mais claro.

No Brasil, em decisão extraordinária, o CMN abaixou a TJLP de 7,5% para 7,0%, em uma decisão não esperada pelo mercado. Novas mudanças na taxa devem ser anunciadas ainda hoje. Segundo Claudia Safatle, do Valor Econômico:

O presidente Michel Temer aprovou, ontem, a nova sistemática da Taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP) que deverá ser anunciada hoje pelo Banco Central. Em reunião extraordinária ontem à noite, o Conselho Monetário Nacional (CMN) também decidiu cortar a TJLP de 7,5% para 7% ao ano, percentual que vai vigorar do dia 1º de abril a 30 de junho.

A decisão sobre a TJLP, que baliza os empréstimos do BNDES para o próximo trimestre, veio acompanhada da aprovação da nova taxa longa, que terá variação mensal com base na estrutura a termo das NTN-B de cinco anos.

Ontem o presidente reuniu-se com a área econômica e o comando do BNDES para aprovar o regulamento da nova TJLP, que deverá ter outro nome e começará a vigorar a partir de janeiro de 2018. O governo não pretende mexer no estoque de crédito do BNDES contratado com base na atual taxa de juros. A migração dos financiamentos do BNDES para a nova TJLP será gradual. O prazo para completar essa transição pode se prolongar por pelo menos cinco anos.

Ainda no Brasil, os jornais de hoje estão com diversas matérias com críticas que estariam vindo de dentro do próprio governo em torno da meta fiscal definida para este ano. Segundo algumas fontes existe uma insatisfação que a meta definida teria sido excessivamente apertada, o que estaria prejudicando a reação da economia e etc. Além disso, ainda existe o fantasma da possibilidade, real, de aumento de impostos, já que o contingenciamento anunciado seria insuficiente para o cumprimento da meta, mesmo com o fim das desonerações.

Na minha visão, uma política fiscal mais apertada no curto-prazo abrirá caminho para juros mais baixos no médio e longo-prazo, além de prêmios de risco mais baixo para o país estruturalmente. É verdade que existe um esforço maior da atividade no curto-prazo devido a está política, mas é o preço a se pagar de vários anos de “farra fiscal”. É natural que o meio político e a sociedade questionem a postura do Governo, mas manter a estratégia ainda me parece a melhor opção de curto-prazo, visando uma melhora estrutural dos fundamentos que abrirão caminho para um crescimento potencial maior a médio e longo-prazo. 




Data: 30/03/2017

Back in Town!

 

Após cerca de 10 dias de pausa técnica, retorno a este fórum, primeiro em uma espécie de “soft return”, na tentativa de utilizar o final desta semana para colocar o cenário em dia, e iniciar o novo mês já com as pendências resolvidas e um cenário mais robusto definido. Não conseguirei resumir todos os fatos ocorridos neste ínterim, mas tentarei fazer um apanhado geral das coisas.

Em meu último comentário antes da parada técnica, no dia 17 de março, afirmei que: 

Este fórum irá fazer uma parada técnica até começo de abril, mas retorna com as baterias recarregadas no próximo mês. Como último comentário, o dia está sendo de forte pressão na bolsa brasileira, afetada por mais uma operação da polícia federal, que investiga grandes grupos empresariais locais. A pressão sobre o setor de Alimentação/Frigoríficos acabou afetando o humor sobre toda a bolsa local. Acredito que o movimento de hoje seja um ruído pontual, e está criando a possibilidade de uma alocação maior no mercado de renda variável. Acredito que o curto-prazo poderá ser mais desafiador e com mais volatilidade, principalmente devido ao debate em torno da Reforma da Previdência. De maneira geral, contudo, ainda vejo um cenário construtivo para o Brasil e para a economia mundial.

Retorno em um momento em que o mercado de renda variável local ainda apresenta volatilidade, mas já apresentou uma moderada recuperação em relação aos pisos recentes. Ainda vejo o mercado de renda variável no Brasil, neste momento, como a melhor alocação a risco, onde tenha o melhor risco/retorno, de todos os ativos locais (e até mesmo globais).

O cenário para Brasil sofreu poças mudanças desde então. A inflação corrente e perspectiva continuam baixas, inclusive com notícias bastante baixistas para a inflação de curto-prazo, como o anúncio da devolução de recursos para os consumidores anunciado pela Aneel, que deverá causar uma baixa em torno de 15bps no IPCA. Nossa área econômica continua trabalhando com um cenário de IPCA abaixo da meta este ano e muito tranquilo para 2018. 

O BCB corroborou um cenário de corte de 100bps na taxa Selic em documentos e falas oficiais, o que continua a dar sustentação a taxas de juros mais baixas no país.

A atividade econômica segue mostrando uma recuperação lenta e gradual. O balanço de pagamentos se mostra confortável, enquanto as contas públicas estão sendo ajustadas a fim de cumprir as metas determinadas para os números fiscais deste ano.

A Reforma da Previdência passa por um momento delicado, em que as negociações se tornam mais duras e explícitas. Como tenho repetido de maneira insistente, a Reforma deverá ser mais delicada do que o Teto do Endividamento. Negociações fazem parte do processo democrático e mudanças no texto original proposta pela equipe econômica devem ocorrer. O importante é que a espinha dorsal da Reforma não seja modificada. Continuo acreditando que, “aos trancos e barrancos”, uma Reforma decente deverá ser aprovada.

Além da Reforma da Previdência, o governo trabalha, ao mesmo tempo, em uma série de outras medidas, micro e macro, que aos poucos vão ajudar o país de maneira estrutural (Terceirização, Reforma Trabalhista, Concessões e etc).

Neste ambiente, ainda trabalho com um cenário construtivo para o país. Neste momento, vejo o mercado de renda variável como o melhor risco/retorno dos ativos locais. Acredito que uma posição estrutural no mercado de juros reais e nominais deve continuar fazendo parte de qualquer alocação a risco, mas o “game” de agora em diante poderá ser na parte intermediária da curva, com o mercado retirando prêmio de risco dos anos posteriores a 2017. No mercado de câmbio, continuo não sendo um grande fã do BRL, preferindo adotar postura tática na moeda. A sazonalidade de abril, contudo, poderá ajudar a manter a moeda ancorada e bem comportada, caso o cenário externo permaneça estático.

No cenário externo, serei um pouco mais breve. Os dados de atividade econômica global continuam robustos. Nos EUA, a grande novidade deste período ficou por conta da derrota do Governo Trump no “Health Care Bill”, o que colocou em xeque a capacidade do governo em implementar uma agenda de reformar realmente transformacional. Acredito que Trump e Cia. irá aprender com os erros. Acredito que exista maior apoio em seu partido, e na oposição, para uma reforma tributária mais ampla e incentivos fiscais maiores.

Assim, principalmente embasado no cenário econômico, com números robustos ao redor do mundo, continuo acreditando que estamos apenas vivenciando uma pausa no cenário de “Reflation” global e logo, logo, as tendências verificadas em fins de 2016 e começo de 2017 poderão ser retomadas. 

Prefiro, neste momento, representar está visão através de posições tomadas em juros nos países desenvolvidos. Estou sem grandes opiniões para  o USD (dólar) no mundo no curto-prazo, a despeito de ainda acreditar em uma alta estrutural da moeda norte americana. 

O cenário ainda me parece construtivo para as commodities metálicas em geral , mesmo com as recentes medidas de aperto anunciadas pela China, e para o petróleo, com os países membros da OPEP respeitando suas cotas e, inclusive, ventilando a possibilidade de extensão do corte de produção para além da data prevista anteriormente.




Data: 17/03/2017

Brasil: Valor sendo criado no mercado de renda variável.

 

Este fórum irá fazer uma parada técnica até começo de abril, mas retorna com as baterias recarregadas no próximo mês.

Como último comentário, o dia está sendo de forte pressão na bolsa brasileira, afetada por mais uma operação da polícia federal, que investiga grandes grupos empresariais locais. A pressão sobre o setor de Alimentação/Frigoríficos acabou afetando o humor sobre toda a bolsa local.

Acredito que o movimento de hoje seja um ruído pontual, e está criando a possibilidade de uma alocação maior no mercado de renda variável. Acredito que o curto-prazo poderá ser mais desafiador e com mais volatilidade, principalmente devido ao debate em torno da Reforma da Previdência. De maneira geral, contudo, ainda vejo um cenário construtivo para o Brasil e para a economia mundial.




Data: 17/03/2017

Cenário global construtivo. Ruídos no Brasil continuam.

 

Os ativos de risco estão operando próximos a estabilidade, na ausência de novidades relevantes para o cenário.

Ainda vejo um ambiente de crescimento global saudável, inflação ascendente apenas de forma gradual no mundo desenvolvido, o que ajuda os bancos centrais a manter uma liquidez abundante, e um processo de normalização monetária gradual. Os EUA ainda me parecem estar em estágio mais avançado deste ciclo do que as demais economias do mundo desenvolvido. A estabilidade da economia da China também ajuda neste cenário mais construtivo de curto-prazo. Vejo os países emergentes, de maneira geral, com fundamentos mais robustos do que no passado, valuations ainda atrativos e com um pilar importante de sustentação de um crescimento global robusto.

No Brasil, segue o cenário construtivo, porém com ruídos em torno da Reforma da Previdência e, consequentemente, no tocante as contas públicas. 

No Valor Econômico de hoje, um artigo do Relator da Reforma afirma que:

Um dia após as manifestações contra a reforma da Previdência, que levaram milhares às ruas, o relator da proposta na Câmara, deputado Arthur Maia (PPS-BA), verbalizou uma crítica constante nos corredores do Legislativo e afirmou o governo está perdendo a "guerra da comunicação" que ocorre nas mídias sociais.

"O governo precisa cuidar melhor da comunicação. Inverdades repetidas de maneira massiva se transformam em verdade. É o que está acontecendo nas redes sociais", alertou Maia. "A trincheira da comunicação é nas redes sociais. Essa batalha precisa ser travada. O governo não pode se restringir a rádio e televisão."

A reclamação reverbera crítica recorrente entre os deputados: a comunicação do governo está falha, muito focada na TV e rádio e não surte efeito esperado. As propagandas são incapazes, protestam os parlamentares, de construir uma narrativa para a reforma, que mostre os pontos positivos e leve a população a apoiar as mudanças. Esses deputados dizem que, se não melhorar rapidamente, a Câmara não terá condições de sustentar o projeto e são pequenas as chances de a proposta não sair desfigurada.




Data: 16/03/2017

Brasil: Ruídos continuam.

 

A quinta-feira foi de acomodação dos ativos de risco, que ainda estão digerindo a decisão do Fed anunciada na tarde de ontem.

No Brasil, a despeito de um cenário que considero construtivo para o país, alguns ruídos de curto-prazo parecem estar impedindo uma nova rodada de apreciação dos ativos locais. São eles:-

O BCB sinalizar que pretende deixar de rolar cerca de US$4bi se swaps cambais no final do mês. Esta postura prejudicou o BRL no mês passado e parece que caminha para prejudicar a moeda novamente.

- A decisão do STF em torno da base de cálculo do ICMS. Se já existia uma predisposição em aumentar impostos para cobrir o “rombo” das contas públicas agora, aumentou a probabilidade de uma medida nesta direção. Aumento de imposto pressupõe maior inflação e menor crescimento, através do canal de consumo. As especulações do momento giram em torno do aumento do PIS/Cofins para combustíveis.

- Com a Reforma da Previdência avançando na Comissão do Congresso, aumentam os ruídos e as negociações, criando incertezas adicionais para o cenário.

Por ora, vejo estes problemas como obstáculos de curto-prazo, solucionáveis. De todos estes, a Reforma da Previdência me parece a mais importante e que precisa ser monitorada de perto.

Do ponto de vista positivo, os leilões de aeroportos hoje foram bem-sucedidos, com investidores estrangeiros se comprometendo a investimentos no país. O valor financeiro dos leilões foi baixo, mas a sinalização para investimentos no país foi bastante positiva.

Nos EUA, os dados econômicos continuam mostrando um cenário de crescimento robusto, com um mercado de trabalho aquecido. O Jobless Claims se manteve em torno de 240 mil, nível historicamente baixo e positivo. O JOLTs Job Openings sai de 5539 para 5626 em janeiro, patamar historicamente elevado.




Data: 16/03/2017

Bancos Centrais em Foco. Fed afrouxa as condições financeiras.

 

Duas questões locais que não comentei pela manhã, mas devem atrair as atenções esta manhã: 

 

1 – O BCB anunciou a rolagem de US$500mm de swaps cambiais para hoje. Mantendo este ritmo, ele deverá deixar de rolar cerca de US$4bi no final do mês. No mês passado, ele adotou postura semelhante, e acabou prejudicando o desempenho do BRL. 

 

2 – O STF deu perda de causa contra o governo na questão da base de cálculo da cobrança do ICMS. As estimativas apontam para perda de US$20bi de receitas por ano. Se a decisão for retroativa, o problema poderá ser maior, mas os pagamentos deverão ser feitos com crédito tributário e ao longo do tempo. 

 

Para suavizar este impacto nas contas públicas, e evitar um contingenciamento maior frente os desafios de arrecadação para a meta fiscal deste ano, a sinalização é que uma alta de impostos deverá ser anunciada em breve. Tudo indica que o imposto preferido é o PIS/Cofins de combustíveis.




Data: 16/03/2017

Bancos Centrais em Foco. Fed afrouxa as condições financeiras.

 

Seguindo a decisão do Fed em elevar a taxa básica de juros em 25bps, o PBoC, na China, anunciou uma alta de 10bps nos principais instrumentos de política monetária do país. A decisão é uma clara resposta ao anuncio do Fed, e reforça o cenário de que o policy maker chinês pretende adotar uma postura mais neutra, senão um pouco mais apertada, em meio a um cenário de crescimento saudável e inflação um pouco mais elevada. 

 

No Japão, o PBoC manteve sua política monetária estável, como era amplamente esperado. 

 

Vale lembrar que a decisão do Fed e do PBoC reflete uma compreensão de uma economia mais sólida e robusta, com a redução dos riscos negativos. A inflação está em alta, mas ainda contida. Assim, os ajustes de política monetária não devem ser vistos como negativos do ponto de vista de risco para os mercados financeiros globais. O cenário seria alterado, contudo, caso as altas de juros comecem a afetar negativamente o quadro para o crescimento econômico global. 

 

Será interessante observar como o Fed irá se portar após os movimentos de ontem. Mesmo com a alta de 25bps, as condições financeiras apresentaram forte afrouxamento, devido a percepção de um gradualismo ainda grande por parte da autoridade monetária. Neste ambiente, é natural supor que o Fed possa continuar acelerando o processo de normalização monetária do país. 

 

Na Holanda, um outro “risco de cauda” foi evitado, com as eleições parlamentares não mostrando um avanço expressivo de partidos radicais, especialmente os anti-Euro e anti-Establhishment. 

 

Na Austrália, os dados de emprego ficaram muito abaixo das expectativas, mostrando um quadro ainda de fraqueza da economia, o que sugere a manutenção de um diferencial de política monetária grande, justificado pela diferença de estágio de ciclo econômico, em relação aos EUA. 

 

No Brasil, as manifestações contra a Reforma da Previdência apresentaram adesão baixa e viraram nota de rodapé nos jornais, o que deve ser visto como positivo para os ativos locais.




Data: 16/03/2017

Fed out of the way! EM should shine again!

 

O Fed elevou a taxa básica de juros da economia em 25bps nos EUA, dentro das expectativas do mercado. As revisões em torno da decisão, assim como a sua comunicação, contudo, foram mais brandas do que o esperado, favorecendo um forte movimento de fechamento de taxas de juros, enfraquecimento do dólar no mundo e tomada de risco por parte dos investidores. 

 

Ainda vejo uma economia dos EUA no pleno emprego, com um hiato do produto fechado. O crescimento se mostra sólido, mas a inflação se eleva de maneira apenas gradual, o que ajuda o Fed a manter uma postura de gradualismo na condução da normalização monetária. 

 

Parafraseando o economista e investidor Mohamed El-Erian: Fed embarks on a beautiful policy normalisation. "Going with the tide of reflationary data, including Friday’s blockbuster job creation and slightly higher wages, the Fed is likely to encourage markets to embrace a policy regime shift that — critically — is gradual, orderly and retains optionality." 

 

Reforço minha visão de que um cenário de valuations atrativos, fundamentos mais sólidos do que no passado recente e um crescimento global saudável dão suporte a um bom desempenho dos ativos de risco em geral e dos ativos emergentes em especial, mesmo diante do cenário de normalização monetária nos EUA. 

 

A decisão de hoje coloca em dúvida a possibilidade de uma alta mais sustentada do dólar no curto-prazo. Ainda vejo um cenário de alta nas taxas de juros dos EUA, mas o processo promete ser extremamente lento e bem administrado. 

 

Este pano de fundo acaba sendo extremamente positivo para os ativos locais. No início da noite, a agencia de rating Moody´s ainda elevou o outlook da nota do país de negativa para neutra. Além disso, o TCU liberou a venda de ativos da Petrobrás, contanto que alterações sejam feitas no processo de licitação. A decisão retira uma incerteza do curto-prazo. 

 

Assim, temos um cenário de crescimento global sólido, estabilidade da economia da China, os principais bancos centrais do mundo ainda reticentes em retirar liquidez do mercado e uma inflação apenas gradualmente ascendente no mundo desenvolvido. O cenário me parece bastante positivo para ativos de risco em geral e para ativos emergentes e Brasileiros em especial.

 

Ruídos em torno da Reforma da Previdência existirão, assim como investigações da Operação Lava-Jato, mas usaria qualquer realização de lucros para acumular alocações em ativos locais.




Data: 15/03/2017

Petróleo, Lista de Janot e Reforma da Previdência.

 

Os ativos de risco estão apresentando recuperação, com uma alta no preço do petróleo liderando um movimento positivo nas commodities metálicas e, consequentemente, nos demais ativos de risco como um todo.

 

A agenda do dia poderá definir a direção dos ativos de risco no curto-prazo, com o Core CPI e a decisão do FOMC nos EUA. Um cenário de inflação mais acelerada poderá colocar o Fed em posição delicada, com o mercado questionando se Yellen e Cia. não estão “behind the curve”. Já uma inflação apresentando uma alta apenas gradual, poderá confirmar o cenário de uma normalização monetária gradual, um ambiente que é visto como construtivo para os ativos de risco.

 

No Brasil, a tão esperada “Lista de Janot” foi parcialmente divulgada, com o pedido de abertura de cerca de 83 inquéritos no âmbito da Lava-Jato junto ao STF. Até o momento, os personagens potencialmente envolvidos nas investigações já eram conhecidos, já que nas últimas semanas uma série de vazamentos levou à mídia a especular nomes em torno deste processo. Acredito que lista tenha ficado dentro do esperado e não vejo, até o momento, motivos para uma alteração substancial de cenário. O não envolvimento concreto, por ora, do nome de Michel Temer, diretamente, pode ser visto como um ponto positivo.

 

As discussões em torno da Reforma da Previdência continuam. Uma onda de protestos está agendada hoje no país contra a Reforma. A adesão será uma medida importante para a classe política entender os anseios da sociedade e o espaço para sua aprovação. Aparentemente, as negociações estão sendo duras, mas alterações no texto original já eram esperadas. Precisamos acompanhar os próximos capítulos desta saga, mas ainda trabalho com um cenário de aprovação da Reforma, com algumas mudanças no texto original.

 

Os jornais de hoje já falam em possível aumento de impostos e novos contingenciamentos para que a meta fiscal seja atingida. Com o dólar comportado, e a queda no preço dos combustíveis, já se fala em aumento deste imposto para ajudar nas contas públicas. 




Data: 14/03/2017

TPF: Tensão Pre FOMC.

 

O dia foi de alta volatilidade para os ativos de risco, com ruídos locais e externos afetando o humor dos mercados.

No Brasil, uma notícia vinculada em um meio de comunicação afirmou que o cronograma da Reforma da Previdência na Câmara estaria em risco, e a Reforma poderia ser atrasada.

Em meio a um ambiente externo já fragilizado, a notícia acabou acelerando o movimento de deterioração dos ativos locais.

Reforço minha visão de que o processo de aprovação da Reforma da Previdência será mais duro e complicado do que o Teto do Endividamento. Acredito que manifestações, negociações e possíveis alterações no texto original fazem parte do processo democrático. Precisamos monitorar se a Reforma será, ou não, aprovada, sem que a essência do projeto seja desfigurada.

Ainda trabalho com um cenário de aprovação de uma Reforma satisfatória, mas sabendo que a não aprovação, ou uma Reforma desfigurada, coloca o país em uma situação extremamente complicada, com amplo espaço para deterioração dos ativos locais.

No cenário externo, a continuidade do processo de queda do preço do petróleo continuou a colocar pressão no humor global a risco. Hoje, o anuncio de um aumento de produção por parte da Arábia Saudita foi o responsável pelo movimento do dia, aliado a um mercado aparentemente bastante comprado em petróleo.

Além disso, o PPI, nos EUA, apresentou alta acima das expectativas em fevereiro, reforçando o cenário de uma economia em pleno emprego e de um hiato do produto praticamente fechado.

As atenções se voltam, agora, para o Core CPI amanhã pela manhã, e para a decisão do FOMC durante a tarde.    




Data: 14/03/2017

China: Dados econômicos saudáveis.

 

Os ativos de risco estão mostrando sinais de alguma fadiga está manhã, mas com movimentos ainda bastante tímidos. A manutenção da Treasury de 10 anos acima de 2,6% está dando suporte ao dólar no mundo. O petróleo continua mostrando fraqueza abaixo de US$49, mas as commodities metálicas voltaram a apresentar recuperação, após dados positivos de atividade econômica na China. As bolsas globais operam, neste momento, com pequenos movimentos de baixa. 

 

Na China, os dados econômicos de fevereiro ficaram acima das expectativas do mercado, reforçando o cenário de recuperação do crescimento e uma economia que se junta ao “reflation” global. Os números de hoje mostram uma economia estabilizada, que abre espaço para uma postura mais neutra (mais hawkish) por parte do policy maker local. 

 

Segundo o Morgan Stanley: 

 

"Investment and industrial activity continued to lead the growth: Within the Jan-Feb activity data pack, growth of fixed asset investment (FAI) picked up the most to 8.9% YoY (vs. 7.9% YoY in 4Q16), beating expectations (Consensus: 8.3% YoY). The key driver was stronger infrastructure investment and continued strength in the property market. Meanwhile, industrial production (IP) growth accelerated more than expected to 6.3% YoY in Jan-Feb (vs. 6.1% YoY in 4Q16; Consensus), boosted by stronger external demand and infrastructure activity. 

Consumption and service activity also held up: Retail sales growth decelerated to 9.5% YoY in Jan-Feb (vs. 10.6% YoY in 4Q16) and missed expectations (Consensus: 10.6% YoY). That said, the key drag was weaker auto sales due to the partial rollback of tax cuts. Excluding auto sales, retail sales growth still held up well, likely supported by better household income growth. Separately, the National Bureau of Statistics (NBS) published a new monthly indicator – service sector production, which edged up to 8.2% YoY in Jan-Feb (vs. 8.1% YoY in December), suggesting resilient service sector activity." 

 

Na Inglaterra, o Parlamento aprovou o andamento do processo do Brexit, liberando a Primeira Ministra para dar início oficial ao processo de negociação. A GBP apresenta forte queda neste momento. 

 

No Brasil, os jornais estão apenas repercutindo, novamente, o cenário político e o debate em torno da Reforma da Previdência, sem grandes novidades do que tenho comentado neste fórum nos últimos dias.




Data: 13/03/2017

Agenda carregada.

 

Os ativos de risco estão se adaptando/ajustando à uma agenda econômica extremamente carregada nos próximos 3 dias. Nesta ordem, teremos: PPI (terça-feira), Core CPI e FOMC nos EUA (quarta-feira), além das eleições na Holanda, na Europa.

A Treasury 10 anos está novamente testando patamares acima de 2,6%, mas ainda sem um rompimento claro. Por ora, os ativos de risco estão digerindo de maneira saudável este movimento, confirmando a visão de que a velocidade de abertura das taxas de juros nos EUA importa mais do que a sua direção propriamente dita para o humor global a risco.

Além disso, para algumas classes de ativos, como os ativos Emergentes (EM), em geral, impera uma visão de que um cenário de valuations atrativos, fundamentos mais sólidos do que no passado recente e um crescimento global saudável dão suporte a um bom desempenho, mesmo diante do cenário de normalização monetária nos EUA.

Neste pano de fundo, a agenda econômica dos próximos dias será fundamental. No cenário base, nos EUA, a inflação mostra uma alta apenas gradual. O Fed eleva as taxas de juros em 25bps, sinaliza para a continuidade do processo de normalização monetária (alta de juros,) mas sem se comprometer com uma aceleração ainda maior do ritmo de aperto. 

Um cenário alternativo, com probabilidade mais baixa, porém não desprezível, seria o Fed elevar as taxas de juros em 25nps, mas sinalizar, via discurso ou dots, um ritmo mais acelerado de altas, digamos 4 por ano, por exemplo. Esta teoria seria referendada pelo cenário de emprego (pleno emprego e hiato do produto fechado) e por condições financeiras bastante frouxas.

O risco, contudo, fica por conta de dados de inflação mais elevados no país. No caso do Core CPI, uma alta de 0,3% MoM, por exemplo, seria a segunda surpresa altista seguida. Neste cenário, cresceria o receio por parte do mercado do Fed estar “behind-the-curve”. Isto poderia acarretar uma rápida e acentuada elevação da curva de juros, causando um grande estrago nos ativos de risco, pelo menos no curto-prazo. Ainda vejo este cenário como um risco, e não o cenário base.

No Brasil, a pesquisa Focus mostrou mais uma expressiva queda das expectativas de inflação para 2017, o que tem ajudado a ancorar a curva local de juros, com expectativas de uma antecipação do ciclo de queda da taxa Selic. 

O cenário político segue sendo o destaque, em meio a um quadro econômico sem grandes alterações (forte desinflação, recuperação lenta, contas externas tranquilas e um quadro fiscal preocupante, mas com expectativas de reformas relevantes).

Do ponto de vista político, a mídia hoje deu grande destaque a tão esperada “Lista de Janot”, que só deverá se tornar pública, e em partes, na semana que vem. Contudo, os blogeiros de plantão começam a ventilar o que seria o vazamento de nomes e personagens envolvidos na delação da Odebrecht.  Neste momento, começam a vazar nomes de possíveis envolvidos do PSDB, de maneira mais incisiva, após um bombardeiro, no passado recente, envolvendo membros do PT e do PMDB. Por ora, não há rumor (ou confirmação) de nenhum envolvimento, ou fato novo, envolvendo diretamente Michel Temer. Isto o que pode trazer um alento aos mais pessimistas neste quesito. Contudo, o envolvimento de pessoas próximas ao presidente continua a ser ventilado “a todo vapor”. Até o momento, não vejo motivos para uma alteração do cenário político, que envolve a aprovação das reformas econômicas (em especial a Reforma da Previdência), mas temos que acompanhar de perto estes desdobramentos.

O BRL, além de seguir o humor global em torno do USD, continua negativamente impactado pela decisão do BCB na não rolagem dos swaps cambiais no mês passado. Acredito que o  câmbio continuará seguindo os fluxos externos em relação ao USD.

O Ibovespa parece ter encontrado um piso próximo aos 64 mil pontos. A melhora da dinâmica das commodities metálicas ajudou o humor do dia, a despeito de um petróleo ainda pressionado. Não vejo motivos, exceto pelo cenário de risco do Fed descrito acima, para correções mais profundas, e ainda vejo espaço para realocações nesta classe de ativo.  




Data: 13/03/2017

Agenda carregada.

 

Os ativos de risco estão se adaptando/ajustando à uma agenda econômica extremamente carregada nos próximos 3 dias. Nesta ordem, teremos: PPI (terça-feira), Core CPI e FOMC nos EUA (quarta-feira), além das eleições na Holanda, na Europa. 

 

A Treasury 10 anos está novamente testando patamares acima de 2,6%, mas ainda sem um rompimento claro. Por ora, os ativos de risco estão digerindo de maneira saudável este movimento, confirmando a visão de que a velocidade de abertura das taxas de juros nos EUA importa mais do que a sua direção propriamente dita para o humor global a risco. 

 

Além disso, para algumas classes de ativos, como os ativos Emergentes (EM), em geral, impera uma visão de que um cenário de valuations atrativos, fundamentos mais sólidos do que no passado recente e um crescimento global saudável dão suporte a um bom desempenho, mesmo diante do cenário de normalização monetária nos EUA. 

 

Neste pano de fundo, a agenda econômica dos próximos dias será fundamental. No cenário base, nos EUA, a inflação mostra uma alta apenas gradual. O Fed eleva as taxas de juros em 25bps, sinaliza para a continuidade do processo de normalização monetária (alta de juros,) mas sem se comprometer com uma aceleração ainda maior do ritmo de aperto.

 

Um cenário alternativo, com probabilidade mais baixa, porém não desprezível, seria o Fed elevar as taxas de juros em 25nps, mas sinalizar, via discurso ou dots, um ritmo mais acelerado de altas, digamos 4 por ano, por exemplo. Esta teoria seria referendada pelo cenário de emprego (pleno emprego e hiato do produto fechado) e por condições financeiras bastante frouxas.

 

O risco, contudo, fica por conta de dados de inflação mais elevados no país. No caso do Core CPI, uma alta de 0,3% MoM, por exemplo, seria a segunda surpresa altista seguida. Neste cenário, cresceria o receio por parte do mercado do Fed estar “behind-the-curve”. Isto poderia acarretar uma rápida e acentuada elevação da curva de juros, causando um grande estrago nos ativos de risco, pelo menos no curto-prazo. Ainda vejo este cenário como um risco, e não o cenário base.

 

No Brasil, a pesquisa Focus mostrou mais uma expressiva queda das expectativas de inflação para 2017, o que tem ajudado a ancorar a curva local de juros, com expectativas de uma antecipação do ciclo de queda da taxa Selic.

 

O cenário político segue sendo o destaque, em meio a um quadro econômico sem grandes alterações (forte desinflação, recuperação lenta, contas externas tranquilas e um quadro fiscal preocupante, mas com expectativas de reformas relevantes).

 

Do ponto de vista político, a mídia hoje deu grande destaque a tão esperada “Lista de Janot”, que só deverá se tornar pública, e em partes, na semana que vem. Contudo, os blogeiros de plantão começam a ventilar o que seria o vazamento de nomes e personagens envolvidos na delação da Odebrecht.  Neste momento, começam a vazar nomes de possíveis envolvidos do PSDB, de maneira mais incisiva, após um bombardeiro, no passado recente, envolvendo membros do PT e do PMDB. Por ora, não há rumor (ou confirmação) de nenhum envolvimento, ou fato novo, envolvendo diretamente Michel Temer. Isto o que pode trazer um alento aos mais pessimistas neste quesito. Contudo, o envolvimento de pessoas próximas ao presidente continua a ser ventilado “a todo vapor”. Até o momento, não vejo motivos para uma alteração do cenário político, que envolve a aprovação das reformas econômicas (em especial a Reforma da Previdência), mas temos que acompanhar de perto estes desdobramentos.

 

O BRL, além de seguir o humor global em torno do USD, continua negativamente impactado pela decisão do BCB na não rolagem dos swaps cambiais no mês passado. Acredito que o  câmbio continuará seguindo os fluxos externos em relação ao USD.

 

O Ibovespa parece ter encontrado um piso próximo aos 64 mil pontos. A melhora da dinâmica das commodities metálicas ajudou o humor do dia, a despeito de um petróleo ainda pressionado. Não vejo motivos, exceto pelo cenário de risco do Fed descrito acima, para correções mais profundas, e ainda vejo espaço para realocações nesta classe de ativo.   




Data: 13/03/2017

Update

 

A noite foi de agenda esvaziada. Os ativos de risco operam sem movimentações relevantes esta manhã, mas alguns movimentos chamam a atenção. A Treasury de 10 anos voltou a fechar taxa, falhando, neste primeiro momento, no rompimento do patamar de 2,6%. As commodities metálicas mostram alguma recuperação, a despeito do petróleo ainda mostrar fragilidade abaixo dos US$49. O dólar opera sem tendência definida, assim como as bolsas globais.

Os jornais locais de hoje continuam repercutindo a potencial abertura de cerca de 80 inquéritos derivados da delação premiada da Odebrecht. Já é esperado, também, que o debate em torno da Reforma da Previdência continue a ganhar corpo.

Os jornais deste sábado estão apenas repercutindo o intenso debate que acometeu o meio político em torno da criminalização (ou não) das doações eleitorais, seja via “caixa 1”, possivelmente fruto de corrupção, ou seja via “caixa 2”. A mídia está dando um amplo foco nesta discussão entre políticos, juristas e ministros do STF. 

Segundo os jornais, existe um movimento dentro do Congresso para tentar blindar o meio político de eventuais condenações frutos deste tipo de relação, especialmente às vésperas da abertura de inquéritos por parte da PGR e do STF em decorrência das delações premiadas da Odebrecht.

Nesta direção, é esperado que no começo da próxima semana a PGR entre com pedido junto ao STF, para a abertura de inquéritos envolvendo indivíduos com foro privilegiado. Estão ventilando a possibilidade de abertura de cerca de 80 inquéritos.

Eu continuo tratando este tipo de debate como sério e importante para o país, mas apenas como ruído para os mercados financeiros locais. Ainda não vi nenhum vetor concreto que venha a alterar a postura do Congresso e do atual Governo Temer no avanço das reformas econômicas.

O debate em torno da Reforma da Previdência continua e, como esperado, com a aproximação da votação da comissão especial, e provável encaminhamento para o plenário, os ruídos aumentam. Os partidos da base estão apresentando uma série de emendas e as articulações para possíveis alterações no texto base continuam.

Acredito que mudanças irão ocorrer na proposta original apresentada pelo governo. Este processo me parece natural e esperado, dentro do processo democrático. Contudo, precisamos ficar atentos à possíveis alterações na essência do texto original. Caso isso ocorra, o cenário para o país poderá mudar drasticamente, para pior. Acredito que o cenário central, de maior probabilidade, ainda seja de aprovação de uma Reforma da Previdência relevante para o país.  




Data: 13/03/2017

Brasil: Ruídos políticos continuam. Por ora, são apenas ruídos...

 

Os jornais deste sábado estão apenas repercutindo o intenso debate que acometeu o meio político em torno da criminalização (ou não) das doações eleitorais, seja via “caixa 1”, possivelmente fruto de corrupção, ou seja via “caixa 2”. A mídia está dando um amplo foco nesta discussão entre políticos, juristas e ministros do STF. 

Segundo os jornais, existe um movimento dentro do Congresso para tentar blindar o meio político de eventuais condenações frutos deste tipo de relação, especialmente às vésperas da abertura de inquéritos por parte da PGR e do STF em decorrência das delações premiadas da Odebrecht.

Nesta direção, é esperado que no começo da próxima semana a PGR entre com pedido junto ao STF, para a abertura de inquéritos envolvendo indivíduos com foro privilegiado. Estão ventilando a possibilidade de abertura de cerca de 80 inquéritos.

Eu continuo tratando este tipo de debate como sério e importante para o país, mas apenas como ruído para os mercados financeiros locais. Ainda não vi nenhum vetor concreto que venha a alterar a postura do Congresso e do atual Governo Temer no avanço das reformas econômicas.

O debate em torno da Reforma da Previdência continua e, como esperado, com a aproximação da votação da comissão especial, e provável encaminhamento para o plenário, os ruídos aumentam. Os partidos da base estão apresentando uma série de emendas e as articulações para possíveis alterações no texto base continuam.

Acredito que mudanças irão ocorrer na proposta original apresentada pelo governo. Este processo me parece natural e esperado, dentro do processo democrático. Contudo, precisamos ficar atentos à possíveis alterações na essência do texto original. Caso isso ocorra, o cenário para o país poderá mudar drasticamente, para pior. Acredito que o cenário central, de maior probabilidade, ainda seja de aprovação de uma Reforma da Previdência relevante para o país.  




Data: 10/03/2017

IPCA, Payroll e suas repercussões.

 

Dois eventos atraíram as atenções do dia:

Brasil – IPCA: O IPCA de fevereiro apresentou alta de 0,33% MoM e 4,76% YoY cerca de 10bps abaixo das expectativas. O quadro qualitativo também foi positivo, com difusão em queda e núcleos bem-comportados. Segundo nossa área econômica: O qualitativo da inflação foi muito bom em serviços e nos índices de difusão. IPCA abaixo de 4% é o cenário-base.

O número de hoje solidifica a possibilidade de uma aceleração no ciclo de queda de juros no país, se consolidando um cenário de um juro terminal na casa dos 8,0%-8,5% para este ciclo de queda da taxa Selic.

EUA – Dados de Emprego: Os dados de emprego de fevereiro ficaram basicamente dentro das expectativas, mostrando uma criação saudável de vagas de trabalho no mês (235 mil), uma taxa de desemprego baixa (4,7%), e um Horly Earnings em linha com o esperado (2,8% YoY), mostrando um processo apenas gradual de pressões inflacionárias provenientes dos salários.

Os números de hoje apenas reforçam o cenário para o Fed elevar a taxa básica de juros na reunião do FOMC na semana que vem em 25bps. Este cenário já está praticamente 100% precificado na curva local de juros.

A partir de agora, o importante será entender a velocidade com que se dará este processo de elevação das taxas de juros no país. Assim, eu apenas repito aqui o que venho escrevendo nos últimos dias:

Os ativos de risco estão se acostumando a um novo patamar de taxas de juros nos EUA, o que tem gerado alguma volatilidade e ruídos pontuais. Enquanto o crescimento global estiver favorável, acredito que estes momentos de maior volatilidade e incerteza serão pontuais. Caso venhamos a observar um cenário mais desafiador para o crescimento do mundo, a situação dos ativos de risco tende a ficar menos positiva, o que não parece ser o caso neste momento.

Estava classificando os movimentos dos últimos dias como uma realização de lucro natural, e até mesmo saudável, em mercados que apresentaram forte desempenho nas últimas semanas (EMFX, EM Rates, Commodities e afins). A dinâmica destes ativos, hoje, apresentou melhora.

Na semana que vem, o Fed será a última barreira para o retorno de um cenário mais construtivo para os ativos de risco. Caso Yellen e Cia consigam promover uma alta de juros sem criar expectativas de uma aceleração mais abrupta no ciclo de normalização monetária, a minha tese poderá ser confirmada. Caso contrário, precisarei reavaliar o cenário de curto-prazo.

Continuo acreditando no cenário de “reflation” global, mas muito mais concentrado e evidente nos EUA do que nas demais economias do mundo. O principal efeito disso deveria ser um aumento das taxas de juros no país, que deveria dar suporte ao dólar no mundo. Nos atuais níveis, tenho poucas convicções nas bolsas globais.

No Brasil, por ora, o patamar de 3,20 no BRL se mostrou uma forte resistência. Ainda vejo a moeda em um range em torno de 3,0-3,25 nos próximos meses.

Já vejo valor no Ibovespa, e espero uma continua alocação nesta classe de ativo ao longo do ano, com uma vasta gama de investidores (Institucionais, estrangeiros, pessoas físicas e etc) ainda muito sub alocados.

Mantenho minha tese de uma queda estrutural nas taxas de juros do país, preferindo a parte intermediária das curvas nominais e reais de juros neste momento.  




Data: 10/03/2017

Dia de agenda importante. Ativos no Brasil criaram valor nos últimos dias.

 

Os ativos de risco estão se acostumando a um novo patamar de taxas de juros nos EUA, o que tem gerado alguma volatilidade e ruídos pontuais. Enquanto o crescimento global estiver favorável, acredito que estes momentos serão pontuais. Caso venhamos a observar um cenário mais desafiador para o crescimento do mundo, a situação dos ativos de risco tende a ficar menos positiva, o que não parece ser o caso neste momento. 

 

A agenda econômica de hoje será extremamente importante, com IPCA no Brasil e os dados oficiais de emprego nos EUA. 

 

No Brasil, os jornais de hoje ainda reportam alguns ruídos em torno da Reforma da Previdência. Reforço que negociações em torno do texto original fazem parte do processo democrático e já eram esperadas. O importante é que a Reforma seja aprovada sem alterações na essência do projeto. Caso fique mais evidente, contudo, que uma Reforma substancial não consiga ser aprovada, o cenário para o país poderá sofrer uma alteração abrupta, para um caminha muito mais negativo. Ainda trabalho com um cenário de aprovação de um Reforma da Previdência saudável. 

 

Por ora, estou tratando os movimentos dos últimos dias como uma realização de lucro natural, e até mesmo saudável, em mercados que apresentaram forte desempenho nas últimas semanas. 

 

Por um lado, não vejo motivos concretos para um sell-off mais generalizado e permanente dos ativos de risc. Por outro lado, ainda vejo espaço para a curva de juros nos EUA precificar mais altas de juros por parte do Fed, o que pode vir a afetar ainda mais algumas classes de ativos e, eventualmente e pontualmente, o humor global a risco. 

 

Continuo acreditando no cenário de “reflation” global, mas muito mais concentrado e evidente nos EUA do que nas demais economias do mundo. O principal efeito disso deveria ser um aumento das taxas de juros no país, que deveria dar suporte ao dólar no mundo. Nos atuais níveis, tenho poucas convicções nas bolsas globais. 

 

No Brasil, nos atuais níveis, acredito que o BRL irá seguir o humor global a risco. Continuo não sendo um grande fã da moeda como um ativo para se ter alocação estrutural, acreditando que deverá permanecer em um range ao longo do ano. No atual patamar, próximo aos 3,2º, já vejo algum valor em posições táticas vendidas em dólar. Posições através de estruturas de opção podem ser uma maneira de mitigar os riscos de curto-prazo. 

 

No Ibovespa, a correção recente de preços já criou algum valor em ativos específicos. Ainda vejo espaço para alocações estruturais nesta classe (fundos de pensão, pessoas físicas, estrangeiros e afins), mas o curto-prazo promete ser um pouco mais desafiador. Favoreceria uma postura de incrementar alocação nesta classe de forma parcimoniosa. 

 

Finalmente, no mercado de juros, ainda vejo uma queda estrutural de taxas no país, mas o cenário de consolidação pode ser a regra do jogo no curto-prazo. Vis-à-vis a correção já ocorrida no BRL e no Ibovespa, os juros locais continuam extremamente comportados. O cenário de desinflação e a postura do BCB estão, certamente, ancorando este ativo, mas não podemos descartar correções pontuais mais acentuadas, porém de curto-prazo.




Data: 09/03/2017

Treasury 10 anos acima de 2,5%. Novos ruídos no Brasil.

 

A Treasury de 10 anos continua sua marcha de abertura de taxas, após o rompimento do patamar psicológico de 2,5%. Neste manhã, está movimento voltou a dar sustentação ao dólar no mundo, porém desta vez mais concentrado contra as moedas EM e as dependentes de commodities. As commodities metálicas também apresentam forte queda, no que aparenta ser uma clara realização de lucros dos exageros recentes. 

 

A agenda do dia será relativamente esvaziada, com o Jobless Claims em destaque nos EUA, as vésperas da divulgação dos dados oficiais de emprego de fevereiro no país, agendados para amanhã. 

 

Na China, o destaque ficou por conta dos indicadores de inflação. Enquanto o CPI apresentou forte queda na comparação YoY, o PPI voltou a acelerar. No caso do CPI, a queda é explicada por uma base elevada e pela desaceleração de Alimentação. É razoável supor que o Ano Novo Lunar esteja ajudando a distorcer os dados econômicos da China em janeiro e fevereiro. Assim, só poderemos tirar conclusões mais concretas em torno do cenário para o país a partir da divulgação dos dados de março. 

 

A Goldman Sachs fez um resumo dos dados divulgados hoje: 

 

CPI: +0.8% yoy (-1.8% mom ann*) in February vs. GS: +1.8% yoy, Bloomberg consensus: +1.7% yoy; January: +2.5% yoy (+0.1% mom ann). 

Food: -4.3% yoy in February. January: +2.7% yoy. 

Non-food: +2.2% yoy in February. January: +2.5% yoy. 

PPI: +7.8% yoy in February (+6.8% mom ann*) vs. GS: +7.8% yoy, Bloomberg consensus: +7.7% yoy; January: +6.9% yoy (+12.7% mom ann). 

(* seasonally adjusted, floating holiday adjusted by GS, annualized) 

 

No Brasil, a mídia está reportando a repercussão da decisão do STF em criminalizar doações “oficiais” como potencial crime. 

 

Segundo o Estado de São Paulo:

 

Na iminência dos pedidos de abertura de inquérito contra dezenas de congressistas pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, em razão das delações de ex-executivos da Odebrecht, parlamentares acusaram ontem o Supremo Tribunal Federal de se igualar à chamada “República de Curitiba” e querer “criminalizar” as doações legais no julgamento que tornou réu o ex-presidente do PMDB e senador Valdir Raupp (RO) por lavagem de dinheiro e corrupção passiva.

 

A denúncia da Procuradoria-Geral da República acolhida pela Corte foi de que os R$ 500 mil doados oficialmente pela construtora Queiroz Galvão à campanha de Raupp ao Senado em 2010 seriam “propina disfarçada” e que teriam origem no esquema de corrupção estabelecido na Diretoria de Abastecimento da Petrobrás. Esse foi o primeiro caso no Supremo referente à Lava Jato em que se admitiu que doações eleitorais oficiais podem ser consideradas pagamento de propina, tese defendida pela PGR.

 

Parlamentares avaliaram que a interpretação dada no caso do senador abre espaço para criminalizar quaisquer doações eleitorais registradas a candidatos e partidos políticos. “Consideramos que foi um equívoco do STF”, afirmou o líder do PT na Câmara, Carlos Zarattini (SP). “A aceitação da denúncia é muito grave, praticamente criminaliza as doações legais.”

 

Três criminalistas ouvidos pelo Broadcast Político, contudo, têm uma avaliação mais contida que os deputados. Eles consideram que para uma condenação no caso de Raupp terá de ficar claro se houve uma contraprestação para o recebimento dos recursos - o chamado ato de ofício. “Se existe apenas a doação e a palavra de um delator que nada vale, essa doação não pode ser tida como ilícita”, defende o advogado de Valdir Raupp, Daniel Gerber. “Não basta a mera expectativa de benefício, é preciso do ato concreto”, afirmou o advogado Celso Vilardi. “(A condenação) Não pode ficar nas mãos de um delator”, disse Antonio Carlos de Almeida Castro, o Kakay.

 

No tocante a Reforma da Previdência, a Folha de São Paulo continua a adotar um tom mais alarmista em relação a probabilidade de aprovação da Reforma:

 

Não vai dar Pessoas próximas ao ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, temem que a crise política que se avizinha com o avanço da Lava Jato possa travar a discussão das reformas. A da Previdência, apostam, não será aprovada até junho.

 

Falta um O enfraquecimento de membros do governo também preocupa. Meirelles, que teve impasses com Eliseu Padilha, agora reza pelo retorno do colega ao Planalto. Diz que, sem ele, aprovar mudanças na aposentadoria será tarefa hercúlea. 




Data: 08/03/2017

Realização de Lucros.

 

Nesta quarta-feira, pela primeira vez em algum tempo, os ativos de risco, de maneira geral, sentiram os efeitos da abertura das taxas de juros nos EUA. O movimento não foi generalizado, um clássico sell-off, já que as bolsas dos países desenvolvidos mostraram alguma resiliência. Contudo, observamos movimentos relevantes de correção nas commodities, EM e FX.

Por ora, estou tratando estes movimentos como uma realização de lucro natural, e até mesmo saudável, em mercados que apresentaram forte desempenho nas últimas semanas.

Por um lado, não vejo motivos concretos para um sell-off mais generalizado e permanente. Por outro lado, ainda vejo espaço para a curva de juros nos EUA precificar mais altas de juros por parte do Fed, o que pode vir a afetar ainda mais algumas classes de ativos e, eventualmente e pontualmente, o humor global a risco.

Continuo acreditando no cenário de “reflation” global, mas muito mais concentrado e evidente nos EUA do que nas demais economias do mundo. O principal efeito disso deveria ser um aumento das taxas de juros no país, que deveria dar suporte ao dólar no mundo. Nos atuais níveis, tenho poucas convicções nas bolsas globais.

No Brasil, nos atuais níveis, acredito que o BRL irá seguir o humor global a risco. Continuo não sendo um grande fã da moeda como um ativo para se ter alocação estrutural, acreditando que deverá permanecer em um range ao longo do ano.

No Ibovespa, a correção recente de preços já criou algum valor em ativos específicos. Ainda vejo espaço para alocações estruturais nesta classe (fundos de pensão, pessoas físicas, estrangeiros e afins), mas o curto-prazo promete ser um pouco mais desafiador. Favoreceria uma postura de incrementar alocação nesta classe de forma parcimoniosa.

Finalmente, no mercado de juros, ainda vejo uma queda estrutural de taxas no país, mas o cenário de consolidação pode ser a regra do jogo no curto-prazo. Vis-à-vis a correção já ocorrida no BRL e no Ibovespa, os juros locais continuam extremamente comportados. O cenário de desinflação e a postura do BCB estão, certamente, ancorando este ativo, mas não podemos descartar correções pontuais mais acentuadas.

No tocante ao cenário econômico, no Brasil, a Produção Industrial de janeiro ficou levemente acima das expectativas, com queda de 0,1% MoM. O cenário ainda é de um crescimento lento e uma recuperação gradual do país, mas existem evidências que apontam para um primeiro trimestre um pouco mais positivo para a atividade econômica. 

O dia foi marcado pela circulação de rumores em torno da frustração de receitas no âmbito fiscal, e para a possibilidade de implementação de novos impostos. Segundo a mídia, o presidente Temer seria contra a medida, mas Meirelles continua ventilando a possibilidade desta abordagem. 

Nos EUA, o ADP Employment apresentou criação de 298 mil vagas de trabalho em fevereiro muito acima das expectativas (187 mil). O número não apenas cria um upside para os dados oficiais de emprego a serem divulgados na sexta-feira, como reforçam um cenário de pleno emprego e hiato do produto praticamente fechado. 




Data: 08/03/2017

Treasury 10 anos acima de 2,5%, China apresenta déficit na balança comercial e fraco PIB no Brasil.

 

A Treasury de 10 anos parece estar rompendo o patamar “psicológico” de 2,5%, o que ETA dando algum suporte ao dólar no mundo, mas não afetando de forma permanente o humor global a risco. Caso o rompimento realmente ocorra, e acredito que seja questão de tempo para ocorrer, a velocidade de abertura das taxas será essencial para a dinâmica dos demais ativos de risco. 

 

Reforço minha opinião de que uma abertura gradual e prolongada das taxas de juros nos EUA poderá ser bem digerida pelos mercados financeiros globais, mas um processo mais acelerado e acentuado certamente causará impacto negativo no humor global a risco. Acredito que o processo de abertura estrutural das taxas de juros será um processo de “stop-and-go”, com momentos de consolidação, pontuados por momentos de abertura mais rápida e acentuada das taxas, com mudanças significativas de patamar. Neste caso, poderemos ter maior volatilidade e incerteza por parte dos ativos de risco em momentos específicos, porém pontuais. 

 

O destaque da noite ficou por conta de um inesperado déficit na balança comercial da China em fevereiro, com importações extremamente fortes, porém com exportações fracas. O número das importações está coerente com o cenário de recuperação do crescimento chinês, e do aumento de demanda por commodities. As exportações mais fracas, contudo, não são coerentes com todos os sinais inequívocos de recuperação da economia global. É muito provável que o período do Ano Novo Lunar na China tenha distorcido este indicador. Assim, precisaremos de mais alguns meses para tirar conclusões mais concretas em torno deste indicador. 

 

A Goldman Sachs fez um bom resumo dos números da China: 

 

"Exports: -1.3% yoy in February (GS: +8%, Bloomberg consensus: +14%). January: +7.9% yoy. Sequential export growth (month-over-month, seasonally and Chinese New Year adjusted by GS, non-annualized): -1.4% in February over January, vs. +0.1% mom sa in January over December. 

 

Imports: +38.1% yoy in February (GS: +24%, consensus: +20%). January: +16.7% yoy. Sequential import growth (month-over-month, seasonally and Chinese New Year adjusted by GS, non-annualized): +2.7% in February over January, vs. +3.6% in January over December. 

 

Trade balance: US$-9.1bn NSA (GS: US$15.4bn, consensus: US$27 bn) in February. January: US$51.3bn." 

 

No Brasil, a equipe econômica já considera aumento de impostos para atingir a meta fiscal deste ano, mesmo com a aparente contrariedade do presidente em torno do tema. A divulgação do PIB do 4Q, e o número fechado de 2016, com forte queda do crescimento do país, apenas confirmou um quadro de extrema fragilidade da economia do país. 

 

As negociações em torno da Reforma da Previdência continuam. Vemos sinais de que alguns pontos devem ser negociados e alterados no texto original, mas a essência da matéria, por ora, parece que está sendo garantida. Caso comece a observar mudanças na estrutura principal do texto, e a Reforma comece a ficar desfigurada, teremos um grave problema para o país e o cenário construtivo precisará ser revisitado. Este ainda não é o cenário base, mas precisa ser acompanhado. 

 

Em relação ao PIB divulgado ontem, segundo nossa Área Econômica: 

 

"O PIB veio mais ou menos em linha com o esperado no ano/ano (-2,5%), embora tenha havido uma surpresa no dessaz (mas por aspectos técnicos no ajuste sazonal). O segmento de serviços foi o principal destaque negativo (pela ótica da oferta).Na ótica da demanda, a formação bruta de capital fixo apresentou uma expressiva queda no quarto trimeste (-1,6% t/t dessaz); 

 

>> Estamos projetando crescimento de 0,4%/0,5% para 2018; 

 

>> Houve um forte afrouxamento das condições financeiras e elevação dos termos de troca, mas o hard data continua sugerindo fraqueza no curto prazo. O que pode dar uma sensação melhor de crescimento do PIB no primeiro trimestre é a forte expansão da produção agrícola; 

 

>> Há uma literatura de assimetria da atividade em relação ao ciclo de ajuste monetário (em aperto a atividade responde mais e em afrouxamente o hiato responde menos) que sugere que embora as condições estejam mais frouxas, a resposta da atividade pode demorar mais (leva-se o cavalo para a beira do rio, mas não há garantia que o cavalo beberá a água); 

 

>> Questões de endividamento e desalavangem das empresas e famílias devem continuar atrapalhando no curto prazo; 

 

>> Serviços/consumo devem continuar refletindo a fraqueza no mercado de trabalho e crédito; 

 

>> O carrego estatístico é negativo em -1,1p.p. para 2017; 

 

>> O setor externo contribuiu negativamente (em -0,6p.p.) para a taxa tri/tri dessaz do PIB no quarto trimestre, enquanto o ajuste nos estoques contribuiu positivamente (+0,4p.p.);




Data: 08/03/2017

Atenção a Treasury 10 anos, depoimentos da Odebrecht e agenda legislativa nos EUA.

 

Os ativos de risco estão passando por um período de consolidação, sem tendências claras de curto-prazo. O ativo que mais tem atraído minha atenção no curto-prazo é a curva de juros nos EUA e, em especial, as taxas longas do país. A Treasury de 10 anos está testando o patamar “psicológico” de 2,5%, em mais uma tentativa de rompimento definitivo deste patamar. Caso isso ocorra, e acredito que seja questão de tempo para ocorrer, a velocidade de abertura das taxas será essencial para a dinâmica dos demais ativos de risco. 

 

Uma abertura gradual e prolongada poderá ser bem digerida pelos mercados financeiros globais, mas um processo mais acelerado e acentuado certamente causará impacto negativo no humor global a risco. Acredito que o processo de abertura estrutural das taxas de juros será um processo de “stop-and-go”, com momentos de consolidação, pontuados por momentos de abertura mais rápida e acentuada das taxas, com mudanças significativas de patamar. Neste caso, poderemos ter maior volatilidade e incerteza por parte dos ativos de risco em momentos específicos, porém pontuais. 

 

No Brasil, um artigo de capa da Folha de São Paulo afirma que um executivo da Odebrecht, em depoimento ao TSE, confirmou um encontro com o atual Presidente Michel Temer, onde foi pedido ajuda financeira para a campanha eleitoral. O artigo não comenta, contudo, se o dinheiro foi providenciado, não fala em valores e nem se a possível doação foi feita de maneira oficial (ou não). O artigo me parece mais um ruído pontual, com uma notícia requentada, do que um risco real ao cargo de Temer e/ou ao avanço das reformas econômicas. Riscos existem, e devem ser monitorados, mas esta notícia não me parece suficiente para alterar o quadro político local. 

 

A mídia continua dando destaque as negociações que envolvem a Reforma da Previdência. Até o momento, o avanço está em linha com o esperado. Alguns pontos devem ser alterados, mas a essência do texto parece que será preservada. 

 

Na Alemanha, o Factory Orders apresentou forte queda de 7,4% MoM em janeiro, muito abaixo das expectativas de queda de 2,5% MoM e após forte alta de 5,2% MoM em dezembro. O número pode ter sido afetado por questões de calendário (Ano Novo Lunar na China) e não pode ser lido a valor de face. Vamos precisar de mais dados antes de conclusões precipitadas a respeito do crescimento do país/região. 

 

Nos EUA, os Republicanos divulgaram na noite de ontem seu plano para o “Repeal and Replace” do Obamacare. O avanço deste processo está atrasado, mas a apresentação deste plano, agora, deve ser vista como positiva, pois pode unir, novamente, o partido de Trump, abrindo espaço para a implementação da agenda econômica, cujas expectativas haviam sido diluídas nas últimas semanas.




Data: 07/03/2017

A Lista de Janot / China: Meta de 6,5% para o PIB

 

Os jornais de hoje estão dando ampla cobertura, é grande destaque, as investigações que, em breve, serão pedidas por Rodrigo Janot, ao STF, em torno de políticos com foro privilegiado.

 

A mídia continua alardeando que as investigações podem causar um grande estrago no quadro político, inviabilizando as reformas econômicas. Por outro lado, o Governo reage da maneira correta, buscando focar nas reformas, acelerando o processo de aprovação e tentando blindar Michel Temer. Por ora, ainda não há sinais de instabilidade no governo e nem aas reformas parecem em risco. De qualquer maneira, precisamos acompanhar a situação no detalhe.

 

Segundo a Folha de São Paulo:

 

"O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, pedirá nos próximos dias ao STF (Supremo Tribunal Federal) a abertura de inquérito para investigar pelo menos dois ministros do governo de Michel Temer, além de senadores do PMDB e do PSDB, todos citados nas delações premiadas da Odebrecht.

 

De acordo com quem tem acesso às delações, Janot e sua equipe estudam, ainda, a viabilidade jurídica de incluir ou não o nome do presidente Michel Temer como alvo de inquérito.

 

Pela Constituição, o presidente da República não pode ser investigado por atos cometidos fora do período do mandato. Temer assumiu a presidência no ano passado, com o impeachment de Dilma Rousseff."  

 

Para O Globo:

 

"A expectativa por uma nova lista com dezenas de investigados de diversos partidos, desta vez com base nas delações da Odebrecht, faz parlamentares preverem um “cataclismo” no cenário político para os próximos meses. Aliados do governo Michel Temer trabalham, agora, para tentar salvar as reformas previdenciária e trabalhista do turbilhão de acusações. A Procuradoria-Geral da República deve encaminhar ao Supremo Tribunal Federal, nesta semana, uma lista com mais de 30 pedidos de abertura de inquérito contra deputados, senadores e ministros suspeitos de receberem propina da Odebrecht. Na segunda lista de Janot estão ainda governadores e pelo menos um ministro do Tribunal de Contas da União.

 

Na China, a Bloomberg divulgou um artigo em que afirma que o NPC colocou como meta de PIB para este ano 6,5%, ou mais, se possível. A meta ficou em linha com o esperado, porém existia um risco da meta ficar em uma banda um pouco abaixo, em torno de 6,0%-6,5%, com maior foco nas reformas e na administração de problemas em mercados específicos. Assim, a notícia deve ser vista como positiva pelo mercado, mostrando ainda disposição do governo em manter um crescimento saudável e estável, mesmo diante dos desafios impostos por uma economia mais madura, e com uma dívida/PIB em níveis alarmantes."

 

De acordo com a Bloomberg:

 

"China set a 2017 growth target of about 6.5 percent or higher if possible as focus shifts to easing risk and ensuring stability before a twice-a-decade leadership transition this year.

 

The objective outlined Sunday in the government work report by Premier Li Keqiang to the National People’s Congress gathering in Beijing compares with last year’s goal of expansion in a range of 6.5 percent to 7 percent. The M2money supply growth target was lowered to about 12 percent from 13 percent last year, while the fiscal budget deficit ratio goal will be 3 percent of gross domestic product, unchanged from 2016.

 

Top leaders working to underpin an economic expansion that proved resilient last year also are shifting to a more neutral policy to reduce financial risks from excessive borrowing. Economic and social stability are key priorities before President Xi Jinping and his cadres gather later this year for the reshuffle of top officials." 




Data: 03/03/2017

All eyes on Yellen!

 

Os ativos de risco estão abrindo próximos a estabilidade, a espera do discurso de Yellen, agendado para a tarde de hoje. Destaque apenas para mais uma rodada de pressão nas bolsas dos países desenvolvidos está manhã, assim como para uma nova rodada de queda no preço das commodities metálicas. 

 

Na China, o Caixin Services PMI caiu de 53,1 para 52,6 pontos em fevereiro. 

 

Na Área do Euro, o Markit Services PMI passou de 55,6 para 55,5 pontos em sua última leitura para fevereiro. 

 

No Brasil, os jornais continuam dando destaque ao depoimento de Marcelo Odebrecht para o TSE. Segundo as informações que circulam na imprensa, Marcelo negou a participação de Michel Temer em qualquer negociação para o pagamento de doações eleitorais para as campanhas à presidente da república.

 

Os desdobramentos recentes , por um lado, afastam o risco de maior envolvimento de Temer nas delações premiadas que estão para se tornar públicas. Por outro lado, contudo, dado o envolvimento de outros personagens do PT e PMDB nas investigações, aumentam-se as chances de um desdobramento negativo para a chapa Dilma-Temer nas investigações do TSE. O prolongamento das investigações, todavia, atua na direção de ajudar a continuidade do andamento das reformas econômicas no congresso. 




Data: 03/03/2017

Fed: Oops, we did it again!

 

Nesta quinta-feira, pela primeira vez em muito tempo, os ativos de risco reagiram de forma mais negativa a abertura de taxas de juros nos EUA. Ontem à tarde comentei que: 

 

"Na minha visão, enquanto o processo de normalização monetária por parte do Fed for percebido como gradual, a abertura das taxas de juros nos EUA será gradual e em etapas, o que permitirá um bom desempenho dos ativos de risco em geral. Caso comece a ficar a percepção de que o Fed está “behind the curve”, ou a curva passe a precificar, de maneira rápida e acentuada, um ritmo de elevação dos Fed Funds muito mais agressivo (digamos, com 3 ou 4 altas de 25bps por ano, ou mais), então poderemos conviver com um ambiente de maior instabilidade e volatilidade. Este ainda não é cenário base." 

 

Hoje, o Jobless Claims atingiu o menor patamar desde 1973, ou cerca de 44 anos, confirmando um mercado de trabalho extremamente robusto, uma economia próxima (ou já ultrapassando) o pleno emprego e um hiato do produto praticamente fechado. Com a Treasury 10 anos testando novamente os 2,50%, mas ainda não rompendo este patamar, os ativos de risco (EM, Commodities metálicas e afins) apresentaram um dia de maior instabilidade. 

 

Reforço minha visão de que ainda vejo um processo relativamente longo e estrutural de alta de juros nos EUA, que deveria dar suporte ao dólar, mas de forma cada vez mais localizada. 

 

Ainda vejo o patamar de 2,50% nas Treasuries de 10 anos como excessivamente baixo, com amplo espaço para abertura de taxas diante do cenário econômico que se apresenta. Isso, antes mesmo de qualquer medida de estímulo da política econômica de Trump (suma implementação é bastante incerta, mas a direção de seu governo me parece clara, o que tende apenas a acentuar o quadro descrito acima). 

 

Assim, por mais que eu ainda veja um cenário em que este processo (alta de juros nos EUA) ocorra de maneira gradual, não podemos descartar momentos de maior incerteza, volatilidade e instabilidade, como o verificado hoje. 

 

No Brasil, as Notas do Copom reforçaram a mensagem dovish do comunicado após a reunião, e abriram uma janela, buscando flexibilidade, para uma eventual aceleração do ciclo de queda da taxa Selic. Neste momento, contudo, o cenário externo retorna como um vetor que precisará ser acompanhado no detalhe antes de conclusões mais concretas em torno deste tema. 

 

Os ativos no Brasil acabaram seguindo o movimento global, com dólar em forte alta, abertura de taxas de juros e queda da bolsa. Pretendo utilizar movimentos como o de hoje, movidos apenas pelo cenário externo, como potencial oportunidade para elevar as alocações em ativos do país, mas sabendo que poderemos ter um caminho mais tortuoso no curto-prazo, vis-à-vis o cenário totalmente construtivo que vivenciamos neste início de ano.




Data: 02/03/2017

Investigações do TSE no Brasil e Plano de Infraestrutura nos EUA.

 

Em uma noite de poucas novidades na agenda econômica, os ativos de risco estão mantendo as tendências dos últimos dias, com destaque para um movimento de fortalecimento do dólar no mundo um pouco mais generalizado, porém pouco acentuado, neste momento. 

 

A agenda do dia terá como destaque o Jobless Claims nos EUA. As Notas do Copom serão o destaque da agenda no Brasil. 

 

Segundo a Bloomberg, Trump dará hoje o pontapé inicial em seu projeto para investimentos de cerca de US$1 trilhão em infraestrutura para os EUA. De acordo com a matéria: 

 

"President Donald Trump’s administration will convene a meeting of at least 15 federal agencies Thursday as a first government-wide step toward crafting the president’s $1 trillion infrastructure initiative, a senior White House official said."

 

"Gary Cohn, director of the National Economic Council, will lead the meeting, which will focus on identifying new projects that would boost the economy; finding existing projects, such as the Keystone XL pipeline, that could be expedited; targeting policies, outdated rules and laws that could delay projects; and developing funding and financing options, the official said." 

 

No Brasil, em depoimento ao TSE, segundo ampla cobertura da mídia essa manhã, Marcelo Odebrecht teria isentado Michel Temer da participação em possíveis doações de “caixa 2” a campanha eleitoral da Chapa Dilma-Temer. Contudo, Marcelo confirmou, de acordo com a mídia, a utilização de doações não oficiais a chapa nas últimas campanhas para presidente da república. 

 

Acredito que a ação do TSE ainda deverá demorar em ter um desfecho final, o que dá alguma tranquilidade para que o Governo Temer continue trabalhando na aprovação das reformas econômicas. O fato de Marcelo ter isentado Temer na participação das doações, deve ser visto como positivo, pois retira um risco grande do atual governo. Contudo, o depoimento não impede, ainda, a possibilidade de problemas no TSE para toda a chapa envolvida nas investigações. 




Data: 02/03/2017

Update.

 

Os ativos de risco basicamente mantiveram os movimentos verificados (e já comentados neste fórum) no início do dia, com a abertura de taxa de juros nos EUA dando suporte ao USD contra as moedas “low yields”, em um ambiente de bom desempenho dos ativos de risco como um todo. 

 

Os ativos do Brasil também apresentaram bom desempenho, conseguindo diferenciar os ruídos políticos, de um potencial problema de fato para a aprovação das reformas econômicas. A pesquisa Focus, divulgada pelo BCB, mostrou mais uma rodada de recuo das expectativas de inflação para 2017, o que está ajudando a ancorar a curva local de juros. 

 

A agenda do dia manteve a tendência recente, com um ISM Manufacturing acima das expectativas nos EUA, e atingindo o maior patamar deste ciclo econômico, e um Core PCE em linha com o esperado, confirmando que o Fed está muito próximo de atingir seus mandatos. 

 

Na minha visão, enquanto o processo de normalização monetária por parte do Fed for percebido como gradual, a abertura das taxas de juros nos EUA será gradual e em etapas, o que permitirá um bom desempenho dos ativos de risco em geral. Caso comece a ficar a percepção de que o Fed está “behind the curve”, ou a curva passe a precificar, de maneira rápida e acentuada, um ritmo de elevação dos Fed Funds muito mais agressivo (digamos, com 3 ou 4 altas de 25bps por ano, ou mais) ai poderemos conviver com um ambiente de maior instabilidade e volatilidade. Este ainda não é cenário base. 

 

Ainda vejo um processo relativamente longo e estrutural de alta de juros nos EUA, que deveria dar suporte ao dólar, mas de forma cada vez mais localizada. 

 

No Brasil, enquanto a percepção de que as reformas econômicas serão implementadas, em meio a um ambiente externo favorável, deveremos ter a continuidade do bom desempenho dos ativos locais. Continuo gostando dos FRAs intermediários da curva real e nominal de juros. Ainda vejo espaço para realocações no mercado de renda variável. Acredito que o BRL possa buscar um novo range, em torno de 3,00-3,25, abaixo do range que via no início do ano, em torno de 3,10-3,50. Contudo, continuo não sendo um grande otimista com ganhos de capital na moeda local.




Data: 02/03/2017

Fed, Trump, China PMI, Política Brasil.

 

As últimas 12 horas foram bastante importantes para o cenário econômico global. Vamos aos principais eventos e suas repercussões: 

 

EUA – No final da tarde de ontem, dois importantes membros do Fed, e considerados “centristas” dentro da instituição, ou seja, vistos como o pensamento médio do comitê, Williams e Dudley apresentaram mensagens bastante claras e direcionadas de que uma alta de 25bps nos Fed Funds na reunião do FOMC de março deverá ser considerada. Está foi a indicação mais clara de todas as emitidas até o momento, em um claro esforço do Fed em preparar o mercado para seu próximo passo de política monetária. 

 

O mercado reagiu de maneira clássica, com a curva de juros passando a precificar cerca de 70% de probabilidade de uma alta de juros de 25bps de juros em março, levando a uma abertura de toda a curva de juros nos EUA. Este movimento acabou dando suporte ao USD no mundo. Como o mercado ainda vê o processo de normalização monetária como gradual, as bolsas e as commodities continuam digerindo este processo de maneira tranquila. 

 

Durante a noite, Trump proferiu seu tão esperado discurso ao Congresso. Eu, particularmente, achei sua fala mais ponderada e conciliadora, mesmo que mantendo suas linhas gerais de atuação. O discurso não trouxe detalhes adicionais em torno de seu plano econômico, mas reforçou as linhas gerais em torno do estímulo ao crescimento, baseado em cortes de impostos e um plano de incentivos fiscais, ambos ditos pelo presidente como agressivos. No tocante a política externa/”trade”, Trump ainda dá sinais de que pretende adotar uma postura dura nas negociações, não afastando a possibilidade na imposições de tarifas “protecionistas” e/ou alguma medida aos moldes do “Border Adjustament Tax (BAT)”. 

 

China – Os PMI´s Manufacturings divulgados hoje, tanto do Caixin como o oficial, apresentaram alta e ficaram acima das expectativas em fevereiro. Os números continuam mostrando um quadro de robustez da economia: Segundo o Morgan Stanley: The official manufacturing PMI unexpectedly rebounded to 51.6 in February (vs. 51.3 in January, Consensus: 51.2; MSe: 51.0). Separately, Caixin manufacturing PMI (whose sample is skewed towards SMEs and private companies) also rose to 51.7 in February (vs. 51.0 in January). 

 

Brasil – Os jornais de hoje continuam especulando em torno das dificuldades que o governo encontrará para aprovar a Reforma da Previdência. Com o retorno do recesso, e o fim do Carnaval, a mídia deverá retomar o foco no quadro político, deixando de lado as amenidades que marcaram a cobertura do Carnaval. 

 

Acredito que deveremos ter um aumento do ruído envolvendo a Reforma da Previdência, além de novas especulações em torno de envolvidos e/ou investigados na Operação Lava-Jato. Isso pode deixar o cenário um pouco mais volátil. 

 

De qualquer maneira, acredito que devemos manter o foco no avanço da Reforma da Previdência. Caso está avance sem alterações em sua essência, todo o resto deverá ser visto como ruído pontual. Caso a aprovação comece a se tornar mais complicada e/ou sua essência seja alterada, o cenário construtivo para o país poderá ser totalmente revertido. 

 

Segundo O Globo: Sem seu principal articulador no Congresso, o ministro Eliseu Padilha (Casa Civil), que está de licença médica, o presidente Michel Temer terá que assumir o comando das negociações das reformas que tramitam na Câmara, em especial a da Previdência. Com pressa para aprovar as mudanças no sistema de aposentadoria e pensão, Temer reorganizou na semana pré-Carnaval sua tropa de choque na Casa, tirando de destaque o então líder do governo, André Moura (PSC-SE). O presidente entregou o cargo ao PP do deputado Aguinaldo Ribeiro (PB), um dos maiores partidos da base aliada e criou a liderança da maioria, cargo que passa a ser ocupado por Lelo Coimbra (PMDB-ES), para acalmar a bancada do seu partido que reclama sistematicamente de falta de espaço nos governos dos quais participa. A saída de Moura da liderança também atende ao presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), que pediu sua demissão por divergências políticas. 

 

De acordo com a Folha de São Paulo: Metade dos integrantes da comissão especial da Câmara dos Deputados que analisa a reforma da Previdência se opõe à exigência de idade mínima de 65 anos para aposentadoria, e a maioria discorda de outros pontos cruciais da proposta apresentada pelo presidente Michel Temer




Data: 02/03/2017

EUA: Economia robusta. Atenções o Trump e ao Fed.

 

A terça-feira teve como destaque mais uma rodada de dados econômicos robustos nos EUA, o que manteve a precificação de cerca de 50% de probabilidade de uma alta de juros por parte do Fed em março. Além dos dados econômicos, a mídia aumentou as especulações em torno do discurso de Trump está noite. A possibilidade de implementação de alguma forma de “Border  Adjustment Tax” voltou a pauta, assim como alguma forma de expansão fiscal e algum pacote de infraestrutura. 

 

Enquanto temos poucas informações em torno da política econômica de Trump, e da velocidade de sua implementações, a economia dos EUA continua mostrando um quadro de robustez, com um hiato do produto praticamente fechado e um mercado de trabalho muito próximo a pleno emprego, o que por si só já justifica a continuidade do processo de normalização monetária por parte do Fed, mais cedo do que tarde. A potencial política econômica de Trump apenas aceleraria este processo. 

 

O PIB do 4Q ficou estável em 1,9% QoQ Anual., abaixo das expectativas de 2,1%. A abertura mostrou robustez do Consumo, e alguma fraqueza dos Gastos Governamentais e Investimentos, o que deverá ser reforçado no Governo Trump. O Chicago PMI subiu de 50,3 para 57,4 pontos em fevereiro, acima das expectativas de 53,5 pontos. O Consumer Confidence passou de 111,6 para 114,8, também acima das expectativas.




Data: 02/03/2017

EUA: Curva de juros volta a precificar alta de juros em março.

 

O destaque do dia ficou por conta da reprecificação do mercado em torno da reunião do FOMC de março, que passou a precificar cerca de 50% de probabilidade de alta de 25bps. A parte longa da curva “devolveu” grande parte do fechamento de taxas de juros apresentado na sexta-feira. 

 

Parte deste movimento pode ser explicado pela redução da percepção em torno do risco das eleições na França, com as últimas pesquisas apontando para a vitória de um candidato mais moderado (Macron).

 

Além disso, o orçamento de Trump começa a ganhar corpo, com a mídia reportando uma alta de 10%, ou cerca de US$55bi nos gastos militares.

 

O Durable Goods Orders ficou abaixo das expectativas, mas após revisão altista do mês anterior. O número pode ser classificado como apenas levemente abaixo das expectativas, mas pode ter sido distorcido pela data do Ano Novo Lunar na China. 

 

A agenda econômica continua carregada amanhã cedo, mas todas as atenções estarão voltadas ao discurso de Trump no Congresso.




Data: 02/03/2017

Semana de agenda determinante nos EUA

 

No Brasil, após um sábado de intensa cobertura do mídia em torno dos obstáculos à frente do Governo Temer neste momento, o domingo deu lugar a cobertura do Carnaval, sem maiores desdobramentos em torno dos problemas que afetam o governo no curto-prazo. 

 

No cenário internacional, o final de semana não trouxe um fluxo de notícias intenso. A agenda da semana será mais carregada de indicadores econômicos nos EUA, que podem determinar os próximos passos de política monetária por parte do Fed. 

 

Além disso, todas as atenções estarão voltadas ao discurso de Trump no Congresso. Espera-se que o presidente dos EUA apresente, no mínimo, um panorama geral de sua agenda econômica. Nas últimas semanas, o mercado reduziu substancialmente as expectativas e o timing esperado para a implementação de uma agenda agressiva de corte de impostos, incentivos fiscais e um plano de recuperação de infraestrutura. Trump terá a oportunidade de retomar essas expectativas, ou reforçar os receios do mercado em torno de sua agenda.

 

Na Europa, os ruídos em torno das eleições na França precisam ser monitorados, já que vem afetando de forma clara a dinâmica do mercado de papeis soberanos na Europa, com reverberações para o resto do mundo desenvolvido.

 

Finalmente, ainda existe uma dúvida de até que ponto a aparente estabilidade da economia da China será sustentada.




Data: 02/03/2017

Brasil: Velhos ruídos políticos.

 

Os jornais de hoje estão dando ampla cobertura e atenção as denúncias realizadas no final da semana passada contra o Ministro da Casa Civil Eliseu Padilha. O Ministro está afastado do cargo por problemas de saúde. De acordo com a mídia, contudo, citando pessoas próximas ao Planalto, o retorno de Padilha estaria comprometido, e seria extremamente difícil na atual conjuntura. 

 

Padilha é visto como um importante articulador político junto ao Congresso, além de fiador das Reformas Econômicas. Sua saída seria uma perda grande ao Governo Temer, e mais um importante personagem do entorno do Presidente ao ser obrigado a abandonar o cargo nos últimos meses. 

 

Existem especulações de que Henrique Meirelles poderia assumir a pasta, deixando o Ministério da Fazenda para mais um economista de renome. Sua indicação daria impulso a uma eventual candidatura a presidente de Meirelles em 2018, e não, necessariamente, enfraqueceria a Fazenda caso um economista de respeito fosse indicado ao cargo. O risco, contudo, é que Meirelles não tenha o mesmo traquejo político de Padilha no tocante ao diálogo com o Congresso, e que o novo nome da Fazenda não fosse forte o suficiente para tocar as reformas econômicas. Por ora, tudo não passa de especulação. 

 

Na minha visão, é inegável que o Governo passa por um momento delicado, que merece atenção especial. O Carnaval pode ajudar a acalmar ao ânimos. Acredito que a mídia continua exagerando, por vezes, para o lado negativo, a real situação do Governo. 

 

De qualquer maneira, temos que manter o foco no andamento das reformas. Enquanto a aprovação (em especial) da Reforma da Previdência esteja caminhando, o cenário segue construtivo, a despeito de ruídos pontuais. Se começarmos a observar sinais de dificuldades maiores em sua aprovação, ou em um eventual cenário em que a Reforma seja desfigurada, o cenário pode se tornar extremamente negativo.    




Data: 24/02/2017

Brasil: Ruídos políticos.

 

Os ativos de risco estão operando com um leve viés negativo esta manhã, mas sem novidades relevantes para o cenário. A agenda econômica do dia será esvaziada.

 

As atenções, neste momento, estão voltadas para o discurso de Trump no Congresso na semana que vem, além de uma agenda mais carregada de indicadores econômicos nos EUA. A agenda de dados da semana que vem podem retomar as expectativas de uma possível alta de juros, mais cedo do que tarde, ou reforçar a queda nas expectativas de uma alta de juros por parte do Fed já em março.

 

No Brasil, o colunista Lauro Jardim, do O Globo, trouxe uma entrevista com um ex aliado, e assessor de longa data de Michel Temer, já citado na Operação Lava-Jato e afastado do Governo. Ele confirma que foi utilizado por outros personagens supostamente envolvidos no escândalo como mula para carregar recursos potencialmente ilícitos. A entrevista confirma o que teria sido reportado pela delação premiada da Odebrecht.

 

No Congresso, Temer precisa apaziguar os ânimos da base, após o vice-presidente da Câmara, membro do PMDB de Minas Gerais, anunciar seu rompimento do Governo. Aparentemente, o deputado não teria ficado satisfeito com a indicação do novo Ministro da Justiça. 

 

Por ora, estes vetores me parecem apenas ruídos políticos pontuais, que não deveriam se desenvolver ou ganhar proporções maiores. Contudo, com o avanço da essencial Reforma da Previdência, precisamos estar atentos ao quadro político, já que a aprovação das reformas são essenciais para a manutenção de um quadro construtivo para o país.




Data: 23/02/2017

Mercados questionam Trump.

 

O dia foi de divulgação de poucos dados econômicos. O destaque ficou por conta de rumores de que o prometido pacote econômico de Trump nos EUA, em especial a parcela relativa a um plano de infraestrutura, poderia ser adiada para 2018. A ausência de um plano econômico concreto, aliado a demora no avanço “repeal and replace” para o “Obama Care” estão colocando um ponto de interrogação grande no mercado. Além disso, o mercado tem tido uma leitura mais dovish em relação as últimas sinalizações do Fed, o que está ajudando a conter o movimento das taxas de juros e mantendo o dólar em uma leve tendência de baixa. 

 

Eu continuo a ver uma economia muita próxima ao pleno emprego, com o hiato do produto praticamente fechado. Acredito que o Fed irá agir com cautela na normalização monetária (alta de juros), mas estão crescendo os riscos de uma aceleração no processo inflacionário. Uma possível agenda econômica mais agressiva por parte de Trump só iria atuar para acelerar este processo. 

 

No resto do mundo, ainda vejo uma dispersão grande em cada país (e/ou região). Enquanto as principais economias do mundo mantêm uma trajetória saudável de recuperação (Reflation), como na Europa e na China, ainda vejo sinais de fragilidade em alguns países, como na Austrália e no Canadá, por exemplo. Ainda trabalho com um cenário de desaceleração para a economia da China, induzida por medidas de aperto, nos próximos 3 a 6 meses, mas a economia pode se manter estável no curto-prazo (1 a 3 meses). Vejo os eventos políticos na Europa como ruídos de curto-prazo, que podem causar momentos repentinos de volatilidade. 

 

No Brasil, o mercado de juros reagiu de maneira clássica ao comunicado e a decisão do Copom, com um forte fechamento da curva de juros, de maneira relativamente homogênea. Ainda vejo espaço para a compressão de prêmios da parte intermediária das curvas nominais e reais de juros. 

 

A quinta-feira foi de realização de lucros no Ibovespa. Acredito que parte do movimento seja explicado pelo cenário externo, com alguma pressão sobre as commodities metálicas em cima da decepção momentânea com a política econômica de Trump. Além disso, alguns setores específicos, como Real Estate, sofreram pressões pontuais. Vejo o movimento de hoje como uma correção natural em meio a um ambiente ainda construtivo para o país, mas mostra que ainda somos dependentes de um cenário externo construtivo para o bom desempenho de alguns importantes setores locais. 

O BRL continua seguindo o humor global em torno do USD, em meio a um cenário local construtivo.




Data: 23/02/2017

Copom em Foco.

 

Os ativos de risco estão operando próximos a estabilidade, ainda digerindo as Minutas do FOMC divulgadas na tarde de ontem. 

 

No Brasil, o Copom anunciou uma esperada queda de 75bps na Taxa Selix, como era amplamente esperado. O comunicado da decisão, contudo, abriu uma janela para um eventual corte mais acentuado nas próximas reuniões, caso o cenário de inflação e crescimento permita tal estratégia. A decisão está em linha com o que escrevi neste fórum as vésperas da reunião: Espero que o BCB mantenha o ritmo de corte de 75bps da Taxa Selic, com a possível sinalização de que o ciclo possa se estender de maneira prolongada caso o cenário permita tal estratégia. Como trabalhamos com uma inflação abaixo do centro da meta para este ano, e uma recuperação extremamente lenta e gradual do crescimento, acreditamos que haja espaço para a continuidade do ciclo de corte de juros ao longo de 2017 e, provavelmente, adentrando 2018. 

 

Diante deste comunicado do BCB, é natural supor que a curva de juros permanece bem ancorada, em uma clara tendência de fechamento de taxas. Gosto dos FRAs intermediários da curva nominal e real de juros, onde ainda vejo um prêmio de risco excessivo diante do cenário que tem sido apresentado.




Data: 23/02/2017

IPCA15, FOMC e França.

 

A quarta-feira foi marcada por algumas importantes divulgações, e ainda teremos a decisão do Copom, no Brasil, no começo da noite. Vamos aos principais eventos do dia. 

 

Brasil – o IPCA-15 de fevereiro ficou levemente (4bps) acima das expectativas. A despeito da surpresa negativa (altista) o número não altera de forma significativa o cenário favorável para a inflação no país. Como nossa área econômica mostra abaixo, o qualitativo do indicador continua mostrando um quadro de forte desinflação. De maneira geral, o IPCA-15 reforça as expectativas para um corte de 75bps na Taxa Selic. 

 

De acordo com nossa área econômica: O IPCA como um todo rodando bem abaixo da meta na média móvel trimestral anualizada (dessaz). O índice de difusão (% dos subitens em alta) em um patamar baixo (após ajuste sazonal), em 53,9% (vs. média histórica 62,8%); A porção de bens rondando em deflação na média móvel trimestral anualizada dessaz (-2%); O segmento de bens (ex alimentos) – produtos industriais) rodando em 2,4% na MM3MA, enquanto serviços em 3,2%; Há observado uma rápida queda nas médias móveis trimestrais nos últimos meses. 

 

EUA – Na minha visão, as Minutas do FOMC foram neutras. O texto mostra um comitê cada vez mais confortável com o cenário construtivo para a economia do país, mesmo não incorporando nenhum incentivo fiscal e/ou tributário da nova administração. O Fed tem tentando sinalizar que será “dependente dos dados”. Na margem, observamos dados acima das expectativas, especialmente no tocante a inflação (Core CPI) e “hard data” (Retail Sales). Neste ambiente, esperaria a precificação de uma maior probabilidade de alta de juros no FOMC de março, e o mercado migrando para um cenário mais balanceado em torno de 3 altas de 25bps ao longo deste ano. Isto não está ocorrendo. 

 

Pela leitura do mercado, a ausência de uma sinalização clara por parte dos membros do comitê para uma alta de juros no FOMC de março seria uma indicação de conforto com a atual precificação da curva de juros, e uma certa leniência com o atual cenário, o que acaba favorecendo um ambiente de relativa tranquilidade da curva de juros no país e uma pressão baixista sobre o dólar, especialmente sobre as moedas consideradas cíclicas e high yields. 

 

Como ainda estamos há cerca de 3 semanas do próximo FOMC, com números como o Core PCE e Payroll na agenda, acredito que faça sentido o Fed administrar as expectativas, mas sem dar uma sinalização clara. Caso os dados superem as expectativas, acredito que exista espaço para uma alta de juros em março. A plataforma econômica da administração Trump seria apenas um estímulo adicional a posição do Fed. Mesmo antes da posse de Trump a economia já mostrava um hiato do produto fechado e um mercado de trabalho próximo ao pleno emprego. 

 

França – As eleições no país continuam a despertar um imenso interesse do mercado, já que seus desdobramentos podem trazer um cenário inimaginável para a Europa. Hoje, o anuncio da “união” entre o canditado favorito nas pesquisas, com um candidato que concorrência as últimas eleições como independente, reduziu as chances de vitória de uma chapa radical, reduzindo um pouco o risco de cauda deste evento. 

 

De qualquer maneira, este vetor tem exercido enorme pressão baixista nos juros da Alemanha e, consequentemente, das Treasuries. Vejo este evento como um risco de cauda, que deverpa causar ruídos pontuais.




Data: 22/02/2017

Reforma da Previdência, Copom e FOMC.

 

Os ativos de risco estão abrindo a quarta-feira sem movimentações relevantes. A agenda do dia será relativamente esvaziada no externo, com grande destaque ao IPCA-15 e a decisão do Copom no Brasil.

 

Espero que o BCB mantenha o ritmo de corte de 75bps da Taxa Selic, com a possível sinalização de que o ciclo possa se estender de maneira prolongada caso o cenário permita tal estratégia. Como trabalhamos com uma inflação abaixo do centro da meta para este ano, e uma recuperação extremamente lenta e gradual do crescimento, acreditamos que haja espaço para a continuidade do ciclo de corte de juros ao longo de 2017 e, provavelmente, adentrando 2018. 

 

No campo político, a mídia continua especulando em torno da possibilidade de oposição a Reforma da Previdência. Acho natural e, até mesmo, esperado, este tipo de ruído à medida que a Reforma avança na comissão do Congresso. Faz parte do processo democrático este tipo debate. Espero que algumas alterações ocorram no texto original apresentado pelo Governo. O importante, nos próximos dias, é medir o tamanho das alterações que eventualmente ocorrerão. Há espaço para mudanças sem alterar a essência do texto. Caso a Reforma seja desfigurada, contudo, podemos ser obrigados a rever o cenário construtivo para o país. A aprovação de uma Reforma da Previdência saudável é imperativa para a continuidade da recuperação econômica do país. 

 

Nos EUA, as Minutas do FOMC devem ecoar os recentes discursos de membros do Fed. Não espero uma sinalização clara para o timing da próxima alta de juros no país, mas um tom animador em relação ao crescimento e, principalmente, no tocante aos mandatos de inflação e emprego da instituição. As Minutas devem mostrar um comitê confiante, e um cenário em linha com as perspectivas de 3 altas de juros ainda este ano, com o FOMC de março não podendo ser totalmente descartado.




Data: 21/02/2017

More of the same!

 

Os ativos de risco mantiveram basicamente os movimentos verificados pela manhã, exceto por um “pullback” das Treasuries, após a divulgação dos Markits PMIs nos EUA abaixos das expectativas do mercado, em movimento oposto ao verificado na Europa (já comentado neste fórum hoje cedo). 

 

O Markit US Manufacturing PMI saiu de 55,5 para 54,3 pontos, abaixo das expectativas de 55,3 pontos. O Markit US Services PMI passou de 55,6 para 53,9 pontos, abaixo das expectativas de 55,8 pontos. A despeito deste arrefecimento, ambos se mantiveram em patamares considerados saudáveis, condizentes com um crescimento relativamente estável da economia. 

 

Os membros do Fed continuam sinalizando para o cenário de 3 altas de 25bps nos Fed Funds ao longo deste ano, mesmo que ainda não incorporando um cenário de incentivos tributários e fiscais nos próximos meses, uma grande promessa de Trump a ser divulgada nas próximas semanas. 

 

Trabalho com um cenário de continuidade do processo de normalização monetária nos EUA com, pelo menos, 3 altas de 25bps ao longo deste ano. Vejo um hiato do produto praticamente fechado e uma economia em torno do pleno emprego. Este cenário já existia mesmo antes da posse de Trump. Qualquer anúncio fiscal e/ou tributário positivo apenas ajudará a intensificar este quadro. 

 

Na Europa, o cenário político continua trazendo instabilidade, com destaque para a abertura das taxas de juros da França, especialmente o spread em relação aos Bunds da Alemanha. À medida que as eleições na França se aproximam, é natural uma postura mais defensiva por parte dos investidores. Ainda vejo as eleições no país apenas como ruído pontual e um risco de cauda. 

 

No Brasil, destaque para mais um dia de bom desempenho do mercado local de juros. O ambiente de inflação baixa, expectativas contidas e crescimento pressionado continua ancorando o mercado de juros e as expectativas de um ciclo de corte da taxa Selic longo e acentuado. 

 

O Ibovespa segue este ambiente positivo, ainda ajudado por um cenário global, pelo menos por enquanto, construtivo para ativos emergentes e cíclicos.




Data: 21/02/2017

Reflation gaining momentum again!

 

Os ativos de risco estão retomando a trajetória de “Reflation” que foi regra no final de 2016. Neste momento, observamos um movimento coordenado de fortalecimento do dólar, abertura de taxa de juros no mundo desenvolvidos com as bolsas e as commodities bem suportadas ao redor do mundo. 

 

Na agenda do dia, destaque para os Flash PMIs nos EUA. 

 

Na Área do Euro, o Markit PMI Manufacturing saiu de 55,2 para 55,5 pontos, acima das expectativas de 55,0 em fevereiro. O Markit PMI Services subiu de 53,7 para 55,6 pontos, muito acima das expectativas de 53,7 pontos. 

 

Os números de hoje reforçam o cenário de recuperação da economia global, dando ímpeto ao ambiente de “Reflation” que vinha sendo regra no final de 2016, mas que havia perdido um pouco de momentum com as incertezas que passaram a dominar a implementação da política econômica do governo Trump. 

 

No Brasil, o noticiário continua esvaziado. Na segunda-feira, a pesquisa Focus, realizada pelo BCB, mostrou as expectativas de inflação baixas e ancoradas, condizentes com a manutenção de um ciclo de queda de juros no país. 




Data: 20/02/2017

Update

 

Os ativos de risco estão abrindo próximos a estabilidade, apenas com leve viés otimista. O dia será de feriado nos EUA e, consequentemente, de agenda esvaziada. 

 

No final de semana, os desdobramentos da campanha eleitoral na França afastaram os candidatos Macron e Hamon, o que é visto pelo mercado como um ceto alívio, já que a possível aliança entre os dois elevariam as chances de uma vitória de Le Pen, além de criar um cenário alternativo de vitória da dupla que traria novas incertezas ao quadro político do país. 

 

No Japão, as exportações de janeiro apresentaram uma surpreendente queda real de 1,1% MoM. O número, contudo, pode estar sendo distorcido pelo Ano Novo Lunar e precisa ser avaliado nos próximos meses para conclusões mais concretas. 

 

O final de semana foi de poucas novidades para o cenário. 

 

No Brasil, os jornais continuam especulando em torno de nomes de possíveis envolvidos na Operação Lava-Jato mas, até agora, sem nenhuma novidade concreta que possa abalar a agenda de reformas econômicas. O país continua em um cenário de inflação cadente e crescimento pressionado, o que deverá dar impulso a um ciclo longo e agressivo de queda de taxa de juros. As contas externas continuam apresentando um quadro bastante saudável, com investimentos estrangeiros diretos abundantes, uma balança comercial saudável e um déficit em transações correntes controlado. As contas públicas ainda são uma fonte de preocupação, que torna imperativo a aprovação de novas medidas de ajuste fiscal. 

 

Na China, o “Monetary Report” do 4Q confirmou a postura mais hawkish (dura, apertada) por parte do PBoC. Segundo a Goldman Sachs:

 

"The Q4 monetary policy report released over the weekend calls for “stable and neutral” monetary policy going forward, adopting the same phrase from last December’s Central Economic Work Conference. This clearly strikes a hawkish tone in our view, as it is in contrast with the report’s characterization of the past policy stance (described as "stable and relatively loose on occasions”). The report also sheds a bit more light on the asset size of banks’ off-balance sheet wealth management product exposures.In the PBOC’s official communication, any shifts in policy stance are seldom explicitly commented upon, and even when they are the language used is often fairly subtle. By that standard, in our view the Q4 monetary policy report is quite clear about the PBOC’s acknowledgment of the accommodative nature of its policy stance in the past year. The report points out that M2 growth has still been faster nominal GDP growth, and suggests that money is still increasing at a high pace relative to the actual need of economic growth. It also highlights a challenge faced by the PBOC—given that “various parties” hope for loose monetary conditions and would like the central bank to increase money supply when financial risks arise, credit extension has displayed “relatively strong impulsiveness”. In practice, the implementation of monetary policy has been “stable and relatively loose on occasions”, under the influence of various factors such as downward pressures on growth and volatile financial market movements." 

 

No mercado de FX/Câmbio global, a posição técnica do CFTC mostrou mais uma rodada de redução das posições compradas em USD. Este relatório está em linha com o movimento recente do dólar no mundo e mostra um mercado com quadro técnicao cada vez mais saudável, porém em meio a grandes dúvidas em relação ao cenário para política monetária, fiscal e econômica em geral que será adotada nos EUA. Para a Goldman Sachs:

 

"In this week's report, with data through Tuesday, February 14, USD net long positioning decreased by another $2.1bn. USD net longs have now fallen for six consecutive weeks, shedding a total of $11.5bn in that time and $13.4bn since the FOMC hiked rates in mid-December. As a point of comparison, the drop in USD net longs since the December FOMC is about 65% of the decline over the same period a year ago. The difference this time around is that the Dollar has been something of an idiosyncratic story, while last year the Dollar selloff was driven by a broader risk-off move as China tensions escalated and came on the heels of the ECB disappointment on December 3, 2015."

 

"The drop in USD net longs came mostly against JPY, where net short positioning decreased by $0.5bn, and the commodity currencies, AUD and CAD, where net long positioning increased by $0.6bn and $0.8bn respectively. EUR net shorts increased $0.2bn."




Data: 17/02/2017

Brasil: Novos ruídos em torno da Reforma da Previdência.

Os ativos de risco operam próximos a estabilidade, sem novidades relevantes durante a noite. A agenda desta sexta-feira será esvaziada.

No Brasil, destaque apenas para mais um artigo do Estado de São Paulo afirmando que a Reforma da Previdência enfrente obstáculos mesmo dentro da base aliada.

Eu reforço meus argumentos dos últimos dias. À medida que o tempo passa, o debate em torno da Reforma se intensifica. É natural do processo democrático que haja negociação em torno da proposta do Governo. O importante, neste momento, é analisar se a essência do texto não será alterada. Ainda trabalho com um cenário de que a uma Reforma da Previdência saudável será aprovada, a despeito de ruídos pontuais.

Segundo o artigo do jornal:

A base aliada do governo Michel Temer começa a dar sinais de que não está totalmente coesa na reforma da Previdência. Em apenas três encontros da comissão especial, deputados de partidos governistas já mostraram que não estão tão dispostos a defender as regras propostas pelo Executivo. Só no colegiado, pelo menos sete parlamentares aliados pediram mudanças no texto ou fizeram declarações públicas contra a reforma.

Reservadamente, as críticas são maiores. O principal argumento de deputados é que será difícil defender um projeto que pode atrapalhar seus planos de reeleição em 2018. “O Temer pode não querer disputar a reeleição no ano que vem, mas eu quero”, disse um deputado.

Os parlamentares também temem que o assunto vire pauta das manifestações agendadas para o fim de março. A leitura que os governistas fazem é que, ao apresentar o parecer no dia 16 de março, o relator Arthur Maia (PPS-BA) pode dar o combustível que faltava para os manifestantes criticarem a PEC no dia 26 de março, o que poderia mudar o comportamento dos deputados no plenário.

Nos corredores da Câmara, parlamentares fazem críticas a praticamente todos os pontos da reforma e dizem que hoje não há 308 votos necessários para aprovar a PEC em dois turnos. “Do jeito que está, não tem 100 votos”, resumiu um governista. Entre os pontos que afirmam que devem ser modificados estão a idade mínima de 65 anos, a regra de transição, o tempo de contribuição e equiparação entre mulheres e homens. Eles também reclamam da intenção do governo de aprovar a proposta no Congresso em seis meses.  




Data: 16/02/2017

Realização de lucros.

Os ativos de risco, locais e externos, apresentaram hoje um movimento clássico de realização de lucros.

Os dados econômicos divulgados hoje reforçaram um quadro de sólido crescimento da economia dos EUA, com o Philly Fed subindo de 23,6 para 43,3 pontos em janeiro, muito acima das expectativas de 18,0 e o maior nível em décadas.

No Brasil, O IBC-Br, que apresentou queda de 0,26% MoM e -1,82% YoY em dezembro confirmou um quadro ainda de fraqueza da economia, e uma recuperação que promete ser lenta e gradual.

Os eventos recentes ratificam o cenário econômico que venho descrevendo neste fórum há alguns meses, mas a dinâmica do mercado, até o momento, não corrobora este cenário. Este ambiente gera desconforto, e precisa ser analisado com cuidado. A posição técnica pode explicar parte desta perda de tração, mas as teses de investimento podem não estar representando da maneira correta o acerto do cenário econômico. Esperaria ver uma curva de juros com taxas mais abertas nos EUA e um dólar mais forte neste ambiente, mas os juros continuam abaixo do nível do final do ano passado e o dólar, no geral, idem. Ainda não tenho uma resposta definitiva para esta perda de correlação entre fundamentos e preços mas gostaria de ver uma melhora na dinâmica antes de elevar as alocações nestes temas de investimentos. 

No Brasil, vejo o movimento de hoje como uma correção, uma realização saudável de lucros. Dado os níveis (e a posição técnica do mercado), estes movimentos costumam ser naturais. Para uma alteração completa de dinâmica, acredito que precisaríamos de uma alteração no quadro político e/ou uma inversão do cenário externo. Ainda não vejo estes vetores como ocorrências com probabilidade elevada. Os níveis que os ativos locais atingiram nos últimos dias, e a posição técnica de curto-prazo, contudo, podem culminar em acomodações pontuais como a verificada hoje. 




Data: 16/02/2017

Update.

A noite foi tranquila e de poucas novidades ao cenário. O mercado mostra alguma acomodação do movimento de abertura de taxa de juros nos EUA, o que está ajudando (ainda mais) ao movimento de fraqueza no dólar. As bolsas operam próximas a estabilidade. Na agenda do dia, destaque para o Jobless Claims nos EUA.

Estou surpreso como os ativos de risco estão digerindo de maneira bastante tranquila o cenário claro de fechamento do hiato do produto dos EUA e a necessidade de um ciclo de alta de juros mais acentuado no país. A posição técnica pode explicar parte deste movimento.




Data: 15/02/2017

US: No more slack!

O dia foi marcado por mais uma bateria de dados econômicos positivos nos EUA. Destaque especial para o Core CPI, que apresentou alta de 0,3% MoM e 2,3% YoY em janeiro, acima das expectativas do mercado. O Retail Sales também surpreendeu positivamente as expectativas, mostrando um quadro de robustez da economia e, em especial, do consumo. A queda da produção industrial no mês, o único número menos positivos divulgado hoje, foi em grande parte explicado pelo volátil grupo de “utilities”.

Mesmo correndo o risco de soar repetitivo, reforço minhas convicções. No início do ano, o mercado vinha perdendo confiança na agenda econômica do novo presidente dos EUA. A simples sinalização, nos últimos dias, de que seu plano de governo continua sendo desenhado na linha do que foi apresentado na campanha eleitoral, com reforma tributária e incentivos fiscais, foi o suficiente para dar sustentação ao mercado acionário do país, promover uma abertura de taxa de juros e dar algum suporte ao dólar, em especial contra G3.

Vejo uma economia com hiato do produto praticamente fechado e um mercado de trabalho próximo ao pleno emprego. A economia deve manter um crescimento em torno de 2%, com uma inflação gradualmente mais elevada. Não vejo motivos para desacreditar na política econômica de Trump. Até o momento, tudo o que foi apresentado em sua campanha vem sendo implementado (renegociação do NAFTA, saída do TPP, construção do muro junto ao México, “travel ban”). Acredito que a implementação da agenda econômica será apenas uma questão de tempo.

Os eventos de hoje reforçam minhas visões. Ainda vejo um cenário de alta estrutural das taxas de juros nos EUA, o que deveria dar suporte ao dólar no momento, mas de forma cada vez mais seletiva. Não tenho uma visão clara para o mercado global de renda variável neste momento.

No Brasil, o avanço das reformas estruturais, em meio a um quadro de desinflação, crescimento baixo e queda de juros, está ajudando a conter a volatilidade dos ativos locais, ainda favorecendo o bom desempenho dos mesmos. Para uma eventual mudança de dinâmica, precisamos acompanhar apenas o avanço da agenda de reformas no Congresso, além do cenário externo.

Acredito que o momento continua favorável para o mercado de juros, mas o mercado migrou de maneira relativamente rápida para muito perto do que deve ser o cenário base. Sempre existe espaço para surpresas positivas (inflação mais baixa) e, consequentemente, um ciclo ainda mais acentuado de queda de juros, mas o mercado já não apresenta, neste momento, a mesma assimetria positiva de poucas semanas atrás.

No mercado de câmbio, eu via um range entre 3,10-3,50 para o BRL ao longo do ano. Nas últimas semanas, contudo, ficou claro que existe um forte fluxo reprimido de recursos para o país, o que pode acabar levando a moeda local a níveis ainda mais apreciados no curto-prazo, especialmente diante de um cenário externo benigno para os países emergentes com fundamentos saudáveis.

Acho complicado falar de valuation de bolsa local, até pela minha pouca vantagem comparativa neste quesito. Tudo indica, contudo, que ainda existe um enorme fluxo reprimido para esta classe de ativos, especialmente dos estrangeiros, investidores institucionais e pessoas física, o que deve suportar os níveis de preço, e conter as realizações de curto-prazo.




Data: 15/02/2017

Brasil: Ruídos em torno da Reforma da Previdência.

Os ativos de risco estão abrindo o dia próximos a estabilidade, sem tendências definidas claras. A agenda trará como destaque o Core CPI e o Retail Sales nos EUA.

No Brasil, um artigo do Estado de São Paulo afirma que a Câmara já articula mudanças na Reforma da Previdência. Eu reforço meus argumentos dos últimos dias. À medida que o tempo passa, o debate em torno da Reforma se intensifica. É natural do processo democrático que haja negociações em torno da proposta do Governo. O importante, neste momento, é analisar se a essência do texto não será alterada. Ainda trabalho com um cenário de que a uma Reforma da Previdência saudável será aprovada, a despeito de ruídos pontuais.

Segundo o Estadão: 

Apesar do tom dramático de membros do governo contra a flexibilização da reforma da Previdência, uma emenda que será apresentada pelo deputado Paulo Pereira da Silva (SD-SP), o Paulinho da Força, já tem o apoio de mais de 250 parlamentares e mexe com pontos centrais da proposta, como idade mínima de aposentadoria e regra de transição. A base aliada enfrentou dificuldades na primeira reunião da comissão especial, em que a oposição conseguiu derrubar todas as datas do plano de trabalho do relator, deputado Arthur Maia (PPS-BA), inclusive a previsão de ler o parecer na comissão em 16 de março.

A largada dos trabalhos mostra que a aprovação da reforma como foi enviada ao Congresso não será tarefa simples e obstáculos podem partir até mesmo da base. Ontem, 14, Paulinho da Força ainda recolhia assinaturas de deputados com o objetivo de superar os 300 apoiadores eram necessários 171 para apresentar a emenda. No plenário, são necessários 308 votos em dois turnos para aprovar uma mudança constitucional. “Tem gente até do PSDB apoiando, do PMDB também”, disse Paulinho, sem citar nomes. Se a meta for atingida, a emenda pode ser apresentada ainda hoje.




Data: 15/02/2017

Fed: Near the dual mandate.

O discurso de Yellen ao Congresso dos EUA manteve o mesmo tom de suas últimas declarações. De maneira geral, Yellen continuou afirmando que, caso o cenário econômico permanece inalterado, a continuidade do processo de alta de juros será necessária.

Esta sinalização é sempre pontuada pelos riscos inerentes ao cenário. Para este ano, contudo, eu vejo os riscos mais na direção de altas adicionais de juros, do que riscos para movimentos mais comedidos do que as 2 altas de 25bps precificadas na curva neste momento. Acredito que a nova administração liderada por Trump irá efetivar uma ampla Reforma Tributária, além de estímulos fiscais, que deverão ser positivos para o crescimento e, consequentemente, altistas para a inflação, visto que a economia parece estar próxima ao pleno emprego, com o hiato do produto praticamente fechado.

Minha interpretação do discurso de Yellen é de que foi um discurso realista, em linha com o cenário que tenho desenhando neste fórum há alguns meses, mas talvez um pouco mais hawkish do que as expectativas do mercado.Acho válido frisar a seguinte passagem de sua introdução: At its meeting that concluded early this month, the Committee left the target range for the federal funds rate unchanged but reiterated that it expects the evolution of the economy to warrant further gradual increases in the federal funds rate to achieve and maintain its employment and inflation objectives.As I noted on previous occasions, waiting too long to remove accommodation would be unwise, potentially requiring the FOMC to eventually raise rates rapidly, which could risk disrupting financial markets and pushing the economy into recession. Incoming data suggest that labor market conditions continue to strengthen and inflation is moving up to 2 percent, consistent with the Committee's expectations. At our upcoming meetings, the Committee will evaluate whether employment and inflation are continuing to evolve in line with these expectations, in which case a further adjustment of the federal funds rate would likely be appropriate.

A passagem acima segue a afirmação replicada a seguir, já contida no comunicado da reunião do FOMC de janeiro, em que o Fed mostra maior convicção no cenário de convergência da inflação para os 2%: Consistent with its statutory mandate, the Committee seeks to foster maximum employment and price stability. The Committee expects that, with gradual adjustments in the stance of monetary policy, economic activity will expand at a moderate pace, labor market conditions will strengthen somewhat further, and inflation will rise to 2 percent over the medium term. Near-term risks to the economic outlook appear roughly balanced. The Committee continues to closely monitor inflation indicators and global economic and financial developments.

O PPI de janeiro, também divulgado hoje, mostrou um cenário ainda misto para a inflação. Parece evidente (vide gráficos abaixo) que estamos em meio a um processo estrutural e, por ora, gradual, de aceleração da inflação, mas uma análise qualitativa ainda mostra alguma fragilidade neste processo.

No Brasil, as vendas no varejo ficaram praticamente em linha com as expectativas. Segundo nossa área econômica:

PMC restrita @ -2%m/m dessaz (vs. BBG: -2%m/m dessaz) e @ -4,9%a/a (vs. BBG: -4,6%a/a). PMC Ampliada @ -0,1%m/m dessaz (vs. BBG: -0,5%m/m dessaz) e @ -6,7%a/a (vs. BBG: -6,7%a/a). Para efeitos de projeção de PIB do 4T16, a PMC ampliada não trouxe novidade. Na leitura mensal, os segmentos de “supermercados”, “moveis e eletrodomésticos” foram destaques negativos. No varejo ampliado, construção e veículos tiveram bom desempenho. A nossa proxy de consumo tem mostrado menor contração ano/ano (-2,6%a/a em dezembro). Os fundamentos para as vendas no varejo (massa salarial, crédito, confiança) permanecem sugerindo um quadro de fraqueza para o setor. Por outro lado, a desaceleração do deflator implícito atenua os vetores negativos.

Os eventos de hoje não alteram minhas visões. Ainda vejo um cenário de alta estrutural das taxas de juros nos EUA, o que deveria dar suporte ao dólar no momento, mas de forma cada vez mais seletiva. Não tenho uma visão clara para o mercado global de renda variável neste momento.

No Brasil, o avanço das reformas estruturais, em meio a um quadro de desinflação, crescimento baixo e queda de juros, está ajudando a conter a volatilidade dos ativos locais, ainda favorecendo o bom desempenho dos mesmos. Para uma mudança de dinâmica, precisamos acompanhar apenas o avanço da agenda de reformas no Congresso, além do cenário externo.   




Data: 14/02/2017

China Reflating!

O destaque da noite ficou por conta dos dados de inflação na China. O CPI passou de 2,1% YoY para 2,5% YoY, acima das expectativas de 2,4% YoY. O PPI subiu de 5,5% YoY para 6,9% YoY, também acima das expectativas. Os números de hoje reforçam a postura mais restritiva que vem sendo adotada pelo PBoC nos últimos meses e vão de encontro ao cenário de “reflation” no mundo desenvolvido.

Na Alemanha, o PIB do 4Q ficou abaixo do esperado, com alta de 0,4% QoQ e 1,7% YoY. Ainda hoje, teremos a divulgação do PIB fechado da Área do Euro.

A agenda do dia será extremamente importante, com o PPI nos EUA e a aparição de Yellen – presidente do Fed – no Congresso dos EUA.

No Brasil, um longo artigo no jornal O Globo debate as possíveis alterações na Reforma da Previdência. Acredito que este debate esteja dentro do cronograma, e faça parte do processo democrático. O importante, contudo, é ter a certeza de que a Reforma será aprovada sem alterações relevantes em sua essência. Se mudanças substanciais começarem a ser feitas, devemos aumentar o nível de preocupação com o cronograma das reformas econômicas.

De acordo com o jornal O Globo: Começam a ganhar força no Congresso Nacional três alterações na reforma da Previdência, sugeridas pela própria base governista. Uma delas muda de forma substancial o texto original, ao incluir na fase de transição todos os trabalhadores que já estão no mercado, deixando somente para os novos a exigência de idade mínima de 65 anos, por exemplo. Outras duas pretendem dar tratamento diferenciado para policiais civis que exerçam efetivamente atividade de risco e para mulheres com filhos, assegurando a elas um benefício maior em relação aos homens. No contra-ataque, técnicos da equipe econômica vão destacar os efeitos no conjunto de medidas na economia. Um dos argumentos é que a reforma trará um reforço de 3,1 pontos percentuais no Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro em um período de dez anos.




Data: 13/02/2017

No news is good news? It seems so..."Reflation is Back!".

Os ativos de risco basicamente retomaram a tendência de “reflation” que virou regra após a eleição de Trump, e havia passado por um período de consolidação. Os dados econômicos globais continuam robustos, e a equipe de Trump tratou de sinalizar que estão trabalhando em uma ampla reforma tributária, que será anunciada dentro de algumas semanas. Esta sinalização foi o principal vetor de estímulo a retomada destas tendências.

Os próximos 2 dias serão extremamente importantes, com Yellen – presidente do Fed – agendada para um discurso no Congresso, além dos dados de inflação, PPI e Core CPI, na agenda de terça e quarta-feira, respectivamente, nos EUA.

No Brasil, o destaque ficou por conta do recuo das expectativas de inflação na pesquisa Focus, que estão ajudando a dar suporte a taxas de juros mais baixas, e a uma compressão de volatilidade dos ativos locais.




Data: 13/02/2017

No news is good news? It seems so...

Até o momento, o final de semana foi de poucas novidades para o cenário, mas com algumas informações interessantes para o curto-prazo.

Brasil – Os jornais continuam divulgando o que seriam possíveis vazamentos em torno da delação da Odebrecht, além de especulações em torno de outras investigações ainda em curso em relação a Operação Lava-Jato. Por ora, nada que altere de forma substancial o cenário político de curto-prazo.

A agenda de reformas econômicas parece encaminhada, mesmo sabendo que o debate em torno da Reforma da Previdência será maior do que a PEC do Teto dos Gastos.

EUA – Pela primeira vez desde sua posse, Trump mostrou moderação em seu discurso (e sua postura) em relação ao Japão e a China, em mais um sinal extremamente positivo para o cenário. Ainda existem riscos no tocante a política externa que será adotada pelo novo presidente, mas os sinais recentes mostram que Trump é uma pessoa agressiva, porém pragmática, e buscará um caminho visando o melhor, segundo sua perspectiva, para a economia do país.

A Coréia do Norte, em um claro movimento de desafio aos EUA, promoveu novos testes balísticos, que foram prontamente (e duramente) criticados por EUA e Japão.

Em relação ao plano econômico de Trump, o Morgan Stanley fez um bom resumo sobre o estágio atual do debate:

Renewed optimism about fiscal policy after President Trump's comments about an upcoming announcement on taxes Thursday, potentially in his February 28 speech to a joint session of Congress, continued in a slight further reversal higher in Treasury yields on Friday, as investors also continued to position for Fed Chair Yellen's testimony next week, building in a little bit more, but still very little, risk of a March rate hike. In what were important and encouraging further background details for the President's comments, Bloomberg reported ("White House: Cohn-Led Tax Plan Is Real and It’s Phenomenal"), based on discussions with an unnamed White House official, that National Economic Council Director Gary Cohn "is leading the effort to craft President Donald Trump’s plan to overhaul taxes that will be released within weeks" and that "congressional leaders have been consulted on the blueprint." That would likely have included the person writing the bill in Congress, House Ways and Committee Chairman Kevin Brady, a steadfast advocate of a border adjustment version on corporate tax reform. Indeed, Representative Brady told Fox News he's been "working very closely" with the White House on a tax bill, and Congress and the Administration are "going in same direction in a good way," and he's "pretty positive about where this is going." He just said "Yes" when asked if they're all on the "same page." In a new twist, Brady also said his "strong preference" was to do both corporate and individual tax cuts at the same time, and he's "hopeful we move those together. But we're having a lot of discussions on timing and sequence." He also wants to move quickly enough that it makes sense for the tax changes to be retroactive to the start of the year: If "we move quickly, I think it would make sense to go retroactive. If it's toward the end of the year, we will have to take a look at that."  

After what had been rising market concerns in recent weeks that Congress risked getting bogged down with trying to replace Obamacare while the president was focusing on immigration and national security issues, to find out in the past two days that Congress and the White House have, in fact, actually been working together to reach agreement on a tax plan to be released soon has helped restore confidence in the fiscal stimulus story. If Chairman Brady sees everyone coming together on a common approach, that suggests he's had success in convincing the President of the merits of his border adjustment framework, which could have big implications for inflation, growth, and relative winners and losers for U.S. companies among importers and exporters beyond more straightforward considerations of just fiscal stimulus.

Posição Técnica – Os dados da CFTC voltaram a apresentar queda nas posições compradas em dólar no mundo, mostrando um quadro cada vez mais saudável neste aspecto. Segundo a Goldam Sachs:

In this week's report, containing data through Tuesday, February 7, USD net long positioning declined by another $1.7bn, making it 5 weeks in a row of declines totaling $9.4bn, and $11.3bn in declines since the FOMC hiked interest rates in mid-December. To put that in perspective, it is about one-third of the reduction in USD net longs over the same period a year ago. This is in spite of two-year rate differentials moving in favor of the Dollar since the December FOMC, in stark contrast to a year ago when China tensions were peaking (and a much lower starting point for USD longs in the first place). We attribute this underperformance to "Dollar down" rhetoric from the new Trump administration, and we do not think it will last.

The reduction in USD net longs was broad based this week; GBP was the only cross where net shorts increased. EUR net shorts pulled back by $0.2bn while JPY net shorts pulled back by $0.3bn. Net short positioning in both currencies has declined by $3.1bn over the last five weeks, accounting for about two-thirds of the reduction in overall USD net longs. At $6.0bn, EUR net shorts stand at their lowest level since May 2016.

Existe uma tese interessante ganhando corpo no mercado nos últimos dias. De acordo com alguns analistas, o mercado espera, desde a vitória de Trump, um cenário de maior volatilidade, de “tail risks” mais acentuados. Assim, a posição técnica estaria mais conservadora o que estaria ajudando um ambiente de menor volatilidade e maior otimismo, a medida que o tempo passa e nenhum risco concreto acaba de efetivando.

Segundo David Zervos: If “stability leads to instability,” then does "instability lead to stability"? Think about it like this: If everyone is expecting Trumpian fat tails, and everyone is anxious about how hard he will pull on these four new policy levers, then their portfolios will hardly contain highly levered, short vol positions. This much uncertainty just brings people close to home. And further, how many people would be shocked by a 10% border tax, a 20% tariff on Mexico, a reduction in corporate taxes to 15%, or a repeal of Dodd-Frank? No one. The key here is that the market is set up for surprises – the tails are fat, and everyone knows they are fat. Hence, when a new headline hits about any potential policy change, there is very little forced de-risking. Instability is priced into the market, and this stance actually brings us stability (i.e. 6% realized spoo vol for the past month).

I know many folks who seem to be scratching their heads over how the market can be so stable with all of these potential changes. But I think this concept I am describing makes sense! For now, while we wait to see the specifics of the policy changes, the market is in a “reverse Minsky moment,” or what I will call a “Yksnim moment.” Of course, just as with Minsky moments, it too will pass. Clarity on the Trumpian policy levers will get folks excited about shrinking the perceived tail risks and levering up a view. But until then, I suppose that all of this instability is simply going to just create more stability. 




Data: 10/02/2017

Update.

Tivemos mais um dia de poucas novidades no cenário econômico local e global. Destaque para mais uma rodada de bom desempenho dos ativos locais. O momento parece oportuno para olharmos um pouco a precificação dos ativos.

No mercado local de juros, a curva precifica, de maneira geral, cortes de 80bps+70bps+60bps+50bps+35bps+25bps nas próximas 6 reuniões do Copom. Nossa área econômica trabalha com um ciclo de corte de mais 3 quedas de 75bps, 2 quedas de 50bps e 1 queda de 25bps. O FRA do ano de 2018 encontra-se em 9,6%, com 10,3% para 2019 e 10,55% em 2020. O piso dos juros seria atingido no segundo trimestre de 2018, com um FRA de 9,45% no trimestre.

O cenário econômico segue apresentando um quadro extremamente benigno de inflação, com uma atividade ainda bastante pressionada, a despeito de alguns sinais incipientes de estabilização. O mercado de câmbio segue tranquilo, sustentado por contas externas saudáveis. 

Acredito que o momento continua favorável para o mercado de juros, mas o mercado migrou de maneira relativamente rápida para muito perto do que deve ser o cenário base. Sempre existe espaço para surpresas positivas (inflação mais baixa) e, consequentemente, um ciclo ainda mais acentuado de queda de juros, mas o mercado hoje já não apresenta, neste momento, a mesma assimetria positiva de poucas semanas atrás.

No mercado de câmbio, eu via um range entre 3,10-3,50 para o BRL ao longo do ano. Nas últimas semanas, contudo, ficou claro que existe um forte fluxo reprimido de recursos para o país, o que pode acabar levando a moeda local a níveis ainda mais apreciados no curto-prazo, especialmente diante de um cenário externo benigno para os países emergentes com fundamentos saudáveis.

Acho complicado falar de valuation de bolsa local, até pela minha pouca vantagem comparativa neste quesito. Tudo indica, contudo, que ainda existe um enorme fluxo reprimido para esta classe de ativos, especialmente dos estrangeiros, investidores institucionais e pessoas física, o que deve suportar os níveis de preço, e conter as realizações de curto-prazo.




Data: 10/02/2017

China: "Reflation". Números saudáveis de exportações e importação.

Os ativos de risco estão dando continuidade ao movimento de “reflation” retomado ontem após as declarações de Trump e sua equipe econômica em relação a possível divulgação de uma ampla reforma tributária dentro de algumas semanas.

Para reforçar o cenário, e este movimento dos mercados, os dados de exportação e importação de janeiro, na China, surpreenderam positivamente, mostrando uma economia global saudável, com certa aceleração do crescimento.

As exportações passaram de -6,2% YoY para 7,9% YoY, com as importações saindo de 3,1% YoY para 16,7% YoY, ambas acima das expectativas. Os números de hoje reforçam minha visão de uma economia relativamente estável e saudável no curto-prazo (1 a 3 meses) mas com alguma desaceleração contratada para o médio-prazo (3 a 6 meses) após as últimas medidas de aperto monetário anunciadas no país.

No Brasil, os jornais de hoje (artigo de Claudia Safatle no Valor) voltaram a afirmar que existe um movimento para redução da meta de inflação de 2019. Este movimento parece estar avançado. Resta saber, agora, qual será a nova meta e as bandas que serão adotadas. Na minha visão faz total sentido o atual governo abaixar a meta de inflação após um forte processo desinflacionário no país. Este movimento irá ajudar a reduzir as expectativas de inflação de prazos mais longos, e tornar mais custoso, para qualquer eventual governo ou banco central (no futuro) tentar adotar políticas menos ortodoxas.

No campo político, os ruídos em torno da Operação Lava-Jato continuam, mas o Congresso segue seu cronograma positivo de reformas.




Data: 09/02/2017

All about Trump.

Na ausência de novidades relevantes para o cenário econômico, o foco do dia voltou às declarações de Trump nos EUA. Trump voltou a sinalizar que seu plano econômico, em especial seu projeto de reforma tributária, está caminhando nos bastidores de seu governo e que um anúncio relevante será feito nas próximas 2 a 3 semanas.

Nos últimos dias, o mercado vinha perdendo confiança na agenda econômica do novo presidente. A simples sinalização de que seu plano de governo continua sendo desenhado na linha do que foi apresentado na campanha eleitoral foi o suficiente para dar sustentação ao mercado acionário do país, promover uma abertura de taxa de juros e dar algum suporte ao dólar, em especial contra G3.

Minha visão segue relativamente inalterada. Vejo uma economia com hiato do produto praticamente fechado e um mercado de trabalho próximo ao pleno emprego. A economia deve manter um crescimento em torno de 2%, com uma inflação gradualmente mais elevada. Não vejo motivos para desacreditar na política econômica de Trump. Até o momento, tudo o que foi apresentado em sua campanha vem sendo implementado (renegociação do NAFTA, saída do TPP, construção do muro junto ao México, “travel ban”). Acredito que a implementação da agenda econômica será apenas uma questão de tempo.

Nas últimas semanas, contudo, os indicadores de emprego mostraram uma dinâmica robusta, mas sem pressões inflacionárias aparentes, o que sugere algum espaço adicional de crescimento, sem a necessidade de uma aceleração do processo de normalização monetária. No estágio atual da economia, contudo, qualquer pacote fiscal ou reforma tributária decente, será capaz de acelerar o cenário descrito acima.

Ainda trabalho com taxas de juros mais elevadas no país e algum suporte ao dólar no mundo, mas de maneira seletiva.

No Brasil, a despeito de todos os ruídos políticos comentados neste fórum pela manhã (“O Brasil está passando por um momento de ruídos políticos diversos. Contudo, enquanto o ajuste econômico estiver encaminhado, sem risco a estabilidade do atual governo, a impressão que fica é que as notícias do meio político serão vistas como ruídos de curto-prazo. Reforço minha visão de que riscos existem e períodos de volatilidade podem ocorrer. Contudo, até o momento, os investidores tem praticamente ignorado qualquer notícia nesta esfera.”), o Congresso retomou seus trabalhos, e o governo continua mostrando firmeza na agenda de reformas (Previdência, Trabalhista, Tributária entre outras).




Data: 09/02/2017

Brasil: Ruídos políticos.

O Brasil está passando por um momento de ruídos políticos diversos. Contudo, enquanto o ajuste econômico estiver encaminhado, sem risco a estabilidade do atual governo, a impressão que fica é que as notícias do meio político serão vistas como ruídos de curto-prazo. Reforço minha visão de que riscos existem e períodos de volatilidade podem ocorrer. Contudo, até o momento, os investidores tem praticamente ignorado qualquer notícia nesta esfera.

Apenas para citar alguns eventos recentes: O TRE cassou o mandato do Governador e de seu Vice no Rio de Janeiro, pedindo eleições diretas. Ainda cabe recurso. A PF finalizou relatório/investigação em que vê indícios de corrupção por parte de Rodrigo Maia, atual presidente da Câmara dos Deputados. A nomeação de Moreira Franco para um ministério foi cassada. O governo deve nomear Edson Lobão para a CCJ. Estes dois últimos nomes são figuras amplamente citados nas investigações da Operação Lava-Jato. Finalmente, a delação premiada da Odebrecht ainda nem foi oficialmente divulgada.

O cenário externo permanece em um momento de consolidação, na ausência de mudanças substanciais de cenário. Alguns riscos se acumulam e merecem atenção.




Data: 08/02/2017

Consolidação.

O destaque do dia ficou por conta do IPCA de janeiro no Brasil. O número, uma vez mais, reforçou o cenário de forte processo de desinflação no país. Não apenas o número cheio ficou abaixo das expectativas, como também vimos avanços qualitativos extremamente saudáveis. O número de hoje apenas reforça a visão construtiva para o mercado local de juros.

 Segundo nossa área econômica: A inflação de serviços dessaz rodou em 4% anualizada na MM3M (e 4,3% no núcleo de serviços), patamar condizente com um IPCA mais próximo de 4%. Na ponta, inclusive a inflação de serviços tem rodado abaixo de 4%. A dispersão dos aumentos em serviços tem ficado abaixo da média. Serviços rodando próximo das mínimas para os respectivos meses. O índice de difusão dessaz tem rodado em patamares condizentes com IPCA ao redor de 4%.

No cenário externo, segue uma dinâmica de consolidação dos ativos de risco, em meio a um acumulo de ruídos de curto-prazo. Incertezas políticas na França e Itália; a dívida da Grécia voltando ao foco; a ausência de medidas econômicas concretas por parte de Trump e sua equipe. Vejo esses vetores como ruídos pontuais, capazes de causar volatilidade de curto-prazo, mas ainda incapazes de alterar o cenário central. Caso Trump altere sua agenda econômica, ou se mostre incapaz de implementa-la, o cenário central que venho trabalhando deverá ser revisto. Neste momento, tendo em vista que tudo aquilo que foi prometido na campanha eleitoral está sendo implementado (à medida que o tempo passa), ainda não vejo motivos de alterar a visão central de investimento.

Contudo, começo a ver sinais um pouco menos construtivos provenientes da China, com uma nova rodada de depreciação cambial, um forte fluxo de saída de recursos, novas medidas de aperto monetário, vendas de Treasuries (em consequência da queda das reservas internacionais) e, finalmente, leves sinais de desaceleração da economia. Por ora, estes eventos parecem pequenos, e não deveriam alterar o ambiente de relativa estabilidade para a economia do país. Contudo, caso venhamos a observar a aceleração de algum (ou alguns) desses processos, poderemos ter a evolução de riscos mais substanciais ao cenário econômico global.




Data: 08/02/2017

Riscos externos (China, França, Trump) vs avanços locais (Reforma da Previdência e Trabalhista).

Na ausência de novidades relevantes no cenário econômico global, e com a administração de Trump sem apresentar propostas e/ou um cronograma concreto para sua política econômica, os ativos de risco parecem estar passando por um processo de acomodação.

Esta noite, o destaque ficou por conta de mais uma depreciação do CNY na China. Ontem, as reservas internacionais já haviam apontado para mais uma rodada de grandes fluxos de saída de recurso do país, em um sinal evidente de que ainda existe forte pressão para a depreciação da moeda. O governo e o PBoC vem tentando conter este movimento através de intervenções cambias, por isso a queda acentuada das reservas. Nas últimas semanas, os policy makers começaram a utilizar outros instrumentos, como o aperto das condições monetárias, com o intuito de estabilizar a situação cambial. Acredito que a China tenha que ser acompanhada no detalhe, pois é um dos principais riscos a estabilidade econômica global no curto-prazo.

Além da China, ainda vejo risco de ruídos no curto-prazo provenientes do cenário político na Europa (França e Itália). Nos EUA, Trump precisa começar a colocar em prática, ou pelo menos sinalizar um cronograma, em torno de sua política econômica. Caso contrário, poderemos ter uma rodada de decepção em relação às perspectivas de crescimento do país.

No Brasil, ontem foi criada a comissão parlamentar para a Reforma da Previdência. O sinal é positivo, mas existem algumas informações desencontradas na mídia. O governo acredita que o tramite do processo será rápido, com uma aprovação antes do segundo semestre. Alguns parlamentares, contudo, acreditam que as negociações podem demorar mais tempo, atrasando esta proposta inicial de cronograma. Acredito que o governo irá brigar para a manutenção da essência do texto. Mudanças devem ocorrer, mas uma Reforma da Previdência decente deverá ser aprovada.

Neste meio tempo, outras ações continuam a ser propostas, como a Reforma Trabalhista, a evolução da regra do “Conteudo Local” e etc.

Ainda vejo com otimismo as ações do atual governo.

No âmbito da Operação Lava-Jato, em seu primeiro depoimento a justiçao, Eduardo Cunha, no que tange ao atual governo, sinalizou que Temer possa estar equivocado em relação a uma reunião para definição de diretores da Petrobras. 

De acordo com o Correio Braziliense:

Em depoimento ao juiz Sérgio Moro, o ex-presidente da Câmara dos Deputados Eduardo Cunha (PMDB) afirmou que o presidente Michel Temer participou, em 2007, de uma reunião com a bancada do PMDB para discutir as indicações do partido para diretorias da Petrobras. O deputado cassado contrariou a versão apresentada por Temer em sua manifestação como testemunha de defesa arrolada pelo próprio Cunha.

“Fui comunicado (sobre a reunião), tanto eu como Fernando Diniz (ex-presidente do PMDB de Minas, morto em 2009), na época, pelo próprio Michel Temer e pelo Henrique Alves (ex-deputado e ex-ministro). O Michel Temer esteve nessa reunião junto com (o ex-ministro) Walfrido dos Mares Guia”, disse Cunha em resposta a um questionamento de sua própria defesa. Segundo ele, a reunião foi convocada por causa do “desconforto que existia com as nomeações do PT de Graça Foster para a Diretoria de Gás José Eduardo Dutra para a presidência da BR Distribuidora terem sido feitas sem as nomeações do PMDB terem sido feitas”.De acordo com o deputado cassado, “houve uma revolta da bancada do PMDB na votação da CPMF” na época. Temer era o presidente nacional do PMDB na ocasião.

Anteriormente, no depoimento por escrito a Moro, Temer havia declarado que “não houve essa reunião”, citada em denúncia da força-tarefa da Lava-Jato contra Cunha. O ex-deputado disse a Moro que “resposta do presidente Michel Temer nas perguntas está equivocada”. “Ele (Temer) participou, sim, da reunião e foi ele que comunicou a todo nós o que tinha acontecido na reunião, porque não era só o cargo da Petrobras, era outras várias discussões que aconteciam no PMDB.” Cunha declarou ainda que costumava se reunir semanalmente com Temer e outros coordenadores do PMDB para “debater e combinar toda situação política”. “Tudo era reportado, sabíamos de tudo e de todos.”




Data: 07/02/2017

Dólar forte!

O destaque desta manhã fica por conta do movimento de fortalecimento do dólar no mundo. Os 3 vetores que comentei na tarde de ontem (vide abaixo) ainda são fundamentais para a dinâmica do mercado no curto-prazo. Eu adicionaria, contudo, a posição técnica como um fator importante neste momento.

Nas últimas semanas, vimos uma expressiva redução na posição comprada em dólar ao redor do mundo. O movimento explicou grande arte do desempenho ruim do USD neste inicio de 2017 e, agora, com uma posição mais saudável, pode estar ajudando a dar ímpeto a um fortalecimento da moeda dos EUA. Segundo a Goldman Sachs:

In this week's report, containing data through Tuesday, January 31, USD net long positioning fell by $2.2bn. Other than CHF, USD net longs decreased against every currency in this report, and the $0.9bn drops in both EUR and JPY net shorts were the largest moves this week. USD positioning came into 2017 with $27.8bn in net longs and shed $7bn of those in just the last two weeks. This comes at a time when interest rate differentials have been steady. As we have emphasized, rate differentials are by far the most important driver of the Dollar, so this divergence is potentially alarming. We believe the principal reason for the divergence is “Dollar down” rhetoric from the new administration, which we think highlights the constraints facing President Trump, rather than likely outcomes. After all, a policy mix that combines fiscal stimulus and protectionism is hard to reconcile with a weaker currency, even if that is what the new administration wants. In short, speculative Dollar longs are only modest, so the potential for a positioning unwind is small, and the fundamentals firmly favor Dollar.

EUR and JPY positioning entered 2017 on opposite trajectories; EUR net shorts had decreased by $10bn in the last two months of 2016 whereas JPY net short positioning had increased by $14bn in that time. Both EUR and JPY positioning began the year with roughly $9bn in net shorts, and since then they have moved in lockstep, never differing by more than $0.3bn.

Em adição ao que já comentei na tarde de ontem (vide abaixo) copio aqui a visão do estrategista de FX do Morgan Stanley em relação a China, muito em linha com a minha visão:

Watching China’s credit data. Chinese press is reporting this morning that the regulators have asked commercial banks to scale back on new lending this month after what was expected to be a record lending month in January. The new guidance also suggests that banks will need to report on expected lending to both companies and individuals one month in advance. Our MSCHEX indicator of the Chinese economy is already showing signs of slowing down in December, so we need to watch out for a broader spillover from tighter monetary conditions. The CRB rind index has slowed its ascent so we continue to watch this indicator closely as a sign of real commodity demand. If the Chinese economy does start slowing in 2H17 then the AUD will be the most vulnerable currency in G10.

No Brasil, Michel Temer indicou Alexandre de Moraes como Ministro do STF. Segundo a consultoria política CAC: 

O presidente da República demonstrou que quer um voto no STF, seja para defender as reformas no momento de sua revisão judicial, seja para garantir uma voz do governo em questões fiscais ou mesmo ter um observador amigável no curso da fase judicial da operação Lava Jato. O governo ficou mais forte e ainda terá a cadeira do ministro da Justiça para contemplar os aliados no Congresso




Data: 06/02/2017

Mudanças de Humor? França, Trump e China.

Os ativos de risco estão ensaiando um movimento um pouco mais agudo e clássico de “risk-off”. Dois vetores ajudam a explicar a piora no humor dos investidores.

 (1)   A perda de confiança do mercado na implementação da política econômica de Trump. O Morgan Stanley resumiu bem a sensação atual: The view among investors was that the Trump presidency was in essence a pro-business, pro-growth, not an ideological presidency. Obama was about stability, Trump was about growth. Yet many are now assessing that substantial political capital is being spent on the ideological agenda not the growth agenda.

(2)   O cenário de incerteza político na França, mas também na Itália, começam a minar a relativa estabilidade observada pelos ativos de risco desde novembro. Em especial, na França, o spread dos papeis de 10 anos do país estão abrindo taxas, em relação aos papéis da Alemanha, de forma rápida e acentuada nos últimos dias.

Por hora, estou mantendo minhas teses estruturais inalteradas. Contudo, entendo que possa haver um período de volatilidade um pouco maior no curto-prazo, até que as questões descritas acima possam ser equacionadas.

Além disso, precisaremos observar com cautela os dados econômicos da China. Janeiro é um mês que dados oficiais de crescimento não são divulgados. Já há evidências, especialmente nos Caixins PMIs de alguma desaceleração da economia. Caso este cenário se consolide, teremos mais um obstáculo para ser superado em um momento em que os ativos de risco apresentam valuations agressivos em várias classes de ativos.




Data: 06/02/2017

Update.

O final de semana trouxe poucas novidades para o cenário econômico local e/ou global. Os ativos de risco estão abrindo próximos a estabilidade, exceto por um leve movimento de fechamento de taxas de juros nos EUA.

A agenda da semana também será mais esvaziada, especialmente nos EUA, o que deverá manter o foco nos próximos passos da administração de Trump no país.

Nesta linha, o final de semana acabou focado em dois vetores. Primeiro, a briga jurídica entre um juiz, que cancelou à medida que impedia a entrada de pessoas de 7 países islâmicos nos EUA, contra as ordens da nova administração. Até o momento, o governo Trump não conseguiu reverter a decisão.

Segundo, no cenário geopolítico, o Irã desafiou os EUA com medidas em retaliação aquelas anunciadas semana passada contra os testes balísticos do país. Além disso, novos testes foram executados ao longo do final de semana por parte do exército do Irã.

Ambos os vetores são de pouco relevância econômica no curto-prazo, mas dizem muito como será a marca deste governo. 

No Brasil, a mídia continua ventilando rumores em torno do avanço da Operação Lava-Jato sobre outros personagens políticos e sobre novos grupos e setores empresariais.

No campo econômico, surgiu um novo e agude debate sobre a meta de inflação para 2019, onde há indícios de que o CMN poderá alterar o centro da meta de inflação para 4%. O debate hoje fica em torno de, com uma nova meta, qual seria o orçamento total de queda de juros disponível ao Banco Central.

No tocante as reformas econômicas, a nova composição de lideranças no Congresso indica que Temer terá um caminho relativamente livre para a aprovação das reformas. Contudo, podemos esperar um caminha longo e tortuoso nesta direção. 




Data: 03/02/2017

EUA: Emprego robusto, pouca pressão inflacionária.

Eu classifico os dados de emprego de janeiro, nos EUA, como saudáveis, até mesmo robustos, mas insuficientes para apressar o Fed no seu processo de normalização monetária. Além disso, os números de hoje refutam a minha tese de que o país esteja com o hiato do produto fechado e próximo ao pleno emprego. Ainda não existem evidências concretas de pressões inflacionárias.

De qualquer maneira, mantenho meu cenário construtivo para o país. Entendo que o mercado tenha entendido que a próxima alta de juros por parte do Fed foi, por ora, adiada. Todavia, ainda existe um longo caminho a percorrer até a próxima reunião do FOMC em março e o Fed, mas do que nunca, se mostra dependente dos dados.

Assim, pode faltar momentum, na ausência deste suporte, para uma dinâmica mais acentuada de alta do dólar e abertura de taxas de juros no curtíssimo-prazo, mas não vejo motivos para alterar o cenário central de longo-prazo.

Os números robustos de hoje, sem pressões inflacionárias, acabam reforçando um ambiente conhecido como “Goldilocks” (a Goldilocks economy sustains moderate economic growth and low inflation, which allows a market-friendly monetary policy), que tendem a favorecer ativos de risco de forma geral, e ativos de carry, como ativos EM/high yields, como um todo.

O Brasil continua vivendo uma espécie de dinâmica própria, mas também favorecido por um cenário externo saudável. Destaque para a curva de juros, que continua colocando “prêmio” de quedas maiores de juros na curva, em meio a um debate do tamanho e intensidade do ciclo de queda da taxa Selic, e do que seria a taxa de juros neutras no país.

O governo, além disso, vem sinalizando para o avanço de uma série de reformas estruturais, macro e micro, que podem mudar de maneira veemente o ambiente de negócios para o país, o que acaba ajudando o desempenho dos ativos locais.

Eu continuo sem apetite para o BRL nos atuais níveis. Ainda vejo um range em torno de 3,10-3,50 para o ano, mas tudo indica que posso ser surpreendido pelos fluxos para o país e, consequentemente, um piso abaixo desses 3,10. Mantenho uma visão construtiva para a Bolsa, vendo a possibilidade de fortes fluxos para esta classe de ativos. 

Todavia, a maior tese estrutural fica por conta de juros mais baixos no país.




Data: 03/02/2017

 China: Aperto monetário.

O destaque da noite ficou por conta do anuncio de um aperto monetário na China. A medida está totalmente em linha com a minha tese de que o policy maker chinês está disposto a adotar uma postura mais dura (apertada) com vistas a evitar bolhas em mercados específicos e administrar, de maneira mais clássica, os obstáculos da economia. A despeito de ainda esperar uma relativa estabilidade da economia no curto-prazo (1 a 3 meses) acredito que as recentes medidas já estão contratando um menor crescimento no médio-prazo (3 a 6 meses). Finalmente, a medida está totalmente em linha com o movimento de “reflation” global.

Sobre as medidas de hoje, o Citibank comentou o seguinte:

PBoC raises Standing Lending Facility (SLF) rate – First day after the Chinese New Year (CNY) holiday saw the PBoC raise the overnight SLF loan rate from 2.75% to 3.1%, the 7-day rate from 3.25% to 3.35%, and the one-month rate from 3.6% to 3.7%. Caixin reported that the PBoC even allowed SLF loans to be extended to local financial institutions that failed to pass the macro prudential assessment (MPA). However, the SLF rates applied to them were raised by 100 bps, respectively, on the overnight, 7 days and 1 month rate, to 4.1%, 4.35% and 4.7%.

Moreover, PBoC also increases the repo facilities rates – The 7 day, 14 day and 28 day repo facilities were raised by 10 bps each to 2.35%, 2.5% and 2.65% respectively. Today’s interest rate adjustments were well expected, as they followed the Medium-term Lending Facility (MLF) rate adjustment before the Chinese New Year (see: PBoC Raised the Rates for MLF, Showing Tightening Bias).

Ainda na China, o Caixing Manufacturing PMI recuou de 51,9 para 50,0 pontos, abaixo das expectativas do mercado (51,8). O número de hoje sinaliza para uma desaceleração da economia, ao contrário dos demais indicadores de crescimento recentes.

O destaque da agenda do dia ficará por conta dos dados de emprego nos EUA de janeiro. A combinação desta divulgação será extremamente importante para direção dos ativos de risco no curto-prazo podendo confirmar, ou refutar, minha tese de que a economia do país esteja próxima ao pleno emprego, com o hiato do produto praticamente fechado.

Os jornais de hoje trazem poucas novidades no Brasil.




Data: 02/02/2017

Brasil: Otimismo continua.

Dia de pouquíssimas novidades para o cenário. Destaque para o bom desempenho dos ativos emergentes e para a queda do dólar no mundo, o que ajudou a dar sustentação ao BRL, e a um movimento de flattening da curva local de juros. O Ibovespa ficou estável, pressionado pelo resultado abaixo das expectativas do Bradesco e pela queda da Vale, mas suportado por setores mais sensíveis aos juros.

No campo político, Rodrigo Maia foi eleito para presidente da Câmara, como era amplamente esperado. A votação ficou um pouco abaixo das expectativas, o que pode indicar um desafio um pouco maior para Temer e Cia nas próximas negociações. De maneira geral, Com Eunício de Oliveira e Rodrigo Maia a frente do Congresso, o governo tem amplo respaldo para dar continuidade ao processo de reformas econômicas.

Nos EUA, o Jobless Claims apresentou queda de 260k para 246k em linha com as expectativas. O número ainda mostra um quadro de solidez do mercado de trabalho. A Produtividade do 4Q ficou em 1,3% e o ULC em 1,7%. De maneira geral, reforça um cenário de produtividade baixa (potencial de crescimento baixo) mas ainda sem sinais concretos de pressões inflacionárias.

Trump continua dominando as manchetes com suas declarações e atitudes, no mínimo, polêmicas. 

Acredito que devemos continuar focados nos fundamentos da economia, e tentar se desvincular da volatilidade diária de ruídos emitidos pelo novo presidente dos EUA. Sua plataforma econômica importa muito para o cenário de médio e longo-prazo. 

Neste momento, existem poucos detalhes de o que (e como) tudo aquilo que foi apresentado em sua campanha será executado e implementado. Esta ausência temporária de detalhes pode estar freando parte do que acredito ser uma tendência de longo-prazo, ou seja, taxas de juros mais elevadas e um dólar mais alto, suportados por um crescimento marginalmente maior, uma inflação mais elevada e uma postura, consequentemente, mais dura por parte do Fed.

Uma coisa é certa. Como muito bem escreveu hoje Albert Edward, analista do SocGen: 

"Agree With Trump Or Not, He Seems Determined To Enact What He Promised"




Data: 02/02/2017

Reflation: Up and running!

Os dados recentes estão apenas reforçando o quadro de recuperação da economia global, sem alteração no cenário central o qual eu venho apresentando neste fórum.

Nos EUA, ontem, o ADP Employment apresentou uma robusta criação de vagas de trabalho em janeiro (246 mil), acima das expectativas do mercado. O ISM Manufacturing também superou o esperado pelo consenso, com um quadro qualitativo que mostrou aceleração no emprego, nos indicadores de inflação e de encomendas.

O Fed, por sua vez, promoveu apenas pequenas alterações em seu comunicado, fazendo o que conhecemos como um “market-to-market” do cenário às condições atuais. A ausência de uma referencia mais explícita a possibilidade de uma alta de juros em março pode ter decepcionado alguns mais hawkish. Na minha visão, o Fed não se favoreceria em nada, neste momento, em promover um comunicado mais explícito. As incertezas do cenário ainda são elevadas. Muitos números econômicos serão divulgados até a próxima reunião do FOMC em março. Até mesmo Yellen terá a oportunidade de se comunicar através de aparições no Congresso caso seja necessária uma sinalização mais clara antes da próxima reunião.

No Brasil, a produção industrial divulgada ontem mostrou um quadro ainda desolador para o crescimento do país. Continuo esperando uma recuperação apenas lenta e gradual da economia.

No campo político, Eunício de Oliveira, do PMDB e alinhado ao governo Temer, foi eleito presidente do Senado, como era amplamente esperado. Eunício contou com 61 votos, o mesmo número das últimas votações em favor das reformas econômicas em curso. A votação mostra, uma vez mais, que o Senado continua extremamente alinhado com o atual governo. Segundo Vicente Nunes, do Correio Braziliense:

A vitória de Eunício Oliveira (PMDB-CE) para a presidência do Senado e a provável reeleição, hoje, de Rodrigo Maia (DEM-RJ) para o comando da Câmara dos Deputados abrem uma avenida importante para o governo aprovar as reformas trabalhista e da Previdência Social. Tanto no Palácio do Planalto quanto no mercado financeiro, acredita-se que essa configuração do Congresso permitirá que Michel Temer saia vitorioso em suas propostas, apesar de toda a gritaria contra mudanças tão polêmicas. No entender do presidente da República, sua base ficará mais forte.

O Valor Econômico traz um artigo sobre a menor taxa neutra de juros para o Brasil e a possibilidade de aprofundamento do corte de juros.

A queda do risco país, o avanço do ajuste fiscal e a trajetória de desaceleração da inflação em direção à meta têm levado especialistas a reduzirem suas projeções para a taxa neutra de juros ­ aquela que permite crescimento sem gerar inflação. Essa percepção tem feito com que economistas defendam que o Banco Central teria espaço para intensificar ainda mais o ciclo de afrouxamento monetário e levar a taxa de juro real para um patamar abaixo do nível de equilíbrio para estimular a retomada da atividade ­ já há casas com previsão de 8% para a Selic no fim de 2017. Na visão de especialistas, o juro neutro pode cair para perto de 4% com a aprovação das reformas, especialmente a da Previdência, e a queda do crédito público subsidiado. A taxa, que chegou a 7% em fevereiro de 2016 em meio à crise política, antes do impeachment da ex­presidente Dilma Rousseff, agora está entre 5% e 5,5%. 

No que tange os mercados, estou mantendo minhas teses de investimentos de juros estruturalmente mais baixos no Brasil, porém mais elevados nos EUA. A sustentação ao dólar ainda acredito que ocorrerá, mas de forma cada vez mais segmentada. A dinâmica do dólar não está favorecendo está visão, o que requer alguma cautela no curto-prazo.




Data: 01/02/2017

Global Reflation!

Os ativos de risco estão revertendo parte dos movimentos verificados nos últimos dias, com o dólar mais forte, uma abertura de taxa de juros no mundo desenvolvido e uma leve alta das bolsas globais.

A agenda do dia nos reserva a PIM no Brasil, com o ADP Employment, ISM Manufacturing e a decisão do FOMC nos EUA.

Os dados econômicos da Ásia continuam condizentes com um cenário de “reflation” no mundo. O PMI Manufacturing oficial da China arrefeceu apenas marginalmente, de 51,4 para 51,3 pontos em janeiro, praticamente em linha com as expectativas. O número confirma um cenário de crescimento estável no curto-prazo. Eu mantenho a visão de um crescimento ainda sustentado nos atuais níveis no curto-prazo (1 a 3 meses), mas com uma desaceleração contratada da economia no médio-prazo (3 a 6 meses).

Na Coréia do Sul, que por apresentar uma economia bastante abertura, costuma ser um indicador relevante da demanda global, as exportações apresentaram alta de 11,2% YoY em janeiro, o que apenas reforça o cenário de crescimento saudável na região e no mundo como um todo.

No Brasil, os jornais estão dando alguma atenção às declarações de Ilan em evento em SP ontem. O presidente do BCB sinalizou que haverá um debate sobre a meta de inflação de 2019 no meio do ano e que, para ele, a meta de inflação deveria migrar para 3% ao longo do tempo.

No campo político, tudo indica que Rodrigo Maia será reeleito para presidente da Câmara e Eunício de Oliveira para presidente do Senado. De acordo com especialistas, estes nomes são alinhados com o governo e poderiam facilitar o caminho para as reformas econômicas.

Em artigo no Valor Econômico de hoje Cristiano Romero afirma que o BCB irá criar um novo instrumento de política monetária:

O Banco Central (BC) vai criar um novo instrumento de política monetária: o "depósito voluntário". Hoje, o BC controla a quantidade de dinheiro em circulação por meio das chamadas "operações compromissadas" - o Tesouro Nacional emite títulos públicos que vão para a carteira do BC, com compromisso de recompra. Com esses papéis, a autoridade monetária esteriliza os efeitos inflacionários da entrada de moeda estrangeira no país: compra as divisas em troca dos títulos do Tesouro, enxugando a liquidez da economia. Desta forma, regula o custo do dinheiro, isto é, a taxa básica de juros (Selic).

O uso das operações compromissadas elevou de forma significativa a dívida bruta do Governo Geral, que compreende o governo federal, o INSS, os Estados e os municípios. Neste momento, o estoque de compromissadas está em R$ 1,047 trilhão, o equivalente a 16,6% do Produto Interno Bruto (PIB).

O presidente do BC, Ilan Goldfajn, informou ao Valor que a remuneração dos "depósitos voluntários" será idêntica à das operações compromissadas. "Nos Estados Unidos e em parte das economias avançadas, o principal instrumento de política monetária é este: quando um banco tem liquidez, faz um depósito voluntário no BC e o dinheiro é remunerado", revelou.

A criação dos "depósitos voluntários" ou remunerados foi uma importante inovação promovida pelos bancos centrais no pós-crise. No Brasil, o BC lançou mão das operações compromissadas, um instrumento criticado por economistas pelo fato de aumentar sobremaneira a dívida pública e, portanto, a necessidade de geração de superávits primários nas contas públicas para fazer frente ao pagamento de juros dessa dívida.

Em tese, com a substituição das operações compromissadas pelos "depósitos voluntários" das instituições financeiras no Banco Central, a dívida pública bruta poderia encolher, no limite, até 16,6 pontos percentuais do PIB, caindo dos atuais 69,5% para 52,9% do PIB. O presidente do BC esclareceu, entretanto, que o objetivo do governo não é reduzir artificialmente o tamanho da dívida bruta, cujo crescimento veloz nos últimos anos tornou o Brasil vulnerável aos olhos dos investidores, o que levou as agências de classificação de risco a retirarem do país o selo de bom pagador (grau de investimento, na linguagem do mercado) 




Data: 31/01/2017

Good trump vs Bad Trump.

Os ativos de risco continuam ajustando suas expectativas para a administração de Donald Trump. Nos últimos dias, criou-se um vácuo de notícias em relação ao que era visto como uma plataforma positiva para a economia (corte de impostos, incentivos fiscais e etc), ao mesmo tempo em que ficou mais evidente que as medidas vistas como questionáveis (protecionismo, renegociação de acordos comerciais, construção de um muro na fronteira do México, entre outros) seriam realmente implementadas.

Neste meio tempo, a agenda econômica acabou não corroborando o otimismo dos investidores em relação a economia dos EUA, o que acabou ajudando o movimento de correção (dólar fraco, fechamento de taxas de juros e queda das bolsas).

Hoje, nos EUA, o Employment Cost Index ficou abaixo das expectativas do mercado no 4Q16 (0,5% QoQ vs 0,6% QoQ), mostrando poucas pressões inflacionárias de salários. O Chicago PMI caiu de 54,6 para 50,3 pontos em janeiro, abaixo das expectativas de 55,0 em janeiro, enquanto o Consumer Confidence saiu de 113,3 para 111,8 pontos, abaixo dos 112,8 esperados pelo mercado.

Acredito que os números de hoje (e nem mesmos os números dos últimos dias) mudam de forma significativa o cenário para a economia dos EUA. Entendo que as declarações da nova administração, e a posição técnica, esteja adicionando uma volatilidade adicional a dinâmica dos mercados.

Continuo trabalhando com um cenário de crescimento saudável (em torno de 2%), com flutuações em torno desta tendência. Vejo a economia muita próxima ao pleno emprego, com um hiato do produto fechado. Este ambiente deveria favorecer uma alta gradual da inflação.

Como tenho comentado nas últimas semanas: No curto-prazo, o risco é uma decepção do mercado em torno do crescimento do país. Por acreditar que os EUA se encontram muito próximo do pleno emprego, as medidas sinalizadas por Trump poderiam gera mais inflação, mas não necessariamente muito mais crescimento, um risco que hoje parece estar sendo totalmente ignorado pelo mercado.

No Brasil, voltamos a observar alguma melhora nos indicadores de confiança. Por ora, estou vendo esses sinais como “green shoots” que não podem ser ignorados e devem ser olhados como positivos e com otimismo.

Nesta linha, os dados do mercado de trabalho de dezembro mantiveram a tendência de aumento da taxa de desemprego, mas começamos a observar alguns sinais mais animadores no que diz respeito os rendimentos dos trabalhadores. O movimento ainda é incipiente, mas pode marcar um ponto de inflexão importante para a economia. 

Segundo nossa área econômica: 

Taxa de desemprego @ 12% (vs. BBG: 11,9%. A taxa de desemprego subiu mais um pouco na margem e atingiu 13% em dezembro de 2016 (após ajuste sazonal), de 12,6% em novembro. Parte da elevação da taxa de desemprego tem sido devido ao aumento da taxa de participação. A taxa de ocupação/PIB caiu na margem, contribuindo para a elevação do desemprego. Carteira assinada tem perdido participação no total de empregados (sugerindo aumento da informalidade). O rendimento nominal permanece subindo a taxas interanuais robustas. Reflexo da desaceleração da inflação (em 12 meses), a massa salarial real tem acelerado na margem (após ajuste sazonal), sugerindo estancamento da queda do consumo mais à frente;

Na Europa, o calendário político parece estar voltando ao foco, com ruídos nas primárias das eleições da França, e com o retorno das negociações junto a Grécia. No cenário econômico, o dia foi marcado por números mais robustos de PIB, Inflação e menor desemprego, mostrando um ciclo econômico positivo na região como um todo.




Data: 31/01/2017

Brasil: Cenário político domina as manchetes.

Os ativos de risco estão abrindo a terça-feira próximos a estabilidade, exceto por mais uma rodada de pressão nas bolsas globais.

Durante a noite, o destaque ficou por conta da decisão do BoJ no Japão, que manteve sua política monetária inalterada, dentro das expectativas do mercado.

Na agenda do dia, destaque para o Employment Cost Index (ECI) do 4Q de 2016 nos EUA.

No Brasil, os jornais de hoje continuam dando atenção ao cenário político. A eleição para presidente da Câmara, que parecia consolidada, ganhou novos contornos, com o retorno de alguns candidatos e o surgimento de novos nomes na disputa. A princípio, nada que altere o cenário de apoio ao governo.

No TSE, a delação da Odebrecht, agora já homologada pelo STF, poderá ser usada como prova contra chapa Dilma-Temer. Mesmo que ocorra uma ainda incerta impugnação da chapa, Temer ainda poderia recorrer ao STF.

Segundo Monica Bergamo, da Folha de São Paulo, Adriana Ancelmo (mulher do ex governados do Rio de Janeiro Sergio Cabral, investigada pela Operação Lava-Jato, e hoje presa), estaria trabalhando em uma delação premiada que poderia envolver membros do judiciário, não apenas no RJ, mas em todo o Brasil. Se aberto este flanco de investigações, entraríamos em uma nova e incerta fase das investigações.

No campo econômico, um artigo da Reuters afirma que o Brasil poderia retirar os limites de investimentos para estrangeiros em setores como as companhias aéreas e terras agrícolas, com intuito de estimular o crescimento do país via investimentos.




Data: 30/01/2017

Update

O dia trouxe poucas informações adicionais para o cenário econômico local e global, mas uma dinâmica um pouco diferente dos ativos de risco.

No Brasil, vimos um leve movimento de realização de lucros, com viés de steepening, na curva de juros. Observamos uma forte realização de lucros na bolsa, mas um bom desempenho do BRL. Acredito que parte desses movimentos sejam explicados pela posição técnica do mercado (aparentemente aplicada em juros, mas vendida em BRL, com algumas posições no mercado de opção com vencimento para o final do mês também podendo estar influenciando a dinâmica do câmbio), aliados ao fluxo de notícias mais desafiador do ponto de vista político (delações premiadas, novos flancos de investigação da Operação Lava-Jato, etc), e um movimento global de queda nas bolsas.

Até o momento, estou tratando o vazamento das delações premiadas, tanto da Odebrecht, como de outros personagens investigados na Operação Lava-Jato, apenas como ruídos políticos de curto-prazo. Eu entendo que o caso seja grave e merece atenção, mas os mercados financeiros locais não têm dado muita atenção a este tema. Acredito que este panorama poderá mudar caso as delações atinjam o coração do atual governo, afetando a capacidade de aprovar as reformas econômicas em curso.

As delações vindouras, especialmente da Odebrecht, contudo, por serem extremamente amplas, atingindo diversas figuras políticas nacionais, e uma série de partidos, pode acabar “banalizando” o efeito político dos eventuais ilícitos cometidos. Além disso, as investigações sobre políticos eleitos podem levar muito tempo, devido às restrições operacionais do STF, o que acaba por minimizar o impacto imediato dos eventos.

No cenário externo, tivemos uma confluência de fatores que levaram a uma mudança de dinâmica dos ativos de risco, em especial, com um movimento de queda nas bolsas. Ruídos provenientes das negociações para o pagamento de mais uma parcela de ajuda financeira à Grécia, um cenário político desafiador na França e na Itália, além de decisões, no mínimo, questionáveis por parte de Trump, nos EUA, trouxeram uma pitada de incerteza ao cenário.

O que me chamou a atenção foi, pela primeira vez desde a eleição de Trump, uma perda de correlação entre o S&P, o USD e a Treasury. Mesmo em um dia de forte queda das bolsas, a Treasury permaneceu estável (não apresentou fechamento de taxas como em dias normais de risk-off). Além disso, o USD apresentou desempenho misto, ao contrário de mostrar fraqueza, como vinha sendo o caso em dias de enfraquecimento das bolsas dos EUA.

No domingo, escrevi que: Acredito que, em algum momento, e este momento pode estar próximo, os ativos de risco podem começar a olhar com maior desconfiança para as medidas de Trump. Na verdade, me impressiona como o mercado vem ignorando totalmente todas as sinalizações ruins que a nova administração vinha emitindo e/ou implementando. Trump está colocando em prática tudo aquilo que prometeu em sua campanha (construir um muro na fronteira do México, se retirar do TPP, renegociar o NAFTA, e etc). Intriga-me porque os investidores, até o momento, só estão vendo o lado potencialmente positivo de sua administração. Em algum momento, caso Trump mantenha sua postura, essa lua de mel do mercado pode acabar. 

Acredito que precisamos tentar focar no cenário econômico, deixando os ruídos de Trump um pouco de lado. Ainda vejo um cenário em que a economia dos EUA se encontra muito próxima do pleno emprego, com o hiato do produto praticamente fechado, em um pano de fundo de crescimento estável em torno da tendência (2%). As políticas de Trump podem acelerar, ou não, este cenário, mas dificilmente irão reverte-lo. A agenda dessa semana será importante para confirmar, ou refutar, este cenário.




Data: 30/01/2017

Brasil: Lava-Jato no foco da mídia.

Os ativos de risco estão abrindo a semana próximos à estabilidade. Destaque apenas para um leve arrefecimento das bolsas globais, em reação, aparentemente, as últimas medidas de Trump nos EUA.

No Brasil, a mídia continua dando amplo destaque a delação premiada, ainda em andamento e não homologada, de executivos da Odebrecht. Segundo Vera Magalhães, do Estadão:

Delação de Benedicto é tão letal quanto a de Marcelo

Análises do potencial de dano das delações da Odebrecht convergem para o mesmo ponto: a de Benedicto Júnior, ex-presidente da construtora, não aniquila de vez só o PMDB do Rio, levando o governador Luiz Pezão ao encontro de seu criador, Sérgio Cabral. Ela vai arrastar de roldão governadores de vários Estados e múltiplos partidos. Era ele que “cuidava” das obras estaduais. Já Marcelo Odebrecht se concentrou na “cúpula” da política nacional: Lula, Dilma Rousseff e Michel Temer puxam o bloco.

Paulo Preto recua na intenção de fazer colaboração judicial

Levado ao centro da Lava Jato pelas delações da Odebrecht e pelo “recall” dos acordos de outras empreiteiras, como Camargo Corrêa e Andrade Gutierrez, Paulo Vieira de Souza, o Paulo Preto, ex-diretor da Dersa na gestão José Serra, foi dissuadido por ora de fazer delação premiada por seu advogado, o ex-procurador da República José Roberto Santoro, após extrema pressão de tucanos paulistas de alta plumagem.

Até o momento, estou tratando o vazamento das delações premiadas, tanto da Odebrecht, como de outros personagens investigados na Operação Lava-Jato, apenas como ruídos políticos de curto-prazo. Eu entendo que o caso é grave e merece atenção, mas os mercados financeiros locais não tem dado muita atenção a este tema. Acredito que este panorama poderá mudar caso as delações atinjam o coração do atual governo, afetando a capacidade de aprovar as reformas econômicas em curso.

As delações vindouras, especialmente da Odebrecht, contudo, por serem extremamente amplas, atingindo diversas figuras políticas nacionais e uma série de partidos, pode acabar “banalizando” o efeito político dos eventuais ilícitos cometidos. Além disso, as investigações sobre políticos eleitos podem levar muito tempo, devido as restrições operacionais do STF, o que acaba por minimizar o impacto imediato dos eventos.

O empresário e agora investigado pela Operação Lava-Jato, Eike Batista embarcou ontem de NY em direção ao RJ. De acordo com entrevista coletiva apresentada a TV Globo, o empresário afirmou que "está na hora de passar as coisas a limpo", sinalizando que deverá contribuir com a justiça e, eventualmente, fechar um acordo de delação premiada. 




Data: 30/01/2017

Brasil: Ruídos da Lava-Jato/EUA: Trump cria polêmica maior.

Minha última análise de mercado foi feita na sexta-feira pela manhã. Desde então, vi poucas mudanças substanciais de cenário econômico, MS alguns desenvolvimentos políticos, especialmente nos EUA, mas também no Brasil, que podem acabar afetando, mesmo que pontualmente, a direção dos mercados financeiros globais.

Brasil – De maneira geral, o cenário econômico segue inalterado. O processo desinflacionário continua forte, com as coletas de inflação apontando para um IPCA bem abaixo do esperado pelo mercado e pelo BCB até poucas semanas atrás. O crescimento começa a dar alguns sinais de “green shoots” (dados de crédito, indicadores de confiança) mas em meio a um pano de fundo ainda de fragilidade. As contas externas seguem saudáveis, com as contas públicas ainda na penumbra.

No campo político, o retorno do recesso do MP trouxe de volta a tona, através do que pode ser visto como alguns vazamentos para a mídia, de delações premiadas em negociação e/ou já em andamento. De acordo com alguns veículos de comunicação, com informações divulgadas ao longo deste final de semana, novos e antigos personagens políticos surgem como possíveis investigados da Operação Lava-Jato e seus desdobramentos. Membros do alto escalão do atual governo continuam a circular como possíveis envolvidos nas investigações. Além disso, os desdobramentos da Lava-Jato no RJ podem trazer novas e importantes informações às investigações, com personagens envolvidos nas investigações podendo optar pela delação premiada.

Por ora, devemos ver o risco “Lava-Jato” como ruídos de curto-prazo, mas que pode vir a trazer volatilidade aos ativos locais, especialmente nos níveis em que se encontram. Continuo focado no tema de juros estruturais mais baixos no país, através de posições aplicadas em juros. Acredito que o BRL possa estar próximo da banda de baixa do que acredito que será um range relativamente estreito para ele ao longo do ano (3,10-3,50). Vejo espaço para alocações adicionais na bolsa local, mas não descarto realizações pontuais de lucro.

EUA – Os dados econômicos divulgados na sexta-feira (PIB, Durable Goods e Michigan Confidence) em nada alteram o cenário econômico para o país. A economia se mostra saudável, com crescimento em torno de 2%, e flutuações em torno da tendência. Existe uma expectativa de que a política econômica de Trump venha a elevar essa tendência de crescimento. Vejo um mercado de trabalho muito próximo ao pleno emprego, e uma inflação estruturalmente mais elevada no país.

Os números recentes em nada alteram este cenário, já existente antes mesmo da vitória de Trump. No curto-prazo, o risco é uma decepção do mercado em torno do crescimento do país. Por acreditar que os EUA encontram-se muito próximo do pleno emprego, poderíamos ter mais inflação, mas não necessariamente muito mais crescimento, um risco que hoje parece estar sendo totalmente ignorado pelo mercado. 

Na sexta-feira à noite, Trump assinou um decreto (“executive order”) que até o momento foi o mais polêmico em sua curta administração. Trump baniu do país a entrada de imigrantes de 7 países muçulmanos. Ainda existe muitas dúvidas em torno da extensão da medida. Parte dela já foi revertida por um juiz do país. Contudo, em um primeiro momento, a medida estava valendo até mesmo para aqueles com vistos validos e “green card”.

A medida gerou uma forte reação de repúdio da população local, de países estrangeiros e de diversas corporações americanas com presença global.

Acredito que, em algum momento, e este momento pode estar próximo, os ativos de risco podem começar a olhar com maior desconfiança para as medidas de Trump. Na verdade, me impressiona como o mercado vem ignorando totalmente todas as sinalizações ruins que a nova administração vinha emitindo e/ou implementando. Trump está colocando em prática tudo aquilo que prometeu em sua campanha (construir um muro na fronteira do México, se retirar do TPP, renegociar o NAFTA, e etc). Intriga-me porque os investidores, até o momento, só estão vendo o lado potencialmente positivo de sua administração. Em algum momento, caso Trump mantenha sua postura, essa lua de mel do mercado pode acabar.

Europa – Aos poucos, e de maneira ainda incipiente, a Grécia está retornando aos noticiários financeiros. A nova etapa de negociação entre o país e seus credores mostra, uma vez mais, a situação extremamente caótica de sua dívida e a dinâmica insustentável da mesma.

China – Os números de dezembro mostraram uma economia estável. O país econtra-se no Ano Novo Lunar. O que vem me chamando a atenção são o conjunto de medidas de aperto que estão sendo implementados dia-após-dia. Não somente o controle da conta de capital está mais restrito, como há indícios de controle do crédito e aperto de juros. Continuo vendo uma desaceleração contratada para o país em cerca de 3 a 6 meses.




Data: 27/01/2017

Operação Lava-Jato de volta ao foco.

Os ativos de risco estão abrindo a sexta-feira com movimentos apenas marginais. Destaque para o fortalecimento do dólar, desta vez mais concentrado contra algumas moedas emergentes e o JPY. As taxas de juros nos EUA estão apresentando pequena abertura de taxas. As bolsas globais não apresentam tendências definidas está manhã.

A agenda do dia será relevante, com o PIB do 4Q e o Michigan Confidence como grandes destaques da agenda dos EUA.

Em um artigo no Valor Econômico, Claudia Safatle afirma que existe hoje um grande otimismo no governo com a possibilidade de uma forte queda nas taxas de juros do país:

As mais recentes informações sobre a economia trouxeram otimismo ao governo de Michel Temer. Forma-se, tanto na área econômica quanto no Palácio do Planalto, a convicção de que existe, de fato, a possibilidade de a inflação este ano ficar abaixo da meta de 4,5%. E a taxa de juros básica da economia, a Selic, poderá cair para um dígito também em 2017. Talvez no início do quarto trimestre a Selic já esteja em 9,25% ao ano, arriscou um ministro.

Por apenas três vezes desde que a meta de inflação foi fixada em 4,5%, em 2005, a variação do IPCA ficou abaixo desse objetivo. Isso ocorreu 2006 (inflação de 3,14%), 2007 (4,46%) e em 2009 (de 4,31%).

No início da noite de ontem, a Petrobrás anunciou uma queda nos preços da gasolina e do diesel. A magnitude foi pequena, o que deverá trazer impacto limitado à inflação.

Alguns jornais de hoje já ventilam a possibilidade de um acordo de delação premiada do empresário Eike Batista, alvo de um desdobramento da Operação Lava-Jato ontem. Também já se comenta a possibilidade de Sergio Cabral, ex Governador do Rio de Janeiro, caminhar na mesma direção.

O retorno das atividades da Operação Lava-Jato, e de seus desdobramentos, traz uma pitada de incerteza e ruídos ao cenário político local.




Data: 26/01/2017

USD se junta ao "reflation trade" / Brasil: Apertem os cintos que o recesso acabou.

 

O dia foi marcado pela alta do dólar no mundo, movimento que se junta aos demais “reflation trades” dos últimos dias.

No cenário econômico dos EUA, o Jobless Claims apresentou leve elevação, mas dentro da volatilidade desta época do ano. Não altera o cenário positivo para o mercado de trabalho do país. Os demais números de hoje, em especial os dados de estoques, apenas elevaram as expectativas para o PIB do 1Q a ser divulgado amanhã.

As medidas de Trump continuam no centro das atenções. Hoje, após dar seguimento a sua proposta de construir um muro separando os EUA do México, o presidente do México anunciou que não participará da reunião entre os dois países, agendada para os próximos dias. O anúncio eleva o tom de confronto entre os dois países e, de certa forma, marca o passo do que deve ser a administração do novo presidente dos EUA.

Alguns membros seniores do Departamento do Estado, que trabalharam em diversas administrações, Democratas e Republicanas, anunciaram uma demissão conjunta, em repúdio ao novo presidente eleito.

Na China, tivemos novas evidências de aperto por parte do governo, com evidências anedóticas de que o PBoC emitiu uma circular pedindo para os bancos frearem as concessões de crédito para alguns setores neste início de ano. As ações recentes do PBoC estão em linha com minha visão de uma desaceleração contratada do crescimento chinês nos próximos 3 a 6 meses.

No Brasil, o retorno do recesso do MPF trouxe uma nova fase da Operação Lava-Jato no RJ. Por ora, sem maiores desdobramentos para o atual governo ou para os mercados financeiros locais. Contudo, o retorno da Operação, assim como a delação premiada da Odebrecht, lembra aos investidores que ainda estamos em meio a um quadro político de incertezas.

Não acredito, com as informações atuais, que estes vetores irão atrapalhar o ajuste econômico em curso, mas períodos de maiores incertezas e ruídos devem ocorrer, trazendo volatilidade aos ativos locais. Devemos estar preparados para tentar distanciar o que é ruído do que é mudança estrutural de cenário.

No campo econômico, alguns indicadores de confiança divulgados hoje mostraram recuperação, mas ainda em pano de fundo de extrema depressão.

Os dados de crédito divulgados pelo BCB começaram a dar sinais de que o pior possa ter ficado para trás, com um recuo de taxas, spreads e inadimplência, mas ainda com certa fraqueza nas concessões.

Nas palavras de nossa área econômica: 

O estoque de crédito continua encolhendo no ano/ano (-3,5%), em ambos os segmentos: livres (-10,2%a/a) e direcionado (-2%a/a); A relação crédito/PIB encolheu para 49,3% em dezembro de 2016; A concessão de crédito caiu na margem em dezembro (com o dado ajustado sazonalmente); A inadimplência mostrou queda na margem (em PF); No crédito livre, houve queda da inadimplência tanto em PF quanto em PJ; As taxas de juros bancárias caíram na margem, mas o patamar segue bastante elevado; A transmissão dos juros futuros para os juros bancárias segue precária (ou seja, o fechamento dos juros futuros se traduziu muito pouco em queda nos juros bancários); Isso porque o spread bancário subiu muito nos últimos trimestres. Na margem, observamos alguma queda do spread bancário, mas há muito espaço para queda de spread bancário e estímulo para a atividade econômica.

 



Data: 26/01/2017

Brasil: O período de calmaria de notícias está próximo do fim.

 

Os ativos de risco estão abrindo a quinta-feira dando seguimento aos movimentos de “reflation” observados nos últimos dias, mas, por ora, com magnitudes ainda pequenas. 

 

A agenda do dia será um pouco mais carregada, com destaque para o Jobless Claims nos EUA. No Brasil, a agenda trará apenas os dados de arrecadação.

 

Os jornais locais de hoje parecem um pouco mais “recheados” do que nas últimas semanas. Ao que tudo indica, o período de ausência de notícias locais ficou para trás. 

 

Hoje, já há um foco maior no retorno do processo de delação premiada a Odebrecht. Novamente, começam a vazar informações sobre os anexos do processo. Em artigo na Folha de São Paulo, há a informação de que a empreiteira poderá empurrar para o centro das investigações os principais acionistas de suas concorrentes. Não existe, ainda, o vazamento de nomes de políticos possivelmente envolvidos na delação. Todavia, me parece apenas uma questão de tempo até que novos ruídos envolvendo a empresa, políticos e o setor empresarial como um todo, volte a eclodir. 

 

Em uma matéria no Valor Econômico,

 

"O Ministério Público Federal (MPF) em Brasília vai usar a lei anticorrupção para responsabilizar o Grupo Safra, o Bradesco e outras empresas investigadas pela Operação Zelotes por supostos atos de corrupção no Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf), conforme apurou o Valor. 

 

A medida está prevista para ser adotada na terceira etapa da Zelotes, investigação que apura pagamento de propinas a funcionários e a conselheiros do Carf em troca da reversão ou diminuição de autuações fiscais. Também serão acionadas com base na lei anticorrupção as empresas SGR Consultoria Empresarial e JR Silva Advogados, que teriam sido usadas para intermediar o esquema, segundo o MPF. A procuradoria já denunciou suspeitos de corrupção e ajuizou ontem ação por improbidade administrativa contra 13 investigados. 

 

A lei 12.846 de 2013 prevê a responsabilização objetiva, administrativa e civil de pessoas jurídicas que praticarem atos contra a administração pública, nacional ou estrangeira. 

Seu artigo 4º, inciso 2 º diz que "as sociedades controladoras, controladas, coligadas ou, no âmbito do respectivo contrato, as consorciadas serão solidariamente responsáveis pela prática dos atos previstos nesta lei, restringindo-se tal responsabilidade à obrigação de pagamento de multa e reparação integral do dano causado"." 

 

Em artigo do mesmo Valor Econômico, Ribamar Oliveira afirma que houve um entusiasmo por parte da Fazenda com os dados de atividade econômica de dezembro:

 

"Em dezembro, a economia brasileira deu sinais animadores. Os dados que chegam ao Ministério da Fazenda indicam uma reação da atividade econômica que, para a área técnica oficial, deverá continuar nos próximos meses. "De fato, tivemos uma inflexão (do crescimento) em dezembro para valer", avaliou o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, em conversa com o Valor. Meirelles está convencido de que o país já crescerá no primeiro trimestre deste ano. 

 

Uma série de indicadores positivos foram observados pela equipe econômica do governo no mês passado. A produção de veículos cresceu 5% na comparação com novembro, de acordo com dados dessazonalizados divulgados pela Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea). A produção de papelão ondulado, caixa, acessórios e chapas, que é um dos indicadores antecedentes clássicos do nível da atividade, apresentou um crescimento de 1,3% na comparação com o mês anterior, já dessazonalizado. 

 

Um dos dados mais impressionantes foi a elevação de 4,8% no movimento do pedágio de veículos pesados em dezembro, em comparação com novembro. No caso do pedágio de veículos leves, o aumento foi de 0,7%. O consumo de energia elétrica, outro indicador antecedente clássico do nível de atividade, subiu 0,6%, enquanto as importações do país apresentaram elevação de 3,7%. Todos os dados são dessazonalizados."




Data: 26/01/2017

Reflation, again..

 

O dia foi novamente marcado pelo retorno de partes das apostas em um cenário de “reflation” no mundo. Destaque para a alta nas bolsas, e para a abertura de taxa dos juros nos países desenvolvidos. O dólar operou sem tendência definida, com questões locais e pontuais fazendo mais preço do que o pano de fundo global.

 

A agenda econômica trouxe como destaque apenas o IFO na Alemanha, que acabou ficando um pouco abaixo das expectativas. A agenda nos EUA foi esvaziada. Nenhum vetor alterou o cenário central para a economia mundial. 

 

Trump continua dando sequencia a assinatura de decretos, em linha com o que foi apresentando em sua campanha eleitoral. Hoje foi o dia de reafirmar a construção do muro separando o México dos EUA, além de sinalizar para medidas que visam restringir a imigração para o país. 

 

No Brasil, parece que tudo se encaminha para que Rodrigo Maia seja reeleito presidente da Câmara dos Deputados. No STF, os juízes que já estavam trabalhando com Teori, retomaram o processo de delação junto a Odebrecht. Em suma, tudo calmo, sem grandes novidades. 

 

Mantido este cenário, as teses de investimentos em torno do “reflation” devem continuar em voga (juros mais altos no mundo desenvolvido, dólar forte, bolsas bem sustentadas e afins). No Brasil, exceto por realizações de lucros, ou períodos de acomodação, o cenário ainda se mostra favorável aos ativos locais. Minha preferência continua para o mercado local de juros, na parte intermediária da curva.




Data: 24/01/2017

Reflation: Back to the game!

Os dados econômicos divulgados nos últimos dias estão ajudando a dar novo ímpeto ao tema de “Reflation” no mundo. A medida que fica evidente que Trump irá dar seguimento, ou pelo menos tentar, implementar tudo aquilo que foi apresentado na campanha eleitoral, esta tese de investimento volta a ganhar corpo, após um começo de ano de acomodação, incerteza e realização de lucros.

Apenas hoje, vimos um Markit Eurozone Composite PMI praticamente estável em 53,4 pontos em janeiro, muito próximo dos picos da série. 

O Markit US Manufacturing PMI subiu de 54,3 para 55,1 pontos, patamar mais elevado desde começo de 2015. No caso dos EUA, os indicadores do mercado de trabalho se mostram robustos, e as pressões inflacionárias são crescentes.

Na China, o PBoC promoveu uma alta de 10bps em seu instrumento de mercado aberto, conhecido como MLF. A medida pode parecer cosmética por sua magnitude, mas extremamente importante em termos de sinalização. Mostra que o policy maker chinês está mantendo uma postura mais dura (restritiva) frente não apenas as pressões inflacionárias, como também na administração do câmbio, e do que pode ser considerado “bolhas” em mercados específicos.

A atuação do PBoC confirma minha visão de um curto-prazo (1 a 3 meses) ainda de estabilidade do crescimento, mas com medidas que contratam uma desaceleração do crescimento no médio-prazo (3 a 9 meses). 

Trump continua assinando decretos e colocando em prática tudo aquilo que foi apresentado em sua campanha eleitoral.

No Brasil, o cenário segue sem grandes novidades. A conta corrente de dezembro apresentou um déficit levemente superior as expectativas. Contudo, observamos uma forte surpresa positiva nos investimentos estrangeiros diretos. Continuamos a ver uma situação bastante confortável para o balanço de pagamentos do país. Alguma deterioração é esperada devido a apreciação cambial e a recuperação do crescimento local, mas nada que altere, por ora, a situação de conforto das contas externas.

A inflação continua surpreendendo para baixo, com as coletas de preço baixas diante das expectativas vigentes para a inflação de curto-prazo. A curva embute hoje quedas de 75/65/60/50/30 nas próximas reuniões do Copom. Ainda vejo espaço para mais compressão da curva, mas este deve ocorrer apenas ao longo do tempo. O FRA de 2018 já se encontra abaixo de 10%, com os FRAs da parte intermediária da curva, entre 10,6% e 11,2% me parecendo mais atrativos.




Data: 24/01/2017

Relatório Semanal de Asset Allocation

A última semana teve como destaque o IPCA-15 e as Notas do Copom, no Brasil.

O IPCA-15 apresentou mais uma surpresa positiva (baixista) para a inflação (0,31% m/m e 5,94% em 12m meses, cerca de 7bps abaixo das expectativas). Mais importante do que a leitura do número cheio foi a análise qualitativa extremamente positiva do indicador. 

A inflação de serviços dessazonalizada veio em patamar bem confortável (rodando a 4% na média móvel trimestral anualizada). Extrapolando o comportamento recente da inflação de serviços, podemos ter um IPCA mais próximo de 4% em 2017. O índice de difusão de serviços ficou em patamar abaixo da média histórica. Economia fraca e desemprego em elevação devem manter a inflação de serviços em patamar confortável.

As Notas do Copom trouxeram poucas novidades em relação ao comunicado após a decisão. Ainda vemos um cenário de juros estruturalmente mais baixos no país. Dessa maneira, mantemos nosso ciclo atual de mais +3 quedas de 75bps, +2 quedas de 50bps e +1 queda de 25bps, levando a Selic a 9,5% (em outubro/17). 

A ata dá mais ideia de que houve antecipação do ciclo do que ampliação do orçamento. Entretanto, devemos mencionar que em relação ao RI, houve uma ligeira queda na Selic de mercado (de 9,75% para 9,63% em 2018 e de 10,5% para 10,25% em 2017) e mesmo assim as projeções de inflação ficaram melhores que as projeções do RI. Adicionalmente, o cenário de referência está projetando que o IPCA atinja 3,4% em 2018 (vs. 3,6% no RI): pode ser antecipação de ciclo para atingir a meta, mas não dá para excluir ampliação de ciclo por essa projeção. Numa regra simples de três para a sensibilidade do IPCA aos juros, estimada tempos atrás pelo BC em 30bps de IPCA para cada 100bps de Selic, teríamos adicionais 350bps de corte (devemos lembrar quer essas sensibilidades podem mudar com novas reestimações dos modelos). 

Observamos um reconhecimento do qualitativo melhor da inflação e da atividade mais fraca, assim como foi no comunicado. Segundo o BCB, o motivo de cair -75bps: “entanto, o Comitê avaliou que as condições para reduzir a taxa básica de juros para 13% já nesta reunião estavam presentes em função do processo de desinflação mais disseminada e atividade econômica aquém do esperado, em ambiente com expectativas de inflação ancoradas. Essa decisão contribuiria desde já para o processo de estabilização e posterior retomada da atividade econômica, sem que isso exigisse desvio em relação ao objetivo de levar a inflação para a meta de 4,5% em 2017 e 2018. Os membros do Comitê julgaram, também, que essa decisão era compatível com sua comunicação, que favorece explicitar condicionalidades econômicas sobre a evolução da política monetária, o que melhor transmite a racionalidade econômica que guia as suas decisões”.

Nos EUA, a posse de Trump foi o destaque da semana. Trump manteve um tom agressivo, arrogante e, de certa forma, protecionista, não muito diferente do que foi visto na campanha eleitoral. Para aqueles que esperavam um tom mais sóbrio e conciliador, seu discurso foi uma decepção. Para quem esperava um pouco de mais do mesmo, o discurso foi neutro, em linha com as expectativas. O pouco que já foi divulgado na página oficial da Casa Branca (e nas primeiras medidas assinadas pelo presidente) mostra que a política econômica apresentada na campanha eleitoral será um dos focos deste início de governo. É verdade que faltam detalhes, mas os eventos recentes em nada alteram o cenário que temos trabalhado nas últimas semanas.

De maneira geral, nos EUA, ainda vemos um cenário de crescimento estável (2%-2,5%), com flutuações em torno da tendência. O hiato do produto nos parece praticamente fechado, com um mercado de trabalho muito próximo do pleno emprego. Este ambiente já aponta para um cenário de inflação ascendente.

No resto do mundo, nas principais economias, o ciclo econômico ainda se encontra em um estágio muito anterior ao estágio avançado do ciclo americano. O hiato do produto ainda se encontra muito aberto (no geral, mas já existem exceções), com um mercado de trabalho em recuperação, saudável, mas muito distante do pleno emprego. O crescimento se encontra estável e em recuperação, mas ainda baixo e incipiente. A inflação começa a dar sinais de ascensão. O risco de deflação foi afastado, mas ainda estamos longe de um processo inflacionário. Grande parte da alta recente dos índices de preço pode ser explicada por fatores não recorrentes, como a alta do petróleo e das commodities em geral.

Na China, o PIB do 4Q ficou acima das expectativas do mercado, com crescimento de 6,8% a/a (expectativas de 6,7% a/a). Contudo, os dados de atividade econômica de dezembro apresentaram um desempenho misto. A produção industrial ficou abaixo das expectativas (6,0% a/a vs 6,1% a/a), o FAI decepcionou (8,1% a/a vs 8,3% a/a) mas as vendas no varejo superaram as expectativas (10,9% a/a vs 10,7% a/a).

O cenário para a economia do país continua a ser de um crescimento relativamente estável no curto-prazo (1 a 3 meses), mas com grande potencial de desaceleração no médio prazo (3 a 6 meses). A recente mudança de postura por parte do Banco Central Chinês (PBoC), e do governo em geral, que vêm tentado administrar bolhas em mercados específicos (imobiliário, Bitcoin, Commodities, e etc), além postura mais proativa na administração da depreciação cambial, que vem mantendo a liquidez e os juros de mercados mais elevados, quase que certamente irão levar a uma desaceleração da economia.

Impressiona-nos como o país apresentou uma estabilização apenas marginal e frágil, mesmo frente a uma nova rodada de estímulos fiscais e de crédito nos últimos meses. Isso confirma um cenário de “dimishing returns” deste tipo de política econômica nesta fase do ciclo chinês. Este ambiente mostra que a economia da China está muita próxima de um ponto de inflexão, em que um menor crescimento deverá ser obrigatoriamente tolerado. Ainda não vemos motivos para acreditar em uma crise aguda no país, pois a economia sendo mais planejada do que as demais economias do mundo permite um controle maior do processo de desaceleração, pelo menos no em curto espaço de tempo. Contudo, este cenário não pode ser descartado, e cresce a cada novo dia, à medida que os ajustes necessários não são implementados

Alocação/Estratégia: 

Mantemos nossas convicções inalteradas.

Nossa estratégia de manter recomendações acima da média para o mercado local de juros - porém recomendações mais neutras para o mercado de câmbio e renda variável - está colhendo resultados. A decisão do Copom em reduzir a taxa Selic em 75bps na semana passada corrobora nossa visão de juros estruturalmente mais baixos no país ao longo dos próximos meses.

No mercado de juros, vemos espaço para um processo estrutural de queda de taxas no Brasil. Este processo, porém, não será linear, mas sim pontuado por momentos de incerteza e instabilidade. Diante do nosso cenário de inflação e crescimento, contudo, em um ambiente em que o ajuste fiscal avança no Congresso, ficamos confortáveis com esta recomendação.

No mercado de câmbio, a despeito de um cenário confortável para o balanço de pagamentos, trabalhamos com um cenário externo favorável ao dólar do mundo, o que deveria concentrar os ganhos na moeda brasileira em períodos curtos de tempo. Assim, optamos por manter postura tática e não buscar posições estruturais na moeda brasileira.

No mercado de renda variável, vemos espaço para o aumento dos fluxos para esta classe de ativos, à medida que a melhora dos fundamentos se consolide. Já vemos valor em alguns setores da bolsa local, mas entendemos que precisa haver uma melhora no humor dos investidores no tocante as perspectivas de crescimento do país.




Data: 24/01/2017

Trump, Growth and Risks [UPDATED]

A noite foi de poucas novidades. A dinâmica de mercado mostra uma leve alta do dólar esta manhã, com as bolsas relativamente estáveis, assim como as taxas de juros dos países desenvolvidos. 

Na agenda do dia, destaque apenas para o Markit US Manufacturing, Existing home Sales e Richmond Fed Index. Como todos são indicadores de segunda ordem, as ações de Trump devem acabar prevalecendo sobre a agenda econômica.

No Brasil, vale citar o artigo divulgado na tarde de ontem em que afirma que o BCB irá divulgar um novo conceito para o compulsório, o que ajudou a dar suporte ao setor bancário/financeiro e ao Ibovespa como um todo na segunda-feira.

Esta segunda-feira foi importante para entendermos um pouco o que parece (ou não) estar precificado pelo mercado em termos da política econômica apresentada por Trump. Os movimentos de hoje, ajudam a responder parte das questões que coloquei neste fórum no domingo (vide abaixo).

Os ativos de risco continuam reagindo, ou diria, digerindo, o que será a nova política econômica e externa dos EUA. Impressiona-me bastante como a maior parte dos investidores ainda espera que Trump vá adotar um tom mais conciliador como presidente, enquanto todas as suas falas, sinalizações e atos, apontam na direção de cumprir suas principais promessas de campanha.

Hoje, Trump assinou outra “executive order” retirando os EUA do TPP, e mostrando para o mundo (mas, principalmente, para parceiros comerciais relevantes, com o México, o Canadá e o NAFTA), que quando ele afirma que irá renegociar todos os acordos comerciais, ele está realmente preparando o terreno para isso.

Trump voltou a afirmar que irá impor uma grande “border tax” para os parceiros comerciais do país.

Pela primeira vez, em muito tempo, vimos alguns sinais de desconforto do mercado com essas sinalizações. O fechamento de taxa das Treasuries, e a  das bolsas locais, mostram que o mercado não está preparado, e pouco precifica, de uma política econômica e externa mais protecionista, com a possibilidade de um cenário de maior inflação, mas, talvez, sem maior crescimento no curto-prazo.

Algumas correlações ainda me intrigam, como a queda das bolsas não ser acompanhada por uma apreciação do dólar contra moedas EM (ou commodity currencies). Vejo um cenário protecionista como muito mais desafiador para muitos países emergentes. Acredito que essas quebras de correlação podem demorar, assim como o mercado não irá precificar, de uma hora para outra, o cenário de fechamento do hiato do produto dos EUA, e a necessidade de uma alta estrutural de juros no país. Todavia, estarei observando com atenção a possibilidade dessas quebras de correlação ocorrer nas próximas semanas.

Neste momento, a ausência de detalhes de muito do que tem sido dito por Trump acaba impedindo os mercados de entrarem em tendências mais concretas. A falta de detalhes de medidas para o crescimento, por exemplo, impedem uma alta mais sustentada das taxas de juros. Assim como a possibilidade de um “border tax”, que ainda está muito vaga, afeta o suporte ao dólar no mundo.

De modo geral, mantenho o cenário central inalterado. Contudo, ascende-se um sinal amarelo para a possibilidade de implementação de um protecionismo que, no limite, não será tão construtivo como o imaginado anteriormente.




Data: 23/01/2017

Trump, Growth and Risks.

A mídia internacional continua repercutindo as primeiras ações de Trump no governo. Uma série de manifestações contra as suas declarações eclodiram nos EUA e ao redor do mundo. 

Neste momento, tenho mais dúvidas do que certezas em relação à direção dos mercados financeiros globais no curto-prazo. Tenho tentado dividir o que é apenas ruído de curto-prazo, do que realmente é uma mudança estrutural de cenário.

De qualquer maneira, a nova maneira de governar de Trump pode marcar um importante ponto de inflexão na economia mundial e, consequentemente, nos mercados financeiros globais, o que demanda um esforço adicional de análise nas próximas semanas.

No curto-prazo, algumas questões me afligem: Será que Trump irá realmente implementar uma política mais protecionista? Quando que os ativos de risco poderão, mesmo que pontualmente, precificar este risco? Será que a política econômica apresentada não poderá gerar um cenário negativo de maior inflação, maior protecionismo, mas sem muito mais crescimento no curto-prazo? O quão leniente estão os mercados em torno destes riscos? Qual a capacidade (a viabilidade) de Trump implementar grande parte de sua política econômica com o Congresso no seu calcanhar?

De maneira geral, nos EUA, ainda vejo um cenário de crescimento estável (2%-2,5%), com flutuações em torno da tendência. O hiato do produto me parece praticamente fechado, com um mercado de trabalho muito próximo do pleno emprego. Este ambiente já aponta para um cenário de inflação ascendente.

No resto do mundo, nas principais economias, o ciclo econômico ainda se encontra em um estágio muito anterior ao estágio avançado do ciclo americano. O hiato do produto ainda encontra-se muito aberto (Europa, Japão, China, Ásia, EM), com um mercado de trabalho em recuperação, saudável, mas muito distante do pleno emprego. O crescimento se encontra estável e em recuperação, mas ainda baixo e incipiente. A inflação começa a dar sinais de ascensão. O risco de deflação foi afastado, mas ainda estamos longe de um processo inflacionário. Grande parte da alta recente dos índices de preço pode ser explicado por fatores não recorrentes, como a alta do petróleo e das commodities em geral.

Estarei visitando clientes neste início de semana, o que me dará um tempo saudável para refletir sobre os temas abordados, sem a angústia dos monitores de preços e da volatilidade diária dos ativos de risco.




Data: 23/01/2017

O mundo repercute Trump.

Neste sábado, os jornais internacionais estão repercutindo o discurso de posse de Donald Trump e suas reverberações ao redor do mundo.

As primeiras impressões são de receio da diplomacia internacional, com as maiores autoridades, das principais economias do mundo, estarrecidas com o tom adotado no discurso. Muitos acreditavam que, após assumir a presidência, Trump poderia adotar um tom mais diplomático e ameno. Contudo, tanto seu discurso, como as primeiras sinalizações de suas prioridades de governo, apenas reforçam o que foi apresentando em sua campanha eleitoral. Uma série de manifestações contra o novo presidente norte americano foram desencadeadas nos EUA e ao redor do mundo.

Neste inicio de final de semana, Trump já assinou “executive orders” que visam alterar o Obamacare, além de congelar o máximo possível novas regulamentações das agências governamentais. Segundo o FT:

Donald Trump launched a promised assault on “burdens” imposed by government within hours of becoming US president on Friday by moving to weaken rules tied to Obamacare and halting the introduction of any new regulations. Between the end of a daytime inaugural parade and the start of evening balls, the Trump administration took its first major policy moves by ordering government agencies to do all they could within the law to freeze any fresh red tape.

O WSJ fez um excelente resumo em torno dos principas temas colocados na página oficial da Casa Branca:

Each new item on the White House site contains a blueprint of how President Trump plans to tackle different issues. Many of the items appear to be agendas the White House plans to pursue on its own authority, but there are also calls for congressional cooperation. For example, it says the Trump administration will submit a plan to Congress to rebuild the military, a recognition they will need to authorize such an expansion of spending.

On energy policy, it says Mr. Trump will eliminate the Climate Action Plan put in place by the Obama administration in 2013. It also says the Trump administration will eliminate the “Waters of the United States” rule, a controversial 2015 policy that expanded waterways that are subject to protection by the Environmental Protection Agency.

“Lifting these restrictions will greatly help American workers, increasing wages by more than $30 billion over the next 7 years,” the Trump White House’s website said.

It also called for pushing for more shale oil and gas development, and said it would use the revenues from this development to “rebuild our roads, schools, bridges and public infrastructure.”

On foreign policy, the new website says “defeating ISIS and other radical Islamic terror groups will be our highest priority,” referring to the Islamic State terror network. This could be seen as a break from the Obama administration’s foreign-policy approach, which never elevated ISIS to the top of the agenda. Rather, senior Obama administration officials had targeted ISIS as the top terror threat, but much of its focus and strategy was aimed at constraining threats posed by Russia and China.

The website promises to grow the size of the U.S. military, saying the Navy and Air Force are much smaller than they have been historically. This includes developing “a state-of-the-art missile defense system” that it says will protect against threats from Iran and North Korea.

On trade policy, it says Mr. Trump will begin by “withdrawing from the Trans-Pacific Partnership and making certain that any new trade deals are in the interests of American workers.” He will renegotiate the North American Free Trade Agreement, and if Mexico and Canada won’t renegotiate that deal, Mr. Trump “will give notice of the United States’ intent to withdraw” from that agreement.

On economic policy, the website says Mr. Trump has a plant to return the U.S. to 4% annual growth and create 25 million jobs over 10 years, or roughly 2.5 million a year. He aims to push a tax plan that cuts rates for every income bracket and lower the U.S. corporate tax rate. The website doesn’t say whether this will be done in a way that aims to keep the deficit flat, something that policy officials and lawmakers often clash about.

Similarly, the website says Mr. Trump has proposed a “moratorium” on new federal regulations. It doesn’t say, however, whether that campaign promise will become one of his first executive actions.

For law enforcement, many of his proposals appear to come directly from his campaign platform. These include the creation of a wall on the Mexico border that the website says will “stop illegal immigration” and “stop the gangs and the violence” and “stop the drugs from pouring into our communities.” Also, more broadly, the website says “enforcing our border laws” will stem “the tide of lawlessness associated with illegal immigration.”




Data: 20/01/2017

Trump: "We Will Make America Grear Again".

O principal evento do dia ficou por conta do discurso de posse de Donald Trump a presidente dos EUA. 

Trump manteve um tom agressivo, arrogante e, de certa forma, protecionista, não muito diferente do que foi visto na campanha eleitoral. Para aqueles que esperavam um tom mais sóbrio e conciliador, seu discurso foi uma decepção. Para quem esperava um pouco de, mais do mesmo, como eu, o discurso foi neutro, em linha com as expectativas.

Os mercados financeiros globais estão muito reativos a temas específicos, o que acaba acentuando movimentos de curto-prazo. A ausência de menção literal ao México em seu discurso ajudou a dinâmica do MXN, assim como a ausência de detalhes sobre seu plano econômico pode ter aliviado a pressão de alta no USD e nas taxas de juros.

 Acredito que este tipo de reação tende a ser ruído de curto-prazo. O foco deverá permanecer na situação da econômica, e o quanto a política adotada por Trump poderá acelerar o processo de fechamento do hiato do produto (ou não). O protecionismo é um tema que parece um pouco ignorado pelo mercado, mas que pode emergir na pauta a qualquer momento.

O pouco que já foi divulgado na página oficial da Casa Branca mostra que a política econômica apresentada na campanha eleitoral será um dos focos deste início de governo. É verdade que faltam detalhes, mas os eventos de hoje em nada alteram o cenário que venho descrevendo neste fórum há algumas semanas. Abaixo, copiei alguns parágrafos que julgo resumirem parte do que será foco deste início de governo.

No Brasil, os ativos locais tiveram um dia positivo. A leitura do mercado é que trágica e triste morte do relator da Lava-Jato, e Ministro do STF, poderá atrasar as investigações, dando algum tempo adicional a classe política. 

White House:

This strategy starts by withdrawing from the Trans-Pacific Partnership and making certain that any new trade deals are in the interests of American workers. President Trump is committed to renegotiating NAFTA. If our partners refuse a renegotiation that gives American workers a fair deal, then the President will give notice of the United States’ intent to withdraw from NAFTA

The plan starts with pro-growth tax reform to help American workers and businesses keep more of their hard-earned dollars. The President’s plan will lower rates for Americans in every tax bracket, simplify the tax code, and reduce the U.S. corporate tax rate, which is one of the highest in the world. Fixing a tax code that is outdated, overly complex, and too onerous will unleash America’s economy, creating millions of new jobs and boosting economic growth. 




Data: 20/01/2017

China: Crescimento OK. desaceleração à frente.

Os ativos de risco estão operando próximos a estabilidade neste momento, a espera do discurso de posse de Donald Trump nos EUA. A agenda econômica será esvaziada, devido a posse do novo presidente americano. Eu espero que Trump mantenha o tom adotado em toda sua campanha eleitoral, sinalizando para uma política econômica que irá buscar impostos menores para o setor corporativo, além de acordos comerciais mais vantajoso ao país, com o intuito de recuperar o crescimento da economia, senão estruturalmente, pelo menos no curto-prazo.

Eu continuo mais focado nos dados econômicos, do que nas sinalizações, muitas vezes contraditórias do novo presidente dos EUA. Eu entendo que sua postura gera volatilidade e, eventualmente, movimentos rápidos e acentuados em algumas classes de ativos, mas acredito ser mais importante entender em que fase do ciclo econômico encontra-se a economia do país. Nesta linha, reforço que vejo uma economia sólida, com o hiato do produto praticamente fechado, em um mercado de trabalho muito perto do pleno emprego. Este cenário deveria gerar pressões de salários e, em algum momento, pressões altistas sobre a inflação geral. A política econômica de Trump, caso reafirmada e concretizada, apenas acelera uma economia já em um estágio avançado do ciclo econômico. Assim, a interpretação de suas declarações é importante apenas para medir qual será a velocidade do ajuste dos ativos de risco, se mais acelerada, ou um pouco mais gradual.

Na China, o PIB do 4Q ficou acima das expectativas do mercado, com crescimento de 6,8% YoY (expectativas de 6,7% YoY). Contudo, os dados de atividade econômica de dezembro apresentaram um desempenho mais misto. A produção industrial ficou abaixo das expectativas (6,0% YoY vs 6,1% YoY), o FAI decepcionou (8,1% YoY vs 8,3% YoY) mas as vendas no varejo superaram as expectativas (10,9% YoY vs 10,7% YoY). 

O cenário para a economia do país continua a ser de um crescimento relativamente estável no curto-prazo (1 a 3 meses), mas com grande potencial de desaceleração no médio prazo (3 a 6 meses). A recente mudança de postura por parte do PBoC e do governo em geral, que vêm tentado administrar bolhas em mercados específicos (imobiliário, Bitcoin, Commodities, e etc), além postura mais proativa na administração da depreciação cambial, que vem mantendo a liquidez e os juros de mercados mais elevados, quase que certamente irão levar a uma desaceleração da economia.

Impressiona-me como o país apresentou uma estabilização apenas marginal e frágil, mesmo frente a uma nova rodada de estímulos fiscais e de crédito nos últimos meses. Isso confirma um cenário de “dimishing returns” deste tipo de política econômica nesta fase do ciclo chinês. Este ambiente mostra que a economia da China está muita próxima de um ponto de inflexão, em que um menor crescimento deverá ser, obrigatoriamente, tolerado. Ainda não vejo motivos para acreditar em uma crise aguda no país, pois a economia sendo mais planejada do que as demais economias do mundo permite um cotrole maior desta desaceleração. Contudo, este cenário não pode ser descartado, e cresce a cada novo dia, à medida que os ajustes necessários não são implementados.

No Brasil, a trágica mostre do Ministro do STF e relator do processo da Lava-Jato traz uma pitada de incerteza ao cenário. Ainda me parece cedo para tirar conclusões concretas a respeito do tema mas, no mínimo, deveremos ter uma desaceleração das investigações, o que dará tempo ao governo e a classe político para atuarem.     




Data: 20/01/2017

TINI: The Is No Inflation (Brazil)/Job Market Feeling Hot, Hot, Hot (US)

Os dados econômicos divulgados hoje, tanto nos EUA, quanto no Brasil, apenas reforçam o meu cenário base e as minhas teses de investimento.

No Brasil, o IPCA-15 apresentou mais uma surpresa positiva (baixista) para a inflação (0,31% MoM e 5,94% YoY cerca de 7bps abaixo das expectativas). Mais importante do que a leitura do número cheio foi a análise qualitativa extremamente positiva do indicador. 

Segundo nossa área econômica: A inflação de serviços dessaz veio em patamar bem confortável (rodando a 4% na média móvel trimestral anualizada). Extrapolando o comportamento recente da inflação de serviços, podemos ter um IPCA mais próximo de 4% em 2017! O índice de difusão de serviços em patamar abaixo da média histórica. Economia fraca e desemprego em elevação devem manter a inflação de serviços em patamar confortável.

O número de hoje confirma um cenário favorável para a inflação, e um ambiente em que, exceto por alguma volatilidade pontual, está aberta a janela para um ciclo de queda de juros mais estrutural no país. Ainda vejo valor nos FRAs intermediários da curva, mas atento aos desenvolvimentos externos, que podem vir a trazer realizações pontuais de lucros e oportunidades de alocações adicionais.

Nos EUA, o Jobless Claims caiu de 249 mil para 234 mil, patamar extremamente baixo historicamente. Mesmo levando em conta algum efeito pontual no número, a média móvel de 4 semanas permanece em níveis robustos. 

O número reforça a tese de um hiato do produto já praticamente fechado no país, e uma economia muita próxima ao pleno emprego, o que deveria dar suporte a tese de juros mais elevados e um dólar mais forte no mundo.

Na linha de um crescimento saudável, e uma melhora nas perspectivas de crescimento com a potencial nova política econômica que será colocada em pratica pelo governo americano, o Philly Fed subiu de 21,5 para 23,6 pontos, acima das expectativas (15,3). A abertura do número mostrou pressões inflacionárias e uma economia sólida.

Na Europa, a reunião do ECB trouxe poucas novidades em relação ao que foi apresentado em dezembro.




Data: 19/01/2017

EUA: No more slack.

 

No final da tarde de ontem dois eventos foram extremamente importantes para confirmar o cenário com o qual eu venho trabalhando para a economia dos EUA e os mercados financeiros globais. 

 

Primeiro, o Beige Book mostrou uma economia com o hiato do produto praticamente fechado. Começam a surgir dificuldades em encontrar não apenas trabalhadores de alta especialização, como também trabalhadores de especialidades menos específicas. Este cenário já está levando a uma alta nos salários e à pressões mais abrangente de inflação no país:

 

"Employment and Wages 

Labor markets were reported to be tight or tightening during the period. Employment growth ranged from slight to moderate and most Districts indicated that wages increased modestly. A couple of Districts mentioned layoffs, but even in those Districts, as in other regions, most responding firms were said to have added employment, on net. District reports cited widespread difficulties in finding workers for skilled positions; several also noted problems recruiting for less-skilled jobs. Wages in some Districts were pushed up a bit by increases in the states' minimum wages and most Districts said wage pressures had increased. Many Districts said contacts expect labor markets to continue to tighten in 2017, with wage pressures likely to rise and the pace of hiring to hold steady or increase. 

Prices 

Pricing pressures intensified somewhat since the last report. Eight out of twelve Districts saw modest price increases and the remainder experienced slight increases, or flat prices in the case of the Atlanta District. Increases in input costs were more widespread than increases in final goods prices. Cost increases were reported for coal, natural gas, and selected building and manufacturing materials. Retailers' selling prices were mixed, but on balance were flat or down amidst competitive discounting. Prices of most agricultural commodities stayed flat at very low levels. Home prices were stable or up modestly. Businesses in several districts reportedly expect further modest increases in input costs and selling prices in 2017. 

 

Segundo, nesta mesma linha, Yellen proferiu um discurso, na minha visão, bastante hawkish, mostrando que a direção dos juros no país é para cima. Segundo ela, a economia americana já está atingindo os dois objetivos buscados pelo Fed (emprego e inflação) e isso deverá favorecer um processo de alta de juros no país. Por ora, ainda há a expectativa que este processo seja gradual. Contudo, no atual estágio do ciclo econômico, nada impede que a alta de juros tenha que ser acelerada. 

 

Como o mercado precificava apenas 2 altas nos Fed Funds até o final deste ano, e cerca de 4 altas (todas de 25bps) até o final de 2018, é natural esperar uma reação mais abrupta dos ativos de risco após essas indicações. 

 

No Brasil, o fluxo de notícias continua bastante esvaziada. 

 

A agenda do dia terá IPCA-15 no Brasil, Jobless Claims nos EUA e decisão do ECB como destaques. 

 

Os últimos eventos apenas reforçam minha visão central:

 

Os números recentes nos EUA em nada alteram o cenário de crescimento saudável, com flutuações em torno da tendência. O mercado de trabalho se mostra robusto, muito próximo do pleno emprego, o que tem dado sustentação a um movimento gradual de alta na inflação. 

 

A política econômica apresentada por Trump apenas atua de forma a acelerar o processo de fechamento do hiato do produto nos EUA, em uma economia próxima ao pleno emprego, o que deverá gerar mais crescimento, porém com maior inflação, favorecendo um processo de elevação das taxas de juros. 

 

Do ponto de vista político, as últimas sinalizações de Trump e de membros de sua equipe mostram que não houve nenhum recuo do novo governo em sua intenção de renegociar acordos comerciais e, caso necessário, colocar em prática medidas que podem ser vistas como protecionistas. Estas sinalizações ajudaram a dar sustentação aos “Trump Trades” ao longo desta quarta-feira, com destaque para o USDMXN e USDCAD (este último ajudado por declarações dovish do BoC). 

 

Reforço que a visão de um dólar mais forte no mundo, e de juros estruturalmente mais elevados nos EUA, sempre foi mais baseada no fechamento do hiato do produto dos EUA, em um ambiente de crescimento saudável, mercado de trabalho sólido e inflação gradualmente mais elevada, do que na atuação de Trump propriamente dita. As declarações de Trump, e a política econômica apresentada na campanha eleitoral, foram apenas um indutor para que o movimento de fortalecimento do dólar e a abertura das taxas de juros fossem mais rápidas e acentuadas no final de 2016. Assim, me preocuparia mais com uma mudança de cenário econômico, do que com declarações pontuais de Trump a respeito de temas econômicos.




Data: 18/01/2017

Trump is back!

Os ativos de risco estão revertendo parte (em alguns casos grande parte) do movimento de realização de lucros das posições mais dependentes da política econômica apresentada por Trump em sua campanha.

No cenário econômico, nos EUA, o Core CPI ficou dentro das expectativas do mercado (0,2% MoM e 2,2% YoY). O número apenas reforça o cenário de aumento gradual da inflação no país. A produção industrial apresentou alta de 0,8% MoM, acima do esperado, mas após revisão baixista do mês anterior, e muito concentrada no setor de “utilities”, que tende a ser pontual.

Os números de hoje em nada alteram o cenário de crescimento saudável, com flutuações em torno da tendência. O mercado de trabalho se mostra robusto, muito próximo do pleno emprego, o que tem dado sustentação a um movimento gradual de alta na inflação.

A política econômica apresentada por Trump apenas atua de forma a acelerar o processo de fechamento do hiato do produto nos EUA, em uma economia próxima ao pleno emprego, o que deverá gerar mais crescimento, porém com maior inflação, favorecendo um processo de elevação das taxas de juros.

Do ponto de vista político, as últimas sinalizações de Trump e de membros de sua equipe mostram que não houve nenhum recuo do novo governo em sua intenção de renegociar acordos comerciais e, caso necessário, colocar em prática medidas que podem ser vistas como protecionistas. Estas sinalizações ajudaram a dar sustentação aos “Trump Trades” ao longo desta quarta-feira, com destaque para o USDMXN e USDCAD (este último ajudado por declarações dovish do BoC).

Reforço que a visão de um dólar mais forte no mundo, e de juros estruturalmente mais elevados nos EUA, sempre foi mais baseada no fechamento do hiato do produto dos EUA, em um ambiente de crescimento saudável, mercado de trabalho sólido e inflação gradualmente mais elevada, do que na atuação de Trump propriamente dita. As declarações de Trump, e a política econômica apresentada na campanha eleitoral, foram apenas um indutor para que o movimento de fortalecimento do dólar e a abertura das taxas de juros fossem mais rápidas e acentuadas no final de 2016. Assim, me preocuparia mais com uma mudança de cenário econômico, do que com declarações pontuais de Trump a respeito de temas econômicos.

No Brasil, os ativos locais parecem estar passando por um período de realização de lucros (câmbio e juros) em um momento de poucas novidades locais. Continuo sem visão estrutural/direcional para o BRL. Ainda vejo prêmios na curva de juros, em especial nos FRAs da barriga da curva.

Contudo, acho válido mencionar que a performance do mercado local de juros após o Copom tem sido frustrante. A curva curta abre taxa, e os longos estão no mesmo nível da abertura do dia seguinte da reunião. Não vejo isso como motivo para alterar a visão estrutural de juros mais baixos, mas um sinal de alerta para eventuais realizações de lucros um pouco mais acentuadas, porém pontuais e de curto-prazo, já que os investidores que aplicaram após o Copom já estariam com preços médios acima dos níveis atuais.     




Data: 18/01/2017

No News.

Os ativos de risco estão apresentando uma pequena reversão dos movimentos verificados nos últimos dias, com uma abertura dos juros nos EUA dando leve suporte ao USD no mundo. As commodities operam em queda, mas as bolsas apresentam pequena alta.

O fluxo de notícias pela noite foi esvaziado. A agenda do dia será mais carregada e importante, com o Core CPI, Beige Book e um discurso de Yellen nos EUA.




Data: 17/01/2017

Trump Trades Getting Hit.

O dia foi marcado por mais uma rodada de realização de lucros de todas as posições que foram impulsionadas pela vitória de Trump nas eleições dos EUA. Os movimentos estão sendo ajudados por uma posição técnica ruim, pela perda de momento desta tese de investimentos e por declarações truncadas de Trump a respeito de alguns temas.

Acho difícil apontar até onde este movimento poderá chegar. Em termos econômicos, não vejo alterações significativas de cenário. Em relação aos mercados, sempre sou favorável a respeitar a dinâmica de curto-prazo, mas sem perder de vista o cenário que vejo com maior probabilidade.

A visão de um dólar mais forte no mundo, e de juros estruturalmente mais elevados nos EUA, sempre foi mais baseada no fechamento do hiato do produto dos EUA, em um ambiente de crescimento saudável, mercado de trabalho sólido e inflação gradualmente mais elevada, do que na atuação de Trump propriamente dita. As declarações de Trump, e a política econômica apresentada na campanha eleitoral, foram apenas um indutor para que o movimento de fortalecimento do dólar e a abertura das taxas de juros, fossem mais rápidas e acentuadas no final de 2016. Assim, me preocuparia mais com uma mudança de cenário econômico, do que com declarações pontuais de Trump a respeito de temas econômicos. De qualquer maneira, a dinâmica do mercado mostra uma posição técnica fragilizada, o que requer alguma atenção no curto-prazo.

No Brasil, as Notas do Copom trouxeram poucas novidades em relação ao comunicado após a decisão. Ainda vemos um cenário de juros estruturalmente mais baixos no país. Mantemos postura mais tática no BRL. Vemos espaço para novas alocações na bolsa local, mas sua alta será marcada por volatilidade e períodos de incerteza.

Segundo nossa área econômica:

A ata foi no news em relação ao comunicado pós-reunião. Dessa maneira, mantemos nosso ciclo atual de mais +3 quedas de 75bps, +2 quedas de 50bos e +1 queda de 25bps, levando a Selic a 9,5% (em outubro/17); A ata dá mais ideia de que houve antecipação do ciclo do que ampliação do orçamento. Entretanto, devemos mencionar que em relação ao RI, houve uma ligeira queda na Selic de mercado (de 9,75% para 9,63% em 2018 e de 10,5% para 10,25% em 2017) e mesmo assim as projeções de inflação ficaram melhores que as projeções do RI. Adicionalmente, o cenário de referência está projetando que o IPCA atinja 3,4% em 2018 (vs. 3,6% no RI): pode ser antecipação de ciclo para atingir a meta, mas não dá para excluir ampliação de ciclo por essa projeção. Numa regrinha simples de três para a sensibilidade do IPCA aos juros, estimada tempos atrás pelo BC em 30bps de IPCA para cada 100bps de Selic, teríamos adicionais 350bps de corte (devemos lembrar quer essas sensibilidades podem mudar com novas reestimações dos modelos); Reconhecimento do qualitativo melhor da inflação e da atividade mais fraca, assim como foi no comunicado; Explicação para o motivo de cair -75bps: “entanto, o Comitê avaliou que as condições para reduzir a taxa básica de juros para 13% já nesta reunião estavam presentes em função do processo de desinflação mais disseminada e atividade econômica aquém do esperado, em ambiente com expectativas de inflação ancoradas. Essa decisão contribuiria desde já para o processo de estabilização e posterior retomada da atividade econômica, sem que isso exigisse desvio em relação ao objetivo de levar a inflação para a meta de 4,5% em 2017 e 2018. Os membros do Comitê julgaram, também, que essa decisão era compatível com sua comunicação, que favorece explicitar condicionalidades econômicas sobre a evolução da política monetária, o que melhor transmite a racionalidade econômica que guia as suas decisões”




Data: 17/01/2017

Risk-Off.

Os ativos de risco estão apresentando mais um movimento de leve “risk-off” esta manhã, com as bolsas e as commodities em queda, o USD fraco e um fechamento de taxa de juros no mundo desenvolvido.

Eu reafirmo minha visão exposta neste fórum na manhã de ontem. Vejo espaço para uma correção dos ativos de risco, com um “risk-off” clássico mais acentuado no curto-prazo. O argumento fica por conta da posição técnica e da ausência de uma precificação dos riscos do Brexit, de uma política externa mais dura por parte de Trump nos EUA, sem contar uma possível desaceleração da economia da China.

Até o momento, todos esses vetores vinham sendo ignorados pelos investidores. As recentes sinalizações vindas da Inglaterra, EUA e China apontam nestas direções (Hard Brexit, protecionismo nos EUA e tolerância a um crescimento mais baixo no China) o que deveria ser melhor precificado pelos ativos de risco.

Está manha, ganharam as manchetes às declarações de que Trump não seria um grande fã de um “Border Tax”, mas sim de um sistema mais simples de taxação as importações, o que está ajudando a dar ímpeto à correção do USD no mundo. Eu entendo a dinâmica do mercado e vejo espaço, principalmente devido a posição técnica, para a continuidade desta realização de lucros no dólar no curto-prazo.

Contudo, a visão de um dólar mais forte no mundo sempre foi mais baseada no fechamento do hiato do produto dos EUA do que na atuação de Trump. As declarações de Trump, e sua política econômica, foram apenas um indutor para que o movimento de fortalecimento do dólar fosse mais rápido e acentuado no final de 2016. Assim, me preocuparia mais com uma mudança de cenário econômico, do que com declarações pontuais de Trump a respeito do tema. De qualquer maneira, a dinâmica do mercado mostra uma posição técnica fragilizada neste aspecto.

No Brasil, o BCB anunciou que irá rolar os swaps cambiais vincendo deste mês até o final de janeiro. A decisão mostra que não há pressa na redução do estoque atual de swaps (em torno de US$26bi) e existe a disposição em evitar a volatilidade excessiva da moeda. 




Data: 16/01/2017

Leve Risk-Off.

Na esteira das notícias do final de semana, já comentadas neste fórum nos últimos dos dias e reproduzidas abaixo, os ativos de risco estão abrindo a semana levemente pressionados, com um viés de “risk-off”. Os movimentos, até este momento, são bastante tímidos. 

Vejo espaço para uma correção dos ativos de risco, com um “risk-off” clássico mais acentuado no curto-prazo. O argumento fica por conta da posição técnica e da ausência de uma precificação dos riscos do Brexit, de uma política externa mais dura por parte de Trump nos EUA, sem contar uma possível desaceleração da economia da China. Até o momento, todos esses vetores vinham sendo ignorados pelos investidores. As recentes sinalizações vindas da Inglaterra, EUA e China apontam nestas direções (Hard Brexit, Protecionismo e tolerância a um crescimento mais baixo no China) o que deveria ser melhor precificado pelos ativos de risco.




Data: 16/01/2017

EUA vs China / Hard Brexit / Lava-Jato.

Até o momento, as notícias do final de semana são marginalmente mais negativas para o cenário externo, o que pode vir a desafiar o ambiente relativamente construtivo quer os ativos de risco vinham precificando até o momento.

Nos EUA, após a entrevista de Trump ao WSJ (vide abaixo), a China respondeu de forma clara, simples, rápida e ríspida que a política de “One China” não está, nem em debate, e muito menos aberta a negociação. Este deverá ser apenas o primeiro, de muitos obstáculos que o novo Governo dos EUA deverá encontrar para implementar parte das políticas econômicas apresentadas na campanha. Por ora, não vejo nenhum recuo de Trump em sua postura de “lutar”, ou negociar, melhores acordos comerciais para o país. O risco, de agora em diante, é que os mercados financeiros globais, que precificaram apenas os efeitos positivos sobre o crescimento da política econômica de Trump, comecem a precificar os efeitos deletérios que uma postura mais agressiva em relação aos seus parceiros comerciais venha a ter sobre a economia (http://www.wsj.com/articles/beijing-says-u-s-china-policy-isnt-negotiable-1484418841)

Na Inglaterra, um artigo do The Sunday Times, cotado pela Bloomberg News, afirma que Theresa May deverá apontar para um “Hard Brexit” em discurso programado para esta terça-feira. Se a notícia for confirmada, será um duro golpe aos ativos de risco, em especial aqueles mais ligados a Inglaterra, como o GBP, bolsas da Inglaterra e Europa, EUR e afins:

U.K. Prime Minister Theresa May will this week signal plans for a “hard Brexit’’ by saying she’s willing to quit the European Union’s single market for goods and services to regain control of Britain’s borders and laws, the Sunday Times reported.

In a speech scheduled for Tuesday in London, May will prepare to withdraw from tariff-free trade with the region in return for the ability to curb immigration, strike commercial deals with other countries, and escape the jurisdiction of the European Court of Justice, the Sunday Times said without saying how it obtained the information.

Such a blueprint for Brexit risks alarming investors, bankers and company executives who will fret that May is prioritizing social issues over the needs of the economy. Government officials told the Times they expect her speech to cause a “market correction,” which the newspaper said could send the pound lower. The pound fell last week to its lowest level against the dollar since October on concern about her intentions.

No Brasil, os jornais ainda estão repercutindo a última Operação da PF, um desdobramento da Lava-Jato, realizada na sexta-feira (vide abaixo). As discussões giram em torno da pressão sobre Eduardo Cunha para uma delação premiada. Além disso, alguns artigos alegam que pessoas e/ou assessores muito próximos ao atual Presidente da República aparecem como possíveis participantes e/ou beneficiários do que seria, segundo o MPF e a PF, um outro esquema de favorecimento a políticos e empresas.




Data: 16/01/2017

Lava-Jato de volta ao foco no Brasil/Entrevista de Trump ao WSJ.

Pretendo fazer uma análise de cenário das notícias do final de semana antes de segunda-feira, mas hoje pela manhã duas notícias me chamaram a atenção.

Primeiro, uma matéria de capa da Folha de São Paulo afirma que a Operação da PF ontem, mirando possíveis irregularidades na Caixa Econômica Federal, coloca pressão sobre Eduardo Cunha para que faça uma delação premiada. Além disso, a Operação, um desmembramento da Lava-Jato, traz de volta a tona o risco que ainda existe para a classe política e alguns setores da economia.

A Folha costuma sempre adotar um teor um pouco mais alarmista em tudo que envolve este governo, mas sem dúvida o retorno do recesso do MPF, da PF e do Congresso, tem todo potencial de trazer novas incertezas ao cenário, e volatilidade aos mercados financeiros locais. Segue o link para o artigo: 

http://www1.folha.uol.com.br/poder/2017/01/1849801-operacao-amplia-pressao-para-cunha-delatar-e-exibe-parte-de-seu-arsenal.shtml

Segundo, Donald Trump concedeu uma longa entrevista ao WSJ. O tema central de suas declarações ficou por conta das relações diplomáticas com a Rússia e a China. Trump não recuou em nada, muito pelo contrário, reforçou sua visão de que pode vir a buscar uma aproximação junto a Rússia, enquanto deverá adotar uma postura mais agressiva e combativa em relação à China.

Continuo vendo potencial de ruídos em relação a esta postura que poderá ser adotada em relação a negociações diplomáticas e comerciais. Segue o link do WSJ: 

http://www.wsj.com/articles/donald-trump-sets-a-bar-for-russia-and-china-1484360380

Neste ínterim, o Chairman do Comitê de Inteligência do Senado americano anuncio que irá investigar possível relações entre Trump e a Rússia durante a campanha eleitoral. Segundo o site de análise política POLITICO:

Senate Intelligence Chairman Richard Burr (R-N.C.) said late Friday that his committee would investigate possible contacts between Donald Trump's campaign and Russia, reversing himself one day after telling reporters that the issue would be outside of his panel's ongoing probe into Moscow's election-disruption efforts.

In a statement issued jointly with the committee's top Democrat, Virginia Sen. Mark Warner, Burr said the committee would use "subpoenas if necessary" to secure testimony from Obama administration officials as well as Trump's team on Russia's cyberattacks and on other efforts at election meddling.

Read more: http://www.politico.com/story/2017/01/burr-says-intel-panel-will-investigate-possible-russia-trump-links-233621




Data: 13/01/2017

Brasil: Realização de lucros.

A semana está se encerrando com uma realização de lucros dos ativos locais. Exceto por mais uma operação da Polícia Federal (PF), mirando um ex ministro do atual governo Temer, não vi novidades relevantes para o cenário econômico brasileiro.

A operação da PF se enquadra no mesmo âmbito de operações anteriores, mirando figuras públicas conhecidas, e muito próximas do antigo e/ou do atual governo da República. Por ora, ainda não vejo motivos para alterar o cenário cautelosamente construtivo para o país, mas a operação de hoje traz de volta à tona os riscos que a Operação Lava-Jato ainda pode trazer ao cenário. Vale lembrar que o alvo da operação de hoje era, até poucos meses atrás, um dos ministros mais importantes do governo, e pessoa extremamente próxima do atual presidente.

Continuo vendo espaço para alocações na bolsa brasileira. Mantenho um viés neutro e tático no BRL no curto-prazo, já que tenho um cenário de dólar forte no mundo, mas uma janela positiva para o fluxo de curto-prazo para Brasil.

Acredito que o movimento de “bull flattening” da curva de juros deverá continuar, já que o mercado embute juros terminais em torno de 9,9% no primeiro trimestre de 2018, mas com prêmios de risco relevantes nos FRAs mais longos (anos de 2019 até 2022).

No cenário externo, os dados econômicos dos EUA continuam apontando para um crescimento robusto, um mercado de trabalho muito próximo do pleno emprego e um cenário de inflação ascendente.

O Retail Sales de dezembro ficou levemente abaixo das expectativas da Bloomberg, mas muito acima do que alguns trackings de bancos privados vinham apontando. O Michigan Confidence de janeiro ficou muito próximo dos picos deste ciclo econômico, e de seu máximo histórico, apontando para um crescimento ainda sólido do consumo à frente. As expectativas de inflação de 5-10 anos e de 1 ano se elevaram, mostrando um cenário cada vez mais claro de aceleração da inflação.

A dinâmica dos ativos externos ainda mostra uma fragilidade de posições, mas o cenário de aperto do mercado de trabalho e necessidade de taxas de juros mais elevadas nos EUA continua inalterado.




Data: 13/01/2017

China: Dados fracos de importação e exportação.

Os ativos de risco operam próximos a estabilidade. O destaque da noite ficou por conta dos dados de exportação e importação de dezembro, na China, ambos abaixo das expectativas do mercado. De acordo com o Citibank:

China export growth slows to -6.1%YoY in December on high base of last year — In dollar terms, export growth decelerated from the revised -1.6%YoY in Nov to -6.1%YoY in Dec, weaker than market expectations (Citi: -3.9%YoY, Consensus: -4% YoY). Meanwhile, Dec imports also slowed to 3.1%YoY, the monthly trade surplus narrowed to US$ 40.82bn from revised US$ 44.23bn in Nov. For 2016 as a whole, export growth deteriorated to -6.4% from -2.6% in 2015, while import growth improved to -5.4% from -14.4% in 2015, with the annual trade surplus posting US$ 547.2bn, compared to US$ 601.7bn last year. Meanwhile, the trade structure has improved, as demonstrated by the rising weight of ordinary trade surplus which posted 55% of the total trade (in RMB terms), 1 ppt higher than the weight in 2015.

Ontem, os dados de crédito de dezembro já haviam sido divulgados, apresentando uma forte alta no mesmo mês. A forte aceleração das concessões de crédito em dezembro ajudam a explicar um pouco o bom desempenho dos ativos dependentes da demanda do país. No curto-prazo, a aceleração do mercado de crédito acabda ajudando a dar suporte ao crescimento e ao humor em torno dos ativos de risco. No longo-prazo, contudo, com um impacto cada vez menos potente, está postura é insustentável, e acaba contratando problemas maiores para o futuro.

O dia terá uma agenda bastante importante, com PPI, Retail Sales e Michigan Confidence nos EUA.




Data: 12/01/2017

Update.

A quinta-feira foi mais um dia de poucas novidades para o cenário econômico global, mas com informações relevantes da dinâmica dos mercados.

No Brasil, os ativos locais reagiram de forma clássica a decisão do BCB, e em linha com o comentário que fiz hoje pela manhã (fechamento de taxas de juros, BRL forte e alta do Ibovespa). 

Vejo um cenário em que o BCB dê continuidade ao processo de queda da Taxa Selic em um ritmo de 75bps por reunião, pelo menos nas próximas 2 a 3 reuniões. Está visão, contudo, já se tornou quase consensual. Ainda existe espaço para a compressão de prêmio de risco na parte intermediária da curva (entre os anos de 2019 e 2022), conforme o mercado migrar para um cenário de juros estruturalmente mais baixos no país. 

Ainda vejo um humor positivo para o BRL no curto-prazo, já que a janela externa parece, temporariamente, positiva. Este ambiente externo tem ajudado o setor corporativa nas emissões de dívida externa. Continuo sem uma visão estrutural para o BRL, preferindo atuar de maneira tática, já que mantenho visão estruturalmente altista para o USD no mundo.

Ainda vejo espaço para fluxos relevantes para o Ibovespa, especialmente agora, com o mercado migrando para uma taxa de juros terminal mais baixa do que o imaginado anteriormente.

No cenário externo, o mercado continua sofrendo uma realização de lucros de todos os trades ligados, ou dependentes, da plataforma econômica de Trump. Eu entendo que a posição técnica estava relativamente “esticada”, e que Trump não tenha detalhado suas prioridades em sua primeira entrevista coletiva, mas ainda vejo um cenário econômico para os EUA, mesmo sem os efeitos Trump, justificando uma abertura de taxas de juros e um dólar mais forte no mundo.

Hoje mesmo, nos EUA, o Jobless Claims subiu (apenas) de 237 mil para 247 mil, abaixo das expectativas de 255 mil, e um patamar extremamente robusto. O número mostra um mercado de trabalho robusto, talvez muito próximo do pleno emprego. Está visão foi reforçada nos dados dos JOLTS Job Openings divulgados ontem.

Acredito que o final desta semana, e o início da próxima, serão fundamentais para a confirmação, ou não, deste cenário. Teremos na agenda dos EUA: PPI, Retail Sales e Core CPI. 

Números fracos podem vir a dar sequência ao movimento de realização de lucros dos “Trump Trades”. Números robustos e, em especial, uma inflação mais elevada, pode trazer de volta à tona, de forma rápida e acentuada, o cenário de fins de 2016.

 



Data: 12/01/2017

Copom checked (and aggressive!).

Os ativos de risco estão apresentando uma correção do que ficou conhecido como “Trump Trade”. O movimento de enfraquecimento do USD, fechamento das taxas de juros e arrefecimento das bolsas e das commodities pode ser explicado por um misto de posição técnica e pela ausência de detalhes do plano inicial de governo de Trump em sua primeira entrevista coletiva realizada ontem.

Eu vejo estes movimentos com certa preocupação, pois mostram um mercado tecnicamente fragilizado neste momento. Contudo, por ora, continuo mantendo meu cenário base para este ano, em que estas principais tendências do final do ano passado voltem a acontecer. No curto-prazo, não consigo precisar com exatidão até onde os movimentos de realização de lucros poderão ocorrer.

No Brasil, em uma decisão que surpreendeu parte do mercado, mas não a totalidade dos investidores (existia uma probabilidade em torno de 30% para um corte de juros mais agressivo), o BCB anunciou um corte de 75bps na Taxa Selic, contra expectativas da maioria de um corte de 50bps. O comunicado indica que existe espaço para que o ritmo de queda de juros continue neste patamar de 75bps. Ainda é cedo para afirmar se o BCB alterou o seu orçamento total de queda de juros, ou está apenas antecipando o movimento, frente a um cenário claro de desinflação e pressão sobre o crescimento.

Espero um bom desempenho relativo e absoluto dos ativos brasileiros ao longo do dia de hoje. Acredito que a curva de juros apresentará movimento de “bull steepening” no curto-prazo, mas os vértices intermediários tenderão a fechar taxas na mesma proporção, ou até de forma mais acentuada, a medida que o mercado embutir em seu cenário uma queda de juros mais acentuada, e taxas de juros estruturalmente mais baixas no Brasil.

Vejo o movimento de corte mais agressivo de juros como muito positivo para o Ibovespa, especialmente para os setores de consumo mais sensíveis as taxas de juros, para as empresas mais endividadas a Taxa Selic e os setores mais ligados aos juros.

Acredito que o BRL, no curto-prazo, possa reagir de forma positiva, na expectativa de fluxos para a conta de capital.




Data: 11/01/2017

 IPCA and Trump checked. Copom next!

Dois eventos merecem destaque hoje (IPCA e Trump) e um terceiro (Copom) saberemos em breve.

Em relação ao IPCA de dezembro, o número apresentou alta de 0,30% MoM e 6,29% YoY, cerca de 4bps abaixo das expectativas. A inflação fechou o ano abaixo do teto da meta, de 6,50%. 

Segundo nossa área econômica, a inflação de serviços segue desacelerando, para 5,5% (após ajuste sazonal) e com o índice de difusão de serviços em patamar relativamente baixo. O qualitativo do IPCA foi bom, mas não representou novidade em relação ao que tinha sido divulgado no IPCA-15 de dezembro.

Os gráficos copiados abaixo, um excelente trabalho da nossa equipe econômica, falam por si só. A visão oficial da casa é para uma queda de 50bps na Taxa Selic, com a possibilidade de uma indicação de aceleração do processo de queda da taxa de juros nas reuniões posteriores. Eu, pessoalmente, acredito que haja um caso a ser feito para uma queda de 75bps nesta reunião. Contudo, como este BCB tem optado por uma postura mais conservadora, ele acabou conduzindo o mercado para expectativas mais contidas para esta reunião.

No cenário externo, a entrevista coletiva de Trump não trouxe nada de fundamentalmente novo. O presidente dos EUA manteve sua postura, de certa forma arrogante, adotada ao longo de toda a campanha presidencial. Não existia expectativas de que ele alterasse sua maneira de atuar.

O que mais me chamou a atenção, para os mercados financeiros, foi a confirmação de que:

THE WORD IS OUT TO COMPANIES THAT WANT TO MOVE PLANTS OUT OF THE U.S. YOU'RE GOING TO PAY A VERY LARGE BORDER TAX.

A adoção de um “border tax” já vinha sendo especulada pelo mercado, porém nunca confirmada, de forma assertiva pela equipe de Trump. Ele não apenas confirmou sua intensão, como ainda afirmou que poderá ser “very large”.               

Confesso que me impressionou a reação inicial dos ativos de risco, com uma rápida e acentuada queda do USD e fechamento das taxas de juros. O movimento de hoje diz muito sobre a posição técnica, e a sazonalidade, de início de ano.       

Eu mantenho minhas convicções (USD forte, Abertura de taxas de juros no mundo desenvolvido, mercado leniente com o “risco Trump”), mas estou atento (e desconfortável) com a dinâmica dos mercados.                              




Data: 11/01/2017

 IPCA, Copom e Discurso de Trump.

Os ativos de risco operam, no geral, próximos a estabilidade esta manhã. Destaque para mais um dia de forte elevação no preço do Minério de Ferro e mais uma rodada de depreciação acentuada da TRY, na Turquia.

Teremos 3 eventos relevantes para os mercados locais e globais hoje. No Brasil, a divulgação do IPCA de dezembro e a decisão do Copom. O cenário oficial da casa é de uma queda de 50bps na Taxa Selic, com alguma chance do BCB abrir a porta, ou sinalizar, para mais uma aceleração no processo de queda da taxa de juros nas próximas reuniões. A probabilidade de uma queda de 75bps nesta reunião não é zero, mas está em torno de 25% segundo as opções digitais, o que me parece justo. Em relação ao IPCA, nossa área econômica está em linha com o consenso (0,34% MoM), mas com um receio que possa haver algum payback (para cima) devido ao Black Friday, que puxou a inflação para baixo em novembro.

Nos EUA, Donald Trump dará sua próxima entrevista oficial. Todas as atenções estarão voltadas para quais itens de sua plataforma econômica terão prioridade neste começo de governo. Acredito que os cortes de impostos e incentivos fiscais estão entre as prioridades, como já parece bastante difundido e precificado por alguns ativos. O risco, contudo, é que a postura protecionista volte a pauta, causando algum desconforto nos mercados financeiros globais. 




Data: 10/01/2017

MXN, TRY, Oil and beyond.

Tivemos mais um dia sem mudanças substanciais de cenário, em que a dinâmica do mercado acabou sendo marcada por questões pontuais e localizadas.

As moedas de México (MXN) e Turquia (TRY) continuam apresentando um desempenho bastante ruim, seguindo um cenário local bastante desafiador nestes dois países. No México, o “Risco Trump” ainda paira sobre um ambiente econômico local já fragilizado. Na Turquia, as recentes decisões do governo não estão ajudando a melhorar a dinâmica dos ativos do país. Hoje, o BC local anunciou uma queda de 50bps nas taxas FX RRRS. Até o momento, o problema nestes dois países ainda não gerou contágio para o resto do mundo.

O petróleo teve mais um dia de forte queda, com um receio em torno do comprometimento dos membros da OPEP com o acordo de corte de produção. As commodities metálicas, por sua vez, tiveram mais um dia de forte alta, ajudadas por um cenário aparentemente positivo para China no curto-prazo. Eu ainda vejo uma desaceleração contratada para a economia chinesa e o suporte atual das commodities em muita explicada por questões técnicas e financeiras (especulação e afins).

Com o Congresso em recesso, e sem novidades relevantes de cenário, os ativos do Brasil continuam apresentando um desempenho positivo, tanto em relação aos seus pares, quanto em termos absolutos. O próximo grande evento será a decisão do Copom, agendado para o começo da noite de amanhã. Enquanto isso, a cena política está sendo recheada com notícias em torno da eleição para presidente da Câmara. Neste momento, tudo indica que Rodrigo Maia será reconduzido ao cargo, sem grandes alterações para o governo.

Segundo nossa área econômica: As vendas no varejo de novembro vieram acima do esperado (+2%m/m dessaz vs. BBG: +0,3%m/m dessaz), refletindo em boa parte o fortalecimento da Black Friday no Brasil. Todavia, a tendência é que haja algum payback no resultado de dezembro (pode ter ocorrido antecipação de consumo do período de Natal), quando será possível fazer uma análise mais precisa da atividade na margem (fazendo a média móvel de nov e dez). De qualquer maneira, os fundamentos para as vendas no varejo permanecem ruins: (1) mercado de trabalho prossegue em deterioração; (2) a confiança do consumidor voltou a piorar; (3) as condições de crédito seguem apertadas. Por outro lado, há uma tendência de desaceleração no deflator implícito do setor, a qual apenas tende a atenuar a fraqueza nas vendas no varejo.

Nos EUA, o JOLTS Job Openings, e suas derivadas, apresentaram mais um mês positivo em novembro, o que se traduz em um mercado de trabalho robusto. O cenário continua a ser de uma economia sólida, com um hiato do produto praticamente fechado e a necessidade de dar continuidade ao processo de normalização monetária no país.  




Data: 10/01/2017

Reflation still rules!

Nesta segunda-feira, os ativos de risco devolveram grande parte e, em alguns casos, a totalidade dos movimentos verificados após a divulgação dos dados de emprego nos EUA na sexta-feira. Os movimentos de ontem podem ser explicados pela acentuada queda do petróleo, sem motivos específicos, e por uma posição técnica ainda complicada neste início de ano para os temas mais consensuais.

Eu mantenho minha visão geral em torno da possibilidade de novas rodadas de precificação do “Reflation” ao redor do mundo, com a alta de juros nos EUA dando suporte ao USD no mundo como as principais consequências deste cenário. A dinâmica do mercado incomoda um pouco, principalmente devido à posição técnica, mas ainda mantenho minha visão inalterada.

Hoje pela manhã, os ativos de risco operam próximos a estabilidade. Destaque para mais uma rodada de alta no Minério de Ferro, e para um bom desempenho das commodities metálicas em geral.

A agenda desta noite apenas confirmou o cenário de “Reflation” no mundo, com o PPI da China apresentando mais uma elevada aceleração. O CPI mostrou arrefecimento, mas em muito explicado por alimentação. O núcleo do CPI voltou a acelerar. Os números de hoje reforçam o espaço para uma postura mais neutro, ou até mais restritiva, por parte dos policy makers chineses, em linha com o cenário que temos desenhado neste fórum. Por outro lado, mantém o tema de “Reflation” no mundo intacto.

Segundo o Citibank:

Dec CPI inflation moderates owing to both high-base effect and decelerating food price increases — CPI inflation edged down by 0.2ppt to 2.1 % YoY, below market expectations (Citi/Consensus: 2.2%YoY). The annual average CPI reached 2% in 2016, 0.6ppt higher than 2015’s, still below the government’s target of 3%.

– Sequentially, headline CPI inflation increased 0.2% MoM, food prices +0.4% MoM, and both non-food prices and services +0.2% MoM.

– Year-on-year, food inflation decelerated from 4 %YoY in Nov to 2.4% YoY in Dec. Owing to the warmer weather in Dec, vegetable price inflation slowed dramatically, from 15.8% YoY in Nov to 2.6% YoY, which is the main contributor of CPI deceleration. In contrast, pork prices increased by 0.6ppt, to 6.2% YoY.

– Non-food inflation inched up 0.2ppt to 2% YoY, elevated by rising energy prices.

– Services inflation climbed from 2.4% YoY in Nov to 2.5% YoY in Dec.

PPI inflation continues to surge, as a result of low base and rising commodity prices — PPI inflation further soared from 3.3% YoY in Nov to 5.5% YoY in Dec (Citi: 4.3%YoY, Consensus: 4.6%YoY), while MoM growth increased only slightly by 0.1ppt, to 1.6%MoM. The annual average PPI inflation rose sharply from -5.2% in 2015 to -1.4% in 2016. Rising commodity prices, influenced by exchange-rate fluctuations, were one of the main drivers of the PPI surge, according to NBS. Furthermore, the improvement in the demand and supply relationship as a result of de-capacity is also attributed to rising producer prices.

No Brasil, a mídia está dando destaque a eleição para presidente da Câmara dos Deputados. Tudo indica que Rodrigo Maia deverá ser reconduzido ao cargo, sem maiores dificuldades políticas para Temer e Cia. Além disso, o Governo Federal trabalha com um pacote emergencial e especial de ajuda financeira ao Estados do Rio de Janeiro.




Data: 09/01/2017

CNY e GBP em foco.

Os ativos de risco estão abrindo a semana próximos a estabilidade. Destaque para a retomada da tendência de depreciação do CNY, na China, após um movimento de fortalecimento do dólar na sexta-feira. O GBP também apresenta forte queda esta manhã, após a Primeira Ministra da Inglaterra sinalizar para a total saída do pais da União Europeia.

Na Alemanha, a produção industrial de novembro apresentou alta de 0,4% MoM, abaixo das expectativas de 0,7% MoM, mas encerrando o ano em um ritmo bastante sólido. Ainda no país, as exportações do mesmo mês apresentaram acentuada alta de 3,9% MoM, muito acima das expectativas. Os números recentes de atividade econômica apontam para um crescimento bastante robusto do país.

O fluxo de notícias para Brasil continua esvaziado, com o recesso do Congresso. O próximo evento local relevante será a reunião do Copom nesta semana. No campo fiscal, a crise dos Estados ainda não tem uma solução concreta. Do ponto de vista social, mas sem impacto para os mercados financeiros locais, a crise nos presídios é mais um obstáculo a ser administrado por Temer e Cia.

No cenário externo, dois vetores merecem menção neste final de semana. Primeiro, na China, as reservas internacionais de dezembro apresentaram queda de US$41bi. O número é em linha com as expectativas, mas alguns analistas (vide abaixo comentário da Goldman Sachs) acreditam que os fluxos de saída do país sejam muito superiores àqueles que vem sendo anunciados pelo governo.

De maneiro geral, a queda das reservas mostra que ainda existe uma consistente pressão para a depreciação da moeda local. O governo está atuando de maneira a suavizar está tendência, mas os fundamentos apontam para a necessidade de um câmbio mais depreciado no país. Por ora, o cenário central ainda é de uma depreciação gradual e controlada da moeda, mas existe o risco de um processo de ruptura caso a administração deste problema encontre obstáculos ainda maiores à frente.

Segundo a Goldman Sachs:

The PBOC's FX reserves fell by US$41bn in December to just over $3tn. We estimate currency valuation effects at about -US$6bn (assuming the currency composition of China’s FX reserves is similar to that of the global average). Therefore, excluding such effects, FX reserves would have decreased by US$35bn.

But another dataset, called "PBOC's FX position" (usually released around the middle of the month), would give a useful cross-check on PBOC's FX sales net of valuation effects, in our view. This data shows the amount of PBOC's FX assets at book value. Since June '16, this data suggests that the monthly average of PBOC's FX sales was about $25bn more than implied by headline FX reserves data after adjusting for our estimates of the valuation effect (the gap partly reflects uncertainty of valuation effects).

Separately, in terms of outflow drivers, we do not yet have full information to update our measure of their relative importance for Q3 '16 (we still await more data on Chinese corporates' FX debt). But in absolute terms, Chinese residents accelerated their purchase of foreign assets, on our estimates based on Balance of Payments data. This factor was the most important outflow driver in recent quarters, and the absolute scale rose to about $273bn in Q3 (vs. $161bn in Q2, and $160bn quarterly average for the 4 quarters since Q3 '15). In particular, "other investment" (including loans, deposits, trade credit, etc.) and "net errors and omissions" (e.g., see here on how NEO might be related to hidden resident outflows) showed a meaningful increase in Q3. The rise in NEO to the highest (most negative) level on record to -$74bn was followed by the recent PBOC announcement of intensified scrutiny of even domestic money transfers starting July this year in an effort to clamp down on money laundering. Foreigners' purchase of RMB assets remained a net inflow in Q3 at $46bn, similar to Q2 (see here for the methodology of our estimation; and here and here for our estimates for earlier quarters). 

Nos EUA as agências de inteligência (FBI, CIA e NSA) divulgaram um relatório oficial em que acusam o governo da Rússia e, em especial, Vladimir Putin, de ter agido para manipular as eleições presidências do país em favor de Donald Trump. Trump, que tomará posse em menos de 15 dias, é mais alinhado com a Rússia, o que tende a suavizar este ruído. Contudo, o relatório parece bastante duro em torno da questão.

Eu continuo vendo uma economia dos EUA relativamente saudável. A principal consequência disso será juros mais elevados estruturalmente ao longo dos próximos meses e anos. Acredito que o governo de Trump conseguirá implementar uma plataforma econômica que não será extrema, mas será marcada por incentivos fiscais e mais protecionismo. Sem extremos, mas com viés nessas direções. Na minha visão, os ativos de risco precificaram, por ora, apenas os vetores positivos de sua plataforma econômica, e estão ignorando os riscos de medidas protecionistas e de uma postura mais dura e arrogante em outros temas.




Data: 09/01/2017

Reservas Internacionais da China / EUA vs Rússia.

O fluxo de notícias para Brasil continua esvaziado, com o recesso do Congresso. O próximo evento local relevante será a reunião do Copom nesta semana. No campo fiscal, a crise dos Estados ainda não tem uma solução concreta. Do ponto de vista social, mas sem impacto para os mercados financeiros locais, a crise nos presídios é mais um obstáculo a ser administrado por Temer e Cia.

No cenário externo, dois vetores merecem menção neste final de semana. Primeiro, na China, as reservas internacionais de dezembro apresentaram queda de US$41bi. O número é em linha com as expectativas, mas alguns analistas (vide abaixo comentário da Goldman Sachs) acreditam que os fluxos de saída do país sejam muito superiores àqueles que vem sendo anunciados pelo governo.

De maneiro geral, a queda das reservas mostra que ainda existe uma consistente pressão para a depreciação da moeda local. O governo está atuando de maneira a suavizar está tendência, mas os fundamentos apontam para a necessidade de um câmbio mais depreciado no país. Por ora, o cenário central ainda é de uma depreciação gradual e controlada da moeda, mas existe o risco de um processo de ruptura caso a administração deste problema encontre obstáculos ainda maiores à frente.

Segundo a Goldman Sachs:

 The PBOC's FX reserves fell by US$41bn in December to just over $3tn. We estimate currency valuation effects at about -US$6bn (assuming the currency composition of China’s FX reserves is similar to that of the global average). Therefore, excluding such effects, FX reserves would have decreased by US$35bn.

But another dataset, called "PBOC's FX position" (usually released around the middle of the month), would give a useful cross-check on PBOC's FX sales net of valuation effects, in our view. This data shows the amount of PBOC's FX assets at book value. Since June '16, this data suggests that the monthly average of PBOC's FX sales was about $25bn more than implied by headline FX reserves data after adjusting for our estimates of the valuation effect (the gap partly reflects uncertainty of valuation effects).

Separately, in terms of outflow drivers, we do not yet have full information to update our measure of their relative importance for Q3 '16 (we still await more data on Chinese corporates' FX debt). But in absolute terms, Chinese residents accelerated their purchase of foreign assets, on our estimates based on Balance of Payments data. This factor was the most important outflow driver in recent quarters, and the absolute scale rose to about $273bn in Q3 (vs. $161bn in Q2, and $160bn quarterly average for the 4 quarters since Q3 '15). In particular, "other investment" (including loans, deposits, trade credit, etc.) and "net errors and omissions" (e.g., see here on how NEO might be related to hidden resident outflows) showed a meaningful increase in Q3. The rise in NEO to the highest (most negative) level on record to -$74bn was followed by the recent PBOC announcement of intensified scrutiny of even domestic money transfers starting July this year in an effort to clamp down on money laundering. Foreigners' purchase of RMB assets remained a net inflow in Q3 at $46bn, similar to Q2 (see here for the methodology of our estimation; and here and here for our estimates for earlier quarters).

Nos EUA as agências de inteligência (FBI, CIA e NSA) divulgaram um relatório oficial em que acusam o governo da Rússia e, em especial, Vladimir Putin, de ter agido para manipular as eleições presidências do país em favor de Donald Trump. Trump, que tomará posse em menos de 15 dias, é mais alinhado com a Rússia, o que tende a suavizar este ruído. Contudo, o relatório parece bastante duro em torno da questão.

Eu continuo vendo uma economia dos EUA relativamente saudável. A principal consequência disso será juros mais elevados estruturalmente ao longo dos próximos meses e anos. Acredito que o governo de Trump conseguirá implementar uma plataforma econômica que não será extrema, mas será marcada por incentivos fiscais e mais protecionismo. Sem extremos, mas com viés nessas direções. Na minha visão, os ativos de risco precificaram, por ora, apenas os vetores positivos de sua plataforma econômica, e estão ignorando os riscos de medidas protecionistas e de uma postura mais dura e arrogante em outros temas.




Data: 06/01/2017

Dados econômicos reforçam o cenário base.

Os dados de emprego de dezembro, nos EUA, podem ser classificados como saudáveis. Observamos mais um mês de criação de vagas de trabalho (156 mil vagas, com revisão altista de 17 mil vagas nos meses anteriores), uma taxa de desemprego baixa (4,7%) e um aumento de 0,4% MoM no Average Hourly Earnings.Os dados de emprego de dezembro, nos EUA, podem ser classificados como saudáveis. Observamos mais um mês de criação de vagas de trabalho (156 mil vagas, com revisão altista de 17 mil vagas nos meses anteriores), uma taxa de desemprego baixa (4,7%) e um aumento de 0,4% MoM no Average Hourly Earnings.

Os números de hoje são condizentes com a continuidade do processo de alta de juros nos país. Acredito que as 2 altas de 25bps precificadas hoje pelo mercado para 2017 e as menos de 4 altas de 25bps até 2018 devem ser um piso para o ciclo efetivo que deverá ser implementado pelo Fed. Vale lembrar que as próprias expectativas do Fed já estão acima deste patamar.

Os números de hoje apenas reforçam a minha visão de uma taxa de juros estruturalmente mais elevada nos EUA, que deverá dar suporte ao USD ao redor do mundo. O quadro técnico e a postura da China parecem estar impedindo o mercado de migrar nesta direção no começo do ano, o que requer cautela, mas o cenário econômico se mostra cada vez mais consolidado. Assim, o curto-prazo pode até mesmo se mostrar um período positivo de ajuste de posições, antes de uma nova precificação do cenário que tenho desenhado neste fórum.

No Brasil, o BRL voltou a operar em linha com as demais moedas globais, após mais de um mês de performance descolada do resto do mundo. Continuo vendo um cenário saudável para as contas externas do país, mas um ambiente propício para o dólar forte no mundo. Assim, continuo vendo a moeda local operando em ranges ao longo do ano.

No mercado de juros, a decisão do Copom de janeiro será determinante para a curva. Continuo a ver espaço para uma queda estrutural dos juros no país, mas com a curva curta precificando 4 quedas de 60bps nas próximas 4 reuniões do Copom, uma queda de 50bps em janeiro poderá frustrar o mercado.

Em termos de posição técnica, como comentei nos últimos dias, vejo um mercado apenas moderadamente aplicado em juros locais e levemente vendido em BRL. No mundo, as posições em USD ainda me parecem mistas, mas as posições especulativas tomadas em taxas nos EUA continuam elevadas para o histórico recente.

  




Data: 06/01/2017

A espera do Payroll / Volatilidade na China continua elevada.

Os ativos de risco operam próximos a estabilidade, na espera da divulgação dos dados de emprego nos EUA. Acredito que o mercado apresentará uma reação clássica aos dados que serão divulgados hoje. Um conjunto de números robustos (Payroll, Taxa de Desemprego e AHE) deverá levar a uma abertura de taxa de juros nos EUA, que deveria dar suporte ao dólar no mundo, retomando o movimento de “reflation” que foi regra no final do ano passado. Números mais fracos, contudo, podem manter a dinâmica recente, em que a posição técnica está ajudando os movimentos de fechamento de taxas de juros nos EUA e, consequentemente, queda do dólar. Um conjunto de Payroll fraco, com AHE mais fortes, torna a reação do mercado menos trivial, mas tendo a acreditar que seja um cenário ruim para o lucro das empresas e, consequentemente, para a bolsa norte americana.

A moeda da China continua a trazer volatilidade ao mercado. Hoje foi um dia de forte desvalorizaçãos dos fowards de CNY e CNH, após 3 dias de acentuada apreciação da moeda. O movimento está dando um leve suporte ao dólar no mundo neste momento.

No Brasil, os ativos de risco devem seguir o humor externo e as especulações em torno do movimento que será feito pelo BCB na próxima reunião do Copom. Os jornais de hoje não trazem nenhuma notícia muito bombástica. Apenas um artigo no O Globo afirmando que Rodrigo Maia poderá suavizar parte da proposta da Reforma da Previdência. Acredito que a negociação em torno da Reforma seja esperada e mudanças certamente acontecerão. O importante, contudo, é que a essência do texto seja mantida.

Fora isso, a fotografia da situação fiscal do país ainda é preocupante, a despeito das expectativas positiva para frente. O Governo federal está travando uma batalha contra os Estados em relação a liberação de verbas, em um problema ainda longe de uma solução definitiva. Já é sabido que para o cumprimento da meta fiscal de 2017 será necessário alguma receita extraordinária. Ontem, o governo anunciou um novo REFIS, além de mais uma rodada da repatriação estar na pauta.

Apesar de pouco comentado, ontem umas das empresas da Triunfo anunciou um default de parte de sua dívida, em mais um desenvolvimento que mostra a situação preocupante do mercado local de crédito e de alguns setores da economia. Não me parece haver motivos para um contágio maior, mas problemas pontuais e específicos devem continuar a ocorrer ao longo dos próximos meses, mostrando que a recuperação da economia será extremamente lenta e gradual.




Data: 05/01/2017

China Short Squeeze / Brazil: Lower rates for longer...

Alguns temas específicos, aliados a posição técnica do mercado, parecem estar ditando o rumo dos ativos de risco neste início de ano.

Nos mercados externos, a China continua adotando uma postura mais proativa na tentativa de evitar rodadas adicionais de depreciação de sua moeda. Com o mercado aparentemente com posições relevantes para o lado negativo, o “short squeeze” que vem sendo promovido no país parece estar afetando de forma significativa o mercado de moedas ao redor do mundo.

Vejo o movimento de dólar fraco como um misto de posição técnica, aliado a postura dos police makers na China. Ainda vejo um movimento estrutural de fortalecimento do dólar no mundo. Contudo, costumo respeitar a dinâmica do mercado. Precisaremos de dados de emprego saudáveis amanhã nos EUA para a retomada da tendência de fortalecimento do dólar. Caso contrário, o ímpeto de dólar fraco poderá continuar no curto-prazo.

Na mesma linha do comentário acima, vale registrar que a Treasury de 10 anos falhou, novamente, em romper o patamar de 2,5%. A posições técnica neste ativo, em especial, parece excessivamente ruim (muito short), o que torna os dados de emprego nos EUA de suma importância para a dinâmica de curto-prazo. Ainda vejo um movimento estrutural de juros mais elevados nos EUA e no mundo desenvolvido, mas o curto-prazo poderá ser afetado pela posição técnica e pelos dados de emprego que serão divulgados amanhã.

Os dados divulgados hoje mostraram uma economia saudável, em linha com o cenário esperado pelo Fed. O ADP Employment apresentou criação de 153 mil postos de trabalho em dezembro, o Jobless Claims recuou de 263 mil para 235 mil e o ISM Non-Manufacturing ficou estável, em patamar elevado e acima das expectativas. Os dados de hoje ainda são coerentes com um processo de alta de juros mais acelerado do que aquele precificado pelo mercado atualmente.

O México, promoveu uma intervenção cambial, o que ajudou a acalmar o movimento de depreciação da moeda. Parece cedo para afirmar que será suficiente para inverter uma tendência de depreciação. Intervenções no câmbio costumam suavizar tendências, mas não reverte-las totalmente. Talvez, outros instrumentos (altas de juros?) deverão ser utilizados antes de uma estabilização definitiva da moeda.

No Brasil, o destaque do dia ficou para a produção industrial, que apresentou alta de 0,2% MoM em novembro, muito abaixo das expectativas de 1,3% MoM. Ainda não há sinais concretos de estabilização do crescimento de forma consistente, a despeito de alguns números mais positivos de indicadores secundários.

A fraca PIM de novembro levou o mercado a apostas de uma queda superior de 50bps na próxima reunião do Copom. A curva curta já precifica 4 quedas de 60bps nas próximas 4 reuniões do Copom. Minha visão segue a mesma. Vejo um movimento estrutural de juros mais baixos no Brasil, mas tenho receio de que se o BCB cair 50bps na próxima reunião, ele possa, mais uma vez, desagradar o mercado.

O BRL está seguindo o humor global a risco, mas contando com a ajuda de uma posição técnica saudável (já vejo muitos gestores locais comprados em USDBRL) e um fluxo positivo neste começo de ano. Vejo o BRL em um range ao longo do ano. Claramente, o momento de curto-prazo é positivo, o que pode fazê-lo chegar na banda de baixo deste range, em torno dos 3,10 do período pós repatriação, mas continuo vendo a moeda mais como um play de carrego do que de ganho de capital. Os ganhos de capital deverão ser bastante táticos.   




Data: 04/01/2017

FOMC Minutes: All eyes on the employment!

Aproveito o momento de poucas mudanças de cenário para apresentar alguns eventos específicos que estão afetando os ativos de risco neste início de ano.

Nos EUA, as Minutas do FOMC me pareceram neutras em relação as informações que já existiam no mercado. Em resumo, mantidas as atuais condições, o processo de alta de juros deverá seguir ao longo de 2017. Existem riscos para ambos os lados (mais altas de juros ou menos altas de juros), mas crescem os riscos da necessidade de altas mais agressivas de juros nos próximos meses.

A passagem das Minutas que mais me chamou a atenção, e que coloca um enorme peso de importância nos próximos dados de emprego do país, foi a seguinte:

Several members noted that if the labor market appeared to be tightening significantly more than expected, it might become necessary to adjust the Committee’s communications about the expected path of the federal funds rate, consistent with the possibility that a less gradual pace of increases could become appropriate.

As Minutas não alteram minha visão de alta estrutural do dólar no mundo, suportado pela elevação das taxas de juros no país. 

Nesta quarta-feira, uma forte apreciação do CNY, na China, acabou dando um tom mais positivo para as moedas ao redor do mundo, com algumas exceções. A China passa por mais uma rodada de pressão sobre sua moeda, e vem atuando de maneira a evitar rodadas adicionais de depreciação. Não é raro o governo/PBoC induzir “short squeeze” pontuais em posições short CNY, como o que parece ter sido o caso hoje, a fim de afastar movimentos considerados especulativos.

No México, além da pressão da nova plataforma econômica de Trump nos EUA, seu maior parceiro comercial, o país passa por problemas locais, com algumas mudanças na economia gerando insatisfação na população, o que está colocando uma pressão grande no MXN e nos ativos de país. Por ora, o problema tem se mantido controlado e não houve contágio para outros países.




Data: 04/01/2017

“Reflation” continua. China segue no foco da mídia.

Os ativos de risco estão dando continuidade ao movimento de “reflation” retomado ao longo da terça-feira. Neste momento, vemos movimentos de alta das bolsas e das commodities, e abertura de taxas de juros no mundo desenvolvido. O dólar opera em queda ao redor do mundo.

A agenda do dia terá as Minutas do FOMC como destaque, mas a divulgação será apenas no final da tarde. A última decisão do FOMC apresentou um comitê mais hawkish do que as expectativas. Assim, as Minutas serão minuciosamente analisadas para tentar entender a postura do Fed de agora em adiante.

O fluxo de notícias para o Brasil continua relativamente esvaziado. O próximo grande evento será a decisão do Copom ainda em janeiro. O Congresso ficará em recesso até fevereiro.

O único destaque que merece menção está manhã fica por conta de novas notícias envolvendo possíveis medidas por parte do governo da China com o intuito de frear a escalada de depreciação da moeda do país. Segundo a Bloomberg:

China has studied possible scenarios for the yuan and capital outflows this year and is preparing contingency plans, according to people familiar with the matter.

The authorities have used stress tests, models and field research, said the people who asked not to be identified as the studies haven’t been made public yet. Financial regulators have already encouraged some state-owned enterprises to sell foreign currency and may order them to temporarily convert some holdings into yuan under the current account if necessary, they added. The State Administration of Foreign Exchange didn’t immediately reply to a fax seeking comment.

China may also further sell U.S. Treasuries in 2017 if needed to keep the yuan’s exchange rate stable, the people said, adding that the size of the reduction will depend on capital outflows and market intervention. The nation’s holdings of Treasuries declined to the lowest in more than six years in October as the world’s second-largest economy used its currency reserves to support the yuan.




Data: 03/01/2017

Ano novo, tema antigo: “Reflation”.

Iniciamos o ano novo com um cenário parecido, senão idêntico, aquele verificado nos meses finais de 2017.

 A terça-feira trouxe um número de inflação (CPI) acima do esperado na Alemanha (1% MoM e 1,7% YoY contra expectativas de 0,6% MoM e 1,3% YoY), além de um ISM Manufacturing mais forte do que as expectativas nos EUA (54,7 contra 53,8), com destaque para a elevação do ISM Prices Paid, de 54,5 para 65,5 pontos.

Ainda nos EUA, Donald Trump ainda não tomou posse oficialmente, mas continua a gerar confusão com seus “Tweets” e suas nomeações. Durante o dia, o nome de um reconhecido protecionista foi confirmado como “Trade Representative”, trazendo novamente à tona os riscos que a plataforma de governo apresentado em sua campanha poderá gerar sobre alguns temas econômicos.

A agenda no Brasil continua relativamente esvaziada, com o recesso do Congresso e sem dados econômicos relevantes. O mercado local continua a apresentar um bom desempenho, na expectativa de que das reformas econômicas serão aprovadas, abrindo espaço para uma queda mais acentuada e estrutural dos juros no país.

Em relação aos ativos de risco, vejo o mercado local de juros em uma tendência de fechamento de taxa, porém tenho receio do curto-prazo, já que a curva curta precifica quedas superiores a 50bps nas próximas 4 reuniões do Copom, o que pode ser frustrado na reunião de janeiro. Vejo valor em alguns setores da bolsa local. Acredito que o BRL irá operar em ranges ao longo do ano, e não tenho visão direcional neste momento.

No mercado externo, continuo mais cauteloso com o cenário para os próximos 3 a 6 meses na China, devido a uma potencial desaceleração induzida da economia. Acredito que alguns ativos de risco tenham precificado de maneira exagerada apenas os efeitos positivos da agenda econômica de Trump, ignorando os potenciais efeitos negativos de algumas medidas. Continuo acreditando na elevação estrutural das taxas de juros dos EUA, que deverão dar sustentação ao dólar no mundo.




Data: 03/01/2017

Riscos: Trump e China.

Os mercados financeiros globais estão efetivamente iniciando o ano nesta terça-feira, com o retorno do feriado dos EUA. Por ora, estamos iniciando o ano em um tom positivo, com as bolsas e as commodities em alta, uma abertura de taxas de juros no mundo desenvolvido, mas com um desempenho misto do dólar no mundo.

Algumas notícias externas chamam a atenção, mas nenhuma altera de forma significativa, ainda, o cenário econômico global.

EUA – Segundo o FT, Trump irá nomear um protecionista para o cargo de “trade representative”. Se confirmada a nomeação, a postura de Trump irá sinalizar para os riscos que ainda existem de seu novo governo. Como tenho afirmado neste fórum, acredito que o mercado tenha precificado os efeitos positivos da plataforma econômica anunciada pelo novo presidente americano em sua campanha, mas ainda existem riscos que parecem estar sendo totalmente ignorados pelos investidores neste momento.

De acordo com o FT: Donald Trump is expected to tap a longtime advocate of greater protectionism as his US trade representative in yet another signal that his administration is poised to enact the aggressive trade policies he advocated during the campaign into government. Robert Lighthizer, whose impending nomination was reported by US media on Monday, has been seen as the favourite for the trade role for weeks and has been leading the Trump transition team’s meetings with Obama administration trade officials.  He served as deputy US trade representative in the administration of Ronald Reagan at a time when the office was renowned for its trade battles with Japan and has long represented the US steel industry as a partner at law firm Skadden Arps.  As US trade representative, Mr Lighthizer would play a key role in delivering on Mr Trump’s campaign promises to crack down on unfair trading practices by China and to renegotiate the North American Free Trade Agreement with Canada and Mexico.  His appointment, which would have to be confirmed by Congress, would be the latest signal of what is likely to be a major shift in US trade policy when Mr Trump takes office on January 20. The incoming Republican president has already vowed to pull the US out of the Trans-Pacific Partnership, a vast Asia-Pacific trade deal negotiated by President Barack Obama. He also has threatened to impose punitive tariffs on China in what some fear could become the trigger for a trade war between the world’s two largest economies.  Mr Lighthizer, who served as treasurer of Bob Dole’s ill-fated 1996 run for president, would be the latest prominent trade hawk to join the Trump administration. The president-elect before Christmas named Peter Navarro, an economist and author of a book entitled “Death by China”, to lead a new National Trade Council within the White House. He also has nominated billionaire investor Wilbur Ross to serve as commerce secretary, a role from which he is expected to guide the administration’s trade policy. 

China – O WSJ traz reportagem em que o FMI alerta para os riscos do mercado de crédito na China. O problema da expansão excessiva do crédito no país existe já há alguns anos e se intensificou nos últimos meses, já que o governo utilizou as mesmas praticas de estímulos com o intuito de dar sustentação ao crescimento ao longo de 2016. Agora, acredito que os police makers adotaram uma postura mais neutra, ou talvez até mais restritiva, visando administrar os excessos da economia. Está postura aponta para um menor crescimento nos próximos meses e não afasta, em definitivo, os riscos do mercado de crédito. Por ora, uma crise mais aguda devido aos excessos da economia ainda não é o cenário central, mas um risco que precisa ser endereçado com urgência.

Segundo o WSJ: “Risks appear high but manageable if the problem is addressed promptly,” fund economists warn in a new blog post. But the window is closing quickly, the IMF adds. “China urgently needs to tackle its corporate-debt problem before it becomes a major drag on growth.” Analysts says that President Xi Jinping is slow-walking economic overhauls ahead of a major leadership reshuffle, relying on policies of the past that fuel growth now at the expense of the longer-term health of the economy. But the IMF says Beijing should sacrifice near-term growth to secure future economic health. That requires doing more than the government has done so far to recalibrate the financial system. China’s credit boom already looks eerily familiar, mimicking past financial booms that were followed by busts.

Brasil – Ainda estamos em um momento relativamente sem novidades relevantes no cenário. O presidente da Câmara dos deputados está afirmando que a Reforma da Previdência deverá ser aprovada ainda no primeiro semestre e isso irá abrir caminho para juros abaixo de 10% no Brasil.

O mercado continua focado na próxima reunião do Copom, com as apostas para um corte superior a 50bps crescendo nos últimos dias. O mercado de opções digitais mostra probabilidade em torno de 65% de queda de 50bps e de 25% de queda de 75bps no Copom de janeiro.  




Data: 02/01/2017

Brasil Update.

 

O dia foi de feriado nos EUA, o que manteve a liquidez prejudicada e a volatilidade dos ativos de risco contida.

No Brasil, o dia foi de desempenho negativo do BRL. A performance de 1 dia, especialmente hoje, é de difícil leitura. Contudo, vale a pena lembrar que a moeda local apresentou desempenho relativo muito melhor do que os seus pares no final de 2016. Parte deste movimento pode ser explicado por algum (ou alguns) fluxo pontual. O desempenho de hoje pode ser um sinal de que este fluxo tenha se esgotado, mas ainda é cedo para fazer esta afirmação. Eu vejo duas forças opostas no mercado de câmbio. Por um lado, as contas externas continuam tranquilas e com financiamento farto, o que garante um cenário positivo para o BRL. Por outro lado, eu vejo um movimento mais estrutural de fortalecimento do dólar no mundo, o que atua na direção contrário de apreciação do BRL. Net/net, vejo a moeda local em um mercado de range, com ganhos muito táticos e pontuais.

O mercado de juros manteve uma trajetória de fechamento de taxas, ajudado por um técnico positivo e por um cenário cada vez mais claro de juros estruturalmente mais baixos no país. No curto-prazo, contudo, começo a ver o valuation da parte curta da curva como um problema para a manutenção desta tendência positiva. Caso o BCB não caia a taxa Selic em 75bps no próximo Copom e/ou sinaliza para uma queda desta ou de maior magnitude à frente, poderemos sofrer alguma realização de lucros. O cenário base continua a ser de juros mais baixos no Brasil.

A curva curta precifica cerca de 3 quedas de 60bps e 1 queda de 55bps nas próximas 4 reuniões do Copom. Olhando de outra forma, podemos inferir que a curva já embute quedas consecutivas de 50bps em todas as reuniões de 2017. O FRA de 2017 encontra-se em 11,45% e o de 2018 em 10,49%. Ainda existem prêmios na curva, mas cada vez menores, exceto em um cenário de aceleração do ciclo de queda da taxa Selic. Os prêmios estão se concentrando, cada vez, nos vértices mais longos, o que indica a manutenção de uma trajetória de flattening da curva, na ausência de quedas superiores a 50bps em cada reunião. Em suma, a tendência clara é de fechamento de taxas de juros, mas os níveis já não me parecem tão óbvios como anteriormente.

O começo do ano foi de realização de lucros no mercado de renda variável, após um final de ano positivo. O Ibovespa está se sustentando em torno de 60 mil pontos. Vejo valor em alguns setores e empresas específicas, mas tenho receio do mercado de commodities, devido a meu cenário mais cauteloso com China no curto-prazo.




Data: 02/01/2017

Update.

 

Estamos iniciando o ano novo ainda em primeira marcha, sem grandes mudanças substanciais de cenário, mas com alguns desenvolvimentos que merecem ser mencionados. 

 

China – O Manufacturing PMI recuou marginalmente de 51,7 para 51,4 pontos em dezembro, basicamente dentro das expectativas do mercado. 

 

No final da semana passada, o governo anunciou que irá estender a cesta de moedas com o qual o trade weight index do país é calculado, com 11 moedas sendo adicionadas ao cálculo. Segundo a Goldman Sachs:

 

"According to CFETS, the 11 additional currencies are selected as they became directly traded in the onshore FX market in 2016 (the CFETS basket does not include any currencies that are not directly traded onshore). Among the new entrants, the Korean Won has the largest weight at just over 10% (Exhibit 1). As a result of the expanded basket and also adjustment reflecting shifts in China’s international trade composition, the weights of the original 13 currencies will be generally reduced but to varying degrees. The largest fall is with EUR, followed by USD and JPY. Altogether the additional currencies carry a total weight of about 21%, and the USD and G3 currencies have a loss in weight of about 4% and 12%, respectively (if HKD is counted as effectively USD-linked, the USD/G3 weight loss would be about 6%/14% instead). The new weights will bring the CFETS basket closer to the BIS basket in terms of the importance of USD/G3 currencies." 

 

Enquanto o governo sinaliza, por um lado, para um sistema cambial mais livre, por outro lado, anuncia medidas que visam frear os fortes fluxos de saída de capitais do país, em uma postura, no mínimo, dúbia. 

 

O cenário para o país continua a ser de relativa estabilidade econômica no curto-prazo. Continuo a ver sinais de que a postura dos police makers locais será mais neutra, ou até mesmo restritiva no curto-prazo, o que enseja um menor crescimento nos próximos 3 a 9 meses. Continuo a ver um cenário de “stop-and-go” para o crescimento do país. 

 

Atualmente, vejo a China no estágio em que o crescimento tenha atingindo um pico de curto-prazo, e a possibilidade de um menor crescimento nos próximos meses, em muito induzido por políticas menos expansionista. O risco de uma depreciação mais acentuada da moeda ainda existe, mesmo que em tenha sido controlado nos últimos meses. O mercado de crédito local também merece atenção especial. 

 

EUA – O país se encontra em um relativo vácuo de notícias. Trump tomará posse em cerca de 20 dias, e muito ainda precisa ser relevado sobre sua administração. Acredito que o mercado tenha precifica uma boa parte dos efeitos positivos do que está por vir, mas riscos ainda existem. 

 

Além do cenário político, os números de emprego de dezembro serão importantes para determinar como o mercado irá precificar a política monetária do Fed de agora em diante. Após uma reação inicial rápida e acentuada, o dólar e as Treauries parecem estar passando por um período de consolidação. Estes ativos ainda necessitam de atenção especial, pelo potencial de fortalecimento do dólar e abertura de taxas de juros, com efeitos secundários e diretos sobre os demais ativos de risco. 

 

Brasil – O recesso do Congresso e as “férias” da Operação Lava-Jato deram um alento ao governo, que aproveitou o tempo para imprimir uma “agenda positiva” visando dar sustentação ao crescimento. Como já escrevi neste fórum nos últimos dias, vejo a maioria das medidas como positivas, mas talvez de pouco impacto no curto-prazo. 

 

O BCB caminha para mais uma reunião do Copom e salvo uma mudança repentina de comunicação o ritmo de queda de juros parece ser de 50bps, pelo menos para está reunião. A curva curta de juros já precifica um ciclo de queda levemente superior a este. A inflação continua surpreendendo positivamente, mas as coletas apresentaram alguma piora nos últimos dias. O crescimento ainda não deu sinais consistentes de recuperação, mas alguns sinais mais animadores começaram a surgir no cenário. A fotografia das contas públicas continua preocupante, o que torna o ajuste fiscal imperativo. As contas externas, por sua vez, continuam extremamente tranquilas.

 



Data: 28/12/2016

Feliz Ano Novo!

 

A noite de terça-feira para quarta-feira foi mais uma típica da sazonalidade do final de ano, ou seja, sem muitas movimentações e com a liquidez prejudicada. Não há destaques a serem comentados neste momento.

Aproveito a oportunidade para desejar um feliz ano novo. Desejo muita saúde, alegria e sucesso neste novo ano que se aproxima. Queria agradecer a parceria e a amizade de todos os leitores deste fórum. Espero poder contar com a parceria de vocês nos desafios que se avizinham neste ano de 2017.

Abraços,

Dan Kawa




Data: 27/12/2016

Update.

 

Devido a sazonalidade do final do ano, acho ruim tentar ter uma leitura da dinâmica dos mercados ao longo desta semana. A liquidez está prejudicada, não há mudanças substanciais de cenário econômico e fluxos pontuais podem distorcer o preço dos ativos de maneira temporária.

No Brasil, o BRL vem apresentando desempenho bastante positivo nas últimas semanas e, especialmente, nos últimos dias. Além das perspectivas positivas de FDI para o início de 2017, a posição técnica e fluxos de curto-prazo parecem estar ajudando a dinâmica do câmbio.

No mercado de juros, a perspectiva de um ciclo de corte de juros mais agressivo e estrutural continua mantendo a curva de juros ancorada. Já no mercado de renda variável, ainda não há uma confiança grande na perspectiva de recuperação do crescimento, o que está prejudicando o bom desempenho desta classe de ativo.

Segue abaixo um breve resumo dos números econômicos do dia.

Brasil – Segundo nossa área econômica, o déficit primário do setor público consolidado ficou próximo na nossa projeção (-R$39,1bi vs. Icatu Vanguarda:-R$39,5bi), acumulado um déficit de 2,5% do PIB em 12 meses. Excluindo fatores não recorrentes (como as receitas da “repatriação”), o déficit primário estaria em 2,75% do PIB ; A dívida líquida subiu ligeiramente para 43,8% do PIB em novembro (de 43,7% no mês anterior), enquanto a dívida bruta aumentou de 69,5%, em outubro, para 70,5% do PIB em novembro; As contas fiscais permanecem em situação bastante complicada no curto prazo.

A confiança de serviços piorou na margem e continua sugerindo forte contração ano/ano na pesquisa mensal de serviços

EUA – O Consumer Confidence subiu de 109,4 para 113,7 pontos em dezembro, acima das expectativas de 108,5 e atingindo o maior patamar em cerca de 15 anos. A alta do indicador ainda me parece um reflexo claro do otimismo com o que poderá ser implementado pelo novo governo do país.

 



Data: 27/12/2016

Commodities metálicas sobre pressão.

 

A sazonalidade do final do ano continua a prejudicar a liquidez dos ativos de risco. Após uma segunda-feira de baixíssima liquidez e pouca movimentação dos ativos locais, os mercados externos retornam do feriado com poucas movimentações até o momento. O destaque fica por conta de mais uma rodada de queda no preço das commodities metálicas, na expectativa de uma desaceleração “induzida” do crescimento da China. Este tema tem sido recorrente neste fórum, e ainda vejo espaço para novos movimentos nesta direção, enquanto os investidores digerem, ou se acostumam, com uma postura menos expansionista por parte do governo chinês. 

 

No Brasil, os jornais estão afirmando que existe uma intenção por parte do governo em acelerar a Reforma da Previdência no Congresso, além de abrir a janela para uma possível Reforma Tributária. O governo continua reagindo aos ruídos políticos e econômicos com a sinalização de mais reformas, o que vejo como uma atitude positiva. Além disso, agora, mesmo que com potencial de estímulo limitado no curto-prazo, já existe uma “agenda positiva” visando dar sustentação ao crescimento. É natural que novas medidas nessa direção sejam anunciadas ao longo das próximas semanas.




Data: 26/12/2016

Relatório Semanal de Asset Allocation

Na semana passada, o destaque da agenda local ficou por conta da divulgação do IPCA-15, além do Relatório Trimestral de Inflação (RTI), do documento oficial do Banco Central do Brasil (BCB), e dos dados de crédito compilados pelo BCB.

No tocante ao IPCA-15, o número apresentou alta de 0,19% no mês (cerca de 10bps abaixo das expectativas) e 6,58% no acumulado em 12 meses. A abertura do indicador mostrou um quadro extremamente positivo do ponto de vista qualitativo, especialmente se levarmos em conta os principais indicadores que vem sendo apontados pelo próprio BCB como parâmetros importantes para que o processo de distensão monetária seja acentuado.

Levando-se em consideração o IPCA-15 em um contexto mais amplo de desaceleração da inflação e num ambiente de forte pressão para o crescimento, o cenário está em aberto para um ciclo de corte de juros muito mais amplo, acentuado e agressivo do que o anteriormente imaginado.

No que diz respeito ao RTI, em relação à ata anterior, e à comunicação recente do BC, o RTI trouxe novidades apenas marginais. Foi incorporado ao texto o seguinte trecho (que já aparecia em discursos): “Um ambiente com expectativas de inflação ancoradas também permite que o Comitê siga um princípio que confere flexibilidade aos regimes de metas para a inflação e que se aplica ao Brasil. Nesse ambiente, essa flexibilidade permite que os custos de desinflação sejam levados em conta nas decisões de política monetária”; O cenário de aceleração do ritmo de queda do juros está praticamente sacramentado para janeiro, mas por enquanto o que as projeções de inflação do BC sugerem é que o ritmo de quedas será mesmo de 50bps por reunião; Vale mencionar que em relação à ata, o cenário de juros do Focus incorporou mais uma queda de -25bps em 2017 (finalizando o ano em 10,5%p.a.) e manteve 2018 em 10%. Mesmo assim, a projeção do cenário de mercado melhorou ligeiramente para 2018 (de 4,6% para 4,5%), sugerindo um pequeno aumento do orçamento de juros versus ata; no cenário de referência, não houve alteração em relação à ata (provavelmente já haviam incorporado o menor crescimento); O BC revisou o crescimento de 2017 de 1,3% para 0,8% (e de 2016 de -3,3% para -3,4%). Há espaço de surpresa para baixo nesse crescimento esperado pelo BC, o qual poderá abrir por consequência espaço para um orçamento maior de juros ou um ritmo mais rápido de quedas (por exemplo -0,75p.p. por reunião, mas isso poderá ocorrer para depois da reunião de janeiro). Há uma razoável possibilidade do BC mais à frente condicionar o ritmo de quedas mais rápido (-75bps, por exemplo) a surpresas adicionais na atividade e inflação; as expectativas para o IPCA de curto prazo do BC estão superestimadas (dezembro: BC = +0,48% vs. Icatu Vanguarda= +0,27%, janeiro: BC=+0,61% vs. Icatu Vanguarda = +0,45%). Já para fevereiro, a estimativa do BC poderá ser superada, mas dependerá do timing do choque recente de CRB em R$ aparecer na inflação do IPCA; estamos trabalhando com o BC reduzindo em 50bps na reunião de janeiro e um cenário cada vez mais plausível é o da taxa Selic caindo para 10% já em 2017. 

O mercado já precifica um corte de juros razoável para as próximas quatro reuniões do Copom, com cerca de 225bps de cortes adicionais. A curva ainda apresenta prêmios razoáveis de alta para o ano de 2018 e para os vértices mais longos. Achamos razoável supor que o movimento de flattening continue, enquanto o cenário externo permanecer mais tranquilo.

Finalmente, os dados de crédito divulgados no final da semana mostraram os primeiros sinais mais animadores para o setor bancário e para a economia como um todo, após um longo período de deterioração. A despeito da manutenção da queda das concessões (na taxa real interanual), observamos recuo nos spreads e nas taxas, além de um arrefecimento na inadimplência.

Os números ascendem um sinal positivo para as perspectivas econômicas, pois podem estar indicando que o pior para o mercado de crédito tenha ficado para trás. Estes números, adicionados às medidas anunciadas pelo governo nos últimos dias, deveriam ajudar a melhorar o humor dos investidores, especialmente no mercado de renda variável. No entanto, a continuidade da elevação da taxa de desemprego nos próximos meses ainda representa vento contrário à dinâmica de concessões de crédito.

No cenário externo, destaque para novos sinais de que a China pretende adotar uma postura mais neutra no tocante aos estímulos ao crescimento no curto-prazo. 

Nossa visão é que o governo chinês mudou o foco do crescimento para a administração de eventuais problemas financeiros e “bolhas” localizadas. Esta nova postura pode vir a ter impacto negativo em alguns mercados, como o de commodities, que subiram exponencialmente nos últimos meses. Alguns ativos de risco, em especial, foram muito influenciados por movimentos especulativos na China. Agora, com a perspectiva de uma possível desaceleração da economia, capitaneada por medidas mais restritivas, poderemos conviver com movimentos de correção de preços. Ainda não vemos este cenário como a migração para uma crise, mas apenas um ambiente menos construtivo, ou um pouco mais cauteloso no curto-prazo.

Recomendações

Mantemos recomendações acima da média para o mercado local de juros, porém recomendações mais neutras para o mercado de câmbio e renda variável.

No mercado de juros, vemos espaço para um processo estrutural de queda de taxas no Brasil. Este processo, porém, não será linear mas sim pontuado por momentos de incerteza e instabilidade. Diante do nosso cenário de inflação e crescimento, contudo, em um ambiente em que o ajuste fiscal avança no Congresso, ficamos confortáveis com esta recomendação.

No mercado de câmbio, a despeito de um cenário confortável para o balanço de pagamentos, trabalhamos com um cenário externo favorável ao dólar do mundo, o que deveria concentrar os ganhos na moeda brasileira em períodos curtos de tempo. Assim, optamos por manter postura tática e não buscar posições estruturais na moeda brasileira.

No mercado de renda variável, vemos espaço para o aumento dos fluxos para esta classe de ativos, à medida que a melhora dos fundamentos se consolide. Já vemos valor em alguns setores da bolsa local, mas entendemos que precisa haver uma melhora no humor dos investidores no tocante as perspectivas de crescimento do país.




Data: 26/12/2016

Dia de feriado em Londres e NY.

A segunda-feira será de feriado em NY e Londres, o que irá contribuir para um dia de pouquíssima liquide e, provavelmente, baixa volatilidade.

O final de semana foi de poucas, ou nenhuma novidade relevante para o cenário econômico global.

Segue abaixo um breve resumo dos acontecimentos da sexta-feira:

Brasil – Destaque para os dados de crédito divulgados pelo Banco Central. Os números mostraram os primeiros sinais mais animadores para o setor bancário e para a economia como um tempo após um longo período de deterioração. A despeito da manutenção da queda das concessões, observamos recuo nos spreads e nas taxas, além de um arrefecimento na inadimplência.

Os números de hoje ascendem um sinal positivo para as perspectivas econômicas, pois podem estar indicando que o pior para o mercado de crédito tenha ficado para trás. Estes números, adicionados às medidas anunciadas pelo governo nos últimos dias, deveriam ajudar a melhorar o humor dos investidores, especialmente no mercado de renda variável. Setorialmente, vejo espaço para um avanço dos setores mais ligados a economia doméstica e aos juros locais, que acabaram apresentando desempenho ruim nos últimos meses devido ao cenário mais negativo de crescimento, em detrimento ao setor de commodities, devido a meu cenário mais cauteloso com China no curto-prazo.

EUA – A semana termina sem números relevantes sendo divulgados. O New Home Sales e o Michigan Confidence pouco alteram o cenário para a economia do país. Assim, apenas reforço minha mensagem de ontem:

Até o momento, os mercados só se concentraram nos eventuais efeitos positivos que um governo liderado por Trump poderia gerar na economia e no preço dos ativos de risco. Existem riscos que precisam ser monitorados (protecionismo, medidas inflacionárias e etc). Não acredito que seja o caso de adotar um viés negativo no curto-prazo, mas os preços de alguns ativos parecem ter apresentando performance, talvez, a frente do que a realidade poderá concretizar. Assim, acho natural movimento de acomodação ou, até mesmo, alguma realização de lucros em mercados específicos.

China – De acordo com um artigo da Bloomberg:

Xi Said to Express Openness to Growth Below 6.5% as Debt Climbs

(Bloomberg) -- President Xi Jinping is open to China’s economic growth slowing below the government’s 6.5% target due to rising debt and concern about the global environment after Donald Trump’s election win in the U.S., according to a person familiar with the situation.

* Xi told meeting of Communist Party’s financial and economic leading group this week China doesn’t need to meet the objective if doing so creates too much risk, said the person, who asked not to be named because the discussions were private. 

* State Council Information Office didn’t immediately respond to faxed questions Friday about the growth target and debt levels. 

Vejo este artigo como totalmente em linha com o que tenho escrito neste fórum desde o Central Economic Forum, a cerca de 1 semana atrás:

A única mudança que vejo como um sinal mais importante para uma eventual mudança de fundamentos ficou por conta da Central Economic Work Conference na China. A minha visão é que o governo chinês mudou o foco do crescimento para a administração de eventuais problemas financeiros e “bolhas” localizadas. Esta nova postura pode vir a ter impacto negativo em alguns mercados, como o de commodities, que subiram exponencialmente nos últimos meses. Alguns ativos de risco, em especial, foram muito influenciados por movimentos especulativos na China. Agora, com a perspectiva de uma possível desaceleração da economia, capitaneada por medidas mais restritivas, poderemos conviver com movimentos de correção de preços. Ainda não vejo este cenário como a migração para uma crise, mas apenas um ambiente menos construtivo, ou um pouco mais cauteloso no curto-prazo.




Data: 23/12/2016

Brasil: Green Shoots?

Segue abaixo um breve resumo dos acontecimentos do dia:

Brasil – Destaque para os dados de crédito divulgados pelo Banco Central. Os números mostraram os primeiros sinais mais animadores para o setor bancário e para a economia como um tempo após um longo período de deterioração. A despeito da manutenção da queda das concessões, observamos recuo nos spreads e nas taxas, além de um arrefecimento na inadimplência.

Os números de hoje ascendem um sinal positivo para as perspectivas econômicas, pois podem estar indicando que o pior para o mercado de crédito tenha ficado para trás. Estes números, adicionados às medidas anunciadas pelo governo nos últimos dias, deveriam ajudar a melhorar o humor dos investidores, especialmente no mercado de renda variável. Setorialmente, vejo espaço para um avanço dos setores mais ligados a economia doméstica e aos juros locais, que acabaram apresentando desempenho ruim nos últimos meses devido ao cenário mais negativo de crescimento, em detrimento ao setor de commodities, devido a meu cenário mais cauteloso com China no curto-prazo.

EUA – A semana termina sem números relevantes sendo divulgados. O New Home Sales e o Michigan Confidence pouco alteram o cenário para a economia do país. Assim, apenas reforço minha mensagem de ontem:

Até o momento, os mercados só se concentraram nos eventuais efeitos positivos que um governo liderado por Trump poderia gerar na economia e no preço dos ativos de risco. Existem riscos que precisam ser monitorados (protecionismo, medidas inflacionárias e etc). Não acredito que seja o caso de adotar um viés negativo no curto-prazo, mas os preços de alguns ativos parecem ter apresentando performance, talvez, a frente do que a realidade poderá concretizar. Assim, acho natural movimento de acomodação ou, até mesmo, alguma realização de lucros em mercados específicos.

China – De acordo com um artigo da Bloomberg:

Xi Said to Express Openness to Growth Below 6.5% as Debt Climbs

(Bloomberg) -- President Xi Jinping is open to China’s economic growth slowing below the government’s 6.5% target due to rising debt and concern about the global environment after Donald Trump’s election win in the U.S., according to a person familiar with the situation.

* Xi told meeting of Communist Party’s financial and economic leading group this week China doesn’t need to meet the objective if doing so creates too much risk, said the person, who asked not to be named because the discussions were private. 

* State Council Information Office didn’t immediately respond to faxed questions Friday about the growth target and debt levels. 

Vejo este artigo como totalmente em linha com o que tenho escrito neste fórum desde o Central Economic Forum, a cerca de 1 semana atrás:

A única mudança que vejo como um sinal mais importante para uma eventual mudança de fundamentos ficou por conta da Central Economic Work Conference na China. A minha visão é que o governo chinês mudou o foco do crescimento para a administração de eventuais problemas financeiros e “bolhas” localizadas. Esta nova postura pode vir a ter impacto negativo em alguns mercados, como o de commodities, que subiram exponencialmente nos últimos meses. Alguns ativos de risco, em especial, foram muito influenciados por movimentos especulativos na China. Agora, com a perspectiva de uma possível desaceleração da economia, capitaneada por medidas mais restritivas, poderemos conviver com movimentos de correção de preços. Ainda não vejo este cenário como a migração para uma crise, mas apenas um ambiente menos construtivo, ou um pouco mais cauteloso no curto-prazo.




Data: 23/12/2016

Brasil: Jornais digerem as reformas e Ilan concede entrevista.

 

Tivemos uma noite típica de final de ano, com pouca volatilidade e baixa liquidez. Este panorama deverá perdurar até próximo ano. O risco, contudo, é que fluxos pontuais venham a exagerar, acentuar, movimentos de curto-prazo devido a baixa liquidez dos ativos de risco.

 

O destaque fica por conta das notícias envolvendo alguns bancos estrangeiros. O Deutsche Bank, da Alemanha, anunciou um acordo com o Departamento de Justiça dos EUA, para finalizar as acusações envolvendo a instituição. O valor a ser pago pelo DB é muito inferior ao que vinha sendo ventilado na mídia nos últimos meses. Na Itália, o governo anunciou oficialmente a nacionalização de um dos principais bancos do país, o Monte Paschi de Siena.

No Brasil, a mídia ainda está repercutindo as novas medidas econômicas anunciadas pelo governo ao longo do dia de ontem. A visão geral e de que a medida de liberação do FGTS será positiva para o consumo, mas o tamanho do seu impacto ainda é baixa visibilidade. Em relação as novas leis trabalhistas, a despeito de alguns ruídos esperados das centrais sindicais, as medidas são vistas como positivas pela maior parte da sociedade, especialmente para o setor empresarial. Eu vejo a flexibilização das leis trabalhistas como um passo importante na modernização da economia do país.

Segundo a Folha, o Presidente da Câmara se reuniu com o Ministro da Fazenda ontem em um gesto político visando apaziguar os ânimos após as últimas votações na casa. De acordo com o jornal, Maia deixou acertada uma agenda para o avanço da Reforma da Previdência.

No Valor, em artigo de Claudia Safatle, o Presidente do BCB comenta sua visão em relação a atuação da instituição. Segundo ele, o BCB não errou em cortar a taxa Selic em apenas 25bps na última reunião, mas ancorou as expectativas de inflação, permitindo um ciclo de corte mais acentuado e estrutural de agora em diante. A fala está em linha com os últimos documentos oficiais da instituição.

A novidade em sua entrevista ficou por conta da seguinte parte:

Quando a economia entra em processo de desinflação, primeiro caem as expectativas, o juro real calculado sobe, a inflação efetiva cede e só então os juros começam a cair. O pico da taxa ocorre no momento em que a autoridade monetaria está quebrando a espinha dorsal da inflação, salientou o presidente do BC.

Foi o que aconteceu no México e em Israel. "Eles derrubaram a expectativa de inflação, os juros caíram e nunca mais voltaram ao patamar anterior".

O Copom é sensível à atividade econômica por dois canais: quando ela cai, ou não se recupera na rapidez imaginada, a projeção de inflação cai, como está caindo. Nesse caso, há um alinhamento de forma que se tem atividade mais fraca, inflação mais baixa e a política monetaria mais flexível. O segundo canal, citou, é o do custo da desinflação sobre a atividade, que o Copom também leva em conta quando define a velocidade da convergência.

"Fizemos a convergência e, agora, podemos olhar com mais cuidado (a atividade)", concluiu ele.




Data: 22/12/2016

RTI, Risco Trump e China.

 

Segue abaixo um breve resumo dos acontecimentos do dia: 

 

Brasil – Destaque para o Relatório de Inflação. Segundo nossa Área Econômica: 

 

"Em relação à ata anterior e a comunicação recente do BC, o RI trouxe novidades apenas marginais. Incorporaram a um dos documentos principais do BC (já aparecia em discursos): “Um ambiente com expectativas de inflação ancoradas também permite que o Comitê siga um princípio que confere flexibilidade aos regimes de metas para a inflação e que se aplica ao Brasil. Nesse ambiente, essa flexibilidade permite que os custos de desinflação sejam levados em conta nas decisões de política monetária”; O cenário de aceleração praticamente sacramentado para janeiro, mas por enquanto o que as projeções de inflação do BC sugerem é que o ritmo de quedas é de -50bps por reunião; Vale mencionar que em relação à ata, o cenário de juros do Focus incorporou mais uma queda de -25bps em 2017 (finalizando o ano em 10,5%pa) e manteve 2018 em 10%. Mesmo assim, a projeção do cenário de mercado melhorou ligeiramente para 2018 (de 4,6% para 4,5%), sugerindo um pequeno aumento do orçamento de juros versus ata; No cenário de referência, não houve alteração em relação à ata (provavelmente já haviam incorporado o menor crescimento); O BC revisou o crescimento de 2017 de 1,3% para 0,8% (e de 2016 de -3,3% para -3,4%). Há espaço de surpresa para baixo nesse crescimento esperado pelo BC, o qual poderá abrir espaço para um orçamento maior de juros ou um ritmo mais rápido de quedas (por exemplo -0,75p.p. por reunião, mas isso poderá ocorrer para depois da reunião de janeiro). Há uma razoável possibilidade do BC mais à frente condicionar o ritmo de quedas mais rápido (-75bps, por exemplo) a surpresas adicionais na atividade e inflação; As expectativas para o IPCA de curto prazo do BC estão superestimadas (dezembro: BC = +0,48% vs. Icatu = +0,27%, janeiro: BC=+0,61% vs. Icatu = +0,45%). Já para fevereiro, a estimativa do BC poderá ser superada, mas dependerá do timing do choque recente de CRB em R$ aparecer na inflação do IPCA; Estamos trabalhando com o BC reduzindo em -50bps na reunião de janeiro e um cenário cada vez mais plausível é o da taxa Selic caindo para 10% já em 2017." 

 

Na minha visão, está consolidado um cenário para um ciclo de queda da taxa Selic mais agressivo e mais estrutural do que o anteriormente antecipado. O mercado já precificou parte deste ajuste de cenário, mas há espaço para novas rodadas de fechamento de taxas de juros, em especial na parte intermediária e longa da curva. Como nenhum processo costuma ser linear, acho razoável supor que deveremos observar alguma volatilidade ao longo deste processo, como vivenciamos ao longo dos últimos meses. Por ora, ainda está valendo a máxima de que “the trend is your friend!”. 

 

EUA – O dia foi marcado pela divulgação de uma bateria de dados econômicos. De maneira geral, os números mostraram um quadro de crescimento ainda moderado, porém relativamente estável, com flutuações em torno de uma tendência em torno de 2%. Existe uma expectativa de que o crescimento do país apresente alguma aceleração ao longo dos próximos meses, devido a sinalização de política econômica que deverá ser implementada pelo novo governo. Contudo, há evidencias de um 4Q do ano muito mais fraco do que o 3Q. Além disso, existe uma incerteza relevante em torno do novo governo. O mercado de trabalho segue robusto, a despeito de algum arrefecimento apresentado pelo Jobless Claims (que saiu de 254kpara 275k). A inflação se mostra contida, apesar de algum movimento estrutural de aceleração (Core PCE 0,0% MoM e 1,6% YoY). 

 

As últimas indicações de Donald Trump para o novo governo norte americano, após uma bateria de nomes considerados robustos (profissionais muito bem-sucedidos na iniciativa privada), reascenderam o risco de medidas mais duras por parte do novo governo. Em especial, no tocante a temas sensíveis, como política externa e nas relações comerciais entre os EUA e seus principais pares. 

 

Até o momento, os mercados só se concentraram nos eventuais efeitos positivos que um governo liderado por Trump poderia gerar na economia e no preço dos ativos de risco. Existem riscos que precisam ser monitorados (protecionismo, medidas inflacionárias e etc). Não acredito que seja o caso de adotar um viés negativo no curto-prazo, mas os preços de alguns ativos parecem ter apresentando performance, talvez, a frente do que a realidade poderá concretizar. Assim, acho natural movimento de acomodação ou, até mesmo, alguma realização de lucros em mercados específicos. 

 

China – O desempenho dos ativos mais dependentes da demanda chinesa está confirmando, nos últimos dias, a tese que apresentou neste fórum de que uma postura um pouco mais neutra por parte do governo poderia gerar sobre alguns ativos de risco. Reforço minha mensagem dos últimos dias: 

 

A única mudança que vejo como um sinal mais importante para uma eventual mudança de fundamentos ficou por conta da Central Economic Work Conference na China. A minha visão é que o governo chinês mudou o foco do crescimento para a administração de eventuais problemas financeiros e “bolhas” localizadas. Esta nova postura pode vir a ter impacto negativo em alguns mercados, como o de commodities, que subiram exponencialmente nos últimos meses. Alguns ativos de risco, em especial, foram muito influenciados por movimentos especulativos na China. Agora, com a perspectiva de uma possível desaceleração da economia, capitaneada por medidas mais restritivas, poderemos conviver com movimentos de correção de preços. Ainda não vejo este cenário como a migração para uma crise, mas apenas um ambiente menos construtivo, ou um pouco mais cauteloso no curto-prazo.




Data: 22/12/2016

Brasil: Mini Reforma Trabalhista.

O destaque desta manhã fica por conta de mais um movimento de arrefecimento no preço das commodities metálicas. Em especial, para mais uma rodada de queda do Cobre. O movimento está em linha com a tese que eu tenho apresentado que a mudança de postura apresentada pelos policy makers na China poderia colocar alguma pressão nos ativos mais dependentes da demanda do país.

No Brasil, os jornais de hoje estão dando maiores detalhes em torno de uma mini reforma trabalhista que será anunciada pelo governo. As medidas estão dentro do que já vinha sendo ventilado há alguns dias. Vejo o movimento como mais um passo pequeno, talvez com maior repercussão do ponto de vista de imagem para o governo (sem impacto imediato claro), porém positivo para os fundamentos estruturais do país. Segundo a Folha:

O presidente Michel Temer vai anunciar nesta quinta (22) a autorização para saque de até R$ 1.000 de contas inativas do FGTS e mudanças na legislação trabalhista, abrindo caminho para que acordos coletivos estabeleçam jornadas maiores e negociem benefícios atualmente garantidos aos trabalhadores em lei.

As mudanças permitem que sindicatos e empresas negociem jornadas de até 12 horas diárias limitadas a 220 horas mensais, ou seja, com duração maior do que as 8 horas diárias e 44 horas semanais previstas pela legislação.

Além disso, deve ser anunciada a prorrogação do Programa Nacional de Proteção ao Emprego, que passará a ser permanente, se chamará Programa de Seguro-Emprego e também trará novidades.

Segundo assessores presidenciais, as mudanças serão oficializadas por meio de medidas provisórias. Centrais sindicais consultadas sobre a proposta a consideraram genérica e muito ampla, o que deixaria dúvidas sobre os reais impactos que ela pode causar na legislação trabalhista.

De acordo com o Estado, um empresário que já está preso por uma das fases da Operação Lava-Jato teria sido o responsável pela entrega de dinheiro no escritório do assessor de Michel Temer. Os eventos envolvendo o presidente neste suposto episódio de financiamento suspeito de campanha parecem estar avançando, pelo o que temos visto nos meios de comunicação.

Já o Correio Brasiliense, de Vicente Nunes, continua adotando uma postura extremamente crítica em relação ao Banco Central e sua postura, segundo ele covarde, em relação à taxa básica de juros da economia.




Data: 21/12/2016

TINI: There Is No Inflation [Brasil]

O grande destaque do dia ficou para a divulgação do IPCA-15, no Brasil. O número apresentou alta de 0,19% MoM e 6,58% YoY, cerca de 10bps abaixo das expectativas. A abertura do indicador mostrou um quadro extremamente positivo do ponto de vista qualitativo, especialmente se levarmos em conta os principais indicadores que vem sendo apontados pelo próprio BCB como parâmetros importantes para que o processo de distensão monetária seja acentuado (vide gráficos abaixo).

O mercado local de juros reagiu de maneira clássica, com um “bull flatenning” da curva. O BRL apresentou mais um dia de desempenho positivo, confirmando a tese que um cenário de inflação mais contida, mesmo que sinalize para juros mais baixos, no caso do Brasil, tende a ser visto como positivo para a taxa de câmbio. No mercado de renda variável, começamos a observar um movimento mais claro de diferenciação, com os setores mais sensíveis aos juros apresentando performance relativa melhor do que setores mais cíclicos. Acredito que isto possa se tornar uma tendência maior, especialmente devido a meu cenário mais cauteloso com China no curto-prazo.

Olhando o número de hoje, em um contexto mais amplo de desaceleração da inflação em um ambiente de forte pressão para o crescimento, o cenário está em aberto para um ciclo de corte de juros muito mais amplo, acentuado e agressivo do que o anteriormente imaginado. O Relatório de Inflação, que será divulgado amanhã, poderá balizar de maneira mais clara o tamanho deste eventual ciclo.

 O mercado já precifica um corte de juros razoável para as próximas 4 reuniões do Copom, com cerca de 225bps de cortes adicionais em 4 reuniões. A curva ainda apresenta prêmios razoáveis de alta para o ano de 2018 e para os vértices mais longos. Acho razoável supor que o movimento de flattening continue, enquanto o cenário externo permanecer mais tranquilo.




Data: 21/12/2016

Brasil: Governo sofre sua primeira derrota relevante.

Os ativos de risco estão operando sem grandes movimentações esta manhã.

No Brasil, no final da tarde de ontem, o governo sofreu sua primeira derrota de relevância no Congresso, com a Câmara aprovando o texto para o “socorro” aos Estados sem que haja uma contrapartida. A aprovação foi contra o que desejada o Governo e, em especial, a Fazenda.

Os jornais de hoje estão dando ampla cobertura a este evento. Pelo lado do Governo, existe a sinalização que as contrapartidas serão cobradas em caso de ajuda financeira, mesmo não havendo a necessidade nas regras aprovadas pelo Congresso.

Acredito que a derrota do Governo seja negativa, e ascende um sinal de alerta. Confesso que não sei afirmar se os ativos locais irão reagir negativamente ao fato, pois eles têm apresentando uma capacidade impar de superar todo e qualquer sinal mais negativo para o cenário local.

Não vejo está derrota como uma mudança total e efetiva do cenário relativamente construtivo para os avanços das reformas no país, mas um detalhe que precisará ser digerido nos próximos dias, as vésperas do recesso parlamentar, já que o ano de 2017 ainda enseja uma ampla necessidade de ajustes econômicos adicionais que precisarão ser negociados junto ao Congresso.

O foco deverá permanecer na essência das reformas, com o próximo passo ficando por conta da Reforma da Previdência. Enquanto está essência estiver mantida, vejo espaço para um cenário cautelosamente positivo para o país ao longo dos próximos meses. O segredo, no curto-prazo, é entender o tamanho do apoio que o governo ainda controla no Congresso frente aos desafios de crescimento e o avanço da Operação Lava-Jato.

Na manhã de ontem, o BCB anunciou um conjunto de medidas, ainda vagos, em busca de reformas estruturais no sistema financeiro com o intuito de reduzir o custo e facilitar o mercado local de crédito. A primeira vista, as medidas pecam pela ausência de detalhes, parecem ser bastante técnica, mas de impacto apenas no longo-prazo.

As medidas anunciadas pelo BCB ontem, em conjunto com medidas já anunciadas pelo Ministério da Fazenda e do Planejamento na semana passada, parecem mais um esforço de marketing do Governo a fim de trazer uma agenda positiva em meio a um quadro de crescimento pífio e de vazamentos da delação premiada da maior empreiteira do país. Eu vejo estes esforços como positivos. A maior parte das medidas parecem fazer sentido na teoria, mas de impacto apenas limitado no curto-prazo, e sem detalhamento para uma análise efetiva da realidade.

Minha visão permanece relativamente inalterada. Continuo buscando posições visando taxas mais baixas de juros no Brasil, mas vendo a parte intermediária da curva nominal de juros como o melhor ponto da curva neste momento. Minha visão continua mais neutra e tática no mercado local de câmbio e renda variável, mesmo já observando valor em alguns setores da bolsa local.

No cenário externo, ainda vejo um cenário favorável ao dólar no mundo, sustentado por taxas de juros mais elevadas nos EUA. Tenho uma visão um pouco mais cautelosa no curto-prazo com relação a China, devido a aparente mudança de postura do governo local adotado nas últimas semanas. Este cenário deveria tirar algum suporte das commodities e de alguns ativos de risco. Contudo, por ora, os investidores continuam focados no lado positivo da vitória de Donald Trump nos EUA, sem levar em conta os riscos de seu discurso e os ruídos provenientes da China. Não pretendo adotar postura ou viés negativo neste momento, mas um tom de cautela e diferenciação entre classes de ativos, ao contrário do “risk-on” quase que generalizado observado em alguns mercados nas últimas semanas.    




Data: 20/12/2016

Update

 

O dia foi de pouquíssimas novidades para o cenário local e externo, com um price-action típico de final de ano, sem grandes movimentações e com pouca liquidez.

No Brasil, o destaque ficou por conta do bom desempenho do BRL e da curva longa de juros, em um movimento claro de flattening. Ambos os mercados estão sendo favorecidos pela menor volatilidade das Treasuries nos EUA ou, em outras palavras, pela velocidade menos acentuada de abertura dos juros nos EUA.

O mercado de câmbio parece ter sido positivamente influenciado por algum fluxo pontual. No mercado de juros, com a curva curta precificando mais de 4 quedas de 50bps nas próximas reuniões do Copom, faz sentido o mercado começar a alongar suas posições, visando uma queda de juros mais estrutural e, consequentemente, menores prêmios de risco na curva longa (vide gráficos abaixo com as curvas de FRA´s de juros locais).

As contas externas de novembro apresentaram as mesmas tendências que vem sendo regra ao longo de todo o ano. A despeito de uma surpresa negativa este mês na conta corrente, o déficit continua mostrando uma tendência cadente, e amplamente financiado pela conta de capital. Em especial, observamos um forte fluxo para investimentos diretos no país. As contas externas continuam mostrando um cenário de grande tranquilidade para o curto-prazo.

A arrecadação federal de novembro ficou levemente acima das expectativas, mas devido a algumas antecipações de impostos verificadas no mês. A fotografia das contas públicas nacionais ainda é de um cenário de ampla fragilidade, mas com esperanças crescentes de recuperação de longo-prazo com o ajuste fiscal em curso.

Minha visão permanece relativamente inalterada. Continuo buscando posições visando taxas mais baixas de juros no Brasil, mas vendo a parte intermediária da curva nominal de juros como o melhor ponto da curva neste momento. Minha visão continua mais neutra e tática no mercado local de câmbio e renda variável, mesmo já observando valor em alguns setores da bolsa local.

No cenário externo, ainda vejo um cenário favorável ao dólar no mundo, sustentado por taxas de juros mais elevadas nos EUA. Tenho uma visão um pouco mais cautelosa no curto-prazo com relação a China, devido a aparente mudança de postura do governo local adotado nas últimas semanas. Este cenário deveria tirar algum suporte das commodities e de alguns ativos de risco. Contudo, por ora, os investidores continuam focados no lado positivo da vitória de Donald Trump nos EUA, sem levar em conta os riscos de seu discurso e os ruídos provenientes da China. Não pretendo adotar postura ou viés negativo neste momento, mas um tom de cautela e diferenciação entre classes de ativos, ao contrário do “risk-on” quase que generalizado observado em alguns mercados nas últimas semanas.




Data: 20/12/2016

Relatório Semanal

 

O destaque da semana passada ficou por conta dos desdobramentos políticos dos vazamentos da delação premiada da maior empreiteira do país, ainda não homologada pelo STF, e pela decisão do Banco Central Americano (Fed) em elevar a taxa básica de juros em 25bps, como era amplamente esperado.

A mídia continua vazando trechos do que seriam os depoimentos de alguns executivos da empreiteira em questão, que implicam nomes já conhecidos das investigações e importantes figuras políticas locais. Até o momento, o impacto político desses vazamentos tem sido pequeno, mas é provável que, à medida que novas informações surjam no cenário, o governo tenha que tomar medidas mais contundentes para lidar com mais este obstáculo. Os jornais dos últimos dias, por exemplo, já ventilam a possibilidade de uma ampla reforma ministerial no começo de 2017.

Diante dos desafios políticos impostos pela Operação Lava-Jato e frente a uma das piores crises econômicas já vividas pelo país, o governo sinaliza com mais reformas econômicas com o intuito de dar sustentação ao crescimento. 

No fim da semana passada, o governo anunciou um pacote de medidas visando desburocratizar processos, reduzir o custo de crédito e dar algum alívio aos cidadãos e empresas endividadas. Os detalhes ainda são vagos, mas a primeira impressão é de que as medidas sejam positivas, mesmo que de pouco impacto imediato.

Além das medidas anunciadas na semana passada, os jornais deste final de semana reportam que existe um estudo para flexibilizar o mercado de trabalho. Na nossa visão, seria mais uma medida extremamente positiva, em meio a um ambiente ainda bastante hostil para o crescimento do país. Enquanto o governo trabalha em medidas pontuais e localizadas com o intuito de dar alguma sustentação ao crescimento, a Reforma da Previdência avança de forma favorável nas comissões da Câmara.

Enfim, não há dúvidas que estamos em meio a um cenário extremamente desafiador. Não há perspectivas concretas de recuperação da economia no curto-prazo. Contudo, ao invés de optar por medidas imediatistas e, por vezes, adotar postura que no futuro se mostrará errada, este governo tem mostrado que reage às crises e aos obstáculos com medidas, em sua maioria, acertadas, em busca de reformas estruturais que se traduzam em melhoras nos fundamentos de longo-prazo. Nem tudo que será proposto será efetivamente colocado em prática. Todavia, a postura adotada nos parece acertada. O risco continua sendo o avanço da Operação Lava-Jato sobre o atual governo e um cenário externo mais hostil.

Nos EUA, o Fed anunciou um aumento de 25bps na taxa básica de juros do país, como era amplamente esperado. A única alteração relevante no comunicado ficou por conta da adição do termo “considerably” para classificar a alta nas expectativas de inflação medidas pelo mercado. As expectativas de PIB, Inflação e Taxa de Desemprego pouco se alteraram. Contudo, as expectativas de alta de juros para os próximos anos foram elevadas, em grande parte devido a mudança de quatro membros. Assim, os “dots” apontam, agora, para três altas de 25bps em 2017, contra cerca de duas altas de 25bps anteriormente. Chamou-nos a atenção essa alteração nos “dots”, mesmo com poucas mudanças nas perspectivas de crescimento e inflação. Os ativos de risco reagiram de maneira clássica à decisão, com a abertura das taxas de juros nos EUA dando suporte ao dólar no mundo.

Há algum tempo que a China deixou de ser uma preocupação de curto-prazo para os mercados financeiros globais. Achamos oportuno, neste momento, relembrar o que vemos como cenário de maior probabilidade para a economia chinesa. Na nossa visão, o país passará por um longo e tortuoso processo de “stop-and-go”. Vivenciaremos períodos de maior estabilidade do crescimento, como o que estamos observando nos últimos seis meses, pontuados por momentos de desaceleração mais abrupta e preocupante da economia, como o observado no final de 2015 e nos primeiros meses de 2016. 

Nos últimos meses, vimos uma forte expansão do crédito e dos incentivos fiscais por parte dos policy makers locais, com o intuito de dar sustentação ao crescimento. As medidas foram bem-sucedidas, e a economia hoje dá sinais de estabilização. Ao mesmo tempo, o governo foi bem-sucedido na administração de um processo gradual de depreciação do câmbio (CNY), mesmo com sinais de fortes fluxo de saída de recursos do país. O efeito colateral destas medidas, contudo, foi mais uma rodada de endividamento e expansão do crédito, que a história econômica global mostra ser insustentável a longo-prazo.

Nos últimos dias, ou talvez nas últimas semanas, começamos a ver o governo adotando uma postura mais neutra, menos expansionista, ou talvez mais restritiva, com intuito de frear a depreciação cambial e impedir a evolução de “bolhas” em alguns mercados específicos no país. Ao que tudo indica, passado este período de estabilização do crescimento chinês, poderemos entrar em um processo gradual de desaceleração da economia, induzida por essas medidas mais restritivas impostas pelo governo. Todavia, como tudo relativo à China tende a ser amplificado ao extremo, não podemos descartar um período de mais preocupação em torno do país. 

Reforçamos que o cenário central ainda é de um processo longo e tortuoso de desaceleração gradual da economia, mas este caminho não costuma ser linear e nem totalmente gradual, devido às características da economia chinesa e dos problemas enfrentados por seus governantes.

 Recomendações

Mantemos recomendações acima da média para o mercado local de juros, porém recomendações mais neutras para o mercado de câmbio e renda variável.

No mercado de juros, vemos espaço para um processo estrutural de queda de taxas no Brasil. Este processo, porém, não será linear, mas sim pontuado por momentos de incerteza e instabilidade. Diante do nosso cenário de inflação e crescimento, contudo, em um ambiente em que o ajuste fiscal avança no Congresso, ficamos confortáveis com esta recomendação.

No mercado de câmbio, a despeito de um cenário confortável para o balanço de pagamentos, trabalhamos com um cenário externo favorável ao dólar do mundo, o que deveria concentrar eventuais  ganhos na moeda brasileira em períodos curtos de tempo. Assim, optamos por manter postura tática e não buscar posições estruturais no Real.

No mercado de renda variável, por um lado, vemos espaço para o aumento dos fluxos para esta classe de ativos, à medida que a melhora dos fundamentos se consolide. Contudo, não vemos o mercado local com valuations muito atrativos como um todo (exceto por setores específicos), o que tem nos impedido de manter uma recomendação mais estruturalmente positiva.




Data: 20/12/2016

China demanda cautela, reunião do BoJ e medidas estruturais do BCB.

 

Os ativos de risco estão operando sem grandes movimentações esta manhã. Neste momento, o dólar opera próximo a estabilidade, com destaque apenas para mais uma rodada de depreciação do JPY, após a reunião do BoJ, no Japão. As commodities apresentam leve movimento de queda, com os juros norte americanos apresentando uma abertura de taxas. As bolsas globais operam próximas a estabilidade.

A situação na China ainda demanda cautela e atenção. As bolsas locais tiveram mais um dia de queda e o mercado de juros do país continua mostrando sinais de fragilidade. O CNY, por sua vez, vem seguindo o humor global em torno do USD no mundo.

No Japão, o BoJ manteve sua política monetária estável, como era amplamente esperado. A despeito de uma revisão mais otimista para o cenário econômico, Kuroda apresentou argumentos favoráveis a manutenção do “status-quo” sugerindo que ainda é muito cedo para pensar em elevar a “meta” das taxas de juros longos para o país, hoje a maior ancora monetária do BoJ.

Ontem, o dia foi marcado por uma série de 3 atentados terroristas na Turquia, Suiça e Alemanha. Os ataques não parecem ter relação entre eles e, a despeito de vítimas fatais, não afetaram o humor dos ativos de risco. Os trágicos eventos de ontem lembram ao mundo como estamos susceptíveis e expostos a ataques de “lobos solitários”, que costumam ser de difícil prevenção. Por ora, este tipo de evento não tem sido visto como um obstáculo ou um componente que é levado em conta na equação dos ativos de risco ao redor do mundo.

No Brasil, os jornais de hoje estão cobrindo e ventilando as medidas estruturais que deverão ser anunciadas pelo BCB. Segundo o Estadão:

O Banco Central fará hoje (20) um anúncio de medidas para o setor financeiro, mas poucas devem ter impacto imediato na economia. Serão anunciadas basicamente medidas de caráter mais estrutural, que só devem ter efeito no médio e longo prazos. A autonomia do BC - uma bandeira antiga da instituição - e a redução do custo de crédito, incluindo as operações com cartões, serão contempladas nos anúncios, mas não são de encaminhamento imediato.

Com efeitos de curto prazo, o BC vai confirmar a possibilidade de lojistas oferecerem aos clientes descontos caso a compra seja paga em dinheiro, e não por cartão de crédito. A prática, apesar de proibida, já é adotada por boa parte do comércio. Na quinta-feira, o Ministério da Fazenda antecipou a mudança durante o lançamento do pacote de medidas econômicas do governo. Instituições de defesa do consumidor condenam a possibilidade.

Outra medida de curto prazo será a regulamentação da Letra Imobiliária Garantida (LIG), um novo instrumento de captação para o setor imobiliário. Isso também foi anunciado pelo Ministério da Fazenda na última semana e, agora, o Banco Central dará detalhes sobre o funcionamento do produto e as condições para investimento. O Ministério da Fazenda já anunciou que será feita uma consulta pública em janeiro de 2017 e, depois, terá uma resolução do Conselho Monetário Nacional (CMN).

A expectativa do governo é de que a LIG amplie a oferta de crédito de longo prazo para a construção civil - setor importante na geração de empregos. Especialistas do mercado, porém, lembram que os efeitos da LIG para o setor não serão imediatos porque existe um período de adaptação até que o produto seja conhecido e procurado pelos investidores. Ao mesmo tempo, o BC não deve anunciar mudanças na Letra de Crédito Imobiliário (LCA) e na Letra de Crédito do Agronegócio (LCA).

O Banco Central também apresentará uma agenda com foco em sua autonomia, defendida pelo presidente da instituição, Ilan Goldfajn. A informação, porém, é de que a mudança do marco legal não é uma iniciativa para o curto prazo.

Compulsório

No caso de depósitos compulsórios - a parcela de depósitos à vista, a prazo e de poupança dos clientes que os bancos precisam depositar no BC -, as mudanças serão operacionais. O objetivo é facilitar o funcionamento e a relação com as instituições financeiras. Não haverá liberação de compulsórios para impulsionar a economia, como chegou a ser defendido por alguns setores do governo.

Outro ponto polêmico, a redução do prazo de pagamento dos lojistas em vendas feitas com cartão de crédito, não será de adoção imediata. Existe a percepção no BC de que a mudança exigirá uma transição longa, em função das características do setor no Brasil. Uma mudança imediata do prazo de pagamento de 30 para 2 dias, como chegou a ser citado por setores do governo e do mercado, não é considerada pelo BC.

Os anúncios estão dentro da agenda estrutural mais ampla do BC e abarcam quatro pilares: redução do custo de crédito, arcabouço legal da instituição, melhoria da eficiência do sistema financeiro e cidadania financeira. (Fabrício de Castro)




Data: 19/12/2016

China: De volta ao foco!

 

A segunda-feira foi marcada, até o momento, por uma certa perda de momento das principais tendências verificadas após a vitória de Donald Trump para presidente dos EUA. Em especial, com um movimento de queda nas commodities metálicas e fechamento de taxas de juros nos EUA.

Acredito que parte da dinâmica de hoje seja natural, após movimentos rápidos e acentuados nas últimas semanas, e parte pode ser explicada por valuations menos atrativos e alguns ruídos pontuais, como o incidente que acabou com a morte do embaixador da Rússia na Turquia.

Nos últimos dias, a única mudança que vejo como um sinal mais importante para uma eventual mudança de fundamentos ficou por conta da Central Economic Work Conference na China.

A minha visão é que o governo chinês mudou o foco do crescimento para a administração de eventuais problemas financeiros e “bolhas” localizadas. Esta nova postura pode vir a ter impacto negativo em alguns mercados, como o de commodities, que subiram exponencialmente nos últimos meses. Alguns ativos de risco, em especial, foram muito influenciados por movimentos especulativos na China. Agora, com a perspectiva de uma possível desaceleração da economia, capitaneada por medidas mais restritivas, poderemos conviver com movimentos de correção de preços. Ainda não vejo este cenário como a migração para uma crise, mas apenas um ambiente menos construtivo, ou um pouco mais cauteloso no curto-prazo.

Em discurso agora há pouco, Yellen adotou um tom mais construtivo com relação ao mercado de trabalho dos EUA, em linha com a decisão do FOMC da semana passada. Os sinais recentes apontam para um Fed bastante confortável com o cenário econômico para o país, e uma clara mudança no tom de seu discurso e de sua forma de atuação. Salvo momento pontuais de acomodação, o cenário ainda aponta para taxas de juros mais altas no país, que devem dar suporte ao dólar no mundo. 

No Brasil, observamos mais um dia de bom desempenho do BRL e do mercado de juros, em detrimento a uma forte pressão sobre a bolsa local. Acredito que as perspectivas ainda negativas em torno do crescimento estejam ajudando estes movimentos. 

A pesquisa Focus, do BCB, mostrou mais uma revisão baixista para o PIB de 2017, e uma inflação abaixo do teto da meta para este ano. Estes movimentos estão ajudando a ancorar o mercado local de juros, que já embute um ciclo superior a 4 quedas de 25bps nas próximas 4 reuniões do Copom. 




Data: 19/12/2016

Brasil: Mais vazamentos sobre a delação da Odebrecht.

 

Os jornais de hoje estão reportando que a Odebrecht teria delato cerca de R$30mm em “caixa 2” para a chapa Dilma-Temer nas eleições de 2014. Segundo a mídia, a possível delação premiada do marketeiro João Santana e de sua esposa poderiam confirmar o teor das declarações da empreiteira. A informação seria de extrema importância para o processo que corre no TSE com intuito de cancelar a vitória da chapa, o que levaria a um afastamento de Michel Temer da Presidência da República. O passo seguinte seriam eleições indiretas para presidente. 

 

Acredito que exista sim um risco, imensurável neste momento, do TSE cassar a chapa Dilma-Temer, invalidando o atual cargo de presidente de Michel Temer. Contudo, frente a base conquistada no Congresso, eu tendo a acreditar que ocorrendo a cassação, um nome apoiado pela atual base do governo, de certo consenso nacional, seria escolhido para o cargo de presidente do país. Neste cenário, o ajuste econômico continuaria em curso. Não há dúvidas, contudo, que uma decisão neta direção levaria volatilidade e incerteza no curto-prazo. 

 

Estamos entrando em um período sazonalmente de menor liquidez dos ativos globais a risco. Este ambiente pode vir a acentuar movimentos de curto-prazo nos mercados financeiros globais.




Data: 19/12/2016

Brasil: Governo sinaliza para flexibilização do mercado de trabalho. / China em Foco.

 

O final de semana teve como destaque a continuidade da cobertura dos veículos de comunicação no Brasil em torno do encerramento da delação premiada da Odebrecht e de seus 77 executivos. 

 

A mídia continua vazando partes deste processo, implicando nomes conhecidos das investigações e importantes figuras políticas locais. Até o momento, o impacto político desses vazamentos tem sido pequeno, mas é provável que, a medida que novas informações surjam no cenário, o governo tenha que tomar medidas mais contundentes para lidar com mais este obstáculo. Os jornais de hoje, por exemplo, já ventilam a possibilidade de uma ampla reforma ministerial no começo de 2017. 

 

Diante dos desafios políticos impostos pela Operação Lava-Jato, e frente a uma das piores crises econômicas já vividas pelo país, o governo sinaliza com mais reformas econômicas com o intuito de dar sustentação ao crescimento. Além das medidas anunciadas no final da semana passada, os jornais de hoje reportam que existe um estudo para flexibilizar o mercado de trabalho (O governo deve anunciar na próxima semana uma série de mudanças nas regras trabalhistas. O pacote, que ainda está em discussão, prevê a criação da modalidade de contratação por hora trabalhada, com jornada flexível. Segundo Nogueira, entre os temas em que já há consenso está a de aumentar o prazo dos contratos temporários de 90 dias vai subir para 180, estabelecer a jornada parcial de 25 horas de trabalho, com direito a cinco horas extras, e da possibilidade de a convenção coletiva deliberar sobre a forma que a jornada semanal vai ser executada. O anúncio dessas novas medidas será feito junto com a edição da medida provisória para transformar o Programa de Proteção ao Emprego em uma ação permanente do governo que passará a ser chamado de Programa Seguro Emprego. Não há consenso, porém, se essas outras mudanças serão feitas via MP ou projeto de lei. Fonte: Broadcast). Na minha visão, seria mais uma medida extremamente positiva, em meio a um ambiente ainda bastante hostil para o crescimento do país. Enquanto o governo trabalha em medidas pontuais e localizadas com o intuito de dar alguma sustentação ao crescimento, a Reforma da Previdência avança de forma favorável nas comissões da Câmara. 

 

Enfim, não há dúvidas que estamos em meio a um cenário extremamente desafiador. Não há perspectivas concretas de recuperação da economia no curto-prazo. Contudo, ao invés de optar por medidas imediatistas e, por vezes, adotar postura que no futuro se mostrará errada, este governo tem mostrado que reage as crises e aos obstáculos com medidas, em sua maioria, acertadas, em busca de reformas estruturais que venham a melhor os fundamentos de longo-prazo. Entendo que nem todas as medidas serão acertadas. Nem tudo que será proposta será efetivamente colocado em prática. Todavia, a postura adotada me parece acertada. O risco continua a ser o avanço da Operação Lava-Jato sobre o atual governo e um cenário externo menos óbvio. 

 

Há algum tempo que a China deixou de ser uma preocupação de curto-prazo para os mercados financeiros globais. Acho oportuno, neste momento, relembrar o que vejo como cenário de maior probabilidade para o cenário econômico do país. 

 

Na minha visão, a China passará por um longo e tortuoso processo de “stop-and-go”. Vivenciaremos períodos de maior estabilidade do crescimento, como o que estamos observando nos últimos 6 meses, pontuados por momentos de desaceleração mais abrupta e preocupante da economia, como o observado no final de 2015 e nos primeiros meses de 2016. 

 

Nos últimos meses, vimos uma forte expansão do crédito e dos incentivos fiscais por parte dos policy makers locais, com o intuito de dar sustentação ao crescimento. As medidas foram bem sucedidas, e a economia hoje dá sinais de estabilização. Ao mesmo tempo, o governo foi bem sucedido na administração de um processo gradual de depreciação do câmbio (CNY), mesmo com sinais de fortes fluxos de saídas de recursos do país. O efeito colateral destas medidas, contudo, foi mais uma rodada de endividamento e expansão do crédito, que a história econômica global mostra ser insustentável a longo-prazo. 

 

Nos últimos dias, ou talvez nas ultimes semanas, começamos a ver o governo adotando uma postura mais neutra, menos expansionista, ou talvez mais restritiva, com intuito de frear a depreciação cambial e impedir a evolução de “bolhas” em alguns mercados específicos no país. Ao que tudo indica, passado este período de estabilização do crescimento chinês, poderemos entrar em um processo gradual de desaceleração da economia, induzida por essas medidas mais restritivas impostas pelo governo. Todavia, como tudo relativo a China tende a ser maximizado ao extremo, não podemos descartar um período de mais preocupação em torno do país. 

 

Reforço que o cenário central ainda é de um processo longo e tortuoso de desaceleração gradual da economia, mas este caminho não costuma ser linear e nem totalmente gradual, devido as características da economia chinesa e dos problemas enfrentados por seus governantes.




Data: 16/12/2016

Brasil: Pacote econômico e ruído político.

 

Os ativos de risco operam próximos a estabilidade, e sem tendências definidas essa manhã.

No Brasil, no final da tarde de ontem, o governo anunciou um pacote de medidas econômicas que visam desburocratizar a economia, reduzir o endividamento e o custo de captação de recursos por famílias e empresas. Os detalhes do pacote ainda são vagos. Não parecem ser medidas aos moldes do modelo errado adotado nos últimos governos, mas um caminho interessante a ser seguido. Ainda faltam detalhes para termos condições de saber o real impacto na economia, mas me parece que o impacto imediato deve ser pequeno.

Uma matéria de capa do Globo.com de hoje cedo afirma que o MP e a PF apresentaram relatório ao TSE dizendo que há indícios de fraude da chapa Dilma-Temer nas eleições de 2014 (http://g1.globo.com/politica/noticia/mp-e-pf-veem-indicios-de-fraude-e-desvio-de-recursos-na-chapa-de-dilma-e-temer.ghtml)

No cenário externo, gostaria de replicar neste fórum um comentário do Deutsche Bank em torno da trajetória do dólar no mundo:

Something special happened yesterday: Fed funds - the interest rate on overnight dollars - rose to 66bps. Why is this important? Because historically, it is not only the direction of US yields that matters for the dollar but also the absolute level. When the USD joins the ranks of the high-yielders – defined as having at least the third highest central bank yield in the G10 – it typically rallies very strongly. The dollar entered such a regime yesterday: only Australia and New Zealand now have higher central bank rates than the US. The last time this happened for more than a few months was in 1979 and 1997; the dollar rallied by 30% and 20% respectively. What about long-end yields? The US comes out on top here too: among the world’s 20 largest bond markets, US 10-year treasury yields are now at least the third highest across the 5, 10 and 30-yr tenors. The dollar is truly a high-yielder.Summing up, there is a threshold of yields beyond which the dollar rallies even if the rate differential stops widening. Indeed, the break of EUR/USD parity back in the 2000s was accompanied by a narrowing, not widening in the EU-US rate differential as portfolio flows flocked to the US from Europe (chart 2). From this perspective, a stabilization in UST yields attracting fresh buyers may end up being even more negative for EUR/USD. We remain bearish and expect a break of parity down to at least 95 cents next year.




Data: 16/12/2016

Update.

 

Os dados econômicos divulgados hoje no Brasil e nos EUA apenas reforçaram o cenário de fragilidade da economia brasileira e sinais construtivos para o crescimento dos EUA, em um ambiente de inflação gradualmente mais firme.

No Brasil, o IBC-Br de outubro, segundo nossa área econômica, embora tenha vindo acima do esperado (-0,48%m/m dessaz vs. BBG: -0,6%m/m dessaz e -5,28%a/a vs. BBG: -5,50%a/a), a leitura de outubro do IBC-Br foi bastante fraca (um péssimo início de trimestre). A média móvel trimestral de crescimento foi de -5,3% (taxa anualizada). As pesquisas setoriais mostraram quedas interanuais mais intensas que o IBC-Br. Vemos riscos para baixo na nossa atual projeção de -2%a/a para o último trimestre.

No campo político, mesmo com todos os ruídos vivenciados nos últimos dias, o governo avança no congresso com a Reforma da Previdência na CCJ, após a tranquila aprovação da PEC do Teto dos Gastos.

Nos EUA, o Core CPI ficou dentro das expectativas do mercado, mostrando um cenário de alta apenas gradual da inflação no país. Os dados de atividade econômica, contudo, mostraram um quadro mais positivo, com uma alta relevante do Empire Manufacturing de dezembro, de 1,5 para 9,0, um Philly Fed subindo de 7,6 para 21,5 e o Markit US Manufacturing PMI passando de 54,1 para 54,2. O Jobless Claims caiu marginalmente, de 258k para 254k. O NAHB Housing Market Index subiu de 63 para 70.

Os números mostraram uma economia em bases sólidas e, inclusive, colocando algum risco positivo para o cenário de crescimento de curto-prazo. Os dados de hoje em nada alteram a visão descrita pelo Fed em sua decisão de política monetária apresentada ontem. Vale lembrar que este quadro se desenha antes mesmo que qualquer medida de estímulo fiscal seja anunciada pelo novo governo eleito.

Até o presente momento, os ativos de risco estão digerindo de forma bastante tranquila a decisão do Fed na tarde de ontem. A despeito da abertura das taxas das Treasuries, vemos um movimento de fortalecimento do dólar mais concentrado contra G10, com os mercados emergentes reagindo de forma fluida e tranquila. As bolsas continuam olhando o movimento de “reflation” como positivo para crescimento, para o setor corporativo e para as commodities.

Acredito que a velocidade de abertura das taxas das Tresuries nos EUA é mais importante do que sua direção. Enquanto o movimento for suave, poderemos conviver com uma diferenciação entre os ativos de risco. Se o movimento se tornar mais rápido e acentuado, poderemos ter momentos de “risk-off” mais generalizado, como o verificado na tarde de ontem. Acredito que iremos conviver com momentos de maior tranquilidade e diversificação, pontuados por períodos de maior stress.

Ainda vejo um movimento estrutural de fortalecimento de dólar no mundo, sustentado pela abertura de taxa de juros nos EUA. Continuo buscando posições que visem juros mais baixos no Brasil. Mantenho postura mais tática no BRL e no Ibovespa, mesmo já vendo valor em alguns setores para o cenário de Brasil que tenho em mente.




Data: 15/12/2016

Digerindo a decisão do Fed.

 

Os ativos de risco continuam digerindo a decisão do FOMC da tarde de ontem, mantendo basicamente as tendências verificadas ao longo do final da quarta-feira. O destaque fica por conta de mais um movimento de forte abertura de taxas de juros nos EUA. 

A Treasury 10 anos parece estar rompendo, definitivamente, o patamar de 2,5%, com a Treasury de 5 anos ultrapassando o nível de 2,0%. Observamos um movimento representativo de “bear flattening” da curva de juros nos EUA desde a divulgação do comunicado na tarde de ontem, o que deverá ter consequências para os demais ativos de risco. Por ora, o movimento mais óbvio continua a ser de suporte ao dólar no mundo. Contudo, se estas tendências forem mantidas, acredito que os demais ativos de risco, especialmente nos atuais níveis, como as bolsas norte americanas, por exemplo, podem ficar em situação mais frágil no curto-prazo.

Na agenda do dia, o teremos o Core CPI nos EUA. Frente às novas informações apresentadas pelo Fed, acredito que o número tenha se tornado assimétrico. Um Core CPI abaixo de 0,2% MoM pode dar algum alívio aos ativos de risco, porém apenas temporário, um número acima de 0,3% MoM, contudo, pode acabar “jogando gasolina em uma fogueira já em chamas”, ou seja, pode acabar acentuando os movimentos de abertura de taxas de juros nos EUA, e sustentar uma nova rodada de dólar forte, quedas das bolsas e das commodities.

Na Austrália, os dados de emprego de novembro ficaram acima das expectativas, o que está dando suporte ao AUD essa manhã. O número reduz a probabilidade, que já era baixa, de novos cortes de juros por parte do RBA. Ainda parece cedo para afirmar que o cenário para o país tenha se tornado mais positivo, mas os números de emprego mostram uma trajetória mais construtiva nos últimos 2 meses.

O Brasil, a despeito de suas peculiaridades, não está uma ilha isolada, e deve sofrer os efeitos dos movimentos externos, pelo menos no curto-prazo. Aguardo um maior prêmio na parte curta e intermediária da curva local de juros para voltar a ter alocações relevantes. Frente ao cenário externo, prefiro manter postura neutra no mercado de câmbio e tática no mercado de renda variável.




Data: 15/12/2016

Fed: Primeiras impressões.

 

Minha primeira impressão sobre a decisão do FOMC foi de que as alterações promovidas foram mais hawkish do que as expectativas. O Fed elevou os juros em 25bps, como era amplamente esperado. A única alteração relevante no comunicado ficou por conta da adição do termo “considerably” para classificar a alta nas expectativas de inflação medidas pelo mercado. As expectativas de PIB, Inflação e Taxa de Desemprego pouco se alteraram. Contudo, as expectativas de alta de juros para os próximos anos foram elevadas, em grande parte devido a mudança de 4 membros. Assim, os “dots” apontam, agora, para 3 altas de 25bps em 2017, contra cerca de 2 altas de 25bps anteriormente.

Chama a atenção essa alteração nos “dots” mesmo com poucas mudanças nas perspectivas de crescimento e inflação.

Em relação aos mercados, os ativos de risco precisarão digerir está nova informação, levando em conta um pano de fundo que já apontava para um dólar mais forte no mundo, sustentado por taxas de juros mais elevadas nos EUA. No curto-prazo, este movimento de ajuste pode acabar se transformando em um movimento de “risk-off”, com bolsas e commodities em queda. Ao longo do tempo, após o mercado se acomodar para este novo cenário, os movimentos de diferenciação poderão se tornar, novamente mais claros, como observamos nas últimas semanas.

Nos últimos dias, escrevi que: Minha visão de curto-prazo está um pouco embaçada. Ainda vejo um processo estrutural de juros mais baixos no Brasil, mas a curva curta me parece relativamente “fair” nos atuais níveis, enquanto a curva longa fica mais susceptível ao cenário externo e aos ruídos políticos. Estou com menor exposições a risco, e com postura mais tática, mas mantendo o viés de buscar posições para juros mais baixos no Brasil de forma estrutural. Continuo sem posições relevantes no BRL, enquanto começo a ver valor em alguns setores da bolsa local. No cenário externo, pretendo aguardar a decisão do Fed para ter uma opinião mais apurada sobre o cenário externo e a posição do mercado. Ainda vejo um processo de alta de juros nos EUA, mas o técnico me parece esticado. O mesmo vale para o dólar no mundo.

A decisão de hoje pode vir a retomar a tendência de abertura de juros nos EUA, que pode vir a dar suporte ao dólar no mundo. No curto-prazo, os ativos de risco ficam um pouco mais expostos, devido aos níveis atingidos nos últimos dias (vide as bolsas norte americanas, por exemplo). Vamos aguardar a press conferece de Yellen e observar o price-action para confirmar esta teoria. 




Data: 14/12/2016

A espera do Fed.

 

Os ativos de risco operam próximos a estabilidade essa manhã, sem movimentos relevantes neste momento, a espera da reunião do FOMC nos EUA. Destaque apenas para um movimento de correção em algumas commodities, como o Cobre e o Petróleo.

No que tange a reunião do Fed hoje, já é amplamente esperado que eles elevem os Fed Funds em 25bps. O interesse da reunião ficará por conta do que será escrito nas perspectivas de crescimento, inflação e taxa de desemprego, assim como o nível de juros esperado por cada membro do comitê, o que ficou conhecido como os “dots”. De maneira geral, a reunião de hoje deveria gerar pouco ruído, por ser amplamente esperada pelo mercado e sinalizada pelo Fed. A reação dos ativos de risco, em especial do dólar no mundo e das Treasuries, será interessante para medirmos a real situação técnica desses mercados e suas reverberações para os demais ativos de risco.

No Brasil, os jornais continuam reverberando o vazamento de um dos anexos da delação premiada da maior empreiteira do país. Segundo alguns veículos de comunicação, alguns entes políticos já buscam maneiras de anular, ou frear a delação em questão, em um movimento na tentativa de minar o MPF.

No sentido de tentar criar um ambiente mais positivo, e desvirtuar um pouco as atenções, o governo sinaliza que irá anunciar algumas medidas visando dar suporte ao crescimento. Ventila-se um aumento de crédito por parte do BNDES para micro e pequenas empresas, um novo Refis, um programa de alongamento da dívida para algumas empresas, a utilização do FGTS para que o cidadão consiga quitar parte de suas dívidas, entre outras medidas “cosméticas”. 

Vejo as medidas que estão sendo ventiladas como positivas, mas dificilmente serão suficientes para reverter o cenário econômico. As medidas devem funcionar mais como um “plano de marketing” para o governo, já que a recuperação econômica demandará tempo, paciência e foco no ajuste fiscal. 




Data: 14/12/2016

Brasil: Movimentos técnicos.

 

O dia foi de poucas novidades para o cenário. No Brasil, o Senado aprovou a PEC do Teto dos Gastos em segundo turno. A votação em favor do texto foi menos expressiva do que no primeiro turno, mas em grande parte devido à ausência de alguns senadores favoráveis ao governo. As vendas no varejo de outubro ficaram levemente acima das expectativas, mas nada que altera o cenário ainda extremamente desafiador para o crescimento do país nos próximos meses. Ainda trabalhamos com uma expectativa de crescimento baixa para 2017 e 2018, mais baixo do que as expectativas do mercado.

Eu diria que o dia apresentou movimentos técnicos nos mercados locais. O mercado de juros, onde me parece estar concentrada as posições da maioria dos investidores locais, apresentou abertura de taxas, enquanto o BRL, onde o técnico parece mais saudável, até com alguns investidores comprados em dólar, voltou a apresentar desempenho positivo e superior aos seus pares. Na bolsa, o dia foi de pressão nos setores ligados as commodities e desempenho mais positivo de setores mais dependentes da economia doméstica, movimento contrário ao que vinha sendo regra nas últimas semanas.

Minha visão de curto-prazo está um pouco embaçada. Ainda vejo um processo estrutural de juros mais baixos no Brasil, mas a curva curta me parece relativamente “fair” nos atuais níveis, enquanto a curva longa fica mais susceptível ao cenário externo e aos ruídos políticos. Estou com menor exposições a risco, e com postura mais tática, mas mantendo o viés de buscar posições para juros mais baixos no Brasil de forma estrutural. Continuo sem posições relevantes no BRL, enquanto começo a ver valor em alguns setores da bolsa local.

No cenário externo, o dia foi de forte alta das bolsas globais, movimentos mistos para o dólar, queda das commodities e leve abertura de taxas de juros nos EUA.

Pretendo aguardar a decisão do Fed para ter uma opinião mais apurada sobre o cenário externo e a posição do mercado. Ainda vejo um processo de alta de juros nos EUA, mas o técnico me parece esticado. O mesmo vale para o dólar no mundo. 




Data: 13/12/2016

China: Números econômicos saudáveis.

 

Os ativos de risco operam próximos a estabilidade essa manhã, sem movimentos relevantes neste momento. O destaque da noite ficou por conta dos dados de atividade econômica de novembro na China. Os números ficaram acima das expectativas do mercado, reforçando a visão de que o país passa por um momento de maior estabilidade do crescimento, suportado por alguns meses de estímulos fiscais. Pelo lado positivo, os números de hoje afastam o risco de uma desaceleração da economia. Pelo lado mais negativo, aumenta a probabilidade de um cenário de “reflation” se espalhar dos EUA para o resto do mundo, com a necessidade de uma postura mais hawkish do policy maker chinês nos próximos meses.

Por ora, os mercados financeiros globais continuam lendo este cenário de “reflation” como um ambiente positivo para ativos de risco em geral, com suporte as bolsas e as commidities, um dólar mais forte suportado pela abertura de taxas de juros nos EUA e uma relativa estabilidade dos ativos emergentes. O risco é a abertura de taxas de juros nos países desenvolvidos se tornarem um pouco mais rápida e acentuada, afetando negativamente este humor global a risco. Existe também o risco do mercado estar antecipando demais este cenário mais positivo de crescimento, sem que haja pilares de sustentação de longo-prazo para este ambiente.

No Brasil, os jornais ainda reverberam o vazamento de um dos anexos da delação premiada da maior empreiteira do país. O governo reage a fim de manter o apoio da base aliada, assim como busca saídas para a crise econômica. Confesso que, no momento, o governo parece reagir com os instrumentos disponíveis, ou seja, o melhor a ser feito é manter o foco no ajuste.

Segundo a mídia, a equipe econômica trabalha em uma mini pacote econômico com o intuito de dar algum suporte ao crescimento. Vejo as medidas que estão sendo ventiladas como positivas, mas dificilmente serão suficientes para reverter o cenário econômico. As medidas devem funcionar mais como um “plano de marketing” para o governo, já que a recuperação econômica demandará tempo, paciência e foco no ajuste fiscal. Segundo O Globo:

O governo estuda editar um novo programa de refinanciamento de dívidas tributárias, o chamado Refis, e o alongamento do prazo de recolhimento de impostos pelas empresas, dentro do pacote de incentivo à retomada da economia. Pedido pelo Palácio do Planalto à Fazenda, como reação à crise política, o conjunto de medidas deverá ainda simplificar as relações entre patrões e empregados, permitindo, por exemplo, a redução negociada da jornada de trabalho. O ministro Henrique Meirelles deverá fechar o pacote hoje com o presidente Temer para anunciá-lo após a conclusão da votação do teto de gastos no Senado.




Data: 13/12/2016

Consolidação.

 

No cenário externo, eu classificaria a segunda-feira como um dia de realização de lucros dos principais movimentos verificados desde a vitória de Trump para presidente dos EUA. Os movimentos que merecem maior atenção são o enfraquecimento do dólar no mundo e a leve queda das bolsas globais. Interessante observar alguma pressão sobre o Cobre, mesmo em um dia de forte alta do Petróleo. Não vi nenhuma mudança de cenário para alterar as tendências recentes, o que me faz acreditar que os movimentos de hoje sejam meros ajustes de posições as vésperas da reunião do FOMC, nos EUA.

Vale ressaltar que a Treasuries de 10 anos testou patamares acima de 2,5% mas, até o momento, falhou em romper este nível psicológico. Acredito que, mais cedo do que tarde, este nível deverá ser superado.

No Brasil, confesso que exceto pelo mercado de renda variável, fiquei de certa forma surpresa de como o mercado de juros e câmbio digeriram relativamente bem o noticiário do final de semana. Mesmo que minha visão sempre tenha sido mais construtiva com relação ao ambiente político, vendo obstáculos pontuais como ruídos passageiros, acreditava que o vazamento de parte da delação premiada da maior empreiteira do país, com citações explicitas ao atual presidente, pudesse vir a criar uma nova onda de volatilidade para os ativos locais.

A dinâmica de hoje reforça a visão de que o cenário externo tende a se sobrepor sobre questões locais. Em um dia de forte movimento de dólar fraco no mundo, o BRL acabou passando por cima dos ruídos locais. No mercado de juros, as novas sinalizações do BCB em direção a juros mais baixos, e taxas menores estruturalmente também estão ajudando a ancorar a parte curta da curva. O Ibovespa, contudo, continua sofrendo a pressão de um cenário de recuperação apenas gradual da economia.

O mercado local de juros já embute cortes superiores a 50bps nas próximas 2 reuniões do Copom. Eu entendo que o mercado deva operar com prêmios de quedas maiores no curto-prazo, diante de um cenário de crescimento pífio, inflação corrente baixa e expectativas de inflação em queda. Contudo, o cenário de maior probabilidade ainda parece ser de quedas de 50bps nas próximas reuniões. Assim, ainda vejo a parte intermediária da curva como o melhor vértice para se posicionar, já que ainda precificam prêmios de alta de juros para o ano de 2018.

De maneira geral, estou trabalhando com exposição a risco menores no curto-prazo. Acredito que os prêmios no geral estejam menores e o cenário, local e externo, estejam um pouco mais nebulosos no curto-prazo, o que demandam uma postura mais tática no momento.




Data: 12/12/2016

Petróleo ganha sustentação.

 

O destaque deste começo de semana ficou por conta do forte movimento de alta no preço do petróleo, após alguns países não membros da OPEP anunciarem que irão cortar sua produção, em parceria ao movimento que já havia sido anunciado pelo OPEP. Além disso, a Arábia Saudita anunciou que poderá intensificar o corte de sua produção visando preços mais elevados da commodity. 

 

Fora o forte movimento do petróleo, os ativos de risco apresentam movimentos mais moderados, com o tema do “Reflation” ainda dominando os fluxos. Os juros dos países desenvolvidos apresentam abertura de taxas, as bolsas operam relativamente estáveis, e o dólar apresenta leve queda, ajudado pelas moedas dos países produtores de petróleo e commodities, e por um bom desempenho das moedas emergentes. 

 

No Brasil, os jornais de hoje já especulam qual será a reação do governo e do congresso ao vazamento da delação premiada de um dos executivos da Odebrecht (comentada neste fórum ao longo do final de semana). 

 

Já se fala em pedido de cancelamento da delação, devido ao vazamento, e já que ela ainda não foi homologada pelo STF. Comenta-se em colocar novamente na pauta do congresso a lei de abuso de autoridade. O governo ventila acelerar um pacote “anti-crise”, visando desvirtuar as atenções e melhorar o humor da mídia e do mercado. O governo busca maior apoio do PSDB, afim de estreitar sua base e ganhar pilares de sustentação frente aos desafios políticos a frente. Entre outra série de medidas que deverão ser estudadas com o intuito de superar mais este enorme obstáculo político que se coloca a frente deste governo. 

 

Em entrevista ao O Globo, o presidente do BCB reforçou a mensagem que foi amplamente dada na Ata do Copom e em entrevistas ao longo do final da semana passada, ou seja, a janela para um processo de queda da taxa Selic mais acentuado e permanente está aberta.




Data: 12/12/2016

Brasil: Novas complicações para o cenário político.

 

O final de semana foi marcado por uma ampla cobertura da mídia ao vazamento do que seria um dos anexos da delação premiada da Odebrecht. Vale a pena ressaltar que o que está sendo reportado pelos veículos de comunicação seria apenas um dos cerca de 80 anexos, ou 80 capítulos, da delação premiada dos cerca de 80 executivos da empresa. 

 

Minha primeira impressão é que o que está sendo ventilado na mídia é mais grave do que se esperava. Não apenas o núcleo central do PMDB e, consequentemente, o entorno do atual governo está sendo acusado de manter relações suspeitas com a principal empreiteira do país, mas o nome do atual presidente foi citado diversas vezes, mas exatamente, segundo a mídia, cerca de 40 vezes, apenas neste anexo, de um dos executivos da empresa. Ainda virão à tona uma série de boatos, com novos episódios, e o risco de novas complicações para o atual governo. 

 

Ainda me parece cedo para traçar um cenário político mais claro para os próximos meses. Do lado positivo, precisamos manter o foco no encaminhamento do ajuste econômico. Enquanto este não for afetado, os riscos para a economia tendem a ser minorados. Além disso, o processo da delação premiada ainda será longo. O atual presidente não pode ser condenado por questões anteriores ao atual mandato. Finalmente, um ampla gama de partidos e políticos estão as voltas com o mesmo tipo de acusação, o que pode acabar tendendo a manutenção do equilíbrio político atual. 

 

Do lado negativo, contudo, a delação acontece em um momento já delicado politicamente e economicamente para o país. As acusações podem vir a tirar apoio do atual governo. O entorno do presidente sofrerá baixas importantes, tanto no tocante ao ministério, quanto na articulação política no Congresso. 

 

O Instituto Datafolha divulgou uma pesquisa, neste domingo, que mostra uma baixíssima popularidade do presidente e do atual governo, e uma ampla maioria da população favorável a novas eleições diretas. 

 

Do lado negativo, contudo, a delação acontece em um momento já delicado politicamente e economicamente para o país. As acusações podem vir a tirar apoio do atual governo. O entorno do presidente sofrerá baixas importantes, tanto no tocante ao ministério, quanto na articulação política no Congresso. 

 

O Instituto Datafolha divulgou uma pesquisa, neste domingo, que mostra uma baixíssima popularidade do presidente e do atual governo, e uma ampla maioria da população favorável a novas eleições diretas. 

 

Acredito que deveremos manter o cenário das últimas semanas, de baixa visibilidade política e elevada volatilidade dos mercados locais. Além do cenário local mais tumultuado, não podemos esquecer-nos do cenário cada vez mais claro de “reflation” no mundo desenvolvido, um ambiente longe do trivial para os ativos emergentes. 

 

Acredito que seja o momento de manter uma postura mais cautelosa. Ainda gosto do mercado local de juros, mas com 4 quedas de 50bps já precificadas nas próximas reuniões do Copom, devemos ter movimento menos acentuados de agora em diante, pelo menos no curto-prazo. Mantenho postura tática no mercado de BRL e Ibovespa. 

 

Os países não membros da OPEP anunciarão que também irão promover cortes em sua produção, ajudando a dar suporte ao preço do petróleo. 

 

Na Itália, o país migra para ter um novo governo.

 




Data: 12/12/2016

Brasil: Processo de desinflação confirmado. Delação da Odebrecht entra na pauta da mídia.

 

Na sexta-feira o dia foi de acomodação para os ativos do Brasil, mesmo após um baixo número de inflação (IPCA), e em um ambiente de nova rodada de “reflation” no mundo desenvolvido, com uma nova onda de abertura de taxas de juros nos EUA dando suporte ao dólar no mundo. 

 

Brasil – O IPCA de novembro ficou cerca de 10bps abaixo das expectativas, reforçando a mensagem de um processo de desinflação em curso. O número de ontem dá espaço para que o mercado continue trabalhando com uma aceleração para o processo de queda da taxa Selic, o que já está precificado na curva curta de juros, co cerca de 4 quedas de 50bps nas próximas reuniões do Copom. Há espaço para um otimismo maior, com os investidores apostando em cortes mais acentuados, ou um ciclo mais prolongado, mas os números de inflação precisarão continuar mostrando está dinâmica positiva (a coleta segue nesta direção). 

 

Segundo nossa área econômica: 

 

IPCA com qualitativo bom e bem abaixo do esperado. Estamos trabalhando com IPCA em 0,45% (revisado para baixo), mas o risco pela coleta é ficar em 0,40%;O IPCA de novembro veio abaixo da mínima para meses de novembro entre 2004 e 2015. Nos últimos três meses, o IPCA tem rodado igual ou abaixo da mínima. A inflação de serviços rodando entre a mínima e a mediana; Foi o 3º mês consecutivo de surpresa para baixo nas expectativas Focus formadas há 2 meses atrás;A inflação de serviços dessaz rodando em 6% na média móvel trimestral anualizada, enquanto o núcleo de serviços em 6,5%. O índice de difusão de serviços (dessaz) subiu para acima da média histórica, mas na média móvel trimestral o número permanece baixo; A porção de comercializáveis (ex-alimentos) rodando em patamares baixos após ajuste sazonal (1,5% anualizada); Qualitativo bom + maior hiato do PIB + risco para baixo em energia elétrica => viés para baixo na nossa projeção de 2017; 

 

No cenário político, os jornais de hoje começam a “vazar” a delação premiada da Odebrecht. Segundo a mídia, todo o núcleo central do PMBD, e do atual governo, inclusive o atual presidente, teriam recebido doações, ou teriam tido contato, com o “esquema de financiamento” envolvendo a empreiteira. 

 

As notícias de hoje são preocupantes, mas precisam ser analisadas com calma ao longo dos próximos dias. O processo de tramitação da delação premiada ainda será longo e, eventualmente, passará para o STF, onde, por diversas questões, as pautas tendem a demorar. Há um risco, que não consigo quantificar neste momento, de ruídos políticos adicionais, que venham a dificultar o avanço das reformas políticas no país. Contudo, por ora, temos que manter o foco na agenda do Congresso. Enquanto as medidas econômicas estiverem dentro do cronograma, acho que devemos manter uma visão cautelosamente construtiva em torno do avanço econômico local. 

 

As notícias de hoje se encaixam perfeitamente bem no cenário que descrevo neste fórum há algumas semanas: Gostaria de reforçar minha visão de que o processo de recuperação econômica do país será longo, tortuoso e não linear. Após vários anos de política econômica malsucedida, o país não será “consertado” em 6 meses. Ruídos políticos irão existir. Pressão sobre a equipe econômica e o banco central serão inevitáveis. Contudo, precisamos manter o foco no que realmente importa. Por ora, o ajuste fiscal caminha dentro do cronograma. A PEC do Teto dos Gastos caminha para um desfecho positivo no Senado. A Reforma da Previdência será encaminhada nos próximos dias. As expectativas de inflação de longo-prazo estão ancoradas no centro da meta de inflação. O governo evolui em temas microeconômicos em setores essenciais para o crescimento estrutural de longo-prazo. Assim, ainda dou o benefício da dúvida a este Governo, e vejo os “problemas” recentes como ruídos de curto-prazo.




Data: 09/12/2016

Reflation: China joined the party!

 

Os ativos de risco estão operando próximos a estabilidade, sem tendências definidas. O destaque da noite ficou por conta dos dados de inflação na China, que apenas reforçam a minha tese de que estamos no meio de um cenário, talvez pluri-anual, ou estrutural, de “reflação”/”reflation” no mundo. 

 

O CPI passou de 2,1% YoY para 2,3% YoY e o PPI subiu de 1,2% YoY para 3,3% YoY. A forte alta no preço de algumas commodities recentemente explica grande parte da aceleração do PPI, que passou meses em patamar negativo nas leituras YoY e, agora, apresenta uma recuperação rápida e acentuada. 

 

Os números de hoje não alteram de forma significativa o cenário de curto-prazo. Contudo, adicionam uma pitada de convicção na visão de que alguns ajustes de magnitude e instrumentos serão necessários na política monetária de algumas importantes economias do mundo. Já vimos este movimento nos EUA (alta de juros), Japão (steepening de curva) e, ontem, na Europa (extensão mais moderada do QE). Agora, com o cenário de crescimento mais saudável na China e uma inflação em alta, poderemos observar medidas de ajuste no país. 

 

Como cansei de escrever neste espaço, a velocidade de abertura das taxas de juros no mundo desenvolvido importam tanto quanto, ou até mais, do que a sua direção. Assim, continuo vendo um cenário de diferenciação entre classes de ativos e regiões, enquanto os movimentos nas taxas longas do mundo desenvolvido estiverem controlados, como vimos nas últimas semanas. Caso o movimento volte a uma dinâmica de aberturas rápidas e acentuadas, certamente vivenciaremos movimentos mais agudos de “risk-off”. 

 

No meu cenário base, passaremos por momentos de maior tranquilidade e racionalidade, como os últimos dias, pontuados por momentos de maios volatilidade e incerteza, como o período imediatamente posterior a vitória de Donald Trump. A única certeza é que o ambiente de juros excepcionalmente baixos ficou para traz, o que trará rodadas de maior volatilidade aos ativos de risco. 

 

Assim, repito o meu mantra dos últimos dias: Os números recentes de atividade econômica ao redor do mundo confirmam um cenário de leve aceleração da economia global no terceiro trimestre do ano e início do quarto trimestre de 2016. Assim, confirma-se um ambiente de um pouco mais de crescimento, perspectivas de um pouco mais de inflação (no mundo desenvolvido) e, provavelmente, uma política monetária que demanda ajustes, pontuais e localizados, em termos de instrumentos e magnitudes, como a continuidade do processo de alta de juros nos EUA, mas com uma postura ainda expansionista em regiões como a Europa e Ásia. 

 

Na minha visão, este cenário deverá continuar a favorecer movimentos de “reflation” nos mercados financeiros globais. Ajustado pela boa sazonalidade dos ativos de risco no final do ano, e uma posição técnica relativamente saudável, poderá ter um bom desempenho, no geral, dos ativos de risco (commodities em alta, desempenho saudável dos ativos de EM, bolsas bem suportadas, abertura de taxas de juros no mundo desenvolvido e etc). Ainda vejo um cenário de alta estrutural do dólar e das taxas de juros nos EUA (e, talvez, no resto do mundo desenvolvido).




Data: 09/12/2016

Reflation, back in focus.

 

O destaque do dia ficou por conta da decisão do ECB, na Europa. Ao contrário das expectativas, o Banco anunciou uma extensão do QE, mas reduzindo seu montante de EUR$80 para EUR$60bi por mês.

 

Além disso, promoveu algumas alterações técnicas que irão permitir esta extensão das compras de bonds (Two main changes will ensure that the purchases continue at least until end-2017: i) the minimum maturity for eligible securities will be decreased from two years to one; and ii) purchases of assets yielding below the deposit rate will be permitted, to the extent that they become necessary. From MS). O mercado esperava uma extensão, mas mantendo o mesmo montante de EUR$80bi mensais. Mario Draghi, presidente do ECB, procurou manter uma sinalização dovish. Além disso, as alterações técnicas promovidas pelo ECB deverão ajudar a promover um movimento de steepening da curva de juros na Europa, aos moldes daquela promovida pelo BoJ há alguns meses atrás. O impacto imediato é uma pressão baixista para o EUR e uma pressão para taxas de juros mais elevadas no mundo desenvolvido como um todo. 

 

A decisão de hoje reforça o cenário de “reflation” da economia global que temos discutido neste fórum e, consequentemente, uma resposta dos ativos de risco nesta direção (vide textos anteriores). 

 

No Brasil, o dia foi de maior tranquilidade política, o que favoreceu mais uma rodada de fechamento de taxas de juros, com um movimento de flattening da curva. Acredito que o movimento faça sentido, já que a curva curta precifica um ciclo de cerca de 4 quedas de 50bps nas próximas 4 reuniões do Copom. Ainda estou construtivo com a curva local de juros, porém mais centrado na parte intermediária da curva nominal nos atuais níveis. Amanhã teremos a divulgação do IPCA de novembro, que poderá (ou não) adicionar mais uma pitada de otimismo nesta classe de ativo. 

 

O BRL apresentou um dia positivo, reduzindo o prêmio de risco embuti nos últimos dias com a instabilidade política gerada pelos eventos no Senado. Mantenho uma visão mais tática na moeda, devido a minha visão estrutural de dólar mais forte no mundo. 

 

O dia foi de correção no mercado de renda variável. Vejo o movimento como uma realização de lucros. Acredito que a piora recente nas perspectivas de crescimento esteja impedindo um desempenho mais positivo da bolsa local. Acredito que o eventual ciclo de queda de juros possa vir a dar suporte aos setores que mais vem sofrendo essa pressão nas últimas semanas. 

 

No mercado externo, voltamos a adicionar, com parcimônia, posições compradas em dólar e tomada nos juros dos EUA.




Data: 08/12/2016

Year End Rally? / Brasil: Reformas de volta ao calendário original.

 

Os ativos de risco estão operando próximos a estabilidade, sem tendências definidas. Reforço o comentário que fiz neste fórum há alguns dias atrás: 

 

Os números recentes de atividade econômica ao redor do mundo confirmam um cenário de leve aceleração da economia global no terceiro trimestre do ano e início do quarto trimestre de 2016. Assim, confirma-se um ambiente de um pouco mais de crescimento, perspectivas de um pouco mais de inflação (no mundo desenvolvido) e, provavelmente, uma política monetária que demanda ajustes, pontuais e localizados, em termos de instrumentos e magnitudes, como a continuidade do processo de alta de juros nos EUA, mas com uma postura ainda expansionista em regiões como a Europa e Ásia. 

 

Na minha visão, este cenário deverá continuar a favorecer movimentos de “reflation” nos mercados financeiros globais. Ajustado pela boa sazonalidade dos ativos de risco no final do ano, e uma posição técnica relativamente saudável, poderá ter um bom desempenho, no geral, dos ativos de risco (commodities em alta, desempenho saudável dos ativos de EM, bolsas bem suportadas, abertura de taxas de juros no mundo desenvolvido e etc). 

 

Brasil – O plenário do STF reconduziu Renan Calheiros a presidência do Senado. Assim, pauta de votações está mantida, reduzindo-se consideravelmente o risco de atraso na aprovação do pacote de ajuste fiscal. Este não foi o primeiro ruído, ou o primeiro obstáculo político para o cenário local desde que este governo tomou posse, e muito menos será o último. Como escreve neste fórum diversas vezes, este mandato presidencial será pautado por incertezas, ruídos e volatilidade, devido a maneira com que o atual presidente foi conduzido ao cargo. Além disso, o Congresso está acuado devido ao avanço da Operação Lava-Jato. De qualquer maneira, eu vejo o país em um processo longo, não linear e tortuoso, porém saudável e positivo, de ajuste econômico. 

 

O relator da Reforma da Previdência na CCJ deu parecer favorável ao texto em menos de 24 horas. A Reforma caminha de forma fluida. Acredito que será um debate um pouco mais longo, e de negociações um pouco mais complicadas do que a PEC do Teto dos Gastos. Contudo, acredito que o texto será aprovado, com algumas alterações, após negociações junto à sociedade, mas tudo dentro da normalidade do processo democrático. Segundo a Folha:

 

"A CCJ é o primeiro passo da tramitação da reforma na Câmara e, na teoria, trata apenas de questões jurídicas, não do mérito da proposta. A função da comissão é analisar se a proposta está em consonância com a Constituição e com as demais boas práticas jurídicas e legislativas. Moreira afirmou que seu parecer é pela "admissibilidade" da proposta e que não se preocupa com críticas sobre a rapidez de sua análise. "A avaliação aqui é só da admissibilidade, não conclui nada, não é definitivo em nada." A expectativa de governistas é aprovar a reforma na CCJ até a próxima semana. O próximo passo é a instalação de uma comissão especial, essa sim responsável pela análise do mérito da proposta. Essa comissão tem prazo de funcionamento de 11 a 40 sessões. O objetivo do governo é aprovar a proposta na comissão em abril."

 

China – Os dados de importação e exportação de novembro apresentaram recuperação acima das expectativas, confirmando um cenário de melhora nas perspectivas de crescimento do país, e do mundo, no curto-prazo (vide início deste comentário). As exportações saíram de -7,5% YoY para 0,1% YoY e as importações subiram de -1,4% YoY para 6,7% YoY. Segundo a Goldman Sachs: 

 

"The strength in November exports data can be partially explained by the following factors: 

 

1. Most importantly, external demand conditions have been favorable. The latest reading of our GS Global Leading Indicator showed the strongest sequential growth since December 2010. In general, global PMIs in both DM and EM have been improving and regional trade data have been on the upswing as well (though not uniformly so). November export data from other regional economies such as Korea and Taiwan were mixed (Korea quite strong, Taiwan slightly softer) though they have shown clear improvement on net over the past few months. 

 

2. Working day effects may have played a small role but the difference of one working day vs. Nov 2015 is small, especially for exports which can be cleared by Customs every single day of the year. 

 

3. RMB depreciation was likely a less important factor. Most of the effective exchange depreciation occurred in 1H 2016 when the USD TWI was weak. As the lag between changes in FX rate and impacts on trade is typically short, this boost likely didn't contribute to the rebound in November exports growth. In more recent times, although the RMB went down against the USD, its TWI index did not. After adjusting for the rise in tradable prices, it probably rose modestly in real terms, which is likely to put some pressures on exports growth at the start of next year.




Data: 08/12/2016

Brasil: Incerteza político vs avanço da Reforma da Previdência.

 

Na ausência de novidades relevantes ao cenário, os ativos de risco operam próximos a estabilidade esta manhã. Destaque apenas para a queda do AUD, após a divulgação de um PIB abaixo do esperado na Austrália (queda de 0,5% QoQ contra expectativas de queda de 0,3% QoQ). A queda do PIB foi superior ao que era esperado pelo RBA, o banco central do país, e foi bastante disseminada. Segundo a Goldman Sachs:

 

"Australian GDP surprised by declining -0.47%qoq in the September quarter, compared to a consensus forecast of -0.1%qoq and Goldman Sachs forecast of -0.3%qoq. The annual rate for economic growth slowed from 3.1%yoy in the June quarter to 1.8%yoy in the September quarter. The decline was relatively broad based with subdued private consumption (+0.4%qoq), declining dwelling investment (-1.4%qoq), falling business investment (-3.2%qoq ex transfers), contracting government demand (-2.2%qoq) and net exports subtracting from growth in the quarter (-20ppts). The broad based nature of the contraction hints that external influences were at play and we have been highlighting the influence of an unseasonally wet and warm weather pattern on construction activity and retail sales in the quarter and a spike in policy uncertainty that was associated with the Federal election. Whilst this is the first quarterly contraction since the Queensland floods of 1Q2011 and cautions against complacency, it is more likely an aberration than a start of a new trend. The good news is that economies tend to normalise relatively quickly off weather and political shocks and we already see some evidence of this in the most recent improvements in the high frequency economic data such as retail sales, job ads and the PMI data."

 

No Brasil, a situação política com o afastamento de Renan Calheiros da presidência do Senado segue indefinida. O plenário do STF irá se reunir hoje para definir a situação, mas tudo indica que deverá manter a decisão de Marco Aurélio de Mello. Os jornais de hoje especulam que o vice presidente do Senado, Jorge Vianna, do PT, poderia vir a renunciar ao cargo, deixando a presidência da casa para Romero Jucá, importante aliado de Temer no Congresso. Mesmo que a renuncia não ocorra, não se sabe que postura Jorge Vianna tomaria em relação à agenda do Congresso. Sabemos, no entanto que, na piora das hipóteses, Vianna assume, não pauta mais nenhum tema importante este ano, mas novas eleições ocorrem no início do ano que vem, em torno de fevereiro. A pauta do Senado ficaria atrasada, com uma lacuna e um vácuo de poder, mas o ajuste econômico não estaria totalmente comprometido, apenas atrasado.

 

Enquanto o Senado vive seu momento de incerteza, o Governo apresentou a sociedade e as centrais sindicais um projeto amplo de Reforma da Previdência. Já está em andamento uma campanha de marketing que busca educar a população em torno do tema. Acredito que o debate será relativamente longo e tortuoso. Vários temas terão que ser negociados, revistos e, eventualmente, alterados na proposta original. Contudo, vejo isso como um processo natural e esperado dentro do jogo democrático. O governo continua no caminho certo, a despeito de obstáculos pontuais.

 

A Ata do Copom divulgada ontem apenas reforçou minha visão construtiva com o cenário para a curva de juros, ou seja, minha principal tese de investimentos de juros mais baixos no Brasil. Vejo a parte intermediária da curva nominal como o melhor ponto da curva para se posicionar. As inflações implícitas estão elevadas, na minha visão, o que pode favorecer a curva nominal em detrimento a curva real. A parte curtíssima da curva já embute um ciclo total de cortes em torno de 300bps a 350bps. Os vértices mais longos ficam susceptíveis as curvas de juros externas, e aos ruídos políticos e fiscais. Assim, resta a parte intermediária da curva nominal, onde ainda existem prêmios de risco que julgo serem exagerados. 




Data: 08/12/2016

Brasil: Nova incerteza política.

 

O Ministro do STF Marco Aurélio Mello, concedeu liminar em que afasta Renan Calheiros da presidência do Senado. A decisão pode vir a ser revertida pelo plenário do STF. Renan, por sua vez, entrará com recurso contra a decisão. Contudo, uma reversão desta decisão poderá levar algum tempo e, olhando de hoje, parece que dificilmente será revertida, dada a situação de Renan perante ao STF. 

 

O vice-presidente do Senado é integrante do PT, e sofrerá pressão, de um lado, de seu partido, para rever a pauta de votação até o recesso parlamentar e, de outro lado, da base governista, para manter a agenda que já havia sido acordada junta aos lideres partidários. Ainda há 10 sessões parlamentares até o recesso. O mandato de Renan duraria até fevereiro de 2017, onde novas eleições seriam, de qualquer maneira, realizadas. 

 

É inegável que a decisão do STF seja negativa para o curto-prazo, por trazer incerteza a um quadro político já delicado e, possivelmente, atrasar a pauta de votação do Senado. Em especial, o segundo turno da PEC do Teto dos Gastos pode vir a não ser aprovado no curto-prazo. Além disso, a Reforma da Previdência poderá ficar em segundo plano. 

 

Se a saída de Renan for confirmada, é provável que novas eleições para presidente do Senado sejam convocadas, e um aliado do governo seja eleito, o que colocaria a agenda de votações e reformas de volta aos trilhos. Contudo, a incerteza inicial pode vir a pesar sobre um humor já ruim em torno do quadro político local. 

 

Na noite de ontem, e linha com a nova política de preços visando a paridade internacional, a Petrobras anunciou um aumento da gasolina e do diesel, na ordem de 8%-9%. 

 

Hoje pela manhã, o BCB divulgará a Ata da reunião do Copom, que deverá ficar em segundo plano após os últimos acontecimentos políticos no país.




Data: 08/12/2016

Update.

 

Mesmo com a divulgação de um robusto ISM Non-Manufacturing nos EUA, saindo de 54,8 para 57,2 pontos, acima das expectativas do mercado (55,5) o dia foi de enfraquecimento de dólar no mundo, ajudado por um leve fechamento de taxas de juros nos EUA. O movimento dos últimos dias me parece um movimento clássico de acomodação/realização de lucros. Ainda vejo um cenário claro de fortalecimento do dólar, ajudado por uma abertura de taxas de juros, mas acredito que o técnico possa ter ficado um pouco prejudicado desde a vitória de Trump. 

 

Assim, reforço o que disse na semana passada, ou seja, passado o período de acomodação, ainda vejo uma trajetória de dólar mais alto no mundo, sustentado por taxas de juros mais elevadas nos EUA. No final da semana passada, afirmei que: Alterei um pouco minha visão de alocação de curto-prazo. Ainda gosto estruturalmente de posições no mercado local de juros. Neste momento, estamos concentrados na parte curta e intermediária da curva nominal de juros. Achamos a inflação implícita justa nos atuais níveis, o que nos distancia das NTNBs. Estamos mais neutros no mercado de câmbio, com visão de comprar dólar no mundo caso o mercado apresente alguma realização. O mesmo vale para o mercado de juros nos EUA. Já vemos valor em alguns setores da bolsa brasileira. 

 

O dia foi de bom desempenho para o mercado local de juros e para o BRL. No mercado de juros, a posição técnica ainda parece estar sendo um componente importante para o desempenho de curto-prazo do mercado. Após o movimento de “stop” pós Copom, o mercado parece ter entendido que o BCB está no meio de um processo em que a aceleração do ciclo de queda da taxa Selic deve ser o cenário central para a próxima reunião da autoridade monetária, o que acabou ajudando um fechamento linear das taxas locais de juros. O BRL acabou sendo favorecido pelo cenário externo, e pela redução do ruído político local. 

 

O mercado de renda variável apresentou um dia de realização de lucros. Eu já começo a ver valor em alguns setores da bolsa local. 

 

Gostaria de reforçar minha visão de que o processo de recuperação econômica do país será longo, tortuoso e não linear. Após vários anos de política econômica malsucedida, o país não será “consertado” em 6 meses. Ruídos políticos irão existir. Pressão sobre a equipe econômica e o banco central serão inevitáveis. Contudo, precisamos manter o foco no que realmente importa. Por ora, o ajuste fiscal caminha dentro do cronograma. A PEC do Teto dos Gastos caminha para um desfecho positivo no Senado. A Reforma da Previdência será encaminhada nos próximos dias. As expectativas de inflação de longo-prazo estão ancoradas no centro da meta de inflação. O governo evolui em temas microeconômicos em setores essenciais para o crescimento estrutural de longo-prazo. Assim, ainda dou o benefício da dúvida a este Governo, e vejo os “problemas” recentes como ruídos de curto-prazo.




Data: 02/12/2016

Brazil: Perfect Storm? [updated]

 

Os ativos de risco estão operando próximos a estabilidade, a espera dos dados de emprego de novembro nos EUA, agendados para serem divulgados hoje, as 11h30. 

 

No Brasil, os jornais de hoje estão apontando para uma tentativa de reação do governo a “crise política” em curso. Segundo a mídia, o governo pretende acelerar as reformas econômicas, e buscar diálogo com sua base aliada, em especial, o PSDB. Acho que esta é uma postura acertada, mas, talvez, dado o humor do mercado financeiro e da sociedade, não seja suficiente para debelar, de uma vez por todas, os ruídos do curto-prazo. 

 

A situação de Meirelles começa a parecer mais frágil diante do baixo crescimento do país. Acredito que muito disto, contudo, seja exagero da mídia, querendo maximizar um obstáculo pontual e transforma-lo em uma crise política de dimensões gigantescas, assim como ocorreu com o episódio da obra na Bahia a duas semanas atrás. Não quero minimizar o problema do baixo crescimento, mas acho que a mídia costuma exacerbar questões que deveriam ser tratadas com mais celeridade. 

 

Ainda não há indicações de como o governo irá lidar com as tratativas do Congresso em aprovar medidas que visam atenuar eventuais investigações e/ou crimes cometidos pela classe política. Este é um assunto que incomoda, em muito, a sociedade, e começou a tirar a paciência dos mercados financeiros locais nos últimos dias. Ainda acredito que, no final das contas, Temer irá tomar as decisões corretas como, por exemplo, vetar medidas nesta direção mas, sem dúvida, pode vir a criar desgaste junto a sua base e/ou perante a sociedade. Isso, no curto-prazo, está incomodando um mercado cada vez mais sensível a temas políticos em meio a um cenário de crescimento pífio e necessidade de aceleração das reformar econômicas. 

 

Por ora, tenho que dar o benefício da dúvida ao governo, já que o ajuste fiscal ainda caminha dentro do cronograma, com a aprovação da PEC do Teto do Gasto e a sinalização de que a Reforma da Previdência será encaminhada em breve as centrais sindicais e ao congresso. Imagino que este debate será muito mais longo, tortuoso e de difícil negociação, mas fundamental para o avanço estrutural do país.




Data: 30/11/2016

Update.

 

O destaque do dia ficou por conta do anuncio de um acordo para o corte de produção de petróleo por parte da OPEP, evento cuja a probabilidade havia se reduzido nos últimos dias. O petróleo sobe em torno de 9% hoje. Acho que não podemos descartar a continuidade deste movimento. Níveis em torno de US$55 a US$60 podem ser atingidos nos próximos meses. 

 

Com a alta no preço do petróleo, e dados sólidos de atividade econômica nos EUA, tivemos mais um dia de abertura de taxas de juros nos EUA dando suporte a um movimento de dólar forte no mundo, em especial contra G10. O que chamou a atenção hoje foi o movimento de diferenciação efetuado pelos mercados de LatAm, em parte ajudados pela alta no preço do petróleo. 

 

Mantenho minha visão já descrita neste fórum por diversas vezes de que há espaço para diferenciação entre classes de ativos, países e regiões no desempenho dos mercados. Contudo, mesmo com uma posição técnica aparentemente “esticada”, o mercado de juros nos EUA não consegue apresentar movimentos relevantes de fechamento de taxas, e nem mesmo o dólar consegue apresentar rodadas mais sustentáveis de queda. Assim, movimentos adicionais, rápidos e acentuados, de abertura de taxas de juros nos EUA ainda são um risco para os ativos de risco. Continuo vendo uma tendência estrutural de fortalecimento do dólar no mundo, sustentando por uma abertura gradual de taxas de juros nos EUA. 

 

No Brasil, o PIB ficou praticamente em linha com as expectativas do mercado. As revisões anuais mostraram uma base maior do que o anteriormente imaginado, mas sem alterar de forma relevante o quadro pífio de crescimento do país. Após a divulgação do número, houve uma onda de revisões baixistas para o PIB de 2017, o que já vinha sendo refletido na pesquisa Focus. 

 

Mantemos uma visão bastante cauteloso em torno da recuperação da economia. Como muito bem descreveu nossa área econômica hoje, embora tenha vindo melhor que o esperado, tem-se um quadro de investimentos caindo fortemente (-3,1%t/t dessaz), enquanto o consumo das famílias encolheu -0,6% t/t dessaz. Além disso, não vemos drivers de crescimento para os próximos trimestres. No lado do consumo, a continuidade da deterioração do mercado de trabalho (e o consequente encolhimento da massa salarial real) deve continuar sendo drag. No lado dos investimentos, os atuais níveis de confiança dos empresários são condizentes com fracas taxas de crescimento ano/ano. Além disso, os atuais níveis de incerteza, endividamento e os elevados juros bancários atrapalharão a dinâmica de crescimento nos próximos meses. 

 

A visão em relação ao mercado segue inalterada, apenas com ajustes pontuais de magnitude e instrumentos em cada classe de ativo. 

 

Continuo gostando estruturalmente de posições aplicadas em juros no Brasil, mas promovemos algumas alterações no portfólio nos últimos dias. Já não temos mais posições em NTNB, devido ao cenário mais benigno para a inflação de curto-prazo, e uma inflação implícita que se elevou consideravelmente nas últimas semanas. Além disso, para tentar nos distanciar do “game” do próximo Copom, alongamos um pouco a posição aplicada em juros nominais. Acredito que posições em BRL devem ser relativas a outras moedas, e mais táticas do que estruturais. Estamos taticamente comprados em BRL. Ainda gostamos de posições compradas em dólar contra G10 e continuamos esperando um momento mais oportuno para alocar risco na direção de taxas de juros mais elevadas nos EUA (o que tem se mostrado uma decisão errada).




Data: 30/11/2016

Update.

 

Os ativos de risco tiveram performance mista nesta terça-feira. Destaque para a queda no preço do petróleo, ainda seguindo os ruídos em torno da reunião da OPEP. As bolsas dos países desenvolvidos apresentaram desempenho positivo. 

 

No Brasil, o dia foi de bom desempenho do mercado local de juros, seguindo números animadores na coleta diária de preços. O mercado local de renda variável passou o dia pressionado pela queda do setor de commodities. 

 

Os dados de emprego outubro mostraram a manutenção de uma tendência de deterioração do mercado de trabalho, com alta na taxa de desemprego dessazonalizada e claros sinais de pressão no rendimento médio real. Ainda não há nenhuma evidência de estabilização, quiçá recuperação do mercado de trabalho. Mantenho uma visão de que a deterioração do mercado de trabalho ainda deverá durar, pelo menos, 6 meses, o que deverá favorecer o recuo da inflação nos próximos meses, especialmente daqueles setores mais dependentes da renda. 

 

A votação da PEC do Teto de Gastos está agenda para esta noite, sem alteração no calendário original. Já se espera o encaminhamento da Reforma da Previdência para os próximos dias. 

 

Nos EUA o PIB do 3Q foi revisado de 2,9% para 3,2%, acima das expectativas do mercado (3%). O Consumer Confidence subiu de 100,8 para 107,1 pontos, muito acima das expectativas de 101,5 pontos. A abertura também foi qualitativamente positiva, com melhora nos indicadores de emprego. A recuperação dos indicadores de confiança se deve as expectativas de uma política econômica voltada para menos impostos e estímulos ao crescimento sinalizada por Donald Trump. 

 

Continuo com visão positiva com o cenário para Brasil, mas ainda cautelosa com o cenário externo. Acredito que o processo de recuperação econômica do país será lento, tortuoso e pontuado por “crises” e/ou “ruídos” temporários. No cenário externo, passado o ímpeto inicial da vitória de Trump, o mercado volta suas atenções para o Referendo na Itália. 

 

Minha visão em relação aos ativos de risco segue inalterada. Em suma, continuo gostando estruturalmente de posições aplicadas em juros no Brasil, mas promovemos algumas alterações no portfólio nos últimos dias. Já não temos mais posições em NTNB, devido ao cenário mais benigno para a inflação de curto-prazo, e uma inflação implícita que se elevou consideravelmente nas últimas semanas. Além disso, para tentar nos distanciar do “game” do próximo Copom, alongamos um pouco a posição aplicada em juros nominais. Acredito que posições em BRL devem ser relativas a outras moedas, e mais táticas do que estruturais. Estamos taticamente comprados em BRL. Ainda gostamos de posições compradas em dólar contra G10 e continuamos esperando um momento mais oportuno para alocar risco na direção de taxas de juros mais elevadas nos EUA.




Data: 29/11/2016

Mercados Estáveis.

 

Os ativos de risco estão abrindo a terça-feira sem tendências definidas, na ausência de notícias relevantes. 

 

O Petróleo opera em queda, com sinais de que não deverá haver um acordo entre os membros da OPEP para um corte de produção está semana. 

 

No Brasil, os jornais estão relatando que o governo irá apresentar a Reforma da Previdência ao Congresso e a sociedade ainda esta semana. Espero um processo um pouco mais longo e tortuoso para aprovação do que está sendo a PEC do Teto do Gastos, mas o governo está conseguindo cumprir um cronograma considerado apertado no tocante as reformas econômicas. Assim, mantenho otimismo com uma potencial aprovação até o final do primeiro semestre de 2017. 

 

A Vale anunciou um pagamento de dividendos de cerca de US$250mm, de certa forma inesperado, mas em linha com a recente recuperação do Minério de Ferro. Segundo analistas de sell-side, o dividendo não deverá atrapalhar o plano de desinvestimento da companhia.




Data: 29/11/2016

Brasil: Cenário construtivo.

 

A segunda-feira foi de bom desempenho dos ativos locais, ajudados por: 

 

-Boa reação do governo (na minha visão) a denominada “crise política” criada na semana passada (tema amplamente discutido ao longo do final de semana neste fórum); 

 

-Sinalização por parte do Congresso de que o cronograma do ajuste fiscal está mantido, com a votação em primeiro turno da PEC do Teto dos Gastos agendado para amanhã no Senado. O Governo também sinalizou que a Reforma da Previdência deverá ser encaminhada nos próximos dias; 

 

- Posição técnica mais saudável; 

 

- Uma consolidação do cenário externo, com dólar fraco no mundo, fechamento de taxas de juros e bom desempenho das commodities, todos vetores favoráveis ao Brasil. 

 

Minha visão continua positiva com o cenário para Brasil, mas ainda cautelosa com o cenário externo. Acredito que o processo de recuperação econômica do país será lento, tortuoso e pontuado por “crises” e/ou “ruídos” temporários. 

 

No cenário externo, passado o ímpeto inicial da vitória de Trump, o mercado volta suas atenções para o Referendo na Itália. Hoje, os bancos locais apresentaram acentuadas quedas. 

 

Minha visão em relação aos ativos de risco segue inalterada. Em suma, continuo gostando estruturalmente de posições aplicadas em juros no Brasil, mas promovemos algumas alterações no portfólio nos últimos dias. Já não temos mais posições em NTNB, devido ao cenário mais benigno para a inflação de curto-prazo, e uma inflação implícita que se elevou consideravelmente nas últimas semanas. Além disso, para tentar nos distanciar do “game” do próximo Copom, alongamos um pouco a posição aplica em juros nominais, assim como reduzimos as posições em opções para um corte de 50bps esta semana. 

 

Acredito que posições em BRL devem ser relativas a outras moedas, e mais táticas do que estruturais. Estamos taticamente comprados em BRL.

 

Ainda gostamos de posições compradas em dólar contra G10 e continuamos esperando um momento mais oportuno para alocar risco na direção de taxas de juros mais elevadas nos EUA.




Data: 28/11/2016

Realização de Lucros.

 

Os ativos de risco estão, neste momento, apresentando movimentos de consolidação/realização de lucros das principais tendências que imperaram nas últimas duas semanas. O dólar mostra enfraquecimento, suportando por um fechamento de taxa de juros nos EUA. As bolsas globais apresentam leve queda, com as commodities sem uma tendência bem definida. O petróleo segue sua trajetória de enfraquecimento, com as esperanças em torno de um corte de produção por parte da OPEP cada vez menores, e uma posição especulativa ainda bastante comprada nesta commodity.

 



Data: 28/11/2016

Brasil: Transformando uma crise política em oportunidade de afirmação.

 

Os jornais deste domingo estão confirmando que haverá uma ação conjunta entre Temer, Maia e Renan com intuito de acalmar o mercado em relação a possível “anistia ao caixa 2” ou, em outras palavras, devem sinalizar que irão trabalhar para que o projeto não vá para a frente. 

 

Há ainda matérias que falam em medidas para estimular o crescimento, não nos moldes adotados pelos antigos governos, e comprovadamente mal sucedidos, mas medidas que visem dar alguma sustentação à economia. O governo acredita que um corte de 50bps na taxa Selic seria importante, mas não vê espaço para esta medida na reunião do Copom desta semana, segundo o artigo da Folha.

 

Os jornais estão reportando que o ex-Ministro da Cultura teria, sim, gravado conversas com o presidente e outros ministros, mas sem comprovação e/ou teor das gravações. 

 

Vale lembrar que o Congresso, no final da semana passada, reforçou a mensagem de que a votação do Teto dos Gastos deverá ocorrer ainda esta semana, em primeiro turno, no Senado. 

 

Os eventos da semana passada foram sem dúvidas negativos para a imagem do governo Temer, mas me parece que caminham para uma solução. Ainda acredito que o episódio envolvendo os dois ministros tomou uma proporção exagerada, primeiro devido a demora de reação de Temer e, segundo, pelo sensacionalismo da mídia. As ações recentes do governo parecem dirimir um pouco o mal estar causado pelo episódio. 

 

De maneira geral, exceto por este ruído pontual, acredito que não tenha havido mudanças substanciais de cenário local nos últimos dias. Minha visão será alterada caso a agenda do Congresso sofra alterações, ou o ruído da semana passada ganhe novas dimensões, o que não é meu cenário central. 

 

Volta a afirmar que ruídos envolvendo a classe política existem, sempre existiram, e irão continuar nos atormentando ao longo de todo este governo, especialmente enquanto a Operação Lava-Jato estiver operante. Só precisamos estar atentos ao que realmente irá alterar a dinâmica das reformas, e o que é apenas um ruído pontual. 

 

Eu percebo que houve uma mudança substancial de humor entre os investidores locais, com muitos se tornando mais negativos com o cenário político e com o cenário econômico, devido às perspectivas mais negativas de crescimento. Eu divido está angústia, pois não podemos ignorar os últimos acontecimentos. Contudo, vejo está mudança de humor como um pouco exagerada, e o que pode ter ajudado a melhorar a posição técnica dos ativos locais. Além disso, acredito que o investidor estrangeiro é um pouco mais pragmático, e está com os olhos voltados para a aprovação das reformas econômicas, e menos focados em ruídos aparentemente pontuais. Enquanto a agenda for mantida, acredito que deverá haver espaço para investimentos no país.




Data: 22/11/2016

No News is good news!

 

Os ativos de risco estão mantendo o viés positivo verificado desde o final da semana passada. Vemos sinais crescentes de estabilização da posição técnica e do humor global a risco após o “Trump Tantrum”. A noite foi de poucas novidades, exceto por um terremoto e um alerta de tsunami nas proximidades de Tóquio, no Japão, mas sem repercussões para os mercados financeiros globais. 

 

No Brasil, o BCB divulgou uma nota comunicando que irá adotar um período de silencio que irá cobrir entre 1 semana antes da reunião do Copom, até a divulgação da Ata da reunião. O silencio só poderá ser quebrado pelo presidente da instituição, em casos específicos, e de forma que sua comunicação seja divulgada com intuito de atingir todo o mercado.

 

Fora isso, a crise fiscal dos estados, os sinais preocupantes de crescimento, e alguns problemas políticos, continuam dominando as manchetes dos jornais, mas, aparentemente, sem efeitos secundários sobre os ativos de risco locais. O cenário externo parece estar dominando a dinâmica dos ativos brasileiros neste momento.




Data: 22/11/2016

Brasil: Risk-On! Técnico mais leve.

 

A dinâmica dos ativos de risco está confirmando a minha tese de que o quadro técnico parece estar mais ajustado para o “novo cenário” trazido por Donald Trump, após cerca de duas semanas de ajuste de posições. Além disso, a estabilização das taxas das Treasuries parece estar ajudando a dar um alívio, mesmo que temporário, ao humor global a risco. 

 

Mantenho minha visão de que há espaço para diferenciação entre classes de ativos, países e regiões no desempenho dos mercados. Contudo, mesmo com uma posição técnica aparentemente “esticada”, o mercado de juros nos EUA não consegue apresentar movimentos relevantes de fechamento de taxas. Rodadas adicionais, rápidas e acentuadas, de abertura de taxas de juros nos EUA ainda são um risco para os ativos de risco. 

 

Ainda vejo uma tendência estrutural de fortalecimento do dólar no mundo, sustentando por uma abertura gradual de taxas de juros nos EUA. Vale ressaltar que nos últimos dias, vimos o BoJ atuar na direção de brecar a abertura de taxa dos JGBs, enquanto o ECB manteve um discurso em tom de manutenção de uma política monetária expansionista, o que ajuda a dar ímpeto ao movimento de sustentação do dólar, especialmente contra moedas de G10. 

 

No Brasil, a atuação do BCB e do Tesouro foram sem dúvida determinantes para a estabilização dos ativos locais, mas a melhora da posição técnica também ajudou a estabilizar os preços locais, após um período de elevada volatilidade e movimentos claros de “stops”. 

 

Mantenho visão otimista com a parte curta e intermediária da curva local de juros. Vejo um cenário claro para o BCB acelerar o ciclo de corte de juros, senão na reunião do Copom de novembro, na primeira reunião de 2017. A curva hoje precifica cortes de 30+35+40+45bps nas próximas 4 reuniões do Copom, mas com algum prêmio de risco de altas de juros já em 2018, cenário que eu ainda vejo como sendo de “cauda” e não o “cenário base”. 

 

O risco político no Brasil ainda existe, mas só se tornará relevante se começar a colocar em dúvida o ajuste fiscal proposto pelo Governo. Neste momento, os obstáculos existentes tem sido administrado de maneira fluida por Temer e sua equipe. O risco do avanço da Operação Lava-Jato existirá enquanto a Operação estiver ativa. 

 

Em suma, continuo gostando estruturalmente de posições aplicadas em juros no Brasil (nominal e real). Gosto da assimetria das IDIs para um corte de juros de 50bps no próximo Copom. Acredito que posições em BRL devem ser relativas a outras moedas, e mais táticas do que estruturais. Não tenho visão direcional na bolsa local. Ainda gosto de posições compradas em dólar contra G10 e continuo esperando um momento mais oportuno para alocar risco na direção de taxas de juros mais elevadas nos EUA. 

 

Após um período de elevada volatilidade, aproveitei o dia para reduzir um pouco os riscos da carteira em temas que foram bem sucedidos no curto-prazo (Juros Brasil e Long USD), mas estou mantendo uma posição estrutural relevante e uma visão de elevar alocação nestas mesmas direções em períodos de piora do mercado onde eu julgue serem apenas realizações de lucros.




Data: 17/11/2016

Posição técnica parece estar mais construtiva.

 

O dia foi de acomodação e flattening da curva de juros nos EUA, com movimentos mistos no dólar ao redor do mundo e queda nas bolsas e nas commodities. 

 

Brasil – A pesquisa mensal de serviços ficou abaixo do esperado, reforçando nossa visão de que o PIB deste final de ano e de 2017 ainda aponta na direção de uma recuperação extremamente gradual, com riscos para baixo. Mantemos nossa expectativa de PIB em torno de 0,7% em 2017. Não vemos, neste momento, nenhum pilar muito claro para uma aceleração da atividade econômica local. Segundo nossa área econômica: 

 

>> O segmento de serviços veio aquém do esperado (-4,9%a/a vs. BBG: -4,6%a/a), reforçando uma queda do PIB no terceiro trimestre ao redor de 1% (após ajuste sazonal), pior do que foi no segundo trimestre (-0,6% t/t dessaz); Na média móvel trimestral, o segmento de serviços contraiu 4,2%!; A componente atual da confiança de serviços sugere a continuidade da fraqueza no setor de serviços, assim como o mercado de trabalho indica. 

 

As coletas de inflação continuam mostrando um quadro de arrefecimento de preços. Na mesma linha, os índices contemporâneos para o IPCA apontam na mesma direção, como um IPC-S apresentando alta de 0,35% na última semana, e o IGP-10 subindo 0,06% em novembro. 

 

Em uma entrevista para a imprensa estrangeira o Presidente do BCB manteve o mesmo tom do discurso dos documentos oficiais recentes. Ele procurou dar conforto ao mercado, mostrando que o BCB tem os instrumentos e a disposição para atuar com o intuito de reduzir a volatilidade nos mercados locais. Além disso, sinalizou que não vê necessidade de alterar a mensagem em relação a política monetária dos documentos oficiais. 

 

Acho sempre válido lembrar, mesmo no meio de um movimento acentuado de zeragem de posições, que o IPCA está vindo abaixo das expectativas do mercado e do BCB, a inflação de serviços voltou a arrefecer, as expectativas Focus para 2016 e 20017 seguem em processo gradual de queda, a atividade econômica está surpreendendo negativamente, e o ajuste fiscal caminha como planejado. O único vetor na direção contrária ao ciclo de queda da taxa Selic fica por conta da depreciação cambial. Ainda vejo espaço para a continuidade de um processo estrutural de queda de juros no Brasil. O mercado embute hoje uma queda de 25bps no próximo Copom, e em torno de 100bps de queda nas próximas 4 reuniões do Copom. Vejo esses preços como extremamente assimétricos. Apenas rodadas adicionais de zeragem de posições que me assustam no curto-prazo, mas não deixam de tornar a parte curta da curva de juros atrativa. 

 

EUA – O PPI e seus núcleos ficaram abaixo das expectativas em outubro, mostrando um cenário de inflação ainda contida no país, sem pressões inflacionárias muito evidentes.  Nos parece claro que o piso da inflação nos EUA parece já ter ocorrido, mas nada indica que o cenário central de um processo apenas gradual de alta nos preços deva ser alterado no curto-prazo. 

 

Alguns indicadores técnicos mostram que o mercado possa ter ficado excessivamente tomado em juros nos EUA no curto-prazo. Ainda vejo o processo de abertura de taxas de juros nos EUA como estrutural, mas talvez um tenha sido rápido e acentuado demais no curto-prazo.




Data: 16/11/2016

EM Relief / Brasil: Antes tarde do que nunca!

 

Os ativos de risco estão abrindo a terça-feira em tom positivo. Agora pela manhã, em dia de feriado no Brasil, estamos observando um movimento de enfraquecimento do dólar no mundo, mais concentrado nas moedas de EM, e ajudado por um leve movimento de fechamento de taxas de juros nos EUA. Como observamos na tarde de ontem, a Treasury 10 anos parece estar se consolidando em torno de 2,20%-2,25%. As bolsas ao redor do mundo operam em alta, com movimentos mistos no mercado de commodities. O Petróleo opera em alta, mas o Cobre apresenta forte queda, por exemplo. 

 

Vale mencionar que os ativos no México, os mais afetados pelo “Trump Tantrum”, apresentaram excelente performance nos últimos 2 dias, com  o MXN apreciando cerca de 2%, e a curva de juros apresentando um “bull flattening”. 

 

Brasil – No final da tarde de ontem, após 4 dias de forte pressão nos mercados de câmbio e juros, em uma atuação coordenada, o BCB anunciou uma rolagem de US$1bi de swaps cambiais para quarta-feira, além de um swap adicional de US$500mm (o BCB está vendendo dólar ao mercado). Acredito que a postura seja acertada, mesmo que um pouco atrasada (vide e-mail da tarde de segunda-feira, copiado abaixo). 

 

Ao mesmo tempo, o Tesouro anunciou o cancelamento do leilão de NTN-F, além de anunciar alguns leilões de recompra de papéis (principalmente NTN-F). 

 

Como eu vinha alertando há alguns dias, os mercados locais continuam extremamente fragilizados. A posição técnica parece ter melhorado, mas fica difícil prever se ainda teremos rodadas adicionais de redução de alocações. A dinâmica dos ativos locais mostra um mercado ainda muito contaminado. Meu medo, neste momento, é que os policy makers brasileiros estejam importando para o país uma crise que deveria nos afetar relativamente menos do que o resto dos países emergentes. De qualquer maneira, ainda dou o benefício da dúvida, sempre respeitando a dinâmica do mercado, devido a fundamentos que julgo ainda serem muito mais robustos do que em crises anteriores. 

 

Voltando a máxima de que “Markets stop panicking when central banks panic!” acredito que as decisões do BCB e do Tesouro foram acertadas e deverão ajudar não apenas a dinâmica dos ativos locais, como ajudar o bom desempenho dos ativos do Brasil nos próximos dias. Espero, no mínimo, que a performance relativa apresente melhora substancial, até porque o quadro técnica parece ter melhorado bastante nos últimos dias. 

 

Ainda gosto da parte curta e intermediária da curva de juros no Brasil. Acho válido trabalhar com uma posição comprada em dólar no mundo. O meu viés é tomador de taxas de juros nos EUA, mas espero um momento mais oportuno para adicionar posição nesta direção. Mantenho viés neutro, porém tático, no BRL e no Ibovespa no curto-prazo. 

 

Europa – O PIB da Alemanha ficou levemente abaixo das expectativas em sua divulgação final, com alta de 0,2% QoQ. Na Itália, a alta de 0,3% QoQ superou marginalmente o esperado. A despeito do Brexit, continuamos a observar um cenário de crescimento baixo, porém relativamente estável na região. 

 

Na Inglaterra, a inflação ficou bem abaixo do esperado, com alta de 0,9% YoY contra expectativas de 1,1% YoY. Aqui, assim como nos dados de atividade econômica, o Brexit parece apresentar um efeito muito menor do que as expectativas iniciais.




Data: 14/11/2016

Brasil: Pioram as perspectivas de crescimento.

 

Os ativos de risco estão mantendo as tendências que vem sendo regra desde a vitória de Trump nas eleições dos EUA, ou seja, o dólar continua a se fortalecer ao redor do mundo, sustentado por uma abertura de taxas de juros no país. As bolsas e as commodities metálicas operam em alta, com alguma pressão sobre os ativos emergentes. 

 

Brasil – Os jornais dos últimos dias estão dando grande enfoque a piora nas perspectivas de crescimento do país, não apenas para este final de ano como, agora, com riscos crescentes para 2017. Além disso, a crise financeira dos Estados também chama a atenção. 

 

Como temos discutido neste fórum, trabalhamos com um cenário de recuperação lenta e gradual da economia. Não vemos, hoje, condições do país crescer mais de 1% em 2017, com riscos claramente para baixo. No curto-prazo, o único pilar mais óbvio para o crescimento seria um recuo das taxas de juros. Em matéria do Valor, se discute, inclusive, como a vitória de Trump levou a um aperto das condições financeiras locais, o que seria mais um “vento contrário” ao crescimento do país. 

 

China – Os dados de atividade econômica ficaram abaixo das expectativas do mercado em outubro, mas confirmaram um cenário de estabilização do crescimento. Eu mantenho minha visão de que o cenário central é de estabilização do crescimento chinês no curto-prazo, o que pode dar um falso senso de tranquilidade para o cenário. Contudo, não vejo este cenário para a China como sustentável. Espero uma nova rodada de desaceleração da economia nos próximos 3 a 6 meses, a despeito de um cenário mais construtivo no curtíssimo-prazo (talvez até o início de 2017). 

 

Japão – O PIB do terceiro trimestre do ano apresentou alta de 2,2% QoQ anualizado, muito acima das expectativas de 0,8% QoQ Anual. As exportações forem o grande destaque de contribuição positiva para o indicador.




Data: 11/11/2016

Update

Em primeiro lugar, gostaria de reafirmar meus comentários realizados neste fórum na quarta-feira pela manhã: Espero mercados incertos, voláteis e sem tendências definidas, o que requer postura mais dinâmica/tática e posições mais defensivas e menores, pelos menos até termos uma melhor sensação de como será o governo Trump. Temas mais específicos, como plays relativos no mercado de moedas, posições de política monetária no mercado de juros e afins deverão ser privilegiadas neste momento. 

 

O mercado está embarcando no cenário de que a eleição de Trump irá reforçar um ambiente de “reflation” no mundo. Como comentei aqui na noite de ontem, este tema já vinha se desenvolvendo nos últimos meses, e apenas se acentuou após a vitória de Trump. 

 

De maneira geral, este cenário seria positivo para o dólar no mundo, sustentado por uma abertura de taxas de juros nos EUA. A velocidade deste movimento que irá determinar a dinâmica de cada par específico de moedas. Aberturas de taxas mais rápidas e acentuadas devem levar a movimentos de aversão a risco, especialmente em relação a EM, como estamos observando hoje. Aberturas de taxas mais moderadas podem trazer algum tipo de diferenciação entre países e classes de ativos. No primeiro momento, a aversão a risco, até mesmo pela surpresa do evento em si, acaba predominando, especialmente para os países emergentes. 

 

No Brasil, os ativos locais tiveram um dia forte deterioração, seguindo o humor global a risco, mas com desempenho relativo pior do que os seus pares. A posição técnica do mercado, especialmente dos fundos locais, parece ter ajudado a acelerar o movimento de alta do dólar, abertura de taxa de juros e queda da bolsa. 

 

Além disso, a postura do BCB no mercado de câmbio, mesmo tendo cancelado o swap cambial, vem sendo criticada pelo mercado. A grande questão é: Se o BCB atua para suavizar a volatilidade do câmbio porque não sinalizar alguma postura em relação a rolagem dos swaps vincendo? Ou então, porque não atuar na ponta contrária, agora que o estoque de swap se encontra mais baixo, em torno de US$25bi? Esses são questionamentos do mercado, que acho válidos diante da dinâmica verificada hoje. 

 

No mercado de juros, já há algum tempo temos priorizado a parte curta da curva de juros, não além do Jan19. Observamos sinais bastante positivos nos últimos dias para que o BCB pudesse acelerar o ritmo de queda da taxa Selic como: uma inflação de serviços mais moderada, expectativas de inflação mais baixas no Focus, crescimento decepcionando para baixo, e mais uma queda no preço da gasolina e do diesel. Contudo, a eleição de Trump trouxe uma surpresa ao cenário, e ainda tenho dúvidas de como este novo BCB irá reagir a isso, especialmente pela postura cautelosa na condução de política monetária que eles têm adotado. 

 

Assim, estamos sem posição no mercado de BRL. Vamos optar por postura tática devido a dinâmica ainda ruim e ao externo mais favorável ao dólar. Estamos com posição compradas em USD no mundo, que foram elevadas após a vitória de Trump. Não temos posição na Treasury, mas o viés continua tomador de taxa. Mantemos posições aplicadas na parte curta de juros locais. A assimetria ainda nos parece bastante positiva. 

 

Olhamos a dinâmica dos mercados locais (e EM em geral) hoje com preocupação, mas acreditamos que parte relevante do movimento se deve a posição técnica (stops pontuais) e a incerteza gerada pelo evento Trump. Para uma melhora na dinâmica, vamos precisar de tempo para o mercado digerir melhorar qual ser, de fato, a postura do novo presidente americano e suas consequências. Ainda acredito que, mesmo em um ambiente um pouco mais hostil para EM, há espaço para cortes de juros no Brasil. Assim, estou optando por concentrar exposição nesta classe de ativos, na parte curta da curva.




Data: 09/11/2016

Here we go again...Trump elected! Brexit Redux?

 

Donal Trump acabou de vencer as eleições para presidente dos EUA, em mais um histórica surpresa política para o mundo. Seu primeiro discurso após a vitória já foi um pouco mais conciliador do que a postura adotada em sua campanha, mas as incertezas em relação a sua conduta serão enormes ao longo dos próximos meses. 

 

Após uma rápida a acentuada piora dos ativos de risco, em um risk-off clássico, estamos observando alguns sinais de estabilização do humor dos mercados financeiros globais. O S&P500 futuro chegou a operar em baixa de 5%, e cai agora 1.8%. o MXN chegou a depreciar 13%, e deprecia agora 8%. 

 

Espero mercados incertos,, voláteis e sem tendências definidas, o que requer postura mais dinâmica/tática e posições mais defensivas e menores, pelos menos até termos uma melhor sensação de como será o governo Trump. Temas mais específicos, como palys relativos no mercado de moedas, posições de política monetária no mercado de juros e afins deverão ser privilegiadas neste momento.




Data: 09/11/2016

Relief Rally, China e Juros Brasil

 

Os ativos de risco tiveram um “relief rally” gigantesco ontem, com as últimas pesquisas de intenções de voto para presidente dos EUA consolidando Hillary Clinton na liderança, com cerca de 3 a 4pts de favoritismo. O movimento foi um clássico “risk-on” com alta nas bolsas e nas commodities, enfraquecimento do dólar ao redor do mundo e abertura de taxas de juros nos países desenvolvidos. 

 

Em especial, a alta nas bolsas chama a atenção, o que me faz acreditar que o técnico do mercado tenha melhorado de forma significativa nos últimos dias. Vale lembrar que passamos por um período em que os dados de atividade econômica global apresentaram recuperação, os resultados corporativos (especialmente nos EUA) ficaram acima das expectativas, mas o mercado veio em uma tendência de mais de uma semana de queda, com o S&P500, por exemplo, atingindo o menor patamar recente. Mesmo após a alta de ontem, uma vitória de Hillary hoje poderá dar um impulso adicional a esta classe de ativos no curto-prazo. 

 

Na China, o destaque da noite ficou por conta dos dados de Exportação e Importação. Os números apresentaram leve recuperação, um pouco aquém das expectativas, e ainda em patamar baixo. Meu cenário central é de estabilização do crescimento chinês no curto-prazo, o que pode dar um falso senso de tranquilidade para o cenário. Contudo, não vejo este cenário para a China como sustentável. Espero uma nova rodada de desaceleração da economia nos próximos 3 a 6 meses, a despeito de um cenário mais construtivo no curtíssimo-prazo (talvez até o início de 2017). Abaixo, segue os destaques dos números de hoje, cortesia da Morgan Stanley: "Declines in exports and imports growth narrowed in October, but slightly weaker than market expectations. Exports growth picked up to -7.3% YoY in October (vs. -10.0% YoY in September, consensus and MSe: -6.0% YoY) due to a low base, while seasonally adjusted sequential growth softened, dragged by weaker capital goods exports. Imports growth edged up to -1.4% YoY in October (vs. -1.9% YoY in September, consensus and MSe: -1.0% YoY), defying a high base, likely reflecting still resilient domestic demand growth. As a result, the trade surplus rebounded by US$7.1bn to US$49.1bn in October (vs. US$42.0bn in September)." 

 

No Brasil, os ativos locais estão seguindo o humor global a risco. A pesquisa Focus, do BCB, apresentou mais uma rodada de queda das expectativas de inflação para 2016 e 2017, uma excelente notícia para o BCB. Na quarta-feira, teremos a divulgação do IPCA de outubro, onde poderemos acessar de maneira mais clara os próximos passos de política monetária. 

 

Eu continuo vendo o mercado local de juros como um excelente investimento estrutural. Gosto da parte intermediária das curvas reais e nominais. Contudo, neste momento, vejo uma assimetria bastante interessante na parte curtíssima da curva, que precifica cerca de 3 quedas em torno de 30bps nas próximas 3 reuniões do Copom. Acredito que exista um risco não desprezível de uma acelerada deste processo, o que torna a assimetria desta parte da curva muito positiva. Vale lembrar que existe uma diferença entre carregar esta posição até a reunião do Copom, por questões de assimetria, e passar a reunião com esta posição. Reforço que, se o Copom fosse hoje, tudo indica que a queda da taxa Selic seria de 25bps. Contudo, acredito que a probabilidade de queda de 50bps, após o Focus e, se o IPCA vier mais positivo, pode se elevar brutalmente.




Data: 04/11/2016

Mais do mesmo...

 

A noite foi de poucas novidades relevantes para o cenário, exceto por rumores de que o caso sobre a Fundação Clinton poderá levar a um indiciamento das pessoas envolvidas (segundo a Fox News). Assim, inicio a quinta-feira com exatamente o mesmo comentário de ontem:

 

"Os ativos de risco estão mantendo o tom mais negativo que vem sendo regra ao longo desta semana, com os ativos mais sensíveis as eleições nos EUA apresentando desempenho pior do que a média. O S&P cai em torno de 0.2%, a Treasury voltou a fechar taxa, com o petróleo já abaixo de US$46, e o MXN depreciando mais 0.7%, novamente acima dos $19.5." 

 

Acredito que Hillary ainda seja favorita para levar os 270 colégios eleitorais necessários para ser coroada presidente dos EUA. Acredito que o voto popular será apertado. Eu via uma assimetria neste sentido a menos de 10 dias das eleições. Todavia, a correção recente dos mercados financeiros globais levou a preços de ativos mais balanceados. Assim, acredito que rodadas adicionais de deterioração tenham que ser utilizadas para reduzir, e/ou rebalancear os hedges do portfólio, assim como aproveitar os níveis de preços para elevar alocação em ativos cujos fundamentos continuam favoráveis (gosto dos juros Brasil e um pouco de BRL). 

 

Os mercados financeiros globais entraram novembro com 3 grandes obstáculos a serem superados em menos de 10 dias: O FOMC, os dados de emprego nos EUA e as eleições para presidente dos EUA. 

 

O primeiro vetor já foi superado, já que o Fed trouxe poucas surpresas. A alta de juros provavelmente prosseguirá, assim que possível, mas o ritmo de elevação dos Fed Funds deverá ser gradual e bem conduzido. Qualquer sinal de desconforto do mercado deverá ser repercutido nas decisões do Fed. O risco continua a ser um cenário de aceleração da inflação, com o mercado precificando menos de 25bps de alta de juros em 2017 e 2018. Entretando, este me parece ser um problema para o ano que vem. 

 

O segundo obstáculo fica por conta dos dados de emprego na sexta-feira. Grosso modo, vejo 3 situações possíveis: 

- Goldilocks: Um Payroll em torno de 100 a 150 mil, sem sinais de pressões inflacionárias; 

- Risk-off Clássico: Um Payroll abaixo de 100mil, com pressões inflacionárias nos números de salários; 

- Risk-off puxados por elevação das taxas de juros nos EUA: Um Payroll acima de 200 mil, com pressões inflacionárias. 

 

Os ativos de risco devem permanecer instáveis até as eleições, mas um conjunto de números positivos pode tirar alguma pressão dos ativos de risco. 

 

Finalmente, teremos as eleições na semana que vem. Aqui, o cenário é claramente binário. Os investidores já vêm ajustando suas posições para a probabilidade de uma potencial vitória de Trump, devido a redução da diferença de ambos nas pesquisas recentes. 

 

Em suma, os próximos dias nos reservam bastante volatilidade, instabilidade, sem muitas tendências definidas. As movimentações recentes podem oferecer grandes oportunidades de investimentos/alocações para o final do ano. 




Data: 01/11/2016

Update

 

A semana começou sem mudanças no cenário central que temos desenhando neste fórum. 

 

Eu ainda vejo o cenário base como sendo de um baixo crescimento global, com flutuação em torno da tendência, mas sem riscos evidentes de recessão. A inflação no mundo desenvolvido deverá subir gradualmente. A postura dos principais bancos centrais do mundo deve continuar a ser de estimular o crescimento global, mas com ajustes nos instrumentos e suas magnitudes. 

 

Ainda vejo um movimento de consolidação/realização dos ativos de risco no curto-prazo, mas um cenário estrutural ainda construtivo para aqueles ativos que oferecem yields/carry atrativos, fundamentos saudáveis (ou em vias de melhora) e posições técnicas favoráveis. Neste ambiente, os ativos brasileiros ainda me parecem muito bem posicionados. 

 

O cenário central é de movimentos graduais rumo a taxas de juros mais “normais” no mundo desenvolvido. Neste ambiente, os ativos de risco poderiam digerir de forma tranquila os movimentos, exceto por momentos pontuais de maior stress. O risco, por outro lado, seria o movimento de abertura das curvas longas de juros se tornar mais rápido e acentuado, levando a um movimento maior de risk-off dos ativos de risco. 

 

Brasil – Dia de desempenho positivo para os ativos locais, mas com magnitudes ainda tímidas. A performance local foi ajudada por alguns vetores externos específicos, como o forte desempenho dos ativos da África do Sul, após as acusações sobre o Ministro das Finanças local serem retiradas pelo Ministério Público. 

 

O segundo turno das eleições regionais apenas reforçaram a mensagem das urnas no primeiro turno, ou seja, vimos um enfraquecimento dos partidos classificados como de “esquerda”, mas também uma perda de confiança da sociedade nos partidos políticos tradicionais. 

 

Em entrevistas recentes, e em reuniões com economistas em SP ao longo da segunda-feira, o Banco Central reafirmou seu compromisso com o centro da meta de inflação, mas deixou claro que será dependente dos dados. 

 

EUA – A despeito de uma redução da diferença entre Hillary e Trump nas últimas pesquisas, o mercado ainda vê Hillary como franca favorita à vitória, o que tem ajudado a suavizar eventuais movimentos mais acentuados de deterioração dos ativos de risco. 

 

Os dados econômicos divulgados hoje apenas reforçam a visão de um crescimento em torno de 2% do país. 

 

Petróleo – Dia de forte queda da commodity (-4%), após a ausência de um acordo na reunião da OPEP ao longo do final de semana para um corte ou congelamento da produção do cartel. Além dias, existem expectativas de um aumento ea oferta em alguns países específicos. 

 

Mercados – Sem grandes alterações nas recomendações de posições. Ainda gosto de investimentos no mercado local de juros, na parte intermediária das curvas nominal e real. A posição comprada em BRL está menor, concentrada em estruturas de opção com perda limitada, e sem vislumbrar um processo acentuado de apreciação da moeda. Pretendo adotar postura mais tática em torno do BRL de agora em diante. Ainda gosto do “combo” vendido em S&P e tomado na Treasury de 10yrs. Acho favorável o risco/retorno em algumas proteções no mercado de renda variável, assim como opcionalidades para um corte de 50bps na próxima reunião do Copom (não como posição principal, para como um complemento para o portfólio).




Data: 31/10/2016

Ilan: BCB é dependente dos dados.

 

A despeito dos sinais mais cautelosos provenientes dos mercados externos no final de semana (vide abaixo), os ativos de risco estão abrindo a semana em tom relativamente positivo, na ausência de novidades relevantes nas últimas horas. 

 

Neste contexto, eu basicamente mantenho minhas expectativas já amplamente discutidas neste fórum. Espero um período de consolidação e realização de lucros para os ativos de risco no curto-prazo, mas sem alterar de maneira significativa a visão construtiva de longo-prazo para algumas classes de ativos (como o mercado local de juros, por exemplo). As eleições nos EUA devem manter os ativos de risco com dinâmica mais volátil e sem tendências relevantes. 

 

Em termos de posições, minhas recomendações sofreram poucas alterações, exceto pela adição de algumas proteções no mercado de renda variável. Já havia reduzido as recomendações de BRL para um nível baix0, a fim de esperar um melhor momento para adicionar posições táticas (compradas) novamente. Mantenho uma posição relevante no mercado local de juros, na parte intermediária das curvas nominais e reais. Mantenho o hedge externo vendido em S&P e tomado na Treasury de 10yrs. 

 

No Brasil, duas notícias do Valor merecem destaque. Primeiro, Raymundo Costa afirma que o governo irá acelerar a Reforma da Previdência. O governo pretende enviar ao Congresso suas propostas ainda em novembro, acelerando um calendário em que muitos esperavam o inicio do debate somente em 2017. 

 

Segundo, Ilan – presidente do BCB – concedeu entrevista ao Valor, onde reafirma os pontos já amplamente colocados nos documentos oficiais. Reforço que minha visão e de que haja espaço para uma queda superior a 25bps na próxima reunião do Copom, assim como para um ciclo de queda adicional de juros superior a 250-300bps, mas tudo dependerá dos dados econômicos. Caso o Copom fosse hoje, o BCB iria optar pela cautela, com uma queda de 25bps, mas como falta bastante tempo para a próxima reunião, acredito que o mercado  trabalhar com uma queda entre 25 e 50bps até o próximo Copom. O tamanho do ciclo total de juros pode vir a variar, mas mantenho meu viés mais otimista com relação ao mercado de juros.

 



Data: 14/10/2016

China, Petrobrás e Repatriação.

Os ativos de risco estão abrindo a sexta-feira em tom mais positivo. As bolsas da Europa e EUA apresentam leve recuperação, com o mercado de juros nesses países apresentando abertura de taxas. O dólar opera próximo a estabilidade, se movimentos relevantes. A noite foi de apreciação das moedas da Ásia, que tem sido foco de preocupação recentemente. A despeito da dinâmica um pouco mais construtiva, o fluxo de notícias ainda pode vir a gerar volatilidade para os mercados financeiros globais.

China – Os dados de inflação do país ficaram muito acima das expectativas em setembro, com o CPI saindo de 1,6% YoY para 1,9% YoY. O PPI passou de -0,8% YoY para +0,1% YoY. No CPI, em especial, observamos uma elevação em alimentação (item mais volátil), mas também no núcleo excluindo alimentação. Por ora, parece cedo para temer um processo inflacionário mais agudo no país, já que os níveis de inflação ainda são baixos. Não me parece que um mês de inflação mais elevada irá alterar de forma significativa a postura dos policy makers chineses. Contudo, é um sinal amarelo, que precisa ser monitorado, pois pode acabar reduzindo o espaço para medidas adicionais de suporte a economia.

Nos últimos dias, alguns governo locais divulgaram novas medidas com o intuito de frear o que está sendo visto como uma nova bolha no setor imobiliário. As medidas visam desacelerar a super valorização de terrenos e imóveis, e podem vir a afetar a demanda chinês por matérias primas ligadas a construção. Segundo o DB:

Specifically, Shanghai government tightened credit supply for developers to buy land. In particular, the government tightened regulations on property developers' financing of land purchases. Developers are not allowed to buy land using financing from banks, trust, capital market, asset management companies or insurance companies. They need to commit in land auctions that they will use only their own funds to buy land. We take this as a significant step by the government to contain the property bubble. There is a clear sign of a bubble in the land auction market, which contributed to the property bubble. The regulation in Shanghai explicitly targets financing for land auctions. This shows the government has become aware of the problem, and that it started to take tough action to stop it. Local governments in 21 cities announced policies to cool the property market, but so far most measures focused on buyers of properties (local resident purchase requirement, mortgage downpayment, etc.). This is the first sign of credit tightening that targets developers, and it focuses on the land auction market, which we believe is key to the rise of the property bubble. We expect other cities with high property price inflation may follow Shanghai.

No Relatório de Estabilidade Financeira da Austrália, o país voltou a dar enfoque aos potenciais problemas que podem vir a surgir da economia chinesa. Segundo a Goldman Sachs:

The RBA appears to be reflecting on risks to the global financial system with more concern than six months prior. This owes in large part to developments in Chinawhere "debt is high and rising despite slower economic growth", and is compounded by the fact that "much of this new debt is being extended by the more opaque yet interconnected parts of the financial system" (see comment on growth of small Chinese banks below). The RBA highlights that "the potential for a disruptive adjustment in China remains pronounced", with Chinese authorities facing a very difficult trade-off between growth and financial stability. Beyond China, risks to the European banking system and financial stability in NZ remain in focus - with the RBA downplaying the success of macroprudential measures in NZ to contain house price growth.

Finalizando o cenário para a Ásia, o PIB de Cingapura apresentou queda de 4% QoQ Anualizado, muito abaixo das expectativas de estabilidade. A despeito de problemas pontuais e localizados, o número apenas reforça o cenário frágil e delicado para a Ásia.

Brasil – A Petrobras anunciou uma coletiva a imprensa para hoje as 8h30. Acredito que seja para anunciar uma nova política de preços e, eventualmente, uma nova rodada de captação de recursos. Não necessariamente haverá algum ajuste de preços hoje, mas havendo o anuncio da nova política, um ajuste de preços poderá ocorrer em breve. Caso seja confirmada esta teoria, eleva-se a probabilidade de que o BCB inicia o ciclo de corte de juros com 50bps no próximo Copom, como é a minha expectativa. Além disso, é provável que o mercado embarque na expectativa de um ciclo ainda maior do que os 350bps de cortes embutidos na curva neste momento.

Os jornais de hoje afirmam que já foram arrecadados cerca de R$12bi com a Lei da Repatriação. O governo espera arrecadar cerca de R$50bi. O pagamento destes recursos deve-se concentrar nas próximas duas semanas, com a probabilidade de um fluxo cambial relevante para o país neste período.




Data: 14/10/2016

BRL, Juros Brasil, China e DM Rates.

Gostaria de aproveitar o tempo para evoluir em alguns temas que acho relevantes para o curto-prazo:

BRL – Eu não faço ideia de qual seja o nível de equilíbrio de longo-prazo da moeda brasileira, até porque existem variáveis externas que tendem a dificultar está avaliação. No curto-prazo, contudo, vejo um cenário em que a moeda possa vir a testar níveis mais apreciados, saído do atual range de 3,15-3,25 para, talvez, um nível mais próximo a 3,00-3,15.

As evidências anedóticas apontam para um acumulo de operações (IPOs, M&As, emissões de bonds, e afins) que podem vir a trazer fluxos não desprezíveis para o país. O carrego da moeda ainda é substancial para os investidores estrangeiros, cujas posições ainda parecem estar mais para neutras (e UW) do que para posições OW (ou muito carregadas). Finalmente, há sinais de que a Lei de Repatriação possa vir a gerar R$50bi de receitas para o governo. Só para o pagamento desta rubrica, seriam necessários internalizar cerca de US$15b. Se parte deste estoque de recursos também voltar ao país, este valor pode crescer substancialmente.

Juros Brasil – Eu mantenho minha visão de corte de 50bps na reunião do Copom da semana que vem, mas entendo que é um call bastante apertado, entre uma queda de 25bps ou 50bps. O mercado já embute um corte de cerca de 35bps na curva, e um ciclo total entre 350-400bps. A precificação me parece justa neste momento, mas gosto de opcionalidades para o meu cenário central de queda de 50bps no próximo Copom.

Olhando de hoje, um ciclo total em torno de 350-400bps me parece bem precificado. Contudo, vejo amplo espaço para a continuidade do movimento de fechamento das taxas mais longas de juros no país, baseado em um cenário de recuperação da credibilidade da política monetária e fiscal, em meio a um ambiente de inflação cadente e recessão econômica.

Vale lembrar que o investidor estrangeiro detém apenas cerca de 15% da dívida local brasileira. Este percentual chega a 60% no México, e em torno de 50% na África do Sul, países que estão sofrendo cenário diametralmente oposto ao Brasil. Assim, vejo amplo espaço para o aumento dos fluxos estrangeiros para os papéis de dívida local ao longo dos próximos meses.

China – Os números de exportações e importações do país em setembro trouxeram novamente à tona os riscos inerentes a economia chinesa. Na minha visão, a economia da China irá crescer estruturalmente menos no futuro do que cresceu nas últimas décadas. Este processo de desaceleração será longo e tortuoso. Devemos estar preparados para um cenário de “stop and go”, em que períodos de estabilização do crescimento serão seguidos de novas rodadas de desaceleração.

A história mostra que pouquíssimos países (se é que algum país) foram capazes de administrar um cenário desse, com um pano de fundo de forte alavancagem da economia, sem que tenham passado por períodos de crises mais agudas. Contudo, a China ainda é uma economia muito planejada e relativamente fechada, o que permite ao país “empurrar estes problemas com a barriga” por mais tempo do que o imaginado para qualquer outra economia de mercado.

Em suma, não faço ideia se a China será responsável pela próxima grande crise econômica mundial. Vejo um curto-prazo relativamente estável, mas entendo que qualquer rodada de desaceleração adicional da economia poderá trazer volatilidade e incerteza aos mercados financeiros globais. A depreciação do CNY me parece uma tendência clara, mas um processo que deverá ser conduzido com certa parcimônia por parte do governo.

Juros nos Países Desenvolvidos – Acredito que ainda há espaço no cenário para a postura extremamente agressiva dos bancos centrais nos países desenvolvidos. Todavia, me parece cada vez mais claro que a potência desses instrumentos esteja ficando comprometida, e isso já vem sendo amplamente sinalizado pelos policy makers. Assim, ajustes pontuais devem ser feitos ao longo do tempo. Neste ambiente, a política fiscal deverá ganhar maior importância, mas sua implementação tende a ser mais incerta.

Este pano de fundo tende a ser menos positivo para o bom desempenho global dos bonds desses países e/ou regiões, mas os bancos centrais irão buscar maneiras de tornar este processo o mais suave possível (não sei se serão bem-sucedidos nesta empreitada). 




Data: 13/10/2016

China de volta ao foco.

Os ativos de risco estão mantendo um tom mais negativo que tem sido regra ao longo desta semana. Além dos temas já discutidos aqui nos últimos dias (ZAR, Brexit, corporate earnings e etc) está noite, os fracos números de importação e exportação de setembro, divulgados na China acabaram dando ímpeto ao movimento negativo.

As exportações apresentaram queda 10% YoY, abaixo das expectativas de -3,3% YoY. As importações caíram 1,9% YoY, contra expectativas de alta de 0,6% YoY. É bem verdade que os números são incoerentes com os recentes sinais de estabilização da economia do país, e que um mês de fraqueza não, necessariamente, significa uma nova tendência de enfraquecimento da economia. Contudo, a estabilização do crescimento chinês sempre foi vista como frágil, e ao custo crescente de medidas de expansão monetária e de crédito. Assim, sinais como o de hoje devem ser tratados com extrema cautela pelos investidores.

Além disso, não podemos deixar de citar a tendência de depreciação das moedas asiáticas nas últimas semanas. A depreciação do JPY e do CNY (este superando os 6,70, que era visto como um patamar psicológico relevante) está gerando um movimento mais generalizado de depreciação das moedas da região (com alguns casos específicos mais acentuados, como na Tailândia) o que pode sinalizar, além de disposição dos policy makers chineses em depreciar suas moedas, sinais de que o crescimento da China, e de toda a Ásia, ainda demanda cautela.

As Minutas do FOMC divulgadas ontem nos EUA não trouxeram grandes novidades ao cenário. O Fed está muito próximo de dar mais um passo em seu processo de normalização monetária, com uma nova elevação nas taxas de juros. Contudo, o processo deverá ser lento e prolongado. O comitê apresentou uma divisão grande em relação ao timing da próxima elevação das taxas de juros, assim como opiniões divergentes em relação ao r* e a taxa neutra de desemprego.

No Brasil, a mídia permanece comemorando a aprovação da PEC 241, enquanto o governo já se organiza em torno da Reforma da Previdência.

Continuo com um viés mais cauteloso com o cenário externo no curto-prazo, mantendo espaço nos portfólios para elevar as alocações em ativos locais caso observarmos alguma realização de lucros nos próximos dias.

Mantenho minha visão central inalterada. Continuo bastante otimista com as perspectivas para o Brasil e seus ativos. Entendo, contudo, que o processo de apreciação será longo e não linear, com períodos pontuais de incerteza, especialmente externa. Me parece que estamos passando por mais um destes momentos.

 Acredito que o portfólio deve manter exposições “compradas” em Brasil, com alguns hedges externos. A administração dos tamanhos e dos instrumentos irá depender do preço dos ativos e do cenário para cada uma das classes de ativos em cada momento do tempo. No curto-prazo, estou favorecendo as NTNBs mais longas, estruturas de opção de BRL (visando apreciação moderada da moeda até o final do ano) e opcionalidades visando uma queda de 50bps na próxima reunião do Copom. No âmbito externo, gosto de vendas de S&P e posições tomadas na Treasury 10yrs (todas posições que podem ser executadas na BM&F).

Acredito que, neste momento, devemos manter espaço nos portfólios para elevar as alocações em Brasil caso o mercado apresente alguma rodada de deterioração, sem que haja mudanças substanciais de cenário interno.




Data: 13/10/2016

Acumulo de ruídos globais.

Os ativos de risco estão sendo vítimas de um acumulo de problemas pontuais e localizados. Como alertei esta manhã, esses vetores, individualmente, não deveriam ser capazes de alterar o cenário econômico global, mas, em conjunto, e diante do nível de preços de algumas classes de ativos, são capazes de gerar volatilidade e realizações de lucro. 

Apenas para citar alguns eventos das últimas 48h:

- Depreciação de 4% no ZAR, após a intimação judicial do Ministro da Fazenda da África do Sul;

- Na volta do feriado, a China depreciou o fixing do CNY acima de 6,70;

- A GBP voltou a ficar pressionada, caindo quase 2% neste momento;

- Resultados abaixo do esperado da Alcoa, empresa que costuma dar início a temporada de resultados corporativos nos EUA;

- Pressão nas ações da Samsung, na Coréia do Sul, após a empresa “descontinuar” a produção de seu novo aparelho de celular S7.

No Brasil, a aprovação da PEC do Teto dos Gastos está ajudando o desempenho relativo dos ativos locais. Além disso, o governo está sinalizando para uma arrecadação em torno de R$50b da repatriação. Não acredito que eles estariam apenas “chutando” um valor. Creio que já existe uma estimativa muito precisa em torno do número. Se apenas parte desses recursos forem internalizados (não apenas do imposto pago, mas também do notional mantido no exterior), somado as perspectivas de M&A, IPO, emissões de bonds e a proximidade da extinção dos swaps cambiais, se desenha um cenário mais positivo para o fluxo cambial.

Mantenho minha visão central inalterada. Continuo bastante otimista com as perspectivas para o Brasil e seus ativos. Entendo, contudo, que o processo de apreciação será longo e não linear, com períodos pontuais de incerteza, especialmente externa. Me parece que estamos passando por mais um destes momentos.

Acredito que o portfólio deve manter exposições “compradas” em Brasil, com alguns hedges externos. A administração dos tamanhos e dos instrumentos irá depender do preço dos ativos e do cenário para cada uma das classes de ativos em cada momento do tempo. No curto-prazo, estou favorecendo as NTNBs mais longas, estruturas de opção de BRL (visando apreciação moderada da moeda até o final do ano) e opcionalidades visando uma queda de 50bps na próxima reunião do Copom. No âmbito externo, gosto de vendas de S&P e posições tomadas na Treasury 10yrs (todas posições que podem ser executadas na BM&F).

Acredito que, neste momento, devemos manter espaço nos portfólios para elevar as alocações em Brasil caso o mercado apresente alguma rodada de deterioração, sem que haja mudanças substanciais de cenário interno.




Data: 11/10/2016

Ruídos externo e aprovação da PEC no Brasil.

Os ativos de risco estão com leve viés negativo essa manhã, com os mercados sendo obrigados a digerir alguns ruídos pontuais. Na África do Sul, o ZAR apresenta depreciação de 3%, com rumores de que o Ministro das Finanças foi intimado a depor na justiça. Há suspeitas de que ele poderia ser preso. Na Coréia do Sul, a Samsung está operando sobre forte pressão, com os problemas no novo aparelho de celular S7 levando a um congelamento de suas vendas na maioria das distribuidoras norte americanas.

De maneira geral, estes problemas são pontuais e localizados. Dado o nível de preços de algumas classes de ativos, não podemos descartar que estes ruídos afetem a dinâmica dos ativos de risco no curto-prazo. Contudo, por ora, não vejo motivos para que eles, sozinhos, alterem o cenário econômico global.

No Brasil, como era amplamente esperado, a PEC do Teto dos Gastos foi aprovada com 366 votos a favor, apenas 1 voto a menos do que o impeachment. A medida agora precisará ser aprovada em segunda instância no plenário, mas tudo indica que o calendário proposto pelo governo será respeitado.

A votação mostra uma base de apoio sólida para o governo, além de uma excelente capacidade de articulação política de Temer e Cia. Não apenas pela expressiva votação, mas também pela capacidade de cumprir um calendário que parecia extremamente apertado, com uma aprovação em uma segunda-feira, de uma semana com feriado na quarta-feira.

Aprovada a PEC, espero que o governo volte seu foco para a Reforma da Previdência, um tema muito mais espinhoso e delicado. Acredito que esta reforma será debatida de forma intensa, mas sua aprovação será um passo gigantesco na direção de um ajuste de longo-prazo para o país. 




Data: 10/10/2016

No News is Good news!

A semana teve início sem grandes mudanças no cenário econômico global.

No Brasil, o dia foi de nova rodada de apreciação dos ativos locais, com bom desempenho do BRL, do Ibovespa e da parte longa da curva de juros nominais. A parte curta da curva ficou mais pressionada, com o artigo de Claudia Safatle no Valor levando  o mercado a reduzir a probabilidade implícita de queda de 50bps na próxima reunião do Copom.

No cenário externo, o dia foi de bom desempenho das bolsas ao redor do mundo, com a redução do risco de Trump ser eleito presidente dos EUA. As taxas de juros no mundo desenvolvido apresentaram abertura de taxas, com as commodities em alta e o dólar apresentando movimentos mistos ao redor do mundo.

Voltando as reuniões do FMI, o DB afirma que os investidores estão cautelosamente otimistas, mas ainda há espaço para aumento de alocações nos mercados emergentes:

We found investors overall constructive - even if cautious - and testing their convictions for what could be another wave of allocations into EM - but only if US/European elections and Fed/ECB policies stay the course. The exhaustion of the over-reliance on monetary policy, and alternatives--fiscal and structural--were recurrent themes. However, some investors seemed more concerned about missing another possible rally than waiting for clarity from policy-makers.

DM-EM growth differential is at the lowest since GFC (market exchange rates) mostly due downward revisions in DM and stabilization in EM-commodity exporters, albeit few investors bought into OPEC's ability to boost oil prices further. EM commodity importers appear more resilient as a group. In DM, most frequently-asked question: where are we in the US growth cycle?

Our perception is that overall positioning is not heavy. It is certainly more advanced in credit - but in our view still roughly half-way from the extremes of the past 8 years. Local positioning seems a lot lighter but also most exposed to these lingering uncertainties - from politics to policies.

No Brasil, a PEC do Teto dos Gastos está avançando no plenário da câmara. O número de votos a favor da proposta será um bom medidor do apoio do governo na casa, e um indicativo importante para a potencial Reforma da Previdência. Há sinais de que o pipeline para emissões de ações, dívida local e externa esteja se acumulando, em um indicativo de otimismo com relação ao país.

No curto-prazo, vejo os mesmos riscos dos últimos dias, mas todos com probabilidades cadentes, pelo menos no curto-prazo: Eleição de Trump, desaceleração desordenada na China e abertura (rápida e acentuada) das taxas de juros no mundo desenvolvido. Até vejo um cenário de nova rodada de desaceleração da China e um movimento gradual e prolongado de abertura de taxas de juros no mundo desenvolvido. Todavia, enquanto estes movimentos forem ordenados, as tendências globais recentes devem permanecer inalteradas.   




Data: 10/10/2016

Juros Brasil e Eleições EUA.

Os ativos de risco estão abrindo a semana em tom positivo, após o segundo debate para presidente dos EUA mostrar mais uma vitória para Hillary Clinton, segundo pesquisas logo após o evento. O destaque desta manhã de segunda-feira, assim, fica por conta da forte apreciação do MXN, o ativo que mais tem sido afetado pelo cenário eleitoral dos EUA.

Mantenho uma visão de que o cenário central é de um crescimento global baixo, porém sem riscos de recessão. A inflação deve-se manter ainda contida, a despeito de um processo gradual de elevação. Neste ambiente, os bancos centrais dos países desenvolvidos irão manter uma postura ainda expansionista, a despeito de ajustes pontuais em suas medidas. Este ambiente deverá continuar a ser visto como positivo para os ativos de carry/yield, enquanto este cenário não for definitivamente testado. Existem riscos de curto-prazo (Eleições nos EUA, Brexit, Taxas Longas de Juros em DM, e etc) mas, enquanto esses riscos se mantiverem pontuais e localizados, pouco devem afetar a dinâmica (a tendência) dos ativos de risco.

Continuo otimista com o cenário para o Brasil, mas alterei as posições na parte intermediária da curva nominal de juros para a parte longa da curva de juros reais. Ainda vejo o BRL como um play de carrego, mas vejo espaço para que ele saia de um range de 3,2-3,3 para 3,0-3,2 nos próximos meses, dependendo do cenário externo. Ainda há espaço para que o Ibovespa atinja níveis mais elevados, mesmo que o valuation já não se mostre tão atrativo. Existe amplo espaço para um aumento dos fluxos para está classe de ativos.

No cenário externo, vejo poucas oportunidades claras de investimentos, ou grandes tendências. Acho válido ficar de olho no mercado de juros DM, assim como buscar hedges pontuais em alguns mercados específicos.

Brasil – Em artigo no Valor, Claudi Safatle afirma que o mercado leu de maneira errada o discurso de Ilan no FMI:

 O discurso do presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn, na sexta­feira em Washington, não pretendeu ser diferente do pronunciamento que ele fez na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado, no dia 4, terça feira. A leitura do mercado, no entanto, foi distinta e isso afetou as expectativas em relação à próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom). Quando Ilan falou, na CAE, que não tinha compromisso com um cronograma de flexibilização da taxa de juros, o mercado passou a apostar mais em um corte de apenas 0,25 ponto percentual na Selic no dia 19, para 14% ao ano. As palavras que mais chamaram a atenção na fala do presidente do BC, em evento na Câmara de Comércio Brasil­Estados Unidos, em Washington, foram que a inflação está "na direção correta" ­ o IPCA de setembro foi de somente 0,08% ­ e que os esforços fiscais do governo "começaram bem e confortam o BC". O mercado voltou a centrar suas apostas em um corte mais acentuado dos juros, de 0,5 ponto percentual, para 13,75% ao ano. Uma fonte bastante familiarizada com a linguagem do Banco Central deu um valioso conselho: a comunicação deste Banco Central é substancialmente diferente da do BC de Alexandre Tombini. "A leitura, agora, não deve se ater a frases. Ela deve ser uma leitura mais holística". Ou seja, uma frase aqui, outra ali, não retrata o todo. Fontes do governo ressaltaram, nos últimos dias, a preocupação com a rapidez com que os mercados estão comprando a redução dos juros, montando suas posições e mexendo nos preços dos ativos.

Como comentei neste fórum no sábado pela manha: Acredito que os eventos recentes reforçam o cenário de queda de juros no Copom de outubro. Mantenho minha expectativa de queda de 50bps, com risco de o primeiro movimento ser de 25bps. Na minha visão, o BCB deverá cair os juros, mas manter um discurso de cautela, para o mercado não “embarcar” em um ciclo extremamente agressivo, ou começar a precificar quedas de 75bps ou 100bps em reuniões únicas. Assim, seu discurso deverá ser de que cada reunião é uma reunião diferente, em que qualquer decisão poderá ser tomada, como já sinalizou Ilan na CAE do Senado. O mercado já precifica cerca de 380bps de corte de juros. Nos atuais níveis, gosto das NTNBs mais longas, e de opcionalidades para a queda de 50bps no próximo Copom, cenário ainda não totalmente precificado pela curva local de juros.FMI – o Citi fez um bom resumo das reuniões do FMI, que ocorreream em Washington no final de semana:

We met with a large number of representatives of national authorities and international organizations and clients during the IMF-World Bank Annual Meetings in Washington, DC. In our view, the main take-aways were:

Growth concerns have receded. The worst may be over for EMs (and discussion over China and the risks in China were noticeably rare), but EM central banks may still be hesitant to cut rates quickly.

Monetary policy is increasingly out of ammunition, it is changing and it is confusing (including the BoJ and ECB). Fiscal policy is not quite ready to take over.

Politics is becoming increasingly important. The US election, the risk of a hard Brexit and a number of European countries (including Italy, Greece and Portugal) were among the list of prominent concerns.

China – De acordo com a Bloomberg, a China está intensificando medidas para reduzir a alavancagem de sua economia.

China released guidelines for reducing corporate debt while also saying that the government won’t bear the final responsibility for borrowing by companies, the latest sign that policy makers are stepping up their fight against excessive leverage. The State Council, China’s cabinet, issued guidelines for reducing corporate debt and for how banks may swap bad debt to equity. At the same time, officials from the central bank and other government regulators held a briefing at which they described corporate leverage as high among major global economies.




Data: 10/10/2016

Trump, DB e FMI.

O final de semana foi um tanto quanto agitado para o cenário político e econômico global.

EUA – A mídia local divulgou uma série de áudios antigos (e outros nunca antes revelados) que mostram uma postura um tanto quanto questionável por parte do candidato a presidente Donald Trump. Após a divulgação, Trump foi duramente criticado pela oposição, perdeu apoio dentro de seu próprio partido, além de ter sua imagem ainda mais abalada diante da sociedade. Estes eventos estão sendo lidos como uma “pá de cal” para sua candidatura.

Os ativos de risco estão abrindo a semana de acordo com essa interpretação, com uma forte apreciação do MXN e um viés positivo para os mercados financeiros globais, já que mais um risco de curto-prazo estaria se dissipando.

DB – A mídia está reportando que o Banco não chegou a um acordo junto ao Departamento de Justiça dos EUA. Os problemas da instituição estão estabilizados, mas longe de estarem totalmente equacionados.

Japão – Kuroda apresentou declarações, segundo a Bloomberg, em que aponta espaço para medidas adicionais de suporte a economia, caso necessário. Segundo o artigo: “For the time being, we keep the long-term interest rate around zero. If necessary, we could reduce the target rate of the 10-year Japanese government bond even lower than zero percent,” Kuroda said on Saturday, speaking with Bloomberg Television’s Francine Lacqua. “If necessary, we can reduce both the short end and long end of interest rates.”

Inglaterra – Além do flash crash no GBP na quinta-feira a noite, o mercado está sendo obrigado a digerir uma postura mais agressiva do governo inglês em torno das negociações para o Brexit. Por ora, os problemas tem permanecidos localizados.

FMI – As reuniões do FMI realizadas em Washington no final da semana passada mostrou investidores otimistas com o cenário para os países emergentes, e para o Brasil, em especial. Existem claros riscos para os mercados desenvolvidos, mas se estes eventos não se concretizarem, ou se mantiverem localizados, existe amplo espaço para um boa performance dos ativos emergentes (em geral). A impressão é de que o otimismo do discurso ainda não está, nem de longe, refletido nas posições dos investidores.




Data: 10/10/2016

Update.

Passei a quinta e sexta-feira reunido com alguns consultores institucionais e alguns asset managers locais. A visão geral e de que existe um amplo espaço para a alocações desses investidores em “risco Brasil” ao longo dos próximos meses.

 As políticas de investimento (PI) dos planos de previdência estão sendo refeitas neste período do ano. Após um forte corte em posições em renda variável e em inflação (NTNB), vejo uma clara migração para PIs mais agressivas de 2017 em diante.

Vamos a um breve resumo do que ocorreu em termos de cenário e mercados nos últimos dias.

Brasil – A PEC do Teto do Gastos passou na comissão especial, como era amplamente esperado. Não ocorreram mudanças relevantes em seu texto base. A PEC irá a plenário no começo da próxima semana. Sua aprovação será a primeira grande mudança institucional ocorrida no país em várias décadas. O avanço das reformas fiscais é um vetor fundamental para o Copom dar início ao processo de queda da taxa Selic.

O IPCA de setembro apresentou alta de 0,08%, muito abaixo das expectativas do mercado. Seu qualitativo também foi positivo, com recuo dos núcleos e dos índices de difusão. A inflação de serviços continua elevada, mas já há uma tendência gradual de desaceleração.

Acredito que os eventos recentes reforçam o cenário de queda de juros no Copom de outubro. Mantenho minha expectativa de queda de 50bps, com risco do primeiro movimento ser de 25bps. Na minha visão, o BCB deverá cair os juros, mas manter um discurso de cautela, para o mercado não “embarcar” em um ciclo extremamente agressivo, ou começar a precificar quedas de 75bps ou 100bps em reuniões únicas. Assim, seu discurso deverá ser de que cada reunião é uma reunião diferente, em que qualquer decisão poderá ser tomada, como já sinalizou Ilan na CAE do Senado.

O mercado já precifica cerca de 380bps de corte de juros. Nos atuais níveis, gosto das NTNBs mais longas e de opcionalidades para a queda de 50bps no próximo opom.

Vejo um ambiente bastante positivo ainda para os fluxos de curto-prazo para o país, Não é a toa, assim, que o BRL tem mostrado desempenho muito superior a seus pares nos últimos dias. Vejo a moeda como um play de carrego, mas espero uma mudança de patamar dos ranges recentes nos próximos meses, saindo dos atuais 3,2-3,3 para, talvez, 3,0-3,15.

EUA – A economia do país apresenta um cenário de “Not Too Hot, Not Too Cold”, ou seja, a economia cresce pouco, mas sem risco de recessão. O mercado de trabalho continua robusto, mas sem risco de pressões inflacionárias de curto-prazo.

Neste ambiente, o Fed poderá ser paciente no processo de elevação da taxa de juros, desenvolvendo um cenário ainda construtivo para ativos de carry/yield.

Europa – As minutas da última reunião do ECB mostraram que o comitê ainda está distante de retirar suas medidas de expansão da política monetária, como foi ventilado na mídia.

Na Inglaterra, o mercado foi vitima de mais um “flash crash”, desta vez na GBP, durante os mercados asiáticos. Estes movimentos têm sido cada vez mais comuns, como já vimos na Treasury e no CHF nos últimos 2 anos. A mudança na estrutura dos mercados após a crise, e o avanço dos fundos quantitativos podem ser vistos como vetores fundamentais para estes movimentos. Isso deverá ser cada vez mais comum. Por ora, o problema se manteve pontual e localizado.

Taxas de Juros DM – Nas últimas semanas, ganhou corpo a visão de que a política monetária no mundo desenvolvido está se tornando menos potente, e a política fiscal deverá ganhar maior espaço de agora em diante.

Diante destes fatos, começamos a ver um movimento de abertura de taxas longas no mundo desenvolvido, com claro viés de steepening das curvas.

Acredito que este cenário pode sim ser uma nova tendência. Não vejo os BCs desenvolvidos avançando ainda mais em suas políticas monetárias, assim como não há necessidade de retira-las abruptamente no curto-prazo.

Assim, enquanto o movimento de abertura de taxas longas for gradual, os ativos de risco devem se comportar relativamente bem. Caso os movimentos se tornem mais acentuados e desordenados, podemos ter períodos pontuais de risk-off.   




Data: 06/10/2016

Mundo Desenvolvido: Taxas de Juros, Política Monetária e Política Fiscal.

Os ativos de risco estão operando próximos a estabilidade, e sem tendências (ou correlações) relevantes essa manhã. Na agenda do dia, destaque para o Jobless Claims nos EUA. 

Na Alemanha, o Factory Orders apresentou alta de 1% MoM em julho, acima das expectativas de 0,3% MoM. Nos EUA, ontem, o ISM Non-Manufacturing apresentou forte alta, superando em muito as expectativas do mercado.

Nos últimos dias, observamos sinais de uma leve melhora na perspectiva de crescimento de curto-prazo da economia mundial, o que afasta o risco de uma nova rodada de desaceleração do mundo, ou o risco de uma recessão global no curtíssimo-prazo. A grande verdade, contudo, é que se confirma um cenário de baixo crescimento mundial, mas com flutuações em torno desta tendência.

Os ativos de risco estão digerindo de maneira construtiva este cenário, mesmo que as taxas de juros no mundo desenvolvido venham abrindo taxas nos últimos dias, com um claro viés de steepening das curvas. Além da melhora na perspectiva de crescimento global, os ruídos em torno da política monetária no mundo desenvolvido, especialmente o rumor de um “tapering” na Europa, e a possível perda de potência dos juros negativos e do QE nas economias de Japão, Europa e EUA, aliada a possibilidade de uma substituição da política monetária por uma política fiscal mais agressiva, estão levando a alguma reprecificação dos ativos de risco.

O movimento mais claro, em um primeiro momento, fica por conta da abertura das taxas de juros nestes países, com a curva apresentando viés de steepening. A resultante para as bolsas e o mercado de moedas acaba sendo menos trivial. Acredito que, enquanto os movimentos forem graduais e suaves, os ativos de risco irão receber de maneira construtiva e positiva este novo cenário. Caso a abertura de taxas de juros se torne mais rápida, acentuada e desordenada, poderemos conviver com períodos pontuais de realização de lucros e risk-off.

No Brasil, a quarta-feira foi de forte apreciação dos ativos locais. O cenário interno acabou ajudando o bom desempenho dos ativos brasileiros ao longo desta semana, aliado a um quadro técnico ainda construtivo. Há sinais de que os estrangeiros não apresentam posições relevantes nos mercados locais, assim como os investidores institucionais apresentam pouca posição em ativos de maior risco, como o mercado de renda variável. Pelas nossas análises internas, os Hedge Funds locais já apresentam posições relevantes nos mercados de juros e câmbio.

A PEC do Teto dos Gastos caminha para um desfecho dentro do desejado pelo Governo, o que deverá abrir espaço para a negociação da Reforma da Previdência. A inflação de curto-prazo mostra-se contida e desacelerando, como desejado pelo BCB. O crescimento, contudo, mostra sinais de uma recuperação mais lenta do que o imaginado por alguns. Nos últimos dias, vimos indicadores coincidentes que apontam para um crescimento ainda bastante pressionado no curto-prazo.




Data: 05/10/2016

Consolidação.

Os ativos de risco estão abrindo a quarta-feira sem movimentos relevantes. A agenda da noite foi relativamente esvaziada, apenas com a divulgação final dos Flash PMIs na Europa, que ficaram basicamente em linha com as prévias. A agenda do dia nos reserva o ADP Employment nos EUA, o último indicador antecedente antes do Payroll na sexta-feira. No Brasil, o foco ficará por conta do andamento da votação do PEC do Teto dos Gastos no Congresso.

Eu mantenho uma visão mais cautelosa com o cenário externo, devido ao acumulo de riscos no curto-prazo, a despeito de manter uma visão otimista com relação aos ativos locais. Recomendo um portfólio mais defensivo, com alguns hedges externos adicionais, e algum espaço para adicionar alocações no Brasil caso tenhamos mais uma rodada de realização de lucros nos próximos dias.




Data: 05/10/2016

Leve Risk-Off.

A terça-feira foi de maior volatilidade e alguma realização de lucros nos mercados financeiros globais. Alguns vetores ajudaram os movimentos:

- Um artigo na Bloomberg afirmando que o ECB estaria em vias finais de fechar questão em torno de um potencial “tapering” do QE na Europa;

- A situação do DB ainda se mostra fragilizada, com rumores de que o banco poderia fazer uma capitalização através da emissão de ações;

- O relacionamento entre a Rússia e os EUA está se deteriorando devido a situação na Síria;

- A forte depreciação do JPY levou o mercado a questionar como irá se comportar o CNY em um ambiente de perda de competitividade frente a depreciação da moeda do Japão.

Acredito que todos esses eventos são pontuais e localizados, porém capazes de gerar algum volatilidade e ruído nos mercados financeiros globais.

Em relação ao ECB, acredito que eles ainda estejam longe de alterar significativamente sua postura agressiva no tocante a política monetária, e qualquer decisão nessa direção será extremamente gradual. Contudo, o mercado espera hoje um aumento, ou alongamento do QE, para depois de março de 2017. Novas medidas de expansão monetária, tais como cortes adicionais nas taxas de juros também não são descartadas. A simples possibilidade do ECB não adotar medidas adicionais já seria uma surpresa negativa para os investidores.

Além disso, e principalmente, qualquer movimentação na direção de um “tapering” poderá dar a sensação de que o poder dos instrumentos disponíveis hoje pelos bancos centrais está se esgotando, o que não será bem visto pelos ativos de risco. Por ora, vejo este debate como um ruído pontual, mas com potencial de gerar volatilidade.

O dia acabou sendo de forte queda das commodities metálicas, alta do dólar e abertura de taxas de juros, com movimentos de steepening das curvas. Os movimentos de hoje, e o pano de fundo em que ocorreram, se assemelham muito ao ocorrido no começo do mês de setembro.

Os ativos locais seguiram o humor global a risco. A PIM apresentou queda de 3,8% MoM e -5,2% em relação ao mesmo período do ano passado. O número confirma minha visão de que a recuperação da economia será extremamente gradual, devido a uma série de restrições impostas atualmente ao crescimento.

Reforço minha mensagem desta manhã: Eu mantenho uma visão mais cautelosa para o cenário externo no curto-prazo, vendo alguns riscos de amontoando. Contudo, o cenário local continua bastante positivo. Por ora, o cenário de baixo crescimento global, com flutuações em torno da tendência, com um cenário de inflação contida, e bancos centrais ainda expansionistas, deve continuar a ser visto como positivo e estável para os ativos de risco. Neste ambiente, os ativos brasileiros devem continuar apresentando desempenho positivo. Caso este cenário seja testado em alguma frente (crescimento mais baixo, inflação mais alta, bancos centrais menos expansionistas, risco a estabilidade financeira, entre outros) deveremos rever esta visão.




Data: 04/10/2016

Update.

Os ativos de risco estão operando próximos a estabilidade, novamente sem tendências relevantes ou correlações muito óbvias. As bolsas da Europa e EUA operam em alta, em um dia de estabilização da situação do DB (até o momento). O dólar apresenta leve fortalecimento, com destaque para mais uma rodada de queda da GBP, após a Primeira Ministra da Inglaterra afirmar que não pretende dar prioridade a situação do sistema financeiro nas negociações do Brexit. As commodities operam em leve queda, provavelmente refletindo a notícia, no final de semana, de que algumas cidades na China estão implementando medidas que visam frear o mercado imobiliário do país.

No Brasil, a segunda-feira foi de forte apreciação dos ativos locais. As eleições municipais mostraram uma forte e relevante perda de espaço do PT e das esquerdas radicais, levando a um fortalecimento, especialmente, do PSDB. O resultado foi sem dúvida alguma positivo aos olhos do mercado financeiro brasileiro, o que ajudou o movimento de apreciação dos ativos locais.

Ao que parece, a posição técnica estava mais leve do que eu imaginava, o que acabou ajudando a dar ímpeto ao movimento de apreciação dos mercados de câmbio, juros e renda variável nesta segunda-feira. Finalmente, vale lembrar que se aproxima a data para que a PEC do Teto dos Gastos seja aprovada no Congresso, o que pode ser a primeira mudança estrutural relevanta aprovada pelo país em vários anos, ajudando sobremaneira as contas públicas locais.

Eu mantenho uma visão mais cautelosa para o cenário externo no curto-prazo, vendo alguns riscos de amontoando. Contudo, o cenário local continua bastante positivo. Por ora, o cenário de baixo crescimento global, com flutuações em torno da tendência, com um cenário de inflação contida, e bancos centrais ainda expansionistas, deve continuar a ser visto como positivo e estável para os ativos de risco. Neste ambiente, os ativos brasileiros devem continuar apresentando desempenho positivo. Caso este cenário seja testado em alguma frente (crescimento mais baixo, inflação mais alta, bancos centrais menos expansionistas, risco a estabilidade financeira, entre outros) deveremos rever esta visão.

O estrategista de FX do Morgan Stanley está alertando para algum risco inflacionário no mundo desenvolvido no curto-prazo:

Inflation upside and volatility: Global inflation surprises continue to point to the upside, largely driven by higher commodity prices than at the start of the year and fiscal support from China helping to stabilise manufacturing data. However, this rise of inflation surprises has come at a time when bond yields are close to all-time lows and investor positioning in bond markets is getting increasingly stretched. With the markets positioned for more negative rates in both the eurozone and Japan, we as FX strategists are starting to pay more attention to risks posed should bond yields start to rise from expectations that higher inflation reduces the need for more rate cuts. Indeed, our rates strategists are positioned for this scenario via selling Bunds vs. Treasuries, which should help the case for a higher EURUSD. Historically FX volatility has followed bond volatility closely, in contrast with equity volatility, which has managed to stay relatively low despite uncertainty about global monetary policies. Our analysis shows that GBP and CAD should weaken if bond volatility rises. 




Data: 03/10/2016

Europe PMI, Japan Tankan and Brazil Elections.

Os ativos de risco estão abrindo a semana se tendência definida, na ausência de mudanças substanciais de cenário. As bolsas dos EUA operam próximas a estabilidade. As bolsas da Europa sobem, ainda refletindo o movimento dos mercados na sexta-feira, ajudadas pela recuperação na ação do DB. O petróleo opera em alta, mas as demais commodities não apresentam tendência definida. O mesmo vale para o mercado de moedas. Observamos alguns movimentos pontuais e localizados, como a queda do GBP após os últimos sinais do governo em relação ao Brexit, mas uma apreciação do MXN.

Na Área do Euro, o Markit Manufacturing PMI ficou estável em 52,6 pontos, dentro das expectativas do mercado, o mesmo nível de sua prévia, mas superior aos 51,7 pontos do mês anterior.

No Japão, o Tankan mostrou um quadro ainda incerto para o crescimento do país. Segundo o Morgan Stanley:

Flat trends for large manufacturers: The business conditions DI for large manufacturers stayed at +6 points for a second straight quarter. While this result was marginally below the median value of market estimates (+7 points), it was in line with our forecast and not a surprise. Meanwhile, broad industries reported weaker sentiment, including general-use and manufacturing machinery and chemicals. While the three-month-ahead outlook DI projects continuation for +6 points for large manufacturers, business plans assume a forex rate of ¥107.92/$ for FY2016 (¥107.42 in 2H) and this level still deviates substantially from the actual rate. Business conditions DI for small manufacturers, which are more sensitive to economic trends, was -3 points, a slight improvement from the previous survey (-5 points). We believe this segment is demonstrating solid resilience.

Large non-manufacturers in a flat range too: Large non-manufacturers reported business conditions DI of +18 points, staying roughly on par with the previous survey’s result (+19 points). This outcome was also on track with our prior forecast. While the overall index held in a flat range, sentiment differs among industries, similar to the manufacturing case.

No Brasil, segundo o Valor, as eleições fortalecem o governo Temer, a medida que enfraqueceram o PT. Segundo artigo do Jornal:

O resultado do primeiro turno das eleições municipais deve ser visto como uma boa notícia pelo mercado financeiro por fortalecer a expectativa de avanço das propostas de reforma fiscal. Na visão de analistas políticos ouvidos pelo Valor, ainda que não seja possível atribuir o resultado das urnas a um apoio do eleitorado ao governo Temer, o enfraquecimento do PT pode esvaziar ou limitar as críticas da oposição à agenda fiscal. "Uma surpresa a favor do PT daria força ao debate crítico às propostas de ajuste fiscal. Mas o enfraquecimento do partido vai diminuir a caixa de ressonância a essas críticas", afirma Ricardo Ribeiro, analista político da MCM Consultores.  




Data: 03/10/2016

DB, Brexit, China e Eleições EUA.

Na sexta-feira, a situação do DB continuou no foco dos mercados financeiros globais. Um rumor de que o banco poderia fazer um acordo para pagar cerca de US$5,5 a US$6bi de multas ao Departamento de Justiça dos EUA (DoJ), ao invés dos cerca de US$14bi que estão sendo cobrados, ajudou a promover uma forte elevação das ações do DB, dando suporte aos ativos de risco.

Ao longo do final de semanas, estes valores e este acordo não foram, até o momento, confirmados. Alguns meios de comunicação, inclusive, dizem que as negociações nem começaram em torno deste tema. Além disso, a mídia alemã afirma que não existe apoio da população e no meio político para qualquer tipo de ajuda financeira pública para a instituição.

Acredito que os problemas do DB transcendem apenas o acordo junto ao DoJ em relação ao pagamento de reparações para os problemas ocorridos na crise de 2008. Na minha visão, existem saídas viáveis para a situação da instituição, mas acredito que podemos ter um período de maior incerteza e volatilidade em relação a esta questão no curto-prazo.

Alguns outros temas vieram a tona também neste final de semana. 

Brexit – A Primeira Ministra da Inglaterra anunciou que pretende começar o processo de saída do país da União Europeia em março de 2017. Segundo a mídia local, as negociações iniciais iriam centra-se nas questões relacionadas a imigração e fronteiras. Este é um tema sensível, e que talvez não seja bem visto pelos mercados financeiros globais, que preferem um acordo mais rápido no tocante as relações financeiras e comerciais do país com a União Europeia. O Brexit pode voltar a ser um tema de mercado que estava em “banho Maria”.

China – Segundo um artigo da Bloomberg algumas cidades do país implementaram medidas para evitar uma nova rodada de apreciação (e o desenvolvimento de bolhas) no mercado imobiliário do país. Vejo as medidas como estruturalmente positivas, mas podem vir a reduzir o ritmo de crescimento do país.

Os policy makers chineses vêm adotando uma postura de “stop and go” em relação ao crescimento do país. Após um começo de ano de forte pressão baixista, optaram por frear as reformas estruturais, injetar crédito na economia e dar suporte ao mercado imobiliário. Nos últimos meses, o crescimento mostrou sinais de estabilização, o crédito apresentou forte expansão e o mercado imobiliário sofreu acentuada apreciação. Agora, demonstram maior conforto no tocante à situação da economia, e parece que irão tentar evitar o desenvolvimento de um cenário mais perigoso de alavancagem no mercado imobiliário e de crédito. Esta postura pode trazer algum arrefecimento do crescimento.

Segundo a Bloomberg: Local governments in seven Chinese cities tightened rules for home purchases over the past three days in a bid to damp resurgent demand and rein in excessive speculation. Authorities in those metropolitan areas introduced measures ranging from raising down-payment requirements for both first and second homes to ruling some potential buyers ineligible. Sichuan’s provincial capital Chengdu and Henan’s provincial capital Zhengzhou on Sunday banned people from buying a third property in some areas. Wuxi, a southern manufacturing base close to Shanghai, raised down-payment requirements for second homes to a minimum of 40 percent of the property’s value from 30 percent previously. Capital city Beijing on Friday increased down payments for first-time purchasers to a minimum of 35 percent of the selling price, the highest level among Chinese biggest cities. Adjacent Tianjin banned non-locals from buying second properties, while southern Suzhou said it would warn developers if prices were “notably” higher than costs plus a reasonable profit. And Shandong’s provincial capital, Jinan, increased down-payment requirements on first homes to 30 percent from 20 percent in select areas, and on second residences in those places to 40 percent from 30 percent, according to the official Xinhua News Agency.

EUA – As eleições americanas devem ganhar cada vez mais destaque ao longo dos próximos dias. A despeito da melhora nas perspectivas para Hillary após o primeiro debate, a situação ainda está indefinida, com as pesquisas apertadas. Novos debates podem vir a alterar este quadro.

Brasil – O mercado local de juros continua a ser o grande destaque positivo de desempenho entre as classes de ativos locais, ancorado pelo cenário de política monetária. Na sexta-feira, a situação não foi diferente, com o Ibovespa operando estável, o dólar em leve alta e mas com fechamento de taxa de juros.

Como sexta-feira foi final de mês e de trimestre, os fluxos de ajuste de posições e balanços podem ter afetado o desempenho do BRL. O cenário local continua positivo para a moeda, assim como as expectativas de fluxos, mas o desempenho tem se mostrado frustrante a posição técnica aparenta estar carregada. Vejo o BRL como um play de carrego, com o range de 3,0-3,3 devendo ser mantido no curto-prazo.

O mercado local de juros deve continuar mais defendido da volatilidade externa, devido a melhora nas perspectivas de inflação e do avanço das reformas econômicas. Contudo, nos atuais níveis, um ruído externo, ou a percepção de que o BCB não iniciará um ciclo de corte de juros em outubro (o que atribuo baixa probabilidade, exceto por uma desvalorização rápida e acentuada da moeda) pode vir a levar a uma realização de lucros neste mercado.




Data: 30/09/2016

DB (ainda) em foco.

Acho prudente trabalhar com uma menor exposição a risco (ou hedges mais agressivos no mercado externo), a espera de melhores pontos de entrada na alocação dos mercados locais, especialmente do mercado de juros. Acredito que a posição técnica tenha piorado nos últimos dias (ou semanas), o que pode acabar trazer volatilidade e oportunidades de investimento.

Ainda vejo os problemas do DB como pontuais e localizados, mas dado o potencial de contágio para o resto do mundo, e minha falta de informação sobre o tema, prefiro manter postura mais cautelosa no curto-prazo.

O banco (DB) vem sendo foco de especulações há vários meses, com suas ações e títulos de dívida sofrendo de maneira acentuada neste processo. Não parece haver uma solução simples, fácil ou, até mesmo factível, no curto-prazo, para dirimir totalmente os problemas de liquidez, solvência e capital requerido pelas novas regras globais. O banco é sim um “risco de cauda” (e um “risco sistêmico”) para os mercados financeiros globais caso não consiga administrar seus problemas de maneira suave e transparente.

Infelizmente, meu conhecimento em relação à situação da instituição é baixo, mas acho válido fazermos algumas reflexões. Acredito que o DB se encaixa no rol de instituições “Too Big To Fail”. Na minha visão, os policy makers não deixarão o banco, de fato, “quebrar”. Contudo, tenho dúvidas de quanto à instituição, e os mercados financeiros globais, precisarão sofrer antes que uma atuação mais assertiva seja tomada pelas autoridades. O timing dos políticos geralmente é diferente do timing dos mercados. Suas ações dependem de uma série de questões (regulamentação, moral hazard e etc). De qualquer maneira, acredito que o que ocorreu com a Lehman (e suas consequências para o mundo) tenha sido um exemplo que ninguém queira repetir. Tenho dúvidas, contudo, na velocidade que este processo poderá ser definido. 




Data: 30/09/2016

DB em foco.

No meio do dia de hoje os mercados financeiros globais foram informados, por uma matéria da Bloomberg que alguns hedge funds estariam retirando colateral do DB. Segundo o artigo:

Some Deutsche Bank Clients Said to Reduce Collateral on Trades

By William Canny

(Bloomberg) -- A number of funds that clear derivatives trades with Deutsche Bank AG have withdrawn some excess cash and positions held at the lender, a sign of counterparties’ mounting concerns about doing business with Europe’s largest investment bank.

While the vast majority of Deutsche Bank’s more than 200 derivatives-clearing clients have made no changes, some funds that use the bank’s prime brokerage service have moved part of their listed derivatives holdings to other firms this week, according to an internal bank document seen by Bloomberg News.

Eu tenho alertado para o risco de ruídos de curto-prazo em relação a potencias desenvolvimentos negativos provenientes da Europa. Escrevi na segunda-feira que o banco (DB) vem sendo foco de especulações há vários meses, com suas ações e títulos de dívida sofrendo de maneira acentuada neste processo. Não parece haver uma solução simples, fácil ou, até mesmo factível, no curto-prazo, para dirimir totalmente os problemas de liquidez, solvência e capital requerido pelas novas regras globais. O banco é sim um “risco de cauda” e um “risco sistêmico” para os mercados financeiros globais caso não consiga administrar seus problemas de maneira suave e transparente.

Infelizmente, meu conhecimento em relação a situação da instituição é baixo, mas acho válido fazermos algumas reflexões. Acredito que o DB se encaixa no rol de instituições “Too Big To Fail”. Na minha visão, os policy makers não deixarão o banco, de fato, “quebrar”. Contudo, tenho dúvidas de quanto a instituição e os mercados financeiros globais precisarão sofrer antes que uma atuação mais assertiva seja tomada pelas autoridades. O timing dos políticos geralmente é diferente do timing dos mercados. Suas ações dependem de uma série de questões (regulamentação, moral hazard e etc). De qualquer maneira, acredito que Lehman tenha sido um exemplo que ninguém queira repetir. Tenho dúvidas, contudo, na velocidade que este processo poderá ser definido.

Vale lembrar que o sistema financeiro da Itália continua fragilizado, sem uma solução definitiva, o que pode acabar adicionando ruído e volatilidade aos ativos de risco.

Continuo otimista com os avanços realizados no Brasil. Acredito que posição técnica dos mercados locais tenha piorado consideravelmente nos últimos dias. O curto-prazo promete trazer alguma incerteza e volatilidade. Estou com um portfólio mais conservador, e olharei pioras nos ativos locais como oportunidade de voltar a ter alocações mais agressivas.




Data: 29/09/2016

Brasil: BRL e notícias positivas para o ajuste fiscal.

Sem novidades relevantes no cenário, os ativos de risco estão digerindo a decisão da OPEP em anunciar um corte de produção de petróleo para ser implementado na próxima reunião do cartel em novembro. Os detalhes ainda são escassos, a implementação deverá ter ruído, mas a notícia, sem dúvida alguma, retira um “risco de cauda” do cenário, e deve levar o petróleo a ter um piso no curto-prazo.

No Brasil, acho importante fazermos um breve comentário do sobre o BRL. Não tenho dúvida que parte relevante do desempenho da moeda, no logo-prazo, tende a ter um componente elevado das condições externas para o USD. Em curtos períodos de tempo, contudo, alguns vetores locais precisam ser observados. Nos últimos dias, vimos uma pressão sobre o cupom cambial, com as taxas curtas abrindo acentuadamente. Este movimento sinaliza para um pressão de saída de fluxos do spot, seja por questões de final de mês e trimestre, seja pelo desmonte de algumas operações fiscais que estão sendo revertidas por mudanças na legislação do país em que essas operações foram estruturadas. De qualquer maneira, com o BCB ausente do mercado de linha, este movimento acabou impedindo um bom desempenho do BRL neste final de mês, especialmente em comparação com os seus pares.

Contudo, vejo sinais mais positivos para o fluxo cambial. Algumas empresas já anunciaram emissões externas (Votorantim, Ultrapar, e etc), e outras devem seguir este mesmo caminho, aproveitando-se da janela externa para emissões. Nesta mesma linha, algumas operações locais (como a venda da CPFL, a venda de ativos da Petro, e etc) prometem trazer fluxos relevantes para o país. Finalmente, o avanço do ajuste fiscal deverá ser um componente importante para dar suporte à moeda brasileira. Vejo posições no BRL como plays de carrego, mas a moeda pode testar um range mais baixo nos próximos dias, saindo do 3,15-3,30 para 3,10-3,20.

Os jornais de hoje trazem mais notícias positivas em torno do ajuste fiscal. Seguem algumas manchetes nesta linha:

Estadão - Estimativas são de 360 votos favoráveis à PEC do Teto

Estadão - Governo acelera PEC do Teto para ‘ajudar’ o BC

Valor - Governo negocia com militares mudanças em regras de pensões

Folha - Governo estuda desvincular benefícios do salário mínimo, confirma Padilha (Valdo Cruz)     




Data: 29/09/2016

OPEC: Set. Ready. Cut! (but only in november).

A OPEP anunciou, extraoficialmente (até o momento) a intensão de formar um comitê para estudar maneiras de cortar a produção do bloco, e congela-lo nos níveis que serão definidos. Além disso, devem buscar dialogo com países produtores que não participam do cartel, a fim de racionalizar a oferta e demanda, e buscar níveis de preço que onerem menos os países produtores.

A decisão é de certa forma uma surpresa positiva, pois as expectativas em torno desta reunião eram baixas. Diante deste quadro, não surpreende a alta de quase 5% nos futuros de WTI.

Como comentei no começo da semana: Nos últimos dias, cresceu o ruído em torno de um potencial acordo para congelamento de produção da OPEP, o que tem ajudado a dar suporte a commodity. Vale a pena mencionar que a situação econômica dos países do Oriente Médio, dependentes de petróleo, como a Arábia Saudita, começa a se mostra cada vez mais desafiadora. Alguns países estão sendo obrigado a promover cortes de orçamento e, até mesmo, anunciar medidas de suporte ao setor bancário. É a primeira vez, desde que eu me entendo por gente, que uma situação como essas acontece em países, até pouco tempo atrás, vistos como "países riscos”. Talvez os últimos eventos sejam um sinal de que o balanço ideal de preço tenha que ser mais alto do que o verificado nos últimos meses. Como não sou um entendedor profundo sobre o tema, só nos resta observar as ações da OPEP.

No Brasil, o destaque dos últimos dias fica por conta das movimentações de bastidores para o avanço da PEC do Teto dos Gastos. Os últimos sinais emitidos pelo congresso são positivos. As ações recentes de Temer mostram que o presidente apresenta imensa capacidade de gestão e coordenação política. O governo já está ventilando o que seria um esboço da Reforma da Previdência, com pontos que me parecem extremamente positivos. Vi com bons olhos a decisão de adiar o envio da proposta da previdência para depois do primeiro turno das eleições, e para depois que a PEC do Teto dos Gastos já tenha avançado.

De maneira geral, a reforma econômica avança a um ritmo até mais acelerado do que o previsto, com a sorte de um cenário externo construtivo e um arrefecimento providencial da inflação.

Acho válido promover alguns ajustes nas posições. Acredito que a curva de juros curta já esteva bem precificada, neste momento, para o cenário de política monetária que tenho em mente. O momento parece oportuno para alongar duration (movimento já observado nos últimos dias). Além disso, diante de um cenário externo com menos riscos de curto-prazo, e depois do acentuado rally do mercado local de juros, acredito que o Ibovespa, o BRL e a B50 tenho ficado um pouco para trás nesta última rodada de valorização dos ativos locais.

Com o ajuste fiscal no estágio em que se encontra, vejo espaço para que esses ativos apresentem valorização adicional no curto-prazo. Meu cenário base, agora, é para queda de 50bps na Taxa Selic na reunião do Copom de outubro, mas acredito que existem estruturas de opção com risco/retorno mais favoráveis do que a curva curta de juros.




Data: 28/09/2016

No news is good news.

Os ativos de risco estão operando próximos a estabilidade, com leve viés positivo, na ausência de notícias relevantes. Mantendo-se este cenário, os ativos de yield/carry devem continuar a se favorecer de um ambiente de crescimento global baixo, sem recessão global, mas com flutuações em torno da tendência e manutenção dos bancos centrais nas principais economias do mundo com postura ainda expansionista. Vale lembrar que, muitos países que apresentam yields atrativos, têm mostrado avanços institucionais e estruturais importantes no que tange a suas economias, o que se coloca como um vetor adicional de atratividade. 

Nesta manhã, alguns veículos de comunicação está afirmando que o governo alemão já prepara planos de contingência caso a situação do DB mostre deterioração adicional. O banco vem sendo foco de especulações há vários meses, com suas ações e títulos de dívida sofrendo de maneira acentuada neste processo. Não parece haver uma solução simples, fácil ou, até mesmo factível, no curto-prazo, para dirimir totalmente os problemas de liquidez, solvência e capital requerido pelas novas regras globais. O banco é sim um “risco de cauda” e um “risco sistêmico” para os mercados financeiros globais caso não consiga administrar seus problemas de maneira suave e transparente.




Data: 28/09/2016

Set. Ready. Cut!

Dois eventos merecem destaque nesta terça-feira.

No cenário externo, a percepção de que Hillary Clinton venceu o primeiro debate para as eleições presidenciais norte americanas ajudaram a dar sustentação a alguns ativos de risco, como o MXN e as bolsas dos EUA. O petróleo acabou apresentando papel secundário, com a OPEP, mais uma vez, falhando em chegar a um acordo para o congelamento (ou redução) da produção dos países membros, o que levou a uma forte queda da commodity. O DB continua no foco do mercado e poderá trazer alguma volatilidade no curto-prazo.

No Brasil, o Relatório de Inflação (RI) mostrou expectativas/previsões menores do que no RI anterior, e mais baixas do que na última Nota do Copom. Além disso, as previsões do BCB ficaram abaixo das expectativas do mercado. O texto do Relatório adotou mensagem similar àquela que já vinha sendo incorporada pelo BCB em eventos recentes.

Acredito que o BCB sancionou a janela para que o ciclo de queda de juros se inicie na reunião do Copom de outubro. Ainda vejo um cenário dividido entre uma queda de 25bps ou 50bps. O cenário para a inflação e o ajuste fiscal, no interregno até a reunião, que definirá o tamanho desta queda inicial da taxa Selic.

A curva já embute cerca de 30bps de queda no Copom de outubro, com um ciclo total superior a 300bps. Vejo a curva mais curta “fairly priced” neste momento. Acredito que o Jan21 seja o melhor vértice da curva no atual nível de preços. Na minha visão, o mercado pode dar continuidade ao movimento de fechamento de taxas, mas acho prudente realizar lucros de parte das posições. Continuo otimista com o cenário para o Brasil, mas acredito que o processo de recuperação e ajuste não será linear. Uma redução agora deve ser vista como tática, mantendo posições estruturais em ativos do Brasil.

Segundo nosso Economista Chefe:

As projeções de inflação do cenário de referência e de mercado vieram melhores que o esperado (no mercado, o IPCA de 2017 ficou 4,9% - esperava-se em 5,1% e o IPCA de 2018 ficou em 4,6% - esperava-se ficar mais ou menos flat em torno de 5%);

>> Vale mencionar que as projeções de inflação podem melhorar ainda mais caso o fiscal faça câmbio apreciar e a expectativa de inflação cair adicionalmente (como sugerido na seção de projeções);

>> Além disso, há algum espaço para surpresa para baixo nas expectativas de inflação de curto prazo (as projeções do BC para outubro e novembro são 0,40% e 0,45% e nós esperamos +0,36% e +0,41%);

>> Sobre os fatores condicionais: (i) que a persistência dos efeitos do choque de alimentos na inflação fosse limitada; (ii) que os componentes do IPCA mais sensíveis à política monetária e à atividade econômica indicassem desinflação em velocidade adequada; e (iii) que ocorresse redução da incerteza sobre a aprovação e implementação dos ajustes necessários na economia, incluindo a composição das medidas de ajuste fiscal e seus respectivos impactos sobre a inflação.

(i)                 SINAL VERDE:  “Evidências recentes indicam que a queda nos preços de alimentos no atacado tem se transmitido para o varejo. Além disso, projeções para subitens de alimentos parecem mostrar mais segurança no processo de reversão do choque de preços nesse setor”

(i)SINAL AMARELO: “No que tange ao segundo fator, ainda há sinais inconclusivos quanto à velocidade de desinflação em direção à meta”

(i)DE SINAL AMARELO PARA VERDE: “há sinais positivos em relação ao encaminhamento e apreciação das reformas fiscais. Entretanto, o processo de tramitação ainda está no início e as incertezas quanto à aprovação e implementação dos ajustes necessários permanecem”  




Data: 27/09/2016

Hillary 1 x Trump 0.

 

O primeiro debate eleitoral entre os candidatos para presidente dos EUA foi vencido por Hillary Clinton, segundo 62% dos espectadores da CNN. Os ativos de risco reagiram de acordo, apresentando forte recuperação ao longo da noite. Contudo, na última hora, vimos um arrefecimento deste movimento.

A agenda do dia será carregada, com Relatório de Inflação no Brasil, Consumer Confidence e Markit US Services PMI nos EUA.

As ações do DB ainda estão no foco do mercado, sem que haja uma solução de curto-prazo para os problemas da instituição.

Mantenho minha visão de que não vejo grandes movimentos ou tendências de curto-prazo, o que me mantém concentrado no mercado local de juros, onde vejo um mix de cenário econômico local favorável, carry/yield elevado (em comparação com outros ativos do mundo), valuations atrativos e uma posição técnica ainda positiva. É notório, contudo, que nos atuais níveis de preço, para que o movimento de fechamento de taxas continue, será necessário um sinal mais claro do BCB de que um corte na taxa Selic deverá ocorrer já no Copom de outubro, o que hoje me parece o cenário base.




Data: 26/09/2016

Eleições, Petróleo e DB.

 

Os mercados financeiros globais tiveram uma segunda-feira para digerir alguns eventos pontuais que, por ora, estão mantendo-se localizados. Alguns deles tem algum potencial de contágio para o resto do mundo. Até o presente momento, contudo, me anima o fato do mercado estar conseguindo diferenciar eventos locais.

EUA – Hoje teremos o primeiro debate para as eleições presidências no país. O mercado vinha apresentando uma certa leniência com o evento. Dado o quão apertado está a corrida presidencial, me parece natural termos algum ruído em torno do tema. Pesquisas recentes continuam mostrando uma tendência de melhora para Trump, com uma pequena liderança para Hillary.

Petróleo -  Nos últimos dias, cresceu o ruído em torno de um potencial acordo para congelamento de produção da OPEP, o que tem ajudado a dar suporte a commodity. Vale a pena mencionar que a situação econômica dos países do Oriente Médio, dependentes de petróleo, como a Arábia Saudita, começa a se mostra cada vez mais desafiadora. Alguns países estão sendo obrigado a promover cortes de orçamento e, até mesmo, anunciar medidas de suporte ao setor bancário. É a primeira vez, desde que eu me entendo por gente, que uma situação como essas acontece em países, até pouco tempo atrás, vistos como "países riscos”. Talvez os últimos eventos sejam um sinal de que o balanço ideal de preço tenha que ser mais alto do que o verificado nos últimos meses. Como não sou um entendedor profundo sobre o tema, só mês resta observar as ações da OPEP.

DB – o banco vem sendo foco de especulações há vários meses, com suas ações e títulos de dívida sofrendo de maneira acentuada neste processo. Não parece haver uma solução simples, fácil ou, até mesmo factível, no curto-prazo, para dirimir totalmente os problemas de liquidez, solvência e capital requerido pelas novas regras globais. O banco é sim um “risco de cauda” e um “risco sistêmico” para os mercados financeiros globais caso não consiga administrar seus problemas de maneira suave e transparente.

Brasil – A conta corrente de agosto apresentou déficit levemente inferior as expectativas, com FDI ainda robusto. Me impressiona a saída elevada de fluxos na conta financeira, através de títulos de renda fixa e ações. A alocações dos estrangeiros em renda fixa, em percentual da dívida, e em financeiro, é a menor desde 2013! Ao contrário de alguns players, eu acredito que haja espaço para um retorno de (pelo menos) parte desses recursos. Primeiro por alocações direcionais, após vários anos de alocações UW em Brasil. Segundo, por uma rotação de países cujos fundamentos possam estar em vias de deterioração (como México e Turquia, por exemplo), para países com fundamentos em vias de recuperação, como o Brasil.

Amanhã teremos a divulgação do Relatório de Inflação pelo BCB logo cedo. Os números apresentados pode selar (ou afastar totalmente) a possibilidade de um corte de juros na reunião de outubro do Copom. 




Data: 26/09/2016

DB em Foco.

 

Os ativos de risco estão abrindo a semana sem grandes correlações. Estamos observamos uma fraqueza das bolsas na Ásia, Europa e EUA, que pode estar sendo liderada por mais uma rodada de queda das ações do DB. Segundo a Bloomberg:

Deutsche Bank AG shares dropped to a record low amid concerns that mounting legal bills, including a looming fine over its pre-crisis mortgage bond business, may force the lender to raise capital. The shares dropped 6.3 percent to 10.70 euros at 10:14 a.m. in Frankfurt. The 38-member Bloomberg Europe Banks and Financial Services Index slipped 1.5 percent, with Deutsche Bank the worst performer. Chancellor Angela Merkel has ruled out state aid for Deutsche Bank ahead of national elections in September 2017, Focus magazine reported last week, citing unidentified government officials. The German leader also declined to step into the bank’s legal imbroglio with the Justice Department, the magazine reported.

A despeito da fraqueza nas bolsas ao redor do mundo, o USD opera relativamente estável, com as commodities em leve queda e as taxas de juros apresentando fechamento de taxas no mundo desenvolvido. Os ativos emergentes operam, em sua maioria, próximos a estabilidade.

Ainda vejo o cenário de baixo crescimento global, sem riscos aparentes de recessão, mas com flutuações em torno da tendência, e a manutenção dos bancos centrais nas principais economias do mundo com postura extremamente expansionista como vetores positivos para ativos de carry/yield, pelo menos no curto-prazo.

Eu vejo as eleições nos EUA como o próximo grande risco aos mercados financeiros globais. Outro risco iminente fica por conta de um potencial questionamento dos investidores em torno da real potência da política monetária no mundo desenvolvido. Finalmente, a sustentabilidade da estabilização do crescimento chinês, à custa de uma injeção cada vez maior de crédito na economia, é um problema que precisa ser monitorado ininterruptamente.

Reforço que vejo estes eventos como riscos ao cenário, e não como cenário central. Acredito que especialmente os dois últimos serão foco dos mercados financeiros globais em algum momento do tempo, mas vejo uma janela no curto-prazo em que ambos possam ficar restritos ao âmbito de “riscos de cauda”, e não “cenário base”.

Neste ambiente, não vejo grandes tendências de curto-prazo nos mercados financeiros globais, exceto por movimentos pontuais e localizados. Assim, tenho mantido o foco no mercado local de juros, em que vejo “os astros alinhados” para mais uma rodada de fechamento de taxas de juros (inflação corrente em queda, expectativas de inflação ancoradas, BCB próximo ao inicio do ciclo de queda de juros, avanço do debate em torno da reforma fiscal, e etc). O BRL me parece um play de carrego. Há espaço para que o range de 3,2-3,3 caia para 3,0-3,2, mas não vejo grandes apreciações a partir do ponto em que estamos. Por mais que o fluxo deva melhorar, e o externo se mostre positivo no curto-prazo, não vejo a moeda muito abaixo do patamar de 3,0.




Data: 26/09/2016

No news is good news?

O final de semana foi de poucas novidades para o cenário econômico global, até o momento. A semana terá como destaque o primeiro debate para a campanha a presidente dos EUA, que poderá ser determinante para as intenções de voto dos americanos.

Eu vejo as eleições nos EUA como o próximo grande risco aos mercados financeiros globais. Outro risco fica por conta de um potencial questionamento dos investidores em torno da real potência da política monetária no mundo desenvolvido. Finalmente, a sustentabilidade da estabilização do crescimento chinês, à custa de uma injeção cada vez maior de crédito na economia, é um problema que precisa ser monitorado interruptamente.

Reforço que vejo estes eventos como riscos ao cenário, e não como cenário central. Acredito que especialmente os dois últimos, serão foco dos mercados financeiros globais em algum momento do tempo, mas vejo uma janela no curto-prazo em que ambos possam ficar restritos ao âmbito de “riscos de cauda” e não “cenário base”.

Neste ambiente, não vejo grandes tendências de curto-prazo nos mercados financeiros globais, exceto por movimentos pontuais e localizados. Assim, tenho mantido o foco no mercado local de juros, em que vejo “os astros alinhados” para mais uma rodada de fechamento de taxas de juros (inflação corrente em queda, expectativas de inflação ancoradas, BCB próximo ao inicio do ciclo de queda de juros, avanço do debate em torno da reforma fiscal, e etc). O BRL me parece um play de carrego. Há espaço para que o range de 3,2-3,3 caia para 3,0-3,2, mas não vejo grandes apreciações a partir do ponto em que estamos. Por mais que o fluxo deva melhorar e o externo se mostre positivo no curto-prazo, não vejo a moeda muito abaixo do patamar de 3,0.

Em relação ao noticiário do final de semana, destaque para algumas matérias falando sobre o preço da gasolina. O resumo geral é que ainda não há decisão fundamentada para qual será o novo modelo de precificação, mas que um novo modelo será apresentado até o final do ano. Neste novo modelo, a paridade internacional e a competitividade deverão ser observadas. Assim, me parece claro que há espaço, neste momento, para uma queda no preço da gasolina até o final do ano. Mais importante do que isso, a sinalização deste novo modelo de precificação deveria ajudar na queda das expectativas de inflação para 2017.

Já segundo Vicente Nunes, do Correio Brasiliense:

Em meio ao vaivém de decisões, o que causa péssima impressão do governo, o presidente Michel Temer poderá receber uma ótima notícia bem antes do esperado. Se nada mudar no meio do caminho, na segunda quinzena de outubro, o Banco Central dará início ao corte da taxa básica de juros (Selic), que está em 14,25% ao ano desde julho de 2015. A inflação, que se mantinha resistente, cedeu com força, puxada pelos alimentos. O dólar está comportado, abaixo dos R$ 3,30 que o BC considera como teto para não pressionar o custo de vida. Só falta, agora, o Palácio do Planalto fazer andar, no Congresso, a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que limita o aumento de gastos à carestia do ano anterior. É a senha que o banco deseja.

Dentro do BC, a ordem é tratar do tema com cautela, ainda que a maioria dos diretores da instituição se mostre favorável ao alívio monetário o mais rapidamente possível. Ao mesmo tempo que indica que as portas estão abertas para a queda da Selic, o banco reforça que há riscos no meio do caminho, e que é preciso minimizá-los. O presidente do BC, Ilan Goldfjan, tratou de preparar os agentes econômicos para o que está por vir. Ele é o principal defensor da queda dos juros, mas insiste que não há espaço para aventuras. Na visão de Ilan, o governo precisa dar demonstrações mais fortes de compromisso com o ajuste fiscal. A maior preocupação da autoridade monetária é não passar uma imagem de leniência em relação à inflação.  




Data: 26/09/2016

Consolidação - Updated

A sexta-feira foi de poucas novidades no cenário econômico, exceto por um IPC-S de 0,18% - em linha com as coletas de inflação – e um Markit US Manufacturing PMI caindo marginalmente de 52,0 para 51,4.

O dia foi de realização de lucros nos mercados financeiros globais, com a queda no petróleo ajudando a pressionar as bolsas norte americanas (também pressionadas por uma queda nas ações da Apple) e um movimento de fortalecimento do dólar no mundo, especialmente contra as moedas emergentes e “commodities linked”. O Brasil seguiu o humor global a risco.

A grande verdade é que os ativos de risco estão sem apresentar grandes tendências nas últimas semanas (ou nos últimos meses), operando em ranges relativamente estreitos, o que acaba favorecendo posições de carrego.

O destaque dos últimos dias, sem dúvida alguma, ficou por conta do fechamento de taxas no mercado local de juros que, pela primeira vez desde maio, ameaça romper o piso na banda que vinha operando. O movimento é plenamente justificável pela melhora no cenário de inflação corrente, pela melhora nas perspectivas de aprovação do ajuste fiscal e, pela sinalização recente por parte do Banco Central.

Neste último quesito, me chamou a atenção o fato do BCB não vir a público tentar desfazer a precificação do mercado de juros, que já embute queda de 25bps no Copom de outubro e um ciclo de cerca de 300bps. Na minha visão, isto indica conforto com os atuais preços do mercado.

Vejo os movimentos de hoje como puros ajustes de posição, ou consolidações. Continuo concentrando risco no mercado local de juros, e buscando posições táticas no mercado de câmbio e renda variável.




Data: 23/09/2016

Consolidação...

Os ativos de risco estão apresentando alguma realização de lucros essa manhã, em um movimento natural após alguns dias de desempenho rápido e acentuado de recuperação. Acredito que, salvo mudanças substanciais de cenário, as realizações de lucro tendem a ser pontuais, localizadas e pouco acentuadas. Continuo concentrando alocação a risco no mercado local de juros. Qualquer pequeno movimento de abertura de taxas, no atual cenário, deve ser visto como uma grande oportunidade de adiciona posições aplicadas.

Em discurso na noite de ontem, Ilan afirmou que: O horizonte relevante das ações de política monetária, por sua vez, não é estático. Ele se desloca continuamente com o passar do tempo. Dentro dessa estratégia importância, de maneira gradual, para períodos igualmente à frente consistente, à medida que avançam os meses, as ações de política monetária passam a dar mais.

Não acredito que o BCB esteja retirando o foco da meta de inflação de 4,5% em 2017, mas me parece cada vez mais claro que há uma mudança sutil no discurso da instituição para mostrar que a janela de oportunidade para uma queda de juros está cada vez mais próxima. O Relatório de Inflação será fundamental na semana que vem, especialmente se as expectativas “um pouco mais a frente” mostrarem recuou substancial.

Na Europa, o Flash PMI apresentou novo movimento de queda, atingindo um piso de 20 meses. Por ora, ainda predomina um cenário de baixo crescimento global, sem riscos iminentes de recessão, mas com alguma flutuação em torno desta tendência. Neste ambiente, é natural esperar bancos centrais no mundo desenvolvido ainda extremamente expansionista. O risco, obviamente, seria este cenário acabar migrando para um período mais perigoso de recessão global. Enquanto isso não acontece, o cenário deve continuar positivo para ativos com yields elevados, fundamentos sólidos (ou em vias de melhora) e valuations atrativos.

Segundo a Barclays, Euro area “flash” composite PMIs came in slightly below expectations at 52.6 in September, a 20-month low. The minor decline was triggered by some consolidation in the services sector, with the services headline posting the weakest print since December 2014 (-0.7 point to 52.1), while manufacturing confidence improved to a three-month high. The diverging trend between services and manufacturing confidence is, in our view, driven primarily by developments in Germany, where services confidence moved down closer to the 50-threshold (a 39-month low), while manufacturing increased, hovering at healthy levels. Meanwhile, France PMIs surprised to the upside and outperformed Germany for the first time in over four years. Elsewhere, we expect manufacturing confidence to recover slightly from multi-month lows (+0.7 point on average for Italy, Spain and Ireland) and services confidence to drop from elevated levels (-1.5 points on average for Italy, Spain and Ireland). Overall, euro area PMI ended Q3 on a soft note, with the slight decline in PMIs quarterly average consistent with our tepid growth forecast for Q3 (0.3% q/q, in line with our PMI-based GDP indicator). 




Data: 23/09/2016

Brasil: Inflação cadente.

Os mercados financeiros globais seguiram o roteiro esperado após as reuniões do BoJ e do Fed, com movimentos de alocação em ativos de risco: USD fraco, fechamento de taxas de juros, alta nas bolsas e nas commodities. Salvo movimentos pontuais de realização de lucros que, na ausência de mudanças substanciais de cenário devem ser realizações curtas e pouco acentuadas, o cenário deve continuar construtivo no curto-prazo. 

Tenho a impressão que a volatilidade que assolou o mercado no início de setembro parece ter ajudado a melhorar o quadro técnico do mercado, aumentando ainda mais o espaço para um bom desempenho dos ativos de risco.

O destaque no Brasil ficou sem dúvida alguma para o IPCA-15, que apresentou alta de 0,23% MoM, muito abaixo das expectativas de 0,33% MoM. O qualitativo do número mostrou recuo de alimentação e serviços, com os núcleos e o índice de difusão em queda. Grande parte da surpresa positiva, contudo, ficou por conta da queda em alimentação, que tende a ser mais volátil, e cujas coletas já apontam para um arrefecimento.

Na minha visão, o cenário base, neste momento, é de queda de 25bps no próximo Copom, com risco de queda de 50bps.

Mantenho minha visão de mercado inalterada. Salvo algum evento fora do radar, parece que retornamos ao cenário de busca por carry/yield que prevaleceu até algumas semanas atrás. Para ajudar ainda mais positivamente o cenário, as condições para um ciclo de queda de juros no Brasil estão se materializando, e o ajuste fiscal caminha a passos largos.

Acredito que seja a hora de alongar duration na carteira de Brasil, mantendo estruturas de opção para a queda de juros em outubro. O ambiente ainda se mostra construtivo para o BRL e o Ibovespa, a despeito de realizações de lucro pontuais. O Brasil continua a ser o grande favorecido do atual cenário econômico global. 




Data: 22/09/2016

Sweet Spot / Carry On!

Os ativos de risco estão dando sequencia ao movimento positivo verificado na tarde de ontem, após a decisão do FOMC. O destaque fica por conta do enfraquecimento do USD contra as moedas EM e ligadas a commodities. As bolsas globais apresentam leve altas, com um fechamento de taxas de juros e uma alta no preço das commodities.

Não há novidades relevantes no cenário. Na agenda do dia, o destaque será o IPCA-15 no Brasil.

Reforço minha mensagem das últimas publicações, ou seja, passadas as reuniões do BoJ e do Fed, acredito que abre-se uma janela para mais um período de alocação a risco e, especialmente, busca por yields por parte dos investidores. O próximo evento de risco para o mercado será a eleição para presidente dos EUA, daqui a cerca de 45 dias. O cenário de médio-prazo da China preocupa, como sempre preocupou nos últimos anos, mas a injeção recente de liquidez parece estar ajudando a estabilizar a economia no curto-prazo.

Salvo algum evento fora do radar, parece que retornamos ao cenário de busca por carry/yield que prevaleceu até algumas semanas atrás. Para ajudar ainda mais positivamente o cenário, as condições para um ciclo de queda de juros no Brasil estão se materializando, e o ajuste fiscal caminha a passos largos.

Acredito que seja a hora de alongar duration na carteira de Brasil, mantendo estruturas de opção para a queda de juros em outubro. O Ambiente ainda se mostra construtivo para o BRL e o Ibovespa, a despeito de realizações de lucro pontuais. O Brasil continua a ser o grande favorecido do atual cenário econômico global. 




Data: 22/09/2016

Sweet Spot!

Passadas as reuniões do BoJ e do Fed, acredito que abre-se uma janela para mais um período de alocação a risco e, especialmente, busca por yields por parte dos investidores. O próximo evento de risco para o mercado será a eleição para presidente dos EUA, daqui a cerca de 45 dias. O cenário de médio-prazo da China preocupa, como sempre preocupou nos últimos anos, mas a injeção recente de liquidez parece estar ajudando a estabilizar a economia no curto-prazo.

Fed – Hawkish hike? Really? O FOMC manteve os juros estáveis em 0,25%, como era amplamente esperado. A surpresa que pode ser lida como hawkish foi o dissenso de 3 membros em favor de uma alta de 25bps já nesta reunião, contra 1 dissenso no último FOMC. Ademais, pelos dots, espera-se apenas 1 alta de juros este ano, apenas 2 alta em 2017 (contra 3 da reunião anterior), e os Fed Funds de longo-prazo caíram de 3% para 2,9%. Assim, o Fed reforça a ideia de um ciclo extremamente gradual de alta de juros, ainda mais cauteloso do que o anteriormente previsto.

Na coletiva de imprensa, Yellen ainda demonstrou, na minha visão, enorme tranquilidade com o cenário, e nenhuma pressa em elevar as taxas de juros. Duas frases me chamaram especialmente a atenção:

*YELLEN: DON'T WANT TO OVERSHOOT INFLATION GOAL SIGNIFICANTLY

*YELLEN: WOULD LIKE TO AVOID CREATING DOWNSIDE RISK IN LABOR MKT

A adição do termo “SIGNIFICANTLY” na primeira frase mostra que existe alguma intenção por parte do Fed em deixar a inflação, por um tempo, a acima dos 2%, em um cenário parecido com o que foi desenhando pelo BoJ em sua decisão de hoje. Com a inflação ainda muito abaixo de 2%, não vejo como o Fed ter sido mais claro, ou mais dovish, neste sentido. A segunda frase fala por si. O Fed continua extraordinariamente cauteloso.

Brasil – O BCB colocou 3 condições primordiais para começar o ciclo de queda de juros. (1) recuo da inflação corrente, (2) recuo das expectativas de inflação e (3) encaminhamento do ajuste fiscal. Nos últimos dias, vimos os seguintes eventos. (1) recuo substancial das coletas de inflação, (2) a sinalização de uma possível queda no preço da gasolina, que poderá ser incorporada nas expectativas de inflação e (3) há sinais de que a PEC do Teto dos Gastos será votada em comissão especial na primeira semana de outubro, com a possibilidade de ser votada em plenário até o final de outubro.

Neste ambiente, não é à toa que o mercado passou a precificar probabilidade elevada de uma queda de 25bps na Taxa Selic no Copom de outubro. Este não era o cenário central, mas passou a ter uma probabilidade relevante, talvez já próxima de 50% (ou mais) na minha visão.

Resumidamente, salvo algum evento fora do radar, parece que retornamos ao cenário de busca por carry/yield que prevaleceu até algumas semanas atrás. Para ajudar ainda mais positivamente o cenário, as condições para um ciclo de queda de juros no Brasil estão se materializando, e o ajuste fiscal caminha a passos largos.

Acredito que seja a hora de alongar duration na carteira de Brasil, mantendo estruturas de opção para a queda de juros em outubro. O Brasil continua a ser o grande favorecido do atual cenário econômico global.    




Data: 21/09/2016

BoJ: Comentários Adicionais.

Gostaria de elucidar minha visão em relação ao BoJ. Acredito que precisamos olhar a decisão de dois ângulos distintos:

1 – Para o Japão, não tenho certeza se as medidas serão bem sucedidas no longo-prazo. Acredito que é melhor faze-las, do que não faze-las, mas o processo será longo e tortuoso. O risco é uma reação negativa, a médio-prazo, dos ativos do país (apreciação do JPY, queda dos bonds e da bolsa).

2 – Para os mercados financeiros globais, e para os emergentes e o Brasil, em especial, as medidas do BoJ foram as melhores possíveis.  O receio do mercado era que a munição do BoJ estivesse acabando, perdendo potência ou, até mesmo, que o BoJ pudesse reverter sua postura extremamente expansionista. Nenhum desses receios foi concretizado. Muito pelo contrário, o BoJ mostrou disposição em adotar medidas adicionais, além de apresentar criatividade em adotar medidas diferentes das já existentes.




Data: 21/09/2016

BoJ Done! One (Fed) to carry on again...

Os ativos de risco estão abrindo a manhã em tom positivo, reagindo de maneira construtiva ao anuncio do novo “modus operandi” que será adotado pelo BoJ, noa Japão, a partir de agora.

O BoJ não anunciou nenhuma medida adicional de política monetária nesta reunião, mas anunciou como irá se comportar de agora em diante, em um novo framework de política monetária. Sua nova política consistente em: (1) O BoJ irá abandonar a meta de expansão monetária em JPY80tri por ano, (2) O BoJ irá manter as taxas de juros de 10 anos em torno dos atuais níveis, e (3) foi introduzido um overshooting da meta de inflação.

Fica claro, com essas medidas, como ainda existe criatividade e disposição por parte dos bancos centrais em combater um cenário de baixo crescimento e inflação. Se esta nova política dará certo, ou não, só saberemos com o tempo. Contudo, fica claro, na minha visão, que ainda estamos longe de uma mudança definitiva do atual cenário de políticas monetárias extremamente expansionistas por parte dos bancos centrais dos países desenvolvidos.

O Citibank resumiu de forma clara e simples as medidas anunciadas hoje: 

The BoJ decided to introduce a new policy framework called “QQE (Quantitative and Qualitative Easing) with Yield Curve Control” today. Under this new framework, the BoJ will control not only short-term interest rates (i.e., policy rates) but also long-term interest rates while abandoning its explicit target for the monetary base (¥80trn). More concretely, the BoJ intends to keep 10yr JGB yields near the current level (around 0%) from now, partly by using newly-introduced outright purchases of JGBs with yields designated by the BoJ. Meanwhile, the BoJ abolished the guideline for average remaining maturities in its JGB purchases.

In addition, the BoJ introduced an “inflation-overshooting commitment” for the monetary base in which the BoJ commits itself to expanding the monetary base until YoY changes in the observed core CPI exceed the 2% inflation target. This measure is intended to improve inflationary expectations. However, the BoJ no longer has the explicit target for the monetary base.

As for the reason for changing its policy framework, the BoJ explained as follows:

“A further rise in inflationary expectations is uncertain and may take time. Considering this, the BoJ judged it appropriate to adopt a new policy framework with the mechanisms for yield curve control?placed?at?the?core?that?enables the?BoJ?to?make?more?flexible?adjustments according to developments in economic activity and prices as well as financial conditions and that enhances the sustainability of monetary easing.”

No Brasil, destaque para uma notícia do O Globo que afirma que a Petrobras poderia cair o preço da gasolina ainda este ano. Segundo o artigo, o preço interno está 30% mais alto dos a paridade externa. Com o novo plano de negócios anunciado, e uma nova administração da companhia, o caminho natural seria adotar uma política de preços clara e justa, visando a paridade internacional. O efeito mais claro desta medida seria uma queda da inflação, e um alivio para o BCB.

Reafirmo minha visão de que minha impressão é que, caso não haja uma surpresa relevante por parte do BoJ e do Fed, poderemos ter duas incertezas sendo retiradas do cenário no curto-prazo, abrindo espaço para o retorno de algumas tendências que prevaleceram até começarem a surgir ruídos em torno do BoJ, e logo após a decisão do ECB em não anunciar medidas adicionais de política monetária em sua última reunião.




Data: 21/09/2016

Big Day Ahead!

Enquanto esperamos as decisões do BoJ esta noite, e do Fed na tarde de amanhã, o momento parece oportuno para tentar avaliarmos os efeitos potenciais de ambos sobre os mercados financeiros globais.

Minha impressão é que, caso não haja uma surpresa relevante, poderemos ter duas incertezas sendo retiradas do cenário no curto-prazo, abrindo espaço para o retorno de algumas tendências que prevaleceram até começarem a surgir ruídos em torno do BoJ, e logo após a decisão do ECB em não anunciar medidas adicionais de política monetária em sua última reunião.

O risco fica por conta de uma eventual leitura do mercado de que a política monetária no mundo desenvolvido esteja próxima do fim, com um poder cada vez mais limitado. Isso poderia levar a mais uma rodada de pressão nos bonds dos países desenvolvidos, levando a uma nova realização dos ativos de risco.

BoJ – As expectativas em torno do BoJ são extremamente dispersas, o que torna a leitura do que seria o consenso atual um tanto quanto complicada. Podemos inferir, contudo, que o melhor dos cenários para os ativos de risco seria o anuncio de um corte de juros, uma extensão do QQE e a promessa de que novas medidas possam ser adotadas caso necessário.

O cenário mais negativo seria a ausência de medidas concretas, ao mesmo tempo em que o BoJ poderia concluir (ou deixar implícito) que novos cortes de juros, e/ou uma extensão do QQE, seria contra produtivos no atual cenário.

Qualquer decisão neste meio termo, o que me parece ser o cenário base, podem gerar interpretações das mais variadas possíveis. Contudo, reforço minha visão de que o BoJ deveria deixar claro que não há a intenção de reverter sua postura ainda extremamente expansionista no horizonte relevante de tempo.

Fed -  Acredito que o Fed não irá elevar os juros nesta reunião, mas irá sinalizar para uma probabilidade elevada de uma alta de juros em dezembro. A precificação do mercado, com probabilidade de alta até o final do ano em 50%-55% me parece justa.

Ao contrário do que o mercado parece esperar, não vejo ganhos por parte do Fed em reduzir ainda mais os “dots” (ou seja, as expectativas de juros) para 2017 e 2018. A manutenção dos “dots” pode ser vista como pontualmente mais hawkish. Porém, a dissonância entre os dots e o mercado é muito grande, a muito tempo, o que tornou essa comunicação, de certa forma, pouco produtiva nos últimos meses.

Yellen deveria dizer que estamos próximos de uma nova alta de juros, que a economia está em linha com suas expectativas em termos de crescimento e inflação, mas que todo o processo de elevação dos Fed Funds será extremamente gradual.

Brasil – Nos últimos dias vimos um descolamento dos ativos locais em relação aos seus pares externos, para o lado positivo. Como tenho afirmado, acredito que um misto de melhora na posição técnica, e sinais políticos mais positivos no tocante ao ajuste fiscal, foram vetores determinantes para essa melhora de dinâmica.

Hoje, observamos um forte recuo das coletas de inflação, adicionando um vetor a mais nesta equação positiva para o país. Apesar de ser apenas uma observação, caso a trajetória declinante da coleta seja reforçada nos próximos dias, será um sinal claro de que poderemos estar entrando em um ciclo mais virtuoso para a inflação, abrindo caminho para o BCB dar início ao tão esperado ciclo de queda da taxa Selic.

Na minha visão, há espaço para os ativos locais continuarem a apresentar desempenho relativo (e absoluto) positivos. O cenário externo no curto-prazo, contudo, ainda se mostra um risco. Caso o BoJ e o Fed não consigam convencer o mercado de que suas políticas monetárias continuarão extremamente expansionistas, a despeito de ajustes pontuais, será inevitável que a abertura de taxas de juros nesses países acabe gerando contágio negativo para o resto do mundo. Todavia, caso esses riscos sejam dissipados, há espaço para uma nova reprecificação dos ativos brasileiros.

No tocante as taxas locais de juros, acho válido fazer algumas observações: 

- A curva hoje embute uma queda de juros em torno de 250-300bps, iniciando com um corte de 15bps em outubro (ou uma probabilidade de cerca de 35% de queda de 25bps) e continuando a um ritmo em torno de 50bps nas reuniões subsequentes.

- A curva apresentou forte steepening nas últimas semanas, fruto do aumento da probabilidade de uma queda de juros já no Copom de outubro mas, principalmente, devido ao movimento global pós ECB.

- As opções digitais de queda de 50bps em outubro estão operando em torno de 15% e de queda de 25bps está operando em torno de 40%.

Acredito que elevou-se a chance de um corte de juros em outubro, mas o cenário base ainda é o último Copom do ano. Acho que algumas opções apresentam um bom risco/retorno para a queda de juros em outubro, mesmo não sendo meu cenário central. Na minha visão, uma vez iniciado o processo de queda da Selic, o ciclo poderá ser muito maior do que o precificado atualmente, por isso ainda gosto do jan19. Finalmente, caso o BoJ e o Fed não apresentem surpresas negativas, a curva poderá “fletar”, ajudada pelo técnico e pelo cenário externo.




Data: 20/09/2016

Brasil: Governo reforça sua comunicação.

Os ativos de risco estão mantendo o tom mais positivo verificado ao longo da segunda-feira. Contudo, não estou observando nenhuma tendência definida nos mercados financeiros globais nas últimas semanas. Os ativos de risco aparenta estar em um processo de acomodação, a espera do BoJ e do Fed antes de que uma nova (ou o retorno da antiga) tendência predomine.

Reafirmo meus comentários de ontem. Não vi nenhum vetor específico que justifique o movimento mais positivo dos últimos dias, mas podemos inferir que a posição técnica do mercado deve ter melhorado, os investidores parecem mais confortáveis com as possíveis decisões a serem tomadas pelo BoJ e pelo Fed essa semana, e a esperança de uma ajuda fiscal, a uma política monetária global cada vez menos potente, cresce a cada dia.

Minha visão não é totalmente construtiva para o cenário econômico global, especialmente diante de uma economia americana que cresce pouco, mas com o hiato do produto praticamente fechado, o que começa a gerar inflação gradual no país. De qualquer maneira, o cenário central de baixo crescimento global, com flutuações em torno da tendência, mas sem riscos aparentes de recessão, com os bancos centrais ao no mundo desenvolvido, de uma forma ou de outra, ainda bastante expansionistas, continua a ser um cenário visto como positivo pelos ativos de risco ao redor do mundo.

Eu continuo favorecendo ativos cujos fundamentos são positivos (ou em vias de melhora), com valuations atrativos e yields que justifiquem investimentos de longo-prazo. Neste contexto, ainda vejo os ativos do Brasil como grandes oportunidades, especialmente no mercado local de juros. Contudo, ainda acho válida a busca por hedges externo, devido a um cenário que ainda se mostra frágil e confuso.

No Brasil, a segunda-feira foi marcada por uma enxurrada de declarações de autoridades do país, todas em torno da necessidade do ajuste fiscal e da aprovação da PEC do Teto de Gastos, sem que sua essência seja alterada. Vejo está postura como uma tentativa de melhor comunicar a sociedade a importância da medida, a fim de dar tranquilidade ao Congresso para que a medida seja aprovada. Vejo como positiva essa nova postura de comunicação do governo, e tenho grandes esperanças de que a PEC seja aprovada sem alterações essenciais. Se isso for verdade, será a primeira reforma constitucional/estrutural que o país aprova em vários anos, abrindo um caminho importante para a recuperação das contas públicas.




Data: 19/09/2016

Risk-On!

Os ativos de risco estão abrindo a semana em tom mais positivo. Não vi nenhum vetor específico que justifique o movimento, mas podemos inferir que a posição técnica do mercado deve ter melhorado, os investidores parecem mais confortáveis com as possíveis decisões a serem tomadas pelo BoJ e pelo Fed essa semana, e a esperança de uma ajuda fiscal a uma política monetária global cada vez menos potente cresce a cada dia.

Minha visão não é totalmente construtiva para o cenário econômico global, especialmente diante de uma economia americana que cresce pouco, mas com o hiato do produto praticamente fechado, o que começa a gerar inflação gradual no país. De qualquer maneira, o cenário central de baixo crescimento global, com flutuações em torno da tendência, mas sem riscos aparentes de recessão, continua a ser um cenário visto como positivo pelos ativos de risco ao redor do mundo.

Eu continuo favorecendo ativos cujos fundamentos são positivos (ou em vias de melhora), com valuations a atrativos e yields que justifiquem investimentos de longo-prazo. Neste contexto, ainda vejo os ativos do Brasil como grandes oportunidades, especialmente no mercado local de juros. Contudo, ainda acho válida a busca por hedges externo, devido a um cenário que ainda se mostra frágil e confuso.




Data: 19/09/2016

Ataques Terroristas, Lone Wolf e Trump.

Enquanto esperamos as decisões do Fed e do BoJ (ao longo da semana comentamos mais a fundo sobre ambos), o final de semana nos trouxe algumas notícias que podem parecer pouco relevantes, mas com potenciais de gerar ruídos adicionais no curto-prazo.

No sábado à noite, uma bomba caseira explodiu numas das áreas mais agitadas dos EUA, em NY. Outro artefato foi achado a poucos metros do local, mas conseguiu ser desarmado pela polícia. Não houve vitimas fatais, mas cerca de 30 feridos. Até o presente momento, não há evidencias de que o ato tenha sido feito por algum grupo terrorista de fato, mas talvez por mais um “lone wolf”, ou “lobo solitário”.

Contudo, em Minnesota, um ataque a facas em um shopping center deixou  8 feridos. O Estado Islâmico reivindicou a autoria do ataque.

Em termos práticos, os eventos deste final de semana apenas confirmam a nova ordem mundial. Neste cenário, a guerra contra os terroristas não se dá mais em campos de batalhas, mas em centros urbanos, com ataques mais pontuais e localizados, realizados por indivíduos simpáticos aos movimentos radicais, e que acabam sendo recrutados ao redor do mundo (inclusive no mundo ocidental).

Na minha visão, os ataques fortalecem ainda mais a candidatura de Trump a presidência dos EUA, por seu discurso mais radical, e mais duro no tocante ao combate aos terroristas e aos imigrantes ilegais. Nas últimas semanas, vimos uma queda acentuada da diferença entre Hillary e Trump nas pesquisas para presidente. Os ataques de hoje, acredito, devem manter está tendência. Os mercados financeiros globais não deveriam ver com bons olhos este movimento, especialmente em um ambiente já fragilizado.

No Brasil, a revista Época afirmou que a delação premiada da Odebrecht poderá incluir um capítulo para Michel Temer. Acredito que seja cedo para fazer qualquer comentário a respeito de algo do gênero, mas a Lava Jato sempre foi, e continuará sendo, um risco para o atual governo.

Em entrevista para o Estadão, Eduardo Cunha volta seu arsenal contra Moreira Franco, homem de confiança de Michel Temer. Caso algo seja comprovado, Temer já deixou muito claro como lida com este tipo de situação, vide o que ocorreu com Romero Jucá. A pessoa em questão tende a ser afastada oficialmente do governo, mas não deixa de prestar suporte ao presidente.




Data: 16/09/2016

Brazil: Better Mood, technicals and performance.

Os mercados locais de renda fixa e câmbio apresentaram dinâmica muito mais positiva ao longo do dia. Eu atribuo isso a dois vetores: (1) Uma entrevista de Ilan afirmando que o espaço para a redução dos swaps cambiais está se reduzindo, e sinais lidos pelo mercado como mais dovish para política monetária e (2) Uma melhora na posição técnica, como havíamos chamado a atenção nos últimos dias.

Na minha visão, o governo está fazendo um bom trabalho nos últimos dias no corpo-a-corpo junto ao Congresso para aprovação do ajuste fiscal. Além disso, estão buscando uma campanha de comunicação mais clara para a sociedade em geral.

Em relação a política monetária, acredito que o cenário base ainda seja para o começo do ciclo de queda de juros em novembro, mas a probabilidade do ciclo de queda iniciar em outubro não é desprezível.

No cenário externo, o Core CPI nos EUA apresentou alta de 0,3%, puxado por Health Care. Fica cada vez mais evidente que o hiato do produto no país está se fechando (ou já fechado), com um mercado de trabalho robusto, ou saudável, porém um crescimento baixo, devido a uma produtividade pífia.

Acho que o cenário não permite uma alta de juros pelo Fed na semana que vem e a probabilidade de alta até o final do ano, em torno de 50%, me parece justa.

O foco da semana que vem, além do Fed, será o BoJ. Além das medidas que serão adotadas, será necessária uma boa comunicação do BoJ com o mercado para evitar uma nova rodada de volatilidade.

Reforço minha afirmação de hoje pela manhã: Não acredito que retornaremos a um período de volatilidade extremamente comprimida (ou inexistente), mas os últimos dias podem ter ajudado a melhorar o quadro técnico de uma série de ativos, e criado oportunidades de investimentos. Hedges ainda são prudentes, mas há espaço para elevar a alocação em ativos com fundamentos sólidos (ou em vias de melhora), valuations atrativos e yields elevados. Continuo gostando dos ativos locais, especialmente o mercado de juros. Nos atuais níveis, acho que existe prêmio de curto-prazo no BRL e no Ibovespa para posições táticas. Acredito que o quadro técnico tenha melhorado nos últimos dias, faltando apenas uma melhora mais clara do humor externo. 




Data: 16/09/2016

Back to fundamentals!

Os ativos de risco estão dando sinais um pouco mais consistentes de que o ruído em relação à decisão do BoJ, na semana que vem, possa ter ficado para trás e, de agora em diante, os mercados financeiros globais poderão reagir de forma mais clássica aos fundamentos econômicos.

Não acredito que retonaremos a um período de volatilidade extremamente comprimida (ou inexistente), mas os últimos dias podem ter ajudado a melhorar o quadro técnico de uma série de ativos, e criado oportunidades de investimentos. Hedges ainda são prudentes, mas há espaço para elevar a alocação em ativos com fundamentos sólidos (ou em vias de melhora), valuations atrativos e yields elevados. Continuo gostando dos ativos locais, especialmente o mercado de juros. Nos atuais níveis, acho que existe prêmio de curto-prazo no BRL e no Ibovespa para posições táticas. Acredito que o quadro técnico tenha melhorado nos últimos dias, faltando apenas uma melhora mais clara do humor externo.

Após um forte rally da Apple nos últimos dias e, especialmente ontem (em um movimento clássico de short squeeze), as bolsas dos EUA e Europa apresentam leve queda essa manhã, após a Bloomberg afirmar que o DB poderia ser alvo de uma ação/multa na ordem de US$14bi.

Os bonds dos países desenvolvidos estão fechando taxas, após uma sequencia de dados econômicos mais fracos nos EUA e na Europa. Os dados de hoje, em especial o Core CPI e o Michigan Confidence serão fundamentais no atual ambiente.

Vemos um movimento misto no USD, mas com um viés claro de enfraquecimento contra EM.

No tocante aos fluxos da semana, a dinâmica do mercado reflete o que ocorreu neste sentido. Segundo a Merrill Lynch:

3 Bullish Sentiment Signals

FMS & flows: FMS cash levels high @ 5.5% (investors say "bearish view on markets" the reason); FMS equity allocations low, 1SD below historic norms (link); and 2016 flows show equity fund outflows of $131bn, stark contrast with bond fund inflows of $154bn.

Private clients: GWIM equity allocation @ 58% = 5ppt lower than Mar'15 peak; GWIM net sellers of equities past 9 weeks (longest outflow streak in past 5 years).

Tokyo marketing feedback: Japan clients we met seemed more bullish on Japan stocks than foreigners, 1st time in our living memory; also, Japan clients a. do not think BoJ will lose control of JGB long-end, b. are buyers of 10-year US Treasuries in 1.7-1.8% range.

3 Bearish Sentiment Signals

Risk-parity/CTA funds: our Equity-Linked Analysts think quant funds could cause ~$52bn of bond & equity selling given a. bond/equity correlation highest since "taper tantrum", andb. volatility rising from low base (link).

Institutional ZIRP^ vulnerability: "ZIRP winners" have attracted massive $1.1tn inflows versus just $325bn inflows to "ZIRP losers" during QE-era (Chart 1); YTD flows show capitulation into assets that benefit from zero rates, e.g. EM debt (inflows = 14% of AUM), REITs (6% AUM), IG bonds (5% of AUM - Chart 3); and 83% of investors expect both BoJ &ECB to maintain negative interest rates over next 12 months.

Private client ZIRP vulnerability: biggest ETF inflows at GWIM YTD are to low-volatility, precious metals & high-quality ETFs (Chart 4).

Pain trade: long "ZIRP losers", short "ZIRP winners"

Sentiment bottom line: BofAML Bull & Bear Indicator @ 5.2 shows sentiment not at "maximum greed" levels normally associated with big pullbacks; credit & equity indices vulnerable to"bond shock" but BofAML think BoJ meeting on Sept 21st will boost Japan bank stocks not cause further JGB sell-off (link); meanwhile relative "pain trade" of long "ZIRP losers", short"ZIRP winners" continues to gain traction: note largest Japan equity inflows & largest HY bond outflows in 8 months this week.




Data: 16/09/2016

Not all clear, but much better mood!

A quinta-feira foi marcada por uma recuperação dos ativos de risco ao redor do mundo. Os ativos locais seguiram a tendência externa.

O destaque do dia ficou por conta de uma sequência de dados de crescimento mais fracos nos EUA (Retail Sales, Industrial Production, o qualitativo do Empire Manufacturing e do Philadeplhia Fed), a despeito de um Jobless Claims ainda saudável e um PPI que não altera o cenário de inflação contida.

Os números de hoje em nada alteram o cenário para a política monetária norte americana. O mercado continua embutindo probabilidade extremamente baixa para uma eventual alta de juros na semana que vem, e cerca de 50% de probabilidade para uma alta de 25bps até o final do ano.

No curto-prazo, contudo, a posição técnica, e a decisão do BoJ, no Japão, estão sendo vetores mais importantes para dinâmica dos ativos de risco. A estabilização das Treasuries foi fundamental para a recuperação do humor global a risco.

Em relação a posição técnica, os últimos dias parecem ter ajudado na melhora do quadro técnico, especialmente nos ativos locais. Vimos muita redução de posições (ou até zeragem) de players locais e globais. No tocante ao BoJ, confesso que o cenário ainda me parece confuso e nebuloso. Assim, não podemos descartar uma volatilidade ainda elevada no curto-prazo, até a que a decisão seja concretizada e totalmente entendida pelo mercado.

Como comentei pela manhã, mais do que o nível de taxa de juros nos países desenvolvidos, a velocidade do ajuste (ou o delta de abertura de taxas) será mais importante para a performance dos ativos de risco. Uma abertura de taxas gradual e ordenada pode ser bem recebida pelos ativos de risco. Uma abertura rápida e acentuada, com forte steepening da curva, terá que ser digerida de forma menos trivial pelo mercado, causando momentos de pânico e falta de liquidez.

Ainda me parece cedo para comemorar o “all clear”, mas sem dúvida vejo a posição técnica mais balanceada, especialmente no Brasil. Além disso, após o que já foi ventilado na mídia em relação ao BoJ, o mercado parece cada vez mais confortável com as medidas que venham a ser tomadas.

No Brasil, achei bastante positivo os comentários de alguns políticos do denominado “Centrão” da Câmara, reverberando apoio a PEC do Teto dos Gastos. Além disso, o relator da comissão especial colocou um cronograma extremamente “apertado” para a aprovação do projeto, o que demonstra firmeza do governo no encaminhamento da questão. Além disso, o governo está claramente fazendo um corpo-a-corpo junto a mídia em um esforço para explicar a classe política e a população sobre os efeitos positivos do ajuste fiscal.




Data: 15/09/2016

Stabilizing...but still signs of fragilty.

Os ativos da Ásia tiveram mais uma noite de pressão, mas os mercados estão apresentando novos sinais de estabilização nesta manhã na Europa e nos EUA. Os bonds dos países desenvolvidos voltaram a abrir taxas. Por um lado, este movimento indica menor viés negativo dos mercados. Por outro lado, contudo, se a abertura das taxas de juros tornar-se mais acentuada, pode vir a pressionar, novamente, os demais ativos de risco. Ainda vejo sinais claros de fragilidade nos ativos de risco, a despeito dos sinais de estabilização.

Será fundamental observar como essa correlação entre os bonds dos países desenvolvidos, e os demais ativos globais de risco, irá se desenvolver de agora em diante. Na minha visão, o segredo está na velocidade do movimento. Uma abertura mais rápida e acentuada das curvas longas de juros no mundo desenvolvido não será bem vista pelos demais ativos de risco. Aberturas de taxas de juros mais ordenadas e graduais devem trazer de volta as correlações do passado.

A agenda do dia será bastante carregada, com Retail Sales, Jobless Claims, PPI, Philadelphia Fed e Industrial Production nos EUA.

Na tarde de ontem, o ex presidente Lula foi formalmente denunciado pelo MPF. Agora, resta ao legislativo acatar ou não a denuncia para, só então, começar o julgamento dos fatos pelo judiciário. A denúncia não significa condenação, ou certeza de que algum crime foi cometido. Contudo, é notório que coloca Lula em situação extremamente delicada, especialmente no tocante a sua força política. O PT parece perder cada vez mais poder político e uma nova eleição de algum membro do partido, para cargo executivo, será cada vez mais complicada, especialmente agora, com Lula sendo formalmente denunciado.

Ainda no Brasil, o governo se vê frente a um grande problema junto a alguns estados do Norte e Nordeste. Como bem resumiu artigo do Correio Brasiliense:

Entre a cruz e a espada - Se ajudar estados quebrados, Temer pode comprometer a meta fiscal. Se negar socorro, terá dificuldade no Congresso com as reformas.

Acho válido reduzir duration, mas não posição, no mercado local de juros. Entendo que oshape da curva já tenha inclinado bastante nos últimos dias. Contudo, o cenário externo inspira cuidado. Nos atuais níveis, e com o cenário que temos de política monetária, inflação e atividade, o DI Janeiro 19 me parece o melhor vértice para carregar. Ainda teremos volatilidade pela frente. Os níveis parecem atrativos, mas a posição técnica ainda aparenta estar “esticada”, a despeito de alguma melhora nos últimos dias. Finalmente, já começo a achar válido buscar opcionalidades de alta para a bolsa local. Mantenho viés tático no BRL. Continuo com hedges nos mercados globais de renda variável.  




Data: 15/09/2016

Stabilizing?

Os mercados financeiros globais continuaram a mostrar sinais de fragilidade, mas o dia foi de risk-off mais clássico, com queda das bolsas norte americanas, fechamento de taxa de juros das Treasuries e queda no petróleo. O mercado de moedas apresentou-se mais misto, enquanto as commodities metálicas apresentaram alta, provavelmente reagindo aos dados mais positivos provenientes da China nos últimos 2 dias.

No Brasil, pela primeira vez desde o final da semana passada, observamos uma dinâmica um pouco mais construtiva dos ativos locais vis-à-vis os ativos externos. A curva de juros manteve viés de steepening e o BRL permaneceu pressionado. Pelas cotas dos fundos locais de ontem, o mercado estava bastante alocado em ativos brasileiros. Acredito que o quadro técnico tenha melhorado nos últimos dias, mas é difícil acreditar que todo o ajuste de posições tenha sido feito.

No cenário local, por ora, em segundo plano, mas não que não pode ser esquecido, tivemos notícias mistas. De um lado, alguns Estados do Norte e Nordeste estão pressionando a Governo Federal por ajuda financeira, prometendo declarar “Estado de Calamidade” caso não sejam ajudados. Por outro lado, o governo continua a trabalhar nos bastidores da política, e em conjunto com a mídia, a fim de esclarecer a classe política, e a população em geral, as questões em torno da PEC do Teto dos Gastos e a Reforma da Previdência. Os avanços ainda são pequenos, mas as esperanças de aprovação ainda existem. O relator da PEC do Teto dos Gastos declarou que pode votar no comitê já na primeira semana de outubro, antes da reunião do Copom.

Acho que ainda seja momento de manter alguma cautela. O mercado continua bastante técnico.  Os últimos dias parecem ter criado um estrago grande em alguns mercados, que precisará ser digerido ao longo do tempo.

Acho válido reduzir duration, mas não posição, no mercado local de juros. Entendo que o shape da curva já tenha inclinado bastante nos últimos dias. Contudo, o cenário externo inspira cuidado. Nos atuais níveis, e com o cenário que temos de política monetária, inflação e atividade, o DI Janeiro 19 me parece o melhor vértice para carregar. Ainda teremos volatilidade pela frente. Os níveis parecem atrativos, mas a posição técnica ainda aparenta estar “esticada”, a despeito de alguma melhora nos últimos dias. Finalmente, já começo a achar válido buscar opcionalidades de alta para a bolsa local. Mantenho viés tático no BRL. Continuo com hedges nos mercados globais de renda variável.

Um breve comentário sobre Japão. Ontem, o Nikkei – agência de notícias reconhecida como canal de comunicação do BoJ e do Governo japonês – afirmou que o BoJ deverá adicionar estímulos em sua próxima reunião, cortando ainda mais as taxas de juros, adicionando QE, porém reduzindo a duration de suas compras, em uma tentativa de steepar a curva de juros. Esta questão tem sido o ponto central de fragilidade para os ativos de risco. Enquanto essa política não for totalmente entendida, e o mercado ajustar suas expectativas e posições, teremos picos de volatilidade nos ativos de risco.  




Data: 14/09/2016

 Leve estabilização. Fragilidade ainda aparentes.

Na ausência de novidades relevantes durante a noite, os ativos de risco estão apresentando uma leve recuperação. O movimento, contudo, ainda é tímido e mostra certa fragilidade de algumas classes de ativos, como os mercados emergentes, por exemplo.

Os dados de crédito de agosto, na China, ficaram acima das expectativas do mercado, confirmando que a recuperação, ou melhor, a estabilização do crescimento do país está sendo feito, novamente, as custas de novas injeções de crédito na economia. Este tema é recorrente neste fórum. O modelo econômico chinês parece esgotado. O multiplicador de crédito é cada vez menos potente. A economia não deveria suportar mais uma expansão de crédito como no passado.

No Brasil, o governo apresentou o modelo de concessões, mas poucos detalhes foram de fato apresentados. As intenções são boas, o governo parece entender a demanda dos investidores, mas precisamos de detalhes adicionais antes de acreditar no sucesso do programa.

O BCB reduziu a oferta de swaps cambiais reverso para o leilão de hoje, de US$500mm para US$250mm. Com o estoque atual na ordem de US$30bi, não vejo motivos para o BCB manter este programa de recompra no meio de um período de elevada volatilidade dos  ativos de risco globais. Por outro lado, neste momento, a redução da colocação dos swaps deveria ajudar apenas marginalmente o BRL e o mercado de juros. Dificilmente mudará a tendência de curto-prazo de ambos os ativos.

O Globo de hoje afirma que alguns estados do norte e nordeste estariam estudando decretar estado de calamidade, como já fez o Rio de Janeiro este ano. A situação fiscal dos entes federativos é bastante crítica, e um news flow como este, em meio a um período de maior volatilidade externa, não deveria ajudar o desempenho dos ativos locais.

Finalizo este post com a reprodução dos comentários do analista de moedas do Morgan Stanley, que tem apresentado um bom índice de acerto este ano e cuja visão de curto-prazo eu compartilho:

Risk remains off: With the BoJ increasingly expected to launch further measures to steepen its yield curve and the discussion concerning the effectiveness of monetary policy as conducted over the past few years gaining momentum, the liquidation of the 'buy everything' trade has further legs to run, in our view. Yield curve steepening and the bearish spillover effects into equity and commodity markets suggest that markets are most vulnerable where positions are most extreme or where risk sensitivity plays a significant role in the performance of the asset. Markets are long JPY, EM FX and AXJ fixed income and equities. Globally, markets have traded equity markets higher using the relative valuation argument. When bond yields are low or, at an extreme, move into negative territory, then the so called ‘Fed equity valuation model’ allowed equity P/E to reach very ambitious levels. The simplistic Fed model suggests the reverse of the corporate bond yield to equal the equity P/E. It has been the low yield for sovereign and private debt driving equity markets higher, especially within the liquidity-supported post-Brexit environment. It is the bond bear steepening sending liquidation waves into other market segments, supporting EUR, CHF and USD.

The FX group to sell: The transition from a monetary to combined monetary and fiscal policy approach is interesting. Moving away from monetary policy having allowed yield curves to flatten and pushed at peak times US$13 trillion of global bonds into negative yield territory towards an approach combining fiscal and monetary policies does not come without friction, but if professionally designed it could turn things around for the better. However, for now we are in transition, faced with higher back-end bond yields leading to the liquidation of the 'buy everything' trade. We believe that there are three FX groups vulnerable. First, currencies representing countries holding large liabilities such as AUD and NZD. Second, double deficit countries such as GBP, COP and ZAR. Third, currencies lately benefiting from significant inflows such as KRW and BRL 




Data: 14/09/2016

Reducing some hedges, keeping Long Brazil but be defensive short term.

Tivemos mais um dia bastante técnico para os mercados financeiros globais e locais. Não há nada diferente do que temos descrito neste fórum nos últimos dias. Um movimento de queda nas bolsas, em conjunto com uma queda dos bonds (abertura de taxas) acabou levando a um movimento clássico de risk-off, com alta do dólar e queda das commodities.

Está ocorrendo uma reavaliação do mercado, ou um certo receio, de que política monetária nos países desenvolvidos possa ter chegado a um limite e, de agora em diante, poderíamos ter uma reavaliação de algumas políticas expansionistas, como QE, taxas de juros negativas e etc (especialmente no japão). Adicionado a isso, viemos de um período de cerca de 2 a 3 meses de volatilidades baixas, que acabou induzindo muitos investidores a alocar (mais) risco em suas carteiras. Quando a volatilidade do mercado aumenta, em um ambiente em que algumas correlações são “quebradas”, como bolsas caindo ao mesmo tempo em que os bonds caem (abrem taxas), acaba exacerbando os movimentos de curto-prazo. Como o Brasil é um país cujos ativos são líquidos, e onde existia uma alocação a risco desprezível (vide a cota dos fundos locais nos últimos dias), isso acaba levando a pioras mais rápidas e acentuadas dos ativos do país.

Continuo acreditando que o período de baixa volatilidade ficou para trás. Teremos, com mais frequência, movimentos rápidos e acentuadas, tanto de piora, como de melhora dos ativos de risco. Olhando a dinâmica dos mercados financeiros globais nos últimos dias, acredito que poderemos ter mais sofrimento pela frente. Os investidores passaram todo o verão do hemisfério norte adicionando risco em suas carteiras, não me parece que irão ajustar suas posições em apenas 2 dias.

Ao contrário do que eu imaginava, o mercado local de juros não está sendo capaz de “descolar” do forte movimento global de deterioração dos ativos de risco. Para isso acontecer, será necessária uma queda da volatilidade, o que não parece que ocorrerá no curtíssimo-prazo. De qualquer maneira, acredito que seja o momento de reduzir alguns hedges novamente, mas manter boas opcionalidades para caso a deterioração continua no curto-prazo (o que me parece que deverá acontecer), além de manter espaço na parte mais alocativa (de longo-prazo) das carteiras, para adicionar risco caso vejamos um movimento adicional de deterioração dos mercados financeiros locais.




Data: 13/09/2016

China, Posição Técnica e Reformas no Brasil.

Os ativos de risco estão abrindo a terça-feira com viés mais negativo, a despeito de dados econômicos na China levemente acima das expectativas, como podemos ver na tabela abaixo:

Os números, por um lado, afastam o risco de uma desaceleração mais acentuada da economia no curto-prazo, reduzindo o risco de uma recessão global. Por outro lado, contudo, mostra uma economia global relativamente estável, o que reduz a necessidade de políticas monetárias ainda mais expansionistas no mundo desenvolvido.

Eu mantenho minha visão mais cautelosa para os ativos de risco no curto-prazo, mesmo que mantendo uma posição relevante no mercado local de juros. Pretendo exercer está cautela através de ajustes ativos na carteira de hedge dos portfólios.

Reforço minha visão descrita na tarde de ontem:

Minha visão é de que o mercado continua bastante técnico. Os movimentos de curto-prazo são mais explicados por posições, valuations e modelos de gestão (Risk Parity, CTA entre outros) do que por questões fundamentais propriamente ditas. Acredito que o período de volatilidade baixa ficou para traz. Devemos ter um período de maior incerteza e maiores movimentações nos preços dos ativos de risco. Este cenário requer uma concentração de risco em ativos de maior qualidade, o com yields e valuations que permitam “aturar um maior desaforo” nos movimentos de piora dos mercados financeiros globais. Estou recompondo parte (ou grande parte) dos hedges reduzimos na sexta-feira, mas mantendo uma alocação relevante no mercado de juros local. Continuo apenas com posições relativas no mercado de moedas (Long BRL vs Commodity Currencies) e utilizando o mercado de opções em renda variável como parte do book hedge.

Segundo a Merril Lynch  a posição técnica dos ativos de risco ainda é relativamente saudável, a despeito da concentração de posições em alguns temas específicos (“NIRP-winners”):

FMS cash levels remain high

FMS cash levels up from 5.4% to 5.5% in Sept, at higher end of 4.2% to 5.8% range since 2013 "taper tantrum". Asked why cash so high, two most popular reasons: "bearish view on markets" (42%), "preference for cash over low-yielding equivalents" (20%).

FMS equity allocation down and low

FMS equity allocation cut to flat (which is 1SD below FMS historic norm); equity allocation relative to cash allocation at levels which have historically been good entry point to stocks. Risk parity remains a potential source of risk unwind but Sept FMS does not reveal "max greed" normally associated with big pullbacks.

Unambiguous vulnerability to "bond shock"

Risk assets nonetheless vulnerable to "bond shock": 83% believe BoJ & ECB will maintain negative rates next 12 months, 82% admit bond prices in DM "frothy", Treasuries seen as biggest driver of stock prices next 6 months. Note FMS hedge fund exposure to stocks jumped to highest since May'13 "taper tantrum". Combined valuation of bonds & stocks close to all-time high (overvaluation of stocks highest since May'00).

Most vulnerable longs are all "NIRP-winners"

Most crowded trades are all "NIRP-winners": long High Quality stocks; long US/EU Corporate bonds; long EM debt. Sept FMS shows first meaningful reduction in bond proxy exposure (staples, utilities, telcos - Exhibit 1), as well as reduction in "high growth" US market. But both REITs & tech remain big stubborn longs, and EM equity OW highest in 3.5 years. All vulnerable should Fed and especially BoJ fail to reduce bond vol in Sept.

Japan, a "NIRP-loser", the contrarian "vacant trade"

In contrast, Japan = biggest UW since Dec'12 = tempting contrarian "vacant trade" given impressive Sept JPY stability. Other big FMS shorts are sterling, UK stocks, and global resources. Contrarians would pair these against the big Sept FMS longs of EM, REITs, tech & discretionary. Autumn catalyst for rotation from NIRP winners to losers remains exclusively a "good" rise in rates driven by macro or fiscal policy.

No Brasil, Meirelles parece confiante com a aprovação da PEC do Teto do Gasto, segundo a Folha:

"Comparado com a ansiedade de todos nós, está devagar. Mas, comparado com o fato de que é a primeira reforma constitucional que endereça e ataca o problema dos gastos desde a Constituinte de 1988, está indo rapidíssimo, numa velocidade estonteante. Mudanças constitucionais não se fazem em semanas em nenhum lugar do mundo, a não ser em países ditatoriais."




Data: 12/09/2016

Reloading some hedges / Keeping Long Brazil.

A semana começou com uma forte recuperação dos ativos de risco, liderados por uma alta nas bolsas norte americanas. O dia foi de poucas novidades do ponto de vista econômico. O discurso de Lael Brainard, do Fed, que manteve o tom dovish que vem sendo regra em seus comentários públicos, o que levou o mercado a reduzir a probabilidade de uma alta de juros já em setembro ou, até mesmo, em todo este final de ano.

Minha visão é de que o mercado continua bastante técnico. Os movimentos de curto-prazo são mais explicados por posições, valuations e modelos de gestão (Risk Parity, CTA entre outros) do que por questões fundamentais propriamente ditas.

Acredito que o período de volatilidade baixa ficou para traz. Devemos ter um período de maior incerteza e maiores movimentações nos preços dos ativos de risco. Este cenário requer uma concentração de risco em ativos de maior qualidade, ou com yields e valuations que permitam “aturar um maior desaforo” nos movimentos de piora dos mercados financeiros globais.

Estou recompondo parte (ou grande parte) dos hedges reduzimos na sexta-feira, mas mantendo uma alocação relevante no mercado de juros local. Continuo apenas com posições relativas no mercado de moedas (Long BRL vs Commodity Currencies) e utilizano o mercado de opções em renda variável como parte do hedge.

Um breve estudo das cotas dos fundos locais mostra um mercado com posições relevantes em risco Brasil, o que acaba demandando alguma cautela. Contudo, o cenário para o país, como já comentado neste fórum pela manhã, justifica posições nesta direção.

Continuo tendo como cenário central um baixo crescimento global, com flutuações em torno da tendência, mas sem riscos iminentes de recessão. Na margem, teremos que lidar com o risco, ou podemos classificar como ruído, de taxas de juros de mercado mais elevadas no mundo desenvolvido. Ainda acho cedo para ter conclusões mais definitivas se estamos em um ponto de inflexão da política monetária do mundo desenvolvido, ou apenas em mais um período de realização de lucros, ajuste de posições e de preços.  




Data: 12/09/2016

VaR Shock Continues / Sinais Positivos no Brasil

Os ativos de risco estão dando continuidade ao movimento negativo iniciado na sexta, mantendo as correlações entre as classes de ativos – quedas das bolsas, commodities e bonds, mas alta do USD – que pode acabar acentuando estes movimentos, especialmente devido a zeragem ou redução de posições de alguns modelos de gestão (CTA, Risk Parity, Variable Annuities, VaR Risk ente outros)

De maneira geral, acredito que podemos passar por um período de maior volatilidade e incerteza no curto-prazo, não descartando períodos de piora rápida e acentuada dos ativos de risco. Contudo, não vejo o cenário ainda construtivo de médio-prazo sendo totalmente revertido. Minha recomendação é para apertar os cintos, buscar hedges, mas não perder o foco nos ativos que ainda apresentem fundamentos positivos, valuations atrativos e yields elevados.

De acordo com a Merrill Lynch:

 Poor price action in risky assets continued in the Asian session with regional equities down > 2% (KOSPI down 2.4%; A-Shares down 2.1%); high beta currencies like KRW (-0.15%), AUD (-0.2%) and NZD (-0.2%) under pressure whereas safe haven JPY (+0.16%) outperforming. While anticipation of hawkish tone from Fed Governor Brainard tonight (1315 EST) could have been the trigger for risk sell-off on Friday, we think the move is potentially sustained by risk parity unwinds. Indeed, Brainard is known to be a strong dove and is unlikely messenger of near-term hawkishness in wake of recent soft data in the US. On the other hand, our volatility analysts Ben Bowler and team note Friday’s simultaneous decline in equities, bonds, and commodities implies a 25%+ deleverage event for risk parity funds – a shock potentially larger than BREXIT. They estimate ~$52bn in near-term selling pressure  in global equities and warn of snowballing effect in a fragile market with low conviction. Elsewhere,CNH funding remains a concern with 1mth pts @ 10pips per day (285/315) indicating sustained tight liquidity for over a month. Given such liquidity squeezes typically normalize within a week or so, trader Leo Cheng thinks market is too pessimistic and expect a resolution later this week.

No Brasil, os ativos locais devem seguir o cenário externo. Seria prudente, e positivo para os ativos locais, o BCB alterar sua postura na colocação dos swaps reversos de câmbio. Na sexta-feira, o BCB anunciou a colocação de mais US$500mm para hoje pela manhã. Será importante observar se ele realmente irá colocar todo este montante no meio da atual conjuntura global.

No campo político, os sinais provenientes do novo governo continuam bastante positivos. No final de semana, em entrevista ao O Globo, Temer se colocou contra o reajuste do STF. Os jornais de hoje já falam em um recuo do PMBD em torno do tema.

Além disso, o governo está sinalizando para uma melhora nos termos de algumas concessões que serão anunciadas em breve. A participação estrangeira não será restrita, as taxas de retorno devem ser mais atraentes e alguns bancos públicos devem ajudar o BNDES no financiamento dos projetos.

Nesta mesma linha, o governo continua a ventilar importantes medidas da reforma trabalhista e da reforma da previdência, insistindo no debate desses temas e na encaminhamento dessas questões ainda antes do primeiro turno das eleições.

Já Pedro Parente, presidente da Petrobrás, concedeu entrevista colocando com clareza e parcimônia quais são os atuais problemas na empresa e o que deve ser feito. resta implementar seu plano de gestão e torcer para o petróleo não desabar no mercado externo.

Finalmente, acho válido citar a quantidade de fluxo que parece estar "na fila" para entrar no país. Na semana passada, a Minerva emitiu, facilmente, e com demanda gigante, cerca US$1bi de títulos externos. Existe um fila razoável de emissões no pipeline, além de dinheiro de FDI para concessões e compra de ativos de qualidade.

No curto-prazo, devemos navegar um ambiente externo extremamente frágil, e que deverá guiar os ativos locais. No médio-prazo, parece que ainda teremos capacidade de apresentar performance relativa mais positiva do que os nosso pares. 




Data: 12/09/2016

Inflection Point?

No momento, vejo duas questões, uma fundamental/estrutural, e outra técnica, que podem influenciar o mercado muito além do debate do timing da próxima alta de juros nos EUA.

De maneira geral, acredito que podemos passar por um período de maior volatilidade e incerteza no curto-prazo, não descartando períodos de piora rápida e acentuada dos ativos de risco. Contudo, não vejo o cenário ainda construtivo de médio-prazo sendo totalmente revertido. Minha recomendação é para apertar os cintos, buscar hedges, mas não perder o foco nos ativos que ainda apresentem fundamentos positivos, valuations atrativos e yields elevados.

Em termos fundamentais/estruturais, cresceu o debate em torno da possibilidade dos principais bancos centrais ao redor do mundo estarem mudando, de certa forma, a atuação de suas políticas monetárias, o que poderia levar uma mudança no formato das curvas de juros desses países/regiões (Europa, Japão e EUA). O Morgan Stanley resumiu bem essa questão:

After the surprising comment from ECB President Draghi that the ECB had not even discussed extending QE hit the European long end hard Thursday, pulling Treasury yields much higher in sympathy, a Reuters report overnight Friday ('UPDATE 1-BOJ studying options to steepen bond yield curve-sources") that the Bank of Japan wants to steepen the Japanese yield curve contributed to heavy losses in long end JGB's, which helped extend the selloff in the U.S., Europe, the U.K., et al. According to Reuters, "BOJ officials have become increasingly wary of the costs of a flattening yield curve, such as hurting bank profits, especially as its controversial decision to adopt negative rates in January has made matters worse. Bank bureaucrats are brainstorming ways to cut short- to medium-term bond yields, which affect corporate borrowing costs the most, while pushing up super-long yields from undesirably low levels, the sources said on condition of anonymity."

But nerves have clearly been rattled by such an abrupt, globally-synchronized backup in long-end yields triggered by rising questions about whether we could be seeing an inflection towards less accommodative global central banks. Or, actually, it would be more accurate to characterize it as "hopes have been boosted" for a good portion of the rates markets investor base, including real money investors like pension funds and insurance companies and much of the macro community, that would badly like to see higher yields and for whom the move to record lows in July was painful. A key context for the U.S. part of this is that as of the end of June the Treasury market was 57% owned by non-U.S. investors (excluding Fed holdings), 10.5% of which was Japanese investors, so what happens to yields in Japan, Europe, and the U.K. naturally has immediate implications for Treasury valuations even setting aside anything specifically happening in the U.S. A rise in the 40-year JGB yield to 0.59% from a low of 0.08%, with possibly more to come if the BoJ really were to try to deliberately steepen the curve, looks relatively not so unattractive now compared to a 30-year Treasury bond that on a 3-month currency-hedged basis yields about 0.85% for a Japan-based investor.

A questão técnica recai sobre alguns modelos de gestão que utilizam parâmetros de risco na alocação de recursos (CTA, Risk Parity, Variable Annuities, VaR Risk ente outros). Nos últimos meses, vivemos um período de volatilidades baixas e correlações em linha com as correlações históricas. Caso o aumento da volatilidade continue, e as correlações de algumas classes de ativos sejam invertidas – como na sexta-feira, em que vimos uma queda dos bonds e de equities – poderemos observar novas rodadas de rápida e acentuada deterioração dos ativos de risco.

Segundo outro artigo do mesmo Morgan Stanley: 

SPX -2%. Variable Annuities will start deleveraging if realized vol creeps even higher.

 Watch for rising stock-bond correlation. While two weeks is not enough to make a trend, the stock-bond correlation has flipped from a typical -60% to +60% over that span. This raises the risks for multi-asset investors and risk parity funds who rely on stocks and bonds diversifying each other.




Data: 12/09/2016

Choques de VaR, Valuation e Portfolio Allocation.

Complementando a análise em torno de valuation e position do post da tarde de sexta-feira, acho válido analisarmos alguns pontos colocados por alguns analistas desde então.

Já concluindo antes de apresentar algumas passagens desses relatórios abaixo, acredito que, ao que tudo indica, o período de volatilidade baixa, ou inexistente, ficou para trás. Teremos pela frente um ambiente de maior incerteza e volatilidade. Não podemos descartar novas rodadas de pressão nos ativos de risco, muito em função de posição técnica, valuation e modelos de gestão (VaR, Risk Parity e etc). Contudo, não vejo, pelo menos ainda, indícios de que o cenário de médio-prazo tenha que ser alterado.

Assim, os próximos dias, ou talvez semanas, requerem um postura mais tática e dinâmica na alocação/busca de hedges (tamanhos e instrumentos) para um portfólio que, na minha visão, ainda precisa estar alocado em ativos do Brasil. Pioras mais acentuada devem ser vistas como oportunidade de elevar a alocação nessas classes de ativos locais, mesmo sabendo que teremos dias, talvez semanas, de volatilidade mais elevada e maior incerteza.

Segundo o JP Morgan:

Markets were quite stable this week, until today’s rapid sell off in everything, seemingly on bearish comments from ECB and Fed officials that have put markets into tamper-tantrum mode. The extreme low volatility of the past two months had likely increased leverage among the increasing number of managers who manage their positions on a value-at-risk basis. The lower delivered volatility, the higher their exposure in order to retain the same VaR.

This kind of leverage essentially amplifies the impact of any shock and typically only shows up on the downside. Its impact is a function of how important the new news and how low volatility was before and for how long. The extremely tight range of stock and bond markets has prevailed for two months now, so the impact of a sudden breakout may not be over in a day.

But the size of the original shock is equally important and should determine how long markets remain in a tail spin and how far they go. From what we can tell, the proximate cause of the sell off was yesterday’s ECB meeting where some investors, not us, had expected a stronger hint at a coming extension of the ECB’s QE buying program beyond the current end date of March of next year.

De acordo com um estudo da mesma casa, porém em outro paper:

Not all conditions underpinning VaR shocks are currently in place in either equity or bond markets.

Low market volatilities are combined with rather mixed investor positions and valuation metrics.

While systematic hedge funds such as risk parity funds and CTAs have high equity exposures currently, discretionary managers such as Discretionary Macro and Equity Long/Short hedge funds appear to have reduced their equity exposures recently.

US banks appear to be rather long US duration. But spec positions on US rates, excluding the front end, remain negative.

Euro area single currency investors have still pretty high duration exposure but multi-currency investors are close to neutral.

By looking at the response of equity and bond markets to economic news we find that both markets have been trading rather “neutral”.

High implied to realized vol ratios suggest there are hefty risk premia embedded in option markets that are more indicative of skepticism rather than complacency.

This is particularly true with retail investors who continue to pour money into VIX ETFs, despite the very negative carry.

The universe of government bonds trading with negative yield declines to $8.3tr, down from $10.0tr in early July.

E finalizam com uma conclusão bastante construtiva:

In all, not all conditions appear currently in place for a VaR shock as low market volatilities are combined with rather mixed investors positions and valuation signals.

No mercado de moedas, a posição de futuros na IMM mostrou um aumento da posição comprada em USD, mesmo antes de sexta-feira. Contudo, a posição parece muito mais neutra do que excessivamente comprada ou vendida em USD. De acordo com o HSBC:

Total long USD positions increased from USD6.0bn to USD10.2bn in the week ended 6 September, using the cumulative notional USD total of the currency futures contracts that trade on the IMM. This snaps a five week decline in long USD positions and saw most currency pairs move in that direction. Most notable among these were shifts away from the EUR and JPY, to the tune of USD1.6bn and USD1.1bn, respectively. Strangely, the shift in favor of the USD came in a week that generally saw the USD soften (the week ended 6 September), although since that date the USD has snapped back somewhat.

Key Position Changes

* GBP shorts held steady at USD7.6bn, still close to the recent all-time peak of USD7.8bn

* EUR shorts rose by USD1.6bn to USD13.0bn

* JPY longs scaled back to USD6.7bn from USD7.7bn

* AUD longs dipped slightly to USD3.0bn from USD3.2bn

* MXN shorts increased from USD0.9bn to USD1.6bn

* CAD longs fell from USD1.7bn to USD1.6bn

* NZD longs edged up to USD0.5bn from USD0.1bn




Data: 09/09/2016

Fed, Positions and Valuations

Os ativos de risco tiveram uma sexta-feira de forte sell-off, com aumento das correlações entre as classes de ativos, e com magnitudes de movimentos que não víamos há alguns meses. O trigger para estes movimentos foi sem dúvida a sinalização, por parte de membros do Fed, de que uma alta de juros poderá ocorrer nos EUA, mais cedo do que tarde. Contudo, acredito que a posição técnica do mercado, assim como o valuation de algumas classes de ativos, em especial no universo dos bonds dos países desenvolvidos, estão sendo vetores determinantes para o aumento da volatilidade dos mercados financeiros globais.

Comentei hoje pela manhã que,

Os mercados financeiros globais começaram a questionar se os limites da política monetária no mundo desenvolvido foram esgotados, ou estão prestes a se esgotar. A reação racional foi uma abertura de taxa de juros, e um steepening das curvas globais de juros, lideradas pelo mundo desenvolvido.  Na minha visão, estes movimentos deveriam ser restringidos por uma ausência quase que completa de inflação no mundo desenvolvido. Contudo, em meio a uma posição técnica claramente excessiva nos bonds globais (especialmente DM), com níveis de preços extremamente “esticados”, não podemos descartar um movimento pontual, mas que poderia ser acentuado, de abertura de taxas de juros no mundo desenvolvido. Um cenário como este não seria inédito, já que no ano passado observamos, em um curto espaço de tempo, os Bunds saírem de próximo a 0,0% para cerca de 1%, sem mudanças relevantes de cenário, mas em um ambiente de quadro técnico e valuation parecido com o atual. O cenário requer uma dose extra de hedges nos portfólios.

Mantenho essa minha visão. Assim, vejo os movimentos atuais como naturais dentro de um ciclo econômico. Acredito que estamos diante de um período pontual de ajuste de preços e posições. É sempre difícil ter precisão da magnitude e extensão desses movimentos. Contudo, minha visão de médio-prazo, mais construtiva, só será alterada caso fique claro que a inflação no mundo desenvolvido esteja “saindo da tumba”, e que a postura dos principais BCs do mundo tenha que ser, definitivamente, alterada. Por ora, este não parece ser o caso. O Fed pode, e até deve, elevar as taxas de juros em 25bps ainda este ano, mas o processo de normalização monetária promete ser longo e gradual.

Estou aproveitando o dia para reduzir o excesso de hedges que tínhamos adicionado aos portfólios, mas mantendo algumas opcionalidades relevantes caso a piora dos ativos de risco se mostre mais persistente e acentuada. Mantenho minha visão de concentrar risco na curva local de juros, com plays relativos no mercado de moedas.

No Brasil, o IPCA ficou em linha com as expectativas em agosto, com alta de 0,44% MoM e 8,97% YoY. O qualitativo do indicador apresentou deterioração, mas grande parte deste movimento pode ser explicado pelo efeito das olimpíadas, e deve ser revertido já no próximo mês.

Ao que tudo indica, o período de volatilidade baixa, ou inexistente, ficou para trás. Teremos pela frente um ambiente de maior incerteza e volatilidade, mas oportunidades de investimento costuma surgir exatamente nestes momentos. 




Data: 09/09/2016

DM Rates: Watch Out!

Os ativos de risco estão abrindo a sexta-feira com viés negativo. Existem dois vetores recentes que podem estar levando a uma realização de lucros, ou consolidação, dos mercados financeiros globais.

Primeiro, na China, o CPI de agosto recuou de 1,8% YoY para 1,3% YoY, muito abaixo das expectativas do mercado. A queda é, em grande parte, explicada pelos preços de alimentação e combustíveis. Se, por um lado, a inflação mais baixa representa um espaço maior para a atuação dos policy makers em busca de mais estímulos à economia, por outro lado, uma inflação cadente mostra uma economia com excesso de capacidade produtiva, com “output gap” bastante aberto, um cenário que costuma representar crescimento baixo ou, no mínimo, abaixo do potencial.

No mundo desenvolvido, a reunião do ECB ontem mostrou um comitê sem pressa de adotar medidas adicionais de política monetária. Draghi não deu sinais claros de que pretende acionar, no curto-prazo, novos instrumentos de política monetária. A decisão deve ser vista em um contexto em que o Japão trabalha em busca de instrumentos mais potentes para lidar com um cenário de baixo crescimento e inflação, e diante de um cenário em que o Fed insiste em sinalizar para um potencial aumento de juros no país no curto-prazo.

Neste ambiente, os mercados financeiros globais começaram a questionar se os limites da política monetária no mundo desenvolvido foram esgotados, ou estão prestes a se esgotar. A reação racional foi uma abertura de taxa de juros, e um steepening das curvas globais de juros, lideradas pelo mundo desenvolvido.

Na minha visão, estes movimentos deveriam ser restringidos por uma ausência quase que completa de inflação no mundo desenvolvido. Contudo, em meio a uma posição técnica claramente excessiva nos bonds globais (especialmente DM), com níveis de preços extremamente “esticados”, não podemos descartar um movimento pontual, mas que poderia ser acentuado, de abertura de taxas de juros no mundo desenvolvido. Um cenário como este não seria inédito, já que no ano passado observamos, em um curto espaço de tempo, os Bunds saírem de próximo a 0,0% para cerca de 1%, sem mudanças relevantes de cenário, mas em um ambiente de quadro técnico e valuation parecido com o atual.

O cenário requer uma dose extra de hedges nos portfólios.

No Brasil, o governo conseguiu quorum na noite de ontem par aprovar 2 MPs que corriam o risco de “caducarem” caso não fossem aprovadas pelo Senado. Além disso, Temer e Cia já começam a ventilar propostas para a Reforma Trabalhista, enquanto trabalham na aprovação da PEC do Teto dos Gastos e na Reforma da Previdência. Continuo vendo como positiva a postura deste governo. 

Todas as atenções do dia estarão voltadas para o IPCA de agosto. Um número muito fora das expectativas pode representar ou um aumento expressivo da probabilidade de queda de juros no Copom de outubro, ou uma redução completa desta probabilidade.




Data: 08/09/2016

Ativos de risco de ajustam ao Fed.

Estamos vendo ao longo desta quinta-feira algum movimento de ajuste do mercado a possibilidade de uma alta de juros por parte do Fed, mais cedo do que tarde.

O dólar se fortalece, especialmente contra EM, as taxas de juros norte americanas abrem taxas, ao mesmo tempo em que vemos alguma pressão sobre o mercado global de renda variável. Os metais preciosos caem, mas o petróleo opera em forte alta, após a divulgação de uma acentuada queda dos estoques semanais (em muito fruto do furacão que atingiu os EUA).

No Brasil, a curva de juros apresenta leve movimento de steepening, com o mercado ajustando seu portfólio para a possibilidade de uma queda de juros no curto-prazo. O BRL apresenta um desempenho relativo bastante positivo e animador.

O ECB, na Europa, optou por não divulgar nenhuma nova medida na reunião realizada está manhã.

Acredito que o movimento de hoje seja natural e saudável, especialmente frente a baixíssima probabilidade embutida no mercado para uma alta de juros pelo Fed ainda este mês (e ao longo de todo este final de ano). Acredito que, mesmo se o Fed optar por uma alta de juros este mês, será um “dovish hike”. Não vejo um alta pontual de juros nos EUA como capaz de alterar completamente a dinâmica dos ativos de risco. Minha visão terá que ser reavaliada, apenas, caso comecemos a ver sinais mais claros e acentuados de inflação nos EUA, ou um cenário de piora mais acentuada do crescimento global.

Parece que continuamos em um cenário de baixo crescimento global, com flutuações em torno da tendência, sem riscos aparentes de recessão mundial. Os investidores continuam a ver este ambiente como positivo para ativos de risco, em especial aqueles que oferecem yield/carry atrativos com histórias econômicas positivas (ou em vias de recuperação). Caso os números recentes da economia mundial elevem os riscos de um período mais prolongado, ou acentuado, de crescimento mais baixo, ou recessão, este ambiente será profundamente testado.

Continuo favorecendo o mercado de renda fixa emergentes, em especial no Brasil, optando por plays relativos no mercado de moedas (Long BRL VS Short Commodity Currencies) e alguns hedges no mercado de renda variável global. 




Data: 08/09/2016

Some Update...

Nas últimas 24 horas os ativos de risco apresentaram sinais de acomodação, sem tendências definidas. O USD apresentou alguma elevação ontem, especialmente contra algumas moedas EM, mas opera em queda esta manhã. O Petróleo, por sua vez, apresentou forte alta, após os números da API mostrarem forte recuo dos estoques na última semana. Vamos ao breve resumo dos eventos das últimas horas.

EUA – No tocante a política monetária, Williams, George e Lacker reforçaram a mensagem de que ainda veem um cenário para que a taxa de juros seja elevada no país no curto-prazo. O mercado precifica hoje em torno de 25% de probabilidade de uma alta de juros de 25bps no FOMC de setembro, e cerca de 50% de probabilidade de uma alta ao longo de todo este final de ano.

Ontem, o JOLTs Job Opening apresentou mais um mês de alta em julho, mostrando um mercado de trabalho ainda robusto. Já o Beige Book – indicador qualitativo desenvolvido pelo próprio Fed – mostrou sinais de alguma desaceleração da atividade, especialmente no que diz respeito aos investimentos. As incerteza que envolvem as eleições presidenciais parecem estar dificultando este setor da economia. Por outro lado, já há indícios cada vez mais claros de pressões inflacionárias provenientes de um mercado de trabalho apertado, o que pode estar chamando a atenção dos membros do Fed.

Brasil – A mídia está reportando que o governo optou por encaminhar a Reforma da Previdência antes do primeiro turno das eleições. Mesmo não havendo tempo para que ela seja discutida e aprovada ainda este ano, vejo como bastante positiva a postura de Temer e Cia. Estão dando um foco grande na PEC do Teto dos Gastos no curto-prazo, promovendo um corpo-a-corpo junto ao Congresso, mas sem perder o foco e tempo nas demais reformas estruturais necessárias ao país.

Vejo um governo proativo, atuante e mais duro do que antes do impeachment. Entendo que o governo precisará do apoio do Congresso para a aprovação das medidas. Reforço que será um trabalho árduo, talvez lento e tortuoso. As medidas sofrerão mudanças e negociações. Contudo, caso a essência das propostas não seja alterada, será um avanço institucional gigantesco para o país.

China – Os números de importação e exportação de agosto apresentaram recuperação e ficaram acima das expectativas do mercado. Os números afastam no curto-prazo, o receio de uma desaceleração mais rápida e acentuada da economia.

México – Ontem, o Ministro da Fazenda foi afastado, mas acabou sendo substituído por outro respeito membro do próprio governo. A medida chegou a afetar os ativos do país, com o MXN liderando o movimento de depreciação entre os EM. Contudo, ao que parece, a alteração do Ministro não afetará a política econômica ou fiscal no país.

Europa – Hoje pela manhã teremos a decisão do ECB. Acredito que não existem grandes expectativas em torno da decisão, mas que o mercado espera alguma medida pontual por parte de Draghi e Cia. Ao menos uma extensão do QE me parece precificado pelo mercado. Medidas adicionais serão vistas como positivas, mas a ausência completa de medidas poderá ser vista como uma decepção. 




Data: 08/09/2016

Novos sinais de desaceleração global.

Os ativos de risco estão abrindo a quarta-feira, dia de feriado no Brasil, sem grandes movimentações, exceto por questões pontuais.

Nos EUA, John Williams, integrante do FOMC, e considerado um “centrista” dentro do comitê, reforçou a mensagem que vinham sendo adotada mesmo antes dos últimos dados econômicos mais fracos no país. Segundo a cobertura da Bloomberg em relação ao discurso de Williams na noite de ontem:

The economy is “in good shape and headed in the right direction,” Williams said, according to a text of his remarks in Reno, Nevada. As a result, “it makes sense to get back to a pace of gradual rate increases, preferably sooner rather than later,” Williams said, repeating an argument that he made Aug. 18 in Alaska, though incoming data since then has been mixed.

A mensagem não deixa explícita se uma alta de juros poderá ocorrer já em setembro, ou se o Fed está apenas optando por deixar suas possibilidades em aberto.

De qualquer maneira, acredito que na ausência de sinais claros de inflação, mesmo que o Fed opte por uma elevação pontual de juros, não deveria inverter o ambiente construtivo para ativos de risco. Minha preocupação maior reside na possibilidade do mundo estar entrando em mais uma rodada de desaceleração, em um momento de políticas monetárias menos potentes no mundo desenvolvido.

Nesta frente, os dados econômicos na Europa, divulgados essa manhã, são poucos animadores. Na Alemanha, a produção industrial apresentou forte queda de 1,5% MoM em julho, muito abaixo das expectativas de alta de 0,1% MoM. Na Inglaterra, o Manufacturing Production caiu 0,9% MoM no mesmo mês, também abaixo das expectativas. Esses números complementam uma série de outros indicadores de atividade econômica, divulgados nos últimos dias que apontam para um clara perde de momento da economia da Europa.

Na China, as reservas internacionais apresentaram queda de US$15,9bi em agosto. O número é abaixo dos fortes fluxos negativos verificados no país no inicio do ano, mas mostra que ainda existe um pressão, não desprezível, para a depreciação cambial. Por ora, o governo está conseguindo administrar de maneira fluida e suave este movimento.

No Japão, desde o começo da semana o JPY vem sofrendo uma forte pressão de apreciação. O mercado está, aos poucos, perdendo as esperanças de que o BoJ será capaz de anunciar um novo pacote de medidas monetárias capaz de estimular a economia do país.

Em suma, parece que continuamos em um cenário de baixo crescimento global, com flutuações em torno da tendência, sem riscos aparentes de recessão mundial. Na margem, contudo, a nova rodada de números fracos de atividade econômica no mundo desenvolvido coloca a condicionante “sem riscos aparentes de recessão mundial” em xeque. Os investidores continuam a ver este ambiente como positivo para ativos de risco, em especial aqueles que oferecem yield/carry atrativos com histórias econômicas positivas (ou em vias de recuperação). Caso os números recentes da economia mundial elevem os riscos de um período mais prolongado, ou acentuado, de crescimento ainda mais baixo, ou recessão, este ambiente será profundamente testado. Assim, continuo favorecendo o mercado de renda fixa emergentes, em especial no Brasil, optando por plays relativos no mercado de moedas (Long BRL VS Short Commodity Currencies) e alguns hedges no mercado de renda variável global.




Data: 08/09/2016

Keep Calm, and Carry On!

Nesta terça-feira tivemos vetores locais e externos caminhando na direção do cenário que temos alertado neste fórum já há algumas semanas.

Nos EUA, o ISM Non-Manufacturing caiu de 55,5 para 51,4 em agosto, muito abaixo das expectativas de 55,0. O qualitativo do indicador foi tão ruim quanto o headline, com quedas nos principais sub itens. Tendo em vista a queda do ISM Manufacturing, que ficou abaixo de 50 pontos no mesmo mês, cresce o cenário de que a economia possa estar passando por uma nova rodada de desaceleração, mesmo que seja apenas um “soft-patch”.

Nesta mesma direção, o Labor Market Conditions Index – índice desenvolvido pelo Fed para compilar os principais indicadores do mercado de trabalho – apresentou queda de 0,7pts em agosto, após pequena alta de 1,3 no mês anterior.

Diante dos recentes indicadores de atividade econômica, mercado de trabalho e inflação, não parece haver a necessidade de um ajuste de juros tão cedo por parte do Fed, o que foi devidamente precificado pelo mercado. A probabilidade de alta de juros de 25bps no FOMC de setembro caiu de 35% para 25%, com a probabilidade de alta este ano caindo de 60% para 50%.

Neste ambiente, prevaleceu um cenário de busca por ativos com carry/yields. Acredito que esta dinâmica dos ativos de risco permanecerá, enquanto prevalecer um cenário de crescimento global baixo, sem riscos aparentes de recessão, com flutuações em torno desta tendência.

Vale a pena destacar que, pela primeira vez em muitos anos, vemos um cenário de enfraquecimento de algumas economias desenvolvidas, ao mesmo tempo em que alguns países emergentes começam a dar sinais mais positivos. Este ambiente costuma permear um cenário bastante positivo para ativos emergentes.

No tocante aos riscos, existe a possibilidade do Fed optar por dar seguimento ao processo de alta de juros. Acredito, contudo, que postura como essa causará apenas ruídos e volatilidade pontual. A ausência de pressões inflacionárias aparentes deveria evitar uma inversão deste cenário mais construtivo. O outro risco fica por conta de um cenário de desaceleração mais acentuada de alguma economia mais relevante para o mundo, como a China ou o próprio EUA. Olhando de hoje, essa probabilidade parece reduzida, mas não pode ser totalmente descartada.

No Brasil, a Ata do Copom reafirmou o que o comunicado após a reunião já havia esclarecido. O Comitê será dependente dos dados. Caso uma combinação de inflação corrente mais baixa, expectativas recuando e avanço do ajuste fiscal seja atingidos, haverá espaço para a flexibilização da política monetária. Como frisado pela Ata: Não há fator que seja determinante por si só para as decisões de política monetária. Em outras palavras, nenhum dos fatores constitui condição necessária ou suficiente para uma flexibilização das condições monetárias.

A queda da taxa Selic em outubro parece em aberta. Dependerá dos dados de hoje até a reunião. De qualquer maneira, parece que o cenário para juros mais baixos no Brasil já está plantado, pendendo ser colhido.

Reforço minha visão de que diante do cenário que vislumbro para os próximos meses, de queda da inflação corrente, aprovação do ajuste fiscal, consequente queda das expectativas de inflação, e possível início do ciclo de queda da taxa Selic, parece haver espaço para o mercado precificar um ciclo de queda maior do que o atual.

No campo político, o governo está fazendo um “corpo-a-corpo” junto ao congresso para a aprovação da PEC do Teto dos Gastos. Vejo essa postura como bastante positiva. Obviamente, vamos depender da boa vontade do congresso para a aprovação dessas medidas, mas nunca tivemos um cenário tão favorável para avançar nestes temas estruturalmente importantes para o país.




Data: 06/09/2016

Brasil: Governo começa debate mais intenso para aprovar PEC do Teto dos Gastos.

A noite não trouxe nada de fundamentalmente novo no cenário econômico global. Os ativos de risco operam com leve viés positivo.

Na Austrália, o RBA manteve o juro estável, alterando apenas pequena parte de seu comunicado após decisão. Como o mercado precificava cerca de 40% de probabilidade de mais um corte de juros até o final deste ano, a decisão lacônica acabou dando suporte ao AUD.

Na Alemanha, o Factory Orders apresentou alta de 0,2% MoM em julho, abaixo das expectativas de 0,5% MoM. Nos últimos dias, observamos sinais mais claros de desaceleração da economia da Alemanha e da Europa como um todo. Será fundamental observar qual será a postura do ECB diante destas evidências.

No Brasil, a mídia está ventilando para a possibilidade de alterações na PEC dos Gastos. Acredito que seja natural e saudável este tipo de debate e negociação, contanto que a essência da PEC não seja alterada. Este é um ponto que já foi amplamente discutido pela equipe econômica. Na minha visão, teremos dias de intenso debate em torno do projeto. Alterações no texto são quase que inevitáveis. Temos que nos ater, contudo, a essência da proposta. Caso esta seja mantida, e o a PEC aprovada, verei como bastante positivo para os fundamentos estruturais do país. Caso a aprovação se mostre inviável, ou as alterações no texto alterem de forma significativa o projeto, teremos que rever está leitura positiva.

A curva local de juros precifica cerca de 250bps de corte de juros, com o ciclo começando com cerca de 20bps de queda em outubro, e continuando com um ritmo de cerca de 50bps nas reuniões seguintes. Olhando de hoje, este cenário parece justo. Diante do cenário que vislumbro para os próximos meses, de queda da inflação corrente, aprovação do ajuste fiscal, consequente queda das expectativas de inflação, e possível início do ciclo de queda da taxa Selic, parece haver espaço para o mercado precificar um ciclo de queda maior do que o atual.

Hoje pela manhã, teremos a divulgação da Ata do Copom. Com um comunicado já bastante claro, direto e transparente, acho difícil que a Ata traga notícias adicionais. O espaço para dar início a um ciclo de queda da taxa Selic está aberto, contanto que as variáveis descritas pelo Copom sejam atingidas, ou seja, queda da inflação corrente, arrefecimento das expectativas de inflação e avanço do ajuste fiscal. Estas medidas não são de fácil concretização até a reunião do Copom de outubro, mas nem tampouco são impossíveis.

Segundo nossa análise interna dos fundos locais, vemos o mercado aplicado em taxas de juros e vendido em dólar (comprado em BRL). Os fundos multimercados macro parecem mais neutros em renda variável, ou com posições de menor magnitude. As posições são relevantes, mas o quadro técnico não parece ainda excessivo.




Data: 05/09/2016

Curva Local de Juros & Bancos Centrais.

A segunda-feira foi de poucas novidades, baixa volatilidade e liquidez, devido ao feriado nos EUA.

No Brasil, o dia foi de consolidação, com alta do dólar e abertura de taxa de juros. Não vejo motivos para alterar a visão construtiva com os ativos locais. Uma nova operação da polícia federal, desta vez envolvendo fundos de pensão e alguns agentes do mercado financeiro pode ter ajudado a dar um humor mais negativo em um dia de baixa liquidez, mas não vejo este vetor como determinante para a dinâmica dos ativos locais no médio-prazo.

A curva local de juros precifica cerca de 250bps de corte de juros, com o ciclo começando com cerca de 20bps de queda em outubro, e continuando com um ritmo de cerca de 50bps nas reuniões seguintes. Olhando de hoje, este cenário parece justo. Diante do cenário que vislumbro para os próximos meses, de queda da inflação corrente, aprovação do ajuste fiscal, consequente queda das expectativas de inflação, e possível início do ciclo de queda da taxa Selic, parece haver espaço para o mercado precificar um ciclo de queda maior do que o atual.

Amanhã, teremos a divulgação da Ata do Copom. Com um comunicado já bastante claro, direto e transparente, acho difícil que a Ata traga notícias adicionais. O espaço para dar início a um ciclo de queda da taxa Selic está aberto, contanto que as variáveis descritas pelo Copom sejam atingidas, ou seja, queda da inflação corrente, arrefecimento das expectativas de inflação e avanço do ajuste fiscal. Estas medidas não são de fácil concretização até a reunião do Copom de outubro, mas nem tampouco são impossíveis.

Segundo nossa análise interna dos fundos locais, vemos o mercado aplicado em taxas de juros e vendido em dólar (comprado em BRL). Os fundos multimercados macro parecem mais neutros em renda variável, ou com posições de menor magnitude. As posições são relevantes, mas o quadro técnico não parece ainda excessivo.

No cenário externo, os bancos centrais de Europa, Japão e EUA estarão nos holofotes nos próximos dias. Não espero grandes medidas vindas da Europa e dos Japão, e acredito que o mercado não precifique nada de agressivo dessas duas frentes. Será uma surpresa, apenas, e com probabilidade muito baixa, qualquer sinalização mais clara de que o poder da política monetária está comprometido e novas medidas não seriam nem necessárias, nem prudentes.

Nos EUA, o Fed poderá utilizar os próximos dias para guiar as expectativas do mercado para uma probabilidade maior de alta de juros já em setembro. Acho que a chances de uma alta ainda este mês são elevadas, e isso poderá causar algum ruído pontual aos ativos de risco. Não vejo essa sinalização como capaz de alterar o cenário construtivos para os ativos de risco. Sinais mais evidentes de piora no crescimento da China me preocupam mais do que um Fed excessivamente hawkish.




Data: 05/09/2016

G20 e Eleições Americanas.

As vésperas de um feriado nos EUA, o final de semana foi de relativa tranquilidade.

Na China, onde é realizada mais uma reunião do G20, a mídia está reportando a ausência de decisões e ações mais concretas com o intuito de retomar o crescimento global. O WSJ traz um artigo de capa que consegue traduzir bem a ausência de consensos neste tipo de fórum. Abaixo, segue uma breve passagem do artigo.

G-20 Leaders Challenged to Find Effective Plan to Reignite World Growth

The G-20, which represents 85% of the world economy, had its biggest impact eight years ago when a summit was hastily arranged to address a single goal: preventing financial market mayhem. Now, the gathering risks losing focus with each country promoting its own views and pet projects, at a time growth is losing steam and frustration with globalization is rising. 

“We face the very fundamental challenge of restoring public trust in economic reform and world trade,” Australia Prime Minister  Malcolm Turnbull said.

The International Monetary Fund says the reliance on low interest rates to bolster growth can’t continue and last week said it expects to again reduce its forecast for a 3.1% global expansion in 2016.

Behind closed doors, diplomats say the lengthy communiqué reflects how varied interests are among G-20 members. They have spent days negotiating contentious parts of the document, including how to reduce greenhouse-gas emissions and what forms of energy to use. “Each country had their own preference—Saudi Arabia still wants to use oil, while others want renewables or nuclear energy,” the European official said.

De maneira geral, não existia nenhuma expectativa de ações concretas desta reunião. Contudo, ainda me surpreende a esperança que o mercado coloca na possibilidade de medidas conjuntas, ou agressivas, no âmbito fiscal, a fim de ajudar a política monetária no combate ao baixo crescimento global. Reforço minha visão já esboçada neste fórum diversas vezes. Os governantes costumam ser reativos, e não proativos. O timing de atuação difere em muito das demandas de “Wall Street”. Assim, as medidas concretas só costumam serem adotadas depois de esgotadas todas as outras medidas. Espero que o peso do estímulo econômico continue recaindo sobre a política monetária que, por sua vez, parece a cada dia menos potente.

Não há necessidade de pânico, no momento. A economia global continua com crescimento baixo, porém estável, com flutuações em torno da tendência. O mercado continua a ver um cenário de crescimento baixo, mas sem risco concreto de recessão, com flutuações em torno desta tendência, como um cenário positivo para ativos de carry/yields. Este cenário deverá prevalecer até que este cenário seja testado, ou pela elevação do risco de recessão, ou pela manutenção da promessa do Fed em elevar os juros caso o cenário permaneça em linha com os dados recentes.

Nos EUA, segundo o Zero Hedge – um blog reconhecidamente negativo e exagerado – está reportando que uma nova pesquisa Reuters coloca Trump na frente de Hillary na corrida a presidência dos EUA:

It appears another "oh shit" moment looms for the Clinton campaign. Having 'tweaked' their polling in July (to remove the slient majority), helping to push Hillary Clinton to a reportedly insurmountable lead Reuters/Ipsos latest poll shows Donald Trump has now taken the lead nationally, after having been 12 points behind on August 22nd.

No Brasil, os jornais do final de semana continuam ventilando as possíveis reformas que serão apresentadas por Temer. Além disso, mostram a relação que está se criando em o PMDB de Temer, o PMDB de oposição e partidos da base aliada, como o PSDB. Não há novidades relevantes na frente política ou econômica local.




Data: 05/09/2016

Carry Trade Still Alive. Wacth Out for the Central Banks!

Os ativos de risco estão iniciando a semana em tom positivo, dando continuidade ao movimento verificado após a divulgação dos dados de emprego nos EUA na sexta-feira. O dia será de feriado nos EUA, o que deve trazer pouco volume aos mercados no dia de hoje.

Vejo um risco de bancos centrais menos dovish do que os mercados precificam no momento ao longo deste mês, o que poderia trazer volatilidade e ruídos pontuais aos ativos de risco. Contudo, acredito que será necessário uma grande mudança de cenário para reverter de forma definitiva o movimento atual dos ativos de risco. Assim, os ativos emergentes devem continuar em demanda, mas a busca por hedges se mostra necessária.

Além dos temas já destacados na tarde de ontem (vide abaixo), vale ressaltar, apenas, a derrota do partido de Angela Merkel, na Alemanha, no seu distrito de origem, para um partido relativamente novo, de pouca expressão, e mais radical. A derrota em si traz pouco reflexo imediato para a situação política do país, mas mostra sintomas da mesa “doença” já verificada com o Brexit na Alemanha, com o avanço de Trump nos EUA e com o avanço de partidos radicais em toda a Europa, ou seja, uma ojeriza da população em torno dos partidos políticos e uma necessidade de mudanças.

Continuo recomendando alocações agressivas na curva local de juros, permanecendo mais neutro e tático no mercado de renda variável e câmbio. Entendo que estes ativos possam continuar a se favorecer de fluxos positivos, e de um cenário externo aparentemente estável. Ainda trabalho com alguns hedges externos, devido a minha insegurança diante da certeza do mercado em um cenário econômico de baixa volatilidade e sem riscos evidentes.

As vésperas de um feriado nos EUA, o final de semana foi de relativa tranquilidade.




Data: 02/09/2016

Not Too Hot, Not Too Cold. Just Enough to Carry On!

Os dados de mercado de trabalho de agosto, nos EUA, ficaram abaixo das expectativas do mercado. Os números mostram um mercado de trabalho saudável, porém sem sinais consistentes de pressões inflacionárias por parte dos salários/remunerações.

O mercado deve continuar questionando qual a postura que será adotada pelo Fed até o final deste ano. Existem argumentos coerentes para uma alta de juros no curto-prazo, assim como existem evidências claras de que não há pressa para dar mais um passo no processo de alta de juros.

O mercado precifica cerca de 30% de probabilidade de alta de 25bps em setembro, e uma probabilidade de cerca de 60% de uma alta até o final deste ano. Diante desta precificação, existe espaço para ruídos pontuais, e volatilidade, caso o mercado migre para uma probabilidade mais próxima a 100% de uma alta de juros em setembro, ou até o final ano.

Por ora, e frente aos sinais de crescimento mais brando do mundo, o mercado continua a ver um cenário de crescimento baixo, mas sem risco concreto de recessão, com flutuações em torno desta tendência, como um cenário positivo para ativos de carry/yields. Este cenário deverá prevalecer até que este cenário seja testado, ou pela elevação do risco de recessão, ou pela manutenção da promessa do Fed em elevar os juros caso o cenário permaneça em linha com os dados recentes.

Continuo recomendando alocações na curva local de juros, permanecendo mais neutro e tático no mercado de renda variável e câmbio. Entendo que estes ativos possam continuar a se favorecer de fluxos positivos, e de um cenário externo aparentemente estável. Ainda trabalho com alguns hedges externos, devido a minha insegurança diante da certeza do mercado em um cenário econômico de baixa volatilidade e sem riscos evidentes.




Data: 02/09/2016

Taxa Selic, Reformas Econômicas e Payroll em foco.

Os ativos de risco, após uma noite sem novidades relevantes para o cenário, estão em compasso de espera para os dados de emprego de agosto nos EUA.

No Brasil, o Correio Brasiliense, de Vicente Nunes, e o Valor, de Alex Ribeiro, apresentam artigos com interpretações parecidas do comunicado do Copom, mas com conclusões um pouco distintas. Vicente Nunes acredita que existe espaço para uma queda de juros em outubro, enquanto Alex Ribeiro acha este cenário pouco factível, mas não impossível.

Para Vicente Nunes, Técnicos do Banco Central acreditam que o corte da taxa básica de juros (Selic) está a caminho, mas ressaltam que o mercado deve manter o pé no freio nas apostas de mudança na política monetária em outubro. Ele dizem que as condições para que o time comandado por Ilan Goldfajn dê o alívio que todos esperam estão criadas, mas tudo dependerá de como o governo encaminhará no Congresso Nacional a aprovação da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que limita o aumento de gastos à inflação do ano anterior e a reforma da Previdência Social. Se o projeto for aprovado pela Câmara dos Deputados até as vésperas da próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), marcada para 18 e 19 de outubro, as chances de queda da Selic aumentarão muito. Nesse caso, acreditam os técnicos, o BC nem esperaria a convergência das projeções de inflação para 4,5%, como vem pregando o comando da instituição. Ilan e companhia teriam a justificativa de que o tão esperado ajuste fiscal ficaria mais próximo de sair do campo das promessas para se tornar realidade.

Já segundo Alex Ribeiro, O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, não descartou um eventual aumento de impostos, embora tenha dito que a solução preferencial é contingenciar despesas. Se subir impostos, o mais provável seria a majoração de contribuições, como a Cide, que podem ser cobradas 90 dias depois de aprovadas. Para o BC, que apontou uma série de desafios para baixar o juro - principalmente inflação resistente e aprovação do ajuste fiscal de longo prazo - esse é um foco de incerteza que possivelmente será solucionado apenas em 2017.

No campo político, a mídia está reportando que Michel Temer já adota uma postura mais dura no tocante à necessidade da aprovação das reformas econômicas, sinalizando que pode punir aliados de sua base que votem contra as propostas do governo. Esta é exatamente a postura que esperávamos do “novo” governo Temer. O mercado estará focado nas condições existentes para que o conjunto de reformas sejam aprovadas no congresso, já que acreditamos que existe ampla disposição do governo nesta direção. Os primeiros sinais de Temer após aprovado o impeachment são extremamente positivos.

Nos EUA, desenhar cenários para o conjunto de dados de emprego nunca é uma situação trivial, mas vamos lá...

Acredito que uma criação de vagas de trabalho acima de 150 mil postos, com uma taxa de desemprego em torno da atual, será suficiente para o Fed manter acesa a possibilidade de uma alta de juros já em setembro. Um número mais baixo do que 150 mil tornará este cenário menos factível.

Em relação aos mercados financeiros globais, acredito que uma combinação de Payroll “OK” (em torno de 100-150 mil), mas sem surpresas altistas nos números de remuneração, pode ser visto como positivo para os ativos de risco. O pior dos cenários para risco seria um Payroll fraco, em conjunto com uma elevação acentuada da remuneração. Este cenário apontaria para uma economia no “full employment”, com produtividade baixa, o que poderia forçar o Fed a elevar os juros mesmo com crescimento ainda duvidoso. Números de Payroll muito abaixo d 100 mil tornam essa equação um tanto quanto complexa, e tenho dúvidas de como os ativos de risco reagiriam. 




Data: 02/09/2016

 ISM, Juros Brasil e Ásia. 

 

A quinta-feira foi marcada pela divulgação de um ISM Manufacturing, nos EUA, não apenas abaixo das expectativas do mercado, como abaixo dos 50 pontos – limiar que divide a fronteira entre uma economia em expansão, ou em contração. A fraqueza do setor manufatureiro dos EUA está em linha com os sinais emitidos pelos PMIs de outras regiões do mundo, que mostram um crescimento pífio deste setor da economia global.

Acho válido chamar a atenção para um movimento que vem ocorrendo de maneira fluida, porém não menos importante, de fraqueza das economias da Ásia, mesmo que o crescimento chinês aparente estar em posição satisfatória. O Morgan Stanley resumiu com clareza o cenário, que reproduzo a seguir, no final deste post.

No Brasil, a curva de juros reagiu de maneira clássica a nova mensagem do comunicado do Copom, ou seja, com forte fechamento de taxas dos vértices intermediários da curva, e leve steepening. O BCB colocou com clareza as condições para que o ciclo de queda da taxa Selic seja iniciado. Não será fácil, ou trivial, atingir as condições impostas pelo BCB, mas também não vejo essas condições como inatingíveis até a próxima reunião do Copom. Assim, eleva-se a probabilidade de queda de juros no próximo Copom, mesmo que o cenário central continue sendo de queda apenas na última reunião do ano.

Ainda vejo espaço para a continuidade do movimento de queda das taxas locais de juros, onde acredito que precisa estar concentrada a alocação de risco no momento. Vejo um ambiente menos trivial nos mercados de câmbio e renda variável.

Nos EUA, o foco absoluto ficará por conta dos dados de emprego de agosto a serem divulgados na manhã desta sexta-feira. Desenhar cenários para este conjunto de dados nunca é uma situação trivial, mas vamos lá...

Acredito que uma criação de vagas de trabalho acima de 150 mil postos, com uma taxa de desemprego em torno da atual, será suficiente para o Fed manter acesa a possibilidade de uma alta de juros já em setembro. Um número mais baixo do que 150 mil tornará este cenário menos factível.

Em relação aos mercados financeiros globais, acredito que uma combinação de Payroll “OK” (em torno de 100-150 mil), mas sem surpresas altistas nos números de remuneração, pode ser visto como positivo para os ativos de risco. O pior dos cenários para risco seria um Payroll fraco, em conjunto com uma elevação acentuada da remuneração. Este cenário apontaria para uma economia no “full employment”, com produtividade baixa, o que poderia forçar o Fed a elevar os juros mesmo com crescimento ainda duvidoso. Números de Payroll muito abaixo d 100 mil tornam essa equação um tanto quanto complexa, e tenho dúvidas de como os ativos de risco reagiriam.

Abaixo, segue um breve resumo do cenário para a Ásia, cortesia do time de estratégia de moedas do Morgan Stanley:

AXJ data weakness: Except the official Chinese manufacturing PMI (50.4 vs. 49.8 expected), most other relevant Asian manufacturing PMI were in retreat (the Philippines at 55.3, Malaysia at 47.4). Moreover, China’s Caixin PMI reading moved back from 50.6 to 50, suggesting that the private manufacturing sector has moved back towards stagnation. China’s manufacturing sector should benefit from the 6.7% RMB depreciation witnessed since November. So far, the supportive effect coming via China’s improved competitive position has been lacklustre. On the other hand, South Korea (48.6 after 50.1) and other local trading partners of China showed weak PMI readings, indicating that higher local FX valuation has taken its toll. Korea’s and Thailand’s August CPI undershooting expectations supports our view that the region is challenged by substantial deflationary pressures. Sharp FX appreciations seen since January (USDKRW: -12%) have undermined inflation further. However, the main origin of these deflationary pressures is due to underutilised capacity and overleveraged balance sheets.

Watching manufacturing: USD tends to rise when global manufacturing activity weakens. Yesterday the Chicago PMI fell sharply, not boding well for the national ISM release later today. Due to global trade reaching 60% of global GDP, manufacturing trends have become highly synchronised. The US economy, being less exposed to manufacturing compared to AXJ economies, for example, may withstand these pressures better, explaining why USD tends to do better when there is global manufacturing weakness.

The rational for lower AXJ FX… By now Asian yield curves have flattened, reducing the attractiveness of this ‘fixed income trade’. Foreign inflows should ease from here, which itself should weaken the local currency outlook. The release of disappointing inflation data suggests local central banks will consider their current monetary and FX approaches. Especially against its main trading partners, which are China and the US, AXJ has run too strong currencies. The region may have a common interest to weaken its currencies, not only to provide support for ailing manufacturing sectors, but also to stop falling import prices undermining domestic prices further from here.

Falling oil and inflation expectations: There are increasing signs that the commodity market including oil have rolled over. Yesterday oil declined by 3.6% as the US released higher oil inventory data and the IEA suggested that it overestimated US oil demand for this year by 16%. Falling commodity prices would add to deflationary concerns, working at this stage against JPY and low-yielding AXJ as it would heighten the BoJ’s and other local AXJ central banks' monetary policy debate. This debate is missing within EMU, so we think the anticipation of higher real EUR rates will push the currency higher.  




Data: 01/09/2016

PMI na China & Copom. 

 

A quarta-feira deve ser analisada a luz de eventos específicos no Brasil e no mundo.

Os ativos de risco estão abrindo a quinta-feira em tom mais positivo, após uma surpresa altista no PMI Manufacturing de setembro na China. O número oficial subiu de 49,9 para 50,4. Contudo, o Caixin China PMI Mfg caiu de 50,6 para 50,0 pontos no mesmo mês, levemente abaixo das expectativas. Os números de hoje mostraram uma economia relativamente estável, a despeito de um patamar mais baixo de crescimento do que o realizado ao longo dos últimos anos. Se, por um lado, não vemos sinais concretos de aceleração da economia, por outro lado, também não existem indícios claros de uma desaceleração mais assustadora do crescimento.

No Brasil, no final da tarde de ontem, o BCB anunciou sua decisão, amplamente esperada, em manter a taxa Selic estável em 14,25%. Ao contrário do que eu esperava e, acredito eu, surpreendendo as expectativas do mercado, o Copom optou por alterar o comunicado após a decisão. Eu vejo as mudanças promovidas como marginalmente mais dovish, pois abrem a porta para uma eventual queda de juros já na próxima reunião do Comitê. Este ainda não é o cenário base, que permanece para o inicio do ciclo de queda de juros em novembro/dezembro, mas não podemos mais descartar a possibilidade de que o começo deste processo ocorra já no próximo Copom.

Espero um fechamento relevante de taxas de juros ao longo do dia de hoje, com algum viés desteepening da curva, e alguma abertura das inflações implícitas. Contudo, dado a condução do cenário macro (inflação corrente em queda, expectativas de inflação cadentes e etc) e do cenário político (fala dura de Temer ontem, encaminhamento das propostas de ajuste econômicos e etc), não vejo esses dois últimos movimentos como muito acentuados. O fechamento das taxas de juros, contudo, podem ser o início de um ciclo mais longo, e uma nova tendência para os mercados locais, após alguns meses de consolidação desta classe de ativos.

O Copom foi claro, desenhando uma espécie de roteiro que precisará ser cumprido para que o processo de queda de juros se inicie. Segundo o Valor:

Os fatores domésticos que serão avaliados pelo colegiado incluem que o forte aumento dos preços de alimentos ocorrido recentemente se transmita com menos persistência para a inflação como um todo. E também que os componentes do IPCA, o índice oficial do regime de metas, sejam mais sensíveis à política monetária e à atividade e indiquem desinflação em velocidade adequada. Além disso, que ocorra redução da incerteza sobre a aprovação e implementação dos ajustes necessários na economia, incluindo a composição das medidas de ajuste fiscal, e seus respectivos impactos sobre a inflação.




Data: 01/09/2016

New Kid on the Block, Less Tail Risk!

 

A quarta-feira deve ser analisada a luz de eventos específicos no Brasil e no mundo.

No Brasil, o processo de impeachment foi encerrado, com o presidente interino Michel Temer sendo confirmado como novo presidente do país.  A votação mostrou 61 votos a favor do afastamento de Dilma, número em linha com o que era imaginado anteriormente. A aprovação do impeachment, mesmo que aparentemente esperada pelo mercado e pela sociedade, retira um “risco de cauda” do cenário político local.

O PIB do 2Q apresentou queda de 0,6% e -3,8% em relação ao mesmo período do ano anterior, levemente abaixo das expectativas do mercado. Segundo nossa área econômica:

A queda de -0,6%t/t dessaz e -3,8%a/a no PIB do segundo trimestre ficaram em linha com a nossa expectativa e não traz mudança para o nosso cenário de crescimento (-3,3% para 2016 e +1% em 2017); A formação bruta de capital fixo voltou a crescer (+0,4% t/t dessaz), algo que não ocorria desde o terceiro trimestre de 2013; O consumo das famílias caiu -0,7%t/t dessaz, enquanto o consumo do governo encolheu -0,5%t/t dessaz. O consumo deve continuar fraco nos próximos trimestres, tende em vista a deterioração ainda presente no mercado de trabalho e o mercado de crédito ainda cauteloso; A demanda doméstica encolheu -0,5%t/t dessaz; A contribuição do setor externo deixou de ser positiva no segundo trimestre ano, retirando 0,5p.p. da taxa de crescimento t/t dessaz do PIB. Por outro lado, os estoques contribuíram com +0,4p.p. do PIB; Pela ótica da oferta, a indústria voltou a crescer, alcançando +0,3%t/t dessaz. Entretanto, desde 1T14, o nível da indústria caiu 10,9%; Dessa vez, o segmento de serviços tem sofrido bastante ao longo da recessão (o nível de produção caiu 5,5% desde o final de 2014), em contraste com a crise de 2008, a qual ficou mais concentrada na indústria;

Neste contexto, observamos um desempenho positivo do mercado local de juros e câmbio, a despeito de uma performance ruim do mercado de renda variável, que seguiu a tendência externa (comentaremos a respeito da visão dos mercados em breve).

No cenário externo, a divulgação de um acumulo expressivo de estoques de derivados de petróleo nos EUA acabou pressionando o complexo de commodities, em especial as commodities de energia, e colocando alguma pressão no mercado global de renda variável.

No tocante a conjuntura global, vale sinalizar para alguns vetores, na minha opinião negativos, trazidos pelo Chicago PMI de agosto nos EUA. O número caiu de 55,8 para 51,5 pontos, abaixo das expectativas do mercado. Em sua abertura, vimos uma desaceleração de todos os sub itens de crescimento, com uma aceleração do número de emprego. Uma economia com crescimento baixo (ou desacelerando), mas com mercado de trabalho robusto, indica uma produtividade baixa e, consequentemente, margens de lucros comprimidas.

O ADP Employment, o último indicador antecedente para o Payroll de agosto, apresentou alta de 177 mil, após revisões altistas dos meses anteriores. O número é condizente com um mercado de trabalho robusto e com uma probabilidade crescente de uma alta de juros no curto-prazo nos EUA.

Ainda vejo espaço para os ativos de risco se ajustarem a uma possível alta de juros por parte do Fed até o final deste ano, com uma chance crescente deste evento ocorrer ainda em setembro (a probabilidade está em 30% para setembro e 60% até o final do ano).

Hoje à noite teremos a divulgação da decisão do Copom e espero um comunicado muito parecido com o comunicado da última reunião. Se este cenário se concretizar, espero um flattening da curva de juros e um recuo das inflações implícitas. Caso o BCB opte por alterar o comunicado de maneira a aliviar o tom de seu discurso, veremos um forte movimento de fechamento de taxas de juros no país.

Pela primeira em algumas semanas o mercado começou a migrar para o cenário que tenho desenhado neste fórum, ou seja, um bom desempenho do mercado local de juros, mesmo diante de um cenário externo mais complexo, especialmente nos atuais níveis de preço. Assim, mantenho minha visão descrita neste fórum nos últimos dias:

Em relação a alocação a risco, mantenho uma visão construtiva para a curva longa de juros no Brasil, mas entendo que o cenário externo possa dar um tom mais volátil no curto-prazo. Estruturalmente, a postura do governo será fundamental no pos impeachment. Caso o apoio do congresso as medidas de ajuste fiscal se mostre fragilizada, a visão mais positiva deverá ser revista. O mesmo vale para a posição vendida em inflação implícita na parte intermediária da curva. A despeito de acreditar que esta classe de ativos acaba sendo mais defendida devido a postura mais dura e ortodoxa do novo BCB, entendo que há um componente fiscal relevante na posição. Finalmente, mantenho um nível de hedge mais elevado no âmbito externo, devido aos novos sinais de fragilidade da China e postura mais hawkish do Fed. 




Data: 31/08/2016

Brasil: Sinais mais positivos. / BCB no câmbio, Política Monetária e Reformas.

 

Os ativos de risco estão abrindo a quarta-feira sem tendência definida. O dólar apresenta algum alivio após um movimento de alta verificado nos últimos dias. O petróleo apresenta queda, enquanto as bolsas e o mercado global de juros não apresentam movimentos relevantes.

O destaque da agenda ficará por conta do PIB no Brasil para o ADp Employment nos EUA, que deverá determinar a direção dos ativos de risco no curto-prazo.

No Brasil, o destaque ficou por cota da atuação do BCB no mercado de câmbio. O BCB não anunciou swap cambial reverso para hoje, dia de ptax de encerramento de mês, e dia de encerramento do processo de impeachment. O BCB já não vinha anunciando swap cambial reverso nos dias de ptax de final de mês, o que parece prudente, a fim de evitar movimentos ainda mais acentuados para a formação da ptax. Além disso, ele anunciou um leilão de linha em torno de $3,3bi, em um movimento positiv, o que mostra disposição em prover liquidez ao mercado. Não vejo o movimento do BCB como uma mudança de postura em torno de uma taxa de câmbio mais livre e flutuante, e muito menos vejo estes movimentos como uma intenção de buscar um determinado patamar para a moeda, mas pode ser bem vista pelo mercado.

Segundo Valdo Cruz, da Folha:

A equipe do presidente interino, Michel Temer, já trabalha com a possibilidade de a taxa de juros começar a cair só no próximo ano, diante do ritmo ainda lento de queda da inflação e da demora na aprovação das medidas fiscais propostas pelo governo. No início de maio, Temer acreditava que a taxa Selic, referência de juros para o mercado financeiro, começaria a ser reduzida pelo Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central na reunião marcada para outubro. Assessores presidenciais avaliam agora que as melhoras no cenário econômico ainda não são suficientes para o BC cortar a taxa de juros.

Eu mantenho minha visão de que o corte de juros deverá ocorrer, na melhor das hipóteses, na reunião do Copom de novembro/dezembro, com algum risco do processo ser adiado ainda mais. Uma vez iniciado o ciclo de queda da taxa Selic, contudo, o processo poderá ser mais rápido e acentuado do que aquele precificado pelo mercado atualmente.

Mantenho a visão de concentrar, neste momento, posições na parte mais longa da curva de juros e na venda das inflações implícitas da parte intermediária da curva de juros. 

O Valor traz uma matéria em que afirma que, aprovado o impeachment, Temer irá encaminhar uma PEC para a Reforma da Previdência, em mais uma postura positiva deste governo:

Assim que for confirmado o afastamento definitivo de Dilma Rousseff do cargo, o presidente Michel Temer tem pressa em encaminhar a reforma da Previdência Social ao Congresso Nacional para mostrar aos agentes financeiros que seu governo está realmente comprometido com o ajuste fiscal. A ideia é que Temer, ao retornar da viagem à China, onde participará do encontro do G­20, escolha uma das minutas de reforma elaboradas por sua equipe técnica e a envie à Câmara ainda em setembro. O governo tem consciência de que a lua de mel com o mercado financeiro está próxima do fim e, portanto, precisa apresentar medidas mais concretas para ajustes nas contas públicas. Somente dessa maneira, a equipe de Temer poderá desconstruir sinais contraditórios como a negociação de reajustes salariais de servidores, num período de forte ajuste fiscal e recessão econômica, e ganhar um pouco mais de tempo de trégua.




Data: 31/08/2016

Ajuste ao Fed.

 

Os ativos globais de risco continuam se ajustando para a possibilidade de uma alta de juros por parte do Fed (mais cedo do que tarde). Com a curva de juros norte americana precificando probabilidade em torno de 35% de uma alta de 25bps em setembro, e uma probabilidade de 60% de uma alta desta mesma magnitude ao longo de todo este final de ano, ainda parece haver espaço para a continuidade deste ajuste dos ativos de risco no curto-prazo, especialmente caso se consolide o cenário de uma alta de juros nos próximos meses.

Vale lembrar que os mercados financeiros globais vieram de um forte movimento positivo nos últimos meses, com a posição técnica deteriorando-se à medida que os investidores fora promovendo alocações a risco em busca de retornos, carry e yield. Assim, não podemos descartar a continuidade dos movimentos recentes, como o fortalecimento do dólar no mundo, queda no preço das commodities e algum ajuste nos índices de bolsa.

Ainda não vejo necessidade, ou um ambiente claro, para um sell-off mais agressivo, mas precisamos acompanhar com cuidado os desenvolvimentos na China, e a capacidade do mercado em absorver está oferta de ativos de risco em busca de ajuste de posições.

O Consumer Confidence de agostos, nos EUA, subiu de 96,7 para 101,1 pontos, acima das expectativas de 97,0. A abertura do indicador mostrou um mercado de trabalho bastante robusto, reforçando o cenário descrito pelo Fed ao longo dos últimos dias.

No Brasil, os ativos locais continuam reféns do cenário externo, mas ainda vejo sinais de uma performance relativa mais positiva dos ativos brasileiros se comparados a seus pares.

A taxa de desemprego de julho apresentou uma nova alta, confirmando um mercado de trabalho ainda bastante frágil. Acredito que o processo de ajuste do emprego será lento e prolongado, o que de deverá ajudar no combate à inflação ao longo do tempo.

Em relação a alocação a risco, mantenho uma visão construtiva para a curva longa de juros no Brasil, mas entendo que o cenário externo possa dar um tom mais volátil no curto-prazo. Estruturalmente, a postura do governo será fundamental no pos impeachment. Caso o apoio do congresso as medidas de ajuste fiscal se mostre fragilizada, a visão mais positiva deverá ser revista. O mesmo vale para a posição vendida em inflação implícita na parte intermediária da curva. A despeito de acreditar que esta classe de ativos acaba sendo mais defendida, devido a postura mais dura e ortodoxa do novo BCB, entendo que há um componente fiscal relevante na posição. Finalmente, mantenho um nível de hedge mais elevado no âmbito externo, devido aos novos sinais de fragilidade da China e postura mais hawkish do Fed. Ainda vejo espaço para um movimento de ajuste altista no dólar no mundo, o que está embaçando minha visão em relação ao BRL no curto-prazo, e nos atuais níveis.




Data: 30/08/2016

"Another January?"

 

Os ativos de risco estão operando próximos a estabilidade, após uma segunda-feira em que os mercados mostraram recuperação. O destaque desta manhã está por conta de um leve movimento de fortalecimento do USD no mundo. Na agenda do dia, teremos o Consumer Confidence nos EUA. No Brasil, a agenda reserva o IGP-M e taxa de desemprego.

Na ausência de notícias ou movimentos relevantes no cenário, reproduzo abaixo a visão do estrategista de moedas do Morgan Stanley, casa que tem acertado bastante cenário ao longo dos últimos meses:

Risk markets and the Fed. Taking a pre-emptive monetary tightening stance when profits are under downward pressure will not bode well for risk appetite. So far, equity markets have held up and financials have rallied in anticipation of higher interest rates. This behaviour should not surprise as a pre-Fed equity market downward correction may cause the Fed to hold off any scheduled rate hike. Hence, risk markets may enjoy the ‘Fed put’ for a couple of more weeks, but the danger for risk markets may emerge once the Fed has hiked rates and participants view this rate hike as a mistake. A post rate hike data weakness may be unlikely to be tolerated by equity markets. We think the EUR should outperform when risk assets have sold off.

Another January? The 13% January S&P 500 decline came on the back of the Fed hiking rates in December and seeing global economic indicators starting the year on a weak footing. A similar constellation may now be at work. Following hawkish Fed communication, inflation expectations have fallen globally. Within a world of low investment returns and high debt, declining inflation expectations tend to increase the pace of balance sheet restructuring. This morning a large Korean Shipping company saw its creditor banks removing their support for the company, suggesting that these forces are at work. Supporting this view has been the general sluggishness of global manufacturing PMI’s. We should pay particular attention to China's PMI (due Thursday). The 8% decline in the RMB since August 2015 suggests that China's PMI should have been holding up a bit better. However this has not been the case even with the weak currency, representing a point of concern.

 



Data: 29/08/2016

Brasil: Ajuste fiscal é prioridade!

 

Em uma segunda-feira de feriado na Inglaterra, os ativos de risco estão abrindo a semana em tom de estabilidade. A agenda do dia será importante, com Core PCE e indicadores de atividade econômica nos EUA que podem trazer impacto relevante para a curva de juros norte americana e, consequentemente, para os mercados financeiros globais. 

 

No Brasil, O Globo traz uma entrevista com Henrique Meirelles. Segundo o artigo: 

 

O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, afirmou que, passado o impeachment, o governo vai se concentrar 100% no ajuste fiscal, do qual, em sua opinião, depende o futuro do país. 

 

Sim. Não há dúvida de que passa a ser a prioridade número um. Hoje já é uma prioridade do governo, mas eliminada essa incerteza, o foco no ajuste fiscal passa a ser ainda maior. Do ponto de vista da equipe econômica, nossa missão é realizar o ajuste fiscal. 

 

Segundo o Estado, contudo, o governo ainda não tem maioria para aprovar a PEC do Teto de Gastos, o que pode (e deve) mudar após o impeachment ser efetivado.




Data: 29/08/2016

Jackson Hole and beyond.

 

O final de semana foi marcado pela continuidade da conferência dos principais bancos centrais do mundo em Jackson Hole. Após a sinalização, simples e clara, emitida pelo Fed ao longo da sexta-feira (já comentada neste fórum), acredito que o Financial Times tenha resumido bem a conclusão da conferência:

 

"Central bankers to persist with brave new world 

 

The message from the meetings in Jackson Hole was clear: there is no winding the clock back to the pre-crisis world of central banking as officials seek ways of improving their monetary weaponry. 

 

Interventions by fellow central bankers bore out that impression. Governor Haruhiko Kuroda of the Bank of Japan said he saw “ample space” for further loosening of the institution’s monetary policy, as he defended the central bank’s attempts to bolster growth and inflation via policies including negative rates. 

 

Benoît Cœuré, a member of the European Central Bank’s executive board, told the conference that the unconventional measures being deployed by big central banks could come with unwanted side-effects. Nevertheless, if other parts of governments did not do their part to bolster economies, the ECB “may need to dive deeper into our operational framework and strategy to do so”, he argued. 

 

Papers presented at the conference support the notion that central banking will remain in the brave new world it entered after the crisis forced policymakers to rip up traditional templates." 

 

No Brasil, o processo de impeachment continua sem grandes novidades e dentro do script. Uma entrevista de Moreira Franco ao O Globo deste domingo coloca grandes expectativas positivas para o governo após a aprovação definitiva do processo. Acho válido destacar algumas frases de um doa auxiliares mais próximos de Temer:

 

"Vocês podem garantir que o presidente Temer não vai recuar. Haverá negociação, busca para um compartilhamento da responsabilidade. Diante da crise, ele tem consciência de que o papel dele como presidente é deixar o país em um novo rumo econômico. O horizonte eleitoral não passa no vídeo do presidente Temer e nem deveria. As medidas que têm que ser tomadas serão tomadas e serão tomadas antes das eleições, seja neste ano, seja em 2018. 

 

Errou, e mudamos rápido. As pessoas não estão gostando (dos reajustes). Algumas carreiras do setor público precisam ser revistas. Na sociedade, as relações econômicas e financeiras foram desindexadas, a partir da consciência criada pela experiência traumática da hiperinflação. Mas, no setor público, elas continuam indexadas. Isso é uma injustiça profunda com o cidadão, com a sociedade brasileira." 

 

Continuo vendo espaço para consolidação dos mercados financeiros globais no curto-prazo. Contudo, para uma inversão completa de tendência, acredito que o cenário econômico global precisará ser totalmente alterado, ou com sinais mais claros de desaceleração do mundo, ou com risco de que o processo de alta de juros pelo Fed seja retomado, não apenas com mais uma única alta até o final deste ano, mas com sinais de que o processo possa levar as taxas de juros para níveis não precificados atualmente pelo mercado americano de juros. Para isso, acredito que os números de inflação precisarão mostrar uma aceleração mais clara e consistente. 

 

Acredito que o momento deva ser para se apropriar da volatilidade para adicionar risco no portfólio em ativos que oferecem fundamentos de qualidade (ou em vias de melhora), yields/carry atrativos e posições técnicas não muito esticadas. Ainda vejo os ativos no Brasil apresentando essas características, a despeito dos ruídos políticos e de uma piora marginal de posição técnica nos últimos meses. Concomitantemente a este cenário, acho prudente manter alguns hedges externos, como alguma exposição comprada em USD e vendida em renda variável global.




Data: 26/08/2016

All about the Fed!

 

YELLEN: Speech is done. Now they got the message. 

FISCHER: I don't think so. Look at the screen. 

Y: Ugh, can you do better?

F: Watch this.

Além do discurso de Yellen, a sexta-feira foi marcada por uma cavalaria de sinalizações por parte de membros do Fed. A mensagem foi bastante clara e simples: A probabilidade de uma alta de juros no curto-prazo (setembro, dezembro ou ambos) subiu bastante nas últimas semanas. Caso o atual cenário seja corroborado pelos dados econômicos, especialmente os dados de emprego, existe a disposição dos membros do Fed em dar continuidade ao processo de normalização monetária. O processo como um todo, contudo, deverá ser lento e gradual, com uma taxa terminal de juros muito mais baixa do que no passado.

Como a curva de juros americana precificava probabilidade de 30% de uma alta em setembro, e em torno de 50% de uma alta até o final do ano, o mercado foi levado a ajustar suas expectativas, agora em 42% para setembro e 65% para este ano.

Os ativos de risco reagiram de maneira clássica, especialmente vis-à-vis uma posição técnica que havia piorada nas últimas semanas. Eu mantenho minha visão geral sobre os mercados:

Continuo vendo espaço para consolidação dos mercados financeiros globais no curto-prazo. Contudo, para uma inversão completa de tendência, acredito que o cenário econômico global precisará ser totalmente alterado, ou com sinais mais claros de desaceleração do mundo, ou com risco de que o processo de alta de juros pelo Fed seja retomado, não apenas com mais uma única alta até o final deste ano, mas com sinais de que o processo possa levar as taxas de juros para níveis não precificados atualmente pelo mercado americano de juros. Para isso, acredito que os números de inflação precisarão mostrar uma aceleração mais clara e consistente.

Acredito que o momento deva ser para se apropriar da volatilidade e adicionar risco no portfólio em ativos que oferecem fundamentos de qualidade (ou em vias de melhora), yields/carry atrativos e posições técnicas não muito esticadas. Ainda vejo os ativos no Brasil apresentando essas características, a despeito dos ruídos políticos e de uma piora marginal de posição técnica nos últimos meses. Concomitantemente a este cenário, acho prudente manter os hedges externos que comentamos no inicio da semana: A venda de AUD, alguns hegdes vendidos no mercado de renda variável global e puts de Vale.

Em relação ao mercado local, reafirmo que continuo evitando a parte curta da curva de juros nominais, preferindo exposição a parte longa da curva. Gosto de vender as inflações implícitas na barriga da curva, por acreditar em um BCB ortodoxo e comprometido com a meta de inflação. Acredito que o momento seja de uma utilização moderada a risco, com espaço para aumentos de posições enquanto a consolidação do mercado continuar.

A consolidação do mercado continua e o momento é de elevar as alocações do portfólio, sem perder de vista hedges atrativos.

 



Data: 26/08/2016

All eyes in Jackson Hole!

 

Os ativos de risco estão operando próximos a estabilidade, a espera das declarações de Yellen – presidente do Fed – em Jackson Hole, na manhã de hoje. Acredito que a conferência será importante como um canal de abertura para um debate mais teórico, e de longo-prazo, no tocante ao poder da política monetária na atual conjuntura econômica global dos países desenvolvidos. Não espero nenhuma decisão (ou conclusão mais concreta) vinda destes debates, mas a abertura de uma porta, já muito bem introduzida por Williams, do próprio Fed, em paper na semana passada. 

 

Vejo dois cenários para Yellen. No primeiro, ela foca seu discurso em temas mais teóricos, em linha com o tema da conferência. No segundo, ela utilizaria o seu tempo para sinalizar a possibilidade de uma alta de juros ainda este ano nos EUA. Em ambos os casos, espero que a conclusão para o médio-prazo seja de uma taxa terminal de juros muito mais baixa do que no passado, e um caminho extremamente gradual de alta de juros. 

 

É inegável que existe espaço para uma reprecificação dos ativos de risco no curto-prazo, especialmente se o segundo cenário prevalecer. A curva de juros nos EUA  poderia apresentar abertura de taxas, saindo de uma probabilidade de 50% de alta de juros este ano, para um nível mais próximo de 70%-80%; esperaria uma flattening adicional da curva americana; o USD deveria ganhar alguma sustentação; e poderíamos ver mais uma rodada de consolidação dos ativos OKemergentes. Todavia, não acredito que estes movimentos seriam sustentados diante da ausência de um quadro inflacionário mais evidente. 

 

No Brasil, Claudia Safatle, do Valor, afirma que a lua de mel de Temer está chegando ao fim, e seu governo precisará entregar medidas concretas afim de convencer o mercado de sua capacidade técnica para o ajuste econômico. Nesta linha, Ribamar Oliveira, do mesmo Valor, afirma que o governo interino, uma vez confirmado no cargo, dará prioridade total a aprovação da PEC do Teto dos Gastos e para a Reforma da Previdência. Acredito que as duas são medidas extremamente importantes para o ajuste econômico do país. Caso sejam aprovadas, de maneira a alterar significativamente o aumento estrutural dos gastos públicos e o perfil da previdência no país, será um avanço institucional muito importante e positivo para o Brasil, e que ainda não estão totalmente precificados nos ativos locais.




Data: 26/08/2016

Brasil em Foco.

 

Os mercados financeiros globais continuam sem mostrar tendências claras ou bem definidas, em um claro movimento de acomodação. Está penumbra pode ser encerrada, para qualquer um dos lados, nas próximas semanas, com importantes reuniões dos principais bancos centrais ao redor do mundo. 

 

Vamos aproveitar o dia para fazer uma breve atualização de Brasil. O processo de impeachment deverá ser encerrado na semana que vem, mas me parece bem precificado pelo mercado. De agora em diante, o foco se voltará para o apoio que o Congresso dará as medidas de ajuste econômico proposto pelo governo interino. 

 

No tocante a inflação, ainda estamos em um nível desconfortavelmente elevado, o que poderá adiar o início do ciclo de queda de juros para os últimos meses do ano ou, até mesmo, para o ano que vem. A aprovação de medidas de ajuste fiscal, especialmente a PEC do Teto de Gastos, será fundamental para a postura do BCB. Contudo, começamos a ver sinais, mesmo que incipientes, mais animadores nas coletas de preço, o que pode vir a dar algum ímpeto para o mercado local de juros. 

 

Hoje foram divulgados os dados de crédito de julho. Segundo nosso economista: Em geral os dados foram fracos, com o estoque de crédito encolhendo mais no a/a, as concessões mostrando ligeira elevação (recursos livres, dessaz). A inadimplência voltou a subir, enquanto dos juros bancários continuaram a se elevar (assim como o spread bancário). Os juros bancários continuaram a se elevar, a despeito da queda nas taxas futuras de juros. O spread bancário avançou. 

 

Os indicadores de confiança continuam apontando para uma recuperação do humor de empresários, comerciantes, industriais e consumidores, mas os dados correntes ainda devem demorar a mostrar essa recuperação. 

 

Continuo otimista com os ativos locais. Nos últimos dias, elevamos as alocações na parte longa da curva nominal de juros e na venda das inflações implícitas na parte intermediária da curva, ao mesmo tempo em que elevamos os hedges externos.




Data: 25/08/2016

Brasil: Notícias ainda desanimadoras.

Os ativos de risco continuam em sua trajetória de consolidação, a espera da conferência de Jackson Hole, com inicio agendado para amanhã (voltaremos a este tema ao longo do dia de hoje). Antes disso, teremos uma agenda bastante importante hoje, com Jobless Claims e Durable Goods Orders, que serão determinantes para permear o debate de política monetária nos EUA, assim como sinalizar de forma mais clara como se encontra o crescimento do país no curto-prazo.

Europa – Hoje pela manhã, recebemos informações de que alguns indicadores de confiança apresentaram queda na região, apontando para alguma desaceleração do crescimento. Na Alemanha, o IFO recuou de 108,3 para 106,2, abaixo das expectativas de 106,5 pontos em agosto. Na França, o INSEE business climate caiu 1pt, para 101 no mesmo mês.

O cenário para a economia da Europa continua relativamente estável. Estes são os primeiros sinais mais concretos de desaceleração, que precisam ser acompanhados de perto. Por ora, permanece um cenário de baixo crescimento, com flutuações em torno da tendência. O maior risco, na minha opinião, é mais uma rodada de desaceleração da economia da Europa (e de todo o mundo).

Brasil – Os jornais de hoje continuam chamando a atenção para a grande divergência existente entre o governo e sua base aliada. A aprovação das reformas propostas pelo governo interino tem sido mais difícil e trabalhosa do que o imaginado anteriormente.

O Congresso conseguiu aprovar a extensão da DRU ontem, mas foi obrigado a abrir mão do reajuste ao defensores públicos. O Congresso virou um grande balcão de negócios, e este governo precisa trabalhar duro para evitar que a reforma fiscal seja totalmente desidratada ao longo do tempo.

Outros artigos, complementando matérias ao longo do começo da semana, já afirmam que o governo interino irá aceitar a flexibilização da PEC do Teto dos Gastos afim de conseguir promover sua aprovação.

Já Valdo Cruz, da Folha, afirma que os empresários estão pedido que o governo “segure” o dólar acima de 3,20.

No campo inflacionário, o IPCA-15 de agosto ficou dentro das expectativas do mercado. A inflação continua desconfortavelmente elevada, com sinais que sua tendência de arrefecimento deve continuar, mas talvez de maneira mais lenta do que o imaginado.

Comentários - Continuo vendo espaço para consolidação dos mercados financeiros globais no curto-prazo. Contudo, para uma inversão completa de tendência, acredito que o cenário econômico global precisará ser totalmente alterado, ou com sinais mais claros de desaceleração do mundo, ou com risco de que o processo de alta de juros pelo Fed seja retomado, não apenas com mais uma única alta até o final deste ano, mas com sinais de que o processo possa levar as taxas de juros para níveis não precificados atualmente pelo mercado americano de juros. Para isso, acredito que os números de inflação precisarão mostrar uma aceleração mais clara e consistente.

 No Brasil, a demora na aprovação das medidas de ajuste fiscal, em conjunto com uma inflação corrente mais elevada, podem adiar ainda mais o inicio do ciclo de corte da taxa Selic. Nosso cenário base é para um corte no Copom de novembro/dezembro, com riscos elevados de ser em uma data posterior a esta.

No tocante ao campo político, continuo otimista com a aprovação das reformas. Entendo que o processo de negociação faça parte do jogo político e democrático, mas é inegável que processo esteja sendo mais lento e complicado do que o imaginado anteriormente. Caso o impeachment seja aprovado, e as reformas continuem a “passos de cágado”, minha visão otimista poderá ser revista de forma rápida, acentuada e abrupta.

Em termos de portfólio, continuo evitando a parte curta da curva de juros nominais, preferindo exposição a parte longa da curva. Gosto de vender as inflações implícitas na barriga da curva, por acreditar em um BCB ortodoxo e comprometido com a meta de inflação. Acredito que o momento seja de uma utilização moderada a risco, com espaço para aumentos de posições enquanto a consolidação do mercado continuar. Gosto de posições compradas em BRL via estruturas de opções, contra a venda de AUD, além de alguns hegdes vendidos no mercado de renda variável global.




Data: 24/08/2016

Brasil: Ruídos políticos.

Os ativos de risco estão abrindo o dia em tom mais estável, mas ainda com sinais de fragilidade, especialmente no tocante ao ZAR, da África do Sul, e com uma forte queda no preço do petróleo, após a divulgação de um forte e inesperado acumulo de estoques pelo API.

Continuo vendo espaço para consolidação dos mercados financeiros globais no curto-prazo. Contudo, para uma inversão completa de tendência acredito que o cenário econômico global precisará ser totalmente alterado, ou com sinais mais claros de desaceleração do mundo, ou com risco de que o processo de alta de juros pelo Fed seja retomado, não apenas com mais uma única alta até o final deste ano, mas com sinais de que o processo possa levar as taxas de juros para níveis não precificados atualmente pelo mercado americano de juros. Para isso, acredito que os números de inflação precisarão mostrar uma aceleração mais clara e consistente.

No Brasil, O Globo está com uma série de reportagens que mostram as dificuldades que ainda são encontradas na base aliada a Temer, com um racha entre PMDB, PSDB e DEM, e com dificuldades para aprovar a PEC do Teto dos Gastos:

Num esforço para garantir a aprovação da principal medida econômica do presidente interino, Michel Temer, no Congresso, o governo sinalizou ontem que poderá aceitar ajustes na proposta de emenda constitucional (PEC) que fixa um teto para os gastos públicos. Depois de um café da manhã com parlamentares da Comissão Especial que analisa o projeto, os ministros da Fazenda, Henrique Meirelles, e da Secretaria de Governo, Geddel Vieira Lima, afirmaram que a PEC pode ser aperfeiçoada, desde que sua essência seja mantida. O texto prevê que, por 20 anos, as despesas públicas cresçam apenas com base na inflação do ano anterior.

A decisão do PMDB de apoiar o aumento salarial para ministros do Supremo, que deve custar R$ 5 bilhões ao ano, abalou a base do governo Michel Temer. No PSDB e no DEM, líderes fizeram cobranças públicas e chegaram a falar em abandonar o Planalto, caso não adote uma posição firme contra o aumento. “Não é possível que haja dois governos, um para fazer bondade e outro para ficar com o ônus da decisão”, disse o senador Aécio Neves (PSDB). O líder do DEM, Ronaldo Caiado, foi enfático: “Não vou participar dessa farsa.” -BRASÍLIA- Um relatório paralelo do PMDB pela aprovação do aumento salarial para os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) e o endosso de senadores aliados, inclusive do vice-líder do governo, a um pedido de urgência na tramitação do projeto abriram ontem uma crise na base parlamentar do presidente interino, Michel Temer. As principais lideranças de PSDB e DEM cobraram publicamente o Palácio do Planalto a se posicionar de forma clara sobre o tema, inclusive sob pena de abandonarem a base.




Data: 24/08/2016

Posição Técnica, Valuation e Ruídos Locais.

Os ativos de risco continuaram a mostrar dinâmica de consolidação neste começo de semana, com o agravante de que ruídos locais acabaram deteriorando o humor para alguns ativos emergentes, em especial, no mercado de moedas.

Acredito que um misto de posição técnica menos positiva, valuations menos atraentes, aliados a uma nova rodada de desaceleração da China, e sinais mais hawkish do Fed, estejam sendo vetores determinantes para os movimentos de curto-prazo.

Nesta terça-feira, tivemos ainda o corte do outlook do rating do México pela S&P, e ruídos envolvendo o Ministro das Finanças da África do Sul, que trouxeram à tona novamente o complexo ambiente político que marca o cenário local sul africano.

Por ora, esses movimentos parecem simples realizações de lucros, mas que merecem atenção especial. Já existe uma dinâmica não tão recente assim de depreciação de algumas moedas da Ásia, em meio a novos sinais de desaceleração da China. O crescimento global mostra-se estável, mas sem sinais de aceleração. Os bancos centrais já sinalizam para o poder cada vez mais limitado da política monetária no mundo desenvolvido, quase implorando para uma política fiscal mais expansionista.

Os investidores devem continuar olhando o cenário de baixo crescimento, com flutuações em torno da tendência, como um cenário positivo para ativos com yields/carry. No curto-prazo, a posição técnica e o nível de preço podem se mostrar um limitante para novas rodadas positivas dos ativos de risco. Caso vejamos sinais de uma desaceleração adicional do crescimento mundial, em especial na China e nos EUA, o cenário considerado positivo para os ativos de risco pode sofrer uma reversão mais abrupta.

Acredito que existam hedges interessantes para o portfólio nos atuais níveis de preço. Acho que o momento seja para manter espaço nos books para elevar alocação a risco caso essa tendência de piora continue no curto-prazo (caso o receio de uma desaceleração adicional do mundo não se concretize). Ainda coloco grandes expectativas no governo Temer pós-impeachment, mas tenho total noção de que as medidas, e a postura adotada após a votação final será determinante para a dinâmica dos ativos locais (em conjunto com o cenário externo).




Data: 23/08/2016

PMIs saudáveis na Europa / Esforço Político no Brasil.

Os ativos de risco estão abrindo o dia em tom levemente positivo, a despeito de mais uma rodada de queda no preço do petróleo. O dólar apresenta leve queda ao redor do mundo, com as bolsas globais apresentando pequenas altas. O mercado de juros dos EUA, neste momento, abre taxas, porém em magnitude reduzida. Na agenda do dia, o destaque ficará por conta do Markit US Manufacturing PMI.

Na Área do Euro, o Markit PMI apresentou leve elevação, dentro das expectativas do mercado. Por um lado, vimos um avanço superior a 1 pt no PMI da França mas, por outro lado, um recuo de magnitude semelahnte no PMI da Alemanha. De acordo com o Morgan Stanley: Roughly in line consensus expectations, the composite PMI increased by 0.1 points to 53.3 in August.Assuming an unchanged reading in next month's report, our PMI-based GDP indicator points to a pace of growth in 3Q of 0.3%Q, roughly unchanged from 2Q. Today's report gives therefore further evidence that the eurozone economy might have escaped a slight contraction in 3Q, contrary to what we had pencilled in our Outlook. In any case, we would reserve judgment on euro area growth until the September survey comes in, as the summer data tends to be less reliable, and, historically, the September surveys tend to print stronger moves than normal. The slight increase was driven by both sectors. The services PMI increased to 53.1, 0.2 points higher than in July, and the manufacturing output index gained 0.1 points reaching 54.0 in August. Despite the resilience of this month's survey, business expectations in the services sector hit the lowest level since December 2014, and manufacturers have reported weaker demand, which could suggest slower growth in the near term.

No Brasil, O Globo afirma que o governo fará um esforço redobrado para aprovar a PEC do Teto dos Gastos, a principal proposta de ajuste econômico anunciado pelo governo Temer até o momento. A mídia vem afirmando que a proposta, da maneira que está, sofre resistência no Congresso. O governo luta para evitar a “desidratação” da medida.

De acordo com a Folha, o governo não conseguiu quorum ontem para finalizar a votação da dívida dos Estados: O apelo feito pessoalmente pelo presidente interino, Michel Temer, para que os deputados compareçam à Câmara nos esforços concentrados durante o período de campanha eleitoral não surtiu o efeito esperado nesta segunda (22). A votação final do projeto de lei que trata da renegociação das dívidas dos Estados com a União, que estava marcada para esta segunda-feira (22), foi adiada por falta de quórum. Uma nova tentativa será feita nesta terça-feira (23), caso haja parlamentares suficientes para garantir uma vitória do governo, que precisa de pelo menos 257 votos favoráveis para derrubar os destaques apresentados. O quórum para votação só foi atingido por volta das 19h, com 263 deputados, incluindo governo e oposição. Assim, a Câmara só vai analisar nesta segunda-feira medidas provisórias, que devem ser votadas simbolicamente, sem contagem exata dos votos, por meio de acordo fechado com a oposição.




Data: 22/08/2016

Teses de Investimento.

Os ativos de risco estão operando próximos a estabilidade, em um dia de feriado nos EUA. Destaque para uma leve alta do USD no mundo, após os comentários de Stanley Fisher ao longo do final de semana. As bolsas do mundo desenvolvido apresentam pequenas altas essa manhã.

Teses de Investimento – Minha maior convicção este momento é que o BCB fará tudo que estiver ao seu alcance para a inflação convergir para o centro da meta no horizonte relevante de tempo. Assim, acho interessantes posições vendidas em inflação implícita na parte intermediária da curva (2020 a 2023), nos atuais níveis de 5,75%. Entendo que a inflação de curto-prazo ainda está elevada e surpreendendo para cima. Assim, tenho evitado a parte mais curta da curva e buscado deixar espaço para elevar a alocação ao longo do tempo, até que a inflação corrente dê sinais mais animadores.

Como, neste cenário, o BCB poderá esperar mais tempo para iniciar o ciclo de queda de juros, estou favorecendo estruturas de opções (IDI) que se visam um início do ciclo de queda da taxa Selic apenas após a reunião do Copom de novembro/dezembro. Estou evitando a parte curta da curva de juros (até o Jan18). Gosto de olhar esta posição de opções em conjunto com uma posição, pequena neste momento, aplicada na parte longa curva real e nominal de juros, visando se apropriar da busca por carry/yield dos ativos globais de risco.

No mercado de moedas, gosto de posições vendidas em AUD, devido a recente postura do Fed, em adição aos recentes sinais de desaceleração da China, mas acho válido, taticamente, olhar a posição contra posições compradas em BRL através de estruturas de opção com perdas limitadas, já que o mercado ainda se mostra com apetite para ativos com yield, como os ativos locais. Olho está posição de BRL como um play tático, pois tenho desconforto com os atuais níveis, em meio a um Fed mais hawkish e um crescimento chinês ainda preocupante.




Data: 22/08/2016

Fed e Jackson Hole

 

Desde meu último comentário, na sexta-feira pela manhã, vimos à continuação de um movimento de acomodação dos ativos de risco. O destaque acabou ficando para o desempenho relativo mais positivo dos mercados de câmbio e juros no Brasil, após o BCB decidir por reduzir a colocação de swaps cambiais para os US$500mm diários, que vinham sendo regra até poucas semanas atrás.

Minha visão continua a mesma daquela destacada neste fórum no final da semana passada. Já vínhamos alertando para a possibilidade de um período de consolidação/realização de lucros dos ativos de risco, em meio a uma posição técnica e valuations menos favoráveis, sinais de uma nova rodada de desaceleração da China e, agora, com a possibilidade da retomada do processo de alta de juros nos EUA. Por ora, vejo este processo apenas como uma acomodação dos ativos de risco, e não uma mudança definitiva de tendência. As declarações do Fed parecem ter sido o trigger definitivo para o movimento. Contudo, mesmo que o banco central decida elevar as taxas de juros em 25bps até o final do ano, o processo será extremamente lento e gradual, e a taxa final de equilíbrio, muito provavelmente, será mais baixa para os padrões históricos.

Brasil – No final de semana, a mídia continuou alertando para as dificuldades que o governo de Michel Temer terá para aprovar a PEC do Teto dos Gastos. Além disso, alguns periódicos estão vazando algumas delações premiadas que incriminariam novos personagens do antigo governo no escândalo do Petrolão e seus desdobramentos.

A aprovação do impeachment já me parece totalmente precificada nos ativos locais. De agora em diante, devemos prestar atenção à aprovação dos projetos de ajuste econômico, assim como o desenrolar do cenário externo. Em relação ao ajuste econômico, ainda coloco grandes expectativas na aprovação do que já foi anunciado até o momento. Contudo, tenho total convicção que os investidores tratarão o pós-impeachment como o momento decisivo nesta frente. Caso o governo não mostre condições de aprovar o mínimo necessário para o ajuste, a “lua de mel” entre o mercado e o governo poderá sofrer uma dura reviravolta.

EUA – No final de semana, Stanley Fisher – um dos mais importantes membros do Fed e do FOMC – se juntou a Dudley e Williams para alertar sobre o bom desempenho da economia dos EUA e para a possibilidade de mais uma alta de juros ainda este ano. Nos últimos dias, importantes membros da instituição, considerados da “ala central do comitê”, e muito próximos a Yellen, vieram à mídia dar sinais de que existem condições para que o processo de alta de juros seja retomado. Acredito que eles não poderiam ser mais explícitos e organizados em relação a mensagem que estão buscando passar.

Os ativos de risco, por sua vez, estão reagindo de maneira fluida a estas mensagens. Acredito que existem algumas explicações para isso. Primeiro, o Fed já tentou elevar os juros em outros momentos este ano, e acabou não conseguindo efetivar a medida. Segundo, o ambiente global está ajudando a ancorar as taxas de juros nos EUA. Mesmo que uma alta de juros ocorra no curto-prazo, o mercado está migrando para um cenário em que a taxa final de equilíbrio acaba sendo baixa para os padrões históricos, o que ajuda a evitar reações mais acentuadas dos ativos de risco.

China – Continuo vendo o país como o principal risco para a economia mundial e os mercados financeiros globais. Por ora, a desaceleração do país está sendo gradual, o que traz uma leitura relativamente saudável para o processo e para os ativos de risco. Caso a desaceleração deixe de ser gradual, e acabe criando contágio para outras economia do mundo, o cenário pode acabar sofrendo uma reversão abrupta.

Jackson Hole – A poucos dias da principal conferência dos principais bancos centrais e economistas de política monetária ao redor do mundo, 2 papers de respeitados membros do staff do Fed foram divulgados, com conclusões parecidas, e que devem ditar a conferência este ano, assim como os próximos passos de política monetária no mundo desenvolvido.

De maneira geral, os estudos mostram que a política monetária não convencional (QE, juros negativos e etc) ainda podem ajudar as economias desenvolvidas em seu processo de normalização, mas sua potência está ficando cada vez menos eficaz. As taxas de juros de equilíbrio nessas economias deve ser muito mais baixa do que no passado recente, e outras medidas, especialmente fiscais e estruturais, devem ser tomadas em conjunto com a política monetária para lidar com o cenário atual.

Parece-me que os banqueiros centrais já estão em busca de instrumentos para lidar com a próxima crise global. É sempre difícil prever quando uma nova crise afetará o mundo, mas diante dos enormes obstáculos para o crescimento global (demografia, produtividade baixa, e etc) é bastante prudente este tipo de debate.

Abaixo, estou reproduzindo um comentário do Morgan Stanley a respeito de um desses papers, por achar que seja um tema que deve ganhar espaço e importância nos próximos meses:

The topic of Chair Yellen's speech kicking off the Jackson Hole Conference on "Designing Resilient Monetary Policy Frameworks for the Future" was finally posted by the Fed on Friday. "The Federal Reserve's Monetary Policy Toolkit" doesn't at first read sound too promising, and maybe that contributed to how poorly rates markets traded Friday. A top Fed staff economist, David Reifschneider, has just released a paper titled "Gauging the Ability of the FOMC to Respond to Future Recessions," which sounds like it could be the subtitle of a speech about "The Federal Reserve's Monetary Policy Toolkit," so we assume it has importantly informed Yellen's thinking in what we'll hear from her Friday after debate in recent days among other Fed officials on this topic. On Monday San Francisco Fed President Williams published the note "Monetary Policy in a Low R-star World," warning that in a "new normal" of a permanently depressed neutral real fed funds rate, without fundamental changes to the Fed's framework they won't be able to respond adequately to future downturns, meaning "recessions will tend to be longer and deeper, recoveries slower, and the risks of unacceptably low inflation and the ultimate loss of the nominal anchor will be higher." Williams argued for the Fed to be actively considering now raising its inflation target as one approach to creating more room for future conventional policy easing. Dudley called that "premature" in his interview Tuesday. There are "other ways to cope with an economic downturn" that "we have shown to be effective … such as forward guidance, such as quantitative easing, extending the duration of our portfolio," and those tools "coupled with a fiscal policy that maybe takes on a larger role in economic downturns might be sufficient."

The Reifschneider paper, running simulations through the Fed's macro model, doesn't disagree with Dudley that unconventional tools "might be sufficient" to deliver the equivalent of the 550 bp of rate cuts that have been the average Fed response to recessions after the fed funds rate hits the zero lower bound early in the next easing cycle. But there are some extreme looking numbers required on QE and rates and some potentially challenging assumptions and starting point conditions required to reach that conclusion. The implications of the paper come off as more in line with Williams' worries that the Fed's current policy framework is seriously at risk of being inadequate to deal with future recessions and needs to be reconsidered now than Dudley's higher confidence in the scope for the Fed to respond to a future downturn with unconventional tools. We'll look to see how Chair Yellen is viewing these medium-term risks and implications for how the FOMC should be approaching policy now in her speech on Friday.

In a "secular stagnation" scenario in which the starting point for the recession is a 2% nominal fed funds rate, 2% inflation and a 0% neutral real rate, Reifschneider finds that "monetary policy is still able to provide enough additional accommodation through asset purchases and forward guidance to overcome the effects of the ELB [effective lower bound on nominal rates] constraint." But "the catch to this result" is that to get that resultthe model calls for $4 trillion in QE, more than the total of all programs from 2008-14. Or the Fed could try to promise they wouldn't raise rates until the unemployment rate fell below 4%, which if believed and if the starting point were a yield curve that looked a lot more "normal" than the current one, might lower the QE needed to $3 trillion. That "would also involve breaking new ground in the use of non-traditional policy tools."The expected and desired impact of these new extremes in QE/guidance would be to "push long-term Treasury yields down to 1/2 percent, an unprecedentedly low level that might be difficult to achieve in practice." And even if achieved "there would be a risk that these tools might not prove to be as effective when pushed this far as the model simulations suggest." The experience of Japan and Europe certainly suggests to us there is a significant risk, if not a likelihood, that the FRB-US model simulations are overestimating the efficacy of such outsized QE and the positive impact of reaching a 0.50% 30-year bond yield.

In addition, for the modeled results to work, the Fed at the start of the recession would have to "immediately announce an asset-purchase program and their intention to pursue a lower-for-longer funds rate strategy." Any delays in recognizing and responding to the unfolding recession "can diminish considerably the actual stimulus provided by forward guidance and asset purchases" (give the Bank of England credit on that score). Moreover, the model simulations assume a future starting point for the recession response being an economy at full employment with inflation at 2%, long-run interest rates at "normal" levels, and the Fed's balance sheet more normalized. Under current actual circumstances of the economy not fully recovered from the last recession, rates still very low, and the Fed's balance sheet still very elevated, "the ability of monetary policy to respond to a recession, should one occur in the near term, would be more limited than suggested by the analysis in this paper." So while Reifschneider is clear in concluding that the Fed could have adequate tools to a respond to a future recession, the extent of the unconventional easing required and the list of assumptions that need to be satisfied for his simulations to work aren't likely to raise the confidence of many readers of his paper in the efficacy of the "Federal Reserve's Policy Toolbox" that Chair Yellen will be speaking on in Jackson Hole. Her speech will kick off a conference that we expect will be largely focused on what central banks globally should be do if, as seems increasingly likely, global real interest rates are going to stay very low indefinitely or even continue a decades-long declining trend. Hoping for fiscal policy to take the burden from monetary policy will probably be a popular but in many parts of the world, including the U.S., not especially realistic prescription.




Data: 19/08/2016

Realização de lucros / BCB reduz colocação de swap cambial reverso.

 

Os ativos de risco estão abrindo a sexta-feira em tom de realização de lucros, em uma reação retardada aos recentes comentários do Fed em torno da possibilidade de uma alta de juros ainda este ano.

Já vínhamos alertando para a possibilidade de um período de consolidação/realização de lucros dos ativos de risco, em meio a uma posição técnica e valuations menos favoráveis, sinais de uma nova rodada de desaceleração da China e, agora, com a possibilidade da retomada do processo de alta de juros nos EUA.

Por ora, vejo este processo apenas como uma acomodação dos ativos de risco, e não uma mudança definitiva de tendência. As declarações do Fed parecem ter sido o trigger definitivo para o movimento. Contudo, mesmo que o banco central decida elevar as taxas de juros em 25bps, o processo será extremamente lento e gradual, e a taxa final de equilíbrio, muito provavelmente, será extremamente baixa para os padrões históricos recentes.

No Brasil, o grande destaque da noite ficou por conta da decisão do BCB em reduzir a colocação dos swaps cambiais reversos, voltando ao ritmo de ofertar US$500mm, ao invés dos US$750mm que ofereceu nos últimos dias. Os ativos locais apresentaram um desempenho relativo pior que os seus pares, em especial o BRL, após o BCB ter decidido elevar a colocação dos swaps reversos. Ficou a clara impressão de que faltou venda final de dólar no mercado no curto-prazo. Mantenho a visão de que o BCB esteja sendo oportunista, e não esteja visando nenhum patamar específico para o câmbio. Espero que o BRL tenha um desempenho relativo mais positivo no curto-prazo, mas o cenário externo pode acabar prejudicando o desempenho absoluto da moeda local.

Acredito que, caso os ativos locais sigam o movimento externo, teremos uma oportunidade de elevar as alocações a risco das carteiras novamente, especialmente na parte intermediária da curva local de juros (Jan19 e Jan21). Estruturas de opção são uma boa maneira de buscar posições que visam se beneficiar de um câmbio mais fortalecido, mas sem movimentos muito acentuados nos atuais níveis.

Retornando ao cenário externo, o fluxo para ativos emergentes continua extremamente robusto.

Segundo o Morgan Stanley: Flows into EM-dedicated funds (up to 17 August) picked up slightly with weekly inflows of $2.03b versus $1.60b last week. Hard currency funds saw $1.21b of inflows (0.92% of AUM), the 26th consecutive week of inflows. Local currency funds saw $575m of inflows (0.43% of AUM) while blend funds saw inflows of $243m (0.55% of AUM), the 7th consecutive week of inflows for both types of funds. In hard currency, 83% of the flows went into global mandates and 49% of flows into ETFs. In local currency, global mandates saw 53% of the flows while AxJ saw the rest, driven in particular by flows into Thailand and China. Overall this leaves YTD total flows at $26.0b with hard currency and local currency seeing $18.1b and $7.90b of inflows respectively. Our broader measure of EM portfolio flows (click here to view on Matrix) shows a slight slowdown in inflows into EM this week (up to 17 August). EM portfolio flows recorded $3.35b of inflows this week versus $3.55b last week, with $1.58b into equity and $2.22bn into debt. While equity inflows were the main driver the last few weeks, debt flows were stronger this week, mainly into AxJ (THB 692m, KRW 607m).




Data: 18/08/2016

Consolidação...

 

A noite foi mais uma vez de poucas novidades relevantes para o cenário econômico global. 

Esta manhã, o Jobless Claims nos EUA recuou um pouco mais do que as expectativas, reforçando a visão de que o mercado de trabalho norte americano continua bastante robusto.

No Brasil, a votação da DRU foi adiada por falta de quorum, em mais uma pequena derrota para o governo. Os jornais continuam ventilando notícias de que existem crescentes obstáculos para a aprovação da PEC do Teto de Gastos no Congresso. Em uma tentativa de manter o foco do governo no ajuste, Temer prometeu anunciar mais um pacote de medidas econômicas, uma vez aprovado o impeachment. A equipe econômica de Meirelles está fazendo de tudo para evitar um aumento de impostos no curto-prazo. Segundo a mídia, irão revisar o crescimento para cima, e anunciar novos cortes de gastos afim de cumprir a meta para o fiscal. A coleta de inflação continua desconfortavelmente elevada, o que dá força a nossa visão de que o inicio do ciclo de corte de juros será, no mínimo, em novembro/dezembro, com riscos crescentes para ser depois desta reunião do Copom.

Eu mantenho minha visão de que estes ruídos e negociações políticas fazem parte do processo de ajuste em um país democrático. Contudo, os avanços têm sido mais lentos do que o imaginado anteriormente. Os ativos locais estão sendo bastante favorecidos por um ambiente global muito amigável para ativos emergentes. O governo não pode perder o foco e ficar leniente quanto a estes temas. Ainda coloco grandes expectativas para que o ajuste avance a passos mais rápidos após o impeachment. Caso isso não aconteça, poderemos nos ver diante, novamente, de uma rápida e acentuada deterioração do preço dos ativos locais.

No tocante ao cenário externo, eu vejo grandes obstáculos para uma alta de juros por parte do Fed em setembro, mas embutiria uma probabilidade em torno de 30%, com as chances de mais uma alta este ano em torno de 60%-70%.

No atual cenário, podemos continuar passando por um processo de acomodação dos ativos de risco. Não vejo grandes triggers para um sell-off mais rápido e acentuado (o crescimento chinês me preocupa o mercado vem ignorando os sinais mais negativos nos últimos dias), mas também poucos motivos para mais uma rodada de forte apreciação dos ativos de risco.

A despeito de alguns vetores menos animadores (crescimento da China mais brande, aumento da probabilidade de alta de juros nos EUA, posição técnica pior, nível de preço dos ativos de risco, entre outros) não podemos descartar que o mercado mantenha uma postura visando à busca por carry/yields.

Meu cenário de curto-prazo é para uma acomodação dos ativos de risco.




Data: 17/08/2016

Uma pausa no carry trade

 

O grande destaque das últimas 24 horas ficou por conta da mudança de tom utilizado por membros do Fed em relação a política monetária norte americana. A despeito de uma inflação contida, e um crescimento baixo, porém relativamente estável, o Fed voltou a sinalizar para a possibilidade de dar continuidade ao processo de normalização monetária no país, com uma nova alta de juros ainda este ano. Alguns membros do FOMC alertaram, inclusive, para o risco de uma alta de juros já na reunião de setembro.

O mercado precificava uma probabilidade em torno de 25% para uma alta em setembro e menos de 50% de uma alta de 25bps ao longo de todo este ano. O mercado está sendo obrigado a rever esta precificação.

Como era de se esperar, os ativos de risco estão reagindo de maneira clássica aos últimos sinais do Fed, com uma pausa no movimento de “risk-on” e, especialmente, uma pausa no carry trade que marcou as últimas semanas dos mercados financeiros globais.

Hoje, o destaque do dia ficará por conta das Minutas do FOMS. Pelas declarações recentes do Fed, podemos esperar um texto mais hawk do que o imaginado até poucos dias atrás.

Diante de um quadro de menor crescimento global, especialmente na China; uma posição técnica ainda saudável, porém muito pior do que há algumas semanas atrás; níveis de preço menos atrativos e, agora, um Fed mais hawkish, podemos esperar, no mínimo, um processo de consolidação dos ativos de risco. Não descarto algum tipo de realização pontual de lucros.

Os ativos no Brasil estão basicamente seguindo o humor global a risco. Ontem, verificamos um movimento de queda da bola, abertura de taxas de juros e alta do dólar (queda do BRL).

Os jornais continuam ventilando noticias que mostram resistência do Congresso em relação a PEC do Teto dos Gastos, ou seja, mais ruídos para o ajuste fiscal. Eu vejo esse processo como natural, mas entendo que possa gerar ruído no curto-prazo, especialmente diante da possível mudança do vento externo favorável.

O mercado de juros, em especial, passa por um processo um pouco mais longo de consolidação. A inflação de curto-prazo está surpreendendo o mercado para cima, o BCB está mantendo um tom mais duro, e o ajuste fiscal avança apenas vagarosamente. Ontem, soubemos que a conta de luz poderá ficar mais cara em setembro, adicionando cerca de 10bps a um IPCA já acima do previsto há poucos dias atrás.

Nosso cenário base continua a ser de que o processo de queda de taxa Selic só ocorra, no mínimo, em dezembro, com riscos elevados de que o ciclo tenha início após está data.




Data: 16/08/2016

Quadro técnico saudável, mas piorando

 

Os ativos de risco parecem estar passando por um período de consolidação, mas ainda com um viés claramente positivo. Na manhã de hoje, a despeito de uma leve queda nas bolsas ao redor do mundo, as commodities operam em alta e o dólar apresenta mais uma rodada de enfraquecimento. 

 

A agenda do dia será bastante importante, com Core CPI e Produção Industrial nos EUA. Uma inflação alta com crescimento baixo seria a pior combinação para os ativos de risco no curto-prazo. Números fracos podem acabar acentuando a tendência de enfraquecimento do dólar no mundo, mas ascender um alerta maior em torno do crescimento econômico global. 

 

No Brasil, O Globo traz uma matéria que já havia sido ventilada pelo Valor na semana passada, dizendo que a conta de luz poderá ficar mais cara já em setembro. Caso este movimento seja confirmado, será mais um desafio à inflação de curto-prazo, que já se mostra bastante resiliente. De acordo com o jornal: A falta de chuvas e uma queda menor no consumo de energia devem fazer com que as contas de luz do país voltem a ter bandeira amarela a partir de setembro, com a cobrança extra de R$ 1,50 a cada 100 quilowatts-hora (kWh) consumidos. Desde abril, a bandeira está no nível verde, em que não há taxa extra nas contas. O sistema existe desde o início de 2015 para indicar aos consumidores que as condições de geração, por falta de chuvas ou outros motivos, está mais restrita. A intenção é que o apontamento leva os clientes a reduzirem o consumo, colaborando para o retorno da geração de energia aos custos mais baixos. 

 

A pesquisa mensal de análise técnica dos ativos de risco, qualitativa, e uma das mais respeitadas pelo mercado, desenvolvida pela Merrill Lynch, mostra um quadro ainda saudável, mas uma piora em relação aos meses anteriores: 

 

Our survey says...

 

Pain trade still up in risk assets: investors less bearish, but FMS "fear" yet to flip to "greed"; we believe stock prices to rise further until bonds throw another tantrum. 

 

Cash drops sharply: from 5.8% (15-year high) to 5.4%; but cash allocation still high; we need to see another sharp drop in FMS cash to <5.1% in Sep to signal end of the rally. 

 

Macro better: growth & inflation expectations (ex. China) up; Aug sees modest rotation from bonds to equities and increase in cyclical exposure, albeit exclusively via EM (biggest OW since Sep'14) and commodities. 

 

Safe space: central bank creation of "safe space" of low & stable rates (78% expect BoJ & ECB NIRP to continue next 12 months) big factor behind fresh optimism and stubborn FMS preference (Exhibit 1) for deflation assets over inflation assets. 

 

Most crowded trades: 1. long High Quality stocks, 2. long US/EU Corporate bonds, 3. long Gold; investors long REITs ("yield"), pharma & tech ("growth"), US ("quality") vs. short financials & UK/Eurozone ("value"), resources ("junk"). 

 

Tail risks: sharp rise in bond yields biggest risk to FMS positioning & low volatility mantra; other tail risks = EU disintegration, renewed CNY devaluation; note 60% rate protectionism risk 'above normal' (highest since Dec'10). 

 

FMS contrarians would be: long stocks, short cash; long Europe banks, short US REITs; long British pound; buy vol.




Data: 15/08/2016

TING (There Is No Growth), but Carry On!

 

O final de semana foi de pouquíssimas novidades e notícias para o cenário econômico global. Assim, os ativos de risco estão abrindo, novamente, em tom positivo, já deixando para trás os fracos números de atividade econômica divulgados nos EUA e na China no final da semana passada. Na noite de ontem, o PIB do Japão também ficou abaixo das expectativas, reforçando a visão de que o crescimento global continua baixo e sem qualquer sinal mais consistente de aceleração.

Continuo vendo um cenário de curto-prazo de baixo crescimento global, com flutuações em torno da tendência, mas sem riscos evidentes de uma recessão global. Este ambiente costuma ser positivo para ativos de yield/carry. Mantenho uma visão cautelosa no tocante aos ativos de crescimento e valor, especialmente nos atuais níveis de preço.

Vale ressaltar, contudo, que nos últimos dias, tivemos evidências concretas de mais uma rodada de desaceleração da economia chinesa, ao mesmo tempo em que confirmamos um cenário de produtividade extremamente baixa nos EUA, o que deve estar reduzindo o crescimento potencial do país. Não vejo esta combinação como positiva a longo-prazo, nem consistente com o nível de preço e valuation de algumas classes de ativos, o que me faz ascender uma “luz amarela” em torno deste cenário relativamente construtivo que os mercados financeiros globais vêm navegando nos últimos meses.

No Brasil, o destaque do final de semana ficou por conta de mais ume entrevista do presidente do BCB, desta vez para a Folha de São Paulo. Ilan reafirmou o compromisso com a meta de 4,5% de inflação para 2017, dando importante enfoque no ajuste fiscal e suas consequências para as expectativas de inflação. Nosso cenário base continua a ser para o começo de um processo de queda da taxa Selic na reunião do Copom de novembro/dezembro, com risco de um inicio mais tardio, apenas em 2017. Acreditamos que este BCB buscará ganhar credibilidade, trazendo as expectativas de inflação e a inflação corrente para mais perto do centro meta para, só então, dar inicio a um processo de queda de taxa de juros. Neste ambiente, a queda de taxas poderá ser mais rápida e acentuada uma vez iniciado o ciclo de corte.

Abaixo, podemos ver uma clara tendência de desaceleração do M2 na China, que aponta para um menor crescimento do PIB nos próximos trimestres. Além disso, a desaceleração da liquidez no país indica pressões baixistas para as commodities metálicas, inconsistente com a alta recente nesta classe de ativos.




Data: 11/08/2016

BRL

 

O BCB anunciou ontem que irá aumentar o ritmo dos swaps reversos, saindo dos US$500mm diários para US$750mm a partir do leilão de hoje. Neste ritmo, o estoque de swap deverá ser encerrado no mês de novembro, ou em cerca de 60 dias.

O BCB está adotando uma postura reativa e oportunista. Não vejo a estratégia deles como uma tentativa de colocar nenhum patamar na moeda. A história conta que este tipo de postura é capaz de suavizar os movimentos no câmbio, mas dificilmente, em separado, é capaz de alterar a tendência ou a dinâmica de médio-prazo.

Muito mais importante para o cenário de longo-prazo será o cenário externo e o avanço dos ajustes locais.




Data: 09/08/2016

 Inflação na China e Reformas no Brasil.

 

A noite foi relativamente tranquila para os ativos de risco, sem movimentos relevantes até o momento. Na agenda, destaque para as vendas no varejo do Brasil e para o Unit Labor Cost nos EUA.

O destaque ficou por conta dos números de inflação de julho na China. O CPI desacelerou de 1,9% YoY para 1,8% YoY, com o PPI acelerando de -2,6% YoY para -1,7% YoY. A inflação de alimentos ajudou a dar um alívio ao CPI, enquanto o efeito base continua favorecendo uma alta gradual do PPI. Os números de hoje não alteram o cenário para o país. Existe espaço para novas medidas de estímulos monetários, mas não parece haver disposição, pelo menos no curto-prazo, para que estas sejam adotadas. Além disso, existe uma impressão cada vez mais clara de que os instrumentos tradicionais de política monetária estejam ficando menos potentes no país, com custos cada vez maiores. Não podemos descartar medidas de estímulo, especialmente na eventualidade de uma nova rodada de desaceleração da economia, mas espero que os policy makers adotem uma postura mais reativa do que proativa neste estágio do ciclo econômico.

No Brasil, a equipe econômica, claramente incomodada com a interpretação da mídia e do mercado no tocante as últimas negociações junto aos Estados e Municípios, resolveu voltar a “falar grosso”, ou seja, através de entrevistas em diversos meios de comunicação, Meirelles e Cia. deram declarações em que reforçam o comprometimento com o ajuste fiscal e, especialmente, colocam grande parte de suas fichas na PEC do Teto de Gastos. A equipe econômica está tentando provar para a sociedade e o mercado financeiros que não houve e não haverá afrouxamento do limite de gastos para Estados e Municípios.

Sem entrar no mérito dos detalhes das medidas, este tipo de postura mostra a preocupação do governo com o ajuste fiscal e, principalmente, com a reação do mercado. Este é um tipo de comprometimento até pouco inimaginável no governo que foi liderado por Dilma. Entendo que negociações fazem parte do jogo democrático e do ambiente político. Acredito que nenhuma reforma será executada exatamente como querem economistas ortodoxos, o mercado financeiro ou até mesmo a sociedade. Contudo, acredito que avanços importantes devem ser conquistados, especialmente após o impeachment aprovado em definitivo. O processo será longo, tortuoso e permeado de debates e negociações.

 




Data: 08/08/2016

Mercados Globais - The trend is your friend

 

Os dados de emprego nos EUA foram extremamente fortes, tanto no tocante ao headline quanto no que diz respeito a seus detalhes. A tendência do mercado de trabalho se mostra bastante robusta. O número levou o mercado a reprecificar, ainda que de maneira tímida, a probabilidade de uma alta de juros este ano. Neste momento, o mercado embute um risco de 25% de uma alta de 25bps no FOMC de setembro, e menos de 50% de probabilidade de uma alta ainda este ano. A baixa propensão do mercado em precificar uma maior probabilidade de alta de juros mostra como os investidores estão cansados e descrentes, após inúmeras tentativas do Fed em dar sequência ao processo de normalização monetária. 

 

Eu fiquei bastante surpreso com os movimentos dos ativos de risco após os números de hoje. Entendo e concordo com a abertura de taxa de juros em G10. Eu esperava um movimento mais forte de alta do dólar no mundo, em especial contra G10. O cenário para bolsas me parece mais ambíguo, mas não dá para discordar do movimento de alta, baseado na redução dos riscos de recessão, em especial na economia dos EUA.  Esperava, no mínimo, uma pausa no movimento de busca por yield/carry. 

 

Contudo, o número de hoje reduziu os riscos de uma desaceleração mais rápida e acentuada da economia mundial, sem que precificasse um risco maior de inflação ou de alta de juros. Assim, “segue o jogo” de um crescimento global baixo, com flutuações em torno da tendência, mas sem riscos de recessão, o que tem sido lido pelo mercado como positivo para ativos de risco, em especial daqueles países que apresentam fundamentos saudáveis, ou em vias de melhora, e/ou yields que compensem os riscos de investimento. 

 

Há espaço para que o mercado precifique de forma mais incisiva uma alta de juros nos EUA, e Yellen terá oportunidade de se explicar em Jackson Hole. Contudo, sem riscos reais de inflação, ou melhor, sem riscos de que o Fed acelere de fato este processo de alta de juros, o mercado parece disposto a dar sequência a busca por ativos de risco. 

 

Um tema que pode vir a virar foco do mercado, mas ainda parece cedo para entrarmos em detalhes, é a “japanização” da economia dos EUA. O Japão apresenta baixo crescimento, baixa inflação, mas um mercado de trabalho robusto, já há vários anos. A Europa já caminha para este cenário, mas com muitos países com taxas de desemprego elevadas. Agora, os EUA parecem entrar nesta mesma trajetória. Contudo, isso é um tema para outro fórum que, neste momento, não deverá afetar o humor dos mercados financeiros globais.




Data: 03/08/2016

Brasil: Governo tem dificuldades em aprovar Teto de Gastos.

 

Na ausência de novidades relevantes no cenário, os ativos de risco estão dando sequencia ao movimento de realização de lucro que vem sendo regra ao longo desta semana. Hoje pela manhã, estamos vendo o dólar mais forte ao redor do mundo, as bolsas da Europa e EUA (mercados futuros) em queda, e um movimento de leve abertura de taxa de juros no mundo desenvolvido e emergente. A despeito da alta no preço do petróleo, os metais básicos operam em queda. 

 

No Brasil, o governo foi obrigado a ceder em sua negociação junto ao Congresso para avançar na votação do Teto dos Gastos (vide detalhes a seguir). A notícia deve ser lida como uma derrota para o governo, e pode acabar sendo vista como negativa, no curto-prazo, para os ativos locais. 

 

Eu mantenho uma visão de que as negociações fazem parte do jogo político. O ajuste fiscal deverá ser longo e tortuoso. Nenhum projeto apresentado pela equipe econômica deverá ser aprovado de forma fiel ao que foi proposto, já que sempre encontra resistência por parte do Congresso e da sociedade. Contudo, o governo precisará trabalhar em uma agenda consistente de medidas, com intuito de colocar o país de volta ao rumo do crescimento, inflação baixa e contas públicas sustentáveis. 

 

Ainda acredito que isso ocorrerá ao longo do tempo. Contudo, entendo que os investidores podem ficar angustiados, ou decepcionados, no curto-prazo, com a ausência de medidas concretas, efetivas e agressivas. Assim, podemos continuar a ver um período de acomodação/realização de lucros para os ativos brasileiros no curto-prazo. Parece-me faltar momento, a posição técnica não é tão saudável como no passado recente, e o nível de preços é menos atrativo. Continuo favorecendo a parte intermediária e longa das curvas nominais e reais de juros, em detrimento ao BRL e ao Ibovespa. 

 

Segundo o Correio Braziliense: 

 

O segundo dia de votação na Câmara dos Deputados após o fim do recesso branco deixou clara a falta de unidade da base aliada do governo do presidente interino, Michel Temer. As pressões dos servidores e dos governadores com os parlamentares contribuiu para o aumento das dificuldades na votação de ontem do projeto de lei complementar que modifica a dívida dos estados, o PLP nº 257/2016, adiada para a semana que vem. Há sinais de que governo vai ter que ceder muito para conseguir apoio da base aliada. Os parlamentares tendem a retirar do projeto de lei contrapartidas para o alongamento da dívida. Elas impunham aos governadores mais disciplina nos gastos, sobretudo com pessoal, em troca do socorro financeiro. 

 

Para o Valor: 

 

Partidos da base aliada impuseram, junto com o relator do projeto, deputado Esperidião Amin (PP-SC), um novo texto que acaba com a maior parte das novas regras de cálculo de despesas com pessoal defendidas pelo governo Temer. Os políticos cederam à pressão dos servidores que temiam ser prejudicados com as contrapartidas que os Estados dariam para fechar acordo de renegociação da dívida com a União. O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, protestou pela manhã, em reunião com Amin, deputados e o presidente interino Michel Temer, que novas concessões passariam uma imagem ruim ao mercado. Os parlamentares rebateram que, sem mudanças, o governo seria derrotado. O texto foi negociado ao longo do dia e, embora Meirelles tenha sinalizado não concordar com as mudanças, afirmou que não são a essência do projeto. "A LRF é discussão paralela importante, mas não é contrapartida." Apesar das concessões, o risco de que o quórum fosse insuficiente para aprovar o projeto devido as eleições municipais fez o governo adiar a votação na Câmara para segunda-feira. Cerca de 400 deputados tinham registrado presença, mas a oposição arrastaria a discussão até a madrugada e eram precisos 257 votos para aprovar o texto.




Data: 03/08/2016

Realização de Lucros.

 

O dia foi de realização de lucros generalizada das principais posições consensuais dos mercados financeiros globais. Observamos movimentos de abertura de taxas de juros no mundo desenvolvido e no mundo emergente, queda das bolsas, dólar fraco contra G10, porém mais forte contra EM. O petróleo deu continuidade à sua trajetória de queda. 

 

Eu vejo estes movimentos como pontuais, meras realizações de lucros, naturais e saudáveis, em meio a um ambiente de incerteza. O ADP Employment nos EUA amanhã, e os dados oficiais de emprego na sexta-feira, serão fundamentais para a dinâmica de curto-prazo dos ativos de risco. 

 

Números muito fracos podem elevar a visão do mercado em torno do potencial risco de recessão nos EUA. Números saudáveis, contudo, poderão retomar a tendência otimista do mercado, já que uma alta de juros por parte do Fed parece descartada, colocando o cenário de baixo crescimento, com flutuações em torno da tendência, mas sem risco de recessão, de volta ao cenário central. O maior risco para os ativos de risco seria uma surpresa negativa no emprego, concomitante com uma alta de salários. Esta combinação poderia gerar uma forte aversão a risco, pois reforçaria a visão de um crescimento potencial baixo, com baixa produtividade, podendo forçar o Fed a uma alta de juros em momento delicado para o crescimento. 

 

Reforço minha visão dos últimos dias. Vejo espaço para um período de volatilidade mais intensa, com alguma realização de lucros em mercados específicos (vide “Mercados Globais – Long Carry, Short Growth”). Estamos diante de um cenário em que o crescimento do mundo desenvolvido dá sinais adicionais de arrefecimento, sem que os bancos centrais e/ou a política fiscal atenda as expectativas do mercado. Além disso, o níveo de preços e a posição técnica aparenta estar menos positiva do que no passado recente (mas ainda não excessivamente “esticada”). 

 

Os ativos Brasileiros estão basicamente seguindo a tendência global. Minha impressão é que o mercado continua OW em câmbio e juros, mas elevou suas alocações em BRL em detrimento a suas alocações em juros. O mercado ainda se mostra “leve” no mercado de renda variável. 

 

O dia trouxe algumas informações adicionais em torno da economia do Brasil. De forma resumida, a produção industrial dá sinais cada vez mais claros de recuperação. Os dados de confiança inspiram otimismo, mas ainda é cedo para acreditar em uma recuperação rápida e acentuada da economia. 

 

Segundo nossa área econômica: 

 

A produção industrial cresceu 1,1%m/m dessaz em junho, em linha com esperado. Entretanto, a variação ano/ano surpreendeu para cima (-6%a/a vs. BBG: -6,3a/a). Em relação ao nosso cenário de crescimento para o trimestre, a produção industrial não trouxe novidade. Um destaque foi a taxa de crescimento de 2,1%m/m dessaz em bens de capital. Esperamos que o próximos meses continuem mostrando um melhor desempenho relativo da produção industrial vis-à-vis vendas no varejo e consumo.




Data: 02/08/2016

Pacote fiscal no Japão: Buy the rumor, sell the fact!

 

Os ativos de risco estão dando sequencia ao movimento de fadiga observado ao longo da segunda-feira. As bolsas dos EUA (mercados futuros) e Europa operam em queda. O dólar sobe contra as moedas EM, mas cai contra G10, em um claro movimento de aversão a risco. As commodities estão estáveis, talvez ajudadas pelo dólar fraco contra G10. Já as taxas de juros no mundo desenvolvido apresentam leve abertura de taxas. 

 

Vejo espaço para um período de volatilidade mais intensa, com alguma realização de lucros em mercados específicos (vide “Mercados Globais – Long Carry, Short Growth”). Estamos diante de um cenário em que o crescimento do mundo desenvolvido dá sinais adicionais de arrefecimento, sem que os bancos centrais e/ou a política fiscal atenda as expectativas do mercado. Além disso, o níveo de preços e a posição técnica aparenta estar menos positiva do que no passado recente (mas ainda não excessivamente “esticada”). 

 

O destaque da noite ficou por conta do detalhamento do pacote fiscal no Japão. Em resumo, o pacote fiscal decepcionou as expectativas do mercado, que haviam ficado excessivamente otimistas nas últimas semanas. A primeira reação dos ativos de risco foi uma apreciação do JPY, que está dando suporte às demais moedas de G10. 

 

Como eu tenho reforçado neste fórum desde a reunião do G20, acho extremamente otimista esperar um movimento global, coordenado e agressivo de medidas de estímulo fiscal ao redor do mundo. Acredito que estes movimentos, se acontecerem, tenderão a ser pontuais e localizados. A política monetária é mais facilmente ajustada, com medidas proativas, flexíveis e ágeis. A adoção de QE, queda de juros, taxas de juros negativas e afins são implementadas em decisões rápidas por parte dos bancos centrais. A política fiscal, por sua vez, necessita de um consenso político, muitas vezes inexistente. Além disso, por outras vezes, as medidas tomadas são inadequadas ou insuficientes. Finalmente, medidas concretas e adequadas costumam ser reativas, e não proativas. Assim, os governantes costumam atuar apenas após um período de “crise”, ou pressão por parte dos mercados e/ou da sociedade. 

 

A Barclays fez um breve, porém completo detalhamento do pacote anunciado hoje: The Cabinet today adopted an economic package totaling JPY28.1trn (5.6% of annual GDP), with JPY13.5trn in fiscal measures*, including about JPY7.5trn in direct fiscal expenditure by the central and local governments (“real water”) and JPY6trn in government credit lines through the fiscal investment and loan program (FILP). However, the total (JPY28.1trn) will be spread over multiple years, with even the real water (JPY7.5trn) extending into FY17. Moreover, expenditure on public works within the budgets of the central and local governments includes costs for acquiring the requisite land, which typically amount to around 10-20% of those public works and by definition are not included in GDP. Also, the credit lines through FILP may be tapped only partially or to replace existing loans without contributing to GDP. Considering these factors, we continue to expect this ostensibly large package to boost GDP by only about JPY5trn (1% of GDP) in the first year, which is already factored into our GDP forecasts. 

 

Na Austrália, O RBA caiu a taxa básica de juros em 25bps, como o mercado acabou precificando nos últimos dias. O comunicado deu poucas indicações em relação ao que precisa ser feito de agora em diante, o que pode ter decepcionado as expectativas daqueles em busca de uma sinalização mais clara em torno da possibilidade de novas quedas de juros.




Data: 01/08/2016

Long Carry, Short Growth!

 

Após uma sexta-feira de busca generalizada por ativos de risco, os mercados financeiros globais parecem estar reagindo, nesta segunda-feira, de maneira mais clássica, aos sinais de baixo crescimento global. Além do PIB mais fraco do 2Q nos EUA, na noite de hoje observamos sinais de um crescimento chinês ainda frágil. 

 

Liderados por uma forte queda no preço do petróleo, que já tínhamos chamando a atenção há alguns dias, os ativos de risco estão apresentando sinais de fadiga. Neste momento, o contágio é apenas marginal. Os sinais de baixo crescimento global, na ausência de uma postura mais agressiva dos bancos centrais das principais economias do mundo (ou pela ausência de instrumentos mais eficazes), pode gerar alguma apreensão, ou uma volatilidade um pouco mais acentuada no curto-prazo. 

 

Ainda me parece cedo para afirmar que o cenário positivo para ativos de risco tenha chegado ao fim, algo que só teremos certeza nos próximos dias. Todavia, continuo favorecendo um portfólio que pode ser resumido em: “ Long Carry, Short Growth”. Acredito que exista um amplo espaço para a diferenciação entre classes de ativos, e ativos de países específicos. O cenário me parece mais favorável às taxas de juros de países com fundamentos sólidos e/ou yields elevados (leia-se juros brasileiros). Vejo obstáculos para que o desempenho positivo das commodities e das bolsas globais continuem na mesma toada do que observamos nas últimas semanas. O mercado de câmbio me parece menos óbvio e deve acabar seguindo histórias mais específicas. Continuo sendo comprador de ativos brasileiros no relativo a outros países, mas no direcional, favorecendo as taxas de juros. 

 

Nos EUA, o ISM Manufacturing saiu de 53,2 para 52,6 pontos em julho, abaixo das expectativas de 53,0. A despeito da queda no mês, o indicador continua mostrando um cenário de crescimento relativamente estável da economia. 

 

O cenário base continua a ser de um baixo crescimento global, com flutuações em torno da tendência. O risco de recessão ainda é baixo. Todavia, em um cenário em que a economia mundial cresce a taxas baixas, na ausência de instrumentos monetários mais agressivos e eficazes, o acumulo de sinais de arrefecimento do crescimento pode vir a causar um impacto mais negativo nos mercados financeiros em momentos pontuais. Ainda não temos sinais claros de que o risco de recessão global tenha se elevado, mas os dados de EUA e China ascendem uma luz amarela no cenário. 

 

Assim, nos atuais níveis de preço, vejo uma assimetria maior em alocações em ativos de yield/carry em detrimento a ativos mais sensíveis e dependentes do crescimento da economia mundial. Isso não necessariamente significa que precisaremos passar por uma forte aversão a risco.




Data: 01/08/2016

PMI da China e Reforma da Previdência no Brasil

 

Os ativos de risco estão abrindo a semana em tom de acomodação. O dólar opera mais fraco contra EM (seguindo a tese da busca por yield/carry), porém mais forte contra G10. As bolsas globais apresentam leve altas, embora as commodities operem em queda, novamente lideradas pelo petróleo. As taxas de juros dos países desenvolvidos apresentam leve abertura de taxas, movimento que aparente ser uma breve realização de lucros do forte fechamento de taxas do final da semana passada. 

 

O destaque da noite ficou por conta dos PMIs na China. Enquanto o Manufacturing PMI recuou de 50 para 49.9 pontos, abaixo das expectativas do mercado, e mostrando uma economia ainda frágil, o Caixin PMI saiu de 48.6 para 50.6 pontos. O primeiro número apresenta uma base mais concentrada em empresas de médio e grande porte, em sua maioria SOE. Já o Caixin PMI acaba sendo mais enviesado para empresas de pequeno porte, mais ligado ao setor privado, com empresas de pequeno de porte. Acredito que a China continuará passando por um período estrutural de crescimento mais baixo. Neste momento, a despeito dos sinais do PMI, contudo, ainda não há evidências concretas de um risco mais agressivo de uma desaceleração rápida e acentuada da economia. Ainda vejo o país como o principal risco para economia mundial nos próximos meses. 

 

No Brasil, a mídia voltou suas atenções para a Reforma da Previdência. Segundo Valdo Cruz, da Folha: A proposta de reforma da Previdência Social deve definir que trabalhadores com até 50 anos de idade terão de aposentar com uma idade mínima de 65 anos, no caso de homens, e possivelmente de 62, para mulheres. Para quem estiver acima desta faixa etária, haverá uma regra de transição. O ministro Eliseu Padilha (Casa Civil) afirma que, neste período de transição, ainda será negociado de quanto deve ser o pedágio para que o trabalhador possa se aposentar, de 40% ou 50%. Ou seja, se um trabalhador estiver a um ano da aposentadoria, ele teria de esperar mais seis meses para ter o benefício. Segundo Padilha, esta regra de transição deve durar 15 anos para interromper a trajetória de crescimento elevado do deficit da Previdência, que neste ano vai checar perto dos R$ 150 bilhões. 

 

A despeito dos poucos avanços concretos obtidos pelo governo nas últimas semanas, vejo que a equipe de Temer continua seu esforço de buscar soluções estruturais para os problemas que assolam o país. Além disso, a agenda micro parece caminhar a passos largos, como vimos no desinvestimento da Petro e nas mudanças que vem ocorrendo no setor de energia. De maneira geral, continuo bastante otimista no tocante a recuperação estrutural da economia do país.

 



Data: 01/08/2016

Update

 

Nada no final de semana alterou a visão descrita neste fórum no final da semana passada. De forma resumida, desenha-se um cenário ainda positivo para ativos de carry/yield, especialmente para países que apresentam fundamentos sólidos e/ou níveis de preço/yield que justifiquem uma alocação mais agressiva no curto-prazo. Neste ambiente, os ativos brasileiros se apresentam como grande oportunidade de investimento. 

 

Mantenho uma visão mais cautelosa em torno de ativos de growth/value diante de um cenário de baixo crescimento global, frente a uma política monetária no mundo desenvolvido cada vez menos potente. Acho cedo para os mercados depositarem grandes esperanças na política fiscal, pois este tipo de atuação tende a ser lenta, reativa e de difícil implementação. De qualquer maneira, entendo que no curto-prazo existe um trade-off entre os níveis de taxas de juros em alguns países e os níveis de yields de alguns índices de bolsa que acabem por favorecer alocação nesta classe de ativos. No atual cenário, não vejo este movimento como saudável ou sustentável. 

 

Brasil – As notícias do final de semana pouco alteram o cenário de curto-prazo. Alguns personagens políticos começam a ventilar a possibilidade de Temer tentar a reeleição em 2018. Acho este um caminho natural, mas acredito que o presidente interino tentará se distanciar deste cenário, pelo menos nos próximos meses. 

 

Alguns veículos de comunicação estão dando foco na situação legal de Lula, após se tonar réu em uma das frentes da Operação Lava-Jato. Este tipo de situação apenas deteriora a imagem do ex-presidente perante a população, reduzindo suas chances de voltar a exercer qualquer cargo político eletivo relevante. Aos olhos do mercado, estes seriam desenvolvimentos positivos para os ativos locais. 

 

Europa – O stress test dos bancos europeus trouxe poucas surpresas ao mercado. Como não era um teste definitivo, mas apenas informativo, pouco deve alterar a dinâmica deste nicho de mercado. Existe uma grande expectativa que o Monte Paschi – um dos principais e mais problemáticos bancos da Itália – consiga uma recapitalização por um consórcio privado. Ainda não há um anuncio concreto sobre o tema. A verdade é que a situação dos bancos na Europa continua frágil e sem uma solução definitiva no horizonte. 

 

Posição Técnica FX – Os dados da CFTC mostraram um aumento das posições compradas em USD até quinta-feira passada, o que explica em parte o forte movimento de dólar fraco verificado após a decepção do PIB do 2Q nos EUA. 

 

China – Os policy makers locais estão evoluindo em regras que visam limitar a expansão do mercado de WMP no país, o que era visto como um grande risco do mercado de crédito a ser monitorado. Os avanços são positivos, mas em detrimento a alguma volatilidade nos mercados no curto-prazo e, talvez, na manutenção de uma tendência de crescimento mais moderado do país.




Data: 29/07/2016

BoJ Underdelivered!

 

O BoJ no Japão anunciou apenas medidas cosméticas de estímulo monetário, surpreendendo negativamente as elevadas expectativas do mercado. O Banco anunciou um aumento das compras de ETF de Y$3,3T para Y$6T por ano. Além disso, adotou um “foward guidance” mais específico e agressivo, sinalizando a disposição e a intenção de implementar uma nova e completa revisão de sua política monetária na próxima reunião, em setembro. Além disso, afirmou que as políticas monetárias e fiscais devem trabalhar lado a lado. O mercado reagiu de forma clássica, com uma forte apreciação do JPY, e leve movimento de aversão a risco no mundo. 

 

Na minha visão, as medidas anunciadas são extremamente pontuais. O BoJ está jogando o peso do ajuste sobre a política fiscal, que agora também corre o risco de decepcionar as expectativas do mercado. 

 

Espero a continuidade de um cenário de realização de lucros e/ou acomodação dos ativos de risco no curto-prazo, na prerrogativa de que os estímulos monetários esperados pelo mercado demorarão a ocorrer (se ocorrerem). 

 

Desde a vitória do Brexit na Inglaterra, vimos uma rápida e acentuada recuperação dos ativos de risco, baseados em sinais um pouco mais positivos para o crescimento global mas, principalmente, na expectativa de uma atuação mais firme a agressiva das políticas fiscal e monetária ao redor do mundo. Nas últimas semanas, as reuniões do BoE, ECB, Fed e, agora, BoJ, mostraram que os bancos centrais dos países desenvolvidos estão optando por manter uma postura mais passiva, esperando por mais tempo sinais mais claros no tocante a saúde da economia global. Assim, podemos esperar movimentos mais reativos do que proativos por parte dos bancos centrais. 

 

No tocante a política fiscal, na minha visão, o grande problema em relação a este quadro, é que a política monetária é mais facilmente ajustada, com medidas proativas, flexíveis e ágeis. A adoção de QE, queda de juros, taxas de juros negativas e afins são implementadas em decisões rápidas por parte dos bancos centrais. A política fiscal, por sua vez, necessita de um consenso político, muitas vezes inexistente. Além disso, por outras vezes, as medidas tomadas são inadequadas ou insuficientes. Finalmente, medidas concretas e adequadas costumam ser reativas, e não proativas. Assim, os governantes costumam atuar apenas após um período de “crise”, ou pressão por parte dos mercados e/ou da sociedade. Devemos viver uma expectativa crescente de uma atuação mais agressiva da política fiscal, mas as medidas devem ser pontuais e localizadas. A política monetária deverá perder potencia com o tempo, mas o G20 em nada altera o cenário de curto-prazo. 

 

Os PIBs do 2Q de França e Espanha, divulgados agora a pouco, ficaram abaixo das expectativas do mercado, mostrando um quadro ainda de fragilidade do crescimento da Europa, mesmo diante de indicadores de confiança mais robustos verificados nas últimas semanas. 

 

O dia será de agenda relevante, com destaque para o PIB, ECI e Core PCE nos EUA. 

 

No Brasil, os jornais estão trazendo mais ruídos em torno do ajuste econômico em curso. Este tipo de ruído pode manter os ativos locais em leve trajetória de realização de lucros. Reforço minha visão de que, neste momento, precisamos diferenciar entre o cenário de curto-prazo, e o cenário estrutural para o país. Em termos estruturais, acredito em um cenário ainda bastante positivo para o país. No curto-prazo, acredito que a posição técnica, o nível de preços, o cenário externo e a falta de “momento” podem favorecer um período de acomodação de preços. A equipe formada por Michel Temer é competente. Conhece os instrumentos e as medidas que precisam ser implementadas, mas estão pecando no curto-prazo em questões pontuais. Acredito que, passado o impeachment, as medidas necessárias serão colocadas em prática. Caso isso não ocorra, o cenário positivo deverá ser reavaliado. 

 

Segundo Ilmar Franco, do O Globo: A lei do teto de gastos públicos está sangrando. O governo federal abriu a guarda para aprová-la e está negociando concessões para atender os governadores. Estes querem excluir da conta os gastos não só com terceirizados, mas também os repasses para despesas e folha de pessoal dos tribunais de Justiça, do Ministério Público, das polícias militares e das defensorias estaduais. Essas mudanças na lei foram tratadas ontem pelo presidente interino, Michel Temer, e o presidente da Câmara, Rodrigo Maia. O sonho do teto está virando um pesadelo. Temer está cedendo. Quer evitar que a oposição receba o reforço de bancadas aliadas, mas que estão insatisfeitas.




Data: 29/07/2016

All eyes on the BoJ

 

A quinta-feira foi marcada por uma série de questões pontuais, afetando a dinâmica dos ativos de risco de forma particular. O próximo grande evento da semana será a reunião do BoJ no Japão essa noite. Reforço o que tenho escrito neste fórum nos últimos dias: 

 

Existe hoje uma expectativa elevada em torno de medidas que podem ser adotadas pelo BoJ e pelo MoF, em conjunto, com o intuito de dar suporte a economia e a inflação. Caso as medidas decepcionem o mercado, vejo espaço para uma realização de lucros um pouco maior dos ativos de risco, já que parece evidente a refuta dos principais bancos centrais do mundo desenvolvido em adotar medidas adicionais de política monetária no curto-prazo. Os policy makers estão optando por uma postura reativa, e não proativa, no tocante ao cenário de curto-prazo.  O mercado já espera um pacote bastante robusto e agressivo de medidas. Devemos observar mais uma rodada de estímulos fiscais e monetários no Japão, de forma relativamente coordenada. Contudo, tenho receio de que o mercado esteja subestimando o tamanho dos estímulos e a capacidade destes em reverter o quadro econômico do país. As expectativas já são elevadas e os policy makers locais terão que se esforçar para supera-las. Medidas agressivas podem elevar as esperanças do mercado na mudança de postura por parte dos policy makers globais, com maior foco nas reformas estruturais e nos estímulos fiscais. 

 

Brasil – O dia foi de realização de lucros para os ativos locais, mesmo após a divulgação de um número fiscal muito melhor do que as expectativas para o mês de junho (déficit de R$8,8b contra déficit esperado de R$15,5b). Acredito que o movimento seja explicado por uma conjunção de fatores. Entre eles: resultado trimestral ruim do Bradesco; avanço da Operação Zelotes sobre o Bradesco, com implicações para outros bancos e setores da bolsa; posição técnica ruim; postura hawkish do BCB – que está ajudando a colocar pressão na parte curta da curva de juros e favorecer um movimento de flattening da curva; ausência de avanço na agenda fiscal do governo, aliada a ruídos em torno de algumas medidas (timing para a votação do Teto de Gastos, possível alteração da Lei de Repatriação); e etc. 

 

Na minha visão, estes são movimentos pontuais, que devem ser vistos como realizações de lucros normais no processo de ajuste. Como afirmei aqui no final da semana passada: Acredito que, neste momento, precisamos diferenciar entre o cenário de curto-prazo, e o cenário estrutural para o país. Em termos estruturais, acredito em um cenário ainda bastante positivo para o país. No curto-prazo, acredito que a posição técnica, o nível de preços, o cenário externo e a falta de “momento” podem favorecer um período de acomodação de preços. A equipe formada por Michel Temer é competente. Conhece os instrumentos e as medidas que precisam ser implementadas, mas estão pecando no curto-prazo em questões pontuais. Acredito que, passado o impeachment, as medidas necessárias serão colocadas em prática. Caso isso não ocorra, o cenário positivo deverá ser reavaliado. 

 

Petróleo - A dinâmica do petróleo começa a mostrar sinais mais preocupantes, com o quadro técnico confirmando uma nova tendência de queda. O movimento ainda não gerou contágio para outras classes de ativos, como no começo do ano (foco para o mercado de crédito norte americano). Caso a tendência de queda se acelere, contudo, acho difícil que o mercado continue a ignorar o movimento. 

 

Bancos Europeus – Comentei sobre este tema na manhã de hoje, concluindo que: Acredito que existam os instrumentos (e a disposição política) necessários para que uma solução seja colocada em prática. Contudo, precisamos lembrar que o timing dos policy makers costuma ser diferente do timing dos mercados financeiros. Assim, as ações políticas tendem a ser mais reativas do que proativas. As soluções são encontradas após todas as outras opções serem esgotadas. Podemos passar por uma nova rodada de pressão sobre as ações de bancos na Europa, antes que o “pânico” atinja a classe política. Todas as atenções estarão voltadas para o stress test que será divulgado amanhã.




Data: 28/07/2016

Bancos Europeus: De volta ao foco!

 

Os ativos de risco perderam um pouco de fôlego nos últimos minutos. Aparentemente, a dinâmica dos bancos europeus parece ter liderado o movimento. Vale lembrar que os bancos na Europa haviam saído do foco do mercado, mas uma solução concreta e definitiva ainda não foi encontrada para os problemas de capitalização e baixa rentabilidade das instituições bancárias na região. Os bancos na Itália parecem ser o foco central de desconfiança, mas o resultado do DB na Alemanha, divulgado ontem, lembrou ao mercado que a maior instituição financeira da Europa continua em situação bastante delicada. 

 

Amanhã está agendado a divulgação de um stess test para as instituições financeiras da Europa. Não existe grandes expectativas em torno do anuncio de qualquer tipo de medida que venha a solucionar as fragilidades deste mercado. 

 

Até o momento, os problemas dos bancos europeus têm se mostrado pontuais e localizados. As ações dessas instituições vêm em uma clara trajetória de queda, mas ainda não foram capazes de gera rum contágio maior para os demais ativos de risco. A maneira como os policy makers irão lidar com a situação será fundamental para a dinâmica de médio-prazo. 

 

Acredito que existam os instrumentos (e a disposição política) necessários para que uma solução seja colocada em prática. Contudo, precisamos lembrar que o timing dos policy makers costuma ser diferente do timing dos mercados financeiros. Assim, as ações políticas tendem a ser mais reativas do que proativas. As soluções são encontradas após todas as outras opções serem esgotadas. Podemos passar por uma nova rodada de pressão sobre as ações de bancos na Europa, antes que o “pânico” atinja a classe política.




Data: 28/07/2016

Digerindo o comunicado do FOMC e a espera do BoJ.

 

Os ativos de risco ainda estão digerindo o comunicado do FOMC nos EUA divulgado ontem. Hoje pela manhã, chama a atenção um movimento de queda do dólar, especialmente contra G10, liderado pelo JPY, ao contrário do que eu esperava. O dólar opera próximo a estabilidade contra EM. Após ameaçar uma recuperação durante a noite, o petróleo voltou a operar em queda neste momento, o que requer atenção especial. As bolsas na Europa e nos EUA apresentam leve alta, após mais uma sequencia de resultados corporativos acima das expectativas do mercado. Os juros no mundo desenvolvido voltaram apresentar fechamento de taxas, com o Fed sendo percebido como não apresentando pressa em retomar o seu processo de normalização monetária. 

 

Vejo um quadro técnico pior do que há algumas semanas atrás, mas ainda longe de totalmente "esticado" ou contaminado. O mesmo vale para o nível de preços e valuation de algumas classes de ativos. O cenário, assim, enseja uma continuidade da busca por carry/yield que virou regra nas últimas semanas. No curto-prazo, exceto por eventos inesperados, o BoJ será o grande evento para os mercados financeiros globais, podendo ser um trigger para uma nova pernada de busca por ativos de risco, ou um motivo para uma realização adicional de lucros ou acomodação dos mercados. Acredito que as expectativas em torno do BoJ já estejam extremamente elevadas e o Banco terá um enorme desafio em atender a demanda do mercado. Contudo, não podemos desprezar a capacidade dos policy makers em se reinventarem na adversidade. 

 

Na agenda do dia, o destaque ficará por conta dos Jobless Claims nos EUA. Os indicadores de confiança da Europa divulgados agora a pouco surpreenderam positivamente as expectativas do mercado, reforçando um cenário em que o Brexit, por ora, não parece estar impactando de forma relevante o cenário econômico da região. 

 

No Brasil, destaque apenas para uma matéria de Ribamar Oliveira no Valor, em que o jornalista afirma que os modelos do Ministério da Fazenda estão apontando para um cenário ainda frágil de recuperação da receita da União para os próximos meses, até mesmo em 2017. Os números ascendem um alerta na equipe (vide abaixo). Acredito que o artigo apenas reafirma que, em algum momento após o impeachment, será necessário o anuncio de novas medidas de ajuste fiscal, em especial no âmbito da receita (leia-se, aumento de impostos). 

 

Os modelos econométricos que o Ministério da Fazenda utiliza para estimar a receita da União estão deixando a área econômica preocupada. Eles estão projetando uma nova queda da receita em 2017, na comparação com este ano, informa uma fonte credenciada do governo. O resultado desfavorável aparece mesmo quando se introduz nos modelos uma variável positiva, que é a retomada do crescimento da economia no próximo ano. O governo trabalha com um aumento real de 1,2% do Produto Interno Bruto (PIB). Há uma discussão bastante intensa dentro do governo sobre essa questão. "Estamos em um processo de perda de arrecadação que não é explicada apenas pelas desonerações", avalia uma autoridade. "Temos um problema estrutural na receita", arrisca a mesma fonte. Até agora, a principal explicação para a derrocada da receita federal nos últimos anos era a excessiva desoneração tributária promovida pela presidente afastada Dilma Rousseff em seu primeiro mandato. Os técnicos estão achando que há algo mais além disso. Uma fonte informa que de 1997 a 2011, a receita cresceu, em média, 7% ao ano em termos reais. No mesmo período, o PIB cresceu, em média, 2,5% ao ano. A capacidade arrecadatória federal era, portanto, significativa. Mesmo com um crescimento anual relativamente modesto, a receita crescia de forma continuada e expressiva. Essa realidade começou a mudar a partir de 2012. Já em 2014, a arrecadação dos tributos federais administrados pela Receita Federal (incluindo a contribuição à Previdência Social) apresentou a primeira queda em termos reais desde 2009 ­ ano em que a economia brasileira sofreu de forma mais intensa os efeitos da crise financeira internacional. Nova redução ocorreu em 2015 e, é muito provável, que ocorra novamente neste ano. De janeiro a maio, a arrecadação caiu mais de 6%, em termos reais, na comparação com igual período do ano passado. Alguns técnicos acreditam que os modelos estejam "contaminados" por dados registrados nos últimos anos e que, por isso, podem não mais refletir a tendência atual da tributação. Outros argumentam que houve uma mudança na estrutura da receita, com a indústria perdendo participação na arrecadação. É mais fácil tributar a indústria do que o setor de serviços, por exemplo. Além disso, a legislação do PIS/Cofins é considerada um "pandemônio" pela área técnica e uma verdadeira "fábrica de crédito", que reduz a arrecadação.




Data: 28/07/2016

Fed, Petróleo, Crédito no Brasil e BoJ.

 

O Fed seguiu à risca o roteiro que descrevemos neste fórum nos últimos dias, mas a leitura do mercado, até o momento, ficou divergente do que esperávamos: 

 

Acredito que o FOMC irá fazer um “market-to-market” em seu comunicado em relação a situação econômica do país. Os riscos externos parecem menores do que na última reunião, mas ainda estão presentes. A inflação continua baixa, mas dentro do cenário esperado de elevação gradual. O crescimento se mostra em velocidade de cruzeiro, em uma tendência de 1,5%-2,0%, com flutuações em torno deste nível, mas sem sinais de recessão. O mercado de trabalho mostra-se robusto. Finalmente, as condições financeiras apresentaram forte afrouxamento, com uma queda do dólar, fechamento de taxa de juros e alta das bolsas. Acredito que o Fed não irá se amarrar a uma alta de juros em nenhuma reunião, pois o cenário ainda é muito incerto, mas a mensagem poderá ser percebida como mais hawkish do que o esperado pelo mercado. 

 

O FOMC promoveu mudanças pontuais no seu comunicado, na direção de mostrar uma redução dos riscos de curto-prazo, um mercado de trabalho saudável e um consumo robusto. O mercado leu, até agora, a reunião do FOMC como um risco de curto-prazo sendo retirado do cenário. 

 

Acredito que uma alta de juros em setembro teve sua probabilidade elevada para algo em torno de 30% a 40%, o que deveria dar algum suporte ao USD, especialmente contra G10. Por ora, não estamos observando este movimento. Vejo o Fed (por si só) como neutro para o cenário de bolsa, commodities e mercados emergentes. 

 

A dinâmica do petróleo começa a mostrar sinais mais preocupantes, com o quadro técnico confirmando uma nova tendência de queda. Os metais básicos começam a seguir a direção do petróleo, mas ainda sem gerar contágio para os demais ativos de risco. Os problemas parecem muito pontuais e específicos. 

 

No Brasil, os ativos locais continuam mostrando uma dinâmica de acomodação, na ausência de grandes triggers locais e externos. O destaque do dia ficou por conta dos dados de crédito, onde vimos os primeiros sinais, ainda que incipientes, de melhora das condições financeiras. Ainda é cedo para afirmar que os números de apenas um mês ditarão uma trajetória de recuperação do mercado de crédito, mas sem dúvida é mais um passo na direção de recuperação da economia. 

 

Uma respeitada consultoria privada externa soltou relatório hoje defendendo a visão de que o BoJ não deve anunciar medidas agressivas em sua reunião no Japão essa semana. Existe hoje uma expectativa elevada em torno de medidas que podem ser adotadas pelo BoJ e pelo MoF, em conjunto, com o intuito de dar suporte a economia e a inflação. Caso as medidas decepcionem o mercado, vejo espaço para uma realização um pouco maior dos ativos de risco, já que parece evidente a refuta dos principais bancos centrais em adotar medidas adicionais de política monetária no curto-prazo. Os policy makers estão optando por uma postura reativa e não proativa no tocante ao cenário de curto-prazo.




Data: 28/07/2016

Japão, Commodities e Bancos na Itália.

 

Os mercados financeiros globais estão dando alguns sinais de fadiga, respeitando a dinâmica que temos observado desde o final da semana passada, ou seja, a expectativa de uma realização de lucros/acomodação de algumas classes de ativos. A ausência de uma atuação mais agressiva por parte dos bancos centrais nos países desenvolvidos, o nível de preço, e a posição técnica, parecem ser os principais motivos para estes movimentos. Por hora, vejo apenas os movimentos como pontuais e localizados, sem alterar o cenário central e a tendência de longo-prazo, mas precisamos ficar atentos a qualquer mudança definitiva de cenário e de tendência dos ativos de risco. 

 

No Japão, observamos uma forte apreciação do JPY, que está ajudando a colocar pressão no dólar no mundo. O movimento parece um ajuste de posições após o desenvolvimento de expectativas extremamente otimistas em relação ao potencial de anuncio de medidas fiscais e monetárias no país nesta semana. Como comentei no sábado: Devemos observar mais uma rodada de estímulos fiscais e monetários no Japão, de forma relativamente coordenada. Contudo, tenho receio de que o mercado esteja subestimando o tamanho dos estímulos e a capacidade destes em reverter o quadro econômico do país. As expectativas já são elevadas e os policy makers locais terão que se esforçar para supera-las. 

 

As commodities voltaram a operar em queda, lideradas pelo Petróleo, mas seguidas pelos metais básicos. O movimento mostra um quadro ainda de fragilidade para o cenário de oferta e demanda para estes produtos, especialmente em um ambiente ainda incerto para a economia da China. 

 

Na Europa, voltamos a ver pressão sobre os bancos na Itália. A semana será marcada pelo anuncio do “stress test” dos bancos na Europa, Existe uma expectativa grande de como será resolvido o problema de insolvência de um dos principais bancos na Itália, mas não há sinais de que houve avanços concretos para a resolução definitiva deste tema. 

 

No Brasil, observamos apenas algumas notícias em torno das propostas de ajuste fiscal e de reforma da previdência que estão sendo propostas dentro do governo e ventilados para a mídia. O governo continua no caminho certo, resta a aprovação de medidas essenciais para que o país volte ao trilho do desenvolvimento. Vale a pena notar que a agenda micro continua caminhando lado-a-lado com as propostas macros. Na sexta-feira, verificamos desenvolvimentos extremamente positivos no setor elétrico, assim como evoluções importantes para  BR Distribuidora, empresa de capital fechado da Petrobras. De maneira geral, continuo otimista com o caminho que o país vem trilhando, mas entendo que movimentos de acomodação/realização de lucros podem (e devem) ocorrer nos ativos locais. 




Data: 28/07/2016

Trump & Juros Locais.

 

A semana começou com poucas novidades no cenário econômico, mas com alguns movimentos de mercado que indicam uma narrativa parecida com aquela que sinalizamos na sexta-feira passada, ou seja: 

 

Net/net, não podemos descartar uma realização de lucros no curto-prazo. O mercado parece tecnicamente esticado, a posição técnica piorou e os eventos recentes não estão corroborando com as expectativas do mercado. Contudo, ainda não vejo esses vetores como suficientes para alterar o cenário central. Por isso, neste momento, vejo apenas espaço para correções pontuais. Os próximos eventos precisam ser analisados a luz dessas questões. 

 

Podemos citar alguns vetores que estão ajudando o movimento de realização de lucros/acomodação no curto-prazo: ausência de uma atuação por parte do BoE e ECB; ajuste de posições para um Fed que poderá ser percebido como mais hawkish do que o esperado até poucos dias atrás; e ganho de fôlego da campanha de Donald Trump para presidente dos EUA, com algumas pesquisas mostrando avanço do Republicano desde a convenção da semana passada. 

 

O dia foi de abertura de taxas de juros ao redor do mundo, queda das bolsas e das commodities, e um movimento misto do dólar. O que chama mais a atenção é o movimento de queda do petróleo, que neste momento está rompendo níveis técnicos importantes, dando sinais de que estaria entrando em uma nova tendência de baixa. 

 

No Brasil, os ativos locais estão basicamente seguindo o humor global a risco. O governo começa a dar sinais de que talvez necessite elevar impostos, ao menos temporariamente, com intuito de ajustar as contas públicas nacionais. Nos últimos dias, fomos surpreendidos por algumas medidas que podem ser percebidas como sinais de fraqueza do governo diante de demandas de parte da sociedade. Na minha visão, faz parte do processo político de ajuste este tipo de postura. Tenho grandes expectativas que, passado o impeachment, Temer possa adotar medidas mais duras e concretas para lidar com a elevação da dívida pública nacional. Entendo, contudo, que não será um caminho sem obstáculos. Alterarei minha visão caso este cenário se mostre equivocado nos próximos meses. 

 

A expectativa de inflação medidas pelo Relatório Focus mostrou recuou das expectativas de IPCA para 2018, de 4,6% para 4,5%, em linha com a meta de inflação. O recuo das expectativas é um sinal de que a postura do BCB no tocante a política monetária está correta, e dever seguir neste rumo. 

 

Amanhã será divulgada a Ata do Copom. A curva curta de juros precifica cerca de 250bps de queda de taxas, iniciando o ciclo de queda da taxa Selic próximo de outubro deste ano, e encerrando-se em torno de novembro de 2017. A mensagem do BCB tem sido de que não há espaço para queda de taxa de juros no curto-prazo. Acredito que o BCB possa iniciar o ciclo mais tarde, afim de ganhar credibilidade, e ancorar as expectativas de inflação. Após iniciado o ciclo, contudo, deverá haver espaço para um ciclo superior a 250bps de queda da taxa Selic. No curto-prazo, contudo, precisamos ter sinais concretos do recuo da inflação corrente, e tomar cuidado com uma posição técnica um pouco carregada pelos locais no mercado de juros. 

 

Acredito que, neste momento, precisamos diferenciar entre o cenário de curto-prazo, e o cenário estrutural para o país. Em termos estruturais, acredito em um cenário ainda bastante positivo para o país. No curto-prazo, acredito que a posição técnica, o nível de preços, o cenário externo e a falta de “momento” podem favorecer um período de acomodação de preços. A equipe formada por Michel Temer é competente. Conhece os instrumentos e as medidas que precisam ser implementadas, mas estão pecando no curto-prazo em questões pontuais. Acredito que, passado o impeachment, as medidas necessárias serão colocadas em prática.




Data: 28/07/2016

Reflation!?

 

Os ativos de risco estão operando próximos a estabilidade, ainda digerindo o comunicado do G20 ao longo do final de semana (já comentado neste fórum na manhã de ontem). O destaque da noite ficou por conta de mais uma rodada de depreciação da moeda da China (CNY), com o fixing cerca de 0,30% mais depreciado em relação ao dia anterior. Passado a reunião do G20, e diante dos enormes desafios ainda presentes para a economia do país, é natural supor que a moeda mantenha um viés de depreciação. 

 

Achei bastante pertinente o comentário do Morgan Stanley em relação ao cenário para a China e para os mercados globais esta manhã, que vai muito em linha com o que tenho comentado neste fórum ao longo das últimas semanas: 

 

Reflating China: When PBOC Governor Zhou Xiaochuan described the Chinese yuan trading stable against a basket of currencies suggesting that "the market has more confidence in the yuan" then it did not sound like China intended to change any of its policy allowing the yuan to decline by just under 7% in the last year. China’s fixed asset investmenthas slowed to 9.6% during the first half of this year, representing its slowest expansion rate for 16 years. China is putting reflation measures actively in place. Overnight it was the National Development and Reform Commission stating that downward pressure on fixed asset investment has been heavy, suggesting the government implementing a proactive fiscal policy, expanding aggregate demand and stepping up efforts to improve weak sectors of the economy in order to boost investment and let it play a bigger role in stabilising economic growth. For now investors will likely view China considering more stimulus as a positive, putting this statement into context of the G20 communique promising to increase coordination of expansionary policy measures and restraining from "competitive devaluation". Investors are willing to ignore that the latest round of fiscal expansion, notably in China, did not show desired effects. Too high debt levels have reduced the multiplying effects of fiscal measures. Hence, the hope of fiscal expansion putting the global economy on a better economic footing is likely to prove premature, but for now markets seem keen to be trading on this hope. 

 

Meu receio no curto-prazo é que o mercado venha a se ajustar para um cenário de "reflation", com a probabilidade do Fed/FOMC surpreender o mercado com um discurso percebido como mais hawkish do que as expectativas, e os investidores elevando suas expectativas em torno da atuação da política fiscal em detrimento a política monetária ao redor do mundo. Não acredito que este seja o cenário central, mas um risco crescente. Com o mercado posicionado em ativos de carry/yield, este cenário poderia gerar um movimento não desprezível, porém pontual, de realização de lucros nessas classes de ativos. 

 

Na Alemanha, o IFO recuou apenas marginalmente em julho, saindo de 108,7 para 108,3 pontos, acima das expectativas do mercado. O número reforça o que os PMIs já haviam demonstrado, ou seja, que a Europa com um todo, por hora, está conseguindo lidar de formar bastante fluida em relação ao Brexit. Não há sinais, ainda, de um impacto mais acentuado do evento na economia da região. 

 

No Brasil, destaque apenas para uma entrevista de Mereilles, em que o Ministro da Fazenda afirma que na ausência do Teto de Gastos um aumento de impostos seria inevitável. Um artigo no Valor afirma que os gestores voltaram a apostar na valorização do Real em relação ao dólar norte americano. 

 

Acredito que, neste momento, precisamos diferenciar entre o cenário de curto-prazo, e o cenário estrutural para o país. Em termos estruturais, acredito em um cenário ainda bastante positivo para o país. No curto-prazo, acredito que a posição técnica, o nível de preços, o cenário externo e a falta de “momento” podem favorecer um período de acomodação de preços. A equipe formada por Michel Temer é competente. Conhece os instrumentos e as medidas que precisam ser implementadas, mas estão pecando no curto-prazo em questões pontuais. Acredito que, passado o impeachment, as medidas necessárias serão colocadas em prática.




Data: 22/07/2016

All eyes on the BoJ.

 

Os ativos de risco estão operando próximos a estabilidade, após uma noite relativamente tranquila. A agenda do dia será esvaziada. Os próximos eventos relevantes para o cenário serão a reunião do G20, no final de semana, e a decisão do BoJ no Japão, na semana que vem.

 

No Brasil, os jornais estão dando destaque a delação premiada de João Santana, marqueteiro do PT nas últimas eleições presidenciais, e de sua esposa, Monica Moura. De acordo com a mídia, ambos deverão confessar que receberam dinheiro de “caixa 2” para as campanhas políticas a qual participaram. Resta a dúvida, contudo, ser as campanhas realizadas por eles no exterior levarão a alguma relação aos governos do PT. Não acredito que este tema altera o cenário base para a política local, exceto por consolidar um enfraquecimento de toda a sigla do PT.] 

 

Uma matéria de hoje na Folha afirma que: "O governo vai elevar o montante das despesas obrigatórias previstas para este ano no relatório de avaliação fiscal que será divulgado hoje, segundo apurou o Valor. Entre outros fatores, os gastos aumentarão em decorrência das medidas provisórias editadas pelo presidente Michel Temer abrindo créditos extraordinários ao Orçamento deste ano, que nas últimas semanas somaram R$ 5,2 bilhões. O governo deverá também reduzir sua previsão para a receita dos tributos federais neste ano. O resultado efetivo da arrecadação registrado no terceiro bimestre ficou bem abaixo da previsão que constava do decreto de programação orçamentária e financeira. Informações extraoficiais indicam que a queda foi superior a 5% em termos reais Para não ter que cortar despesas do Orçamento deste ano, diante desses dois fatores e da renegociação da dívida dos Estados, a equipe econômica vai reduzir bastante a chamada "reserva fiscal" de R$ 18,1 bilhões, estabelecida no decreto de programação financeira divulgado em junho. Esse espaço foi criado para acomodar "riscos fiscais", como a renegociação da dívida dos Estados (que na ocasião ainda não havia ocorrido), e era composto por fatores como receitas decorrentes da regularização de ativos no exterior." 

 

O quadro fiscal ainda é preocupante. O governo deu passos concretos e positivos na direção do ajuste, mas ainda insuficientes para colocar a trajetória da dívida/PIB em níveis sustentáveis. Assim, é necessário, ainda, que após a aprovado o impeachment o governo interino adote uma postura mais dura e crível no tocante as contas públicas. Minha expectativa é que isso irá ocorrer. Caso contrário, poderemos voltar a uma espiral negativa para os ativos locais. 

 

No Japão, crescem os rumores em torno do anuncio de um pacote fiscal agressivo a ser anunciado em conjunto com a decisão do BoJ na semana que vem. As expectativas estão ajudando a dar sustentação ao USDJPY e aos ativos de risco em geral. 

 

Na Área do Euro, o Markit PMI Services saiu de 52,8 para 52,7 em julho, acima das expectativas de 52,3. O Markit Manufacturing, contudo, caiu de 52,8 para 51,9, abaixo das expectativas de 52,0. Os números mostram um arrefecimento do crescimento após o Brexit. A magnitude da queda ainda não preocupa, mas é um vetor que precisará ser analisado com bastante calma nas próximas semanas. 

 

O fluxo semanal para ativos de risco continua positivo. Segundo a Merrill Lynch: 

 

Pain Trade: record week of inflows to EM debt funds (Chart 1)…record week of redemptions from EU equity funds (Chart 2)…summer contrarian pain trade = long EU stocks, short EM debt. 

Stampede into EM: record inflows to EM debt funds ($4.9bn); largest EM equity inflows in 12 months ($4.7bn)...investors furiously chasing carry in EM debt markets, capitulating into"weak $" winners (gold, EM debt & now EM equities). 

The Big Pain Trade: = long Banks, short Bonds…note flow reversal…largest financials inflows since 2015 ($0.8bn)…largest outflows from Treasuries in 15 weeks ($1.4bn).

Big Pain Trade Catalysts: 1. strong US consumer/housing allowing Fed to hint it is not "one & done", 2. EU/ECB bank policy moves = Italy bank resolution, 3. >¥15-20tn Japan fiscal stimulus announcement with implicit BoJ helicopter. 

Big Japan fiscal stimulus = +ve Nikkei: stocks rally 1 month ahead of fiscal announcement, pause after package announced, rally subsequent months; Japanese yen tends to strengthen; BofAML GWIM data show exodus from Japan ETF's (Chart 6). 

 

Não podemos descartar uma realização de lucros dos mercados financeiros globais no curto-prazo. O mercado parece tecnicamente esticado, a posição técnica piorou e os eventos recentes não estão corroborando com as expectativas do mercado. Contudo, ainda não vejo esses vetores como suficientes para alterar o cenário central. Por isso, neste momento, vejo apenas espaço para correções pontuais. Os próximos eventos precisam ser analisados a luz dessas questões.

 



Data: 22/07/2016

Update

 

Muita coisa aconteceu nas últimas 48 horas, tornando válido uma breve revisão do cenário de curto-prazo. 

 

Brasil – Como era amplamente esperado, o BCB manteve a taxa Selic estável. O Copom promoveu alterações relevantes em seu comunicado, optando por uma diretriz mais clara e transparente. A mensagem do comunicado foi de que ainda não existe espaço para o início de um ciclo de queda de juros. O BCB, contudo, sinalizou quais seriam os vetores necessário para que este ciclo tenha início.  O Copom precisa observa um recuo adicional das expectativas de inflação de seus modelos para níveis mais próximos do centro da meta de inflação, assim como o avanço do programa de ajuste fiscal. Olhando de hoje, é difícil afirmar quando essas condições serão atingidas. Por hora, mantenho minha visão de este processo deve começar no quarto trimestre deste ano. Se precisar fazer uma escolha, contudo, acredito que o BCB irá optar por adiar o ciclo de queda de juros, para ganhar credibilidade, para então, poder promover um ciclo até superior as expectativas. 

 

O IPCA-15 e3 julho ficou acima das expectativas do mercado, com alta de 0,54% MoM e 8,93% YoY. A despeito da surpresa negativa, a abertura mostrou um quadro qualitativo relativamente positivo, indicando que o processo de arrefecimento da inflação ainda está em curso. 

 

O Tesouro anunciou uma emissão externa de um papel para 2047. A estratégia é de “fazer um preço na curva soberana” para facilitar a captação mais longa do setor corporativo. No âmbito interno, o Tesouro vem fazendo leilões agressivo de papéis. 

 

Os ativos locais estão apresentando um movimento de realização de lucros, que julgo ser natural e saudável nos atuais níveis. A posição técnica de curto-prazo parece menos positiva, e estamos em um ambiente onde pode faltar “trigger” para um movimento adicional. Isto em nada muda o cenário prospectivo positivo para o país. 

 

Externo – Após o BoE não anunciar medidas adicionais de suporte a economia, hoje foi a vez do ECB deixar passar sua oportunidade. O discurso de ambos ainda é na direção de que estão aptos, dispostos e alertas para adotar medidas caso necessário, mas ainda não veem cenário para isso. Nos EUA, diante dos dados recentes da economia, e do forte afrouxamento das condições monetárias no país (queda do dólar, fechamento de taxa de juros, alta das bolsas) me parece que o Fed pode retomar o processo de alta de juros mais cedo do que tarde. Assim, o peso de medidas adicionais, no curto-prazo, irá recair sobre o BoJ, no Japão, na semana que vem. Todas as atenções estarão voltadas para esta reunião. 

 

Após o Brexit, os ativos de risco apresentaram forte recuperação, na expectativa de que o impacto seria limitado, e os BC´s iriam agir com o intuito de dar suporte ao crescimento global. Ainda me parece cedo para afirmar qual o impacto do Brexit sobre o crescimento global. Os indicadores de confiança da Europa em geral apresentaram forte recuou, mas são dados pontuais, que precisam ser corroborados (ou não) pelo “hard data”. Em relação aos bancos centrais, não parece que estão com o intuito de adotar novas medidas, pelo menos na ausência de uma piora mais clara da situação econômica e financeira do mundo. Me parece que estão “guardando munição”, optando por serem mais reativos do que proativos. 

 

Na China, o PBoC está evitando que o CNY supere o patamar de 6,7. Algumas indicações recentes, contudo, mostram que o fluxo de saída de recurso do país foi elevado em junho, ao contrário do que os números das reservas internacionais mostraram. A situação do país é fluida, mas ainda delicada. 

 

Net/net, não podemos descartar uma realização de lucros no curto-prazo. O mercado parece tecnicamente esticado, a posição técnica piorou e os eventos recentes não estão corroborando com as expectativas do mercado. Contudo, ainda não vejo esses vetores como suficientes para alterar o cenário central. Por isso, neste momento, vejo apenas espaço para correções pontuais. Os próximos eventos precisam ser analisados a luz dessas questões.




Data: 19/07/2016

Europa: Confiança & Bancos Italianos.

 

A manhã está sendo marcada por alguns importantes desenvolvimentos na Europa. 

 

Primeiro, o ZEW – um dos principais indicadores de confiança da Alemanha – caiu de 19,2 para -6,8 pontos em julho, muito abaixo das expectativas de 9,0 pontos. O número é o primeiro dado econômico totalmente coletado após a votação do Brexit na Inglaterra e mostra um cenário de extremo desconforto em relação a situação econômica da região após os eventos na Inglaterra. A queda pode ter sido pontualmente exagerada, mas não pode ser totalmente ignorada. O sinal do ZEW é totalmente contrário a reação dos ativos de risco após o Brexit. Ainda acredito que o cenário seja de uma recessão na Inglaterra, com impactos não desprezíveis no crescimento da Europa. O problema pode ser controlado e permanecer isolado a região, contanto que o resto do mundo continue em um ambiente de crescimento baixo mas relativamente estável. 

 

Segundo, os bancos da Itália voltaram ao radar, após uma decisão da Corte Europeia reforçar que qualquer pacote de ajuda aos bancos deve seguir as regras implementadas ao longo deste ano, ou seja, o “bail-in”. As ações voltaram a operar sobre forte pressão. Minha visão continua a ser de que existe uma visão coerente do problema. Existe também uma percepção de quais medidas precisam ser tomadas para que uma solução concreta e definitiva seja implementada. Contudo, falta disposição política para que isso ocorra. Assim, continuo receoso de que a situação tenha que piorar antes de melhorar. A história recente mostra que os policy makers costumam ser reativos e não proativos. As decisões corretas são tomadas apenas quando todas as outras são testadas. 

 

As Bloomberg reports, Tuesday’s decision is a show of support for the European Commission, which updated its crisis rules for banks in 2013 as part of a shift from taxpayer-funded bailouts to bail-in, the practice of imposing losses on investors before public money can flow. “Burden-sharing by shareholders and subordinated creditors as a prerequisite for the authorization, by the commission, of state aid to a bank with a shortfall is not contrary to EU law,” according to the EU Court of Justice. The Luxembourg-based court’s decision is binding and can’t be appealed. The European Commission, which checks whether state aid violates EU rules, welcomed the ruling, which it said “confirms the commission’s current case practice and application of EU state aid rules to the banking sector.” The ruling also made the case for a bailout as opposed to a bail in more difficult and Italian banks dropped after the decision with Banca Monte dei Paschi declining as much as 7.1%. UniCredit SpA slipped 3.2% in early trading, while Intesa Sanpaolo SpA decreased 2.5%. 




Data: 19/07/2016

Posição técnica ainda favorável.

 

Os ativos de risco estão mostrando fadiga essa manhã, apresentando sinais de leve aversão a risco. Os movimentos são liderados pelas quedas do Petróleo e do Minério de Ferro. Ainda parece cedo para afirmar que o cenário base que vem sendo regra nas últimas semanas tenha ficado para traz, mas na ausência de mudanças fundamentais para o mercado de commodities (baixa demanda, aumento de oferta, estoques elevados e etc), a pressão em seus preços deve criar um ruído de curto-prazo. Destaque também para as quedas do AUD e do NZD, após as Minutas do RBA e depois de um paper do RBNZ elevarem a probabilidade de um novo corte de juros nas duas economias.

 

O cenário central ainda é de um crescimento global baixo, sem risco de recessão, mas com flutuações em torno da tendência. Neste ambiente, a busca por carry e yields deveria prevalecer. Incomoda-me, contudo, a velocidade e a magnitude que os investidores já migraram para este cenário, piorando o nível de preços e a posição técnica de várias classes de ativos. Além disso, até o momento, todos os riscos que surgem no cenário vem sendo devidamente “atropelados” pelos fluxos a essas classes de ativos. Eu mantenho um viés construtivo, porém cada vez mais incomodado com a forma como o movimento ocorreu até o momento. Em linhas gerais, vejo como prudente, natural e saudável movimentos de realização de lucros no curto-prazo. 

 

No Brasil, por hora, os ativos locais estão seguindo o humor global a risco. O que chamou a atenção nos últimos dias foi o forte movimento de fechamento de taxa das NTNBs, ou os juros reais. A minha impressão é que ao chegar ao patamar de 6%, muito investidores, especialmente os institucionais, perceberam a necessidade de travar  parte de suas metas atuariais, acelerando ainda mais o fechamento de taxa dessa classe de ativo. O Tesouro anunciou um leilão grande de papel para hoje, o que pode frear temporariamente o movimento, mas dificilmente, sozinho, irá alterar a dinâmica do mercado. Continuo com visão otimista para o país, concentrando risco na parte longa dos juros reais. 

 

De acordo com a pesquisa mensal realizada pelo Merrill Lynch em torno da posição técnica do mercado (a mais completa e respeitada pelo mercado), ainda existe amplo espaço para a tomada de risco por parte dos investidores: 

 

FMS investment implications 

 

1. FMS positioning = contrarian bullish for risk assets…despite BREXIT, terrorism, SPX all-time high, UST all-time low…BofAML July FMS cash level rose to highest level since Nov'01.

2. Fiscal easing = tactical catalyst for risk…FMS shows record % saying fiscal policy is "too restrictive" & 1st UW of equities by asset allocators in 4 years. 

3. "Pain trade" = long banks, short credit or quality…unwind of big short in UK, Eurozone, Japan, banks (Exhibit 1) requires big Japan fiscal stimulus & EU bail out for Italian banks. 

FMS key trends 

Bearishly positioned, macro-agnostic, long cash, credit, quality, short EU, Japan, banks. 

1. July FMS cash level = 5.8%, up from 5.7% in June = highest since Nov'01. 

2. Investor buying of protection against sharp decline in stock market at record high. 

3. 1st equity UW in 4 years, albeit very marginal. 

4. Growth/profit expectations flat/negative but just 17% think recession likely. 

5. Most crowded FMS trades: long quality stocks, long US/EU credit & short EU banks. 

6. "Helicopter money" expectations next 12 months up to 39% (was 27%). 

7. Investors looking to short UK equities highest since Dec'09. 

8. 1st Eurozone UW in 3 years, largest Japan UW in >3 years. 

9. Biggest EM OW in 2 years, 1st US equity OW in 17 months. 

10. Biggest UW of banks since 2012. 

11. Industrials OW @ 2-year high; largest MoM jump in tech exposure in 2 years. 

From Merrill Lynch




Data: 18/07/2016

Brasil: Cenário positivo prevalece.

 

Os ativos de risco estão recuperando grande parte das perdas verificadas no final da tarde de sexta-feira, após os desenvolvimentos na Turquia (vide detalhes no comentário de ontem, reproduzido abaixo).

 

No Brasil, o final de semana trouxe algumas notícias do ponto de vista econômico. O Globo apresentou uma entrevista de Temer onde o presidente interino teria sinalizado  um pedido de queda de juros para equipe econômica. Na minha visão, a equipe do BCB irá manter sua postura ortodoxa e não irá flexibilizar a taxa de juros por questões políticas. Caso haja espaço do ponto de vista econômico, com um recuo da inflação, ai sim serão levados um processo de queda da taxa Selic. Este espaço deve ocorrer no final deste ano, ou começo de 2017. 

 

A Folha de hoje afirma que o governo interino já tem pronto um pacote de medidas voltadas para estimular o crescimento do país. 

 

Em outras matérias, há sinais de uma enxurrada de recursos que estaria a espera para serem investidos no Brasil. 

 

De maneira geral, o cenário continua a se desenvolver de maneira fluida e positiva. Ruídos irão acontecer no front doméstico e externo, mas não vejo nenhum sinal de mudança estrutural no panorama mais positivo para o país.




Data: 18/07/2016

Turquia: Golpe militar frustrado e suas consequências.

 

No final da tarde de sexta-feira os mercados financeiros globais foram pegos de surpresa por uma tentativa de golpe militar na Turquia. Neste momento, o golpe foi debelado, sendo classificado como mal sucedido. A consequência foram dezenas de mortes de civis e militares. Desde então, o atual presidente do país adotou uma postura extremamente dura e autoritária, prendendo militares e tirando juízes de seus cargos.

 

Existe uma infinidade de teorias para o golpe, desde um golpe orquestrado por um dissidente e inimigo do atual governo, que vive atualmente nos EUA, até mesmo a teoria de que o golpe teria sido forjado pelo próprio governo, para justificar uma postura mais radical de agora em diante. Apenas o tempo dirá qual a real história por trás desta trama. A verdade é que a instabilidade política se instaurou no país. O maior risco, neste momento, fica por conta da relação da Turquia com o mundo Ocidental, em especial os EUA e seus aliados da OTAN. 

 

Acredito que os eventos na Turquia são graves, mas deveriam ser vistos como problemas pontuais e localizados. Estes eventos devem ser capazes de trazer alguma pressão para os ativos turcos, trazendo algum contágio pontual (leia-se volatilidade) para os demais ativos emergentes. Contudo, a situação política do país me parece muito particular. Não vejo países relevantes no mundo emergente que poderiam ter o potencial de apresentar problemas da mesma origem que na Turquia. Assim, vejo um cenário de maior volatilidade para a tendência recente de busca por carry/yield no mundo emergente. Estes eventos, em separado, contudo, não deveriam alterar a tendência de busca por ativos emergentes cujos fundamentos apresentam-se positivos, assim como yields que justifiquem alocação nesta classe de ativos. 

 

No curto-prazo, meu receio continua por conta dos sinais de “reflation” que vemos na China, mas, em especial, nos EUA. Com a curva de juros dos EUA precificando um processo extremamente gradual de alta de juros nos próximos 2 anos, qualquer indicação por parte do Fed de que este processo pode ser mais rápido do que o imaginado teria o potencial muito maior de alterar a dinâmica de curto-prazo dos mercados financeiros globais. Como venho reforçando a cerca de 2 semanas: 

 

Vimos uma rápida e acentuada busca por carry/yield nas últimas semanas, visando um cenário de baixo crescimento, inflação inexistente e perspectiva de bancos centrais ainda extremamente expansionistas por um período prolongado de tempo. Os últimos números alteram levemente este ambiente, já que colocam uma alta de juros por parte do Fed ainda este ano de volta ao radar, mas sem a necessidade (na ausência de pressões inflacionárias maiores), de um movimento brusco de elevação de taxas de juros. É natural supor, contudo, que haja algum tipo de realização de lucros e rotação de posições, diante do cenário descrito acima. Reduz-se a chance de uma recessão, enquanto eleva-se a chance de um novo movimento de alta de juros nos EUA. Podemos ver um movimento de realização de lucros no curto-prazo, com alguma volatilidade (antes inexistente), mas ainda vejo um cenário relativamente favorável para ativos emergentes, especialmente aqueles que oferecem bons fundamentos econômicos, com um grande “buffer” de yield. Devemos manter uma atenção especial na velocidade com que os juros dos países desenvolvidos, liderados pelo EUA, irão abrir taxas, pois estes poderão ditar a dinâmica dos demais ativos de risco. Acho prudente supor em uma pressão altista no dólar (especialmente contra G10) e altistas para taxas de juros nos países desenvolvidos, pelo menos no curto-prazo. Por um lado, a melhor perspectiva de crescimento reduz os riscos de recessão, sendo positivo para ativos de growth/value. Por outro lado, a abertura de taxa de juros pressiona o valuation dessas classes de ativos (como as bolsas). Por hora, espero apenas realizações pontuais de lucros nas posições consensuais do mercado, mas a velocidade da abertura dos juros no mundo desenvolvido será determinante para que esta tese não acabe migrando para um movimento mais brusco de realização de lucros de posições mais voltadas para carry/yield.




Data: 14/07/2016

Carry/Yield vs Growth/Value.

 

O cenário econômico global que temos descrito neste fórum é um cenário de crescimento baixo, porém estável, sem pressões inflacionárias e com bancos centrais mantendo uma postura extremamente expansionista.  Neste ambiente, os investidores buscam ativos de carry e yield. As últimas semanas foram muito marcadas por estes movimentos. 

 

Este cenário continua a ser o cenário central. Contudo, alguns eventos nos últimos dias podem estar alterando a matriz de probabilidade dos riscos inerentes a qualquer cenário central. Até poucos dias atrás, o risco era de uma recessão global seguida de uma deflação mais persistente no mundo. Este risco ainda existe, especialmente diante da baixa resposta da economia da China aos estímulos recentes. 

 

Agora, contudo, surgem sinais incipientes de que existe uma probabilidade, não mais desprezível, de estarmos no meio de um processo de alta gradual de inflação nos EUA. Os sinais emitidos pelo PPI hoje ainda são muito incipientes e localizados, mas não podem ser totalmente ignorados. Além disso, a perspectiva de uma postura fiscal e monetária mais agressiva no Japão também coloca à prova este cenário favorável aos ativos de carry/yield em detrimento a ativos de growth/value. 

 

Ainda me parece extremamente prematuro fazer qualquer análise mais alarmista na direção de uma inflação mais elevada nos EUA. Os sinais são muito incipientes e pontuais. Contudo, não podemos esquecer que a curva de juros nos EUA precifica um cenário de pouquíssimas altas de juros nos próximos 2-3 anos. 

 

Assim, minha maior preocupação, neste momento, fica por conta da posição técnica do mercado. Os Hedge Funds Macro Globais já não vinham apresentando um bom desempenho após o primeiro semestre do ano. A busca por carry/yield foi bastante agressiva nas últimas semanas, movimento que fazia, e ainda faz, muito sentido dentro deste pano de fundo global que temos desenhado. Contudo, frente aos novos vetores do cenário, nos atuais níveis de preço, acredito que seja prudente buscar hedges que defendam o portfólio caso este novo risco do cenário (estímulos fiscais, inflação e etc) continua apresentando aumento de probabilidade.




Data: 14/07/2016

Risk-On!

 

Os ativos de risco estão dando continuidade ao movimento positivo que virou regra (e tendências) nas últimas semanas. A agenda do dia começa a ficar um pouco mais carregada, com o Jobless Claims e o PPI no cenário econômico dos EUA, além de uma agenda de resultado corporativos mais a robusta. 

 

No Brasil, Rodrigo Maia foi eleito o novo presidente da Câmara dos deputados. A eleição de Maia não deve trazer grandes problemas ao governo interino. 

 

Na Austrália, os dados de emprego de junho apresentaram números mistos, com uma forte criação de vagas de trabalho no mês, mas com um qualitativo um pouco menos positivo do que o headline sugere. 

 

Na Coreia do Sul, o BoK manteve os juros estáveis, mas revisou para baixa sua perspectiva de crescimento. 

 

Na Inglaterra, está em andamento o processo de formação de um novo governo, o que ajudou a retirar alguma incerteza do cenário. O processo de saída do país da União Europeia ainda não teve inicio, e uma série de questões ainda são incertezas.

 

Na Itália, parece que negociações de bastidores caminham na direção de solucionar a questão dos bancos locais. Por hora, contudo, nenhuma medida concreta foi adotada. 

 

Enquanto permanecer um cenário de crescimento global baixo, porém sem riscos aparentes de recessão, sem pressões inflacionárias e com os riscos no cenário apresentando-se pontuais e localizados, os mercados seguirão a tendência de busca por ativos de risco, em especial ativos de carry/yield. Este panorama só será testado caso alguns dos riscos de mostre mais agressivo do que o imaginado anteriormente ou a saúde da economia mundial não seja tão estável como vem se mostrando. A posição técnica do mercado, por hora, não parece ser um empecilho para este cenário de recuperação dos ativos de risco. Contudo, a continuidade dos atuais movimentos vai tornando os valuations menos atrativos e a posição técnica menos trivial. 




Data: 13/07/2016

China: Sinais ainda preocupam

 

Os ativos de risco estão dando sinais incipientes de fadiga esta manhã. Destaque para um leve movimento de fortalecimento do dólar e para a queda no preço do petróleo. No final da tarde de ontem, um número de estoques do API apresentou um inesperado aumento na estocagem da commoditiy, trazendo pressão sobre os preços.

 

Dois eventos merecem destaque:

 

No Japão, um importante membro do governo negou que Bernanke tenha direcionado sua conversa com o Primeiro Ministro japonês para a adoção do que ficou conhecido como “Helicopter Money”. Segundo o Morgan Stanley: According to Chief Cabinet Secretary Yoshihide Suga, Bernanke told Abe at the July 12 meeting that Japan should continue with monetary easing coordinated with fiscal policy measures to raise nominal GDP and that the Bank of Japan still had the instruments to further ease monetary policy. Suga also said, however, that he was unaware of any specific mentions of helicopter money being made at the meeting. 

 

Na China, os dados de balança comercial mostraram um cenário ainda extremamente desafiador para o crescimento do país. As importações de junho caíram de -0,4% YoY para -8,4% YoY, abaixo das expectativas de -6,2% YoY. As exportações passaram de -4,1% YoY para -4,8% YoY, praticamente dentro das expectativas. Os números mostram uma economia fragilizada, sem nenhum sinal de estabilização. Para piorar a situação, vale lembrar que o país adotou uma série de medidas de estímulo econômico nos últimos meses, primeiro focado no mercado de crédito e, agora, promovendo uma gradual depreciação de sua moeda, mas mesmo assim o crescimento não dá sinais de recuperação.  O crescimento do país continua a ser um dos principais riscos para a economia global no curto-prazo. 

 

Além desses eventos pontuais, mas não menos importantes, o mercado ainda precisa digerir a ausência de uma solução para os bancos na Itália, os efeitos primários (menor crescimento) e secundários (CRE Market, Fundos Imobiliários e etc ) do Brexit e um processo de depreciação da moeda da China. 

 

No Brasil, os ativos locais estão basicamente seguindo o humor global a risco nos últimos dias. As vendas no varejo de maio, divulgadas ontem, ficaram muito abaixo das expectativas, mostrando um quadro de crescimento ainda cambaleante. Segundo nosso time de economistas: A PMC veio abaixo do esperado (varejo restrito: -1,0%m/m dessaz vs. BBG:+0,4%m/m dessaz e varejo ampliado: -0,4%m/m dessaz vs. BBG: +1,3%m/m dessaz)  e confirmou o risco baixista que estávamos vislumbrando; As médias móveis trimestrais continuam rodando em patamar negativo. As vendas no varejo devem continuar refletindo a fraqueza no mercado de trabalho e as condições apertadas no mercado de crédito; Ao longo dos próximos meses, devemos ver a indústria obtendo desempenho mais favorável que varejo; A nossa proxy mensal de consumo apresentou queda de -5,4%a/a; Por enquanto, mantemos a nossa projeção de queda de -4%a/a no PIB do segundo trimestre de 2016. Para o ano, estamos projetando queda de -3,6%. 

 

No meu cenário base para o país, o Governo Temer terá que “andar em corda bamba”, em termos políticos, até que o impeachment seja aprovado. Após uma definição sobre este tema, será necessário adotar uma postura muito mais agressiva, dura e austera no tocante ao ajuste econômico. Ainda vejo disposição e capital político para que este cenário seja realizado. Acho natural, contudo, que hajam ruídos ao longo do processo. 

 

Nos atuais níveis de preço, vejo pouco ganho de capital no BRL, preferindo posições de opção que visem um mercado de “range”. Meu cenário central trabalha com o BCB iniciando um corte de juros apenas no final deste ano ou inicio de 2017, mas isso será totalmente condicionante ao cenário de inflação para os próximos meses. Com a curva de juros nominais embutindo quedas relevantes de taxa Selic no curto-prazo, estou favorecendo as partes mais longas da curva nominal e, principalmente, real de juros. As inflações implícitas cederam bastante e me parecem em patamar mais razoável neste momento. No mercado de renda variável, os fluxos de curto-prazo estão favorecendo empresas e setores mais alavancados financeiramente (e alavancados em uma recuperação do país). Acho que existe limite de valuation para estes movimentos que, ao longo do tempo, devem se tornar mais racionais.




Data: 13/07/2016

Posição Técnica & Juros Globais

 

A dinâmica dos mercados financeiros globais voltou a ser cruel para os investidores, mostrando mais movimentos extremamente técnicos ao longo dos últimos dias. 

 

Pelas evidencias concretas que temos, o mercado migrou para posições de carry/yield nas últimas semanas. Posições Short GBP, Long JPY e aplicados em juros ao redor do mundo. Os eventos no Japão alteraram, de certa forma, a dinâmica para os ativos de risco. Como comentei ontem: 

 

A alteração dos estímulos econômicos da política monetária, cada vez menos eficaz, para a política fiscal, a última esperança para um momento mais positivo de crescimento, deveria ser positiva para o USD no mundo, já que coloca o Fed de volta ao foco no cenário interno. A medida deveria ser negativa para os bonds dos países desenvolvidos, por teoricamente gerar mais crescimento sem a necessidade de mais QE ou juros negativos. Para os mercados emergentes e de equity, o ambiente fica menos óbvio. Por um lado, a melhora na perspectiva de crescimento retira um risco de cauda relevante para o cenário. Por outro lado, a menor intervenção dos BC´s nos mercados financeiros globais poderia gerar uma abertura de taxas de juros no mundo desenvolvido, em um ambiente de posição técnica ruim e taxas muito comprimidas. De maneira geral, no curto-prazo, a resultante deve ser lida como positiva. Todavia, precisamos ficar atentos para qualquer interpretação diferente desta nos próximos dias. 

 

Nas últimas horas, a trajetória de enfraquecimento do dólar continua, puxada por um movimento global de busca por ativos de risco. O bom desempenho das bolsas ainda é o destaque positivo deste movimento. Na minha visão, o primeiro movimento faz sentido apenas até o momento em que o Fed alterar sua sinalização em torno da política monetária. O afrouxamento das condições financeiras nos últimos dias, em um ambiente de crescimento estável, podem alterar a postura do Fed, em meio a um curva de juros nos EUA que precifica menos de 1 alta de juros até 2017. O segundo movimento, de alta das bolsas, acaba sendo de explicação mais fácil (pela redução dos riscos de cauda), mas menos trivial nos atuais níveis de preço e diante da possibilidade de uma alta nas taxas de juros. 

 

Contudo, os bonds dos países desenvolvidos apresentam forte abertura de taxas, acentuado após o leilão de papéis de 10 anos nos EUA, cujo o resultado apresentou baixa demanda. 

 

No Brasil, os ativos locais estão, basicamente, seguindo os movimentos globais. 

 

Minha maior preocupação, neste momento, fica por conta da posição técnica do mercado. Os Hedge Funds Macro Globais já não vinham apresentando um bom desempenho após o primeiro semestre do ano. Os movimentos recentes acentuam está tendência negativa de desempenho dos gestores. Este pano de fundo pode vir a acentuar os movimentos de curto-prazo, tornando o cenário um tanto quanto desafiador. 




Data: 11/07/2016

Japão: Expectativas em torno de um pacote fiscal 

 

O destaque do final de semana ficou por conta das eleições parlamentares no Japão. As eleições finalizaram com uma maioria no Parlamento para os partidos da base do atual Primeiro Ministro. Com este resultado, elevam as esperanças de que mais um pacote de estímulo econômico, especialmente fiscal, seja implementado no país. Neste ambiente, estamos observando mais uma manhã de “risk-on” nos mercados financeiros globais. A exceção fica por conta do dólar que, diante de uma forte depreciação do JPY, está operando em alta até o momento. 

 

Os demais eventos do final de semana são de pequena importância, e pouco alteraram o cenário de curto-prazo. Na China, as enchentes que assolaram o país podem causar alguma pressão baixista de crescimento e altista de inflação. Nos EUA, as manifestações (e ataques a policiais) parecem pontuais e localizados, mas devem ser acompanhadas de perto, já que existe um pequeno risco de tornarem-se mais espalhadas, podendo causar algum pequeno impacto no crescimento. 

 

Diante dos eventos recentes no Japão, é natural supor que o mercado volte a debater a capacidade da economia global em adotar uma postura mais agressiva do ponto de vista fiscal, o que seria a última saída para o cenário de baixo crescimento. Está postura já vinha sendo defendida por uma série de economistas renomados e parece ganhar força nos últimos dias. Contudo, ainda parece cedo para “cantar vitória” e acreditar que este cenário seja o mai provável no curto-prazo. De qualquer maneira,  é mais uma evolução positiva para a economia mundial.




Data: 11/07/2016

Análise de Cenário.

 

Me parece um momento oportuno para fazer uma breve revisão de cenário. O que aprendemos na última semana? 

 

Brasil – O ajuste fiscal será lento e gradual, mas existe o desejo e a disposição de torna-lo realidade. A inflação continua desconfortavelmente elevada, mas sua trajetória de queda se mostra cada vez mais consolidada. Os indicadores de crescimento estão dando sinais incipientes de estabilização, com os indicadores de confiança apresentando recuperações rápidas e acentuadas, o que eleva as perspectiva de uma melhora na economia no futuro não muito distante. Conclusão: A despeito de ruídos pontuais no campo político e nas contas públicas, o governo interno continua no caminho correto de ajuste. 

 

EUA – A economia do país estava em velocidade de cruzeiro antes do Brexit, com um crescimento flutuando em torno de 1,5%-2,0%. Os dados de emprego de maio se mostraram uma aberração, com dados de junho que confirmam uma média saudável de criação de vagas de trabalho ao longo dos últimos meses. Não há pressões inflacionárias na economia, pelo menos por hora. Após o Brexit, vimos um dólar relativamente estável, um forte fechamento de taxas de juros e novos recordes nos mercados de ações. É natural supor que as condições financeiras tenham apresentando um afrouxamento adicional. Conclusão: A próxima narrativa do mercado será a postura do Fed em meio a este ambiente. Será que darão mais atenção as condições internar ou ao cenário externo? Por hora, não vejo motivos para que o processo de alta de juros seja retomado no curto-prazo. Contudo, com o mercado precificando juros muito baixos por muito tempo, qualquer movimento nesta direção pode vir a causar volatilidade nos ativos de risco. 

 

Europa – A região mostrava um crescimento relativamente estável, porém baixo, antes do Brexit. A Alemanha, em especial, já dava sinais de desaceleração. O problema nos bancos da Itália, que começa a reverberar para outros mercados na região, é um choque adicional à economia, já que provavelmente levará um menor crescimento do crédito na Europa, o principal canal multiplicador de crescimento, talvez mais importante do que o canal do mercado de ações e do mercado de bonds, como no caso dos EUA. A Inglaterra vive este mesmo problema, porém em escala muito maior. Conclusão: Existe disposição política e instrumentos para lidar com o problema dos bancos na Itália, mas os efeitos secundários na economia, de menor crescimento, me parecem inevitáveis. 

 

China – O país vem mantendo uma tendência gradual, mas contínua de depreciação do câmbio. Por hora, o mercado se mostra confortável com este movimento. Os indicadores de crescimento se mostram mistos. Conclusão: Os próximos dias serão importantes para medirmos a real situação da economia, já que importantes números de crescimento serão divulgados. Até o momento, as visões mais alarmantes em relação ao país têm sido dissipadas pelos fatos. 

 

Mercados – O cenário base continua a ser de baixo crescimento, com flutuações em torno da tendência. Os choques de curto-prazo (Brexit, Bancos na Inglaterra, Depreciação Cambial na China, e etc) estão se provando pontuais e localizados.

 

Enquanto este cenário for verdade, o mercado ficará confortável na busca por carry e por yields. Não me parece um cenário favorável para ativos de growth e value. Contudo, continuo um tanto quando receoso com a maneira que os investidores estão praticamente ignorando os riscos que surgem no cenário. Esta postura pode prevalecer por algum tempo, mas a cada dia que passa, cresce a assimetria de algumas classes de ativos, por questões de posição técnica e preço. Reforço que o cenário base deverá contiOKnuar até que (e se) um dos choques se mostrar mais contagioso, menos localizado e mais acentuado do que o imaginado. 

 

Eu realmente tenho um viés menos confortável com cenário para carry/yield em um ambiente de baixo crescimento, sem o suporte que a China deu no passado, onde qualquer choque pode levar a economia mundial a um problema maior de crescimento ou de crise financeira. Contudo, tenho que ser honesto  que enquanto isso não se provar verdade, a busca por yields, em um mundo de juros zeros e negativos, irá continuar. Quando a próxima crise chegar, as consequências serão muito maiores. Até lá, “enjoy your yield!”. 




Data: 08/07/2016

Emprego nos EUA e Inflação no Brasil.

 

A manhã está sendo agitada mas algumas conclusões já podem ser definidas. 

 

Nos EUA, a combinação de dados de emprego de junho divulgado há pouco ficaram dentro do que eu classifiquei mais cedo como positivo para os ativos de risco, em especial ativo de “carry”/”yield”. Criação de 287 mil postos de trabalho no mês, mantendo a média móvel de 3 meses em torno de 150 mil vagas. Nível saudável. Não há, por hora, nenhum sinal de pressões salariais mais preocupantes. 

 

Uma boa combinação para os ativos de risco seria uma criação de postos de trabalho saudável, em torno de 150 mil e 200 mil vagas, sem pressões de salários aparentes. Neste caso, os ativos de risco poderiam ter um alívio de curto-prazo, já que mostra uma economia americana robusta, as vésperas do Brexit, sem a necessidade de o Fed mudar sua postura. 

 

O mercado deverá ler este quadro como positivo para ativos que oferecem yield. Existe o risco do Fed voltar a falar em alta de juros, mas acho que a probabilidade de uma alta de juros no curto-prazo é baixa. Assim, sem sinais aparentes de recessão, o mercado deverá continuar acessando os números de crescimento pós Brexit. Enquanto isso, “enjoy your carry!”. Ainda vejo uma série de riscos no cenário externo, o que inviabiliza uma alocação mais agressiva em ativos de risco em geral. Uma outra forma de olhar o portfólio, é buscar hedges assimétricos para algumas posições de carry/yield. Brasil continua a ser uma aposta que me agrada bastante no lado positivo. 

 

No Brasil, tivemos alguns desenvolvimentos positivos nas últimas 24 horas. A meta fiscal para 2017 acabou sendo “menos pior” do que o ventilado anteriormente. O BCB não anunciou leilão de swap reverso para hoje. O congresso deu andamento na mudança da lei do Pre Sal. O IPCA de junho divulgado essa manhã mostrou um número em linha com as expectativas, mas com um qualitativo positivo. Os núcleos recuaram e a difusão ficou bastante baixa. As coletas de inflação também começam a mostra uma trajetória mais positiva na margem.

 

Assim, o Brasil deve ser visto com uma grande oportunidade de investimento neste contexto global descrito acima, pelo menos no curto-prazo. 




Data: 08/07/2016

Dados de emprego nos EUA e contas públicas no Brasil.

 

Os ativos de risco estão operando próximos a estabilidade, a espera dos dados oficiais de emprego nos EUA, agendados para hoje pela manhã. Na minha visão, os investidores estão em uma agenda que transpõe os dados de crescimento de curto-prazo, muitos deles anteriores ao Brexit, e com pouco poder preditivo em relação a real situação da economia mundial atual. 

 

Assim, vejo uma assimetria nos dados que serão divulgados em breve. Números muito fortes podem ser descontados como “pre Brexit”, e de pouco valor para o cenário atual. Números muito fracos reforçarão a tese de uma economia que já dava sinais de arrefecimento antes do Brexit, um cenário que poderá ser lido de forma muito negativa pelos investidores. 

 

Uma boa combinação para os ativos de risco seria uma criação de postos de trabalho saudável, em torno de 150 mil e 200 mil vagas, sem pressões de salários aparentes. Neste caso, os ativos de risco poderiam ter um alívio de curto-prazo, já que mostra uma economia americana robusta, as vésperas do Brexit, sem a necessidade de o Fed mudar sua postura. A combinação de uma criação modesta de vagas de trabalho, algo abaixo de 100 mil vagas, com sinais mais claros de pressões inflacionárias de salários, seria a pior combinação possível para os ativos de risco, já que mostraria uma economia próxima ao pleno emprego, com produtividade baixa, pouco crescimento e inflação latente. Este ambiente poderia levar a necessidade do Fed mudar sua postura (ou levar o mercado a acreditar que o Fed poderia ser mais hawkish) mesmo em um ambiente de crescimento baixo. Seria uma combinação terrível para os ativos de risco. 

 

Os demais riscos externos que temos alertado neste fórum continuam rondando o mercado, sem uma solução concreta. Os bancos na Itália estão no limpo, em busca de uma solução de longo-prazo. O problema de capitalização bancária, agora, começa a atingir bancos de menor porto em outros países de Europa, como na Alemanha, como alertei em alguns comentários ao longo do dia de ontem. O Brexit ainda apresenta efeitos colaterais, com o problema de liquidez dos fundos imobiliários na Inglaterra no radar do mercado. Finalmente, a moeda da China está mantendo sua tendência de depreciação, mesmo após um mês de aumento das reservas internacionais do país. 

 

No Brasil, o governo anunciou uma meta de déficit fiscal primário de R$140b para 2017. O número é grande, mas inferior aos R$150-170b que chegou a se ventilar na mídia ao longo da semana. O numero não conta com aumento de impostos e nem o fim das desonerações, o que pode ser visto como positivo. Por outro lado, a estimativa de mais de R$50b de receitas com vendas de ativos pode ser vista como “esticada”. De maneira geral, vejo o número como “atingível” e realista. Na minha visão,  após a aprovação definitiva do Impeachment, Temer poderá dar inicio a um “novo governo”, adotando uma postura ainda mais austera e, talvez, mais impopular, com a proposta de medidas um pouco mais duras. 

 

Ontem, no meio da tarde, a comissão aprovou as mudanças na Lei do Pre Sal, em mais um importante passo micro econômico da agenda do governo. A medida é positiva para a Petrobras, para os investimentos no país, para o crescimento e mostra que, a despeito de ruídos pontuais, a agenda econômica continua em andamento no país, algo que não ocorria no governo anterior.




Data: 08/07/2016

Ativos de risco se recuperam, mas riscos ainda existem.

 

Os ativos de risco apresentaram rápida e acentuada recuperação na tarde de ontem e estão mantendo um viés positivo essa manhã. O dia terá como destaque o ADP Employment e o Jobless Claims na agenda dos EUA, os últimos e talvez os mais importantes indicadores antecedentes para os dados oficiais de emprego a serem divulgados nesta sexta-feira nos EUA. Números fracos poderão ser lidos como um sinal de aumento da probabilidade de uma desaceleração mais forte da economia. Números muito forte poderão trazer a tona o debate em torno da política monetária americana. Assim, parra um desempenho positivo dos mercados financeiros globais, o ideal são números em torno das expectativas, ou seja, um ADP entre 125 mil e 200mil postos de trabalho criados no mês. 

 

No Brasil, o governo interino sofreu ontem sua primeira derrota na Câmara. Em uma votação apertada, por apenas 4 votos, o governo não conseguiu aprovar o caráter de urgência para a negociação da dívida dos estados. Vitórias e derrotas fazem parte do jogo político, mas a “lua de mel” do governo parece ter acabado muito rápido. Nas últimas semanas, já havíamos mencionado a perda de momento na aprovação e apresentação de propostas de reformas econômicas. A divulgação do déficit fiscal primário em torno de R$150b para 2017, o provável anuncio de aumento de impostos e, agora, essa derrota, devem manter os ativos locais na defensiva no curto-prazo. Eu não alterei minha visão construtiva em torno das reformas econômicas para o país no médio e longo-prazo, mas vejo a ausência de momento no curto-prazo para o bom desempenho dos ativos locais. 

 

Nos EUA, ISM Non-Manufacturing divulgado ontem ficou acima das expectativas do mercado e as Minutas do FOMC mostraram um Comitê bastante cauteloso . Acho bastante difícil que o Fed tenha uma nova janela para voltar a subir os juros no curto-prazo. Apenas uma mudança radical do cenário de inflação me parece capaz de alterar um cenário em que a taxa de juros se mantenha baixa por um período prolongado de tempo. O ISM Non-Manufacturing mostrou uma economia saudável as vésperas do Brexit. Agora, o número ficou de certa forma “dated” e o cenário precisará ser reavaliado nas próximas semanas. 

 

Na Austrália, a agência de rating S&P rebaixou o outlook da nota de crédito do país de neutra par negativa, mas manteve a classificação de “AAA”. A medida era de certa forma esperada.

 

Na Alemanha, produção industrial de maio caiu 1,3% MoM, muito abaixo das expectativas de alta de 0,1% MoM. O número mostra uma economia que perdia momento mesmo antes do Brexit. O cenário para o país era de crescimento baixo (em torno de 2%), mas sem risco elevado de recessão, com flutuações em torno da tendência. O Brexit elevou as chances de um cenário mais adverso.

 

Na China, as reservas internacionais ficaram acima das expectativas, mostrando um alívio nos “outflows” do país, o que afasta, no curto-prazo, o risco de uma depreciação mais acentuada da moeda. O cenário é fluido mas ainda merece atenção. 

 

A despeito do bom desempenho dos ativos de risco nas últimas horas, não vejo nenhuma evolução nos temas que tem sido levantados neste fórum. 

 

Na Itália, o país ainda negocia um acordo junto a União Europeia para recapitaliza os seus bancos. As negociações parecem emperradas. Segundo a Bloomberg: Talks between Italy and the European Commission to recapitalize Banca Monte dei Paschi di Siena SpA and other banks are stuck on whether creditors should face losses if taxpayer funds are used, according to people familiar with the discussions. Italy favors a precautionary recapitalization under the European Union’s bank-resolution rules, which allow governments to bolster lenders when capital gaps emerge in stress tests, said the people, who asked not be identified because the talks are private. 

 

Após um estudo um pouco mais profundo sobre o problema nos bancos da Itália, eu cheguei a seguinte conclusão. O mercado e os governantes conhecem o problema e o seu tamanho. Existe uma compreensão sóbria em torno da solução que precisa ser implementada. Também existe uma disposição política, por parte dos governantes italianos, em resolver definitivamente o problema. Contudo, existe um problema legal, e uma barreira política, dentro da União Europeia, para que uma solução definitiva seja colocada em prática. 

 

Na Inglaterra, novos fundo imobiliários (UK Property Funds e o CRE Market) anunciaram fechamento temporário para resgates. Em uma medida nova, um fundo da gigante Aberdeen anunciou que irá remarcar seu fundo imobiliário a preços 17% inferiores ao anteriormente imaginado. 

 

Os fundos em questão são detentores de propriedades comerciais, em sua maioria. O resgate acelerado de cotas desses fundos tende a gerar a necessidade de venda de parte desses imóveis, criando um “mismatch” de curto-prazo. As vendas deveriam pressionar os preços dos imóveis, especialmente em áreas onde já existiam sinais de “bolha”, como Londres. É natural supor que o Brexit gere um menor crescimento do país, pressionando também os preços dos imóveis residenciais. Este cenário poderia acarretar em aumento da inadimplência em dívidas imobiliárias, afetando a rentabilidade de um setor bancário que já apresenta enormes desafios. 

 

Repito, por hora, essa dinâmica é uma dinâmica normal em um processo de menor crescimento e de crise econômica. A crise econômica se tornaria uma crise financeira caso a situação dos bancos se mostre menos saudável do que o imaginado anteriormente. Não há sinais de que existe hoje, na Inglaterra, a mesma alavancagem, e os mesmos derivativos, que existiam nos EUA em 2008. A situação é fluida, mas merece atenção. Abaixo, algumas estimativas da exposição dos bancos europeus ao mercado de CRE na Inglaterra: 

 

Here is the verdict, first from SocGen: 

RBS exposure to CRE is GBP26b, most of U.K.’s major banks, and equivalent to 63% of tangible equity 

Lloyds 2nd most exposed at 46% of tangible equity, Santander 3rd at 24%, Barclays 4th at 23% and HSBC 5th at 17% 

U.K. banks debt financing of CRE is down 34% since 2008 to GBP168b, according to De Montfort University 

Says watch out for other banks, challenger banks have relatively high proportion of more highly leveraged CREs on books 

Lloyds is most preferred, will be able to absorb Brexit bumps; RBS is least preferred




Data: 06/07/2016

Brexit, Bancos na Itália e Ajuste Econômico no Brasil.

 

Os ativos de risco estão mantendo o tom negativo verificado ao longo da quarta-feira. Não há esta manhã, nenhum desenvolvimento diferente nas frentes que tem impactado negativamente os mercados financeiros globais. O problema no sistema bancário da Itália segue sem uma solução definitiva, a moeda da China continua em uma clara tendência de depreciação, e os fundos imobiliários na Inglaterra estão sobre pressão. Não podemos descartar o surgimento de efeitos colaterais adicionais do Brexit nos mercados financeiros globais no curto-prazo. 

 

A situação é delicada, porém fluída. A aparente ausência de um pânico mais generalizado nos mercados financeiros globais pode acabar dando uma falsa impressão de estabilidade aos policy makers, evitando que medidas mais duras e concretas sejam tomadas no curto-prazo. Reforço minha visão de que existem instrumentos e disposição política para que todo o esforço seja utilizado a fim de evitar uma crise econômica global mais aguda. Contudo, tenho a preocupação de que as medidas corretas só tendem a ser utilizadas quando todas as outras são testadas anteriormente. Assim, não podemos descartar novas rodadas de pressão nos ativos de risco. A história recente mostra que os policy makers tendem a ser reativos, e não proativos, nestes períodos mais turbulentos.

 

Não podemos esquecer, ainda, o contexto em que entramos nesta “crise”. A economia global mostra um crescimento positivo, porém baixo. As taxas de juros no mundo desenvolvido encontram-se baixas. Em alguns casos as taxas já são negativas, e em outros casos, já estão em seu limite inferior. Novas rodadas de QE são possíveis, mas o efeito positivo me parece cada vez menor, com custos cada vez maiores. Enfim, o cenário ainda é de baixo crescimento global, com flutuações em torno desta tendência. Os investidores estavam dispostos a adicionar risco em suas carteiras, em busca de yield, enquanto este cenário fosse verdade. O aumento da probabilidade de que algum choque inesperado venha a levar a economia global a uma trajetória mais negativa (Brexit?, Bancos na Itália? Crise na China? E etc) faz com que os investidores reavaliem seus portfólios. 

 

No Brasil, o mercado está as voltas com o que será anunciado de déficit fiscal primário para 2017. As primeiras indicações não são animadores. A mídia está ventilando que o déficit poderá ficar muito próximo dos R$170bi anunciados para este ano. O aumento de tributos poderá ser necessário e já se fala na inclusão da CIDE. 

 

A verdade é que, nas ultimas 2 semanas, o governo Temer perdeu um pouco de momento no tocante ao ajuste econômico. Eu não alterei meu viés positivo em relação a melhora estrutural do país, mas estamos passando por uma fese cíclica, de curtíssimo-prazo, em que o news flow parece ter se tornado um pouco mais negativo. Talvez seja necessário que o impeachment seja definitivamente aprovado para que Temer possa adotar uma postura mais dura e austera, menos preocupado com as manobras políticas, e com a sua popularidade, e mais voltado a um ajuste econômico agudo. Eu ainda acredito neste cenário estrutural positivo de longo-prazo, mas confesso que tenho receio do cenário de curto-prazo, especialmente com a posição técnica dos mercados locais menos construtiva e um cenário externo mais incerto.




Data: 05/07/2016

Cenário de curto-prazo.

 

Iniciamos a terça-feira com a seguinte narrativa: 

 

Os ativos de risco estão operando com viés negativo essa manhã. A despeito da recuperação dos ativos de risco após o Brexit, na percepção de que os Bancos Centrais ao redor do mundo darão suporte aos mercados, e os impactos do evento ficarão limitados, começa a surgir efeitos colaterais que testam essa tese mais construtiva. Primeiro, os bancos na Itália estão passando por um momento delicado, com a urgente necessidade de capitalização e/ou uma solução concreta para seus NPLs. Segundo, surgem notícias que alguns fundos imobiliários na Inglaterra tiveram que “fechar” para resgates, já que as saídas de recursos estavam em montante que poderiam afetar a liquidez e o preço dos ativos. O evento já está sendo comparado aos dois fundos da Bear Sterns nos EUA que, no início da crise de 2008, foram os primeiros instrumentos a apresentar problemas de liquidez com o mercado de crédito. 

 

O dia se encaminhou com notícias adicionais de fechamento de fundos imobiliários na Inglaterra para resgate, e nova pressão no preço das ações dos bancos na Itália. A depreciação da moeda da China também é um tema que merece atenção. 

 

Por hora, vejo um claro cenário de contágio econômico da crise da Inglaterra sobre o resto do mundo. Ainda não me parece claro que existam componentes que levem o contágio econômico a um contágio financeiro e sistêmico. No tocante aos fundos imobiliários da Inglaterra, o problema, até o momento, se mostra mais em uma questão de liquidez do que de solvência. Não parece haver alavancagem nestes produtos. Todavia, existe um canal de contágio econômico, via preços mais brandos de imóveis, e menor atividade no setor, que pode vir a tornar o cenário de crescimento para o país ainda mais desafiador. 

 

Os fundos em questão são detentores de propriedades comerciais, em sua maioria. O resgate acelerado de cotas desses fundos tende a gerar a necessidade de venda de parte desses imóveis, criando um “mismatch” de curto-prazo. As vendas deveriam pressionar os preços dos imóveis, especialmente em áreas onde já existiam sinais de “bolha”, como Londres. É natural supor que o Brexit gere um menor crescimento do país, pressionando também os preços dos imóveis residenciais. Este cenário poderia acarretar em aumento da inadimplência em dívidas imobiliárias, afetando a rentabilidade de um setor bancário que já apresenta enormes desafios.

 

Repito, por hora, essa dinâmica é uma dinâmica normal em um processo de menor crescimento. De crise econômica. A crise econômica se tornaria uma crise financeira caso a situação dos bancos se mostre menos saudável do que o imaginado anteriormente. Não há sinais de que existe hoje, na Inglaterra, a mesma alavancagem, e os mesmos derivativos, que existiam nos EUA em 2008. A situação é fluida, mas merece atenção. 

 

A crise bancária na Itália, contudo, merece atenção maior, já que o risco de “corrida bancária” e/ou contágio para bancos de outros países da Europa não pode ser desprezado. 

 

Minha visão tem sido bastante clara. Eu vejo a atuação dos BCs como positiva, mas insuficiente para resolver os problemas estruturais da economia global. Eles serão capazes de dar suporte ao mercado no curto-prazo, mas os efeitos de suas medidas são cada vez mais limitados e custosos. Em relação ao Brexit, acho muito cedo para os investidores terem a certeza de que seus efeitos serão baixos, localizados e limitados. A volatilidade recente me parece natural em um cenário de incerteza. 

 

O preço dos bonds dos países desenvolvidos, assim como o preço das ações dos bancos na Europa e da GBP estavam, até hoje, emitindo sinal distinto do que o preço dos ativos emergentes, das commodities e de algumas bolsas ao redor do mundo. Por um lado, eu entendo que haja espaço para diferenciação entre classes de ativos e região. Por outro lado, vejo um case claro de menor crescimento global, com riscos efetivos a estabilidade financeira, que não vinham sendo efetivamente descontados pelo mercado. Não pretendo apregoar um cenário de crise. Minha visão é aberta e flexível. 

 

Como tenho comentado nos últimos posts: O cenário de curto-prazo continua a ser de crescimento baixo, mas sem um risco evidente de recessão. O choque do Brexit, até o momento, se mostrou pequeno e de baixo impacto, o que trouxe conforto aos investidores para manter uma postura de busca por yields. O curto-prazo deve manter estas tendências, até que este cenário seja testado por algum choque adicional (Brexit? Bancos na Itália? China?). Os preços dos ativos de risco começam a mostrar valuations menos atrativos e a posição técnica vem se tornando menos positiva a medida que o tempo passa. 

 

No curto-prazo, o mercado precisará reavaliar o real impacto do Brexit sobre o crescimento global, assim como os efeitos financeiros sobre o setor bancário na Europa. A clara tendência de depreciação da moeda da China também começa a preocupar, pois indica um cenário ainda desafiador para o crescimento do país. 

 

O momento é de se manter líquido e flexível, aberto para cenários mais construtivos, ou mais desafiadores.




Data: 05/07/2016

Risk-Off, Itália, Brexit e Austrália.

 

Os ativos de risco estão operando com viés negativo essa manhã. A despeito da recuperação dos ativos de risco após o Brexit, na percepção de que os Bancos Centrais ao redor do mundo darão suporte aos mercados, e os impactos do evento ficarão limitados, começa a surgir efeitos colaterais que testam essa tese mais construtiva. 

 

Primeiro, os bancos na Itália estão passando por um momento delicado, com a urgente necessidade de capitalização e/ou uma solução concreta para seus NPLs. Segundo, surgem notícias que alguns fundos imobiliários na Inglaterra tiveram que “fechar” para resgates, já que as saídas de recursos estavam em montante que poderiam afetar a liquidez e o preço dos ativos. O evento já está sendo comparado aos dois fundos da Bear Sterns nos EUA que, no início da crise de 2008 foram os primeiros instrumentos a apresentar problemas de liquidez com o mercado de crédito (http://www.zerohedge.com/news/2016-07-04/bear-stearns-20-uks-largest-property-fund-halts-redemptions-fears-vicious-circle). 

 

Minha visão tem sido bastante clara. Eu vejo a atuação dos BCs como positiva, mas insuficiente para resolver os problemas estruturais da economia global. Eles serão capazes de dar suporte ao mercado no curto-prazo, mas os efeitos de suas medidas são cada vez mais limitados e custosos. Em relação ao Brexit, acho muito cedo para os investidores terem a certeza de que seus efeitos serão baixos, localizados e limitados. 

 

Na Itália, a Bloomberg está afirmando que o governo estuda maneiras de injetar dinheiro em seus bancos sem passar por cima das leis europeias: Italy would seek to use Article 32 of the European Union’s bank failure rules that allows temporary state aid if regulatory stress tests reveal a shortfall, said the person asking to not be identified because the plan is not public. Italy is in talks with European regulators to get approval, the person said. The plan under review by authorities includes selling new convertible bonds to the government and injecting at least 3 billion euros ($3.3 billion), through Italy’s state-orchestrated bank-rescue fund Atlante, according to the newspaper La Stampa, which earlier reported the capital plan. 

 

Na Austrália, o RBA manteve os juros estáveis, mas adicionou mais um viés de baixa em seu comunicado: “Over the period ahead, further information should allow the Board to refine its assessment of the outlook for growth and inflation and to make any adjustment to the stance of policy that may be appropriate.” Os dados de vendas no varejo e de balança commercial, ambos divulgados essa noite, surpreenderam o mercado negativamente, apontando para um crescimento mais baixo do que o esperado e para uma eventual necessidade de corte de juros em um futuro não muito distante.




Data: 04/07/2016

Humor Favorável.

 

The better risk outlook: The news flow has remained risk-friendly, seeing EM markets trading higher for the fifth post-Brexit day. Commodities have continued to move higher, with silver gaining more than 16% over the course of the past week. Silver combines precious metal and industrial aspects. It does best when investors expect inflation to move higher due to increasing economic activity. In this sense rising silver prices stand into contrast with the US 5Y/5Y inflation swap, which has fallen back over the past couple of days, now trading at 1.86%, only marginally higher than the 1.79% February low. The simultaneous rally of bonds, equities and other risky assets suggests that this advance is entirely driven by liquidity, suggesting markets will remain supported as long as central banks leave the impression that there will be more liquidity adds coming. The SPX offers strong resistance near 2125. Should its current bullish momentum break this level, then the equity market could rally by another 8-10%, signalling further EM and commodity FX strength. 

 

Com o feriado nos EUA, agenda será esvaziada. No Brasil, a Folha de hoje afirma que o governo busca arrecadar cerca de R$30bi com  privatizações, e irá mirar um déficit fiscal primário em 2017 inferior ao déficit de 2016. Na tarde de sexta-feira, o governo anunciou mais um leilão de swap cambial reverso para hoje, no valor de U$500mm. A postura não deve alterar a tendência da moeda. O BCB está sendo apenas oportunista na condução da zeragem dos swaps e não me parece tentar mirar um piso para o câmbio neste momento.




Data: 04/07/2016

Eleições na Austrália & Bancos Centrais

 

Devido ao ferido de 4 de Julho nos EUA, o fluxo de notícias do final de semana acabou sendo reduzido. O destaque ficou por conta das eleições parlamentares na Austrália. O resultado das eleições acabou sendo inconclusivo. A contagem de votos ainda demandará algum tempo, mas o resultado preliminar, ao contrário do que as pesquisas apontavam, indica um parlamento mais fragmentado do que o anterior (e do que o previsto). As eleições devem trazer um período de relativa incerteza política ao país, com alguns impactos sobre o crescimento. Segundo a Goldman Sachs: 

 

So far, the major implication from the election relates to how a period of political uncertainty/instability may undermine confidence, growth, efforts at budget repair, Australia’s credit rating and interest rates. While the final outcome of the weekend’s election is still uncertain, it has reinforced our expectation that Australia’s sovereign AAA credit rating (stable) will be placed on a “negative watch” over the coming months. Earlier analysis by Standard & Poor's identified “continued parliamentary gridlock on the Budget” as a catalyst for a ratings downgrade – and given developments over the past year culminating on Saturday, this condition is satisfied in our view (for further details, see here and here). There appears insufficient appetite in the electorate for budget repair, relatively little consensus on the path forward, and fiscal slippage is ongoing. A ratings warning might also be expected to place additional pressure on Australia’s banks – and particularly given the now increased risk of a Royal Commission and restrictions to the favorable taxation of Australian housing. 

 

No Brasil, os jornais também trouxeram poucas novidades. Existem rumores de novas delações premiadas. A Operação Lava-Jato está focada, neste momento, no “núcleo do PMDB”, e desmembramentos da Operação começam a surgir em outras frentes, fora do Petrolão. Alguns colunistas políticos falam em uma possível delação envolvendo membros do judiciário, em especial ministros do STJ e STF. Por hora, não vejo estes eventos como limitantes ao ajuste econômico em curso, mas sem duvida a Operação Lava-Jato, e seus desdobramentos, continuam a ser o grande risco para o atual governo (ainda interino). 

 

A semana será importante pelas reuniões de importantes bancos centrais em países desenvolvidos. Após o Brexit, existem sinais de que os principais BCs ao redor do mundo estão não apenas preparados, mas dispostos a adotar medidas adicionais de estímulo econômico. O objetivo seria de evitar flutuações maiores no crescimento e no preço dos ativos de risco (já que estes implicariam em um indesejado aperto das condições financeiras). 

 

Como tenho afirmado neste fórum, eu sou cético que essas medidas, na atual conjuntura, serão capazes de dar um suporte de longo-prazo ao crescimento e ao preço dos ativos de risco. Os efeitos positivos me parecem apresentar impacto muito curto e pouco acentuado, com custos crescentes. 

 

Por hora, os últimos indicadores de crescimento mostram um mundo com crescimento baixo porém estável, o que ajudou a dar suporte aos ativos de risco. Vale lembrar, contudo, que ainda não sabemos os reais efeitos do Brexit sobre o crescimento. Os sinais emitidos pelos PMIs da China, em especial, me preocupam. 

 

O cenário de curto-prazo continua a ser de crescimento baixo, mas sem um risco evidente de recessão. O choque do Brexit, até o momento, se mostrou pequeno e de baixo impacto, o que trouxe conforto aos investidores para manter uma postura de busca por yields. O curto-prazo deve manter estas tendências, até que este cenário seja testado por algum choque adicional. Os preços dos ativos de risco começam a mostrarem valuations menos atrativos e a posição técnica vem se tornando menos positiva a medida que o tempo passa. 

 

Não vejo nenhum motivo para pânico e o cenário base continua a ser pela busca por yields, mas precisamos manter uma atenção especial a choques adicionais, valuations e posição técnica.




Data: 01/07/2016

China voltando ao radar?

 

O destaque da noite ficou por conta da divulgação dos PMI´s na Europa e na China. Na Europa, o Manufacturing PMI ficou levemente acima de sua prévia, confirmando um crescimento baixo porém constante, saindo de 52,6 para 52,8 em sua divulgação final. 

 

Na China, o PMI Manuafcturing oficial recuou de 50,2 para 50 pontos, com o Caixin PMI – cuja pesquisa é mais voltada para o setor privado – caindo de 49,2 para 48,6 pontos. Por um lado, os números não mostram uma economia “em queda livre”. Contudo, por outro lado, reforçam o cenário de um crescimento estruturalmente mais baixo e cadente da economia. Não há nenhum sinal concreto de estabilização. A moeda chinesa (CNY) tem mantido uma clara tendência de depreciação, não apenas seguindo a tendência global recente de dólar forte, mas também com uma depreciação constante de sua cesta de moedas. O número de hoje deveria reascender o receio em torno da saúde econômica e financeira do país. Vale lembrar que, até o momento, nem mesmo os impactos do Brexit, por menores que sejam, ainda foram sentidos. 

 

No Brasil, o BCB anunciou na noite de ontem um leilão de swap cambial de US$500mm. Será o primeiro swap deste “novo BCB”. Não acredito que a postura deva alterar a tendência da moeda, mas poderá reduzir o ritmo de apreciação, que havia se descolado muito de seus pares nos últimos dias.

 

O fluxo semana para os mercado emergentes continuou robusto na última semana, em linha com o que observamos com a dinâmica dos ativos desta região. Segundo a Barclays: The Brexit implications on EM investor sentiment has been fairly benign thus far: unlike during some previous periods of heightened market volatility, EM equity funds recorded only limited outflows in the week to the 29 June, while EM bond funds - driven by local currency funds - recorded inflows. For EM assets, the sentiment appears almost back to “normal”: EM equity, FX and credit have recovered most or all the weakness recorded in the immediate aftermath of the UK vote. In the coming months, lower-for-longer global yields could benefit EM bond funds, especially hard currency ones , more than equity funds.

 




Data: 30/06/2016

Brexit? 

 

A quarta-feira manteve o roteiro que descrevi hoje pela manhã, apenas acentuando os movimentos de recuperação dos ativos de risco observados pela manhã. Eu acredito que possa haver uma questão técnica, de final de mês, trimestre e semestre, que possa ajudar a trazer fluxos positivos para os mercados no curtíssimo-prazo. Contudo, estou olhando para voltar a ter alguma posição na linha da busca por um portfólio que vise um menor crescimento global após o Brexit. Assim, nos atuais níveis, começo a ver espaço, novamente, para posições vendidas em bolsas dos países desenvolvidos, mesmo que taticamente. 

 

O cenário base é de um crescimento global baixo, com alguma flutuação em torno desta tendência, mas sem um risco agudo de recessão. Se (e enquanto) não houver uma desaceleração global mais acentuada, ou algum problema financeiro em algum lugar do mundo, os investidores buscarão ativos que ofereçam yields positivos, como os ativos emergentes. Este cenário deverá ser revisado caso algum problema global mais sério venha a ocorrer. 

 

No Brasil, enquanto a bolsa e o câmbio seguiram o roteiro externo, o mercado de juros ainda parece estar digerindo a mensagem do BCB após o RI. A curva ainda trabalha com “prêmios” de queda de juros, o que é totalmente compreensível dado o cenário esperado para o hiato do produto e para as perspectivas de inflação. Contudo, a postura mais ortodoxa deste novo BCB poderá implicar em um processo mais lento de queda de juros, o que pode vir a manter o mercado sem momento, ou trigger de curto-prazo, para o retorno de uma tendência de fechamento de taxa de juros. Reforço que ainda vejo espaço para juros mais baixos no país no longo-prazo, mas a política monetária de curto-prazo precisará ser reavaliada. Neste contexto, as inflações implícitas continuam em processo de queda acentuada.

 

No tocante ao cenário econômico, os dados de atividade nos EUA divulgados hoje basicamente reforçaram o cenário descrito acima, ou seja, de crescimento baixo, porém de certa forma constante. Após um primeiro trimestre de crescimento de 1% a economia dos EUA deverá crescer entre 2,5% e 3% no segundo trimestre do ano. Por hora, o Brexit não parece ter afetado as condições financeiras de maneira que venha a alterar o cenário de crescimento para o país. 

 

No Brasil, segundo nossa área econômica, a taxa de desemprego da PNAD contínua subiu de 10,6% para 10,8%, após ajuste sazonal; Um parte da elevação é devido ao ligeiro aumento da taxa de participação, mas a população ocupada como % da PIA continua caindo; O rendimento nominal subiu na margem na leitura ano/ano (6,4%). Após ajuste sazonal, o rendimento nominal apresentou forte recuperação e na média móvel trimestral anualizada está rodando em 7,9%; O rendimento nominal tem correlação com a inflação de serviços (longe de ser estreita) e sugere que a inflação de serviços possa não desacelerar de maneira mais visível no curto prazo; Tendo em vista que a população ocupada está encolhendo menos no ano/ano e o rendimento real também contrai menos, a massa salarial real apresenta menos declínio interanual; Entretanto, a contração da massa salarial real ainda sugere forte contração de consumo. 

 

>> O resultado primário veio pior do que o esperado (-R$18,1bi vs. BBG: -R$15,8bi), boa parte advinda da forte discrepância estatística (entre os resultados divulgados pela STN e o BCB) no mês (de R$2,8bi). Além disso, o resultado primário dos governos regionais ficou aquém do esperado (déficit de R$212milhões vs. expectativa de superávit de R$700milhões). Vale mencionar que a discrepância estatística acumulada entre fevereiro e junho tenderá a ser devolvida em julho (nova metodologia de apuração) – ou seja, essa maior discrepância no resultado de maio provavelmente jogará favoravelmente para o resultado de julho. O resultado acumulado no ano é deficitário em 0,5% do PIB, bastante fraco na comparação histórica (e vale lembrar que a sazonalidade fiscal é desfavorável até o final do ano), mas nada pior o do que já esperado para o ano; O resultado primário dos governos regionais continua piorando.

 



Data: 30/06/2016

Risk-On! Brasil, revisão da meta de inflação de 2018?

 

Os ativos de risco estão dando continuidade ao movimento de recuperação observado desde a manhã de ontem. A agenda econômica foi esvaziada durante a noite. Eu acredito que possa haver uma questão técnica, de final de mês, trimestre e semestre, que possa ajudar a trazer fluxos positivos para os mercados no curtíssimo-prazo. Contudo, estou olhando para voltar a ter alguma posição na linha da busca por um portfólio que vise um menor crescimento global após o Brexit. Assim, nos atuais níveis, começo a ver espaço, novamente, para posições vendidas em bolsas dos países desenvolvidos, mesmo que taticamente. 

 

O cenário base é de um crescimento global baixo, com alguma flutuação em torno desta tendência, mas sem um risco agudo de recessão. Se (e enquanto) não houver uma desaceleração global mais acentuada, ou algum problema financeiro em algum lugar do mundo, os investidores buscaram ativos que ofereçam yields positivos, como os ativos emergentes. Este cenário deverá ser revisado caso algum problema global mais sério venha a ocorrer. 

 

No Brasil, a folha de hoje afirma que a equipe econômica gostaria de adotar uma meta de inflação de 4% para 2018, mas o tema será avaliado pelo governo. Se confirmada está medida, seria mais um importante passo no processo de ajuste econômico do país, favorecendo a parte longa da curva de juros local.




Data: 27/06/2016

Risk-Off, mas sinais de estabilização começam a surgir.

 

Os ativos de risco estão abrindo a semana ainda em tom negativo, liderados por mais uma forte queda da GBP. Contudo, já vemos sinais de estabilização do humor em alguns mercados, que apresentaram recuperação em relação aos piores momentos desta noite. Eu espero alguma estabilização do humor global a risco ao longo do dia, mas meu viés de curto-prazo ainda é negativo. 

 

Na Espanha, as eleições gerais mantiveram o status-quo de um governo mais ao centro, afastando o risco de uma votação expressiva dos partidos mais radicais. Contudo, não houve maioria absoluta para nenhum partido, como era esperado, o que deve manter o quadro político local instável. Ainda existe uma chance relevante de que novas eleições tenham que ser convocadas no país. A Espanha não era vista como um risco relevante ao cenário, mas as eleições na Itália precisam ser acompanhadas de perto. 

 

Falando na Itália, alguns meios de comunicação estão afirmando que o país pode injetar cerca de EUR$44b em seu sistema bancário, mostrando a preocupação dos policy makers com o sistema financeiro europeu. Se confirmada, a medida seria positiva. Contudo, me parece que estamos em um cenário em que a situação ainda precisa piorar muito antes de medidas mais radicais como esta. Como a Merrill Lynch gosa de afirmar: “Markets stop panic when centrl Banks panic”. 

 

Na China, em linha com o movimento global do USD, o país depreciou o CNY em 0,9%, umas das maiores variações diárias da história da moeda chinesa. O movimento era de certa forma esperado, devido ao fortalecimento do dólar no mundo, mas acaba reverberando nas demais moedas da Ásia devido a “guerra cambial” em torno de competitividade. 

 

No Brasil, o news flow está dividido em sinais positivos emitidos pela equipe econômica, no que tange as reformas que estão sendo trabalhadas e apresentadas a sociedade e ao congresso, e sinais negativos do lado político, com a Operação Lava-Jato angariando novos delatores, com importantes nomes de todos os partidos sendo levados ao centro das investigações. No final de semana, a revista Época voltou a afirmar que um dos delatores poderá indicar o nome de Michel Temer como favorecido por uma das doações que teriam sido fruto de manobras ilícitas. Além disso, o PSDB parece cada vez enrolado, com o nome de pessoas próximas a Aécio Neves sendo envolvidas nos escândalos. Por hora, não há sinais de que estes eventos irão atrapalhar o ajuste econômico em curso, mas a Lava-Jato continua a ser o maior risco para o governo interino no curto-prazo.

 




Data: 27/06/2016

Brexit: Uma visão preliminar, mas ainda pouco conclusiva.

Os periódicos de final de semana, assim como os sell-sides, ainda estão digerindo a decisão dos ingleses em deixar a União Europeia (EU). O único consenso mais forte que tenho observado fica por conta dos impactos negativos sobre a economia da Inglaterra, assim como para um menor crescimento global. Por hora, contudo, as revisões de crescimento para o resto do mundo (ex-UK) são, grosso modo, cosméticas, com números menores na faixa de 0,2%-0,3% de crescimento mais brando ao redor do mundo. 

 

Os analistas ainda mostram otimismo que este evento seja pontual e localizado, com impactos contidos (sem grandes contágios ao resto do mundo). Eu acho cedo para fazer qualquer afirmação em relação a uma resultante mais negativa ou não deste evento sobre o resto do mundo, mas a aparente certeza dos sell-sides em relação ao baixo impacto sobre o resto do mundo me faz lembrar a crise de 2008 nos EUA. Em um primeiro momento, havia a certeza de que a crise permaneceria localizada. Os mercados emergentes apresentaram bom desempenho por 3-4 meses, mesmo com a crise nos EUA já em andamento. Depois, ficou claro o tamanho da crise e a interconectividade das economias. Hoje, não parece, por hora, haver problemas financeiros que amplifiquem uma eventual crise, mas o mundo encontra-se mais frágil e a política monetária do mundo desenvolvido menos potente. Quem vencerá a disputa? 

 

As incertezas em torno do processo de saída da Inglaterra da EU ainda são gigantescas. A cena política da Inglaterra vive um momento de “revolta” e profundas mudanças em relação ao status-quo. Um novo Primeiro Ministro, e um novo governo, começam a serem esboçados. 

 

Os impactos secundários destes movimentos, especialmente nos demais países da UE ainda são incertos, mas perigosos. O precedente aberto pela Inglaterra é preocupante para a União Monetária, especialmente em um período de enfraquecimento das elites e fortalecimento dos partidos políticos radicais e contrários a UE e suas políticas. 

 

Eu espero um período de elevada volatilidade do preço dos ativos de risco. Ainda não vejo risco sistêmico nos mercados financeiros globais. Todavia, tenho receio de que os analistas estejam subestimando os impactos econômicos, políticos e sociais que o evento da semana passada venha a ter sobre a economia e os mercados financeiros globais.

 

Vale lembrar que já estávamos observando um cenário base de crescimento baixo, porém constante, com flutuações em torno da tendência. Um choque de confiança como este pode vir a ser visto, no futuro, como o “trigger” para uma desaceleração mais acentuada do crescimento econômico mundial. Além disso, a política monetária no mundo desenvolvido aparenta ter cada vez menos poder de combater estes choques, por motivos óbvios. Os bancos europeus, que já vinham em um processo de deterioração, encontram-se em situação ainda mais delicada neste momento. 

 

Isso não quer dizer que os bancos centrais ao redor do mundo não atuarão. A primeira linha de contingencia serão as linhas de swap, para prover liquidez aos mercados. Depois, poderemos ver mais uma rodada de corte de juros e, consequentemente, novas rodadas de QE. Neste ínterim, os ativos de risco devem girar entre o pessimismo das incertezas geradas pelo processo, e o otimismo do ativismo dos bancos centrais. A resultante deste processo deve ser um mundo mais instável, com crescimento ainda mais baixo, mas com a ausência de uma crise mais aguda. Entretanto, neste ambiente de incerteza e fragilidade, cresce o risco de um período mais negativo para os mercados financeiros globais, com as crises de 2008 (EUA) e 2011 (Europa) ainda muito frescas na cabeça dos investidores.




Data: 23/06/2016

Risk-On! / Reforma da Previdência no Brasil.

 

Os ativos de risco estão apresentando forte recuperação, após as últimas pesquisas para o Referendo na Inglaterra, divulgadas na noite de ontem, mostrarem uma leve vantagem ao “Remain”, ou seja, ao status-quo. 

 

A agenda do dia hoje será a mais relevante da semana. Além do Referendo, cujo o resultado oficial só saberemos na madrugada, teremos nos EUA o Jobless Claims e o Markit Manufacturing PMI como destaques. 

 

Por um lado, eu não acredito que a saída da Inglaterra da UE seja um “evento de cauda” como a quebra da Lehman, mas, por outro lado, acho que cria um precedente perigoso, de mensuração difícil, especialmente no quadro político da Europa, em um ambiente cada vez mais propício para o avanço de partidos radicais e pela busca de mudança do status-quopolítico e econômico. O impacto econômico, especialmente pelo efeito da incerteza, deveria ser relevante dentro deste contexto. 

 

A manutenção do “status-quo”, pela dinâmica recente dos mercados, e pela retirada de uma incerteza do cenário, deveria promover mais uma rodada de apreciação dos ativos de risco. Mas, pouco tempo depois, devemos voltar a focar nos fundamentos econômicos. 

 

Na Área do Euro, o Markit Composite PMI recuou de 53,1 para 52,8 pontos em junho, fazendo uma mínima de 17 meses. A abertura mostrou recuperação em Manufacturing, mas um arrefecimento em Services. O indicador é compatível com um crescimento positivo, porém bastante tímido. Por hora, os números confirmam o cenário base que temos insistido neste fórum, ou seja, um crescimento global baixo, porém estável, com flutuações em torno da tendência. No caso da Europa, este crescimento deve ficar em torno de 1% a 1,5%.

 

No Brasil, o Estadão afirma que o governo irá apresentar o que seria o primeiro esboço da reforma da previdência, em mais um importante passo para o ajuste econômico. Segundo o jornal:

 

"O governo já começou a formatar sua proposta de reforma da Previdência e deverá apresentar um “esqueleto” das medidas em reunião com sindicalistas na próxima semana. Entre as alternativas que serão apresentadas está a possibilidade de cobrar, das empresas exportadoras do agronegócio, alguma contribuição patronal ao Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). Atualmente, essas empresas, se concentram suas vendas ao exterior, não precisam recolher a contribuição. É o único setor da economia a ter esse tratamento, segundo técnicos que trabalham na proposta. Quando a venda é para o mercado interno, pagam uma alíquota de 2,6% sobre o faturamento. No caso das pensões por morte, uma ideia é retomar a proposta, discutida no ano passado mas descartada pelo Congresso Nacional, de limitar os benefícios pagos a pensionistas do funcionalismo público. A regra poderá ser parecida com a adotada no INSS: o valor seria um porcentual do salário, acrescido de uma parcela variável conforme o número de dependentes. A idade mínima de 65 anos, defendida por muitos integrantes da equipe econômica, é apenas uma das possibilidades que deverão ser apresentadas aos sindicalistas. O objetivo é elevar a idade média das pessoas ao aposentar-se. No caso das aposentadorias rurais, além da contribuição do agronegócio, o governo examina a situação dos pequenos proprietários, como os que lidam com agricultura familiar. Hoje, eles contribuem só quando comercializam sua produção. Quando não há venda, eles não precisam recolher ao INSS. Essa é uma situação que, do ponto de vista dos técnicos, deve ser avaliada. Brant disse que esse grupo, e não as empresas, é responsável pelo déficit previdenciário no setor. O pagamento de benefícios a pessoas que vivem na área rural é um programa social, explicou. “Está no INSS não sei por quê.” Há propostas também para aproximar as regras de aposentadoria de homens e mulheres. Hoje, o tempo mínimo de contribuição para homens é de 35 anos e para as mulheres, de 30 anos. Mas elas vivem mais, segundo mostram os números. O governo quer, ainda, aproximar as regras das aposentadorias de servidores públicos das de trabalhadores da iniciativa privada. Quer, também, incentivar os Estados a criarem seus próprios fundos de aposentadorias. No momento, não está sobre a mesa a discussão do piso de benefícios, hoje equivalente a um salário mínimo. Essa é uma ideia que circula na equipe econômica. Da mesma forma, não está em exame desvincular benefícios sociais, como o da Lei Orgânica de Assistência Social (Loas), pago a idosos e deficientes de baixa renda, do piso salarial nacional."

 



Data: 23/06/2016

Brasil: Novos obstáculos ao governo Dilma.

 

Os investidores, na ausência de mudanças substanciais de cenário, estão ajustando posições para o Referendo na Inglaterra, agendado para amanhã. Assim, estamos observando movimentos bastante técnicos, alguma perda de correlação entre as classes de ativos, e alguns movimentos, no mínimo, curiosos. 

 

As pesquisas ainda apontam para uma indefinição no que diz respeito ao resultado final da votação. As casas de apostas ainda mostraram amplo espaço para uma vitória do “Remain”, com probabilidade em torno de 75%. Contudo, algumas questões técnicas e “mercadológicas” abrem espaço para questionamentos em torno destas probabilidades:

 

One interesting pattern in the betting for this vote has been that whilst 75 per cent of the money staked has been for Remain, the majority of actual bets have been for Leave. That's because the average bet stake for Remain is around £450, for Leave it's just £70. The truth is, we don't really have enough evidence to be sure how predictive political betting markets really are. It's only in recent years that we've seen the sort of big, liquid, multi-million pound events that could produce anything worth studying. As an example, Ladbrokes took ten times more money on the 2015 general election as we did in 2005. If I were having a bet today, I think I'd back Leave at 3/1. I still think Remain are the more likely winners, but there's enough uncertainty in this vote to make me think the outsiders have a better chance than the odds imply. (Op-Ed by Matthew Shaddick ‎Head of Political Betting at Ladbrokes, originally posted int he Telegraph). 

 

É interessante observar como alguns ativos estão em níveis inimagináveis diante do cenário de incerteza, como GBP próxima aos picos do ano, assim como o S&P, mesmo com as volatilidades implícitas no mercado de opção “explodindo”. Este cenário me leva a crer que o mercado esteja com um quadro técnico positivo, buscando hedges para os portfólios mas, talvez, subestimando o eventual efeito negativo da vitória do “Leave”.

 

Por um lado, eu não acredito que a saída da Inglaterra da UE seja um “evento de cauda” como a quebra da Lehman, mas, por outro lado, acho que cria um precedente perigoso, de mensuração difícil, especialmente no quadro político da Europa, em um ambiente cada vez mais propício para o avanço de partidos radicais e pela busca de mudança do status-quo político e econômico. O impacto econômico, especialmente pelo efeito da incerteza, deveria ser relevante dentro deste contexto.

 

A manutenção do “status-quo”, pela dinâmica recente dos mercados, e pela retirada de uma incerteza do cenário, deveria promover mais uma rodada de apreciação dos ativos de risco. Mas, pouco tempo depois, devemos voltar a focar nos fundamentos econômicos.




Data: 21/06/2016

Brexit ainda domina o humor, por pouco tempo...

 

Os ativos de risco estão dando continuidade ao movimento positivo verificado ontem, mesmo. As pesquisas de intenção de voto na Inglaterra, divulgadas ontem a note, mostraram um quadro misto, em uma corrida apertada e indefinida. 

 

Na Alemanha, a corte de justiça deu luz verde para as operações denominadas de OMT pelo ECB, retirando mais um risco de curto-prazo do cenário. Ainda no país, o ZEW – um dos indicadores mais importantes de confiança – subiu de 4,8 para 19,2 em junho. 

 

No Brasil, o governo aprovou uma renegociação da dívida dos Estados. Se, por um lado, haverá um impacto fiscal negativo, de certa forma esperado, por outro lado, Temer conseguiu um importante apoio por parte dos governadores, que se mostrará essencial no caminho do ajuste fiscal do país. 

 

Na Austrália, as Minutas do RBA mostraram um banco central em compasso de espera, que parece estar dando um passo por vez no que tange a política monetária. 

 

Por hora, os ativos de risco continuarão focados, voláteis e sensíveis as pesquisas na Inglaterra. Contudo, passado o evento do Referendo, é natural supor que voltemos a ter um foco maior nos fundamentos econômicos e em outros problemas menos pontuais e mais estruturais de algumas economias, como importantes eleições em países da Europa, o baixo crescimento da Ásia, o problema de baixa produtividade nos EUA e os próximos passos que serão dados pelo Fed, após mais um FOMC percebido como extremamente dovish pelos investidores. 

 

Minha visão continua positiva com as perspectivas de longo-prazo do Brasil, mas entendo que estamos em um período em que parece carecer de “trigger” para mais uma rodada de apreciação dos ativos locais. Como comentei na semana passada, acho válido trocar parte de risco nos juros por BRL. Continuo concentrado nas NTNBs mais longas, com algum risco de BRL via opção. Acho válido adicionar uma posição de “flattening” da curva de juros Pré, na tentativa de expressar uma visão positiva com os fundamentos de longo-prazo, em meio a um cenário de curto-prazo de inflação elevada (e que ainda surpreende para cima). Acredito que este “novo” banco central não será leniente em meio a este cenário e não deveria aparentar pressa em iniciar um ciclo de queda de juros. 

 

No cenário externo, ainda vejo o nível das bolsas dos EUA como não compatível com o cenário de produtividade, crescimento e política monetária. Continuo receoso com o cenário de crescimento para a Ásia. Estamos buscando exposição a risco que expressem este cenário, tendo consciência que o curto-prazo zera afetado pelos eventos na Inglaterra.




Data: 17/06/2016

Update

 

Os ativos de risco estão mostrando sinais claros de poucas convicções por parte dos investidores. A despeito da rápida e acentuada recuperação das bolsas dos EUA ao longo da tarde, ainda vejo a dinâmica dos mercados como preocupante. 

 

Eu tenho total noção que, no curto-prazo, o evento do Brexit terá um peso grande sobre o humor do mercado, mas estou a cada dia mais convicto que existem outros vetores por baixo da superfície que extrapolam este problema pontual. 

 

Repito, caso o “remain” vença o referendo na Inglaterra, devemos observar um rally de curto-prazo nos ativos de risco. Contudo, não acredito que será duradouro. A forte queda das commodities, a postura mais dovish de alguns bancos centrais da Ásia, especialmente na periferia da China, e a extrema compressão de taxas de juros no mundo desenvolvido não me parecem sinais saudáveis para o mercado. Além disso, a postura do BoJ na noite de hoje apenas reforçou a visão alarmista de alguns economistas de que podemos estar próximos de um período em que a política monetária seja cada vez menos potente, em meio a uma economia global fragilizada. Assim, cresce o coro por políticas fiscais mais frouxas que, por hora, está encontrando pouca reverberação dos policy makers, ou por restrições de endividamento, ou por restrições políticas.

 

O cenário base continua a ser de um baixo crescimento global, com pouca volatilidade econômica. Contudo, aumenta a probabilidade do mercado precificar, no curto-prazo e pontualmente, um cenário mais nebuloso de crescimento, com riscos a estabilidade financeira. 

 

No Brasil, os ativos locais estão seguindo o humor global a risco. Tenho alterado um pouco minha visão em relação aos mercados locais. Tentando extirpar o cenário externo, já descrito acima, começo a ter uma visão menos construtiva com a curva local de juros, especialmente a parte curta. A inflação de curto-prazo continua desfavorável, a inflação de 2016 será desconfortavelmente elevada, e o novo BCB precisará ganhar credibilidade. Como tenho insistido nas últimas semanas, acho que o cenário mais coerente seria esperar um tempo antes de dar início a um processo de queda de juros. Neste caso, a curva curta de juros poderia sofrer. Nos juros reais, observamos uma forte alta das inflações implícitas, o que torna a alocação em NTNB menos favorável. Assim, estou alternando um pouco do risco para opções de BRL, com perdas limitadas, e mantendo risco na parte longa da curva de juros reais. Assim, o portfólio fica mais reativo a mudanças de cenário estrutural, do que um play de política monetária, ou de inflação de curto-prazo.




Data: 16/06/2016

BoJ & Brexit

 

Os ativos de risco estão operando com viés negativo. No Japão, o BoJ não divulgou novas medidas de estímulo monetário, como muitos esperavam, o que levou o JPY a novos picos de apreciação (USDJPY cai cerca de 2% neste momento), afetando o humor global a risco. Não houve grandes alterações no comunicado após a decisão e muito menos na coletiva de imprensa realizada minutos depois. A passividade do BoJ diante de um cenário desafiador para o crescimento e a inflação poderá vir a aumentar o receio do mercado de que o poder da política monetária dos principais bancos centrais ao redor do mundo tenha se esgotado, e os BCs, talvez, esteja “caindo na real” em relação a isso.

 

Na Inglaterra, uma pesquisa da IPSOS, por telefone, mostrou uma liderança de 53% a 47% para o “Leave”, mantendo a tendência de um momento extremamente favorável ao Brexit. 

 

No Brasil, os jornais de hoje estão refletindo a divulgação da delação premiada de Sergio Machado, especialmente o surgimento do nome de Michel Temer. Continuo achando que o problema para Temer seja contornável, mas não há dúvida de que este é mais um ruído negativo para um governo interino que ainda tem um longo caminho para o ajuste econômico. Machado afirma que arrecadou mais de R$100mm para o PMDB, cujo o presidente era Temer. Fica difícil imaginar que o presidente da sigla não sabia deste tipo de arrecadação. Por hora, o problema parece contido. Contudo, a Operação Lava-Jato continua suas investigações e o PMDB parece a bola da vez. 

 

Eu mantenho um viés mais negativo com relação ao cenário externo e vejo os ativos locais, no curto-prazo, seguindo o humor global a risco. Assim, acho prudente manter um portfólio mais defendido no curto-prazo.




Data: 15/06/2016

Dia de Recuperação

 

Os ativos de risco estão dando sinais de recuperação está manhã, mas em movimentos ainda tímidos e incipientes. Com a “espada” do Brexit ainda “na cabeça”, evemos ter dias voláteis e poucas tendências definidas. O índice da Bloomberg que mede a probabilidade do “Leave” recuou marginalmente essa manhã, saindo de 43% para 40%.

 

Na China, os dados de crédito de maio apresentaram sinais de arrefecimento, com o M2 recuando de 12,8% YoY para 11,8% YoY, abaixo das expectativas de 12,5% YoY. O Aggregate Financing apresentou alta de $660b, muito abaixo das exepcatativas de $1000b. O número confirma o que já foi sinalizado recentemente por autoridades do país, ou seja, não existe espaço para medidas adicionais de expansão do crédito. O país precisar focar em reformas estruturais, nem que isso custe um menor crescimento no curto-prazo. Eu mantenho um viés mais cauteloso com relação ao país, já que espero um crescimento estrutural mais baixo nos próximos anos, com riscos crescentes à estabilidade financeira. 

 

O grande destaque do dia ficará por conta da decisão do FOMC nos EUA. O mercado espera apenas alterações marginais no comunicado e nos “dots” que serão divulgados após a reunião. Yellen deve manter um discurso de pouco comprometimento com uma alta de juros, praticamente descartando uma alta em junho, mas deixando a porta aberta para uma alta em julho (ou depois). Será fundamental observar se houve alguma mudança relevante nas expectativas de juros de curto e longo-prazo. 

 

No Brasil, o Conselho de Ética da Câmara derrotou Eduardo Cunha, que ficou a poucos passos de perder o seu mandato. Na Operação Lava-Jato, o STF negou o pedido de prisão dos caciques do PMBD. 

 

No campo econômico, os jornais estão afirmando que o governo foi obrigado a desidratar a PEC do gasto público, afim de torna-la politicamente mais viável. 

 

Retornando ao cenário externo, gostaria de reproduzir a visão do Morgan Stanley, que passa muito bem minha sensação em relação ao cenário externo: 

 

More than Brexit. Commodity markets have remained under selling pressure with oil breaking significant chart levels ($50.20) while sovereign bonds see an increasing amount of outstanding bonds providing negative yields. An easy interpretation calling ‘Brexit fears’ the elephant in the room may not be sufficient to cause the significance of current market developments. Yesterday, the VIX reached a 4-month high and EMU’s financial institutions lead the equity markets selling list, as global yield curves underwent a bullish flattening move. It is the powerfulness of the bond market flattening trade suggesting that the problem goes beyond Brexit. Investors might be too focused on Britain, not looking into other parts of the global economy and the messages received from here. 

 

AXJ under the radar. China’s weakening fixed asset growth suggests that a slowdown is underway for this supply-driven economy. China participates in 12% of global trade, with the UK a mere 3.3% and EU 32%. For us it is due to China's supply orientation that a significant decline of European demand could have an impact on the problems of overcapacity in China. Since April, China demand dominated commodities have declined. We count iron ore, aluminium, nickel, concrete and copper in this group of commodities with China accounting for around 50% of total demand. With the supply side for these commodities not having seen significant short-term changes it seems demand volatility is determining price trends. The recent price decline suggests that global demand for these commodities has weakened. EM and commodity currencies should see further medium term weakness. 

 

The message of lower yields. The market will be able to see more clearly once the dust of the ‘Brexit’ vote has settled . Should bond yields stay under downside pressure the consensus will adapt to our view suggesting that demand and supply of capital is undergoing significant shifts which will keep bond yields offered. Demand for capital will decline as overcapacity has reduced the need for capital intensive fixed asset investments. Supply of capital will increase as high global debt levels combined with lower returns of investments will lead to savings, increasing balance sheet consolidation. Savings will increase at the expense of consumption in regions where the debt overhang is most significant and return of assets the lowest. We think that AxJ will make significant contributions to global savings, first depressing local AxJ sovereign yields and secondly pushing its currencies lower. Lower global bond yields trading near zero yield may lead to a significant change in how currencies are going to trade. The past was all about nominal yield differentials. The future will be about real rates and yields which could push currencies despite otherwise weak fundamentals higher with falling inflation expectations becoming the main reason for higher real rates.




Data: 13/06/2016

China em foco

 

Com números bastante questionáveis na China e a proximidade do referendo na Inglaterra, os ativos de risco estão abrindo a semana em tom mais negativo. 

 

O destaque da noite ficou por conta dos dados de atividade econômica na China. Por um lado, observamos uma estabilização da produção industrial e das vendas do varejo, até mesmo com uma aceleração razoável do crescimento sequencial (MoM desazonalizado) ao longo de maio. Por outro lado, contudo, o mês trouxe uma forte queda do Fixed Asset Investment (FAI). Os sell-sides trouxeram leituras bastante mistas em relação aos números de hoje, com alguns “aplaudindo” a estabilização de alguns números, enquanto outros mostraram preocupação com a ausência de uma estabilização mais firme do crescimento no país. A forte queda do FAI foi uma fonte consensual de preocupação por parte dos economistas. 

 

Eu mantenho uma visão mais cautelosa em relação ao crescimento da economia da China. Ainda me parece cedo para falar que o país poderá passar por uma crise mais aguda, mas um cenário de desaceleração adicional da economia se mostra cada vez mais provável. Os dados de atividade econômica apresentam imensas dificuldades em se recuperar, mesmo diante de uma rápida e acentuada expansão do crédito no país nos últimos meses. Neste cenário, é necessário cada vez mais estímulos para se gerar cada vez menos crescimento, um ambiente que me parece insustentável diante do patamar de dívida/PIB que o país alcançou nos últimos anos. Assim, é natural supor que o crescimento chinês será menor no futuro, com riscos crescentes à estabilidade financeira de um mercado de crédito extremamente frágil e sem soluções óbvias. 

 

No Brasil, está crescendo a pressão sobre o BCB para adotar uma meta de inflação ajustada. Segundo o Valor: Economistas do mercado financeiro consideram positiva a ideia de estender o prazo para o cumprimento da meta de inflação pelo Banco Central, defendida pelo ex­presidente do BC Armínio Fraga. Para os analistas consultados, muitos com passagem pela diretoria da autoridade monetária, essa seria uma forma de reforçar a credibilidade no sistema de metas de inflação, por oferecer ao mercado um cenário mais realista. O que ainda gera dúvidas é qual o momento adequado para fazer essa alteração e também se a medida deve preceder uma redução da meta de inflação mais à frente. Se o BCB entrar nesta onda, reforça minha visão positiva com relação a queda dos juros reais no país. Está postura ajudaria a parte curta da curva de juros, caso confirmada. No curto-prazo, prefiro manter exposição na curva de juros reais, para ter certeza que o BCB irá embarcar nesta “onda” do mercado. No atual cenário de inflação, vejo a curva curta de juros nominais bem precificada.

 




Data: 10/06/2016

Risk-Off

 

Os ativos de risco passaram grande parte da semana ajustando posições para um cenário visto por muitos, e classificado neste fórum, como “Sweet Spot”. Contudo, como comentei na semana passada, logo após a divulgação dos dados de emprego nos EUA:

 

Acredito que uma desaceleração dos EUA, caso confirmada, aliada aos sinais de desaceleração globais, especialmente (mas não apenas) na Ásia, colocam o mundo em uma situação bastante delicada. Vale frisar que eu não trabalho com um cenário de crise ou recessão aguda. Todavia, temos que ser honestos que, diante de um mundo que cresce pouco, com os PMIs perigosamente em torno de 50 pontos, mas com viés baixista, eleva a probabilidade de um período mais turbulento para a economia mundial. Mesmo que este não seja o cenário base, os últimos indicadores de crescimento, no mínimo, aumentam as chances do mercado precificar, pelo menos no curto-prazo, um maior risco de recessão.

 

Assim, acredito que precisamos ter cuidado com a reação dos ativos de risco no curto-prazo. Se o cenário descrito no parágrafo acima for confirmado, podemos observar a volta da pressão nas moedas emergentes, em um ambiente de EUR, CHF e JPY em alta. Um mundo que cresce pouco não me parece positivo para as commodities, e muito menos para os países emergentes, muitos deles alavancados, que precisam, urgente, de crescimento. Além disso, o patamar atual de algumas bolsas ao redor do mundo trabalha com um crescimento acima do que os dados correntes estão apresentando. 

 

Em suma, a reação dos ativos de risco no curto-prazo será levada pelo quadro técnico. Todavia, se confirmando um cenário de menor crescimento global, existe um risco razoável do mercado ficar com um receio maior de uma recessão no mundo, criando um ambiente menos propício aos ativos de risco. 

 

Minha visão se mostrou errada por cerca de uma semana. Todavia, nos últimos dias, o mercado parece ter se atentado para este cenário descrito acima, o que vem favorecendo um movimento, ainda que fluido e tímido, de aversão a risco. A continuidade do processo de queda no preço das commodities metálicas e o fechamento global de taxa de juros foram sinais inequívocos da fragilidade da economia global. 

 

Para piorar a situação, está crescendo o coro, no mercado e no meio acadêmico, de insatisfação e discordância em torno da atual política de juros negativos em alguns países do mundo. A forte queda das taxas longas de juros das economias desenvolvidas, em meio a queda nas expectativas de inflação, ajuda a dar um tom ainda mais sombrio ao cenário de curto-prazo. 

 

Caso os dados econômicos não mostrem reação, existe um risco crescente de que o mercado possa voltar a questionar de maneira mais incisiva o poder dos bancos centrais em estimular suas economias, especialmente diante da experiência recente no Japão. 

 

Nos EUA, o Michigan Confidence mostrou uma queda de 2,5% para 2,3% das expectativas de inflação de longo-prazo (5 a 10 anos). Não me parece um cenário positivo para ativos de risco, pelo menos neste curto-prazo. 

 

Por hora, como comentei hoje cedo, os ativos locais devem seguir o humor global a risco.




Data: 10/06/2016

Leve Risk-Off.

 

Os mercados globais estão abrindo em tom negativo, dando continuidade ao movimento de realização de lucros verificado ontem. Como comentei neste fórum nos últimos dias, ainda parece cedo para afirmar que ouve uma mudança das tendências observadas desde a divulgação dos dados de emprego nos EUA. Contudo, alguns dos vetores que citei ontem merecem atenção: (1) a posição técnica parece menos favorável, (2) os valuations já não se mostram tão atrativos, mas (3) o cenário macro continua estável. 

 

Eu adicionaria alguns comentários. Primeiro, o mercado vinha observando o cenário de baixo crescimento global, mas sem riscos evidentes de recessão, em meio a um Fed em compasso de espera no tocante a política monetária, como sendo um cenário positivo. Eu classifiquei este ambiente como “sweet spot”. Precisamos ficar atentos para caso está avaliação seja alterada. Eu, particularmente, acredito que o atual ambiente seja um equilíbrio instável em que, ou veremos mais uma rodada de preocupante desaceleração do mundo, ou o Fed retomará seu processo gradual de alta de juros. Assim, o nível de preço de algumas classes de ativos não é justificável. 

 

Segundo, a proximidade do Brexit deveria trazer alguma incerteza ao cenário, o que não vinha ocorrendo até o momento. 

 

O fluxo de notícias de Brasil está mais esvaziado, o que me leva a acreditar que os ativos locais poderão ficar, no curto-prazo, mais sensíveis ao cenário econômico global. 

 

Na agenda do dia, destaque para o Michigan Confidence.




Data: 10/06/2016

Consolidação

 

Os ativos de risco tiveram uma quinta-feira de realização de lucros. Ainda parece cedo para afirmar que ouve uma mudança das tendências observadas desde a divulgação dos dados de emprego nos EUA. Contudo, alguns dos vetores que citei ontem merecem atenção: (1) a posição técnica parece menos favorável, (2) os valuations já não se mostram tão atrativos, mas (3) o cenário macro continua estável. 

 

Vale a pena chamar a atenção para a continuidade da fraqueza no Cobre. Entendo que existem questões específicas (micros) para o movimento (estoques elevados, entre outros), mas uma queda desta magnitude sempre chama a atenção, especialmente em uma commodity considerada por muitos como uma proxy para o crescimento global. 

 

Nos últimos dias, alguns proeminentes investidores vieram a público alertar para alguns riscos nos mercados financeiros globais com alguns deles, inclusive, tomando posição nesta direção mais negativa. Por hora, os mercados continuam funcionando de forma fluida e sem sinais claros de stress ou mudança de cenário. 

 

Nos EUA, o Initial Jobless Claims se manteve em patamar robusto, com o Continuing Claims atingindo o menor patamar deste ciclo econômico. O número mostra um mercado de trabalho ainda robusto. O Wholesale Inventories subiu fortes 0,6% MoM em abril, elevando as expectativas para o PIB do 2Q para próximo a 3% QoQ anualizado. Uma alta de juros por parte do Fed em junho parece descartada, mas as reuniões subsequentes não podem ser ignoradas. 

 

No Brasil, o dia foi de acomodação, após forte movimento verificado no início da semana. A nossa área econômica tem me alertado para os riscos altistas na inflação de curto-prazo (próximos 2 meses). Em um ambiente de inflação elevada, a curva curta de juros, neste momento, me parece bem precificada. Prefiro concentrar risco na parte longa da curva de juros reais. 

 

No mercado de câmbio, o BCB continua ausente. Após a emissão externa da Petro, abriu-se uma janela de captação para as empresas brasileiras no exterior. Em alguns casos, apenas para “liability management”, mas em outros casos, com algum fluxo para o país. As contas externas vêm mostrando melhora continua. Contudo, nos atuais níveis, tendo a acreditar que o cenário externo possa ter um peso maior na dinâmica de curto-prazo.




Data: 09/06/2016

Juros na Coréia, CPI na China e novas medidas no Brasil.

 

Os ativos de risco estão mostrando algum sinal de fadiga está manhã, e operam com um leve viés negativo neste momento. O destaque da noite ficou por conta da surpreendente queda de 25bps nos juros da Coréia do Sul, que não era esperada pelo mercado. O BoK manteve um tom dovish, sinalizando que novas medidas de suporte a economia podem vir a acontecer. 

 

Na China, o CPI de maio caiu de 2,3% YoY para 2,0% YoY, abaixo das expectativas do mercado. O PPI subiu de -3,4% YoY para -2,8% YoY. A queda do CPI é explicada pelo arrefecimento em alimentação. Por hora, a inflação não se mostra uma restrição para que o PBoC mantenha uma política monetária frouxa, que dê suporte a uma economia ainda fragilizada. 

 

O CPI na China, e a postura mais agressiva do BoK na Coréia do Sul são exemplos evidentes do momento por que passa a Ásia como um todo. A região passa por um período de crescimento baixo, sem nenhum sinal de aceleração. No máximo, o que podemos esperar da região são períodos de acomodação do crescimento. Neste ambiente, os riscos deflacionários aumentam e a necessidade de medidas de suporte ao crescimento aumenta a cada dia. Ainda vejo com preocupação o cenário de baixo crescimento da região (e do mundo como um todo) frente ao poder cada vez menos potente da política monetária no mundo. 

 

No Brasil, como era amplamente esperado, o Copom manteve a taxa Selic estável, sem mudar o comunicado após a decisão. Como o Comitê se totalmente alterado em breve, a decisão vale muito pouco para as perspectivas de taxas futuras de juros. 

 

Na Folha de hoje, Valdo Cruz está afirmando que o governo vê espaço para queda na taxa Selic no segundo semestre deste ano. Como tenho afirmado, em relação ao BCB, eu mantenho a visão que tenho afirmado aqui. Acredito que a estratégia ótima deste novo BCB seja manter os juros estáveis por mais alguns meses. Caso o cenário de desaceleração de inflação se confirme, é natural supor que as expectativas de inflação convirjam para a meta, ajudadas pela implementação de um ajuste fiscal. Com este cenário concretizado, o BCB será capaz de iniciar um ciclo mais agressivo de corte de juros.

 

Na Coluna Painel, da mesma Folha: Em busca de agendas positivas, o Planalto anunciará uma reforma administrativa. Além de extinguir os 4.000 cargos já prometidos, a equipe de Michel Temer criará uma Secretaria de Estatais vinculada ao Planejamento. Sua missão será instituir um sistema de controle interno dentro das empresas públicas, com comitês de auditoria ligados aos conselhos de administração — e não às diretorias — para tentar evitar conluios. O anúncio ocorrerá já nesta sexta se o pacote for fechado a tempo. 

 

Em suma, o governo continua na direção correta do ajuste econômico. O sentido de urgência nas medidas mostra que existe um total entendimento dos problemas, além da noção que precisam aproveitar a “lua de mel” do começo do governo para aprovar medidas mais drástica e, as vezes, pouco consensuais.




Data: 08/06/2016

Quadro técnico prevalecendo.

 

Os ativos de risco continuam mostrando uma dinâmica bastante técnica. Desde a divulgação dos fracos dados de emprego nos EUA, vimos uma clara tendência de enfraquecimento do dólar no mundo, concentrado nas moedas que haviam depreciado mais contra o dólar nas semanas anteriores a divulgação dos números. O petróleo atingiu seu maior patamar em alguns meses, testando novamente um patamar acima de US$50, enquanto as bolsas dos EUA giram muito próximas a seus picos históricos. Este ambiente, por motivos óbvios, está tirando pressão da classe de ativos emergentes. 

 

Vale mencionar a forte pressão sofrida nas commodities metálicas, lideradas pelo Cobre. Alguns números de aumento de estoques parecem ter sido fundamentais para o movimento. Contudo, historicamente, o Cobre é visto como um importante indicador para o crescimento global, devido a sua utilização em várias áreas importantes para o investimento em infraestrutura. Assim, a pressão dos últimos dias deve ser acompanhada de perto. 

 

Como o Brasil não é uma ilha totalmente isolada do cenário externo, mesmo que vivendo um cenário local muito específico, acabou afetado por esta dinâmica externa. Vale ressaltar, aqui, que o quadro técnico também parece estar fazendo preço. A terça-feira foi de abertura de taxas de juros, mercado em que se concentram as maiores posições dos investidores, mesmo em um dia de forte queda do dólar. Em relação ao dólar, a ausência do BCB nos swaps cambiais, o movimento externo, e a utilização da moeda como hedge para as posições de juros, foram vetores preponderantes para o movimento dos últimos dias. 

 

Em relação ao cenário econômico, nos EUA, os dados finais de Produtividade e Custo Unitário do Trabalho mostraram um quadro de aumento de custos e baixa produtividade, um ambiente que costuma se traduzir em lucros corporativos comprimidos. Esta tendência não é recente, e já pode claramente ser observada nos lucros trimestrais do setor corporativo norte americano. 

 

No Brasil, o IGP-DI ficou acima das expectativas em maio, confirmando alguns sinais que a coleta do atacado já vinha mostrando. Ainda vejo um cenário de inflações mensais menores em um futuro próximo, mas é evidente que existe um risco altista para inflação dos próximos dois meses. Em linhas gerais, a desaceleração mais acentuada da inflação, tão aguardada pelo mercado, vem sendo constantemente adiada.

 

Neste ambiente, será importante observar a postura do BCB no câmbio. Caso opte por não intervir no mercado, ou atuar de maneira apenas pontual, deixando o mercado se ajustar, poderemos ter um BRL mais apreciado ajudando a inflação e a convergência a meta, facilitando o trabalho de política monetária do BCB.

 

O cenário político continua incerto, e assim deverá permanecer até que a Lava-Jato atinja seu objetivo final. Acredito que, por hora, as notícias recentes não passem de ruídos de curto-prazo. Contudo, temos que ficar sempre alertas a qualquer potencial enfraquecimento do atual governo. Como comentei pela manhã em relação aos investigados (segundo o que foi ventilado pela mídia): Em relação aos pedidos de prisão, um potencial afastamento de Renan preocupa por ele ser o presidente do Senado, e seu vice ser atualmente da oposição (do PT), o que poderia prejudicar a pauta do governo no decorrer do tempo. O enfraquecimento de Jucá tende a ser negativo para Temer, dado sua proximidade com o presidente interino, sua boa relação no Congresso e seu perfil técnico no tocante a questões políticas e de orçamento.

 

Continuo focado no mercado local de juros. No curto-prazo, trocamos um pouco de risco Pré por risco NTNB, dado os riscos da inflação nos próximos meses. Continuo sem grandes visões estruturais em relação ao BRL e ao Ibovespa, preferindo adotar postura tática. Em relação a curva local de juros, ainda não tenho convicção em quando será o início de um ciclo de queda de juros, o que torna a parte curta da curva pouco trivial nos atuais níveis.




Data: 07/06/2016

Humor positivo continua.

 

Os ativos de risco estão mantendo a tendência positiva que vem sendo regra desde a divulgação dos dados de emprego de maio nos EUA na sexta-feira. 

 

Na Austrália, o RBA manteve os juros estáveis, como era amplamente esperado. A ausência de um viés de baixa, contudo, está mantendo o AUD bem suportado está manhã, mostrando que o mercado esperava alguma indicação de que o ciclo de queda de juros poderia ser retornando em algum momento do futuro próximo. 

 

Na China, as reservas internacionais caíram cerca de US$28b, um pouco acima das expectativas de queda de US$20b. O número não altera o cenário visto pelo mercado como mais construtivo no curto-prazo, mas mostra que ainda há alguma pressão por “outflows” no país. 

 

Na Alemanha, a produção industrial de abril apresentou alta de 0,8% MoM, acima das expectativas de alta de 0,7% MoM, e após uma queda de 1,3% MoM no mês anterior. O número, de certa forma, reduz os riscos de um cenário de desaceleração mais acentuada da economia global no curto-prazo. 

 

Na Área do Euro, o PIB do 1Q foi revisado de 0,5% QoQ para 0,6% QoQ, apontando para um saudável crescimento da região neste início do ano. 

 

No Brasil, os jornais de hoje estão reportando que o governo desistiu de criar os 14 cargos que havia sido aprovado pelo Congresso na semana passada. Além disso, o governo irá se posicionar contra o aumento de salários do Supremo.




Data: 07/06/2016

Update

 

Os ativos de risco tiveram mais um dia para digerir os dados de emprego nos EUA, ajudados por um discurso de Yellen, já pre agendado. Yellen procurou manter um tom construtivo com relação a economia americana, mas o foco do seu discurso nas incertezas do cenário econômico (local e global) mostra que uma alta de juros no FOMC de junho parece descartada. Uma alta nos próximos meses dependerá, a grosso modo, dos dados econômicos. 

 

O mercado já precificava probabilidade baixa de uma alta de juros em junho, e basicamente manteve a curva curta de juros nos mesmos níveis do pós-Payroll de sexta-feira. Os ativos de risco permaneceram sem muita volatilidade, com destaque para o movimento de alta da bolsa dos EUA, ajudada pelo suporte das commodities.

 

Eu acredito que o debate em torno do timing para uma alta de juros pelo Fed irá continuar “vivo”, “sambando” de acordo com os números de atividade e inflação. Como pudemos observar nas últimas duas semanas, o processo de alta de juros que será seguido pelo Fed é importante para dinâmica do dólar no mundo, mas não necessariamente para outras classes de ativos. Na ausência de uma alta mais expressiva das pressões inflacionárias, o mercado se mostra muito tranquilo com este processo e está dinâmica. 

 

Confesso que minha maior preocupação de curto-prazo é se o mercado, em algum momento, irá questionar a sustentabilidade do baixo crescimento global atual, vislumbrando de maneira mais evidente um período de desaceleração adicional ou recessão, em meio a um cenário de menor potência dos instrumentos de política monetária. Se tivermos uma consolidação deste cenário, mesmo que seja apenas um aumento de probabilidade, não a realização efetiva, deveria gerar uma reprecificação de algumas classes de ativos. 

 

No Brasil, o técnico do mercado continua mostrando ser um vetor determinante para o desempenho de curto-prazo dos ativos. Nos últimos dias, vi muitos investidores mais céticos com o governo Temer, reduzindo posições aplicadas em juros ou montando hedges através de compradas de USDBRL. Não é à toa que o BRL vem apresentando um desempenho bastante robusto nos últimos dias, assim como mercado de juros, após uma breve realização de lucros observado na segunda metade do mês de maio. 

 

A sabatina de Ilan será relevante, como ponto de partida para o seu pensamento em relação a política monetária no país. Com o BRL novamente em torno de 3,50, será fundamental observar a disposição do BCB em voltar a reduzir o estoque de swaps cambiais.




Data: 03/06/2016

A espera do Payroll.

 

Os ativos de risco operam próximos a estabilidade essa manhã, a espera dos dados de emprego nos EUA. Dado a dinâmica recente dos ativos de risco, minha impressão é de que apenas uma combinação de números muito fora do consenso será capaz de alterar as tendências recentes do mercado, leia-se, dólar forte, bolsas bem suportadas e commodities mais pressionadas, exceto pelo petróleo. Nos mercados locais, minha impressão e que um número que não altere o status-quo pode vir a trazer fluxos para os ativos brasileiros, facilitando mais uma rodada de apreciação de Bolsa, Juros e Câmbio no curto-prazo. 

 

No cenário externo, o Caixin Services Manfacturing da China caiu de 51.8 para 51.2 pontos em maio. O número tem um baixo poder de previsão para o terceiro setor mas, de qualquer maneira, reforça a visão de que estamos diante de uma desaceleração do crescimento do país, após uma recuperação cíclica verificada nos últimos meses. 

 

O fluxo semanal para ativos EM mostrou estabilidade na última semana. Segundo a Barclays: In the week to 1 June, flows into EM dedicated equity and bond funds were broadly flat. The deterioration in EM fund flows over the past few weeks has hence been halted, at least temporarily. Notably, inflows into EM hard-currency bond funds resumed, albeit at a moderate pace, and EM dedicated equity funds did not experience further outflows. Fund flows appear to reflect a relative calm in EM assets, ahead of the global macro risk events later this month, such as the Fed rate decision on 15 June and the UK EU referendum on 23 June.

 

No Brasil, a justiça disponibilizou para a sociedade a delação premiada de Nestor Cerveró. Até onde pude observar, a delação indica os mesmos personagens que já estão há meses frequentando o noticiário da Operação Lava-Jato. Em um primeiro momento, a delação parece colocar o governo Dilma e seu entorno em situação ainda mais complicada, mesmo que exista pressão sobre alguns membros do PMDB, especialmente os caciques do partido no Senado. O mesmo vale para a delação premiada de “Bené”, empresário ligado a Fernando Pimentel em Minas Gerais, cuja a revista Época teve acesso. 

 

No campo político, aliados de Temer estão tentando acelerar o processo de impeachment, com uma clara preocupação com os ruídos que tem sido criados em torno da decisão final. A mídia está especulando que o governo pode vir a flexibilizar algumas das medidas que anunciou até o momento, como o teto para o reajuste dos gastos.

 

Eu acredito que para serem aprovadas, praticamente todas as medidas precisarão ser negociadas. Será muito difícil aprovar as medidas da maneira que a equipe econômica propõe. Contudo, não vejo isso com grande preocupação. Faz parte da democracia e do jogo político. É importante observar, todavia, se o governo irá prosseguir com medidas adicionais para que as contas públicas sejam ajustadas. Estamos no meio de um longo e turbulento processo de ajuste econômico. O sacrifício será generalizado e os ruídos em torno das medidas serão imensos. Teremos momento de otimismo, seguidos de momentos de decepção. Entretanto, todo processo de ajuste é naturalmente complicado de ser implementado, o que acaba gerando ruídos políticos que devem ser vistos como naturais.




Data: 03/06/2016

Brasil: Mercado reage de maneira positiva.

 

O dia foi de bom desempenho dos ativos locais. Eu atribuo está melhora do humor em relação ao Brasil a alguns fatores: Posição técnica mais favorável, estabilidade do cenário externo, avanço do governo Temer em temas importantes para o ajuste fiscal, e sinais de que “o fundo do poço” da economia tenha sido atingido.

 

Gostaria de evoluir neste último ponto. O ápice desta conclusão foi atingida nos últimos dois dias, com as surpresas positivas do PIB e da PIM. Contudo, este é um processo que já vinha sendo consolidado nas últimas semanas, com sinais mais animadores dos indicadores de confiança. Alguns investidores, mais especializados no cenário micro, tem me reportado que o próprio setor corporativo está passando um feedback menos negativo nas últimas semanas, com uma esperança crescente de que a situação das empresas possa melhorar de agora em diante. Obviamente, o processo de recuperação da economia será longo, tortuoso e recheado de contratempos. Contudo, não podemos descartar um cenário muito mais positivo para o setor corporativo em algum momento entre o segundo semestre deste ano e o início de 2017. Não me parece que os ativos locais estejam, neste momento, preparados para isso, vide a forte pressão sofrida pela bolsa nos últimos dias. Acredito que seja cedo para “cantar vitória”, mas salvo uma surpresa negativa externa, podemos observar uma recuperação de curto-prazo da bolsa local. 

 

Vale ressaltar, também, que a melhora do crescimento, por si só, é positiva para o cenário fiscal, pois reduz a dívida/PIB, e impulsiona o fechamento das taxas longas de juros. 

 

No cenário externo, a situação parece fluida. O ADP Employment e o Jobless Claims, ambos divulgados hoje nos EUA, apontam para um mercado de trabalho robusto, consistente com o discurso do Fed de que uma alta de juros poderá ocorrer mais cedo do que tarde. 

 

Por hora, o mercado parece tranquilo com este cenário de alta gradual de juros nos EUA. A depreciação “controlada” do CNY, na China, também está sendo bem absorvida pelos investidores. Estou bastante impressionado com a força da bolsa dos EUA nos últimos dias, assim como para o suporte que o petróleo ganhou nas últimas semanas. Não que eu veja um cenário de crise à espreita, mas dado os riscos do cenário, em uma economia global que cresce pouco, eu imaginaria que o mercado fosse pedir maiores prêmios de risco. 

 

A reunião do ECB na Europa trouxe poucas novidades ao cenário, enquanto a reunião da OPEP chegou ao fim sem que o cartel acordasse qualquer tipo de medida visando elevar os preços da commodity.




Data: 02/06/2016

Brasil: Aprovação da DRU. Importante vitória de Temer.

 

Os ativos de risco estão operando próximos a estabilidade, em um começo de manhã cuja a agenda poderá ser bastante relevante para a dinâmica de curto-prazo dos mercados financeiros globais. O destaque externo ficará por conta da decisão do ECB na Europa e para o ADP Employment nos EUA. No primeiro caso, a expectativa é de manutenção do status-quo. Qualquer decisão diferente desta poderá gerar volatilidade aos mercados. No segundo caso, um número robusto poderá ser “a opa de cal” que faltava para o mercado precificar com uma probabilidade mais próxima de 100% uma alta de juros nos EUA entre junho e julho, com consequências óbvias aos ativos de risco. 

 

No Brasil, a Câmara aprovou na noite de ontem a DRU, por 334 votos a 90, ou seja, cerca de 78% de aprovação, em mais uma importante vitória para o governo Temer. Por se tratar de uma emenda constitucional ainda é necessária mais uma votação, que deverá ocorrer na próxima terça-feira, antes do texto seguir para a apreciação dos senadores. De qualquer maneira, a aprovação de ontem é um passo muito importante no projeto de ajuste fiscal que pretende ser implementado pelo governo interino. Vale lembrar que a proposta já estava em tramitação no governo Dilma, que nunca conseguiu tira-la do congresso.

 

Como venho insistindo, acredito que o acumulo de notícias mais positivas, especialmente o andamento dos projetos apresentados pelo atual governo, será um passo importante para convencer os investidores de que o país está saindo de uma situação insustentável economicamente, para uma situação ainda ruim, mas muito melhor do que a anterior. O risco político ainda é elevado, e deverá continuar assim por muito tempo, já que a Operação Lava-Jato ainda está em andamento, e a oposição continuará fazendo seu papel para tumultuar o ambiente em Brasília e junto aos movimentos sociais em todo o país. Por hora, sem uma mudança drástica no que tange o entorno de Michel Temer, acredito que estas questões devem ser tratadas como ruídos de curto-prazo, totalmente naturais e saudáveis em uma democracia. Vale lembrar que FHC governo sobre forte pressão da oposição, tendoum PT fortalecido e liderado por Lula ao longo de todo o seu governo. 

 

O mercado aguarda esta manhã, ansiosamente, uma nova fase da Operação Lava-Jato, que os blogs políticos estão dando como certa ainda esta semana. De acordo com os rumores, o STF teria autorizado a Operação, cujo foco seria em torno de autoridades políticas em Brasilia.  




Data: 01/06/2016

PMIs Globais e PIB Brasil.

 

No cenário externo, o destaque do dia ficou por conta da divulgação dos PMIs Manufatureiros Globais, que apresentaram uma preocupante desaceleração. O PMI Manufacturing dos EUA subiu de 50,8 para 51,3, mas detalhes qualitativos que ainda mostram um setor de manufatura fragilizado. A despeito da leve recuperação do PMI nos EUA, o mundo apresentou sinais evidentes de desaceleração.

 

Minha visão em relação ao cenário externo continua a mesma, ou seja, um mundo com baixo crescimento, ainda alavancado (ou se alavancando) não me parece saudável para alguns (ou vários) mercados, como os emergentes e as commodities.

 

Por hora, parece estarmos diante apenas de um período de crescimento estruturalmente baixo, em que os PMIs irão flutuar em torno de 48 e 52 pontos, sinalizando para um crescimento baixo porém estável. Contudo, quando a economia atinge uma velocidade de cruzeiro relativamente baixa, eleva-se os riscos de que qualquer choque possa levar o crescimento a uma recessão.

 

A PIMCO resumiu bem este cenário em um artigo divulgado hoje: 

 

In recent years we have described “riding a wave” of central bank interventions, as a range of unconventional policies have been rolled out across countries, driving asset price returns. This wave-riding has worked well in the past. Looking out over the secular horizon, however, diminishing returns to central bank interventions – and the potential for policy activism to do more harm than good, notably in the case of negative policy rates – advise against such an approach. Debt levels globally remain very high, and the more levered sectors are relying on (potentially less effective) central bank support. While our baseline secular outlook sees a fairly benign macroeconomic path and fairly range-bound markets, there are a range of downside risks (discussed in detail above), including China and the eurozone, monetary policy exhaustion, political gridlock and the rise of populism. These potential shocks to the global economy increase the prospects for permanent debt write-downs over the secular horizon. Overall, we expect to have more cautious positioning in our portfolios, and to make capital preservation the number-one priority. It will be critical to target high quality income-generating assets in our portfolios but not necessarily the highest-yielding assets – we will tend to look for structural seniority, and we want to see sufficiently strong fundamentals or hard asset coverage to help investments weather the uncertainties over the secular horizon. We cannot rely solely on central bank support. The secular timeframe is likely to remain a very difficult environment for investing, and we will seek to avoid investments where there is a real risk of permanent capital loss. 

 

No Brasil, o destaque ficou por conta do PIB (mais detalhes abaixo). Acho válido comentar, contudo, o melhor desempenho dos ativos locais, em um sinal de que o quadro técnico possa estar mais balanceado. Além disso, os ruídos políticos arrefeceram e a perspectiva de aprovação da DRU também parece estar ajudando o humor dos ativos locais. No final do dia, surgiu o rumor na mídia de que o STF poderia estar estudando uma nova ação contra alguma autoridade política, o que trouxe mais rumores ao mercado. 

 

Trabalho com um cenário de baixo crescimento global no horizonte relevante de tempo. No tocante ao cenário interno, vejo um hiato do produto muito aberto (e ainda abrindo) que ajudará no processo de desinflação. O mercado de trabalho deverá manter uma trajetória de deterioração, reduzindo o espaço para os aumentos salariais. Finalmente, acredito que a recuperação do crescimento será em “L”, ao contrário dos outros momentos de crise vividos pelo país, quando uma recessão com queda de quase 8% do PIB era seguida de forte expansão da economia. Todos esses vetores me levam a concentrar risco no mercado local de juros. 

 

O PIB Brasil, segundo nossa área econômica:

>>PIB veio melhor que o esperado (-0,3%t/t dessaz vs. Icatu: -0,6%t/t dessaz). No lado da demanda, o consumo veio melhor que o esperado, enquanto, no lado da oferta, a surpresa veio em serviços imobiliários e na indústria em “eletricidade e gás, água, esgoto e limpeza urbana” e “extrativa mineral”;

>>Embora acima do esperado, o consumo das famílias encolheu -1,7%t/t dessaz. No entanto, o consumo do governo subiu +1,1%t/t dessaz;

>>A formação de capital fixo encolheu -2,7%t/t dessaz;

>>Vale mencionar que mais uma vez a contribuição do setor externo foi importante (contribuindo com +1,6p.p.), compensando a forte queda da demanda doméstica (-1,34%t/t dessaz). A contribuição da variação de estoques (-0,55p.p.) fez a balança pender para uma queda de -0,3% t/t dessaz no PIB;

>>A demanda doméstica permanece encolhendo mais que o PIB. Vemos um ajuste macroeconômico em curso, com o gap de demanda doméstica fechando em relação ao PIB (na janela desde 2009);

>>O deflator real dos impostos indiretos sugere elevação de alíquotas (basta lembrar que vários estados elevaram ICMS);

>>O Deflator do PIB segue abaixo do IPCA (inflação média anual); As taxas de poupança e investimento caíram mais uma vez (em 4 trimestres);

>>Estamos projetando queda ao redor de -4% em 2016, após a divulgação do PIB (antes a nossa expectativa era de -4,2%). A surpresa no PIB representa apenas mudanças marginas no cenário de juros. 

 




Data: 01/06/2016

Crescimento global preocupa.

 

Estamos iniciando a quarta-feira com novas evidências de que o crescimento global se mostra fraco e preocupantemente frágil. Na China, o PMI Manufacturing se manteve em 50 pontos em maio. Na Área do Euro, caiu de 50,7 para 50,5. Na Coréia do Sul, as exportações de maio apresentaram queda de 6% YoY, muito abaixo das expectativas de -0,4% YoY. 

 

Ao contrário do tom positivo que os sell-sides estão dando a manutenção do PMI da China em torno de 50 pontos, eu vejo com extrema preocupação o cenário do país. A China passou por uma forte expansão de crédito nos últimos meses, e o governo foi capaz apenas de manter a economia em níveis de crescimento estáveis e, em patamares baixos para o histórico recente de crescimento. Fica evidente que é necessário cada vez mais crédito para um crescimento cada vez menor, em um clássico efeito de “diminishing returns”. 

 

A queda de 6% nas exportações da Coréia do Sul reforça a tese de que o crescimento da China e, consequentemente, da Ásia como um todo, encontra-se em situação fragilizada, não apenas sem sinais de recuperação, mas com o risco de uma desaceleração adicional no futuro que se avizinha. 

 

Na Europa, a situação é um pouco menos preocupante, mas o crescimento corrente em torno de 1,5% não traz alento e manutenção do PMI nos atuais níveis aponta para riscos baixistas para o crescimento, mesmo com o ECB mantendo uma política monetária extremamente expansionista. Aqui, novamente, o efeito da política monetária se mostra cada vez menos eficaz. 

 

A notícia positiva ficou por conta do PIB na Austrália, cuja a alta de 1,1% QoQ no 1Q ficou acima das expectativas de 0,8% QOQ, dando suporte ao AUD essa manhã. 

 

Eu mantenho minha visão de que o rally dos ativos de risco (bolsas, commodities e etc) não é compatível com o cenário de crescimento que estamos observando, assim como existem riscos (Brexit, Alta de juros nos EUA, Eleições nos EUA, e etc) que deveriam demandar maior prêmio de risco dos mercados.

 

No Brasil, a Folha afirma que o governo poderá negociar uma data limite para que a proposta do teto dos gastos possa passar no congresso. A notícia mostra que não será fácil implementar todas as medidas que vem sendo sinalizadas por este governo. 

 

Diante dos riscos políticos do cenário local, tenho concentrado meu risco na parte curta e intermediária da curva local de juros, mercado que vejo um claro fundamento econômico para queda de taxas em um futuro não muito distante, mesmo que em meio a um cenário político volátil. Mantenho minha visão mais cautelosa com o Ibovespa e o BRL. 




Data: 01/06/2016

Petróleo, Inglaterra & Brasil

 

No cenário externo, o Petróleo testou, e falhou, novamente, o rompimento do patamar de US$50, visto por muitos como um teto para o preço da commodity no curto-prazo. Não sou especialista no assunto, mas acho relevante acompanhar a dinâmica deste ativo como referência para os ativos de risco. Vale lembrar que o sell-off dos ativos no início do ano foi concomitante com uma queda para em torno de US$28 no preço do petróleo, assim como a recuperação dos mercados financeiros globais acabou sendo ajudada pela recuperação do petróleo para o atual patamar. 

 

Na Inglaterra, duas pesquisas, uma por telefone, e outra online, mostrara os votos favoráveis pela saída do país da UE a frente dos votos favoráveis a manutenção do país na UE. Com a proximidade da votação, agendada para o dia 23 de junho, é natural que os ativos de risco fiquem mais reativos e sensíveis a este tipo de pesquisa. A forte queda do GBP, e a consequente pressão nas bolsas globais foram sem dúvida uma reação a está pesquisa.

 

Contudo, um leitor deste fórum me alertou para o quão errada essas pesquisas foram no passado recente das votações na região, dando o exemplo das eleições gerais e o Scottish Referendum, onde as pesquisas mostraram um cenário totalmente diferente o que o resultado final acabou apresentando. Assim, é importante monitorar também as casas de apostas que, por mais bizarro que possa parecer, costumam prever melhor as eleições do este tipo de pesquisa. 

 

De qualquer maneira, ainda vejo o mercado sensível a essas pesquisas no curto-prazo, especialmente pelo estrago que uma saída da Inglaterra da UE pode fazer na economia de toda a região. Como o próprio próximo presidente do BCB afirmou em seu último artigo como economista chefe do Itaú: Another example of non-traditional risk is the referendum on the Brexit. The vote is due June 23. A vote for “Brexit” would likely reduce UK potential growth from 2.5% to 1.0%-1.5%. This would also have a direct and indirect impact on the rest of Europe, affecting the region’s capacity for recovery following its recent severe crisis. Stagnation would be likely; recession a possibility. 

 

Nos EUA, o dia foi de dados econômicos mistos. Observamos uma forte alta do Personal Spending em abril, colocando o segundo trimestre em situação bastante sólida. Contudo, em maio, o Chicago PMI caiu abaixo de 50 pontos novamente, enquanto o Consumer Confidence caiu para 92,6 pontos, ambos abaixo das expectativas. O cenário para a economia norte americana segue fluido, com um crescimento baixo porém estável, com uma alta apenas gradual da inflação e um Fed determinado a dar continuidade ao processo de normalização monetária. 

 

Está noite será divulgado o PMI da China, que poderá trazer uma importante mensagem para o cenário global. 

 

No Brasil, o dia foi de agenda cheia, em meio a um cenário político conturbado. No meio político, alguns jornais citam a possibilidade de alguns Senadores mudarem o seu voto em relação ao impeachment, o que poderia mudar drasticamente o quadro político atual. Ainda vejo este cenário como muito pouco provável. Acredito que o próximo grande evento político, salvo uma novidade da Operação lava-Jato, será a aprovação (ou não) da DRU. A mídia está reportando também que a Odebrecht teria assinado um acordo de delação premiada, o que pode vir a tumultuar ainda mais o quadro político local. 

 

Neste meio tempo, continuamos a ver sinais animadores dos indicadores de confiança. Ainda é cedo para “cantar vitória”, mas a estabilização destes índices ascende uma esperança de que podemos estar muito próximos ao fundo do poço da economia. 

 

No tocante ao mercado de trabalho, contudo, as notícias ainda são pouco animadoras, com aumento do desemprego e forte contração dos rendimentos. Este cenário deve prevalecer ainda por vários meses, o que será um importante vetor no combate à inflação.




Data: 30/05/2016

Brasil: Governo admite que só teto de gastos não resolve e já prepara outras medidas

 

Em uma segunda-feira de feriado nos EUA e na Inglaterra, o ativos de risco estão operando sem grandes movimentações e com baixíssima liquidez. 

 

No Brasil, mas um Ministro do atual governo foi pego em gravações criticando a Operação Lava-Jato, criando mais um evento de constrangimento ao governo interino. 

 

Segundo a Folha: O ministro da Transparência, Fiscalização e Controle escolhido pelo presidente interino Michel Temer, Fabiano Silveira, criticava a operação Lava Jato[www1.folha.uol.com.br] e orientava investigados enquanto tinha um cargo de conselheiro do CNJ (Conselho Nacional de Justiça), órgão que fiscaliza o poder Judiciário. Fabiano Silveira foi gravado pelo ex-diretor da Transpetro, Sérgio Machado, que se tornou delator da operação, na casa do presidente do Senado, Renan Calheiros. Os áudios foram exibidos pelo programa Fantástico, da TV Globo. Numa das frases, após Machado criticar o Procurador-geral de Justiça, Rodrigo Janot, Silveira diz: "Eles estão perdidos nessa questão [da Lava Jato]". Segundo o programa, a gravação ocorreu no fim de fevereiro, na casa do presidente do Senado. Fabiano é servidor do Senado e foi indicado para o CNJ por Renan. 

 

De acordo com o Estado, existe muita resistência no Congresso as medidas de ajuste fiscal apresentadas até o momento pela equipe de Temer: Líderes dos sete maiores partidos do Congresso não querem se comprometer com a pauta econômica do presidente em exercício Michel Temer, principalmente em relação às duas medidas prioritárias: o teto dos gastos públicos e a reforma da Previdência. Apesar de reconhecerem a necessidade dos projetos, eles dizem ser necessário discutir mudanças nas propostas. A resistência existe até nas bancadas do PMDB, partido do qual Temer é presidente licenciado. 

 

No Valor, Ribamar Oliveira afirma que “Governo admite que só teto de gastos não resolve e já prepara outras medidas”. Segundo o artigo, Apenas com a fixação de um teto para as despesas da União a partir de 2017, como pretende o presidente interino Michel Temer, o governo federal só voltaria a obter um superávit primário em suas contas em até oito anos, de acordo com os cálculos que estão sendo feitos pela equipe econômica. "Mas nós não vamos esperar tanto tempo", garantiu uma autoridade, em conversa com o Valor. Assim, o governo deverá anunciar, logo após a aprovação da proposta de emenda constitucional que fixa o teto pelo Congresso Nacional, novas medidas para melhorar as finanças públicas, que podem incluir mudanças de regras de benefícios sociais, a venda de ativos da União e, se necessário, a elevação ou criação de impostos. Entre as medidas está a reforma da Previdência Social. Caso o teto para os gastos seja aprovado pelo Congresso, o governo passará a trabalhar com um novo conceito fiscal, sobre o qual ainda não há clareza, principalmente porque não se conhece o texto da proposta de emenda constitucional. Quando o teto estiver em vigor, a despesa total da União para um determinado exercício será aquela registrada no ano anterior, corrigida pela variação da inflação e nada mais.




Data: 30/05/2016

Brasil: Ruído político ainda elevado.

 

A segunda-feira será de feriado nos EUA e na Inglaterra, o que deverá manter os ativos de risco com baixa liquidez. O fluxo de notícias do cenário externo, neste ambiente, acabou sendo esvaziado neste final de semana. A mídia apenas repercutiu a mensagem de Yellen na sexta-feira, sinalizando para uma alta de juros nos EUA mais cedo do que tarde, além da conclusão da reunião do G7, que não trouxe nenhuma nova medida, ou sinalização diferente naquela que já era esperada pelo mercado. Vale lembrar que o Japão trabalhou para a divulgação de um comunicado mais cauteloso e sombrio em relação ao cenário de crescimento global, mas acabou sendo vencido pela decisão dos EUA e da Alemanha da manutenção dos principais pontos que já vinham sendo mencionados nas reuniões anteriores. 

 

No Brasil, a mídia continua focada nas gravações que vem sendo divulgadas da possível delação premiada de Sergio Machado, ex-presidente da Transpetro, e político muito próximo a uma das alas do PMDB, especialmente aquele lidera por Renan Calheiros, atual presidente do Senado. 

 

O destaque do final de semana ficou por conta de uma menção que Machado teria feito em relação a uma ajuda que teria dado a um aliado de Temer nas eleições para prefeito de São Paulo. De acordo com a mídia, o candidato seria Gabriel Chalita. Tanto Temer, quanto Chalita negam a existência desta ajuda. A gravação traz pouca coisa concreta em relação ao envolvimento de Temer ou qualquer outro político. Contudo, em meio a um cenário político ainda conturbado, reforça a visão de que no meio político “todos podem ter o telhado de vidro”. 

 

Como os ativos locais já estavam mostrando fragilidade nos últimos dias, não podemos descartar novas rodadas de pressão no curto-prazo. Eu ainda não vejo estas gravações como indício final de que o governo Temer esteja fadado ao fracasso. Continuo otimista com o time montado por Temer, especialmente no campo econômico. Contudo, temos que nos manter atento a um eventual enfraquecimento definitivo do governo, o que inviabilizaria a adoção de importantes reformas no país. 

 

Ademais, existem rumores de que novas delações premiadas confirmam o envolvimento de Dilma e Lula no centro do Petrolão, assim como a tentativa de obstrução de justiça no tocante a Operação Java-Jato. Por hora, são apenas suposições ventiladas pela mídia, mas caso comprovado, reforçam a tese de que dificilmente o governo Dilma conseguirá se reerguer neste processo de impeachment. 

 

Após um período de baixa alocação a risco, devido ao quadro técnico e aos riscos externos, já vejo prêmios que justificam uma alocação moderada na parte intermediária das curvas nominais e reais de juros locais. A dinâmica do mercado ainda é ruim, os ruídos políticos são elevados, mas ainda vejo um cenário macro (hiato do produto elevado, recessão, desemprego crescendo, sinais de moderação na inflação de serviços e etc) que justificam uma alocação moderada no mercado de juros. Sigo sem uma visão clara para o Ibovespa e  o BRL.




Data: 30/05/2016

Mercados Globais - Update

 

A sexta-feira, véspera de feriado nos EUA e na Inglaterra, foi marcada por ume entrevista de Yellen em um evento em Harvard. Moderado pelo economista Gregory Mankiw, Yellen teve a oportunidade de proferir algumas palavras de como analisa o estado da economia americana. Por um lado, Yellen não foi tão direta e incisiva como os demais membros do Fed nos últimos dias, em relação a possibilidade de alta de juros no curto-prazo (junho ou julho). Por outro lado, deus sinais contundentes de que o cenário, caso mantido, enseje uma alta de juros mais cedo do que tarde.

 

Os ativos de risco reagiram de acordo, com forte alta nas taxas de juros curtas nos EUA (entre 5 e 10bps), alta do dólar e pressão nos ativos emergentes. O mercado embute probabilidade de alta de 25bps em junho em 35%, em junho em 60% e até dezembro em cerca de 80%. É natural supor que, caso o cenário de alta de juros se consolide, continuaremos a ver uma pressão altista no dólar e nas taxas de juros, e baixista nos ativos emergentes, até que a alta de juros seja totalmente precificada, ou o cenário mostre alteração relevante. Vale ressaltar, contudo, que ainda existe o risco de o Fed optar por 2 altas de juros este ano, o que poderia estender por mais tempo a dinâmica descrita acima. 

 

A revisão do PIB do 1Q trouxe poucas novidades, exceto pela consolidação de um cenário bastante negativo para os lucros das empresas. Segundo o JP Morgan: The profits data within the GDP report were also disappointing. Adjusted profits increased only 0.3% saqr in 1Q after dropping 7.8% saar in 4Q15. A spike in transfer payments (related to the BP oil spill settlement) depressed profits in 4Q and then boosted them in 1Q, so the quarterly figures are choppy and do not completely reflect actual changes in economic activity from quarter to quarter. But the trend in profits has clearly been weak lately aside from the changes in transfer payments—profits fell 14% saar over the past two quarters and were down 6%oya. This weakness in profits is likely contributing to the recent pullback in business spending and hiring growth. 

 

Os ativos no Brasil seguiram o humor global a risco, com o agravante de uma posição técnica ruim nos mercados de juros e câmbio, além de todos os ruídos políticos que estão rondando este início de governo Temer. Como tenho insistido neste fórum, continuo sem visão no tocante ao Ibovespa e ao BRL. 

 

Após um período de baixa alocação a risco, devido ao quadro técnico e aos riscos externos, já vejo prêmios que justificam uma alocação moderada na parte intermediária das curvas nominais e reais de juros locais. A dinâmica do mercado ainda é ruim, os ruídos políticos são elevados, mas ainda vejo um cenário macro (hiato do produto elevado, recessão, desemprego crescendo, sinais de moderação na inflação de serviços e etc) que justificam uma alocação moderada. 

 

Vale ressaltar que o Tesouro divulgou hoje cedo os dados da dívida pública federal. Após alguns meses de redução da participação estrangeiro, vimos o primeiro mês de elevação da parcela dos estrangeiros na dívida pública local, e isso antes mesmo do processo de impeachment ter avançado ao estágio que chegou hoje. O fluxo cambial deste mês ainda está bastante negativo, o que espelha o ceticismo dos investidores em relação ao processo de ajuste no Brasil. Contudo, caso o atual governo consiga entregar pelo menos parte do que está prometendo, este ceticismo poderá ser revisto.




Data: 25/05/2016

Governo vence, mas dúvidas persistem.

 

Os ativos de risco estão dando continuidade ao movimento positivo verificado ontem, com destaque para a alta das bolsas globais, lideradas por mais um movimento altista do petróleo.

 

Na China, o PBoC continua guiando o CNY para níveis mais depreciados, em linhas com o movimento verificado no dólar ao redor do mundo nos últimos dias. Por hora, o mercado se mostra tranquilo com este movimento, em um sinal de que entende o novo modelo cambial do país. 

 

Na Grécia, um acordo junto aos credores está dando imenso alívio aos ativos do país, com juros fechando taxas e alta da bolsa local. 

 

No Brasil, temos algumas notícias divergentes. Em primeiro lugar, o governo saiu vitorioso em sua primeira batalha no Congresso, com a aprovação da meta fiscal para 2016. Não há dúvida de que a vitória seja positiva. Contudo, a seção do Congresso foi longa e tumultuada. A oposição conseguiu fazer bastante barulho e obstruir a pauta por várias horas. A dinâmica da votação mostra que, talvez, será mais complicado aprovar temas um pouco mais polêmicos no futuro que se avizinha. 

 

Em artigo da Folha, gravações de Renan Calheiros, presidente do Senado, coloca o senador em situação complicada, parecida com aquela de Eduardo Cunha e principalmente, Romero Jucá. As gravações fazem parte do acordo de delação premiada de Sergio Machado, ex presidente da Transpetro, e pessoa muito próxima a cúpula do PMDB. As gravações tornam o cenário político ainda mais complicado, já que deixam o receio d Operação Lava-Jato no ar, sem que saiba quem serão os próximos alvos da Operação. Vale lembrar que o vice presidente do Senado é do PT, hoje partido de oposição ao governo interino. 

 

Finalmente, os jornais de hoje sinalizam que algumas das medidas tomadas pelo governo interino podem ferir a Lei de Responsabilidade Fiscal, e outras devem enfrentar resistência do Congresso: 

 

Segundo O Globo, Líderes da bancada governista no Congresso receberam bem as medidas anunciadas ontem pelo presidente interino, Michel Temer, mas alertaram para possíveis dificuldades na aprovação de limites de gastos em saúde e educação. Já a oposição atacou as propostas e prometeu trabalhar para derrotá-las no Legislativo. 

 

Na Folha, Parecer técnico da Câmara sustenta que a primeira medida provisória de Michel Temer, que reorganizou a Esplanada, apresenta “incompatibilidades” com a Lei de Responsabilidade Fiscal e com a Constituição. Segundo o estudo, a criação dos ministérios da Transparência e do Gabinete de Segurança exigiria “prévia dotação” e “autorização específica” na lei de diretrizes orçamentárias. Também não há estimativa do impacto financeiro nem demonstração de recursos para custeio.




Data: 25/05/2016

Brasil em Foco

 

Michel Temer, em conjunto com sua equipe econômica, divulgou hoje medidas preliminares de ajuste fiscal (mais detalhes no decorrer deste fórum). As medidas, em grande parte, ficaram dentro do que já vinha sendo ventilado pela mídia nas últimas semanas. As medidas são positivas e vão de encontro a necessidade de um ajuste fiscal de longo-prazo para o país.

 

Contudo, vale ressaltar que, (1) Parte das medidas precisará passar pelo crivo do Congresso, cujo o apoio ainda não é garantido, (2) O governo está preferindo “empurrar” parte do peso do ajuste para o futuro, tornando a trajetória da dívida/PIB ainda preocupante no curto-prazo, especialmente caso tenhamos crescimento baixo nos próximos anos, (3) Não observamos medidas mais agressivas, talvez impopulares, mas necessárias para garantir um ajuste, no mínimo, necessário para evitar a escalada do endividamento do país (aumento de impostos, Previdência e etc).

 

Os pontos de interrogação descritos acima, somados a uma posição técnica ruim, e aos recentes ruídos trazidos pelo “Evento Jucá”, mantiveram a dinâmica dos ativos locais ruim, especialmente vis-à-vis o que observamos no resto do mundo ao longo do dia de hoje.

 

Em relação a posição técnica, minha impressão é que os fundos locais já estão bastante otimistas com o cenário, e posicionados via juros nominais, juros reais e BRL. Em contrapartida, os investidores estrangeiros continuam céticos. Os dados do BoP divulgados hoje, com mais um mês de vendas liquidas de ativos de renda fixa, apenas confirmam está tese. O fluxo cambial para o mês de maio é mais um indício nessa direção, assim como a consistente redução da exposição dos investidores estrangeiros na dívida local nos últimos meses.

 

Minha impressão é que este governo precisará aprovar alguma medida de impacto no Congresso, para provar que tem apoio político, para que a próxima rodada de apreciação dos ativos locais aconteça. A votação da meta fiscal é importante neste aspecto, assim como o número de votos favoráveis ao governo. Todavia, este é apenas um passo inicial nesta direção. Eu, particularmente, acredito que a aprovação é praticamente certa. Adiar a proposta, ou uma derrota do governo, irá apenas gerar um ruído grande e desnecessário.

 

Voltando ao ajuste fiscal, jogar parte do peso do ajuste para o futuro, naturalmente deixa o impulso fiscal para o curto-prazo maior do que em um cenário de ajuste fiscal mais agressivo o que, consequentemente, reduz o espaço para cortes de juros.

 

Enquanto isso, a Operação Lava-Jato segue a todo vapor, com riscos imensuráveis a todos os partidos, ao governo interino e a oposição. Este talvez seja um dos principais riscos ao Governo Temer.

 

Resumindo, acredito que as intenções do governo são boas. A equipe é competente. Mas precisam mostrar que estão bem amparados no Congresso para aprovar as medidas necessárias ao país. Estou com baixa exposição a risco, na espera de um cenário mais claro, ou de níveis de preço mais atrativos. Continuo com baixas convicções em relação ao BRL e ao Ibovespa, preferindo focar os esforços no mercado de juros.

 

Segue um breve comentário de nossa área econômica sobre o pacote de medidas anunciado hoje: 

>> As medidas fiscais são medidas positivas, embora deixe o ajuste mais para frente (inclusive joga o esforço para os próximos governos). O teto de gastos (via PEC, o que não é tão fácil de passar) é função da inflação do ano anterior. No longo prazo isso funciona muito bem. Para o próximo ano, é uma regra relativamente frouxa para dada trajetória de inflação. Se a inflação ficar entre 7,04%em 2016 (como está no Focus) e desacelerar para algo como 5,5% (como está no Focus) em 2017 e caso a economia cresça 0,5%, o PIB nominal cresceria algo como 6% em 2017 (supondo deflator implícito igual ao IPCA), ou seja, as despesas em 2017 ainda cresceriam em percentagem do PIB. A medida de teto de gastos ainda necessita de maiores detalhes, tem que desvincular despesas em saúde e educação e precisa fazer algo para conter gastos sociais e previdenciários (que crescer mais rápido que o PIB, pelo crescimento vegetativo dos benefícios – os apesentados tendem a aumentar a uma taxa de 4% ao ano e com ajuste APENAS pelo INPC dos benefícios, superam o crescimento do PIB nominal). Não é uma tarefa fácil.

>> O governo ainda anunciará medidas adicionais. O governo tem sinalizado que não fará maiores esforços de contenção fiscal no curto prazo (anunciou um amplo déficit primário, de R$170,5bi para 2016). Ou seja, o governo tentará beneficiar de sua credibilidade para aprovar medidas com impactos de médio e longo prazo, entre elas reformas como: trabalhista, previdenciária e de limite de gastos.

>> A medida de devolução de R$100bi do BNDES para o Tesouro em alguns anos (R$40 bi esse ano e outras duas parcelas de R$30bi). É uma medida muito positiva, diminuirá o subsídio e também o tamanho da dívida bruta.




Data: 24/05/2016

AUD, Europa & Desafios ao Governo Temer

 

Os ativos de risco estão apresentando recuperação essa manhã, mais uma vez liderados por uma rápida e acentuada recuperação no preço do petróleo. A agenda do dia será esvaziada no cenário externo, com o IPCA de março sendo o destaque na agenda local.

 

O destaque desta manhã está por conta de um movimento de dólar forte contra G7, especialmente em relação ao AUD, após um discurso do Presidente do RBA (Banco Central da Austrália) reforçar seu compromisso com as metas de inflação, em um sinal que foi lido como dovish pelo mercado.

 

As bolsas globais operam em leve alta, com o mercado de juros dos EUA apresentando relativa estabilidade está manhã. 

 

Na Alemanha, o PIB do 1Q foi confirmado uma alta de 0,7% QoQ A Barclays Fe zum resumo direto em relação a abertura do indicador: Growth was mainly driven by investment and private and public consumption while net trade balance growth contributed negatively, due to imports growing stronger than exports. 

 

Na França, o Business Sentiment (INSEE) caiu de 104,9 para 104,5, em linha com as expectativas. Já o Consumer Confidece subiu 1 ponto, para 102. O número ratifica o cenário de moderação do crescimento do país (e de toda a Europa) que já vem sendo mostrado pelos últimos indicadores de crescimento ao longo das últimas semanas. 

 

No Brasil, Michel Temer exonerou Romero Jucá do cargo de Ministro do Planejamento, após o episodio amplamente comentado neste fórum ontem. Jucá retornará ao Congresso como Senador. Resta a dúvida, agora, se será capaz de manter sua contribuição no papel de grande articulador junto ao meio político e braço direito de Temer. 

 

O dia será marcado pelo anuncio de medidas no âmbito econômico, com o intuito de colocar o país de volta aos trilhos. Segundo O Globo: 

 

O primeiro pacote econômico do governo Michel Temer, que deve ser anunciado hoje no Palácio do Planalto, deve incluir dois projetos que estão com a tramitação parada no Congresso Nacional: a lei de responsabilidade das estatais e a fixação de um teto para os salários do funcionalismo. Segundo interlocutores da área econômica, as duas propostas ganharão apoio para serem votadas mais rapidamente, pois são consideradas sinalização importante de compromisso com a independência de trabalho das empresas públicas e com a melhoria na gestão dos gastos. 

 

O Painel da Folha está dando um tom mais negativo para os projetos do Governo Interino após a saída de Jucá e o distanciamento de Cunha: 

 

Sem coringa A agenda Temer perderá velocidade no Congresso com a saída de Romero Jucá, segundo general do PMDB a tombar em apenas 18 dias. Sem ele e sem Eduardo Cunha, dois dos principais operadores do presidente interino no Legislativo, ficará mais difícil aprovar uma pauta econômica ambiciosa. Em conversas reservadas com aliados de sua confiança, o próprio ex-ministro do Planejamento reconheceu que, uma vez fora da Esplanada, terá menos poder para influenciar votações polêmicas. 

 

Bate-pronto Amigos não gostaram de ver Jucá rifado pelo Planalto logo na primeira tempestade. E alertam: deixar o aliado no sereno não parece uma boa estratégia para quem quer ver o impeachment definido no Senado. 

 

Desquite Enquanto Jucá ardia na fogueira da crise, um importante banqueiro vaticinava: “A lua de mel acabou”.

 

Sem tropa O mercado financeiro, fã de previsibilidade, está roendo as unhas. Vê Sérgio Machado como o homem-bomba do PMDB. Teme que ele implique Renan Calheiros e elimine mais um alto oficial do QG peemedebista. 

 

Vitaminado Com a exoneração, Henrique Meirelles assume sozinho o papel de fiador do governo interino.




Data: 23/05/2016

Temer enfrenta seu primeiro grande obstáculo como presidente! - Updated

 

O dia foi dominado pelo cenário político local, com a divulgação da transcrição de uma conversa de Romero Jucá com Sergio Machado, ex Presidente da Transpetro. A conversa colocou o atual Presidente do PMDB, e Ministro do Planejamento, no olho da Operação Lava-Jato. Vale lembrar que Jucá é um grande articulador político junto ao Congresso, é braço direito de Michel Temer e figura essencial na estrutura montada pelo governo interino na administração Temer. 

 

Como comentei pela manhã, este tipo de evento pode vir a tirar apoio do atual governo, dificultando a aprovação de medidas essenciais para o país. Por hora, Temer está mantendo Jucá no cargo, mas a mídia está dando como certa sua saída. Estão ventilando a possibilidade de um rearranjo do Governo, com Eliseu Padilha assumindo o Planejamento. Na minha opinião, será uma jogada arriscada trocar Jucá por um outro nome já citado na Operação Lava-Jato.

 

Os próximos dias serão fundamentais. A maneira com que Temer irá lidar com está crise poderá ser essencial para o sucesso (ou não) de seu governo. Frente à enorme oposição já existente ao atual governo interino, Temer tem uma “bomba relógio” para desarmar, e rápido. 

 

Não acho que este evento, por si só, irá levar o país de volta ao passado. Contudo, é um grande alerta para os investidores de que a situação política ainda é extremamente tumultuada, e o caminho para o ajuste econômico será longo e tortuoso. Se os estrangeiros estavam reticentes em alocar recursos no país, este é apenas mais um vetor contrário a este fluxo positivo. 

 

Os ativos locais parecem estar em um grande range (BRL entre 3,45-3,6, Jan19 entre 12,25%-12,70%). Por hora, estou com postura mais cautelosa, especialmente diante de minha visão mais pessimista com o cenário externo, que tenho descrito neste fórum diariamente. Continuo vendo o mercado local de juros como a melhor aposta positiva para o Brasil. O dia foi de poucas novidades no cenário externo, exceto pela divulgação dos Flash PMIs ao redor do mundo. Os números de Japão, Europa e EUA ficaram abaixo das expectativas do mercado, mostrando um quadro de crescimento global ainda baixo, sem sinais de aceleração ou, até mesmo, estabilização.

 

Os dados de importação e exportação do Japão, assim como tínhamos visto em outros países da Ásia, sinalizam para um quadro preocupante. Além disso, as eleições americanas se aproximam, e Donald Trump parece estar ganhando apoio dia-após-dia. Enfim, vejo vários riscos no cenário, que não me parecem bem precificados pelos ativos de risco.




Data: 23/05/2016

Temer enfrenta seu primeiro grande obstáculo como presidente!

 

Os ativos de risco tiveram uma noite tranquila, e operam próximos a estabilidade. As bolsas apresentam leve altas ao redor do mundo, as commodities apresentam queda, com o dólar estável, e os juros dos EUA apresentando pequeno fechamento de taxas.

 

No Brasil, o governo interino amanhece com seu primeiro grande problema. O senador licenciado, e atual Ministro do Planejamento, Romero Jucá, foi pego em conversas telefônicas sugerindo que seria possível interferir na Operação Lava-Jato. Jucá já era investigado pela Operação, mas agora poderá ser acusado de obstrução de justiça, entre outros. O problema me parece grave para Michel Temer, pois Jucá é um de seus principais aliados e do “núcleo duro” do governo interino. Este tipo de divulgação poderá vir a tirar apoio do atual governo, dificultando a aprovação de medidas essenciais para o país.

 

Enquanto isso, a mídia continua a ventilar medidas que devem ser anunciadas por Henrique Meirelles com o intuito de promover um ajuste econômico, mas principalmente fiscal, no país. De acordo com O Globo:

 

"Após prever déficit recorde de R$ 170,5 bi, equipe econômica anuncia medidas amanhã. O Objetivo é limitar gastos públicos, mas a proposta deve incluir também ações para estimular o crescimento. Aumento de impostos ficará para uma segunda etapa. O presidente interino, Michel Temer, deve anunciar amanhã um conjunto de medidas para cortar gastos e estimular o crescimento da economia. O anúncio virá após o governo ter elevado, na sexta-feira, a previsão de déficit deste ano para R$ 170,5 bilhões, incluindo a liberação de R$ 21,2 bilhões que estavam contingenciados. A nova meta fiscal será apresentada hoje e deve ser votada no Congresso amanhã. A equipe econômica decidiu não propor aumento de impostos neste primeiro momento, por entender que o tamanho da elevação de tributos dependerá da aprovação, pelo Congresso, das medidas de controle das despesas. Temer vai argumentar que as ações são necessárias porque herdou do governo anterior um quadro de descontrole nas contas." 

 

Na Europa, o Flash PMI de maio ficou levemente abaixo das expectativas, mostrando um quadro de crescimento ainda baixo e sem sinais de recuperação consistente.

 

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No cenário externo, o destaque do final de semana ficou por conta da reunião do G7, realizada no Japão. Não era esperado nenhum anuncio ou medida concreta da reunião, mas o mesmo comunicado, geralmente vago e de pouco comprometimento, que marcou as últimas reuniões do Grupo. Contudo, como na reunião ocorrida em Shangai no início do ano, houve uma teoria por parte do mercado, de que as principais potencias do mundo haviam se comprometido e evitar mais uma rodada de apreciação desenfreado do dólar, a reunião no Japão acabou ganhando alguma atenção por parte dos investidores.

 

A reunião do G7 trouxe mais dúvidas do que conclusões. O comunicado apresentando após o evento manteve as mesmas linhas gerais daquele apresentado na reunião anterior. O que ganhou mais destaque, contudo, foi a grande oposição entre Japão e EUA no que diz respeito a uma eventual intervenção no câmbio japonês. O país julga que a apreciação recente de sua moeda (JPY) tenha sido rápida, acentuada e fora dos padrões normais, tese que é refutada pelos EUA. Assim, não houve acordo entre os dois países para que o Japão tenha uma permissão para intervir no Iene.

 

Além disso, a despeito de haver uma visão comum de que o suporte fiscal seja necessário para retomar o baixo crescimento global, não houve um esforço de cooperação nesta frente. Neste quesito, a Alemanha mostra-se bastante cautelosa, apontando para o nível elevado do endividamento global.

 

Em linhas gerais, percebe-se que não há, como no passado, uma coesão entre as principais economias do mundo em temas polêmicos, porém importantes para o futuro crescimento mundial, como taxa de câmbio e incentivos fiscais. Diante de um mundo que cresce pouco, e um poder cada vez menos potente e limitado da política monetária, qualquer sinal mais consistente de desaceleração adicional do mundo poderá levar os investidores a preverem a próxima recessão global.

 

No Brasil, Temer voltou a trás de sua decisão, e recriou o Ministério da Cultura. Apesar de achar um tema pouco relevante para os mercados locais, tenho ouvido muitas opiniões fortes sobre o tema. Então, gostaria de deixar um breve comentário. Na política, assim como no meio corporativo, há espaço para erros e acertos. Não acho que necessariamente seja um erro Temer voltar atrás em sua decisão de extinguir  MinC. Talver o governo interino tenha chegado a conclusão de que uma coisa pequena estava gerando um ruído desproporcional. Temer, provavelmente tenha pesado este fato, e decidiu que vale a pena comprar brigas maiores, mas não esta.

 

Mantenho minha visão que o grande teste deste governo será no Congresso, nas primeiras votações de medidas que serão propostas pelo governo interino. Se vierem derrotas, só ai vou julgar o governo Temer como um fracasso. Por hora, Temer montou uma equipe econômica de ponta, e um Ministério político, menor que o anterior, mas satisfazendo os anseios de toda a sua base aliada. Agora, resta entregar resultados concretos. Sendo assim, julgo a questão do MinC como um ruído para os mercados, a despeito de poder ser um grande mote de debate para sociedade civil.

 

No final da tarde de sexta-feira, o governo anunciou um déficit fiscal primário de R$170bi para este ano, que deverá ser aprovado no Congresso no inicio da semana. O déficit é monumental, mas um grande esqueleto do governo Dilma. O mercado deverá se ater as medidas que serão adotadas para reverter este quadro fiscal ao longo dos próximos anos.

 

Nesta direção, os jornais de final de semana continuam ventilando medidas para reformar a previdência e as leis trabalhistas, setores essenciais para reverter o quadro fiscal e aumentar a produtividade do país.

 

Repito, a equipe montada é competente. O caminho a ser tomado já é amplamente conhecido. Agora, falta mostrar que existe competência política para aprovar o mínimo necessário para colocar o país de volta a rota do crescimento. Os investidores continuam céticos, mas a aprovação das primeiras medidas no congresso poderá ser o primeiro grande passo para convencer o mercado financeiro que Temer será capaz de tirar o país da atual conjuntura. 




Data: 23/05/2016

Decepção do G7 / Ruídos no Governo Temer

 

No cenário externo, o destaque do final de semana ficou por conta da reunião do G7, realizada no Japão. Não era esperado nenhum anuncio ou medida concreta da reunião, mas o mesmo comunicado, geralmente vago e de pouco comprometimento, que marcou as últimas reuniões do Grupo. Contudo, como na reunião ocorrida em Shangai no início do ano, houve uma teoria por parte do mercado, de que as principais potencias do mundo haviam se comprometido e evitar mais uma rodada de apreciação desenfreado do dólar, a reunião no Japão acabou ganhando alguma atenção por parte dos investidores.

 

A reunião do G7 trouxe mais dúvidas do que conclusões. O comunicado apresentando após o evento manteve as mesmas linhas gerais daquele apresentado na reunião anterior. O que ganhou mais destaque, contudo, foi a grande oposição entre Japão e EUA no que diz respeito a uma eventual intervenção no câmbio japonês. O país julga que a apreciação recente de sua moeda (JPY) tenha sido rápida, acentuada e fora dos padrões normais, tese que é refutada pelos EUA. Assim, não houve acordo entre os dois países para que o Japão tenha uma permissão para intervir no Iene.

 

Além disso, a despeito de haver uma visão comum de que o suporte fiscal seja necessário para retomar o baixo crescimento global, não houve um esforço de cooperação nesta frente. Neste quesito, a Alemanha mostra-se bastante cautelosa, apontando para o nível elevado do endividamento global.

 

Em linhas gerais, percebe-se que não há, como no passado, uma coesão entre as principais economias do mundo em temas polêmicos, porém importantes para o futuro crescimento mundial, como taxa de câmbio e incentivos fiscais. Diante de um mundo que cresce pouco, e um poder cada vez menos potente e limitado da política monetária, qualquer sinal mais consistente de desaceleração adicional do mundo poderá levar os investidores a preverem a próxima recessão global. 

 

No Brasil, Temer voltou a trás de sua decisão, e recriou o Ministério da Cultura. Apesar de achar um tema pouco relevante para os mercados locais, tenho ouvido muitas opiniões fortes sobre o tema. Então, gostaria de deixar um breve comentário. Na política, assim como no meio corporativo, há espaço para erros e acertos. Não acho que necessariamente seja um erro Temer voltar atrás em sua decisão de extinguir  MinC. Talver o governo interino tenha chegado a conclusão de que uma coisa pequena estava gerando um ruído desproporcional. Temer, provavelmente tenha pesado este fato, e decidiu que vale a pena comprar brigas maiores, mas não esta. 

 

Mantenho minha visão que o grande teste deste governo será no Congresso, nas primeiras votações de medidas que serão propostas pelo governo interino. Se vierem derrotas, só ai vou julgar o governo Temer como um fracasso. Por hora, Temer montou uma equipe econômica de ponta, e um Ministério político, menor que o anterior, mas satisfazendo os anseios de toda a sua base aliada. Agora, resta entregar resultados concretos. Sendo assim, julgo a questão do MinC como um ruído para os mercados, a despeito de poder ser um grande mote de debate para sociedade civil. 

 

No final da tarde de sexta-feira, o governo anunciou um déficit fiscal primário de R$170bi para este ano, que deverá ser aprovado no Congresso no inicio da semana. O déficit é monumental, mas um grande esqueleto do governo Dilma. O mercado deverá se ater as medidas que serão adotadas para reverter este quadro fiscal ao longo dos próximos anos.

 

Nesta direção, os jornais de final de semana continuam ventilando medidas para reformar a previdência e as leis trabalhistas, setores essenciais para reverter o quadro fiscal e aumentar a produtividade do país.

 

Repito, a equipe montada é competente. O caminho a ser tomado já é amplamente conhecido. Agora, falta mostrar que existe competência política para aprovar o mínimo necessário para colocar o país de volta a rota do crescimento. Os investidores continuam céticos, mas a aprovação das primeiras medidas no congresso poderá ser o primeiro grande passo para convencer o mercado financeiro que Temer será capaz de tirar o país da atual conjuntura. 




Data: 20/05/2016

Inflação, Taxa de Juros e Crescimento Global

 

O destaque do dia ficou por conta do IPCA-15 de maio no Brasil. A inflação apresentou alta de 0,86% MoM e 9,62% YoY, muito acima das expectativas de 0,76% MoM e 9,51% YoY. A surpresa altista ficou concentrada em poucos itens, muito deles administrados, e alguns outros sazonais. É inegável que a inflação corrente continua elevada e incompatível com as metas de inflação e com o início de um processo de queda de juros no curto-prazo. Assim, reafirmo minha visão de que não tenho convicção de quando será iniciado um processo de distensão monetária no país. Na minha opinião, a melhor estratégia para o novo Banco Central seria adiar o início de um ciclo de queda de juros por cerca de 3 reuniões do Copom. Caso a inflação corrente arrefeça, as expectativas de inflação caiam, e o governo consiga implementar algum ajuste fiscal crível, o BCB terá melhores condições de iniciar um ciclo de queda da taxa Selic, talvez mais rápido e acentuado do que faria se antecipasse o ciclo. Além disso, ganharia credencias e respeito perante o mercado.

 

No que tange a dinâmica dos ativos locais, o dia foi de forte apreciação do BRL, em um dia de humor externo mais calmo, e na ausência do BCB nos swaps reversos. Continuo sem viés em relação a grandes tendências para a moeda local. Mesmo com a surpresa inflacionária, o mercado de juros teve uma sexta-feira de bom desempenho, favorecido pelo humor externo, e pela melhor performance do câmbio. Continuo otimista com relação a um processo estrutural de juros mais baixos no país, concentrando as alocações na parte intermediária da curva nominal e real de juros. 

 

O Ibovespa, contudo, apresentou mais um dia de desempenho ruim. Acredito que o ajuste fiscal que está sendo aventado poderá trazer efeitos colaterais ao setor corporativo, especialmente para os setores que durante anos foram favorecidos por medidas de incentivo por parte do governo. Além disso, a recuperação do crescimento poderá lenta e gradual, e o desemprego deverá continuar a subir nos próximos meses. Finalmente, existe um risco de “crowding-out” de recursos, caso se abre uma janela de IPO´s, privatizações, PPP e etc. Todos esses vetores parecem estar afetando o humor para a bolsa local, pelo menos temporariamente.

 

No cenário externo, o dia foi de consolidação dos mercados. Gostaria de chamar a atenção apenas para a divulgação das exportações de Taiwan. Devido a seus estreitos laços comerciais com a China, e por ser uma economia bastante aberta, com uma corrente de comércio elevada, as exportações de Taiwan costumam ser vista como uma boa proxy para o crescimento global. O número divulgado hoje reforça os sinais de arrefecimento do crescimento da China. Segundo o HSBC: Taiwan's export orders were significantly worse than expected in April at -11.1% y-o-y. There were sharp falls in orders from the US and Europe, while demand from China and Japan remained weak. Gains in the electronic sector last month were completely wiped away in April, as orders for electronic goods and communication equipment such as smartphones fell back into a steep contraction. The weaker readings on the external front are likely to pose further headwinds to domestic demand, which is already showing signs of slowing.




Data: 20/05/2016

Consolidação

 

Os ativos de risco estão apresentando recuperação essa manhã, mais uma vez liderados por uma rápida e acentuada recuperação no preço do petróleo. A agenda do dia será esvaziada no cenário externo, com o IPCA de março sendo o destaque na agenda local.

 

A noite foi de agenda esvaziada e poucas novidades relevantes. Os ativos de risco operam com viés levemente positivo neste momento, com alta das bolsas e das commodities, dólar fraco e taxas de juros relativamente estáveis. A agenda econômica nos EUA será esvaziada, enquanto no Brasil teremos o IPCA-15 como destaque do dia.

 

Ainda no Brasil, os jornais de hoje continuam especulando em torno do tamanho do rombo fiscal que será anunciado pelo governo na segunda-feira. Tudo indica que será um número entre R$150bi e R$200bi de déficit fiscal primário para o ano de 2016. Além disso, seguem os “balões de ensaio” em torno da reforma da previdência. De um lado, Meirelles busca uma reforma ampla e irrestrita, que seria o primeiro, e talvez o principal pilar das reformas econômicas que precisam ser implementadas no país. De outro lado, uma base aliada ainda reticente em mexer com o direito dos trabalhadores, especialmente no tumultuado ambiente político em que estamos vivendo. 

 

Voltando ao cenário externo, gostaria de chamar a atenção para o fato do petróleo estar subindo consistentemente nos últimos dias, mas com uma clara perda de correlação em relação  aos demais ativos de risco. A commodity vem apresentando uma série de “choques de oferta”, com os incêndios no Canadá sendo a principal delas. Assim, a alta do petróleo, neste momento, não indica uma recuperação econômica global. 

 

Uma confirmação disso fica por conta da dinâmica das commodities metálicas, tais como Cobre e Minério de Ferro, ambos retomando uma tendência baixista que vinha sido abandonada entre fevereiro e abril. A baixa demanda global, aliada a entrada de novas ofertas no mercado explicam estes movimentos.




Data: 19/05/2016

Brasil: Novos obstáculos ao governo Dilma.

 

Os ativos de risco tiveram mais um dia para digerir as recentes mensagens do Fed, sendo que hoje tivemos novas sinalizações, desta vez por parte de Dudley – considerado um braço direito de Yellen – na direção de que o Fed continua focado em dar continuidade ao processo de normalização monetária.

 

Segundo Dudley: "If I'm convinced that my own forecast is on track, then I think a tightening in the summer, the June-July time frame, is a reasonable expectation."

O JPM fez uma boa análise do discurso de Fisher hoje: Earlier in the day Board Vice Chair Fischer gave some remarks that were largely academic in nature but that hinted at a policy leaning that is somewhat more hawkish than Yellen's. One of Fischer's conclusions was that "what we need most, now that we are near full employment and are approaching our target inflation rate, is faster potential growth." This brief remark, pointing to an economy with a closed output gap, appears to leave less scope for stimulative demand management policies than was present in Yellen's late March speech. 

 

Acredito que Jeff Gundlach resumiu maravilhosamente bem a mudança de postura por parte do Fed: Gundlach believes that the Fed's thinking has shifted from, 'if the data pattern improves we will have the green light to hike,' to 'unless the data pattern weakens we have the green light to hike.

 

Para Torsten, do DB: The main problem with all the bearish stories told in the market is that they differ from the story told by the Fed.  The Fed would likely say “Yes, we understand the risks to the outlook but we are data dependent, and the incoming data has not been dragged down by all these fears expressed in the market.” The market, on the other hand, would say “The Fed has been predicting strong growth for many years, and it didn’t happen, so why should it happen now?”. In my view, the fundamental difference is that the Fed thinks in terms of full employment and full capacity, and the market doesn’t think about the outlook that way. The market thinks that what is needed is an acceleration in growth, earnings, and hiring, not just above-trend growth. But why is above-trend growth important, and why do FOMC members always refer to full employment in their discussions of the outlook? Because when you reach full employment, that’s when you will start to see a non-linear move up in wages and inflation, and it is this inflection point that the Fed is trying to get ahead of by raising rates now. 

 

No Brasil, a arrecadação federal de abril ficou abaixo das expectativas do mercado, com uma queda de 7% em termos reais em relação ao mesmo período do ano passado. A situação fiscal continua trágica e necessita de mudanças urgentes. A nova equipe econômica já trabalha nesta direção. Segundo a mídia, o déficit fiscal primário deste ano deverá atingir R$200bi, o que mostra a urgência de medidas de ajuste estrutural. 

 

Vale a pena apontar para a postura mais agressiva do BCB na reversão dos swaps cambiais, o que pode estar afetando negativamente o desempenho dos ativos locais. Mesmo com o câmbio acima de 3,5, em dias de bom desempenho do dólar no mundo, o BCB vem promovendo a reversão dos swaps, o que mostra uma maior agressividade, e uma mudança de padrão, em relação ao que vinha acontecendo até poucos dias atrás. 

 

Minha visão em relação aos mercados permanece inalterada. Continuo mais negativo com o cenário externo, baseado na percepção de estarmos vivendo um ambiente muito parecido com aquele que vigou no começo deste ano, com uma desaceleração da China em meio a um processo de normalização monetária nos EUA. Ainda vejo espaço para um movimento de fechamento de taxas de juros no Brasil. Não tenho convicções relevantes para o Ibovespa e para o BRL.




Data: 18/05/2016

Fed em Foco

 

As minutas do FOMC reforçaram a mensagem emitida por membros do Fed nos últimos dias, ou seja, o processo de normalização monetária no país continua “vivo”, e uma alta de juros não pode ser descartada no curto-prazo. Podemos classificar as Minutas como mais hawkish do que as expectativas do mercado. Os ativos de risco, assim, reagiram de acordo, com um movimento global e generalizado de dólar forte, alta nas taxas de juros dos EUA, pressão nas commodities e nos ativos emergentes. Até este momento, as bolsas globais apresentam reação um pouco mais mista.

 

Interessante observar que houve uma relevante reprecificação da política monetária dos EUA nos últimos dias, com o mercado já precificando em torno de uma alta total de 25bps para este ano, mas um processo ainda extremamente gradual no futuro próximo.

 

No Brasil, os ativos locais seguiram o humor externo (vide comentário de hoje cedo, reproduzido abaixo). Além disso, começam a surgir diversos ruídos (ou “bombas fiscais”) para serem superados pelo novo governo, com os problemas financeiros da Eletrobrás, a meta fiscal de 2016 (já fala-se abertamente de déficit de R$160bi!), negociação da dívida dos Estados, entre outros.

 

Eu mantenho minha visão estruturalmente mais positiva com Brasil, mas como tenho afirmado neste fórum: Primeiro, não vivemos em uma ilha, isolados das questões externos e, segundo, o novo governo não será capaz de resolver todos os problemas do país em um “passe de mágica”. O processo de ajuste econômico será lento, gradual e permeado de obstáculos a serem superados.

 

Estou olhando a recente abertura de taxas locais de juros como oportunidade de alocação a risco, com um olho na inflação de curto-prazo, e outro no avanço das medidas propostas pelo novo governo brasileiro.

 

No cenário externo, reforço minha tese de que estamos no meio de um cenário muito parecido aquele que vivenciamos no início do ano, com o crescimento da China perdendo potência e a normalização monetária dos EUA de volta ao centro das atenções.

 

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Acho válido chamar a atenção para a forte perda de correlação do BRL com as demais moedas emergentes nas últimas semanas. Enquanto o mundo emergente já “devolveu” cerca de 2/3 da apreciação de suas moedas, verificada entre fevereiro e abril, o BRL continua nos níveis mais apreciados dos últimos meses.

 

É natural que o cenário local acabe superando o ambiente externo neste curto-prazo. Contudo, caso se consolide o cenário que temos desenhando neste fórum, de menor perspectiva de crescimento da China, aliado ao retorno do processo de normalização monetária dos EUA, é natural esperar que o BRL possa apresentar desempenho relativo mais positivo, mas dificilmente conseguirá apresentar desempenho absoluto favorável, como tem sido até este momento.




Data: 18/05/2016

Dólar forte!

 

O destaque desta manhã está por conta de um movimento generalizado de dólar forte no mundo. A dinâmica, mais uma vez, começou pelas moedas da Ásia e acabou se espalhando para as demais moedas emergentes e dependentes de commodities. O movimento faz total sentido diante dos recentes discursos de membros do Fed (vide Mercados Globais de ontem, reproduzido abaixo) e as vésperas das Minutas do FOMC, principal item da agenda de hoje.

 

Na China, o preço dos imóveis apresentou mais um mês de alta em abril, confirmando que o mercado imobiliário ainda é o único setor que mostra sinais positivos na economia. Segundo a Goldman Sachs: Housing prices in the primary market increased 1.1% month-over-month after seasonal adjustment (weighted by population) in April, higher than the growth rate in March. Out of 70 cities monitored by China’s National Bureau of Statistics (NBS), 63 saw housing prices increase from the previous month (59 in March, on a seasonally adjusted basis). House price inflation in tier-1 cities slowed on the back of tightening policy measures : April price growth was 2.6% month-over-month after seasonal adjustment, vs. 3.0% in March. Year-over-year price growth in tier-1 cities continue to rise however, reaching 28.3% vs. 26.0% yoy in March.

 

Na Austrália, os dados de salários ficaram abaixo das expectativas do mercado, dando ímpeto as expectativas de novas quedas de juros e colocando pressão no AUD.

 

No Japão, O PIB do primeiro trimestre apresentou alta superior as expectativas do mercado, crescendo 1,7% QoQ Anualizado. O numero, apesar de positivo, pouco altera o cenário para a economia do país. 

 

No Brasil, os jornais de hoje estão apenas repercutindo o anuncio da excelente equipe econômica que está sendo montado por Henrique Meirelles em uma tentativa de colocar a economia do país de volta aos trilhos.

 

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O dia está se provando bastante interessante, até o momento. No cenário externo, estamos vendo a confirmação da perda de correlação entre o S&P e o petróleo, em um dia de alta na commodity, mas queda global das bolsas. O mercado de juros nos EUA teve um dia de abertura de taxas, ajustando as recentes sinalizações do Fed (vide a seguir). 

 

Na minha visão, o destaque do dia ficou por conta dos discursos de membros do Fed ao longo do dia, em uma clara tentativa de guiar o mercado para um cenário onde novas altas de juros podem ocorrer ainda este ano e, talvez, mais cedo do que tarde. Com a curva curta de juros precificando em torno de 50% de probabilidade de uma alta de juros até o final deste ano, parece realmente prudente para o Fed administrar expectativas, caso tenha a real intenção de dar continuidade ao processo de normalização monetária ainda em 2016. 

 

No campo econômico, o Core CPI ficou dentro das expectativas do mercado, com alta de 0,2% MoM e 2,1% YoY. A produção industrial apresentou forte alta em abril (0,7% MoM), mas após revisões baixistas do mês anterior. Enquanto os dados do setor imobiliário mostraram certa recuperação do setor. Em linhas gerais, ainda é uma economia que cresce a taxas baixas, porém constantes, com um hiato do produto que continua fechando e uma inflação gradualmente ascendente.

 

Os números de hoje, e a reação dos mercados apenas reforçam a minha visão de que o cenário começa a se parecer, cada vez mais, com aquele verificado no início do ano, quando uma desaceleração da China, aliada a perspectiva de alta de juros pelo Fed, acabou levando a um forte movimento de aversão a risco dos mercados. Minha única dúvida é, se neste estágio, os mercados serão capazes de se diferenciar, com ativos ligados a China mais pressionados, porém com um cenário de EUA ainda relativamente estável (crescimento em torno de 2%, inflação baixa e Fed gradual)?

 

No Brasil, estamos passando por um claro movimento de acomodação e ajuste de posições, após um movimento rápido e acentuado de melhora. Henrique Meirelles divulgou oficialmente sua equipe econômica, atendendo as já elevadas expectativas do mercado.

 

A Petrobras emitiu cerca de US$7bi em papéis de dívida externa, abrindo uma importante janela de captação para o setor corporativo nacional, em mais um passo positivo para os ativos locais. A janela de captações externas estava totalmente fechada. Está emissão de Petro será capaz de trazer algum parâmetro para a curva de bonds externos, dando suporte a novas emissões ao longo do ano. 

 

Estou mantendo minha visão estrutural mais otimista com relação ao Brasil, focando o risco no mercado de juros (reais e nominais). Acredito que podemos passar por um período de consolidação, mas estou usando está recente abertura de taxas como oportunidade para, de maneira parcimoniosa, adicionar risco na carteira.

 




Data: 17/05/2016

Dia de agenda cheia/Posição Técnica.

 

Os ativos de risco estão operando basicamente estáveis esta manhã, a poucas horas de uma importante agenda de dados econômicos nos EUA, que terá como destaque especial o Core CPI de abril. O número será extremamente importante para o cenário de política monetária até o final do ano, especialmente diante de um mercado que precifica pouco mais de 50% de chances de apenas uma alta de 25bps nos Fed Funds até o inicio de 2017.

 

Durante a noite, as Minutas do RBA na Austrália reduziram as expectativas de novas quedas de juros no curto-prazo, o que está dando suporte ao AUD essa manhã. Em Cingapura, as exportações de abril apresentaram queda de 7,2% YoY, ainda mostrando um quadro de fraqueza do crescimento da Ásia, mesmo que o número tenha sido superior aos meses anteriores.

 

No Brasil, a equipe de Temer ganha força, com Maria Silvia Bastos Marques assumindo o BNDES, um nome extremamente competente, bem sucedido e respeitado na iniciativa privada. Mansueto Almeida, um especialista em contas públicas, deverá assumir uma pasta especial no Ministério da Fazenda. De maneira geral, a equipe econômica de Temer continua atendendo as elevadas expectativas do mercado. 

 

Contudo, o governo terá pouco tempo para agir. Já começam a surgir sinalizações de o quão ruim está o quadro fiscal para este ano, assim como o pouco espaço para corte de despesas/contingenciamento. A base aliado já demonstra insatisfação com o aumento de imposto (CPMF), mas os jornais dizem que Mereirelles trabalha com o aumento da CIDE como “plano B”. 

 

Enfim, é inegável que o cenário com o governo Temer deverá ser melhor do que o que vínhamos vivendo, mas não podemos perder de vista que ainda existem enormes dificuldades de implementação das reformas necessárias ao país. Mantenho viés positivo com os juros locais, mas ainda vejo um cenário de consolidação no curto-prazo. Estou mantendo espaço na alocação a risco para elevar a exposição caso o mercado apresente aberturas de taxas. 

 

Voltando o cenário externo, a pesquisa qualitativa de posição técnica da Merrill Lynch, uma das mais completas e respeitadas pelo mercado, mostra investidores ainda cautelosos, e um quadro técnico ainda positivo:

 

If you go down to the woods today…it will be full of bears. Investors positioned for "summer of shocks": FMS cash levels up from 5.4% to a high 5.5%; only 12% taking "higher-than-normal" risk; most crowded trade"long quality". Based on FMS positions, contrarians should be moderately long risk via UK, Japan, tech & industrials, and take profits in EM, energy, discretionary. 

 

Short the Queen BREXIT now seen as biggest "tail risk"; UK equity allocation plunges to lowest level since Nov'08; sterling 2nd most undervalued reading on record…good opportunity for traders looking to sell UK volatility and/or buy upside optionality. 

 

Oil & US dollar rated top risk catalysts…3-year high in relative weighting of EM equities to DM, 1st OW of EM since Sep'14, lowest energy UW in 20 months, value>growth at 3rd highest level past 10 years. But May plunge in China growth expectations = commodities & materials still big UW. 

 

Small in Japan, smaller in Tech, too small in Gold Contrarians note biggest Japan UW since Dec'12, smallest Tech OW in almost 2 years and Gold still seen as "undervalued" despite 20% rally in 2016.

 

FMS yearns for Keynes, not just TINA* FMS risk-aversion best explained by anaemic macro, negative profit expectations, forecast of 2 Fed hikes & majority (57%) do not anticipate "helicopter money" shock. 73% of investors, a record high, saying companies "underinvesting".




Data: 17/05/2016

Risk-On!

O final de semana foi marcado pela surpresa negativa nos dados de atividade econômica da China, com exceção da evidente recuperação do mercado imobiliário do país. Contudo, a produção industrial, os dados de investimentos (FAI) e as vendas do varejo, se somam aos sinais mais negativos que haviam sido apresentados pelos números de importação e de crédito divulgados na semana passada. 

 

Reforço a minha visão que vem sendo descrita neste fórum há algumas semanas: A China me parece uma fonte de preocupação crescente. O crescimento mostra uma frágil estabilização, à custa de uma insustentável expansão de crédito. O esforço nessa frente foi tremendo nos últimos meses, com uma resultante pouco inspiradora (muito crédito para pouco crescimento). Neste ínterim, o governo precisa lidar com bolhas especulativas nos mercados locais de commodities.

 

Um mundo com baixo crescimento, ainda alavancado (ou se alavancando) não me parece saudável para alguns (ou vários) mercados, como os emergentes e as commodities.

 

Nos EUA, o Empire Manufacturing caiu de 9,56 para -9,02 em maio, muito abaixo das expectativas de 6,5. O setor industrial americano mostra claros sinais de fragilidade, mas a melhora do mercado de trabalho e um consumo ainda saudável parecem garantir um piso para o crescimento do país, que ainda é visto crescendo em torno de 1,5%-2,0%. 

 

De maneira geral, o cenário começa a se parecer, cada vez mais, com aquele verificado no início do ano, quando uma desaceleração da China, aliada a perspectiva de alta de juros pelo Fed, acabou levando a um forte movimento de aversão a risco dos mercados. Eu adicionaria que, neste momento, a posição técnica me parece ruim, e os fluxos para Equities e EM começam a mostrar fadiga. 

 

Minha única dúvida é, se neste estágio, os mercados serão capazes de se diferenciar, com ativos ligados a China mais pressionados, porém com um cenário de EUA ainda relativamente estável (crescimento em torno de 2%, inflação baixa e Fed gradual)? 

 

Os ativos de risco acabaram apresentando um bom desempenho ao longo do dia de hoje, mesmo diante das surpresas na China e nos EUA. Está reação dos mercados me diz que o quadro técnico talvez ainda esteja, de uma maneira ou de outra, relativamente leve e com poucas convicções, o que justifica a falta de tendências claras e prolongadas.

 

 No Brasil, o mercado parece em compasso de espera para as medidas econômicas a serem anuncias e implementadas por Meirelles e Cia. O mercado de juros parece estar em um momento de acomodação. Em termos de política monetária, acredito que o correto a ser feito, seria o BCB esperar algum tempo para que o plano fiscal comece a ser colocado em prática, as expectativas continuem caindo e o a inflação corrente idem. Assim, talvez mais para o final do 3Q ou começo do 4Q, possa dar início a um ciclo mais agressivo de queda da taxa Selic. Ainda gosto de posições estruturais em juros intermediários e longos da curva real e nominal, mas temos que ter em mente que o mercado veio, nos juros reais, por exemplo, de 7,5% para 5,85 de maneira interrupta. Uma consolidação pode ser natural neste processo.

No mercado de câmbio, segue uma queda de braço entre o BCB, os fluxos pontuais e o cenário externo. O BRL vem apresentando vol alta, mas se mantido em torno de 3,45-3,55. Não tenho grandes convicções em relação ao câmbio neste momento.




Data: 16/05/2016

Watch Out! - Updated

 

O mercado basicamente seguiu o roteiro de nossa última atualização (vide abaixo) ao longo da tarde, com bolsas em queda e dólar forte, em um movimento clássico de aversão a risco. Os ativos no Brasil seguiram o humor externo, em uma dinâmica clara de acomodação. Precisaremos, neste momento, refletir se este é o começo de uma nova tendência, ou uma realização de lucros em relação aos movimentos verificados em fevereiro, março e abril. Meu viés é mais negativo no curto-prazo para o cenário externo, mas estou com espaço para adicionar risco no portfólio de juros Brasil caso o mercado continue a consolidar/realizar lucros.

 

Os dados econômicos divulgados essa manhã tornam o cenário global um tanto quanto curioso, o que merece um comentário adicional.

 

Nos EUA, as vendas no varejo de abril ficaram muito acima das expectativas, assim como o PPI mostrou novas rodadas de alta gradual da inflação. O Michigan Confidence, por sua vez, apresentou forte elevação, com expectativas de inflação mistas. Os números mostram uma economia ainda saudável, dando força a tese de que o primeiro trimestre do ano talvez tenha sido, mais uma vez, uma exceção de baixo crescimento. Os dados deveriam levar o mercado a repensar o ciclo de alta de juros que está precificado na curva curta de juros atualmente.

 

Na China, observamos agregados monetários e números de crédito bastante fracos para o mês de abril, o que nos leva a crer em uma desaceleração da economia daqui para a frente.

 

De maneira geral, o cenário começa a se parecer, cada vez mais, com aquele verificado no início do ano, quando uma desaceleração da China, aliada a perspectiva de alta de juros pelo Fed, acabou levando a um forte movimento de aversão a risco dos mercados. Eu adicionaria que, neste momento, a posição técnica me parece ruim, e os fluxos para Equities e EM começam a mostrar fadiga.

 

Será fundamental observar a reação dos mercados nos próximos dias, mas reforço minha visão negativa com o cenário externo expressa neste fórum nos últimos dias.




Data: 13/05/2016

Watch Out! - Updated

 

O mercado basicamente seguiu o roteiro de nossa última atualização (vide abaixo) ao longo da tarde, com bolsas em queda e dólar forte, em um movimento clássico de aversão a risco. Os ativos no Brasil seguiram o humor externo, em uma dinâmica clara de acomodação. Precisaremos, neste momento, refletir se este é o começo de uma nova tendência, ou uma realização de lucros em relação aos movimentos verificados em fevereiro, março e abril. Meu viés é mais negativo no curto-prazo para o cenário externo, mas estou com espaço para adicionar risco no portfólio de juros Brasil caso o mercado continue a consolidar/realizar lucros. 

 

Os dados econômicos divulgados essa manhã tornam o cenário global um tanto quanto curioso, o que merece um comentário adicional. 

 

Nos EUA, as vendas no varejo de abril ficaram muito acima das expectativas, assim como o PPI mostrou novas rodadas de alta gradual da inflação. O Michigan Confidence, por sua vez, apresentou forte elevação, com expectativas de inflação mistas. Os números mostram uma economia ainda saudável, dando força a tese de que o primeiro trimestre do ano talvez tenha sido, mais uma vez, uma exceção de baixo crescimento. Os dados deveriam levar o mercado a repensar o ciclo de alta de juros que está precificado na curva curta de juros atualmente. 

 

Na China, observamos agregados monetários e números de crédito bastante fracos para o mês de abril, o que nos leva a crer em uma desaceleração da economia daqui para a frente. 

 

De maneira geral, o cenário começa a se parecer, cada vez mais, com aquele verificado no início do ano, quando uma desaceleração da China, aliada a perspectiva de alta de juros pelo Fed, acabou levando a um forte movimento de aversão a risco dos mercados. Eu adicionaria que, neste momento, a posição técnica me parece ruim, e os fluxos para Equities e EM começam a mostrar fadiga. 

 

Será fundamental observar a reação dos mercados nos próximos dias, mas reforço minha visão negativa com o cenário externo expressa neste fórum nos últimos dias.




Data: 13/05/2016

Mais sinais negativos da Ásia, bom PIB na Europa e Equipe Temer.

 

Os ativos de risco tiveram mais uma noite negativa, com uma rodada adicional de depreciação das moedas da Ásia, vetor que já vínhamos chamando atenção neste fórum, e é uma fonte de preocupação não desprezível no cenário que tenho descrito nas últimas semanas.

 

Nesta mesma linha, os dados de crédito de abril, na China, ficaram abaixo das expectativas do mercado, o que indica o que os policy makers locais já vem sinalizando, ou seja, o espaço para a expansão de crédito “desenfreada” parece cada vez mais reduzido. Assim, o mercado deverá trabalhar com expectativas de crescimento mais baixas e uma recuperação em “L” da economia. Os ativos ligados ao crescimento da China estão reagindo de acordo, com depreciação das moedas, queda das bolsas e das commodities, em linha com o receio que eu venho demonstrando nas últimas semanas. Em relação aos dados de crédito, segundo a Merrill Lynch: 

 

China New loans at RMB556bn in April, vs. RMB1,370bn in March and RMB800bn consensus. New Total Social Financing at RMB751bn in April, vs. RMB2,336bn in March and RMB1,300bn consensus – VERY LOW. M2 growth at 12.8% YoY in April, vs. RMB13.4% in March and 13.5% consensus. While we wait for details from the PBoC, we calculate that % yoy growth of bank loan and TSF eased to 14.4% and 13.0% respectively in April from 14.7% and 13.4% in March. It could be mainly driven by lower bank loan issuance and corporate bond issuance (note the bond market tumbled in the month on the back of a few bond defaults and deteriorating sentiment, and several Corporates canceled or delayed their bond issuances), but shadow banking activities could also slow towards the end of the month as CBRC issued No. 82 article. While some might take this as a strong signal for credit tightening, with the recent warnings on leverage from the person of authority, we note that the overall credit growth may have not slowed as much as the headline suggested, especially taking into account the scale of local government bond swap in April, which was around RMB850bn including about RMB400bn targeted replacement.

 

No Brasil,o discurso de posse de Michel Temer foi muito bem recebido pela mídia, que hoje pela manhã repercute a montagem do ministério e os projetos apresentados pelo novo Presidente. Raymundo Costa, do Valor, conseguiu resumir muito bem os planos do novo governo:

 

O governo Michel Temer será assentado sobre três pilares, informam o discurso do presidente interino e as primeiras medidas anunciadas: comércio exterior, estabilidade da economia e um forte programa de concessões e desmobilização de ativos. A sorte está lançada. O novo ministério, mais compacto que o anterior, é um desenho perfeito e acabado do que Temer pretende fazer no Palácio do Planalto. 

 

Na Europa, os números preliminares do PIB do primeiro trimestre do ano ficaram, de maneira geral, em linha com as expectativas, mostrando um crescimento baixo porém saudável, compatível com um crescimento em torno de 1,5%-2% para a região ao longo deste ano. Os números divulgados hoje, de certa forma, afastam um pouco o risco de uma forte desaceleração da economia global, mas tendem a ser indicadores um pouco menos contemporâneos do que números mensais que já mostram algum arrefecimento do crescimento da região.

 




Data: 13/05/2016

Externo: Sinais preocupantes

 

No campo econômico, o destaque do dia ficou por conta da alta de 274k para 294k no Jobless Claims nos EUA, um dos mais importantes e contemporâneos indicadores de emprego e crescimento do país. O indicador atingiu o pior patamar em 15 meses. A alta foi integralmente explicada por uma piora no cenário de emprego de NY, o que pode vir a ser explicado por algum pontual. Contudo, a manutenção de uma trajetória altista para o Jobless Claims será um sinal extremamente negativo para o cenário.

 

Nos mercados financeiros globais, acho válido atentar para o movimento de queda que temos visto no mercado de commodities metálicas. A dinâmica desta classe de ativo pode sinalizar para uma fadiga do movimento de recuperação verificado entre fevereiro e abril, em meio a novas evidencias de que o crescimento da China (e da Ásia em geral) continua extremamente frágil e de sustentação questionável.

 

As moedas asiáticas voltaram claramente a uma tendência de depreciação, em linha com o cenário descrito acima.

 

O petróleo parece ter ganhado vida própria, seguindo notícias específicas, tais como estoques e problemas localizados de oferta. 

 

No Brasil, o mercado continua operando com viés positivo, à espera da nomeação da equipe de Temer e das primeiras medidas propostas para o ajuste econômico. O BRL acabou tendo um dia mais negativo, provavelmente afetado por fluxos pontuais e pela nova rodada de atuação do BCB nos swaps reversos.

 

Continuo com viés mais negativo com o cenário externo (baixo crescimento, riscos provenientes da China, produtividade baixa nos EUA em meio a múltiplos elevados das bolsas, entre outros). No Brasil, continuo otimista com o governo Temer, mas preferindo expressar este otimismo via o mercado de juros. Contudo, não descarto uma consolidação do mercado no curto-prazo. Não vejo o técnico como negativo, mas o mercado já fez um movimento rápido e acentuado. Consolidações tendem a ser naturais e saudáveis neste tipo de processo de reprecificação.




Data: 12/05/2016

Estabilidade

 

A noite foi de agenda vazia e price-action tranquilo. Hoje pela manhã observamos uma estabilização dos ativos de risco, com alta nas bolsas, dólar fraco e estabilidade nos mercados de juros dos países desenvolvidos. Os ativos emergentes operam em tom mais positivo.

 

Hoje será o primeiro dia desta semana de agenda relevante nos EUA, com o Jobless Claims ganhando atenção especial neste período em que se questiona o crescimento e, principalmente, o nível de produtividade e a política monetária no país.

 

No Brasil, como era amplamente esperado, o Senado aprovou a continuidade do processo de impedimento de Dilma. Michel Temer deverá tomar posse hoje e começar a anunciar as bases iniciais de seu plano de governo. De maneira geral, parte deste plano vem sendo ventilado na mídia nas últimas semanas, com um projeto sólido e positivo para o país. 




Data: 12/05/2016

Petróleo vs S&P.

 

A quarta-feira trouxe movimentos interessantes para os mercados financeiros globais.

No Brasil, após um mês de março de vendas no varejo fracas e abaixo das expectativas do mercado, aliado a continuidade do otimismo com relação ao governo Temer, observamos mais um movimento de fechamento de taxa de juros. O mercado apresentou leve correção na parte da tarde, mas de maneira geral ainda mostra uma dinâmica de que o quadro técnico ainda parece saudável.

No câmbio, após duas atuações do BCB, e um final de manhã de certa indigestão, a ausência do BCB na parte da tarde, aliado a um movimento global de dólar fraco, acabou ajudando o bom desempenho da moeda. Ainda parece haver espaço para novas rodadas de apreciação de curto-prazo, levada por fluxos pontuais de otimismo. Contudo, o BCB deverá permanecer ativo, tentando viabilizar uma apreciação mais suave do Real.

O mercado externo foi interessante, pela perda de correlação do petróleo com as bolsas norte americanas. Problemas específicos, micros (Disney, Staples, Office Depot, Macy´s) acabaram liderando a queda do S&P500, mesmo em um dia de alta do petróleo que, a princípio, seguiu números melhores de estoques e problemas de oferta em algumas regiões. As moedas tentaram seguir a melhora do mercado de commodities, mas acabaram sentindo a pressão nas bolsas do EUA.

 

Além disso, podemos citar mais uma rodada de pressão nos bancos das Itália, que ainda estão digerindo os problemas de NPL no país como fonte de pressão sobre as bolsas da Europa.


O news flow em relação a China foi mais calmo, mas ainda me parece um problema latente no mercado.

 

Em relação as vendas no varejo do Brasil, segundo nossa equipe econômica: Dado pior que o esperado pelo Mercado, mas bem próximo do que estávamos projetando de modo que não alteramos o nosso cenário base de crescimento para o primeiro trimestre de 2016/ano (em quase -1%t/t dessaz no 1t 2016  e -4,2% no ano); As quedas nas vendas no varejo foram disseminadas; Os fundamentos (confiança, crédito e massa salarial) sugerem que as vendas no varejo continuem caindo fortemente no ano/ano. A elevação esperada da taxa de desemprego sugere que essa fraqueza tende a continuar por um bom tempo. Por outro lado, a desaceleração da inflação em 12 meses deve compensar parcialmente os vetores para o lado negativo.




Data: 11/05/2016

Brasil: Equipe de Temer ganha corpo

 

A noite foi de price-action relativamente tranquilo e sem novidades relevantes no cenário. Está manhã, contudo, vemos sinais de fadiga do movimento positivo verificado ontem, com as bolsas da Europa e EUA apresentando leve queda, o dólar mais forte contra as moedas emergentes e ligadas a commodities, e com mais uma rodada de queda no preço das commodities.

 

No Brasil, os jornais de hoje afirmam que Ilan Goldfajn, atul economista chefe do Itaú, será o presidente do BCB. Ilan é considerado um economista da ala mais dovish, o que elevaria as chances de uma queda de juros no curto-prazo. Segundo a mídia, a reforma da previdência será uma grande prioridade de Meirelles na Fazenda, que também irá acumular o ministério de previdência. De maneira geral, os sinais continuam bastante positivos para a implementação de um eventual governo Temer.

 

Em relação ao BCB, reafirmo que não tenho convicção de quando será o inicio do ciclo de queda de juros. Na margem, temos recebido notícias mais negativas para a inflação de curto-prazo, o que ajudou a dar suporte ao mercado de inflação implícita e às NTNBs nos últimos dias. Assim, continuo mais otimista com os mercados de juros reais e nominais na barriga e na parte longa curva local de juros.

 

No Japão, vale a pena citar a rápida e acentuada depreciação do JPY verifica nos últimos dias. O movimento foi iniciado com rumores de que o BoJ poderia intervir vendendo JPY próximo aos níveis que a moeda estava atingindo. Além disso, a posição técnica era ruim (muito comprada em JPY) e surgiram sinais de que o BoJ, além de intervir no mercado de FX, poderia adotar medidas adicionais de estímulo monetário nas próximas reuniões de política monetária. Não tenho grandes opiniões ou convicções em relação a este par de moedas.

 

Gostaria de replicar neste fórum uma teoria apresentada pelo Morgan Stanley hoje pela qual eu simpatizo:

 

There is a new way of thinking making its round (BIS, 14th April) putting low productivity into the context of too easy monetary conditions deployed over recent decades. RBI’s Rajan prominently shares this view saying yesterday that he remains unconvinced that helicopter money would work. He sees growing evidence of the limits of monetary policy being reached. The Rajan-supported theory claims that too high leverage hinders the reallocation of capital into higher productive areas leading to long-term declines of growth potential. According to this interpretation, asset markets may face significant setback potential as investors will have to adjust net present value calculations by reducing the long-term potential of corporate generating earnings. Currencies with substantial foreign funding needs face devaluation risks as asset volatility increases. Currencies with no external coverage needs or operating out of a surplus situation would benefit. The scenario described here suggests being structurally short AUDJPY.




Data: 10/05/2016

Risk-On!

 

Os ativos de risco tiveram um dia de risk-on generalizado, acentuando a tendência que comentamos pela manhã. Confesso que não vi nenhum vetor específico para o movimento de hoje, o que me leva a crer que a posição técnica ainda está favorável e o mercado continua tranquilo com o cenário global de baixo crescimento, porém com bancos centrais relativamente expansionistas.

 

Estou surpreso com o movimento. Ainda vejo um acumulo de riscos no cenário, que não justificam alguns níveis de preço. Contudo, o mercado é soberano. Parece que será necessário um trigger mais forte e agressivo para reverter, definitivamente, está trajetória positiva dos ativos de risco. Enquanto isso, a mensagem do mercado tem sido: “Carry On!” (Não que eu concorde com este panorama, mas o price-action parece estar dizendo isso).

 

No Brasil, a reversão da medida anunciada pelo presidente interno da Câmara, aliada ao suporte dos mercados externos, ajudou o bom desempenho dos ativos locais. Continuo otimista com a implementação de um eventual governo Temer, vendo espaço para novas rodadas de apreciação dos ativos brasileiros conforme a equipe seja anunciada e as medidas de ajuste comecem a ser implementadas.

 

Nos EUA, o destaque ficou por conta do JOLTs Job Opening de março, que subiu de 5608 para 5757, voltando aos maiores níveis deste ciclo econômico. O número mostra um mercado de trabalho ainda bastante robusto no país.




Data: 10/05/2016

Risk-On!

 

Seguindo uma sequencia de resultados corporativos mais positivos na Europa, em especial do Credit Suisse, os ativos de risco operam em tom positivo está manhã, com as bolsas e commodities em alta, o dólar mais fraco e com uma leve abertura de taxa de juros nos países desenvolvidos. Os ativos emergentes estão revertendo pequena parte da piora verificada nos últimos dias.

 

No campo econômico, contudo, os sinais ainda são pouco animadores. Na Alemanha, a produção industrial caiu 1,2% MoM em março, contra expectativas de queda de 0,2% MoM. Na França, a queda foi de 0,3% MoM, contra expectativas de alta de 0,7% MoM.

 

Na China, o CPI ficou estável em 2,3% YoY em abril, com o PPI passando de -4,3% YoY para -3,4% YoY. A despeito do aparente sinal de estabilização do PPI, grande parte da alta é explicada pela elevação de alimentação, que tende a ser pontual e localizada. Não há alteração relevante de cenário após a divulgação destes números. 

 

No Brasil, no final da tarde de ontem Renan Calheiros deu prosseguimento ao processo de impeachment, ignorando a ação do atual presidente da Câmara dos deputados. Segundo o Valor de hoje, Temer pretende reduzir o números de ministérios para cerca de 23, além de acabar com o status de ministro do presidente do BCB. De maneira geral, as sinalizações em torno de um eventual governo Temer continuam sendo bastante positivas para os fundamentos do país a longo-prazo.

 

Voltando a China, um artigo de um importante jornal local ontem chamou bastante a atenção do mercado, já que uma fonte importante do governo teria dado sinalizações que podem ser fundamentais para o cenário de curto-prazo do país.

 

Segundo a Merrill Lynch: 

 

BofAML’s Head of China Equity Strategy, David Cui, highlights some key takeaways from the front page interview published in People's Daily yesterday with a "person of authority", or PoA. The term "PoA" is NOT used lightly in China, so the interview should carry a great deal of weight. The key message from the PoA is that the recent growth stabilization has been primarily driven by the old way of doing things, i.e., debt-fueled investment, so IT IS NOT SUSTAINABLE; and the government should re-focus on supply-side reforms, with the next step being capacity reduction. It seems to us that, after the credit surge YTD, the government's priority could be shifting back to capacity rationalization at the expense of short-term growth. Although this is a long-term positive, in the ensuing months, we expect tighter credit conditions, less mortgage support for home purchases, lower investment-related demand, including for commodities, more defaults, a weaker A-share market, and, possibly, more pressure on RMB, other things being equal.

 

Para o Morgan Stanley:

 

China navigating between balance sheet adjustments, economic reform and setting growth impulses, together with the Fed's path, has important implications for the evolution of financial markets. When China allowed its total social financing (TSF) to reach record growth rates earlier this year, accompanying the near 30%Y increase in the fiscal impulse, it created ideal conditions for a liquidity-fuelled commodity boom. China’s leading economic indicators worked higher and words of ‘China successfully reflating’ did the rounds. However, the TSF increase not filtering through into higher M2 growth rates (steady around 13%Y since September) leaves the impression that the monetary impulse pushed real estate and commodity prices but failed to translate into balanced growth. Reform and ‘L’ shaped economy? China seems to be converting from providing a reflationary theme towards a deflationary theme again and today’s release of the food price-boosted CPI (2.3%Y) and PPI (-3.4%Y) do not make a difference. Instead, markets will continue to digest quotes from an "authoritative" person in yesterday’s edition of the official‘People’s Daily’ predicting an ‘L’ shaped economy, arguing that "high leverage will lead to high risk, if not controlled, it will lead to systematic financial crisis and negative growth". A BIS article (Financial cycles, labour misallocation, and economic stagnation, April 14, 2016) comes to similar conclusions. This morning the China Securities Journal suggested that the authorities will speed up formulation plans to deal with so-called ‘zombie’ companies. It seems China may from now emphasise reform over growth, which would be a very different stance compared to its focus supporting growth. The more markets get convinced that China is stepping up the pace of reform, the worse the outlook is for old industries and commodities, in our view. The outlook for the EM/commodity FX bloc remains negative.




Data: 09/05/2016

Riscos externos e ruídos internos.

 

No cenário externo, o dia foi de poucas novidades no cenário, mas com uma dinâmica extremamente relevante. Mesmo diante do incêndio que afetou parte da produção de petróleo no Canadá, a commodity acabou apresentando forte queda ao longo do dia, levando consigo das demais commodities e afetando negativamente o preço dos ativos emergentes.

Me parece evidente que o mercado está se ajustando para a realização de que o cenário de estabilização do crescimento chinês ainda é frágil, em meio a um mundo que cresce pouco, e com bancos centrais, de certa forma, com instrumentos cada vez menos potentes para lidar com está transição para um menor crescimento (estrutural) do mundo.

Como escrevi ontem, eu vinha com uma visão mais cautelosa do cenário externo, vendo um acúmulo de riscos, em um ambiente de prêmios comprimidos, e posição técnica ruim. Minha visão passou de cautelosa para negativa. Se, por um lado, não há motivos específicos para um risk-off mais acentuado, vejo com imensa preocupação a baixa capacidade do mundo em crescer. Os níveis de preço de várias classes de ativos não se justificam diante deste cenário. A queda no preço das commodities e a pressão sobre os ativos emergentes parece fazer parte de um ajuste a esta realidade.

 

No Brasil, a divulgação de que o presidente interino da Câmara reverteu a decisão do impeachment pegou o mercado de surpresa, e altamente aplicado em juros e comprado em BRL. Aparentemente, a decisão não tem embasamento legal, e deverá ser facilmente revertida (seja na própria Câmara, seja no Senado, ou via STF). Contudo, a notícias criou uma volatilidade alta, e gerou forte pressão nos ativos locais no final da manhã.

 

Eu ainda vejo o processo de impeachment como irreversível. Continuo otimista com a implementação de um eventual governo Temer, especialmente no âmbito econômico. Acredito que posições aplicadas em juros nominais e reais, na barriga da curva, sejam a melhor maneira de capturar este cenário. A volatilidade de hoje me pareceu uma oportunidade de elevar alocação a risco nesta direção. Acredito que haja espaço para apreciações pontuais do BRL, mas o cenário externo e a postura do BCB no tocante aos swaps cambiais me deixam desconfortável de carregar posição nesta direção.




Data: 09/05/2016

China & Canadá em foco.

 

Na ausência de grandes novidades no cenário econômico, os ativos de risco estão mantendo o mesmo tom de fechamento da semana passada, com as bolsas em alta, o dólar misto e sem grandes movimentos nos mercados de juros dos países desenvolvidos. Alguns eventos específicos, contudo, merecem atenção.

 

No Canadá, um grande incêndio atinge a região de Alberta, o que já traz consequências elevadas ao crescimento do país e, principalmente, a produção local de petróleo. Neste ambiente, o petróleo apresenta alta em torno de 2% esta manhã. O destaque deste ponto, assim, fica para a questão da alta do petróleo estar sendo puxada por um problema de oferta, e não de demanda, o que não aponta na direção de uma melhora do cenário econômico global. Além disso, o incêndio traz desafios ainda maiores para a economia canadense, que ainda passa por um um período de baixo crescimento. Este vetor poderá continuar a impactar os ativos do país de maneira não desprezível.

 

Na China, a forte pressão nas importações e exportações de abril, divulgadas ontem, não podem ser ignoradas. Os futuros de “rebar” apresentaram limite de baixa hoje no país, mostrando que o cenário para o crescimento chinês (e asiático) ainda é um grande risco ao cenário global. Vou remeter aqui, mais uma vez, ao comentário do analista de FX do Morgan Stanley, que tem sido na mesma linha da minha visão em relação a este tema:

 

We feel that the limit down trading (6%) of steel rebar and iron ore futures have not made the headlines they deserve as the markets focus on the oil price rise overnight coming on the back of the wildfires in Alberta spreading, with Canada losing 40% of its Alberta production (Bloomberg). It seems minor news is now impacting speculatively driven markets significantly. Remember that commodity markets surged in winter and early spring with easy RMB money piling into commodities. Retail interest in commodities has increased to a multiple of retail interest in local equities. It seems that last year’s equity volatility has reduced China retail account interest in equities, explaining why the equity market did not rally as much as commodities despite generous local liquidity conditions provided by the PBOC. Supported by hopes of China experiencing a cyclical recovery and helped by dovish central banks, rising commodity prices and a softer USD, EM funds attracted net inflows of over US$5bln in April, accounting for more than 70% of total fund flows into mature and emerging markets. Should China’s recovery hopes disappoint from here and markets reassess the Fed's dovishness, these EM inflows can reverse quickly. Fed's Dudley suggested it remained a "reasonable expectation" that the Fed would increase the federal funds rate two times this year.

 

Ainda na China, as reservas internacionais do país apresentaram alta em abril, em grande parte devido a queda do dólar no mês. É inegável que houve uma estabilização do humor em relação ao país nos últimos 2 meses, mas ainda em cima de pilares frágeis, que podem ser revertidos a qualquer momento.

 

Na Alemanha, as notícias são mais animadoras, com o Factory Orders de fevereiro apresentando alta de 1,9% MoM, contra expectativas de alta de 0,6% MoM. Infelizmente, o número é antigo e, de certa forma, pode já estar “velho” diante das novidades do cenário.

 

No Brasil, o noticiário continua sendo em torno da formação de um eventual governo Temer, e as medidas que poderão ser adotadas por sua equipe econômica. Em matéria do Globo de ontem, o peso inicial do choque de expectativas de Temer, por este artigo, ficará por conta da equipe econômica. Por questões políticas, Temer precisará compor um ministério mais amplo. De qualquer maneira, acredito que Temer tenha um poder de articulação política, e um "núcleo" que o cerca, muito mais hábil e competente do que aquele verificado nos anos de governo Dilma. Ter um ministério amplo pode parecer ruim aos olhos daqueles que esperavam uma recomposição total do governo. Contudo, por outro lado, pode garantir uma maioria no congresso que permite a aprovação de medidas importantes para os fundamentos estruturais do país.


 

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Após uma semana e meia de férias, acho válido fazer uma breve análise dos acontecimentos dos últimos dias.

Eu vinha com uma visão mais cautelosa do cenário externo, vendo um acúmulo de riscos, em um ambiente de prêmios comprimidos, e posição técnica ruim. Minha visão passou de cautelosa para negativa. Se, por um lado, não há motivos específicos para um risk-off mais acentuado, vejo com imensa preocupação a baixa capacidade do mundo em crescer. Os níveis de preço de várias classes de ativos não se justificam diante deste cenário.

 

Os dados de importação e exportação de abril, na China, que foram divulgados neste final de semana mostram uma economia local ainda fraca, e uma demanda externa patinando (mais adiante).

Nos EUA, ainda não há evidências claras de recessão, mas o crescimento se mostra baixo, com o hiato do produto fechando, e a produtividade baixa. Parece-me um cenário negativo para o setor corporativo.

No Japão, o BoJ parece impotente em lidar com uma moeda forte, um crescimento baixo com inflação declinante. Na Europa, o ECB está em compasso de espera, mas o mix de crescimento e inflação baixos não deixa a desejar ao Japão. Além disso, problemas pontais e específicos de alguns países de região ainda podem trazer alguns traumas a Europa.

A China me parece uma fonte de preocupação crescente. O crescimento mostra uma frágil estabilização, à custa de uma insustentável expansão de crédito. O esforço nessa frente foi tremendo nos últimos meses, com uma resultante pouco inspiradora (muito crédito para pouco crescimento). Neste ínterim, o governo precisa lidar com bolhas especulativas nos mercados locais de commodities. 

Um mundo com baixo crescimento, ainda alavancado (ou se alavancando) não me parece saudável para alguns (ou vários) mercados, como os emergentes e as commodities.

No Brasil, sai no auge do otimismo em relação a um eventual governo Temer. Desde então, vimos um bom desempenho do mercado de juros, um movimento mais volátil do BRL, capitaneado pelas intervenções do BCB, é uma pressão no Ibovespa.

O crescimento mostra sinais incipientes de estabilização, que pode ser acentuado por um choque de expectativas. A inflação dá sinais mais negativos no curto-prazo, mas concentrada em poucos itens e com altas pontuais. O BCB manteve os juros estáveis e ainda não vê janela para queda na taxa Selic. O resultado trimestral de algumas empresas e setores mostraram os enormes desafios que o país enfrenta.

Minha visão preliminar pós-ferias continua positiva para o mercado de juros real e nominal, na barriga da curva, em especial. Vejo pouco valor no BRL em torno de 3.5. No mercado de RV, ainda vejo espaço para uma reprecificacao de cenário, mas o externo me preocupa, e o curto-prazo local ainda será desafiador para grande parte dos setores da bolsa. No câmbio, fluxos pontuais ainda podem ajudar o bom desempenho do Real, mas uma postura tática me parece mais prudente.

O cenário político segue fluido. O afastamento de Cunha pelo STF ainda não trouxe grandes consequências para o cenário. Afinal, sua situação já era complicada e insustentável. Meirelles deverá mesmo ser o comandante da economia, o que trará credibilidade e tato político ao ministério da fazenda, mas não reduzirá os desafios. A montagem do BCB será gradual.

A curva curta de juros precifica cerca de 150-200bps de queda nos próximos meses. Não tenho convicção de quando o ciclo será iniciado. Contudo, se o BC optar por esperar mais um tempo, poderá colher um ciclo maior e mais agressivo de queda de taxas no futuro próximo.

Essas são impressões iniciais e resumidas da breve leitura que fiz do cenário. Devo voltar mais a fundo em alguns desses temas nos próximos dias.




Data: 09/05/2016

Primeiras Impressões

 

Após uma semana e meia de férias, acho válido fazer uma breve análise dos acontecimentos dos últimos dias.


Eu vinha com uma visão mais cautelosa do cenário externo, vendo um acúmulo de riscos, em um ambiente de prêmios comprimidos, e posição técnica ruim. Minha visão passou de cautelosa para negativa. Se, por um lado, não há motivos específicos para um risk-off mais acentuado, vejo com imensa preocupação a baixa capacidade do mundo em crescer. Os níveis de preço de várias classes de ativos não se justificam diante deste cenário.

 

Os dados de importação e exportação de abril, na China, que foram divulgados neste final de semana mostram uma economia local ainda fraca, e uma demanda externa patinando (mais adiante).

Nos EUA, ainda não há evidências claras de recessão, mas o crescimento se mostra baixo, com o hiato do produto fechando, e a produtividade baixa. Parece-me um cenário negativo para o setor corporativo.

No Japão, o BoJ parece impotente em lidar com uma moeda forte, um crescimento baixo com inflação declinante. Na Europa, o ECB está em compasso de espera, mas o mix de crescimento e inflação baixos não deixa a desejar ao Japão. Além disso, problemas pontais e específicos de alguns países de região ainda podem trazer alguns traumas a Europa.

A China me parece uma fonte de preocupação crescente. O crescimento mostra uma frágil estabilização, à custa de uma insustentável expansão de crédito. O esforço nessa frente foi tremendo nos últimos meses, com uma resultante pouco inspiradora (muito crédito para pouco crescimento). Neste ínterim, o governo precisa lidar com bolhas especulativas nos mercados locais de commodities. 

Um mundo com baixo crescimento, ainda alavancado (ou se alavancando) não me parece saudável para alguns (ou vários) mercados, como os emergentes e as commodities.

No Brasil, sai no auge do otimismo em relação a um eventual governo Temer. Desde então, vimos um bom desempenho do mercado de juros, um movimento mais volátil do BRL, capitaneado pelas intervenções do BCB, é uma pressão no Ibovespa.

O crescimento mostra sinais incipientes de estabilização, que pode ser acentuado por um choque de expectativas. A inflação dá sinais mais negativos no curto-prazo, mas concentrada em poucos itens e com altas pontuais. O BCB manteve os juros estáveis e ainda não vê janela para queda na taxa Selic. O resultado trimestral de algumas empresas e setores mostraram os enormes desafios que o país enfrenta.

Minha visão preliminar pós-ferias continua positiva para o mercado de juros real e nominal, na barriga da curva, em especial. Vejo pouco valor no BRL em torno de 3.5. No mercado de RV, ainda vejo espaço para uma reprecificacao de cenário, mas o externo me preocupa, e o curto-prazo local ainda será desafiador para grande parte dos setores da bolsa. No câmbio, fluxos pontuais ainda podem ajudar o bom desempenho do Real, mas uma postura tática me parece mais prudente.

O cenário político segue fluido. O afastamento de Cunha pelo STF ainda não trouxe grandes consequências para o cenário. Afinal, sua situação já era complicada e insustentável. Meirelles deverá mesmo ser o comandante da economia, o que trará credibilidade e tato político ao ministério da fazenda, mas não reduzirá os desafios. A montagem do BCB será gradual.

A curva curta de juros precifica cerca de 150-200bps de queda nos próximos meses. Não tenho convicção de quando o ciclo será iniciado. Contudo, se o BC optar por esperar mais um tempo, poderá colher um ciclo maior e mais agressivo de queda de taxas no futuro próximo.

Essas são impressões iniciais e resumidas da breve leitura que fiz do cenário. Devo voltar mais a fundo em alguns desses temas nos próximos dias.




Data: 26/04/2016

Ásia: Sinais preocupantes. Default do Fundo Estatal da Malásia.

 

A Ásia trouxe notícias preocupantes para o cenário, principalmente pelo default do fundo estatal da Malásia que, aparentemente, deixou de pagar o coupon de US$50mm de uma dívida de $1,75b. Segundo a Merrill Lynch:

 

$MYR has been the main mover in a subdued Asia session, trading ~80bps higher to 3.9450 highs (1mth NDF) following headlines today that 1MDB has defaulted on a $1.75bn bond after missing a $50mm interest payment. This 1MDB default triggers cross-defaults on debt due in 2021/2024/2039. While yesterday there was only a partial reflection in the CDS market to this news, today other asset classes have seen spillovers. 5y MYR CDS is now up 10bps (168) since Monday morning, with little trading, while 5y MYR NDIRS is up 1bp today at 3.77%. BofAML’s Asia strategist, Rohit Garg, believes that it is UNCLEAR if a 1MDB default constitutes sovereign default and/or if the Malaysian government is forced to take over/assume the liability of 1MDB. If it is indeed forced to take over the liability, it will be very negative for all ringgit assets. The full amount in question (USD 6.48bio = 25bn MYR) is quite big considering that fiscal deficit of Malaysia is 37bn MYR. Today’s news may be worrying for many who are bullish Malaysian assets, particularly those without FX hedges in place.

 

A despeito desta notícia, os ativos de risco operam relativamente estáveis esta manhã, com leve viés positivo. A agenda do dia será recheda de indicadores relevantes nos EUA, o que merece atenção as vésperas da decisão do FOMC.

 

Vale ressaltar, contudo, que não é apenas a Malásia que traz um news flow mais negativo na região. Segundo O Morgan Stanley:

 

Watching Funding Costs. Elsewhere the global economic story is not looking any better. 1MDB, Malaysia’s state fund, failed paying interest rates on a USD1.75bln outstanding bond. Korea’s Q1 GDP growth coming in at 2.7% showed sluggish demand and investment. The Philippines reported imports falling from a 30.8%Y rate in January to 1.2%Y in February. Yesterday, we highlighted Korea’s biggest shipper asking for debt-restructuring seeing its share price falling by 30%. The region has too much debt and its falling return of investment make it more difficult to maintaining this debt unless debt service costs come down. That is why we watch US yields and rates carefully. 60% of the Asian yield moves can be explained by developments in US markets. Prospects of higher US yields do not bode well for leverage mainly found within Asia’s corporate sector even if most of this debt is funded in local currency. Rising US funding costs increase local funding costs and thus influence the pace of deleveraging.

 

Assim, mantenho meu viés mais cauteloso no curto-prazo, já que vejo um quadro técnico menos positivo, níveis de preço menos atrativos e o acumulo de riscos ao cenário nos últimos dias, em uma semana de agenda carregada de indicadores e decisões de bancos centrais.

 

No Brasil, Meireles parece o favorito para assumir o Ministério da Fazenda em um eventual governo Temer. As articulações continuam a todo vapor e, por hora, os sinais em relação a equipe que será montada, e a postura que será adotada, continuam bastante positivos. O risco de curto-prazo, a meu ver, fica por conta doa avanços da Operação Lava-Jato.




Data: 25/04/2016

Realização de Lucros.

 

Os ativos de risco mantiveram ao longo de todo o dia os movimentos já observados neste fórum pela manhã, ou seja, realização de lucros nas bolsas globais, queda no preço das commodities, lideradas pelo petróleo, em meio a um movimento de alta do dólar contra as moedas emergentes.

Por hora, o movimento ainda é tímido e pode ser classificado como uma realização natural de lucros após um movimento acentuado de melhora observado nas últimas semanas. A posição técnica já não é mais tão positiva como anteriormente, mas ainda parece cedo para afirmar que estamos diante de uma fadiga definitiva dos mercados.

Alguns vetores merecem atenção nos próximos dias: (1) Situação do mercado de crédito na China, (2) Dados de crescimento globais, (3) Decisão do BoJ e (4) Decisão do FOMC.

Os itens (1) e (2) voltaram ao radar, após uma rodada de deterioração nas expectativas em relação aos estímulos na China e novas evidências de desaceleração da economia mundial. No Japão, o BoJ pode vir a adotar medidas adicionais de suporte a economia, enquanto o mercado espera que o Fed apenas atualize seu comunicado para o recente cenário econômico mundial, especialmente com a redução dos riscos externos e o afrouxamento das condições financeiras.

No Brasil, o destaque ficou por conta do recuo nas expectativas de inflação pelo relatório Focus, que continuam dando suporte ao mercado local de juros. A ausência do BCB no mercado de câmbio ajudou o BRL a descolar do resto do mundo e apresentar apreciação no dia, mantendo uma característica particular, sem correlação com o resto do mundo, que vem sendo regra nos últimos dias.

Estou com baixa exposição a risco, vendo poucas oportunidades relevantes no momento. Meu viés é taticamente mais cauteloso com os ativos externos. No Brasil, sinto incomodo de estar ausente, temporariamente, do mercado de juros, que cada vez mais parece um mercado com bons fundamentos, e no meio de uma tendência de fechamento de taxas.




Data: 25/04/2016

China/Ásia de volta ao foco.

 

Os ativos de risco estão iniciando a semana em tom mais negativo, com as bolsas globais operando sobre pressão baixista, o dólar forte contra as moedas emergentes (porém mais fraco contra G3) e com um movimento de queda nas commodities. Não há um motivo específico para estes movimentos. Porém, um misto de posição técnica menos construtiva, e novos sinais de stress nos mercados da China/Ásia, podem ser dois argumentos relevantes nesse processo.


 

Em relação à posição técnica, vale destacar a posição no mercado de FX divulgada pela IMM na sexta-feira, nos EUA. Pela primeira vez em vários ano, o mercado já encontra-se vendido em dólar. A semana passada foi novamente marcada pela adição de posições nesta direção (ou na redução das posições compradas em dólar, no caso de alguns pares).


 

No tocante a Ásia/China, a segunda-feira foi de nova alta nas taxas de juros da China. Como tenho insistido neste fórum nos últimos dias, o mercado de crédito local voltou definitivamente ao foco dos investidores, o que pode trazer incerteza e volatilidade aos mercados globais. Segundo o Morgan Stanley: The Asian debt problem is slowly creeping back into the markets with Korea’s biggest shipper asking its creditors to restructure its debt and seeing its equity price falling by almost 30%. USDKRW has bounced from its 50% retracement level now confirming bullish 9-day RSI divergence. USDCNY was fixed at 6.5120 versus 6.4898 suggesting a further decline of the CNY-TWI. The FT highlights China's debt situation (237% of GDP) and its unsustainable pace of recent debt generation. Balance sheets will remain an issue, but the debt increase will still have to work through the various layers of the Chinese economy before we get bearish on the subject again. For now it will be growth indications ruling markets and for now these growth indications are likely to remain positive. Rising bond yields and their impact on global funding costs is what is on our near-term radar screen. And should risk appetite stay supported for now it should be the EUR and the CHF most at risk.


 

No Brasil, os jornais de hoje afirmam de Meirelles e Serra são os favoritos para assumir o Ministério da Fazenda em um eventual governo Temer. A mídia afirma ainda que Temer descarta a recriação da CPMF e seria contrário ao aumento de impostos. O O Globo de hoje afirma que a Operação Lava-Jato mira em aliado de Temer, apontando Henrique Eduardo Alves, Cunha e Geddel Viera Lima como alvos da Operação. O artigo traz poucas novidades além do que já é sabido de alguns investigados pelo MPF.


 

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O final de semana foi de poucas novidades relevantes no cenário. A semana que se aproxima, contudo, trará as decisões do BoJ, FOMC e Copom como grandes destaques.

 

No Brasil, os jornais continuam em torno das especulações em torno de um provável governo Temer. Henrique Meirelles, neste momento, parece ser a principal aposta para o Ministério da Fazenda, o que deveria ser bem recebido pelo mercado.

 

Contudo, começam a vazar novas frentes de investigações da Operação Lava-Jato, sugando novos personagens, e outras fontes de financiamento ilícito de campanha eleitoral, para o centro dos escândalos políticos nacionais (BNDES, Agências de Publicidade, por exemplo). A situação continua fluida, mas o cenário político ainda se mostra instável.

Um exemplo desta instabilidade política foi o aparente “vazamento” de que o PSDB não faria parte de um governo liderado pelo PMDB. A notícia foi prontamente rechaçada por Serra, Alckmin e Aloysio Nunes, mas não tenhamos dúvida de que os Tucanos estão rachados e existe uma grande briga interna por poder. Temer parece ter plena noção dos desafios que se avizinham. Tem um bom panorama da situação política e econômica, e a melhor das intenções para tirar o país da crise. Todavia, devido ao tamanho dos desafios, podemos esperar um processo longo e tortuoso de ajuste econômico.




Data: 25/04/2016

Update

 

O final de semana foi de poucas novidades relevantes no cenário. A semana que se aproxima, contudo, trará as decisões do BoJ, FOMC e Copom como grandes destaques.


 

No Brasil, os jornais continuam em torno das especulações em torno de um provável governo Temer. Henrique Meirelles, neste momento, parece ser a principal aposta para o Ministério da Fazenda, o que deveria ser bem recebido pelo mercado.


 

Contudo, começam a vazar novas frentes de investigações da Operação Lava-Jato, sugando novos personagens, e outras fontes de financiamento ilícito de campanha eleitoral, para o centro dos escândalos políticos nacionais (BNDES, Agências de Publicidade, por exemplo). A situação continua fluida, mas o cenário político ainda se mostra instável.

Um exemplo desta instabilidade política foi o aparente “vazamento” de que o PSDB não faria parte de um governo liderado pelo PMDB. A notícia foi prontamente rechaçada por Serra, Alckmin e Aloysio Nunes, mas não tenhamos dúvida de que os Tucanos estão rachados e existe uma grande briga interna por poder. Temer parece ter plena noção dos desafios que se avizinham. Tem um bom panorama da situação política e econômica, e a melhor das intenções para tirar o país da crise. Todavia, devido ao tamanho dos desafios, podemos esperar um processo longo e tortuoso de ajuste econômico.




Data: 25/04/2016

JPY, China e Brasil

 

Os ativos de risco estão encerrando a semana em um tom de acomodação. O destaque do dia ficou por conta do JPY.

Durante a noite, tivemos rumores de que o BoJ poderia adotar medidas adicionais de expansão monetária, mais especificamente oferecer empréstimos a taxas negativas. Segundo a Bloomberg:

Having adopted a negative interest rate on some excess reserves to penalize financial institutions for leaving money idle, the Bank of Japan may consider helping them lend by offering a negative rate on some loans, according to people familiar with talks at the BOJ. Such a discussion could happen in conjunction with any decision to make a deeper cut to the current negative rate on reserves, said the people, who asked not to be named as the matter is private. The BOJ’s Stimulating Bank Lending Facility, which now offers loans at zero percent interest, would be the most likely vehicle for this option, they said.

Esta indicação de possível atuação por parte do BoJ pega os investidores tecnicamente comprados em JPY (ou vendidos em USDJPY), o que está ajudando o forte movimento da moeda japonesa nesta sexta-feira. Além disso, e talvez mais importante, sinaliza que ainda existem instrumentos não convencionais de política monetária, e disposição para adota-los, caso seja necessário, por parte dos principais bancos centrais ao redor do mundo. Este tipo de medida tende a trazer ao debate, novamente, o diferencial de política monetária entre os EUA e o resto do mundo, o que acaba dando suporte ao USD.

 

Não podemos deixar de destacar os eventos recentes na China. Primeiro, o mercado de crédito voltou ao radar dos investidores, com uma forte abertura de taxas de juros como principal consequência das expectativas de que novos defaults ocorram no setor corporativo. Uma sequência de eventos nessa direção viria a apertar as condições financeiras do país, tornando insustentável a frágil estabilização recente da economia.

 

Em segundo lugar, o governo parece estar combatendo uma corrida dos investidores aos mercados locais (futuros) de commodities, em um movimento semelhante ao ocorrido no mercado de renda variável do país no início do ano. Há evidencias de que parte do movimento das commodities possa ter sido ajudada por este tipo de fluxo, que não costuma ser saudável.

 

De maneira geral, o cenário de curto-prazo continua fluido, mas é inegável que existem diversos riscos que precisam ser monitorados, já que podem causar volatilidade elevada nos ativos de risco, basta lembrarmos do que vivenciamos no início deste ano.

 

O Brasil parece estar em meio a uma lacuna de poder. O impeachment parece inevitável. Agora, a nova etapa deste processo deveria ser a formação do núcleo de governo e as condições deste em implementar as reformas necessárias no país. Em meio a este processo, contudo, teremos que lidar com o avanço da Operação Lava-Jato e novos delatores da operação.

 

Estou com baixa exposição a risco em geral. Vejo os níveis de preço como pouco atrativos diante dos risco ainda existentes na economia local e externa, meu viés é mais negativo no tocante ao cenário externo para o curtíssimo-prazo, mas tenho a intensão de voltar ao mercado local de juros em breve, caso o atual cenário seja reforçado (arrefecimento da inflação, crescimento pífio e mudança de governo).




Data: 22/04/2016

Brasil: "Empreiteiro compromete vice"

 

A quinta-feira acabou sendo um dia bastante negativo para os ativos de risco. A queda das bolsas norte americanas alimentou um movimento de fortalecimento do dólar no mundo. Os resultados da Google e da Microsoft no final da tarde acabaram ajudando a acentuar estes movimentos, já que ambos ficaram abaixo das expectativas do mercado. A agenda econômica será esvaziada hoje, com destaque apenas para o Markit US Manufacturing PMI nos EUA. Na Área do Euro, o Markit Composite PMI caiu apenas moderadamento de 53,1 para 53,0 pontos, basicamente em linha com as expectativas.

 

Continuo vendo o cenário de curto-prazo como estável, mas tenho dúvidas em relação a sustentação dos movimentos (positivos) recentes no longo-prazo, frente aos desafios que ainda existem na economia mundial. Estou com baixíssima exposição a risco no momento, já que vejo pouco apelo nos atuais níveis de preço. O recente arrefecimento do patamar dos ativos de risco pode ser um sinal de fadiga dos movimentos observados nas últimas semanas, o que requer atenção redobrada.

 

No Brasil, os jornais de hoje trazem um news flow mais negativo para as perspectiva de mudança política no país, já que o avanço da Operação Lava-Jato, e as novas delações premiadas em curso, podem acabar sugando importantes agentes deste processo para o meio das investigações. Eu ainda vejo um eventual governo Temer como positivo, mas sabendo que o processo de mudança política tende a ser traumático. A resolução dos problemas do país não será feita de maneira linear. Precisamos nos preparar para um longo e tortuoso processo.

 

De acordo com o Estado, A revista Época que circula neste fim de semana traz reportagem sobre proposta de delação premiada feita pelo engenheiro José Antunes Sobrinho, um dos donos da empreiteira Engevix, que comprometeria o vice-presidente Michel Temer, o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), e os ex-ministros Erenice Guerra e José Dirceu...Sobre Temer, o empreiteiro teria afirmado, de acordo com a reportagem, que pagou propina a operadores que falavam em nome do vice-presidente. O mesmo teria ocorrido em relação a Renan.
 

Segundo o Valor, Mônica Moura, casada com o marqueteiro do PT, João Santana, disse em proposta de delação na Operação Lava-Jato que o ex-ministro da Fazenda Guido Mantega intermediou pagamento de caixa 2 para a campanha à reeleição de Dilma Rousseff em 2014, informou ontem o jornal "O Globo". Segundo a reportagem, Mônica disse ter recebido pelo menos R$ 10 milhões fora da contabilidade oficial. A defesa de Mantega e o coordenador jurídico da campanha de Dilma em 2014 negaram as acusações. Caso a delatora consiga comprovar as acusações, ela vai complicar a situação da chapa presidencial Dilma Rousseff - Michel Temer na ação que pede a cassação dos mandatos e que corre no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Um investigador disse ao Valor que Mônica tem oferecido uma série de informações das quais ainda faltam documentos para embasar - e, portanto, dificultam fechar as tratativas para o acordo de colaboração premiada.


 

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O dia trouxe poucas informações novas ao cenário (ou inesperadas), mas a reação dos ativos de risco continua mostrando como a posição técnica tem tido um papel fundamental ao longo deste ano.

 

Na Europa, Draghi não ofereceu novas medidas de expansão monetária, como era amplamente esperado. Da mesma forma, não seu nenhuma indicação de incomodo em relação ao EUR. Finalmente, demandou paciência ao mercado neste momento. Tudo indica que apenas um choque adicional e relevante a economia da Europa (ou a economia global) levará o ECB a adotar medidas adicionais de suporte ao crescimento. Após operar em alta de quase 1% após a decisão, o EUR já apresenta leve queda neste momento.

 

Nos EUA, o Jobless Claims apresentou mais uma semana de queda, mostrando um mercado de trabalho extremamente robusto. Até quando o Fed será capaz de adiar a continuidade de seu processo de alta de juros frente a um mercado de trabalho em franca recuperação?

 

Nos últimos dias, quase todos os sell-sides divulgaram relatórios em relação a recente recuperação dos ativos emergentes. O consenso mostra que o bom ambiente de curto-prazo poderá perdurar, mas que ainda existem enormes desafios e ajustes que precisam ser feitos nesses países, o que torna questionável a sustentabilidade desse movimento no longo-prazo. Eu tendo a concordar com esta visão, mas dado que se tornou consensual e a posição técnica indica isso, tenho receio que a durabilidade deste otimismo possa estar próxima do fim.

 

A situação do mercado de crédito na China ainda mostra deterioração, o que demanda atenção redobrada, dado que este é um vetor fundamental de suporte aos ativos de risco nas últimas semanas. De acordo com a Merrill Lynch: The dramatic move in China rates continues today, in particular 5yr NDIRS up another 5bps to 2.93. As a result, bearish sentiment is gathering momentum with locals citing a more cautious tone from PBoC, the moral hazard connect with Debt-Equity swaps and new VAT rate leading to higher funding costs. Against this backdrop, FX remains stable (vs another higher fix of 6.4803) and SH comp is positive on the day (+0.5%). BofAML’s Head of Asia trading, Patrick Law, believes that the current situation is not sustainable – if a larger period of risk-off is triggered, security companies will get hurt even more as swaps will rally on the back of further selloff in credit.  It is reminiscent of the summer of 2014 when concerns of credit risks caused repo swaps to sell off 70 bps from June to July.




Data: 22/04/2016

ECB, Emprego EUA e China

 

O dia trouxe poucas informações novas ao cenário (ou inesperadas), mas a reação dos ativos de risco continua mostrando como a posição técnica tem tido um papel fundamental ao longo deste ano.

 

Na Europa, Draghi não ofereceu novas medidas de expansão monetária, como era amplamente esperado. Da mesma forma, não seu nenhuma indicação de incomodo em relação ao EUR. Finalmente, demandou paciência ao mercado neste momento. Tudo indica que apenas um choque adicional e relevante a economia da Europa (ou a economia global) levará o ECB a adotar medidas adicionais de suporte ao crescimento. Após operar em alta de quase 1% após a decisão, o EUR já apresenta leve queda neste momento.

 

Nos EUA, o Jobless Claims apresentou mais uma semana de queda, mostrando um mercado de trabalho extremamente robusto. Até quando o Fed será capaz de adiar a continuidade de seu processo de alta de juros frente a um mercado de trabalho em franca recuperação?

 

Nos últimos dias, quase todos os sell-sides divulgaram relatórios em relação a recente recuperação dos ativos emergentes. O consenso mostra que o bom ambiente de curto-prazo poderá perdurar, mas que ainda existem enormes desafios e ajustes que precisam ser feitos nesses países, o que torna questionável a sustentabilidade desse movimento no longo-prazo. Eu tendo a concordar com esta visão, mas dado que se tornou consensual e a posição técnica indica isso, tenho receio que a durabilidade deste otimismo possa estar próxima do fim.

 

A situação do mercado de crédito na China ainda mostra deterioração, o que demanda atenção redobrada, dado que este é um vetor fundamental de suporte aos ativos de risco nas últimas semanas. De acordo com a Merrill Lynch: The dramatic move in China rates continues today, in particular 5yr NDIRS up another 5bps to 2.93. As a result, bearish sentiment is gathering momentum with locals citing a more cautious tone from PBoC, the moral hazard connect with Debt-Equity swaps and new VAT rate leading to higher funding costs. Against this backdrop, FX remains stable (vs another higher fix of 6.4803) and SH comp is positive on the day (+0.5%). BofAML’s Head of Asia trading, Patrick Law, believes that the current situation is not sustainable – if a larger period of risk-off is triggered, security companies will get hurt even more as swaps will rally on the back of further selloff in credit.  It is reminiscent of the summer of 2014 when concerns of credit risks caused repo swaps to sell off 70 bps from June to July.




Data: 20/04/2016

Brasil: Inflação, Emprego e Contas Externas

 

Os ativos de risco tiveram mais um dia de “U-turn”. Iniciaram o dia frágeis, após a dinâmica ruim dos mercados na China, mas acabaram se recuperando ao longo da tarde. O destaque ficou por conta do movimento de queda no EUR, provavelmente em um ajuste de posições para a reunião do ECB amanhã (indicadores técnicos mostram um mercado comprado na moeda da Europa). Neste momento, o SPX testa novamente o patamar de 2.100 pontos, mas está tendo dificuldades, pelo menos momentâneas, para romper este patamar. O petróleo voltou a subir acentuadamente, com rumores de um novo acordo para o congelamento da produção pela OPEP.

Eu ainda vejo o cenário de curto-prazo como positivo, mas tenho dúvidas em relação a sustentação destes movimentos no longo-prazo, frente aos desafios que ainda existem na economia mundial. Estou com baixíssima exposição a risco no momento, já que vejo pouco apelo nos atuais níveis de preço. Será importante acompanhar os mercados na China está noite.

 

No Brasil, o dia foi de agenda econômica cheia. O IPCA-15 ficou acima das expectativas, porém com um quadro qualitativo positivo. Segundo nosso time econômico: Leitura de serviços foi boa na margem (embora tenha acelerado na média móvel trimestral para 6,45%); A inflação de bens segue forte, mas está mostrando sinais melhores na margem. Produtos industriais (bens ex – alimentos) mostraram bem melhor na margem; Estamos trabalhando com IPCA ao redor de 7% para 2016.

 

Os dados de emprego apenas reforçaram o cenário que já vem se desenhando há vários meses, ou seja, aumento do desemprego e queda dos rendimentos, um quadro nada favorável para o consumo e para o crescimento do país. Nosso economista afirma que: A taxa de desemprego dessaz atingiu 10% no trimestre encerrado em fevereiro. A tendência é que a raxa de desemprego siga subindo; A taxa de participação subiu para 61,4%, contribuindo para a elevação da taxa de desemprego; Rendimento nominal desacelerou rapidamente para 6,4%a/a; A contração da massa salarial real continua ampliando no ano/ano.

 

As contas externas mostraram a mesma dinâmica que já impera desde o ano passado. Observamos queda do déficit em conta corrente, graças a recuperação da balança comercial. O IED continua robusto, mesmo que com um fluxo para portfólio ainda fraco.




Data: 20/04/2016

China: Mercado de crédito voltando ao foco

 

Os ativos de risco estão mostrando sinais de fadiga está manhã, com alguma realização de lucros nas bolsas da Europa e EUA. Eu ainda vejo  cenário de curto-prazo como positivo, mas tenho dúvidas em relação a sustentação destes movimentos no longo-prazo, frente aos desafios que ainda existem na economia mundial. Estou com baixíssima exposição a risco no momento, já que vejo pouco apelo nos atuais níveis de preço.

 

O mercado de crédito na China parece estar voltando ao radar dos investidores, devido a recente abertura de spread. Este é um nicho que precisamos monitorar, já que pode vir a ser um importante vetor de alteração da dinâmica dos mercados financeiros globais. Segundo a Merrill Lynch:

 

Amidst the backdrop of positive risk sentiment, China credit could be the canary in the coalmine. The 7-day CNY repo curve is up another 8 to 12 bps across the curve, driven mainly by local names and SHCOMP is -2.55% after breaking two-month upward trend support at 3040. It appears that local names have paid rates to hedge against illiquid credit portfolios and these flows have also flushed out offshore receive rates positions with onshore/offshore rates now converging. The catalyst seems to be China Railway Materials debt restructuring plans last week– which raised concerns that such restructuring will become increasingly common for Chinese SOEs due to their inability to generate consistent operating cash flow amidst a weak business environment and weakening government support. China Railway Materials is rated AA+ and viewed as state owned but yields for local AA names have spiked 28 bps this month. Chinese issuers have so far scrapped close to $5.4 bio of bond sales according to Bloomberg. Our equity strategist David Cui believes that the risk-free rate in China may have bottomed, credit spread is widening and stocks to be under pressure in his piece here. So far, high beta FX currencies unaffected and USDCNH spot unchanged around 6.4750 but 1y CNH points are stirring and up 60 pips to 1510 high. Watch the China credit space.

 

No Brasil, dois temas merecem destaque. Primeiro, as liminares que os estados estão conseguindo alterar os juros de suas dívidas para juros simples, ao invés de composto. O STF já está em vias de discutir a matéria, mas a mudança seria uma “bomba fiscal” gigantesca. Eu entendo que o mercado não está focado neste tipo de questão neste momento, mas caso aprovado pelo STF, seria um obstáculo muito grande para qualquer plano de ajuste fiscal, em qualquer governo.

 

Segundo a Folha, o PSDB estaria condicionando a nomeação de Serra para o Ministério da Fazenda para apoiar o novo governo. Temer não tem intensão de colocar Serra neste cargo, mas Serra sinaliza que não aceitaria outro Ministério. Eu acho extremamente discutível está postura do PSDB, mas é importante acompanharmos este processo de formação de equipe. Neste pré-mandato, temer começa a encontrar alguns obstáculos para formação de seu time econômico, com Armínio Fraca e Marcos Lisboa sinalizando que não tem interesse em cargos do governo.

 

Eu continuo otimista com um eventual governo Temer, mas entendo que o processo não será linear. Gosto de posições compradas em bolsas e aplicadas em juros, mas estou com risco baixíssimo, também no Brasil, no curto-prazo. Meu viés será de adicionar risco, nesta direção, em movimentos de realização de lucros, porém de alteração de cenário.




Data: 19/04/2016

Risk On!

 

Os ativos de risco mantiveram as tendências da manhã. Prevalece um cenário de “Goldilocks”, com crescimento global baixo porém com os riscos de recessão afastados no curto-prazo, inflação contida e bancos centrais com postura expansionista. Além disso, a temporada de resultados corporativos nos EUA, mesmo que apenas no seu estágio inicial, está surpreendendo positivamente as expectativas do mercado.

O que poderia alterar essa dinâmica? Uma mudança de sinalização por parte do Fed, uma nova rodada de desaceleração global mas, especialmente, da China, e/ou sinais mais preocupantes de outras economias mundiais.

No Brasil, o dia foi o inverso de ontem, com uma saudável acomodação do mercado de juros. Sem a atuação do BCB, o dólar teve um dia de forte apreciação. A bolsa seguiu o movimento global e apresentou desempenho positivo.




Data: 19/04/2016

Risk On!

 

Na ausência de novidades relevantes durante a noite, os ativos de risco estão mantendo a toada positiva que vem sendo a regra na últimas semanas. Ontem a tarde comentamos neste fórum a respeito do viés positivo dos investidores nas reuniões do FMI ao longo do final de semana, o que ajudou na captação de uma emissão relevante de Argentina e ajudou a dar um tom positivo aos ativos de risco na segunda-feira, mesmo após as reuniões da OPEP em Doha não selarem um acordo sobre a produção do cartel.

 

O Morgan Stanley, hoje, resumiu muito bem o cenário que podemos estar diante:

 

The Fed is running a ‘triple put’ and the impact of this enlarged Fed safety net could be seen yesterday. Although the failed Doha meeting led to some commentators suggesting an effective break of the OPEC cartel, USD declined while oil recovered from earlier losses. The Russell 2000 has closed above its 200DMA and the Dow Jones has reached its highest level since July, suggesting that the 'Fed put' works on the US side too, supported by further gains of US high yield markets, suggesting that the risk premium is in decline. EM and commodity currencies should remain supported today. The global approach: The Fed now considering the evolution of financial conditions next to US inflation and employment when conducting its monetary policy has created a more international mandate for the US central bank. It seems the Fed stands ready to run a safety net not only for the economy and US capital markets, but also for the global economy and global capital markets, and here it is especially watching potentially disruptive capital flows. Hence we use the expression ‘triple put’. The IMF’s global stability report highlighting the increasing interdependence of DM and EM economies and financial markets has warned about weakening EM conditions spilling over into DM including the US. It seems that the IMF has endorsed the Fed taking a more global responsibility. Yesterday it was the Fed's Kashkari (non-voter) admitting the Fed of course has a "de facto, huge global influence", being aware of its impact on world economic developments ,mentioning China explicitly. The Fed's Rosengren (a voting dove) has warned that markets are under-pricing the Fed's likely rate path, calling investors "too pessimistic". However, past months have taught us to listen to Brainhard, Dudley and Yellen, ignoring other Fed speak. The Fed will release a policy statement next Wednesday. Recent economic information has not changed enough to justify the Fed adjusting its statement meaningfully, in our view.

 

No Brasil, os jornais de hoje afirmam que Armínio Fraga já avisou a Temer que não fará parte do governo. A montagem do ministério de Temer parece estar a todo vapor. Por hora, os nomes sendo ventilados seguem um scrip de perfis sólidos tecnicamente para a Fazenda e um misto de perfis políticos para os demais ministérios. 




Data: 18/04/2016

Update

 

Os ativos de risco apresentaram forte recuperação em relação aos preços verificados pela manhã, com o petróleo liderando o movimento. As reuniões do FMI, em Washington, concluíram com viés bastante positivo para os ativos emergentes.

 

O humor mais positivo de hoje foi reforçado pela emissão de cerca de US$15bi de papéis externos da Argentina, cuja a demanda atingiu níveis superiores a US$60bi!

 

Em relação as reuniões do FMI, segundo a Merrill Lynch:

 

Possibly inspired by the blue skies in DC, the mood at our investor conference around the IMF Spring Meetings was surprisingly sunny. Interest in EM seemed strong, with record attendance at our "Great Debates" - up 25% from last year. Our investor polls suggest that most investors thought that EM was in for a longer period of inflows. Investors seem comfortable with the scenario of a gradual slowdown in China, with not much concern for a hard landing or a significant CNY devaluation. Investors expect LatAm to offer the most attractive opportunities, with a particular focus on Argentina. Local markets are preferred relative to external debt, despite the strong USD trend being expected to continue in the medium term. Most investors think that the seemingly improved global policy coordination would be here to stay. This outcome could be positive for EM. Meanwhile, investors remained much more doubtful of any improvement in EM fundamentals. Thus, positive surprises from here could come from growth, current account adjustment or politics. Negative surprises could come from renewed global policy divergence.

O Brasil viveu um dia interessante de pós evento. A dinâmica do dólar acabou sendo afetada pela compra de US$3,5bi por parte do BCB, que levou a uma alta de 2% na moeda norte americana. A posição técnica do mercado pode ter ajudado o movimento. Vimos forte pressão nas vols implícitas de opção. O Ibovespa teve um dia de realização de lucros, que julgo ser natural neste ambiente. Finalmente, o mercado de renda fixa acabou sendo o grande destaque positivo do dia. O mercado já trabalha com um cenário de cerca de 150bps de queda de juros nas próximas reuniões do Copom. Acredito que estamos caminhando para um cenário em que o BCB será capaz de começar um ciclo de queda de juros, mas acho que os atuais níveis de preço merecem atenção redobrada.




Data: 18/04/2016

Petróleo: Doha Failed/Brasil: Impeachment goes on!

 

Os ativos de risco abriram o domingo sobre forte pressão, após a reunião da OPEP em Doha terminar sem um acordo formal para o corte ou congelamento da produção do petróleo, como era esperado pelo mercado, e vinha sendo sinalizado pelos países membros. O petróleo WTI chegou a cair 6% (cai 3% neste momento), causando forte pressão nos ativos de risco em geral. Vale lembrar que a estabilização/recuperação no preço do petróleo foi um dos pilares que ajudaram a dar suporte aos ativos de risco nas últimas semanas. Uma eventual perda deste suporte pode vir a representar um vetor de risco aos mercados financeiros globais, pelo menos no curto-prazo e, especialmente, nos níveis de preço que alguns ativos de risco atingiram. Desde a abertura dos mercados no domingo à noite, contudo, observamos alguma recuperação dos ativos de risco. Neste momento, um viés negativo ainda prevalece, porém de maneira menos intensa do que antes.

 

No Brasil, o impeachment foi aprovado pela câmara com ampla maioria. O resultado foi em parte esperado. O processo agora vai ao senado, onde precisa transcorrer em cerca de 180 dias. Espera-se, todavia, que o processo seja mais rápido. Temer já acena aos jornais que pretende adotar medidas de imediato, especialmente nas áreas econômicas e socais, com o objetivo de dar um choque de expectativas e mostrar a sociedade que pretende atender a demanda do povo por mudanças, mas por continuidade no tocante aos avanços sociais atingidos nas últimas décadas.

 

Como tenho afirmado neste fórum, salvo algum evento de catastrófico, agora devem começar as especulações em torno de como será formado um governo liderado por Michel Temer, em termos de apoio político e qualidade técnica. Eu sou otimista neste quesito. Entendo que as resoluções dos problemas do Brasil não serão fáceis. Teremos um longo e turbulento caminho pela frente, mas acredito que Temer será capaz de montar um governo de coalizão política, com boa qualidade técnica, podendo aprovar reformas mínimas que, na margem, consigam tirar o Brasil do “atoleiro”. Repito, o caminho será longo e tortuoso, teremos grandes obstáculos e volatilidade dos ativos locais, mas a direção me parece positiva.




Data: 15/04/2016

Update

 

Nos EUA a produção industrial de março ficou abaixo das expectativas do mercado, com queda de 0,6% MoM e uma abertura da mesma forma negativa, com queda substancial da utilização de capacidade instalada. O Michigan Confidence caiu de 91 para 89,7 com uma preocupante queda de 2,7% para 2,5% nas expectativas de inflação para 5-10 anos. O Empire Manufacturing subiu de 0,62 para 9,56 em abril, muito acima das expectativas de 2,00 pontos. O número, por um lado, é bastante volátil. Por outro lado, mostra sinais de recuperação da economia norte americana.

 

Seguimos em um ambiente bastante incerto no tocante a economia dos EUA. Uma alta de juros parece cada vez mais distante, mas isso já parece totalmente esperado pelo mercado. Os números na China confirmaram uma recuperação do crescimento, mas as custas de um “re-leverage” da economia.

 

No curto-prazo, podemos esperar um pouco de mais do mesmo, ou seja, um ambiente relativamente propício a carry. Os atuais níveis de preço, contudo, já não se mostram tão atrativos como há poucas semanas atrás. Os riscos para a economia global também não foram totalmente dissipados. Enfim, “let´s dance until the music stops”. Não vejo grande assimetrias nos ativos externos nos atuais níveis, Acredito que uma postura tática e mais ágil é necessária neste momento. Vejo um cenário ciclicamente mais positivo, mas estruturalmente ainda desafiador. Os níveis de preço, da mesma forma, já não me parecem atrativos.

 

No Brasil, o impeachment parece “líquido e certo” e os preços, em parte, já se ajustaram para este cenário. Precisamos agora entender como reagirá o lado perdedor e como será a formação de um novo governo. Continuo com viés otimista, mas um pouco mais incomodado com os níveis de preço. O processo de recuperação do país não será linear, e grandes obstáculos se avizinham.




Data: 15/04/2016

China: Estabilização cíclica da economia.

 

A noite foi marcada pela divulgação dos dados de atividade econômica e agregados monetários na China. A despeito do PIB do 1Q ter ficado basicamente em linha com as expectativas, com crescimento de 6,7% YoY, os demais números superaram as expectativas do mercado, confirmando que estamos em meio a um processo cíclico de recuperação da economia, o que alguns economistas já estão chamando de “relevarage”.

 

A produção industrial passou a 6,8% YoY, contra expectativas de 5,9% YoY, as vendas no varejo subiram de 10,2% YoY para 10,3% YoY enquanto o FAI apresentou alta de 10,7% YTD YoY, acima dos 10,4% esperados pelo mercados. A grande surpresa, contudo, ficou para os dados de agregados monetários. Enquanto o M2 saiu de 13,3% YoY para 13,4% YoY, o TSE apresentou forte expansão de CNY$ 3,34bi, quase o dobro das expectativas de CNY$1,4bi.

 

Os números de hoje afastam os riscos de uma recessão global no curto-prazo. Contudo, mostram que a economia está se recuperando às custas do aumento do crédito, em um ambiente em que a dívida do setor corporativo e público já encontra-se elevada. No curto-prazo, a recuperação da economia deve ser lida como positiva, contudo, os chineses podem estar semeando problemas econômicos muito maiores para um futuro não muito distante.

 

Como parte dessa recuperação já era esperada, os ativos de risco não estão mostrando reação contundente aos números divulgados esta noite, com a maior parte dos mercados operando próximos a estabilidade neste momento. Na agenda do dia, o destaque ficará por conta do Empire Manufacturing, Industrial Production e Michigan Confidence nos EUA.

 

No Brasil, a contagem de votos dos jornais já dá a vitória aos favoráveis ao impeachment está manhã. O STF negou ontem os recursos da ala governista em torno do rito do impeachment. Segundo a Folha, ainda existe a disposição de Temer de tentar a nomeação de Armínio Fraga para o Ministério da Fazenda. Vejo como extremamente difícil a aceitação deste convite, mas espero nomes de peso para a área econômica de um governo Temer. Serra deve ficar com algum outro ministério, mas provavelmente não ligado a área econômica, por recomendação, inclusive, de FHC.




Data: 15/04/2016

Update

 

Os dados econômicos divulgados nos EUA reforçaram o cenário que desenhamos aqui ontem. Está se desenvolvendo um ambiente em que a economia global mostra sinais de ainda estar saudável, ou seja, sem recessão, porém sem necessidade de aceleração no processo de alta de juros dos EUA. O Core CPI apresentou alta de 0,1% MoM em março, recuando para 2,2% YoY. O Jobless Claims, contudo, caiu para 253k, menor nível em cerca de 40 anos! A história mostra que este cenário costuma ser positivo para ativos de risco, em especial bolsa e ativos de yields.

 

Esta noite teremos a divulgação dos dados de atividade econômica na China, que serão fundamentais para a confirmação de que estamos diante de uma recuperação cíclica da economia chinesa. Caso os números mostrem uma continuidade no processo de desaceleração, contrariando os PMI´s e as Importações/Exportações, teremos um dos pilares da recuperação dos mercados globais sendo colocado em xeque.

 

No Brasil, continuamos a mercê do cenário político. Vimos uma natural realização de lucros na bolsa hoje, mas com o movimento de queda de taxas de juros continuando. O BCB manteve sua estratégia de compra de dólares via swap, mas um pouco menos agressivo do que nos últimos dias. Assim, observamos o dólar romper, talvez definitivamente (no curto-prazo) o patamar de 3,5. Mantenho meu viés mais positivo com um eventual cenário de impeachment, mas precisamos ter em mente que a assimetria dos atuais preços já não é mais tão atrativa como antes.




Data: 14/04/2016

Brasil: Governo Temer terá "choque de credibilidade"!

 

Os ativos de risco estão apresentando leve correção esta manhã, com as bolsas da Europa e EUA em queda, o dólar forte ao redor do mundo e uma leve realização no mercado de commodities. Durante a noite, o destaque ficou por contada decisão, não esperada pelo mercado, do BC de Cingapura (MAS) em promover um ajuste em sua política monetária, via depreciação cambial, o instrumento mais utilizado no país com o intuito de prover liquidez ao mercado. A decisão acabou dando ímpeto ao movimento de fortalecimento do dólar na Ásia e, consequentemente, para o resto do mundo. Na Austrália, os dados de emprego de março mostraram forte criação de vagas de trabalho na categoria de “part time”, com “full time” apresentando queda de vagas. Contudo, com o número fechado acima das expectativas, a divulgação acabaou dando suporte ao AUD.

 

Na agenda do dia, o destaque ficará por conta do Core CPI e do Jobless Claims nos EUA.

 

No Brasil, os jornais de hoje já dão como certa a aprovação do impeachment. Como eu já vinha afirmado ontem, passamos agora para a fase de especulações em torno de como será formado um governo Temer. Segundo O Globo: Dois nomes são considerados ministros dos sonhos do vice: o senador José Serra (PSDB-SP), para a Saúde, e Armínio Fraga, para a Fazenda — embora este último já tenha sinalizado que tem dificuldades de aceitar um eventual convite. Dois outros economistas são vistos como possíveis indicações para a equipe econômica, especialmente no caso de recusa de Armínio: os presidentes do Insper, Marcos Lisboa, e da Federação Brasileira dos Bancos, Murilo Portugal — ambos exsecretários do Ministério da Fazenda.

 

De acordo com a Folha, ao deputado Danilo Forte (PSB-CE), que foi recebido pelo vice no Palácio do Jaburu nesta quarta (13), Temer afirmou que pretende enxugar a máquina da administração federal, incluindo redução no número de ministérios e nos 20 mil cargos comissionados. "Ele falou ainda em fortalecimento de programas sociais, como Bolsa Família e Minha Casa Minha Vida", disse o deputado, vice-líder do PSB. Forte, que votará a favor do impeachment de Dilma, garantiu que não houve discussão sobre a participação de sua sigla num eventual governo Temer.

 

Caso assuma a Presidência, Michel Temer (PMDB-SP) deve encaminhar ao Congresso Nacional proposta de mudanças na Previdência que pode prever inclusive o estabelecimento de idade mínima para a aposentadoria. Seria uma das prioridades máximas do governo. A ideia já é discutida abertamente por senadores do PMDB que apoiam Michel Temer. A reforma nas aposentadorias seria útil para dar um "choque de confiança" no mercado. A aprovação, que precisaria do voto de 308 deputados e depois do aval do Senado, mostraria que o vice tem apoio sólido no Congresso. E que poderia encaminhar outras mudanças que soam como música para o mercado financeiro, mas que enfrentam forte resistência de movimentos populares.




Data: 13/04/2016

Brasil: Mercados precificam o impeachment.

 

Está se desenvolvendo um cenário, reforçado pelos dados da China durante esta noite, e pelas vendas no varejo e PPI nos EUA, em que a economia global mostra sinais de ainda estar saudável, ou seja, sem recessão, porém sem necessidade de aceleração no processo de alta de juros dos EUA. A história mostra que este cenário costuma ser positivo para ativos de risco, em especial bolsa e ativos de yields. Não à toa, a quarta-feira foi marcada por forte alta das bolsas da Europa e EUA, que foram seguidas pelas altas nas bolsas dos países emergentes, e fechamento de taxas de juros destes últimos. Eu não descarto a tese de que a melhora de perspectivas para o Brasil, assim como o rally dos ativos locais, também esteja ajudando a dar ímpeto a este movimento externo.

 

No Brasil, o dia foi, novamente, de otimismo em torno do impeachment. Acredito que o mercado já tenha antecipado, em parte, o desfecho deste processo. Isto não quer dizer que não exista espaço para novas rodadas de apreciação dos ativos locais, mas que o eventual gap positivo esperado para segunda-feira, após a votação no plenário da câmara, em caso de vitória da oposição, talvez tenha sido, em grande parte antecipado.

 

BCB manteve sua estratégia de reduzir o estoque de swaps cambiais. Reforço minha visão de que o BCB será capaz de suavizar os movimentos no câmbio mas, sozinho, dificilmente inverterá uma tendência ou fluxos acentuados, concentrados em um curto espaço de tempo.

 

Como comentei pela manhã, salvo algum evento de catastrófico, agora devem começar as especulações em torno de como será formado um governo liderado por Michel Temer, em termos de apoio político e qualidade técnica. Eu sou otimista neste quesito. Entendo que a resolução dos problemas do Brasil não serão fáceis. Teremos um longo e turbulento caminho pela frente, mas acredito que Temer será capaz de montar um governo de coalizão política, com boa qualidade técnica, podendo aprovar reformas mínimas que, na margem, consigam tirar o Brasil do “atoleiro”. Repito, o caminho será longo e tortuoso, teremos grandes obstáculos e volatilidade dos ativos locais, mas a direção me parece positiva.

 



Data: 13/04/2016

Brasil: Oposição já te os votos a favor do impeachment.

 

Os ativos de risco ainda mostra, robustez, a despeito de um leve movimento de dólar forte no mundo e uma realização no preço do petróleo. As bolsas da Europa e dos EUA, contudo, operam em alta. Na agenda do dia, o foco ficará por conta das vendas no varejo e do PPI nos EUA.

 

Durante a noite, o destaque ficou por conta dos dados de importação e exportação na China, ambos superando as expectativas do mercado e reforçando a visão de que estamos diante de uma recuperação cíclica da economia chinesa, o que afasta o risco de uma recessão global no curto-prazo. Segundo a Merrill Lynch: March export growth in USD terms rebounded notably to 11.5% yoy from -25.4% yoy in February, compared to consensus expectations of 10.0% yoy and our forecast of 17.8% yoy.Exports grew for the first time in nine months, mainly reflecting a very low base a year ago due to distortions around the Lunar New Year (LNY). Meanwhile, import growth improved to-7.6% in March (vs. -13.8% yoy in February), above the market consensus of -10.1% yoy and our forecast of -10.7% yoy. The narrowing of headline import contraction was supported by robust growth of major commodities imports, pointing to stabilization in domestic demand. March trade surplus narrowed to US$29.9bn from US$32.6bn in February.


No Brasil, os jornais e blogs estão afirmando hoje pela manhã que a oposição já tem os 342 votos necessários para aprovar o impeachment. Inclusive, com alguma margem de segurança. O próprio governo estaria ciente do fato. Agora, começam as especulações em torno de como será formado um governo liderado por Michel Temer, em termos de apoio político e qualidade técnica. Eu sou otimista neste quesito. Entendo que a resolução dos problemas no Brasil não serão fáceis. Teremos um longo e turbulento caminho pela frente, mas acredito que Temer será capaz de montar um governo de coalizão política, com boa qualidade técnica, podendo aprovar reformas mínimas que, na margem, consigam tirar o Brasil do “atoleiro”. Repito, o caminho será longo e tortuoso, teremos grandes obstáculos e volatilidade dos ativos locais, mas a direção me parece positiva.

 




Data: 12/04/2016

Risk On!

 

No Brasil, a bolsa e o mercado de juros refletiram o aumento da probabilidade do impeachment, com alguns partidos menores, do chamado “centrão” do Congresso, sinalizando que devem apoiar o impeachment. O destaque ficou por conta do movimento de flattening da curva de juros. Na minha visão, este movimento faz total sentido, se pensarmos que um novo governo, capitaneado por um BCB mais ortodoxo, pode optar por manter os juros estáveis por mais tempo (antes de iniciar um ciclo de queda de juros) com o objetivo de ancorar as expectativas de inflação. Em um segundo momento, o ciclo de queda de juros poderia ser mais rápido e acentuado.

 

No câmbio, até o momento, o BCB já comprou US$6bi de dólar via swaps cambiais no dia. Como temos ressaltado desde que o BCB iniciou esta estratégia, em postura parecida (porém inversa) de quando vendida dólares ao mercado, ele será capaz de suavizar os movimentos no câmbio mas, sozinho, dificilmente inverterá uma tendência ou fluxos acentuados, concentrados em um curto espaço de tempo.

 

O cenário externo também está ajudado os ativos locais, em mais um dia de alta nas commodities, liderada pelo petróleo. Há indícios que a reunião de Doha possa vir a confirmar um acordo em torno das cotas de produção da OPEP. O dia foi de alta nas bolsas e nas commodities, dólar fraco e abertura de taxas de juros nos países desenvolvidos.

 

Os próximos dias serão importantes para o cenário externo, com a agenda de resultados corporativos nos EUA ganhando força e os dados de atividade econômica na China que podem vir a confirmar (ou refutar) a tese de estabilização cíclica da economia.

 

Voltando ao Brasil, as vendas no varejo de fevereiro ficaram muito acima das expectativas. Por hora, a recuperação parece apenas pontual. Segundo nossa área econômica:

 

Melhora pontual nas vendas de varejo em fevereiro. A média móvel trimestral segue em queda -1,0% (no varejo restrito) e -0,2% (no varejo ampliado); Fundamentos continuam sugerindo forte contração nas vendas no varejo (massa salarial real, concessões de crédito e confiança do consumidor). A taxa de desemprego deve continuar subindo nos próximos meses, afetando a massa salarial real; A nossa proxy mensal de consumo indica queda de -5,5% ano/ano em fevereiro; O deflator da PMC desacelerou em fevereiro. A continuidade da desaceleração da inflação deve atenuar apenas parcialmente os outros vetores de continuidade de contração na PMC.




Data: 12/04/2016

Brasil: Mais um importante (porém esperado) passo na direção do impeachment

 

Os ativos de risco continuam mostrando sinais positivos. Se, por um lado, as bolsas da Europa e dos EUA operam próximas à estabilidade essa manhã, o dólar continua em uma dinâmica de queda, liderado pelas moedas emergentes high yields. As commodities também operam em alta esta manhã. A agenda do dia será relativamente esvaziada, com destaque para as vendas no varejo no Brasil.

 

Na noite de ontem, a comissão do impeachment aprovou o relatório a favor do impeachment, por 38 votos a 27. O placar foi positivo para a oposição. Segundo os jornais de hoje, até mesmo o Planalto espera um placar menos desfavorável ao governo. De acordo com o acompanhamento do Estado, o impeachment já teria 298 votos, contra 123 contrários. Segundo O Antagonista, o impeachment já teria 334 votos. O ETF de bolsa brasileira no Japão apresentou alta de 4% esta noite.

 

No cenário externo, não há grandes destaques relevantes a serem comentados. O resultado da Alcoa, que costuma abrir extra oficialmente a temporada de resultados corporativos nos EUA parece ter afetado pouco a dinâmica do S&P, pelo menos até o momento.

Segundo a pesquisa mensal qualitativa da Merrill Lynch, umas das mais completas e respeitadas pelo mercado:

 

FMS takeaways

- Cash levels jump to 5.4% from 5.1%; FMS "conviction" drops to 18-month low

- April rotation to staples & cash, from Japan, discretionary, commodities, Eurozone

- Growth & EPS expectations low but stable: 82% say recession "unlikely"

- Fed rate expectations: 54% say 2 hikes, 27% say 1 hike, 9% say 3 hikes

- Tail risks: Quantitative Failure (21%), BREXIT (19%), US recession/China devaluation/EM default (11%)

- Most crowded trades: long US{cke-peak}nbsp;(20%), short EM (19%), long quality stocks (17%)

- 1st UW Japan equities since Dec'12; big UW positions in Japan & Eurozone banks

- 14th consecutive month UW US equities; Eurozone = biggest regional long

- FMS disconnect: equity bias = quality>junk; bond bias = high yield>high grade

- Big FMS longs = REITs, cash, discretionary, tech, Eurozone, utilities

- Big FMS shorts = energy, EM, commod, materials, equities, UK, euro




Data: 11/04/2016

Brasil: Cenário pro impeachment ganhando força

 

Nesta manhã, vemos uma recuperação nas bolsas da Europa e dos EUA. O dólar opera em torno da estabilidade ao redor do mundo, com as commodities sem tendências definidas.


A semana será marcada pelo inicio da temporada de resultados corporativos nos EUA, que poderão ser determinantes para a dinâmica dos ativos de risco globais ao longo dos próximos meses. Neste momento, não condições de afirmar qual o viés para esta temporada de resultados corporativos.


Na China, o CPI ficou estável em 2,3% YoY em março, com o PPI apresentando leve aceleração.  O CPI acabou ficando levemente abaixo das exxpectativas de 2,4% YoY e sua alta recente continua sendo quase que integralmente explicada pela aceleração em alimentação, que tende a ser pontual e localizada. O número de hoje não altera o cenário econômico do país. Será mais importante, nos próximos dias, os números de atividade econômica. O mercado espera alguma estabilização do crescimento, o que seria bem visto pelos mercados financeiros globais. Caso contrário, um dos pilares da estabilização recente dos ativos de risco poderá ficar fragilizado.


No Brasil, o cenário a favor do impeachment continua se fortalecendo. O “Placar do Impeachment” que vem sendo coletado pelo Estado já mostra 291 votos a favor e 115 contrários ao impedimento de Dilma, um avanço expressivo dos votos favoráveis desde sexta-feira.


Na Folha de hoje, o caderno “Painel” afirma que o próprio governo já fala em eleições antecipadas caso Dilma sobreviva ao processo de impeachment. Esta postura pode ser vista como uma jogada em busca de apoio, ou um sinal claro de pessimismo do governo em relação ao processo e impeachment. Em qualquer um dos casos, me parece um sinal positivo para os mercados financeiros locais.


A mesma Folha fala que existe um risco de debandada dos deputados do PT após as eleições de outubro, onde o partido poderia perder cerca de metade de sua bancada na Câmara. A situação do atual governo parece cada vez mais insustentável.




Data: 08/04/2016

Update

 

A sexta-feira foi de forte desempenho positivo dos ativos locais. Mais uma vez, com o mercado reavaliando suas probabilidades em torno do impeachment. Como tenho afirmado incessantemente ao longo de toda a semana:  No Brasil, o mercado continua focado na queda de braço do impeachment, com um olho no cenário externo. Ao que tudo indica, o mercado vem reavaliando a probabilidade de mudança política no país nos últimos dias. Eu mantenho minha visão de que o evento será decidido apenas nos dias finais, senão no dia da votação. Assim, teremos um mercado com volatilidade e sem tendências definidas.

 

O destaque do dia ficou por conta da recomendação da PGR que comentamos neste fórum pela manhã que, no limite, reduz o poder de barganha de Dilma, já que uma eventual nomeação de Lula para algum ministério foi reduzida com o comunicado de Rodrigo Janot. Além disso, há sinais em seus argumentos de que uma investigação criminal poderá vir ser aberta contra Dilma por obstrução de justiça e/ou desvio de conduta.

 

O outro destaque ficou por conta da divulgação do IPCA de março. O número ficou levemente abaixo das expectativas, o segundo mês consecutivo de um número mais baixo do que o esperado pelo mercado. O mais importante, contudo, ficou por conta do arrefecimento da inflação de serviços e a melhora no qualitativo da inflação com os núcleos e o indicador de difusão mais baixos. Segundo nossa área econômica: 

 

Inflação de serviços rodando ligeiramente abaixo de 6% na média móvel trimestral (após ajuste sazonal); A inflação de bens é ainda uma preocupação, mas se câmbio se acomodar nos atuais patamares podemos ter uma grande ajuda para o IPCA até o final do ano; Em suma, o qualitativo da inflação coloca downside risks para o cenário de inflação nos próximos meses.

 

Eu ainda vejo o impeachment como cenário base, mas entendo que o evento seja totalmente binário para os dias (e talvez semanas) subsequentes ao evento. Acredito que existem bons argumentos para a curva mais curta de juros manter-se bem ancorada em qualquer um dos cenários políticos, mas acredito que poderemos ter uma abertura de taxas não desprezível em um eventual cenário de manutenção do status-quo, pelo menos em um primeiro momento.

 

Acredito que o BRL em torno de 3,5-3,6 não esteja refletindo corretamente os fundamentos do país, ele deveria estar mais depreciado. Contudo, o cenário externo a probabilidade do impeachment devem mantê-lo com volatilidade elevada, porém em um range até que os cenários local e externo se tornem mais claros.

 

O Ibovespa seguirá a decisão política no país. Existe um upside não desprezível caso haja uma alteração política positiva, mas os riscos caso o status-quo seja mantido são da mesma forma relevantes.




Data: 08/04/2016

A Lista de Janot / China: Meta de 6,5% para o PIB

 

Os jornais de hoje estão dando ampla cobertura, é grande destaque, as investigações que, em breve, serão pedidas por Rodrigo Janot, ao STF, em torno de políticos com foro privilegiado.

 

A mídia continua alardeando que as investigações podem causar um grande estrago no quadro político, inviabilizando as reformas econômicas. Por outro lado, o Governo reage da maneira correta, buscando focar nas reformas, acelerando o processo de aprovação e tentando blindar Michel Temer. Por ora, ainda não há sinais de instabilidade no governo e nem aas reformas parecem em risco. De qualquer maneira, precisamos acompanhar a situação no detalhe.

 

Segundo a Folha de São Paulo:

 

"O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, pedirá nos próximos dias ao STF (Supremo Tribunal Federal) a abertura de inquérito para investigar pelo menos dois ministros do governo de Michel Temer, além de senadores do PMDB e do PSDB, todos citados nas delações premiadas da Odebrecht.

 

De acordo com quem tem acesso às delações, Janot e sua equipe estudam, ainda, a viabilidade jurídica de incluir ou não o nome do presidente Michel Temer como alvo de inquérito.

 

Pela Constituição, o presidente da República não pode ser investigado por atos cometidos fora do período do mandato. Temer assumiu a presidência no ano passado, com o impeachment de Dilma Rousseff."  

 

Para O Globo:

 

"A expectativa por uma nova lista com dezenas de investigados de diversos partidos, desta vez com base nas delações da Odebrecht, faz parlamentares preverem um “cataclismo” no cenário político para os próximos meses. Aliados do governo Michel Temer trabalham, agora, para tentar salvar as reformas previdenciária e trabalhista do turbilhão de acusações. A Procuradoria-Geral da República deve encaminhar ao Supremo Tribunal Federal, nesta semana, uma lista com mais de 30 pedidos de abertura de inquérito contra deputados, senadores e ministros suspeitos de receberem propina da Odebrecht. Na segunda lista de Janot estão ainda governadores e pelo menos um ministro do Tribunal de Contas da União.

 

Na China, a Bloomberg divulgou um artigo em que afirma que o NPC colocou como meta de PIB para este ano 6,5%, ou mais, se possível. A meta ficou em linha com o esperado, porém existia um risco da meta ficar em uma banda um pouco abaixo, em torno de 6,0%-6,5%, com maior foco nas reformas e na administração de problemas em mercados específicos. Assim, a notícia deve ser vista como positiva pelo mercado, mostrando ainda disposição do governo em manter um crescimento saudável e estável, mesmo diante dos desafios impostos por uma economia mais madura, e com uma dívida/PIB em níveis alarmantes."

 

De acordo com a Bloomberg:

 

"China set a 2017 growth target of about 6.5 percent or higher if possible as focus shifts to easing risk and ensuring stability before a twice-a-decade leadership transition this year.

 

The objective outlined Sunday in the government work report by Premier Li Keqiang to the National People’s Congress gathering in Beijing compares with last year’s goal of expansion in a range of 6.5 percent to 7 percent. The M2money supply growth target was lowered to about 12 percent from 13 percent last year, while the fiscal budget deficit ratio goal will be 3 percent of gross domestic product, unchanged from 2016.

 

Top leaders working to underpin an economic expansion that proved resilient last year also are shifting to a more neutral policy to reduce financial risks from excessive borrowing. Economic and social stability are key priorities before President Xi Jinping and his cadres gather later this year for the reshuffle of top officials."